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Característica Da Escrita e Da Leitura
Característica Da Escrita e Da Leitura
As crianças não vislumbram que a escrita tem a ver com a pronúncia das partes de cada palavra.
As crianças produzem riscos e/ou rabiscos típicos da escrita que tem como forma básica a letra
de imprensa ou a cursiva, podendo então realizar rabiscos separados com linhas curvas ou retas ou
rabiscos ondulados e emendados.
As crianças fazem tentativas de correspondência figurativa entre a escrita e o objeto referido.
Somente quem escreve pode interpretar o que está escrito.
A escrita ainda não está constituída como objeto substituto.
As crianças usam os mesmos sinais gráficos (letras convencionais ou símbolos, ou mesmo
pseudoletras - letras inventadas pela criança) para escrever tudo o que deseja.
As crianças acham que os nomes das pessoas e das coisas têm relação com o seu tamanho ou
idade: as pessoas, animais ou objetos grandes devem ter nomes grandes; os objetos ou pessoas
pequenas, nomes pequenos. Presença marcante do realismo nominal.
As crianças não separam números de letras, já que ambos os caracteres envolvem linhas retas
ou curvas.
As crianças acreditam que se escreve apenas os nomes das coisas (substantivos).
As crianças só entendem a leitura de desenhos, gravuras, não diferenciando texto de gravura.
A leitura é global.
A letra inicial é suficiente para identificar uma palavra ou nome.
As categorias lingüísticas - letra, palavra, frase, texto - não são claramente definidas pela criança.
As crianças acreditam que para poder ler não podem haver duas letras iguais, uma ao lado da
outra.
Reconhecem que as letras desempenham um papel na escrita. Compreendem que so mente com
as letras é possível escrever.
Surge a compreensão ampla da vinculação do discurso oral com o texto escrito.
Fazem distinções entre imagem, texto ou palavras, letras e números - o signo gráfico é
desvinculado do figurativo.
Estabelecem macrovinculações do que se pensa com o que se escreve.
A vinculação com a pronúncia ainda não é percebida.
A ordem e a qualidade das letras não são ainda fundamentais para a distinção de uma palavra de
outra. Duas palavras podem ser pensadas como sendo a mesma, porque possuem certas letras
iguais.
As crianças já descobriram, quando lhes são apresentados materiais gráficos, que coisas
diferentes têm nomes diferentes. Imprimem, então, diferenças nas grafias das palavras, muitas
vezes mudando apenas a ordem das letras, principalmente quando possuem poucos recursos
gráficos (usam poucas letras ou pseudoletras).
Eixo qualitativo - para que seja possível ler ou escrever uma palavra, torna-se necessária uma
variedade de caracteres gráficos. Eixo quantitativo - as crianças, de modo geral, exigem um mínimo
de três letras para ler ou escrever uma palavra.
Observação: Os critérios de variedade e quantidade permanecerão durante bastante tempo e
concorrerão para o aparecimento de muitos conflitos para as crianças; entretanto, eles são benéficos
por gerarem situações de incoerência e insatisfação, forçando a busca de novas formas de
interpretação.
O rompimento da criança com um esquema anterior de interpretação, face aos conflitos que
surgem, constitui um momento precioso de evolução dentro do processo de construção, ou seja, da
reinvenção do sistema.
As crianças fazem sempre uma correspondência global quando lêem palavras ou orações; não
percebem ainda as partes. Também não fazem a correspondência, termo a termo, entre o que é
falado e o que está escrito.
A escrita das palavras não é estável.
A ordem das letras na palavra não é importante.
Categorias lingüísticas (letra, palavra, frase, texto) não são bem definidas.
As atividades sugeridas abaixo irão preparar a criança para um melhor desempenho nas
atividades escritas e darão suporte durante todo o processo de alfabetização.
Trabalho intenso com os nomes das crianças, destacando as letras iniciais - atividades variadas
com fichas, crachás e alfabeto móvel.
Contato com farto e variado material escrito - revistas, jornais, cartazes, livros, jogos, rótulos,
embalagens, textos do professor e dos alunos, músicas, poesias, parlendas, entre outros.
Observação de atos de leitura e escrita.
Audição de leitura com e sem imagem - notícias, propagandas, histórias, cartas, bilhetes etc.
Hora de leitura - livros, revistas e jornais à escolha da criança.
Atividades de escrita espontânea - listas, relatórios, auto-ditado.
Atividades para distinção de letras e numerais.
Manipulação intensa do alfabeto móvel.
Desenho livre, pintura, modelagem, recorte, dobradura.
Caixa com palavras ou nomes significativos - de cada aluno ou da classe.
Classificação de palavras ou nomes que se parecem - as que começam com a mesma letra, as
que possuem o mesmo número de letras, palavras grandes e pequenas etc.
Memorização de como se escrevem algumas palavras (fonte de conflito).
Jogos diversos
bingo de letras, de iniciais de nomes, de nomes e outros,
memória de letras, nomes, desenhos;
dominós associando nomes e iniciais, desenhos, letras;
baralho de nomes, figuras;
quebra-cabeças variados com gravuras, nomes, letras;
pescaria de nomes, letras iniciais ou de letras do alfabeto.
Jogos com cartões:
parear cartões com nomes iguais;
parear cartões com desenhos;
parear cartões com letras.
Jogos com o alfabeto móvel:
cobrir fichas ou crachás;
formar o próprio nome e os dos colegas à vista do modelo;
separar e agrupar letras iguais;
classificar letras segundo número de aberturas e hastes, partes fechadas e hastes, curvas ou
retas.
Álbuns:
de rótulos e embalagens;
de nomes e retratos ou auto-retrato;
da história de vida da criança.
Jogos e brincadeiras orais:
com rimas;
adivinhações;
telefone sem fio;
hora de surpresa;
recados orais;
jornal falado.
Outras atividades e brincadeiras:
leitura de poesias e quadrinhos, parlendas, músicas etc.
planejamento da rotina do dia;
avaliação dos trabalhos do dia;
relatório oral de experiências;
histórias mudas;
produção de texto oral – coletivo;
conversa informal;
correio;
etiquetação de objetos;
estudo e interpretação de gravuras;
jogos de atenção;
análise e síntese de palavras;
interpretação oral de textos;
reescrita com representação através de desenhos do texto trabalhado;
reconto e reescrita de histórias;
auto ditado e escritas espontâneas.
NÍVEL SILÁBICO
Quando a criança sai do nível pré-silábico e entra no nível silábico, ela deixa de apoiar-se em
idéias de “aspectos figurativos” do referente à palavra que o representa, ou seja, cada palavra é
sempre escrita com as mesmas letras; começa a ver que tudo que se diz se escreve.
Neste nível, a criança encontra uma nova formula para entrar no mundo da escrita,
descobrindo que pode escrever uma letra para cada sílaba da palavra e uma letra por palavra na
frase.
Essa hipótese silábica pode parecer com grafias distantes das formas das letras ou com grafias
já bem diferenciadas – às vezes pode parecer com sinais e não com letras.
A criança convive com as formas fixas fornecidas pelo mundo e a hipótese silábica que ela
constitui.
Podem desaparecer momentaneamente as exigências de variedade e de quantidade mínima de
caracteres.
Conflito cognitivo entre as exigências de quantidade mínima e a escrita silábica de palavras
dissílabas e monossílabas.
A criança busca sempre as unidades menores que compõem a totalidade que tenta representar
por escrito.
Leitura e escrita começam e ser vistas como duas ações com certo tipo de interligação coerente.
As crianças podem estar num nível na escrita e em outro na leitura.
O TRABALHO COM PALAVRAS
As crianças já começam a vincular a fala à escrita, por isso são exploradas as vinculações
sonoras – a divisão das palavras em tantas letras quantas forem suas sílabas orais.
Quando se tornam silábicas, associam uma letra para cada sílaba.
NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO
A criança silábica, a medida que vai verificando a insuficiência de sua hipótese de associar
uma letra para cada sílaba oral, amplia o seu campo de fonetização.
Em vez de fonetizar cada palavra, preocupando-se com as sílabas orais como unidades
lingüísticas, ela inicia a fonetização de cada sílaba, percebendo normalmente que é constituída de
mais de uma letra. A criança vislumbra assim o princípio alfabético da escrita e avança para o nível
silábico-alfabético.
Para a criança silábica é impossível ler o que as pessoas escrevem convencionalmente. A
criança acha que sempre sobram letras na escrita convencional, ou seja, tem mais letras nas
palavras do que os sons emitidos na fala.
A criança silábica entras em conflito porque sabe que, nos livros e nas escritas de pessoas
alfabetizadas, a grafia é correta, e que essas pessoas têm a autoridade de saber ler e escrever.
É muito importante para a criança que avança para o nível silábico-alfabético conhecer a
grafia adequada de algumas palavras através da autoridade do contexto cultural que a cerca - " a
dos alfabetizados".
O confronto entre grafias corretas de palavras e o tipo de escrita silábica (em vias de ser
abandonada) produzida pela criança, é fonte de reflexão e ajuda na passagem para o nível silábico-
alfabético, porque a criança percebe a necessidade de colocar mais letras do que as que põe no
nível silábico.
As crianças neste nível aumentam o número de letras em suas escritas de duas formas:
Ou voltam a escrever com muitas letras e com quaisquer letras abandonando a hipótese silábica;
Ou continuam escrevendo silabicamente, acrescentando no final da palavra que escrevem mais
letras aleatoriamente, conservando em parte a hipótese do nível silábico, podendo haver conflito
entre a escrita silábica e a quantidade mínima de letras.
Em todo processo de alfabetização, deve-se cuidar para que todas as atividades de leitura e
escrita propostas aos alunos apareçam contextualizadas e associadas a uma significação, isto é,
ligadas a aspectos da vida das crianças ou as atividades que realizam em sala de aula ou em casa.
Os jogos, as brincadeiras, as rodas de conversa, a troca de idéias entre os alunos, e mesmo
um pouco de competição entre eles, tornam a aprendizagem um processo de construção do
conhecimento por eles mesmos.
É muito importante que o professor/alfabetizador saiba que tipos de atividades ou situações
pedagógicas deverão ser desenvolvidas para que as crianças avancem nos níveis conceituais da
escrita e da leitura e nos seus estágios de desenvolvimento cognitivo.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
NÍVEL ALFABÉTICO
1.0 - primeiro problema que a criança enfrenta se refere aos tipos de sílabas. As crianças, de modo
geral, generalizam que todas as sílabas têm sempre duas letras (isso se dá pela freqüência de
sílaba com duas letras na nossa escrita) e dificilmente concluem, automaticamente, que existem si-
labas de uma, duas, três, quatro ou cinco letras. Devido à freqüência de sílabas constituídas de
consoante e vogal, os alunos acreditam que todas as sílabas são assim. Quando deparam com
palavras ou sílabas iniciadas por vogais, fazem a inversão na escrita e também na leitura. Exemplo:
2.0 - segundo problema que as crianças vivenciam é a separação das palavras na produção de
textos. Durante a escrita de textos espontâneos, as crianças ora emendam palavras, ora dividem
palavras em duas ou três partes. Isso acontece porque, quando a criança escreve, concen tra-se na
sílaba; assim, as palavras tendem a desaparecer como um todo. Aparecem as primeiras junturas
(quando escreve a criança várias palavras emendadas) e segmentações (quando escreve
separando, indevidamente, as palavras), muito comuns nas escritas dos alunos ao ingressarem no
nível alfabético, e que, nesse nível, serão trabalhadas visando, desde já, a construção da base
ortográfica.
3.0 - terceiro problema refere-se à ênfase sobre a escrita fonética. A criança, ao dar ênfase à escrita
fonética, ou seja, a adequação fonética do escrito ao sonoro, enfrenta as questões ortográficas.
Descobre que uma mesma letra pode ter som de outras letras, como, por exemplo, X com som de
CH, S com som de z etc., chegando a constatar que isso acontece em muitas palavras. Exemplo:
chave, chaveiro, chácara, xícara, xale, Elisabete, roseira etc.
4.0 - Por último, a criança enfrenta dificuldades na escrita e na leitura de sílabas complexas. A
compreensão de grupos consonantais é fruto de muito esforço lógico de raciocínio e não de
memorização ou fixação mecânica.
PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS
O TRABALHO DE LEITURA E DE PRODUÇÃO DE TEXTOS
Algumas crianças chegam ao nível alfabético apresentando dificuldades, tais como:
alunos que lêem alfabeticamente e ainda produzem escritas silábicas;
alunos que já escrevem quase alfabeticamente e não decodificam um texto convencional.
Isso acontece porque a leitura e a escrita não foram desenvolvidas, até então, de for ma
correlacionada durante o processo de aprendizagem.
O professor atento a essas dificuldades, que são normais no nível alfabético, propi ciará aos
alunos oportunidades para vincular as ações de ler e de escrever. A possibilidade de exercê-las num
mesmo contexto auxilia o domínio de ambas.
A prática de produção de textos é uma atividade essencial ao longo de todo o processo de
alfabetização. No nível alfabético, a criança já é capaz de escrever sozinha os seus próprios textos.
A criança já possui um mínimo necessário de discriminação do significado de cada uma das
unidades lingüísticas.
A sílaba escrita é a ponte de comunicação entre letra, palavra e frase, de modo a dar-lhes
uma significação própria porque diferenciada.
A produção de textos é uma atividade expressiva e criativa que envolve reflexão constante,
uma reflexão lógica.
Essa reflexão é de suma importância em todas as ações inteligentes para decidir como se
escrevem palavras cuja escrita não está memorizada.
A leitura de textos, por sua vez, envolve a seleção pelo professor dos tipos de textos que
serão oferecidos aos alunos de primeira série ou pré-escolar, já alfabéticos, tendo em vista oferecer
experiências múltiplas, concretas e reais com o verdadeiro uso da coisa escrita na vida de alguém.
A produção de textos pode ser individual ou coletiva. O importante é que a criança de primeiro
ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental ou pré-escolar leia e escreva muito, e que todas as
suas produções sejam muito valorizadas pelo professor e outros.
Cada criança escreve do seu jeito e não há "certo" ou "errado" neste momento. O texto
produzido pelo aluno é como um desenho ou qualquer outra forma de manifestação expressiva. Não
cabe, absolutamente, qualquer forma de correção ou de modificação.
Esses textos são um indicador valioso sobre o andamento do processo de aprendizagem dos
alunos. Eles fornecem dados que poderão ser utilizados em outras atividades de escrita.
É preciso que, em alguns momentos, o professor se torne o escriba da turma, porque é
indispensável para o aluno poder perceber atos de escrita de pessoas alfabetizadas, seja na escrita
de textos, palavras ou letras. Isso possibilita ao aluno a análise de aspectos espaciais e motores
envolvidos, bem como a direção que se segue ao escrever (da esquerda para a direita), os tipos de
sinais gráficos utilizados (letras, sinais de pontuação), tipos de letras e suas modalidades, a
ortografia das palavras, como também observar que se escreve tudo (e não só os substantivos). É
importante que o professor leia o texto escrito para as crianças, apontando, com um a régua, o que
está lendo.
Os textos são trabalhados em sala de aula para serem analisados nos dias subsequentes à
sua produção. Nesse sentido, devem ser expostos na parede, para visualização dos alunos, em dois
tipos de letras - cursiva e de imprensa. Poderão ser transcritos para os alunos, que os utilizarão em
inúmeras atividades e explorações didáticas, assumindo características diferentes para os alunos de
acordo com seu nível psicogenético.
As atividades devem ser elaboradas e/ou selecionadas pelo professor visando aos alunos em
situações desiguais dentro da psicogênese. Dificilmente todos os alunos de uma classe estarão ao
mesmo tempo num mesmo nível conceitual.
Uma mesma atividade pode ser trabalhada com crianças em vários níveis no processo de
aquisição da escrita e da leitura, contanto que ela englobe um espaço amplo de problemas e que o
professor provoque, diferentemente, com questões e desafios adaptados aos alunos em situações
desiguais, reconhecendo e valorizando as suas respostas e comportamentos frente ao que foi
proposto.
Assim, as atividades aqui sugeridas podem atender também a outros níveis, que não apenas
ao alfabético; o que muda é o foco de interesse didático.
Produção de texto a partir do desenho do aluno.
Exploração dos textos individuais com toda a classe.
Sugerir a escrita de textos a partir de outros textos já conhecidos pelos alunos: letras de música,
poesias, histórias memorizadas, descrição de brincadeiras, regras de jogos etc. (também podem ser
utilizados para leitura e análise).
Produção de textos coletivos sobre acontecimentos ou interesses dos alunos naquele momento.
Atividades a partir de um texto:
- leituras globais ou parciais;
- reconhecimento de palavras, frases ou letras no texto;
- análise de palavras do texto quanto ao número de sílabas e de letras, quanto à letra inicial ou
final etc.;
- ditado de palavras e frases relativas ao texto trabalhado;
- copiar palavras do texto com uma, duas, três sílabas etc.;
- marcar, no texto mimeografado, nomes próprios e comuns, rimas, palavras no singular e no
plural etc.;
- remontagem do texto com fichas de frases ou palavras;
- produção de um desenho para ilustrar o texto;
- separar frases em palavras;
- cópia do texto estando marcados apenas os espaços (atividade mimeografada);
- completar lacunas de palavras;
- escolher palavras do texto e elaborar pequenas frases;
- ditar palavras do texto para um colega e vice-versa;
- registrar, à frente das frases, o número de palavras que a compõem;
- montar frases com fichas das palavras do texto;
- produções de histórias em quadrinhos.
Análise de palavras numa frase ou texto (separação em palavras a partir da análise oral). Contar
número de palavras numa frase ou texto a partir de suas palavras (texto ou frase fatiadas em
palavras).
Caderno de produções de textos individual (para registro de histórias com ou sem desenho,
relatos de acontecimentos, notícias, listas de palavras etc.). Esse caderno pode ser trabalhado em
casa ou em sala de aula.
Leitura de diferentes textos: livros, revistas, partes de jornais, cartas, bilhetes, convites,
propagandas, anúncios, músicas, poesias, parlendas, adivinhações, trava-línguas etc.
Leitura e narração de histórias pelo professor (permite a macrovinculação do texto escrito com o
discurso oral).
A criança começa a construção da sílaba desde o nível silábico, quando percebe que não
pode ler o que foi escrito por ela. Prossegue no nível silábico-alfabético quando acrescenta letras
nos seus escritos sem resolver o problema, que só vai ser superado com a escrita alfabética no nível
alfabético.
A introdução sistemática das famílias silábicas não é o modo mais indicado para ajudar alunos
alfabéticos a evoluir em suas concepções sobre a escrita. E muito mais indicado encorajá-los a
refletir sobre a pronúncia para pensar a escrita. A percepção auditiva entra como matéria-prima em
todo o trabalho de inteligência, e o fato de nossa língua não ser inteiramente fonética implica,
subsidiariamente, uma elaboração mental dos elementos ouvidos para chegar à escrita.
Nesta proposta didática, sugere-se desenvolver um trabalho com sílabas começando pela sua
identificação parcial, pelo desmembramento das palavras em todas as suas sílabas e pela
montagem de palavras por meio de sílabas, só chegando às famílias silábicas através das
descobertas dos próprios alunos.
O professor deve permitir ao aluno explorar ao máximo o mundo das palavras, das frases, dos
textos e das letras, incentivando-o a extrair o máximo de conhecimentos por conta própria, e só
entrar com a sistematização clássica se for necessário, e da forma mais construtiva possível, sem
nenhuma ordenação de dificuldades.
No trabalho com sílabas é preciso levar em conta as condições cognitivas das crianças, que
concernem a:
distinção estável de todas as sílabas das palavras (classificar palavras de acordo com o número
de sílabas);
condições para classificar sílabas de acordo com o número de letras que a constituem, letra inicial
ou final da sílaba etc.
Atividades para completar a primeira ou a última sílaba dos nomes ou palavras com material
concreto (fichas, jogos).
Jogos: mico preto, bingo, memória, dominó (com palavras ou nomes e silabas iniciais ou finais).
Fazer correspondências de todas as silabas de uma palavra com a palavra correspondente.
Completar fichas de palavras com as letras que faltam (usando o alfabeto móvel).
Separação de palavras em sílabas (com fichas para recortar e colar ou por escrito).
Exemplo:
Escrita de palavras e nomes que iniciam ou terminam com uma determinada sílaba.
Desde o início da psicogênese, as crianças têm contato com letras, palavras, frases e textos e
também de alguma forma com as sílabas (ao menos oralmente).
O trabalho com letras é feito desde o início da escolarização através dos níveis pelos quais a
criança perpassa. Esse trabalho é também indispensável no nível alfabético (mesmo com crianças já
alfabéticas, isto é, que lêem e escrevem alfabeticamente).
Alfabetos variados (tamanho, forma de letra, material) para montagem de palavras ou frases
mediante desafios interessantes do professor.
Num monte de letras, solicitar à criança que encontre todas as letras de seu nome. Separar as
letras dos nomes dos colegas do grupo.