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Dicas: usar, na escrita, a letra de imprensa maiúscula (de forma ou bastão) favorece a
percepção das unidades sonoras e diminui o esforço e as dificuldades psicomotoras. A letra
manuscrita (cursiva) só deve ser introduzida quando a criança adquire a base alfabética. A
alfabetização deve ser iniciada com palavras de significado para a criança, como seu próprio
nome, e não com palavras pequenas (pá, pé, nó) ou com sílabas repetidas (babá, Lili).
Jogos diversos:
-Bingo de letras, de iniciais de nomes, de nomes e outros,
-Memória de letras, nomes, desenhos;
-Dominós associando nomes e iniciais, desenhos, letras;
-Baralho de nomes, figuras;
-Quebra-cabeças variados com gravuras, nomes, letras;
-Pescaria de nomes, letras iniciais ou de letras do alfabeto.
Jogos com cartões:
-Comparar cartões com nomes iguais;
-Comparar cartões com desenhos;
-Comparar cartões com letras e palavras.
Jogos com o alfabeto móvel:
-Formar o próprio nome e os dos colegas;
-Separar e agrupar letras iguais;
-Escrever palavras sugeridas;
Cartazes Gráficos e Tabelas:
-Rótulos e embalagens;
-Nomes, figuras, palavras;
-História, cores, brinquedos, filmes, livros da preferencia;
-Etiquetar objetos;
Jogos e brincadeiras orais:
-Com rimas;
-Adivinhações;
-Telefone sem fio;
-Músicas;
-Trava-língua;
-Recados orais;
-Jornal falado.
-Leitura coletiva;
-Teatro- pequenas representações;
-Leitura de poesias e quadrinhos, parlendas, músicas etc.
-Produção de texto oral – coletivo;
-Conversa informal
-Jogos de atenção e repetição;
-Reconto de histórias;
É necessária muita imaginação pedagógica para dar às crianças oportunidades ricas e variadas
de interagir com a linguagem escrita.
Nível 2: Silábico sem valor
Essa fase é caracterizada pelo conflito e precisa ser encorajada pelo professor para não
desistir. A criança ainda não entende a organização do sistema linguístico, mas passa a pensar a
certeza do nível pré-silábico. Já conhece o valor sonoro convencional de algumas letras, tendo
conhecimento da ligação difusa entre a pronúncia e a escrita e reconhece que as palavras são
estavelmente construídas. As palavras passam a ter certa estabilidade externa, pois as crianças
passam a ter dependência de outra pessoa que lhe especifica as letras e a posição que devem
ser escritas.
Nível 3: Silábico com valor
A criança sabe que pode escrever com lógica, o que lhe deixa mais confiante. Representa
cada sílaba que fala com uma letra, pode ter ou não relação com valor sonoro convencional. Já
aceita uma quantidade mínima de caracteres na escrita, mas ainda tem chance de usar mais
letras na palavra e pode usar uma letra para cada palavra em uma frase. Embora a criança
acredite que aqui resolveu seu problema da escrita, o adulto ainda não consegue ler o que ela
escreve o que também é um problema.
Neste nível, a criança encontra um no jeito para entrar no mundo da escrita, descobrindo
que pode escrever uma letra para cada sílaba da palavra e uma letra por palavra na frase.
É muito importante o trabalho com leitura de histórias infantis, mas as leituras não podem
contemplar somente este gênero, o trabalho com diferentes textos, parlendas, músicas, poesias,
entre outros, proporciona no nível silábico um trabalho rico e muito eficaz com rimas, análises
sonoras de palavras, remontagem de texto com frases fatiadas ou fatiadas em palavras, o reconto
e a reescrita também devem fazer parte das atividades desenvolvidas neste nível.
Nível 4: Silábico-alfabético
Período conflitante, pois tem que negar a lógica do nível silábico. O aluno entende que a
escrita e a fala estão ligadas, muitas vezes ainda não conseguimos ler o que escrevem. O
professor deve incentivar a criança a comparar sua escrita com a escrita convencional para
perceber o valor sonoro. Percebe, então, que precisa de mais de uma letra para representar uma
sílaba e passa a reconhecer o som das letras. A criança pode utilizar mais das vogais para
escrever as sílabas, o que aumenta o conflito, já que, em algumas palavras pode usar as mesmas
vogais, como nas palavras gato e sapo. Nessa fase a criança está muito próxima da escrita
alfabética e precisa ser incentivada a pensar sobre o sistema linguístico partindo da observação
da escrita alfabética e da reconstrução do código.
As crianças neste nível aumentam o número de letras em suas escritas de duas formas:
-Ou voltam a escrever com muitas letras e com quaisquer letras abandonando a hipótese
silábica;
-Ou continuam escrevendo silabicamente, acrescentando no final da palavra que escrevem
mais letras aleatoriamente, conservando em parte a hipótese do nível silábico, podendo haver
conflito entre a escrita silábica e a quantidade mínima de letras.
A criança escreve então, nas palavras, algumas sílabas só com uma letra e outras sílabas
com duas letras.
Sugestões de atividades
Dicas: o tempo necessário para avançar de um nível para outro varia muito. A evolução
pode ser facilitada pela atuação significativa do professor, sempre atento às necessidades
observadas no desempenho de cada aluno, organizando atividades adequadas e colocando,
oportunamente, os conflitos que conduzirão ao nível seguinte.
Uma sugestão é o uso da metodologia contrastiva, permitindo que a criança confronte sua
hipótese de escrita com a forma padrão (nos diversos materiais de leitura já conhecidos) são um
importante recurso para a estabilização da escrita ortográfica.
A sistematização do processo de alfabetização se dará ao longo dos anos. Na medida em
que o aluno adquire segurança com a língua escrita, sua leitura torna-se mais fluente e
compreensiva. Por meio da leitura, o aluno assimila, aos poucos, as convenções ortográficas e
gramaticais, adquirindo competência escritora. Desenvolve-se, assim, o gosto e o interesse pela
leitura e a habilidade de inferir, interpretar sobre os textos trabalhados.
Entender o som e a escrita não quer dizer que a criança saiba realmente ler, ela estará
apenas repetindo o que foi memorizado, mas ainda não será capaz de interpretar o que está
escrito ou, mesmo, expressar suas ideias e sentimentos por meio da escrita. O professor nesta
fase precisa entender que ler e escrever não são apenas um ato de codificar e decodificar, mas
um fenômeno social e coletivo.
A preocupação não é mais em como se ensina, mas em como a criança aprende, torná-la
capaz de desenvolver a leitura e escrita no seu cotidiano.
Sugestões de atividades
As atividades devem ser elaboradas e/ou selecionadas pelo professor visando aos alunos
em situações desiguais dentro da psicogênese. Dificilmente todos os alunos de uma classe
estarão ao mesmo tempo num mesmo nível conceitual.
Uma mesma atividade pode ser trabalhada com crianças em vários níveis no processo de
aquisição da escrita e da leitura, contanto que ela englobe um espaço amplo de problemas e que
o professor provoque, diferentemente, com questões e desafios adaptados aos alunos em
situações desiguais, reconhecendo e valorizando as suas respostas e comportamentos frente ao
que foi proposto.
Assim, as atividades aqui sugeridas podem atender também a outros níveis, que não
apenas ao alfabético; o que muda é o foco de interesse didático.
Produção de texto a partir do desenho do aluno.
Exploração dos textos individuais com toda a classe.
Sugerir a escrita de textos a partir de outros textos já conhecidos pelos alunos: letras de
música, poesias, histórias memorizadas, descrição de brincadeiras, regras de jogos etc.
(também podem ser utilizados para leitura e análise).
Produção de textos coletivos sobre acontecimentos ou interesses dos alunos naquele
momento.
Atividades a partir de um texto:
Leituras globais ou parciais;
Reconhecimento de palavras, frases ou letras no texto;
Análise de palavras do texto quanto ao número de sílabas e de letras, quanto à letra
inicial ou final etc.;
Ditado de palavras e frases relativas ao texto trabalhado;
Copiar palavras do texto com uma, duas, três sílabas etc.;
Marcar, no texto, nomes próprios e comuns, rimas, palavras no singular e no plural etc.;
Remontagem do texto com fichas de frases ou palavras.
Ditar palavras do texto para um colega e vice-versa;
Registrar, à frente das frases, o número de palavras que a compõem;
Produções de histórias em quadrinhos.
o Análise de palavras numa frase ou texto (separação em palavras a partir da análise
oral). Contar número de palavras numa frase ou texto a partir de suas
palavras (texto ou frase fatiadas em palavras).
Atividades que reforcem a compreensão da relação grafema-fonema (letra-som) para que
entendam a construção da sílaba como, por exemplo, alfabetos cantados, bingos de letras,
de rótulos, atividades com alfabeto vivo, atividade com fichário dos nomes dos alunos.
Atividades que visem descolar a escrita da fala, como no caso das palavras. CADIADO e
KAVALU – as vogais E e O no final de sílabas átonas assumem o valor sonoro de /i/ e /u/,
por isso que se fala /cadiado/ e se escreve CADEADO, fala-se /cavalu/ e escreve
CAVALO, fala-se /leiti/ e escreve-se LEITE.
Atividades para trabalhar as convenções ortográficas, como: dígrafos orais (ch, lh, nh, qu,
gu, rr, ss, sc, xc) e nasais (am, an, em, en, im, in, om, on, um, un) como na escrita da
palavras “aranha” e “campo” e usos de letras que representam o som /s/
Atividade para evitar a hipercorreção (no afã de acertar erra), como na escrita da palavra
CUECA escreve COECA.
Trabalho intenso de leitura de diferentes gêneros: leitura compartilhada, silenciosa, em
capítulos, em diferentes ambientes, por diferentes motivos, com dramatização, com
interpretação oral, sugerindo mudanças, criando versões, recriando finais, introduzindo
elementos, comparando narrativas, notícias, enredos, propagandas, explorando rimas.
Produzir textos: coletivamente, em grupos, em duplas, sozinho, a partir de imagens, de
leituras, de situações, de questionamentos, de necessidades de informar, divulgar,
pesquisar, discordar, concordar, divertir, recontar, anunciar, convidar.
Montar e explorar bancos de palavras e construir coletivamente as regras ortográficas
regulares, usar jogos de raciocínio para fixação destas regras.
Montar e explorar bancos de palavras com dificuldades ortográficas irregulares.
Organizar jogos com regras para memorização das mesmas.
Trabalhar revisão de textos produzidos coletivamente (grupos, duplas) ou individualmente.
Trabalhar com a análise linguística de textos bem escritos.
Atividades de desenvolvimento da oralidade com posterior produção escrita.
Leitura de histórias e demais narrativas com posterior reconto oral e escrito.
Caderno de produções de textos individual (para registro de histórias com ou sem
desenho, relatos de acontecimentos, notícias, listas de palavras etc.). Esse caderno pode
ser trabalhado em casa ou em sala de aula.
Leitura de diferentes textos: livros, revistas, partes de jornais, cartas, bilhetes, convites,
propagandas, anúncios, músicas, poesias, parlendas, adivinhações, trava-línguas etc.
Leitura e narração de histórias pelo professor (permite a observação do texto escrito com o
discurso oral).
“A criança necessita conviver com a norma ortográfica, por meio de contatos constantes
com materiais impressos, tais como livros, jornais, revistas e outros suportes de textos. O
professor, ao promover situações de ensino-aprendizagem, leva as crianças ao entendimento de
diferentes aspectos da ortografia, assumindo a tarefa de “semear a dúvida” entre os alunos e,
dessa maneira, facilitar a tomada de consciência sobre as regularidades e irregularidades da
norma ortográfica.” Guimarães (2005)
... Ao tomar decisões didáticas na alfabetização, considere o seguinte:
1. O nível de desafio: as atividades devem ser, ao mesmo tempo, possíveis e difíceis, ou seja
situações-problema que obriguem a pensar e a tomar decisões.
3. Os agrupamentos: devem ser produtivos para a aprendizagem de todos. Para defini-los, você
deve se basear no conhecimento que tem sobre as crianças e no objetivo da proposta. É importante que a
distância entre os saberes dos alunos (sobre a escrita)
não seja muito grande, para que um represente desafio para o outro. Se não, há o risco daquele
que já escreve fluentemente de forma alfabética atropelar o que está descobrindo as letras.
4. A criança não é hipótese de escrita: ela tem hipóteses provisórias, que não devem se
transformar em adjetivos ou rótulos, tampouco em critérios para formação de classes pretensamente
homogêneas.
5. As hipóteses de escrita revelam o conhecimento da criança num determinado momento: não são
perenes e transformam-se à medida que a criança reflete sobre as características e o funcionamento da
escrita convencional, o que só acontece a partir do universo de informações, intervenções e situações
didáticas que o professor oferece para a turma.
VÍDEOS PCN’s na Escola – Língua Portuguesa - MECPrograma 13 – Por que ensinar ortografia na
escolaPrograma 14 – Para que aprender ortografiaPrograma 15 – Atividades para o trabalho com
ortografia