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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SANTO ANTONIO DE JESUS - BAHIA

ZELIANE SANTOS DE JESUS, brasileira, solteira, servidora pública aposentada,


portador do CPF sob nº 353.861.505-53 e cédula de identidade sob nº 375173927,
residente e domiciliado Rua Viriato Lobo, nº 413, Centro, Santo Antônio de Jesus-BA
sob nº de CEP 44571-020, através do seu advogado, com endereço profissional na Rua
Viriato Lobo, 413, Centro, Santo Antônio de Jesus, Bahia, CEP 44571-020 , onde
recebem intimações e notificações de estilo, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE COBRANÇA

em face do MUNICÍPIO DE SANTO ANTONIO DE JESUS – pessoa jurídica de


direito público, inscrita no CNPJ sob nº 13.825.476/0001-03, sediada na Avenida
Ursicino Pinto de Queiroz, nº 176 – Santo Antônio de Jesus/BA- CEP: 44.571-070,
através de sua Procuradoria Geral; o que faz pelas razões fáticos jurídicas a seguir
aduzidas:

1. DOS FATOS

A autora é servidora pública aposentada, pelo Município de Santo Antônio de Jesus -


Ba, tendo sido admitida 01/03/1985 (conforme ficha do funcionário em anexo),
mediante classificação em concurso público.

Requisitou exoneração a pedido de cargo de provimento efetivo (requerimento em


anexo), tendo laborado por 33 anos, 2 meses e 1 dia de tempo total. Protocolou
administrativamente em 02/05/2018, sob o protocolo nº 4030/2018, requerendo em
pecúnia suas licenças-prêmios não gozadas dos quinquênios dentre os períodos de

02/03/1990 a 01/03/1995;

02/03/1995 a 01/03/2000;

02/03/2000 a 01/03/2005;

02/03/2005 a 01/03/2010,
13º salário e férias. Todas elas publicadas no Diário Oficial do Município de Santo
Antonio de Jesus - Bahia, conforme anexos.

Sendo assim, a autora faz jus a receber do Município de Santo Antônio de Jesus –
Bahia, o valor de R$ 55.358,51 (cinquenta e cinco mil, trezentos e cinquenta e oito
reais e cinquenta e um centavos) referente a 4 (quatro) licenças-prêmios, totalizando
assim, 12 (doze) meses de licenças-prêmios não gozadas , que devidamente acrescidos
de juros e correção monetária, perfaz a quantia de R$ R$ 103.068,27 (cento e três mil e
sessenta e oito reais e vinte e sete centavos), conforme calculo em anexo.

Todavia, desde o requerimento até a presente data, a requerente não obteve resposta da
solicitação, ficando inerte o Município quanto à concretização do pagamento,
importando então, uma resposta tacitamente negativa para o pagamento.

Vale ressaltar que, a autora não gozou das licenças-prêmios por falta de adequação junto
ao calendário escolar nos períodos e por pouca demanda de funcionários perfazendo-se
por todo o período de trabalho.

Deste modo, não é justo com a servidora simplesmente não gozar um direito adquirido,
logo se faz necessário que a licença-prêmio seja convertida em pecúnia.

Não havendo mais a possiblidade do gozo das licenças-prêmios de forma tradicional,


tendo em vista já estar aposentada, não resta alternativa a autora, senão pleitear em juízo
e garantir assim, o seu direito de receber as licenças-prêmios adquiridas em forma de
pecúnia.

2. PRELIMINARMENTE

2. DA JUSTIÇA GRATUITA

Conforme declaração de insuficiência de recursos anexa, declara a Reclamante não


possuir condições de arcar com à custa do processo e honorários advocatícios sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família, tudo em conformidade com o artigo 4º da
Lei nº 1.060, de 05 de fevereiro de 1950.

Dessa maneira, requer a concessão dos benefícios da assistência judiciária e justiça


gratuita.

3. DA PRESCRIÇÃO

No que tange a prescrição, os tribunais veem entendendo que a prescrição de requerer a


indenização referente a licenças-prêmios não gozadas em pecúnia, tem início no ato da
aposentadoria.

Vejamos o que nosso Colendo Superior Tribunal de Justiça, vem entendendo acerca do
assunto, in verbis:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. LICENÇA-


PRÊMIO NÃO GOZADA. TERMO INICIAL. DATA DA
APOSENTADORIA. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça pacificou-se no sentido de que o termo inicial da
contagem do prazo para requerer indenização por licença-
prêmio não gozada e não contada em dobro é a data da
passagem do servidor para a inatividade. 2. Agravo Regimental
não provido. (STJ - AgRg no AREsp: 331172 DF
2013/0116353-6, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN,
Data de Julgamento: 07/11/2013, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJe 06/12/2013)

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. LICENÇA-PRÊMIO NÃO


GOZADA. DIREITO À CONVERSÃO EM PECÚNIA NO
MOMENTO DA PASSAGEM PARA A INATIVIDADE.
APOSENTADORIA CONCEDIDA EM JUNHO DE 2011.
AÇÃO PROPOSTA APROXIMADAMENTE OITO MESES
APÓS. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. 1. "1. E cabível a
conversão em pecúnia de licença-prêmio adquirida antes da
passagem do Servidor para inatividade e que não foi desfrutado,
tendo em vista o princípio da vedação do enriquecimento sem
causa. 2. Porém, de acordo com o entendimento já pacificado
por esta Corte, a data da aposentadoria do Servidor é o termo
inicial para a contagem do prazo prescricional quinquenal para
requerer a conversão, independentemente do direito estar sendo
requerido pelo próprio Servidor ou por seus beneficiários. 3.
Agravo Regimental desprovido". (STJ, AROMS 27.796, Relator
Ministro Napoleão, Nunes Maia Filho, Quinta Turma, DJE de
2.3.2009).

Ademais, o do Egrégio Tribunal de Justiça de Mato Grosso,


replica tal entendimento:

AGRAVO REGIMENTAL – PRELIMINAR - PRESCRIÇÃO -


NÃO OCORRÊNCIA – TERMO INICIAL – DATA DA
APOSENTADORIA. MÉRITO – SERVIDOR APOSENTADO
– CONVERSÃO EM PECÚNIA DE LINCENÇA PRÊMIO E
FÉRIAS NÃO USUFRUÍDAS – POSSIBILIDADE – VERBA
HONORÁRIA MANTIDA. – RECURSO DESPROVIDO –
DECISÃO MONOCRÁTICA MANTIDA. A prescrição ao
direito de requerer indenização referente às licenças-prêmios
não gozadas tem início com o ato de aposentadoria.
Comprovado que o servidor aposentado não usufruiu as
vantagens que adquiriu durante a atividade no serviço público, a
Fazenda Estadual deve indenizá-lo em pecúnia. (Ag
125344/2015, DRA. VANDYMARA G. R. P. ZANOLO,
TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 13/10/2015,
Publicado no DJE 20/10/2015) (TJ-MT - AGV:
01253448620158110000 125344/2015, Relator: DRA.
VANDYMARA G. R. P. ZANOLO, Data de Julgamento:
13/10/2015, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 20/10/2015).
Posto isto, não há o que se falar em prescrição, visto que, o requerente se aposentou na
data de 02/05/2018, afastando assim o quesito da prescrição.

4. DO DIREITO

A licença prêmio é um benefício em que o servidor público em seu período de labor,


recebe quando cumpre suas tarefas com assiduidade, tendo assim o direito de gozar 3
(três) meses de licença a cada quinquênio ininterrupto de efetivo exercício no serviço
público.

Vejamos que, o fato da autora não ter gozado tais licenças, ocorreu devido à falta de
ajuste na questão dos requisitos, como a adequação do calendário escolar, necessidade
de autorização e nova contratação, além de toda a demanda de trabalho por falta de mão
de obra.

Desta forma, o requerente tem o direito de requerer junto a administração pública, as


licenças em forma de pecúnia.

Ademais, observemos assim como nossa jurisprudência vem entendendo do acerca do


assunto:

A jurisprudência consolidada já assentou que os servidores


públicos têm direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio
não gozada, desde que cumpridos os requisitos necessários à sua
concessão, mesmo que tal direito seja suprimido por lei
revogadora superveniente. 2. O recurso extraordinário possui
como pressuposto necessário à sua admissão o pronunciamento
explícito sobre as questões objeto do recurso, sob pena de
supressão de instância inferior. 3. Agravo regimental improvido.
(STF - AI-AgR: 460152 SC, Relator: ELLEN GRACIE, Data de
Julgamento: 29/11/2005, Segunda Turma, Data de Publicação:
DJ 10-02-2006 PP-00010 EMENT VOL-02220-03 PP-00555)

Como se-pode observar, é pacífico em nossa jurisprudência a conversão de licença-


prêmio em pecúnia, para servidor público aposentado.

Vejamos entendimento já pacificado do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECURSO ESPECIAL. SERVIDORPÚBLICO. LICENÇAS-
PRÊMIO NÃO-GOZADAS E NÃO COMPUTADAS EM
DOBRO PARA APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO EM
PECÚNIA. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO
PACIFICADO NO STJ. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.1. É assente nesta Corte Superior de Justiça que
o servidor tem direito de converter, em pecúnia, as licenças-
prêmios não gozadas e não contadas em dobro quando de sua
aposentadoria. Precedentes.2. É vedado a este Tribunal
Superior,em Recurso Especial, apreciar a violação de
dispositivos constitucionais, ainda que para fins de
prequestionamento, uma vez que o julgamento de matéria de
índole constitucional é reservado ao Supremo Tribunal
Federal.3. Agravo Regimental desprovido.(AgRg no RECURSO
ESPECIAL Nº 1.172.750 – RS, Rel. Min.

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJE 21.03.2011).

Além disso, a licença-prêmio é um direito adquirido, pelo seu trabalho, onde deve a
Administração Pública converter tais licenças não gozadas em indenização sobre
pecúnia, sob pena de enriquecimento sem causa da Administração.

DECISAO: acordam os Magistrados Integrantes da Terceira


Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, por unanimidade de votos, em CONHECER E DAR
PROVIMENTO ao recurso de apelação, nos termos do voto
acima. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR
PÚBLICO. APOSENTADORIA. JULGAMENTO
ANTECIPADO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA. LICENÇA ESPECIAL NÃO USUFRUÍDA.
CONVERSÃO EM PECÚNIA. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO
AO ENRIQUECIMENTO INDEVIDO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. REQUERIMENTO.
DISPENSABILIDADE. ÔNUS SUCUMBENCIAIS.
ALTERAÇÃO. Recurso conhecido e provido. (TJPR - 3ª
C.Cível - AC - 1361924-4 - Catanduvas - Rel.: Rodrigo Otávio
Rodrigues Gomes do Amaral - Unânime - - J. 09.06.2015) (TJ-
PR - APL: 13619244 PR 1361924-4 (Acórdão), Relator:
Rodrigo Otávio Rodrigues Gomes do Amaral, Data de
Julgamento: 09/06/2015, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação:
DJ: 1584 15/06/2015)

Ademais, a interpretação deste dispositivo é clara em entender, uma vez que não haverá
mais a possibilidade de gozo das licenças-prêmios do período, não resta alternativa,
senão indenizar o autor pelos períodos não gozados em atividade.

Além disso, vale ressaltar que a Comissão Conjunta de Orientação Jurídica Normativa
SAD/PGE, já pacificou o assunto:

ORIGEM: Processo nº 0.356.497-5 - SAD

Relator: Gil Borges Pimenta

SERVIDOR PÚBLICO ESTATUTÁRIO INATIVO.


CONVERSÃO DE LICENÇA-PRÊMIO EM ESPÉCIE.
INDENIZAÇÃO. LICENÇA-PRÊMIO CONSTITUÍDA E
NÃO USUFRUÍDA DURANTE A ATIVIDADE. OMISSÃO
DA ADMINISTRAÇÃO. POSSIBILIDADE.

Os servidores públicos inativos estatutários que não usufruíram,


nem tiveram contado em dobro para fins de aposentadoria seus
períodos de licença-prêmio, têm direito de perceber indenização
referente a tais períodos. É dever da Administração Pública
conceder ao servidor, enquanto na atividade, o período de
licença obtido a título de prêmio por assiduidade. Omitindo-se,
deverá indenizar o servidor quando da aposentação, sob pena de
enriquecimento sem causa.

Ementa aprovada na reunião realizada no dia 05/12/02, pela


Comissão Conjunta de Orientação Jurídico Normativa.

Homologamos nos termos do Decreto nº 4.803, 13/08/02.

Cuiabá-MT, 10/12/2002.

Ademais, o art. 884 do Código Civil, assim dispõe sobre o enriquecimento sem causa:

“Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.”

E, nesse mesmo sentido, preleciona Maria Helena Diniz: “... se o aumento do


patrimônio se deu à causa de outrem, impõe-se a devolução da coisa” (Código Civil
Anotado, 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 558).

5. DOS PEDIDOS

Diante dos fatos e fundamentos acima transcritos, requer-se:

a) A citação do Município de Santo Antônio de Jesus - Bahia, na pessoa de seu


representante legal, para que, no prazo estabelecido por lei, conteste a presente ação,
sob pena de revelia;

b) A intimação do Douto representante do Ministério Público;

c) O benefício da justiça gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50, uma vez que a
Requerente não se encontra em condições de arcar com as despesas processuais sem
prejuízo próprio e de sua família;

d) Seja julgada procedente a presente ação, condenando o requerido ao pagamento dos


12 (doze) meses de licenças-prêmio não gozadas, no valor de R$ 103.068,27 (cento e
três mil e sessenta e oito reais e vinte e sete centavos), conforme calculo em anexo,
valor este, corrigido até a data de 01/02/2017, e que seja devidamente acrescido de juros
e correção até a data do efetivo pagamento;

e) A condenação nas custas, despesas processuais e honorários advocatícios na base de


20% (vinte por cento) do valor da condenação;

f) Protesta pela produção de todos os meios de provas em direito admitidos;

Dá-se à causa, no valor de R$ 103.068,27 (cento e três mil e sessenta e oito reais e vinte
e sete centavos)
Nos termos, em que

Pede deferimento

Santo Antônio de Jesus – Bahia

Danilo Emanuel Santos de Jesus

OAB/BA nº 60.017

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