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Apostila Ventilação Mecânica PDF
Apostila Ventilação Mecânica PDF
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SUMÁRIO
HISTÓRIA (a.C.)
As primeiras citações sobre a teoria da respiração aparecem nos escrito antigos Egípcios,
Chineses e Gregos. O ato de ventilar artificialmente seres humanos data de 800 a.C. e está
documentado no Velho testamento Bíblico, citação ao Profeta Elisha que induziu uma pressão
respiratória da sua boca a boca de uma criança que estava morrendo (II Kings, 4:34-35).
384 - 322 a.C. Aristóteles notou que animais colocados dentro de caixas
hermeticamente fechadas morriam. Primeiramente, pensou que a morte ocorria
pelo fato dos animais não conseguirem se resfriar. Outros estudos levaram-no a
conclusão de que o ar fresco era essencial para a vida.
HISTÓRIA (d.C.)
Século II d.C. Galeno, físico grego, realizou diversos estudos sobre anatomia em
várias espécies de animais. Ele afirmava que a anatomia dos seres humanos era
similar. Seus ensinamentos foram seguidos por muitos séculos. Desde a sua morte
até 13oo anos após, religiosos e políticos proibiram a dissecção e os estudos
científicos em humanos.
1763 - Smelie usou um tubo de metal flexível e bombeou ar para dentro dos pulmões.
1786 - Kite criou um mecanismo limitado a volume que usou com foles. Foi importante por ser o
primeiro dispositivo volumétrico.
1790 - Courtois usou um pistão e um cilindro junto com um balão para ventilação.
1902 - Matas usou o ar comprimido para acionar o aparato de Fell-O'Dwyer durante cirurgia.
1904 - Sauerbruch usou ventilação negativa contínua ao redor do corpo
para atender a necessidade ventilatória durante cirurgia.
1905 - Brauer usou pressão positiva contínua nas vias aéreas superiores durante cirurgia.
1909 - Janeway e Green desenvolveram um ventilador com pressão positiva intermitente (IPPV)
para uso em cirurgias.
1953 - Saxon G.A. e Meyer G.H. desenvolveram um dispositivo eletromecânico para substituir o
centro respiratório humano durante VM. O dispositivo regulava a pressão inspiratória pelo EtCO².
Foi o primeiro registro da utilização da alça-fechada durante a VM.
1955 - J.H. Emerson de Massachusetts, patenteou um ventilador que produzia vibrações nas
vias aéreas dos pacientes (100 a 1500 vibrações por minuto). Foi-lhe creditada a invenção do
primeiro ventilador de alta frequência.
1956- O "iron chest" da Drager, também conhecido como "chest respirator". Respirador de
pressão negativa ao redor do tórax desenvolvido para longa permanência.
1967 - A PEEP (positive end expiratory pressure) foi introduzida nos respiradores por pressão
positiva. Ashbaugh, Petty, Bigelow e Levine reviveram a idéia do CPPB e aplicaram-na durante a
ventilação mecânica, denominando de PEEP, para o tratamento da SDRA (Síndrome do
desconforto respiratório agudo).
1971 - Gregory e colaboradores reportaram o uso do CPAP para tratar IRDS em recém-
nascidos.
1971 - Oberg e Sjonstrand introduziram a ventilação com pressão positiva de alta frequência
(HFPPV).
1980 - Ventilação por pressão positiva de alta frequência ganhou destaque na literatura como uma
abordagem experimental de VM.
Drinker PA, McKhann CF 3rd. Landmark perspective: The iron lung. First practical means of
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Anatomia das vias aéreas superiores
1. Língua
2. Orofaringe
3. Laringe
4. Glote
5. Cordas Vocais
6. Cartilagem Tireóide
7. Cartilagem Cricóide
8. Traquéia
9. Esôfago
1- corneto superior;
2- corneto médio;
3- corneto inferior;
4-palato duro;
5-palato mole;
6-cavidade oral;
7-língua;
8-úvula;
9-nasofaringe;
10-orofaringe;
11-adenóide.
Laringe
Cartilagem Tireóide
É a maior das cartilagens laríngeas, situando-se acima da cricóide e ligada a esta pelo
ligamento cricotireoidiano;
Constituída por duas placas quadradas fundidas anteriormente na linha média, com sua
borda superior projetando-se para fora numa proeminência conhecida como "Pomo de Adão";
No seu interior, situam-se as cordas vocais.
Cartilagem tireóide, frente e perfil
Cartilagem Cricóide
Cordas Vocais
Inervação
Traquéia
Bonner JT, Hall JR. Respiratory Intensive Care of the Adult Patient. St. Louis: CV Mosby, 1985:90.
NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
É muito importante entender que os pulmões têm uma arquitetura muito delicada e que seu
funcionamento adequado depende essencialmente da preservação dessa arquitetura.
Weibel descreveu as vias aéreas e classificou-as conforme as divisões brônquicas em
gerações, sendo que até a 17.a geração em média, observou-se a composição das vias aéreas
exclusivamente de cartilagens e epitélio respiratório, pseudo-estratificado cilíndrico ciliado.
(Zona de Condução de Weibel). A partir da geração seguinte, começam a surgir alvéolos
compondo as paredes das vias aéreas, havendo, portanto possibilidade de troca gasosa desde ali.
À medida que se avança nas vias aéreas, gradualmente aumenta o número de alvéolos até que
nas gerações mais terminais apenas alvéolos compõem as vias aéreas, que se findarão nos
sacos alveolares. (Zona Respiratória de Weibel).
Zonas de Weibel
Quaisquer agressões diretas às vias aéreas serão retiradas com eficácia pela tosse e
esteira mucociliar na Zona de Condução. Depois disso, caso o agente agressor vá mais
adiante, será necessária ação celular e linfática para a “limpeza” e reestruturação da
arquitetura alveolar.
Os alvéolos são pequeninos “sacos de ar” cuja arquitetura é formada de células finas,
de composição, chamadas pneumócitos tipo I e células maiores, que tem função, dentre outras,
de produzir a surfactante, substância com a função de quebrar a tensão superficial da fina
camada fisiológica de líquido que preenche os alvéolos, impedindo que essa força os faça
colapsar.
Fatores que diminuem a afinidade da oxi-hb por O² (desviam a curva para a direita):
- Hipertermia, corticóides, acidoses, fosfatos orgânicos, aumento da hemoglobina
(Hb); aumento de 2,3 DPG;
Assim sendo, resumimos esses conceitos entendendo os pulmões como nossa “estação
de trem”, onde recarregaremos os nossos “vagões” (hemoglobina) com O². O coração será a
“Locomotiva” e os vasos sanguíneos os ”trilhos”. Eles irão carregar (e ofertar) essa preciosa
carga aos nossos tecidos (as “cidades” mais distantes). Dependendo de cada “cidade” (tecido), a
necessidade da “carga” e da “entrega” de O² será maior ou menor. Fato é que o “trem” (sangue
venoso) volta para a “estação” (pulmões) parcialmente cheio, nunca vazio. A quantidade de
“carga” que volta para “estação” nos indica indiretamente quanto dela foi entregue para os
tecidos e pode nos permitir entender as necessidades dos mesmos, frente à quantidade da
“carga” utilizada. (pode-se assim depreender extração e consumo de O²). Desta maneira, a
quantidade de O² que retorna pelo sangue venoso, medida na prática clínica pela Saturação
Venosa da Oxihemoglobina (SvO²) é um importante indicador da nossa reserva de O² e das
necessidades teciduais médias do organismo naquele momento.
Referencias bibliográficas
Hu VK, Goodman LR. Radiographic detection of monitoring devices. In: Tobin MJ, ed. Principles
and practice of Intensive Care Monitoring. New York: Mc Graw-Hill, 1998. p. 1211-22.
NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Intubação traqueal consiste na introdução de um tubo na luz da traquéia. Ela pode ser
realizada através das narinas (via nasotraqueal), boca (via orotraqueal) ou abertura na parede
da traquéia (transtraqueal).
Indicações
Assegurar o acesso traqueal nas situações em que exista potencial prejuízo dos
mecanismos fisiológicos de controle da permeabilidade das vias aéreas (como afecções das
V.A.S., intervenções próximas as vias aéreas ou em posição desfavorável);
Atenuar o risco de aspiração do conteúdo gástrico;
Facilitar a aspiração traqueal;
Facilitar ventilação sobe pressão positiva;
Manutenção da oxigenação adequada;
Anestesia via inalatória.
Laringoscópio
O laringoscópio rígido padrão consiste em uma lâmina destacável com uma lâmpada
removível que se liga a um cabo que contém uma bateria. Cada lâmina padrão tem uma guia para
deslocamento da língua e uma abertura lateral para visualização da laringe. Os tamanhos
variam de zero (Miller) a um (Macintosh), que são as menores lâminas, a quatro (Miller ou
Macintosh) que são as maiores. As lâminas são escolhidas em função das dimensões das vias
aéreas. As lâminas de Macintosh curva número três são recomendadas para adultos de médio
porte; em lactentes dá - se preferência para lâmina de Miller (reta com a extremidade recurvada).
Tubos Endotraqueais
Classificação de Mallampati
(5) Uma vez exposta à glote, se introduz o tubo endotraqueal, com o balonete
desinsuflado e a curvatura para frente.
Este tubo deve penetrar através da glote, com o balonete ultrapassando, de 1 a 3 cm as
cordas vocais.
Este processo deve ser acompanhado visualmente a fim de se garantir o correto
posicionamento do tubo.
Podem ser divididas em traumáticas, por erro técnico, reflexos e de outras causas.
Traumáticas
Deslocamento de mandíbula
Traumas dentários
A incidência varia de 0,1 a 2,0% e pode levar a complicações pulmonares graves por
aspiração traqueal de fragmento. O risco de lesão dentária está aumentado em pacientes com:
a) doença dentária concomitante; b) pontes e coroas; c) extremos de idade. A avaliação dentária
pré-intubação é importante e alguns autores sugerem a utilização de protetores dentários que
comprovadamente diminuem a incidência de traumas, porém aumentam a dificuldade para a
intubação.
Lesões nasais
São mais comuns durante intubações difíceis e de emergência em que várias tentativas são
necessárias. Podem atingir nasofaringe, hipofaringe, fossa piriforme, aritenóide, cordas
vocais, traquéia e esôfago. Felizmente são raros, mas quando associados à ventilação com
pressão positiva causam enfisema subcutâneo no pescoço e mediastino, pneumotórax e até
pneumoescroto. Abscessos e mediastinites são complicações mais tardias que podem aparecer,
principalmente em lesões esofágicas. A introdução forçada do tubo traqueal deve ser sempre
evitada. Os sinais clínicos sugestivos destas lesões são cianose, enfisema subcutâneo,
pneumotórax, disfagia, dor cervical e febre e devem ser valorizados para diagnóstico e
tratamento precoces, que são fundamentais para a resolução favorável do quadro.
Intubação esofágica
Intubação brônquica
É mais comum, com incidência muito variável de 0,6 a 90%. Pode ocorrer no ato de
intubação ou durante a manutenção do tubo. O brônquio fonte direito é mais comumente
intubado, pois forma um ângulo mais obtuso com a traquéia.
O tubo traqueal move-se em direção à carina com a flexão do pescoço e em direção às
cordas vocais, com sua extensão ou rotação lateral da cabeça. As posições de Trendelenburg e
de litotomia, a colocação de compressas no abdômen superior e a compressão abdominal
podem deslocar a carina para cima e determinar intubação brônquica. A fixação inadequada do
tubo pode contribuir principalmente em crianças que possuem traquéia mais curta.
A intubação brônquica pode resultar em obstrução pulmonar bilateral com hipóxia e
colapso pulmonar. O aparecimento de vários graus de obstrução no brônquio contralateral é
mais comum; o aumento da ventilação do pulmão cujo brônquio está intubado pode ocasionar
rotura alveolar, enfisema e pneumotórax. Os sinais clínicos podem incluir assimetria da
expansão torácica e ruídos ventilatórios, taquipnéia, hipotensão e cianose, sendo de fácil
diagnóstico. A atelectasia das porções não ventiladas é comum e algumas medidas têm sido
sugeridas para a prevenção da intubação brônquica:
a) localização do tubo no terço médio da traquéia com o pescoço em posição
neutra, obtida com a introdução do tubo 3 a 4 cm após as cordas vocais e fixação
adequada. As fórmulas criadas para o estabelecimento da distância segura de introdução
em crianças não são totalmente confiáveis;
b) posicionamento da extremidade do tubo a 23 e 21 cm da arcada dentária
superior em homens e mulheres, respectivamente, desde que estejam dentro dos Iimites da
estatura;
c) intubação brônquica proposital e retirada do tubo 2 cm após o reaparecimento
dos ruídos pulmonares bilaterais.
A detecção precoce é fundamental e os vários métodos a serem utilizados são idênticos
aqueles empregados no diagnóstico de intubação esofágica. Uma vez detectada a intubação
brônquica o balonete deve ser desinsuflado, o tubo puxado alguns centímetros, o balonete
reinsuflado e a posição correta confirmada.
Outras complicações
Bacteremia
Ocorre principalmente com a via nasotraqueal (5,5%), sendo indicado o uso profilático
de antibiótico em pacientes com valvulopatias e cardiopatias congênitas. Alguns autores
sugerem a proteção da extremidade do tubo ao passar pela nasofaringe.
Pode ocorrer em pacientes com queimaduras de vias aéreas e seria devido à diminuição
da pressão alveolar pela perda do mecanismo de manutenção do volume pulmonar realizada
pela aproximação das cordas vocais durante a expiração. A ventilação controlada com
pressão positiva contínua das vias aéreas é recomendada para a sua prevenção, mas alguns
autores afirmam que o edema pulmonar seria causado por esforços inspiratórios durante o ato de
intubação.
É um tema muito estudado e merece revisão específica pela sua gravidade (30 a 70% de
mortalidade). A sua incidência variável, que pode chegar a 18,5%, é uma das maiores causas de
morbimortalidade na anestesia, podendo ser responsável por até 10% das mortes cirúrgicas.
Pacientes com estômago cheio ou retardo do esvaziamento gástrico (gestantes, obesos,
traumatizados, pacientes com hemorragia digestiva alta ou distúrbios metabólicos) têm um risco
maior, sendo que a gravidade do quadro depende do volume e pH do Iíquido aspirado.
A perda dos reflexos, a paralisia muscular e as manobras para a intubação favorecem
a regurgitação e aspiração.
As medidas preventivas iniciam-se com drogas que aumentam o pH e o esvaziamento
gástrico (antiácidos particulados, metoclopramida e antistamínicos), incluem a aspiração
gástrica pré-indução e fundamenta na técnica de indução. Esta pode ser a intubação sob
anestesia tópica da orofaringe e com o paciente acordado ou a sequência de indução rápida com
proclive e manobra de Selick. Ambas têm-se tirado eficaz quando indicadas e realizadas
corretamente.
O tratamento depende da gravidade do quadro e inclui manutenção de oxigenação e
ventilação adequadas, broncoscopia e broncoaspiração e controle clínico-laboratorial seriado para
a avaliação da evolução. Os antibióticos devem ser utilizados somente após o aparecimento
clínico de infecção e os corticosteróides não modificam a evolução do quadro.
Infecção
A via artificial permite o acesso de patógenos à traquéia e vias respiratórias inferiores, com
maior risco de pneumonia. Além disso, as bactérias gram-negativas que colonizam o trato
gastrointestinal podem alcançar o trato respiratório através de refluxo e aspiração do conteúdo
gástrico.
Referências bibliográficas
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http://www.viaaereadificil.com.br/
http://www.manualmerck.net/
www.airwaycam.com
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Técnica de ventilação com máscara facial
Técnica
1- Para uma correta ventilação sob máscara facial, é indicado que o paciente seja
colocado em posição olfativa.
Provavelmente haverá uma maior dificuldade em ventilar nas situações em que esta
posição esteja contra-indicada, como nos traumas de coluna.
A ventilação deverá ser suficiente para manter SpO2 acima de 90%, usando FiO2 de 1.0
(100%), em pacientes cuja saturação era normal do episódio que levou a insuficiência respiratória,
atentando para pacientes hiperinsuflados, dando tempo suficiente para a expiração.
Ventilação com máscara facial não eficaz
Presença de barba
Índice de massa corporal > 26 kg/m²
Falta de dentes
Idade > 55 anos
História de ronco
Persistência da cianose,
Ausência de CO² exalado,
Ausência de expansibilidade torácica,
Distensão gástrica durante ventilação com pressão positiva.
B - o primeiro operador usa as duas mãos para promover o selo da máscara facial e a protusão
da mandíbula enquanto o auxiliar comprime o balão/ambu.
Referências bibliográficas
www.viaaereadificil.com.br/
Melhado VB, Fortuna AO. Via Aérea Difícil, em: Vários editores - Curso de educação à distância
em anestesiologia. v. IV, Comissão de Ensino e Treinamento – SBA, São Paulo, Office Editora
2004.
Roizen MF, Fleisher LA. Essence of anesthesia practice. 1st ed. Philadelphia: WB Saunders;
1997.p.144.
Objetivos, indicações e contra-indicações da ventilação pulmonar mecânica
Objetivos
A. Objetivos fisiológicos
B. Objetivos clínicos
- Reverter a hipoxemia
- Reverter a acidose respiratória aguda
- Diminuir o desconforto respiratório
- Prevenir ou reverter a atelectasia
- Reverter a fadiga dos músculos respiratórios
- Permitir a sedação e/ou o bloqueio neuromuscular
- Diminuir o consumo sistêmico ou miocárdico de oxigênio
- Diminuir a pressão intracraniana
- Estabilizar a parede torácica
Indicações
A aplicação de ventilação mecânica não deve ser protelada em situações de risco de morte.
Frequentemente a presença de sinais e sintomas clínicos de insuficiência respiratória severa
é a principal indicação para a prótese ventilatória.
As principais indicações de ventilação mecânica incluem anormalidades ventilatórias,
anormalidades de oxigenação ou a associação de ambas.
Neste grupo quando a ventilação alveolar cai a níveis críticos, ocorrerá retenção aguda de
gás carbônico e consequente acidose respiratória e hipoxemia. As causas são variadas e
frequentemente associadas a três mecanismos básicos:
2- Pós-operatório:
Contra-indicações
Bonner JT, Hall JR. Respiratory Intensive Care of the Adult Patient. St. Louis: CV Mosby, 1985:90.
www.pneumoatual.com.br
Princípios da ventilação com pressão positiva
Trabalho respiratório
Ocorrerá fluxo gasoso inspiratório sempre que existir uma diferença de pressão
criada entre as vias aéreas superiores e os alvéolos. Durante a inspiração espontânea, a
contração do diafragma diminui a pressão intrapleural, criando uma diferença de pressão em
relação às vias aéreas superiores. Durante a ventilação mecânica, ocorre inspiração quando a
pressão positiva é aplicada às vias aéreas, o que produz uma diferença de pressão. Em qualquer
dos casos, a pressão de distensão (ou transpulmonar) (pressão das vias aéreas menos a
pressão intrapleural) está aumentada, expandindo o pulmão. O aumento final na pressão
transpulmonar irá determinar a variação do volume pulmonar, volume corrente (VT), dependendo
da elasticidade do pulmão.
Para os pacientes com lesão pulmonar aguda terem respiração espontânea efetiva, o
esforço respiratório deverá ter o máximo de eficiência. Qualquer alteração na relação
volume/pressão (V/P) do pulmão pode alterar o trabalho respiratório.
Durante a respiração normal, a pressão das vias aéreas é quase constante. Quando se
interpõe uma via aérea artificial, a resistência ao fluxo gasoso e o trabalho respiratório
aumentam. Se o fluxo de gás disponível proveniente do circuito for menor do que o fluxo
inspiratório do paciente, mesmo transitoriamente, a pressão nas vias aéreas irá diminuir e o
trabalho respiratório aumentará. Esse aumento na carga inspiratória frequentemente não é
reconhecido pelos clínicos que indicam a forma de tratamento do paciente, porém ele é
significativo e pode representar a diferença entre o sucesso e o fracasso terapêutico. Equipamento
e ambiente apropriado são essenciais para terapia respiratória com pressão positiva, eficiente e
bem sucedida.
Esquerda, pressão da via aérea (Paw) (__) e intrapleural (Ppl) (----) durante ventilação
espontânea sem pressão positiva. A, pressão no final da exalação; B, pressão no final da
inspiração; I, alça inspiratória; E, alça expiratória. Direita, pressão gerada pelos músculos
respiratórios, volume pulmão-tórax e curva de complacência do sistema respiratório (PLT) durante
a ventilação espontânea sem pressão positiva, A, volume pulmão-tórax no final da expiração; C,
volume pulmão-tórax no final da inspiração; B, final da inspiração; I, alça inspiratória; E, alça
expiratória. O trabalho inspiratório da respiração e representado pela área AIBCA.
Ciclo respiratório e mecânica pulmonar
Normalmente o ciclo ventilatório com pressão positiva pode ser dividido em quatro fases:
Inspiratória;
Mudança da fase inspiratória para expiratória;
Fase expiratória e;
Mudança da fase expiratória para inspiratória.
Inspiração
A inspiração termina uma vez que uma das quatro variáveis (pressão, fluxo, tempo ou
volume) alcança o valor selecionado ou calculado. A inspiração é ciclada por pressão quando o
limite máximo de pressão (limite de alarme) tenha sido alcançado. Em pressão de suporte
também é ciclada por pressão quando a pressão sobe bruscamente acima da regulada (tosse,
esforço expiratório súbito).
Usando pressão de suporte (PSV), a inspiração será ciclada por fluxo quando o fluxo
inspiratório de pico (PIF), que é variável conforme a demanda do paciente no início do ciclo, cair
alcançando 25% do pico de fluxo (valor padrão).
Em pressão de suporte com volume corrente assegurado (VAPSV), o fluxo
desacelerado pode mudar para fluxo constante quando o volume objetivo não é alcançado no
transcurso da inspiração; isto faz com que a pressão aumente até que o volume objetivo se
complete e, por tanto, a inspiração será ciclada por um critério secundário, sendo ciclagem a
volume.
A pressão máxima das vias aéreas alcançada é chamada de pressão de pico das vias
aéreas (PPI).
Curvas de fluxo, volume e pressão em relação ao tempo obtidas em ventilação controlada a
volume com fluxo constante sem ajuste de tempo de pausa inspiratória. È possível
observar que o volume corrente permanece constante. A partir da abertura da válvula
exalatória a pressão decairá rapidamente até o valor da PEEP aplicada. A pausa expiratória
não está presente. No segundo ciclo respiratório é possível perceber que o volume corrente
exalado é menor que o inalado, denotando possível vazamento.
A PPI representa a soma das pressões requeridas para vencer a resistência do tubo
traqueal e das vias aéreas bem como as pressões elásticas do pulmão e da caixa torácica.
Antes do inicio da expiração é possível acrescentar tempo de pausa inspiratória, principalmente
em ventilação controlada a volume. Neste momento com o fechamento da válvula inspiratória e da
válvula exalatória desaparece o componente resistivo da pressão (fluxo zero). Neste ponto a
pressão da via aérea decaíra até atingir a pressão de platô (Pplatô). A Pplatô reflete a pressão
necessária para vencer apenas o componente elástico, e se traduz na melhor estimativa da
pressão alveolar.
Curvas de fluxo, volume e pressão em relação ao tempo obtidas em ventilação controlada a
volume com fluxo constante com ajuste de tempo de pausa inspiratória. É possível
observar que o volume corrente permanece constante durante o tempo de pausa, sendo
que a pressão máxima (Ppico) decaiu até a pressão de platô (Pplatô). A partir da abertura da
válvula exala tória a pressão se reduz até o valor da pressão ajustada ao final de expiração
(PEEP). O segundo ciclo representa um paciente com aumento da resistência de vias
aéreas. O conhecimento de fluxo e volume aplicados, assim como das pressões geradas
durante o ciclo respiratório permite o cálculo da resistência e complacência respiratória.
Fase expiratória
A mudança da fase expiratória para a fase inspiratória pode ser determinada por um
critério de tempo sem a interferência do paciente (ventilação controlada) ou através de
esforço respiratório (ventilação assistida) ou de ambas (ventilação assisto-controlada).
O conhecimento dos valores de volume corrente, fluxo e das pressões geradas durante
as fases inspiratórias e expiratórias permite aferir propriedades mecânicas do sistema
respiratório, incluindo o cálculo da resistência e complacência.
Disparo por fluxo e por pressão em paciente submetido à ventilação controlada a volume.
No traçado superior a detecção do esforço é definida por fluxo, enquanto no traçado
inferior a detecção é por pressão. O ajuste adequado da sensibilidade deve permitir o
disparo da ventilação com pequenos esforços.
Ondas de pressão de via aérea
A pressão inspiratória tem dois tipos de onda, rampa ascendente para o modo por
volume com fluxo constante e retangular para os modos por pressão. No modo por volume,
ao mudar a onda retangular de fluxo (modalidade VCV), produzem-se ondas de pressão com
formas caracterizadas pelo fluxo que as geram.
Ondas de fluxo
As ondas de fluxo são quatro: retangular (fluxo constante durante toda a fase
inspiratória), rampa descendente (o pico de fluxo inspiratório ajustado (PIF) é alcançado logo
no início decaindo logo após), sinusoidal (o fluxo eleva-se gradativamente desde o início do
ciclo quando no meio da fase inspiratória cai), e rampa ascendente (o fluxo eleva-se
gradativamente até alcançar o PIF ajustado).
Curvas de pressão da via aérea (Paw), taxa de fluxo (V) e volume corrente (VT) para as
modalidades de fluxo inspiratório constantes, sinusoidal, acelerado e desacelerado.
Mantiveram-se constante o tempo inspiratório, o VT, a complacência pulmonar e a
resistência da via aérea. O pico da pressão inspiratória é mais alto na curva de aceleração e
mais baixo na curva de desaceleração; contudo, a pressão média da via aérea é mais alta
na última forma de onda de fluxo inspiratório; ou seja, os ventiladores podem ser
classificados em geradores de fluxo constante ou não constante.
Embora existam diversas classificações disponíveis na literatura, duas são as mais aceitas.
A primeira é baseada no tipo de ciclos respiratórios disponibilizados: controlado (CMV),
assistido/controlados (A/C), ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) e pressão
positiva contínua nas vias aéreas (CPAP).
O paciente, no entanto, pode estar com seu controle da ventilação ativo (comumente
chamado de “drive ventilatório”) e querer empreenderem inspiração. Quando o paciente faz essa
tentativa, o aumento do volume torácico gera queda na pressão intratorácica, queda essa
transmitida para a pressão nas vias aéreas e detectada pelo ventilador, geralmente proximal ou
internamente ao aparelho. Essa queda detectada é informada ao processador que “interpreta”
como desejo do paciente de receber ar e abre-se a válvula inspiratória. Esse tipo de disparo é
chamado de disparo a pressão.
Outra opção comum de disparo é o disparo a fluxo. Quando o paciente realiza a
negativação da pressão, isso gera também um fluxo inspiratório, detectável por alguns tipos
de ventiladores, que então identificarão essa mudança no fluxo como “desejo” de receber ar e
abrirão a válvula inspiratória. Ambos os tipos de disparo geram o envio de um volume e fluxo de ar
variável ou de forma fixa. A depender destas variáveis, teremos então os chamados modos
assistidos ou espontâneos, ambos sendo disparados pelo paciente, seja a pressão, ou a fluxo.
Esquematização das curvas nos disparos a Fluxo e a Pressão. Adaptado de Bonassa, J. Ed.
Atheneu, 2000.
No modo assistido “puro” (um modo antigo para desmame, em desuso), não há FR
controlada estabelecida pelo profissional. O paciente dispara todos os ciclos ventilatórios.
Nesse caso a JT é infinita, vez que nunca o ventilador irá enviar um modo controlado. Se o
paciente subitamente fizer apnéia, este modo não prevê formas de resgate de segurança.
Importante explicar que nos modos assisto-controlados e assistidos os fluxos
geralmente são fixados pelo usuário, bem como volume corrente ou pico de pressão nas vias
aéreas.
A CMV e A/CMV são modos de suporte totais pelos quais o ventilador realiza a maior
parte de todo o trabalho necessário para manter uma ventilação minuto adequada. Os suportes
totais são vantajosos em pacientes críticos que necessitam garantir uma ventilação minuto, com
frequência muito alta. Esses modos também reduzem o oxigênio e a energia consumida pelos
músculos respiratórios. Por essas razões, os modos de suporte totais são provavelmente
preferíveis nas seguintes circunstâncias: (a) quando os pacientes são intubados pela primeira vez
antes de uma avaliação completa: (b) em pacientes que requerem uma alta ventilação minuto; (c)
em pacientes que têm um drive respiratório instável; (d) em pacientes que têm fadiga muscular
respiratória, com necessidade de repouso máximo dos músculos, e (e) em pacientes com débito
cardíaco baixo, nos quais é vantajoso um consumo de oxigênio mínimo pelos músculos
respiratórios. Embora os ventiladores ciclados por pressão e por volume possam ser ajustados em
CMV e A/CMV, em adultos, esses dois tipos são quase sempre utilizados com ventilação ciclada
por volume.
Historicamente, a CMV foi o primeiro modo desenvolvido para ventiladores mecânicos.
Nesse modo, o ventilador fornece gás para a via aérea a uma frequência fixa, sem observar os
esforços respiratórios do paciente. A CMV é um modo de ventilação mecanicamente mais simples
e mais seguro de ventilação. Contudo, a CMV tem vários problemas relevantes. Primeiro, o
desconforto para o paciente que tenta ventilar espontaneamente. O paciente não pode
disparar uma ventilação com pressão positiva nem inspirar ar através do circuito
ventilatório. Para evitar disforia ou agitação, os esforços respiratórios do paciente devem ser
suprimidos por ventilação excessiva intencional ou sedação, suplementada, se necessário, por
relaxantes musculares. Esses procedimentos têm certos riscos: alcalose, apnéia durante a
desconexão do ventilador e efeitos farmacológicos adversos na patologia de base do
paciente. Segundo, esse modo não responde a alterações do volume minuto adequado ao
paciente. O clínico deve manter vigilância constante para que ajustes apropriados sejam feitos na
ventilação minuto fornecida, evitando os distúrbios ácido-básicos. Finalmente, o suporte mecânico
total da ventilação inibe a contração dos músculos respiratórios, predispondo-os a atrofia.
A ventilação A/CMV é uma adaptação da CMV que permite ao paciente iniciar uma
respiração ciclada por volume ou ciclada por pressão com frequência maior do que a
selecionada, ou do que a frequência de base. O paciente pode ajustar a frequência de respiração
com pressão positiva para obter a ventilação necessária, desde que os drives adequados do
centro respiratório e fora dos músculos respiratórios sejam gerados para acionar o ventilador a
uma frequência adequada.
A frequência mínima de uma ventilação A/CMV é característica de segurança: se a
frequência respiratória do paciente cair abaixo dela, o ventilador irá ciclar automaticamente. Os
pacientes críticos não irão disparar o ventilador apropriadamente se tiverem um drive respiratório
instável ou se forem incapazes de contrair vigorosamente os músculos respiratórios em
consequência de doença neuromuscular ou fadiga. As condições podem mudar rapidamente em
um CTI. O paciente que dispara espontaneamente o ventilador em um momento pode ser
incapaz de fazê-lo pouco tempo após por causa de mudança do estado clínico ou devido à
administração de sedativo. É boa estratégia ajustar a frequência para obter-se cerca de 80%
da ventilação minuto basal.
Os músculos respiratórios ainda consomem energia durante a ventilação A/CMV, caso o
paciente esteja respirando mais rápido do que a frequência de apoio. Embora cada respiração
iniciada pelo paciente em A/CMV seja auxiliada pelo ventilador, os músculos inspiratórios
devem gerar primeiro uma pressão negativa para acioná-lo. Mesmo quando o ventilador
começa aplicando uma pressão positiva na via aérea, os músculos inspiratórios continuam
contraindo, contribuindo significativamente para a realização do trabalho respiratório.
Os esforços espontâneos durante a ventilação A/CMV podem prevenir ou retardar a
atrofia do músculo respiratório. Contudo, em paciente dispnéico com angina instável ou com
débito cardíaco baixo, esse consumo extra de oxigênio pelos músculos respiratórios pode
representar um gasto desnecessário para o sistema cardiovascular sobrecarregado. Para
esse tipo de paciente, pode ser desejável ajustar a frequência de apoio acima da frequência
respiratória do paciente, assim controlando e eliminando o trabalho do músculo respiratório. Há
outras circunstâncias em que a frequência de apoio deve ficar acima da frequência respiratória do
paciente: se o drive respiratório estiver instável; caso o pH ou a PaCO² devam ser
rigorosamente controlados; ou em pacientes com tórax instável, nos quais esforços inspiratórios
vigorosos podem interferir com a cura. Alternativamente, a contribuição do paciente para o
trabalho respiratório pode ser reduzida ou eliminada pela sedação e supressão do drive
respiratório, para que o ventilador não seja disparado com frequência muito alta. Essa estratégia é
geralmente usada em pacientes com altos níveis de drive respiratório e naqueles com alcalose
respiratória significativa.
Para atuar em uma respiração assistida, o paciente deve gerar uma pressão
suficientemente negativa na via aérea para ser percebida pelo ventilador. A sensibilidade pode
ser ajustada, mas a sensibilidade muito alta pode causar ventilação com pressão positiva
ativada por movimentos alheios ao paciente ou por flutuações transitórias na pressão do circuito.
O ajuste para uma sensibilidade muito baixa (ou seja, o aparelho fica insensível ao esforço do
paciente) vai demandar esforço e gasto energético ou vai resultar em paciente “bloqueado”,
incapaz de acionar o respirador — criando os mesmos problemas que ocorrem com a CMV.
Desvantagens
Um modo muito importante na história da VMI e que muitos fazem confusão no seu
entendimento e aplicação no dia a dia é o IMV, ou posteriormente o SIMV. (Syncronized
Intermitent Mandatory Ventilation).
Esse é um modo que originalmente se desenvolveu visando permitir que o paciente
pudesse ventilar sozinho pelo circuito do ventilador, sem ajuda ou interferência, fazendo uma
chamada ventilação espontânea. Ao mesmo tempo, desejava-se que, de tempos em tempos, o
ventilador enviasse um ciclo assistido disparado pelo paciente, com parâmetros de volume e
fluxos pré-determinados e fixos (e não livres como nos ciclos espontâneos), a fim de “ajudar” o
paciente e garantir a ventilação. Caso o paciente parasse de ventilar espontaneamente, e assim
parasse de disparar também os ciclos ditos assistidos, o aparelho aguarda uma JT inteira e então
reassume a frequência com ciclos ditos controlados.
Assim sendo, procure entender primeiro o SIMV descrito originalmente (ou seja, sem
Pressão de Suporte - outro Modo que será abordado adiante). No SIMV, estabelece-se uma FR
básica, que servirá para o processador calcular a JT. Por exemplo, estabelece-se uma FR de 10
rpm, o que gerará uma JT de 6 segundos. Se o paciente estiver sem drive ativo, isso fará com que
a cada 6 segundos o ventilador lhe envie um ciclo controlado. Caso o paciente superficialize seu
drive ventilatório e dispare o aparelho (pode ser disparo a pressão ou a fluxo), o ventilador lhe
enviará um ciclo assistido, com os mesmos parâmetros do ciclo controlado. Ponto
fundamental para diferenciar do modo assistido-controlado: o ventilador não interrompe a
contagem da JT e não zera a mesma! Assim sendo, ainda dentro da mesma JT após o ciclo
assistido, se o paciente novamente quiser respirar, então o ventilador permite que o paciente
ventile por si, dentro do circuito, de forma espontânea e sem ajuda. Esse tipo de ciclo se
definiu na história como ciclo espontâneo.
Todas as entradas do paciente depois do ciclo assistido, dentro de uma mesma janela de
tempo, serão espontâneas. Quando se findar a JT, o ventilador levará em conta o registro de que
na JT anterior houve um ciclo assistido. Assim sendo, o ventilador não enviará nada ao
paciente durante toda a janela de tempo subsequente, “esperando” que o paciente dispare um
novo ciclo, evitando a “briga” do paciente com o ventilador. Assim, se o paciente disparar o
ventilador, esse primeiro ciclo será sempre um ciclo assistido. Os ciclos subsequentes dentro da
mesma JT serão novamente espontâneos até que se feche a JT, e assim sucessivamente. Caso o
ventilador não detecte nova tentativa do paciente em dispará-lo, o processador esperará o fim
da JT atual para somente então retomar o ciclo controlado na JT subsequente.
Esquema do funcionamento do modo SIMV. Fig. De Bonassa, L. Ed. Atheneu, 2000
Assim sendo, fica claro que o entendimento do conceito de janela de tempo e de forma de
disparo é essencial para se entender o funcionamento dos modos ditos básicos em VMI.
Aplicações Clínicas
1- Vantagens Alegadas
2- Desvantagens Alegadas
Desmame prolongado
Vantagens
Desvantagens
Não há dúvida de que com a IMV/SIMV o trabalho da respiração pode aumentar. Circuito
respiratório mal projetado, com grande resistência à inspiração, tubo endotraqueal com
diâmetro muito pequeno e válvulas de PEEP/CPAP com resistência elevada ao fluxo podem
dificultar a utilização clínica satisfatória. Infelizmente, muitos ventiladores tecnologicamente
avançados apresentam falhas no projeto do circuito do paciente que impõem um trabalho
inspiratório significativo. A combinação dessa carga “externa”’ com a imposta pelo processo
patológico intrínseco do paciente pode levar a falha no desmame e prolongar a necessidade do
respirador. Outra vez, contudo, esse problema não se reflete negativamente no mérito conceitual
da IMV/SIMV, mas nos limites tecnológicos de sua utilização clínica.
Desmame Prolongado
Um leitor atento vai se lembrar das vantagens e notar que a menor possibilidade de
descompensação cardíaca foi listada como uma vantagem atribuída à IMV/SIMV. Essa
discrepância aparente é explicada levando-se em consideração o paciente individualmente. O
aumento do retorno venoso e do débito cardíaco, associado com a respiração espontânea,
geralmente é benéfico. Contudo, nos pacientes com função ventricular diminuída como
resultado de oclusão coronariana, miocardites, doença valvular congênita ou hipertensão
pulmonar severa, tal aumento pode precipitar a falência miocárdica aguda e edema
pulmonar.
O respirador e seu circuito também são importantes aqui. Alta resistência ao fluxo
inspiratório, que necessita de diminuição acentuada na pressão da via aérea e na pressão
intrapleural para obter um volume corrente com troca gasosa eficiente, é prejudicial. A redução
significativa da pressão intrapleural aumenta a pós-carga do ventrículo esquerdo. A
combinação desse aumento da pós-carga com o aumento do retorno venoso para o átrio e
o ventrículo direitos, pode levar a um colapso cardiovascular. Assim, as características do
circuito são importantes, não só para minimizar o trabalho da respiração espontânea, mas também
para promover estabilidade hemodinâmica. Reduções significativas nas pressões da via aérea e
intrapleural devem ser evitadas quando possível, particularmente em pacientes com doença
cardíaca conhecida ou suspeitada. Em tais casos, se o circuito ventilatório produz grandes
flutuações na pressão durante a respiração espontânea, deve-se empregar um modo alternativo.
Ciclagem a volume:
- O aparelho cessa a inspiração quando o VCi (volume corrente inspirado) atinge um valor
pré-estabelecido.
Ciclagem a pressão:
- O aparelho cessa a inspiração quando o pico de pressão proximal atinge um valor pré-
estabelecido.
Ciclagem a tempo:
Ciclagem a fluxo:
Modo Controlado:
Modo A/C:
Modo SIMV:
- Pode ser a ciclado a volume e a tempo. O chamado SIMVP é controlado a pressão, mas
ciclado a tempo.
- É ciclado a fluxo
Esta forma amplamente utilizada no passado tem como característica básica que a fase
inspiratória é terminada por um nível de pressão pré-determinado.
A inspiração mecânica ciclada por pressão termina quando o pico da pressão
inspiratória pré-selecionado é atingido no circuito respiratório do ventilador,
independentemente do VT, do tempo inspiratório ou da taxa do fluxo inspiratório.
Atingido o pico da pressão inspiratória pré-selecionado, interrompe-se o fluxo
inspiratório e a válvula expiratória abre-se para permitir a expiração passiva. O VT fornecido e o
tempo inspiratório são diretamente proporcionais à complacência toracopulmonar e
inversamente proporcionais à resistência da via aérea. Pode-se expressar o VT como o
produto da variação pressórica da via aérea pela complacência toracopulmonar.
O volume corrente é variável e dependente de mudanças da mecânica pulmonar. Em
virtude de enormes limitações, perdeu espaço e hoje está em praticamente em desuso, como
exemplo Bird Mark 7.
Com o respirador ciclado por tempo, a inspiração mecânica termina quando se esgota o
tempo inspiratório pré-selecionado. A área sob a curva representa o VT, que é o produto do
tempo inspiratório pelo fluxo ocorrido na unidade de tempo. A área tracejada representa o
VT de 500 ml. O VT pode ser elevado para 1.000ml, aumentando-se a taxa do fluxo, como
em A, ou o tempo inspiratório, conforme mostrado em B.
CLT diminuída:
Abreviaturas utilizadas neste quadro: TI, tempo inspiratório; VT, volume corrente; VI, taxa
de fluxo inspiratório; PIP, pico da pressão inspiratória; CLT, complacência toracopulmonar.
Características da PCV:
Diretiva primária: manter a Paw no nível pré-determinado até o tempo inspiratório atingir certo
valor, quando se iniciará a expiração;
Ciclagem: a tempo
Em vermelho, curva de paciente com pulmão normal. Em azul, paciente com pulmão muito
complacente, fazendo com que o fluxo se feche lentamente, gerando tempo inspiratório
prolongado.
Observar em azul que foi aumentada a Esens%, de maneira que o ventilador interrompeu o
Fluxo Inspiratório muito antes, gerando Tempo inspiratório bem menor e VC também
menor.
Em outras palavras, a Esens% permite que se possa ajudar a regular o tempo inspiratório
na PSV.
Na PSV, vale destacar que ventiladores modernos permitem regular a abertura da válvula
inspiratória, fazendo com que o fluxo de entrada seja feito de forma mais suave, ou seja,
turbilhonando menos o ar e atingindo a diretiva primária mais lentamente e de forma mais gentil
(isso é o acerto da “rampa” ou rise time).
Regulagem da Rampa (ou rise time), com fluxo menos turbulento e lentidão para se atingir
diretiva primária.
Ciclagem: a fluxo
Problema: o VC não é garantido: vai depender do esforço do paciente e da complacência e
resistência das vias aéreas e dos alvéolos.
Barotrauma
Embora por mecanismos não totalmente elucidados, pressões elevadas e/ou volumes
excessivos aplicados ciclicamente à estrutura pulmonar podem produzir alterações da
membrana alvéolo-capilar, com a formação de edema inflamatório, produzindo e/ou
perpetuando lesões pulmonares pré-existentes.
Evidências experimentais sugerem que a VILI, uma vez estabelecida, possa contribuir
através da liberação de mediadores inflamatórios, endotoxinas e bactérias, pela disfunção
múltipla de órgãos observada em pacientes críticos.
Especialmente na lesão pulmonar aguda e na síndrome da angustia respiratória
aguda, em virtude de redução do parênquima pulmonar normal, a limitação do volume
corrente (< 6 mL/kg de peso) e da pressão de platô (<30 cmH²O) estão associados à redução
substancial da letalidade.
A aplicação de PEEP, reduzindo o colapso e a reexpansão cíclica alveolar, independente
da melhoria nas trocas gasosa, reduz a gravidade da VILI.
Em pacientes com asma severa o monitoramento contínuo da hiperinsuflação dinâmica e
a redução do volume corrente permitindo hipoventilação (hipercapnia permissiva), reduzem a
letalidade.
Complicações infecciosas
Função neurológica
Função renal
Diretos
Estimulação simpática
Alterações hormonais
O terceiro fator proposto como causa direta do declínio na função renal associado com a
PPV diz respeito à queda na pressão de perfusão renal em consequência do aumento na
pressão venosa renal. Esse aumento na pressão venosa renal é secundário a um aumento na
pressão intratorácica, que eleva a pressão da veia cava inferior. Não é provável que o
aumento na pressão venosa seja suficiente para explicar qualquer declínio significativo na função
renal observado com a PPV; contudo, pode ter efeitos aditivos quando ocorre uma diminuição na
pressão arterial sistêmica.
Inervação Autônoma
Hormônio Antidiurético
Renina-Angiotensina-Aldosterona
Compressão diafragmática
Função Hepática
Um aumento na resistência vascular hepática tem sido visto como outro mecanismo
responsável pela disfunção hepática induzida pela PPV. Um aumento na resistência vascular
hepática, tanto arterial quanto portal, resultaria em diminuição do fluxo sanguíneo hepático e
possível isquemia. Demonstrou-se que o aumento da pressão venosa hepática e a
compressão mecânica do fígado, quer diretamente, quer pelo aumento da pressão intra-
abdominal, elevam a resistência vascular hepática.
Espera-se que uma elevação na pressão venosa hepática aumente a resistência
vascular hepática, o que diminuiria a pressão de perfusão da artéria hepática. A PPV pode
aumentar a pressão venosa hepática por aumentar a pressão da cava inferior, como resultado
da elevação da pressão intratorácica. A chamada “pressão venosa retrógrada”’ foi
demonstrada em animais de laboratório.
A compressão mecânica do fígado mostrou reduzir o fluxo venoso portal. A descida do
diafragma durante a PPV (especialmente com grandes volumes correntes) pode comprimir
diretamente o parênquima hepático. Além disso, a descida do diafragma pode produzir um
aumento drástico na pressão intra-abdominal. Ao final, a combinação desses fatores vai opor
resistência ao fluxo venoso portal.
Função Gastrointestinal
PEEP
Um nível de PEEP igual ou maior do que a pressão de fechamento pode prevenir o colapso
dos alvéolos recrutados.
A CRF aumenta em valor igual ao produto da PEEP pela complacência toracopulmonar.
Uma vez que a pressão de fechamento alveolar não é uniforme, a PEEP é geralmente ajustada
para atingir um resultado desejável, p. ex., frequência respiratória reduzida, complacência
toracopulmonar aumentada, Qsp/Qt reduzido e/ou PaO²/FIO² aumentada.
PEEP “Fisiológica’’
Titulando a PEEP
A mecânica pulmonar e a troca gasosa são avaliadas à medida que se titula a PEEP.
Uma vez obtida uma PEEP ótima nos pacientes tratados com IMV, o suporte mecânico pode
muitas vezes ser reduzido, enquanto o pH arterial permanecer acima de 7,35. Simultaneamente,
a FIO² é reduzida a um nível que mantenha a PaO² em nível adequado. A troca gasosa e a
mecânica pulmonar devem ser frequentemente avaliadas. Quando considerado oportuno, a
PEEP pode ser reduzida, sem permitir a ocorrência de alterações danosas.
Desde que a pressão de recrutamento não é uniforme dentro do pulmão, a PEEP é
usualmente titulada até se obter um resultado desejável, p. ex., frequência respiratória
reduzida, complacência pulmonar aumentada, Qst/Qt reduzido e/ou PaO²/FIO² aumentadas.
Uma conduta conservadora consiste em titular a PEEP até alcançar uma PaO² adequada
(usualmente > 60 a 65 mmHg, ou SaO² > 90%) com uma FIO² “não tóxica” (isto é, < 0,5 ao
nível do mar), sem causar uma redução significativa no débito cardíaco. Se o débito diminuir, a
PEEP é reduzida independentemente da FIO². Outra conduta é titular a PEEP para alcançar uma
complacência do sistema respiratório ótima (isto é, “melhor PEEP”). Um regime mais
agressivo consiste em titular a PEEP até que o Qst/Qt seja igual ou menor do que 15% (isto é,
“PEEP ótima”). Se o débito cardíaco deteriorar antes de se alcançar a PEEP ótima, o paciente
evolui com expansão do volume intravascular no esforço para restaurar a hemodinâmica. O
ponto final da expansão do volume intravascular é usualmente avaliado pela restauração do
débito cardíaco ou pela pressão de oclusão da artéria pulmonar ou pressão do átrio
esquerdo de 18-20 torr, com resistência vascular sistêmica normal e válvula mitral
competente. Se a expansão do volume intravascular não restaurar o débito cardíaco, devem-
se então usar agentes inotrópicos (p. ex., dopamina ou dobutamina).
Quando a IMV e a PEEP são empregadas, o desmame do suporte ventilatório mecânico
pode começar logo após o início da terapia. Os pacientes manejados com CMV e PEEP
geralmente requerem grandes quantidades de líquidos endovenosos para estabilizar a função
cardiovascular, porque a pressão média da via aérea é significativamente mais alta. Quando
se tenta o desmame de suporte mecânico, tal repleção com líquido intravascular pode
aumentar a pressão hidrostática capilar pulmonar e causar deterioração da função
pulmonar, por causa do aumento da água extravascular pulmonar. Permitindo-se respiração
espontânea persistente em uma fase mais precoce da terapia, e se o suporte ventilatório
mecânico for interrompido o mais cedo possível, a expansão do volume intravascular é
geralmente desnecessária e a PEEP e o oxigênio podem ser retirados mais rapidamente. Se os
pacientes forem desmamados rapidamente da ventilação mecânica, a exposição a uma pressão
média elevada da via aérea e o barotrauma pode ser reduzida.
Resposta Respiratória da PEEP
A ruptura alveolar causada pela terapia com pressão positiva pode levar a enfisema
intersticial pulmonar, enfisema subcutâneo, pneumotórax, pneumomediastino e/ou
pneumoperitônio. A hiperinsuflação pode causar ruptura alveolar com dissecção pelo ar
através dos tecidos intersticiais perivasculares e peribronquiolar em direção ao hilo. O ar
pode continuar a ser distribuído nos planos das fáscias dos tecidos moles (p. ex., enfisema
subcutâneo e/ou pneumoperitônio) ou na ruptura da pleura visceral (p. ex.,
pneumomediastino e pneumotórax). A incidência de barotrauma na ventilação mecânica com
PEEP alcança 10-20% na maioria das investigações. O barotrauma ocorre menos
frequentemente em pacientes críticos que são ventilados com ventilação mandatória
intermitente sincronizada do que naqueles ventilados com ventilação mecânica contínua
(controlada ou iniciada pelo paciente) com níveis comparáveis de PEEP, mais provavelmente
devido a altos picos de pressão inspiratória e à gravidade da doença parenquimatosa do que
ao nível da PEEP.
Embora a presença de gás no subcutâneo e no mediastino não represente perigo, isto
deve alertar o clínico para a possibilidade de pneumotórax. Apesar de o enfisema intersticial
pulmonar poder levar a pneumotórax, não existe correlação consistente entre ambos. Nenhuma
associação causal entre barotrauma e uso ou nível de PEEP foi comprovada. Contudo, a
ventilação mecânica com PEEP pode perpetuar o escape de ar (fístula broncopleural), uma vez
o pneumotórax tenha ocorrido.
A PEEP pode aumentar o espaço morto, reduzir a complacência toracopulmonar e
aumentar o Qsp/Qt. Normalmente, o volume do espaço morto representa 25-35% da
ventilação minuto: a complacência toracopulmonar não é homogeneamente distribuída pelo
pulmão. O volume alveolar é determinado pela complacência toracopulmonar local e pela
pressão de distensão. Quando a pressão de distensão está aumentada pela PEEP, o
aumento no volume alveolar não é uniforme. Unidades pulmonares com complacência
toracopulmonar relativamente alta tornam-se hiperinsufladas e comprimem os capilares
pulmonares justapostos. O aumento da resistência vascular pulmonar reduz o fluxo
sanguíneo local e pode desviá-lo para regiões pouco ventiladas, aumentando com isso o
Qsp/Qt. A hiperinsuflação causa hiperdistensão e hipoperfusão, isto é, ventilação do espaço
morto, usualmente definida como VA/Q > 10. Os indicadores clínicos de hiperinsuflação
incluem: gradiente de CO² aumentado entre o sangue arterial e o final do volume corrente,
aumento da PaCO², aumento da pressão de insuflação durante a ventilação mecânica,
aumento da resistência vascular pulmonar e evidência radiológica da hiperinsuflação.
Inicialmente, pensava-se que a PEEP reduzisse a água extravascular porque sua
interrupção abrupta era geralmente seguida pela saída de líquido sanguinolento e espumoso do
tubo endotraqueal. Contudo, nenhuma evidência indica que a água pulmonar extravascular seja
reduzida pela PEEP. A PEEP pode forçar o líquido para dentro da via aérea periférica e abrir
vias aéreas e alvéolos que estavam previamente colabados. Embora a PEEP possa não
mudar a quantidade total da água pulmonar extravascular, evidências experimentais indicam
que a água pulmonar extravascular aumenta no interstício extravascular.
Ventilação com pressão suportiva (PSV) é uma forma de ventilação mecânica que
assiste ao esforço inspiratório do paciente intubado, com certa pressão positiva determinada
pelo clínico. Essa pressão pode alcançar até 100 cmH²O em alguns ventiladores, mantendo-
se constante através de mecanismo de servo controle, e termina quando o esforço
inspiratório alcança um fluxo mínino. Esse modo de suporte ventilatório claramente difere da
ventilação ciclada por volume convencional, pelo fato de que na PSV o clínico predetermina
apenas o nível da pressão inspiratória, permitindo-se ao paciente controlar a frequência e
interagir com a pressão fornecida, de modo a selecionar o fluxo inspiratório e o volume
corrente. A PSV também difere da CPAP porque se destina apenas a dar suporte ventilatório
(isto é, através da pressão aplicada só durante a inspiração), enquanto a CPAP destina-se
primariamente a dar suporte de oxigenação (isto é, através da estabilização dos alvéolos pelos
efeitos da pressão positiva expiratória). A PSV é, de fato, similar a formas antigas de suporte
ventilatório assistido por pressão (p. ex., respiração com pressão positiva intermitente (IPPB)),
mas difere da IPPB pelo fato de que na PSV a pressão da via aérea é mantida constante
durante todo o esforço inspiratório.
O gráfico representa a pressão da via aérea proximal durante uma inspiração única
assistida com suporte pressórico de 15 cmH²0. No ponto A, o esforço inspiratório
espontâneo do paciente é indicado pela deflexão de pressão, negativa. Esse esforço aciona
o sistema de demanda para entregar fluxo, de modo, a atingir o nível de suporte de pressão
desejado tão rápido quanto, possível (B). Uma vez atingido o nível de suporte de pressão, o
fluxo entregue pelo respirador é então ajustado por servo controle à demanda do paciente,
para manter o platô de pressão (C). A pressão inspiratória é interrompida quando um fluxo
mínimo é alcançado (geralmente 25% do pico do fluxo) e a pressão da via aérea retorna à
linha de base (D).
Fadiga e falência dos músculos ventilatórios são geralmente eventos que precipitam a
falência respiratória aguda. Além do mais, supõe-se que a disfunção persistente dos músculos
da ventilação seja um fator contribuinte para a incapacidade de desmamar os pacientes do
suporte ventilatório mecânico prolongado. De forma ideal, a ventilação mecânica deve inicialmente
descansar os músculos fatigados e, depois, durante a recuperação, propiciar uma carga de
trabalho apropriada para prevenir a atrofia e melhorar o recondicionamento dos músculos
ventilatórios. Contudo, a prática corrente de ventilação com ciclagem por volume pode não ser
ideal. Com ventilação ciclada por volume, o trabalho dos músculos ventilatórios ocorre
quando o paciente respira espontaneamente sem suporte (ou com “tubo T’’ ou com respiração
não assistida intercalada com respiração assistida por volume ou controlada: ventilação
mandatória intermitente sincronizada). A limitação dessa abordagem é que, embora a
quantidade de trabalho que o paciente realiza seja clinicamente controlada (isto é, ajustando-se a
frequência da respiração mandatória), a relação pressão-volume (P/V) do trabalho da
respiração espontânea é anormalmente alta. Isto é devido ao aumento da resistência da via
aérea e da complacência pulmonar reduzida, que são características dos pacientes intubados
com falência respiratória. Isto é importante porque o trabalho com elevada relação P/V parece
reduzir a eficiência muscular (isto é, trabalho ou ventilação em relação à demanda muscular
de O2), desenvolve força em vez de condicionamento de resistência e piora a dispnéia para
uma dada carga de trabalho. Em contraste, o suporte pressórico à respiração espontânea
permite ao clínico manipular tanto o trabalho total por respiração quanto o trabalho indicado
pela relação P/V por respiração. Esta relação de trabalho P/V mais normal do que a que ocorre
na respiração com pressão suportiva pode contribuir para o conforto do paciente. Além disso,
teoricamente a ênfase no condicionamento de resistência é vantajosa para o diafragma, que
é um músculo primariamente de resistência.
Representações esquemáticas das quantidades e características da contribuição do
respirador e do paciente para o trabalho respiratório. No controle e na respiração com peça
T, na ventilação mandatória intermitente e na ventilação com pressão de suporte. Em cada
painel, o trabalho para cada ciclo do volume corrente está compreendido pela curva
pressão-volume. As respirações espontâneas são mostradas pelas curvas de pressão
orientadas para a esquerda (isto é, tensão muscular); respirações do respirador são
mostradas pelas curvas de pressão direcionadas para a direita. A linha pontilhada
representa a relação pressão-volume normal.
Ajustes Iniciais do Respirador
Modos de Ventilação
As pressões relevantes para insuflação do tórax e pulmões durante ventilação passiva com
pressão positiva
O gradiente de pressão que impulsiona o gás para os alvéolos contra forças resistivas é a
pressão da via aérea (PAW) menos a pressão alveolar (PALV). O gradiente de pressão que
expande os pulmões contra forças elásticas é a PALV menos a pressão pleural (PPL). O
gradiente de pressão que expande a parede torácica contra as forças elásticas é a pressão
pleural menos a pressão atmosférica. A pressão transpulmonar é a pressão da via aérea
menos a pressão atmosférica.
Quando o paciente é intubado pela primeira vez e colocado na ventilação mecânica, o
ajuste inicial do volume corrente (VT) e da frequência respiratória (FR) se faz somente por
estimativa imprecisa da ventilação minuto requerida pelo paciente. O VT desejado é escolhido
não apenas para satisfazer a necessidade da ventilação minuto, mas também para interromper a
atelectasia progressiva que pode ocorrer em pacientes na posição supina quando eles são
ventilados monotonamente com um VT fisiológico de 5 ml/kg. Entretanto, em muitos
pacientes, o VT é fixado em 08-10 ml/kg. Os VT baixos podem estar indicados em pacientes
com obstrução severa da via aérea, onde há um considerável aprisionamento de ar, em
pacientes com somente um pulmão, ou em pacientes nos quais a pressão necessária para
fornecer um volume corrente de 08-10 ml/kg é suficientemente alta (> 50 cmH²O) para lesar o
pulmão.
Com um VT de 08-10 ml/kg, uma frequência respiratória inicial de 10-12/minuto irá prover
uma ventilação minuto mais do que suficiente para satisfazer as necessidades ventilatórias de
um indivíduo normal. Com acompanhamento da gasometria arterial, serão feitos ajustes na
freqüência respiratória, para compatibilizar o volume minuto com as necessidades metabólicas do
paciente e compensar a ventilação do espaço morto.
A ventilação minuto do paciente é o produto do VT pela frequência respiratória. O adulto
sadio em respiração espontânea tem uma ventilação minuto normal de aproximadamente 6
l/minuto — um VT médio de 500 ml multiplicado pela freqüência respiratória de 12 por
minuto. A ventilação minuto necessária para manter o balanço ácido-básico em paciente
intubado na UTI pode variar de 6 a 30 l ou mais, dependendo das necessidades metabólicas e
da proporção da ventilação minuto que constitui o espaço morto (ventilação desperdiçada).
Quando iniciada uma ventilação ciclada por volume, o clínico deve selecionar uma taxa
de fluxo inspiratório, medida em l/minuto, que determine a rapidez com que o VT é fornecido. O
tempo necessário para completar a inspiração é função da taxa de fluxo média e o VT e é
chamado de tempo inspiratório (TI).
TI = VT/Taxa de Fluxo
TE = Ttot - TI = 5 segundos
Pausa Inspiratória
Segundo, a ventilação com relação invertida pode ser instituída em paciente bem sedado,
usando-se um ventilador ciclado por volume com pausa inspiratória. Essa opção pode ter
algumas vantagens sobre a alternativa de ventilação ciclada por pressão com uma grande relação
I/E, incluindo um VT garantido e um pronto acesso a pacientes já nos ventiladores ciclados por
volume.
As pressões de platô devem ser mantidas abaixo de 30-35 cmH²O, para reduzir a
possibilidade de hiperinsuflação alveolar , barotrauma e volutrauma. Em pacientes obesos,
com ascite, distensão abdominal ou outras situações de redução da complacência da parede
torácica, níveis um pouco mais elevados, de até 40 cmH²O, poderiam ser aceitos. As pressões
de pico devem, preferencialmente, ser mantidas abaixo de 40 cmH²O. Situações como asma e
DPOC podem aumentar a pressão de pico por aumento da resistência na via aérea;
Os valores da PEEP iniciais devem ser em torno de, no mínimo, 5 cmH²O, valor
considerado como o da PEEP fisiológica. Em algumas situações, como na ventilação de
pacientes com SARA, valores muito maiores são necessários para assegurar a manutenção do
recrutamento alveolar.
Nos pacientes com SARA que necessitam de PEEP(s) mais elevadas para manter
recrutamento alveolar, a maneira de escolher a melhor PEEP ainda não esta definitivamente
estabelecida.
Sensibilidade
Nos modos assistidos, o paciente deve iniciar um esforço inspiratório inicial para que o
ventilador dispare o ciclo programado.
A sensibilidade é considerada como o nível de esforço necessário do paciente para deflagrar
uma nova inspiração assistida pelo ventilador. A sensibilidade inicialmente definida costuma ser
de 2 cmH²O (pressão) ou de 1 a 5 L/min (fluxo).
Traçados esquemáticos da pressão da via aérea e fluxo para os diferentes tipos de
ventilação mecânica.
Pressão de suporte
(a) baixo nível de PSV – 5 a 10 cmH²O: a pressão exata necessária pode ser calculada
conhecendo-se o diâmetro do tubo endotraqueal e as características do fluxo inspiratório. O
motivo dessa conduta é que a resistência ao fluxo de ar associada ao tubo endotraqueal
exige sobrecarga indesejável de trabalho P/V que pode comprometer o conforto e a função
da musculatura ventilatória durante os ciclos de respiração espontânea da ventilação
mandatória intermitente. Esse uso da PSV pode estar indicado em qualquer paciente intubado
com respiração espontânea, no qual taquicardia, dispnéia ou assincronia respirador-paciente
possam, ao menos em parte, ser devidas às características do trabalho muscular ventilatório
espontâneo imposto pelo tubo endotraqueal. Os riscos dessa abordagem parecem mínimos,
embora a elevação da pressão intratorácica média possa comprometer a função
cardiovascular em indivíduos suscetíveis.
b) alto nível de PSV – acima de 10cmH²O: a PSV como modo de suporte ventilatório
único emprega qualquer nível de pressão inspiratória necessário para obter o volume
corrente e a ventilação minuto desejados. Os níveis de pressão podem exceder a 40 cmH²O
nos pacientes com demanda de ventilação minuto maior e mecânica ventilatória
comprometida. A regulagem inicial utilizada para a PSV nessas circunstâncias consiste em
empregar uma pressão inspiratória necessária para se obter um volume corrente de 10-12
ml/kg. Esse nível de PSV tem sido denominado PSVmáx. Essa pressão parece reduzir o
trabalho do paciente à quase zero. O desmame da PSV nesse ponto pode ser realizado
reduzindo-se o nível da pressão da via aérea e pode ser orientado pela ventilação alveolar
(isto é, PaCO²) e pela frequência respiratória do paciente. Elevações abruptas em qualquer
desses parâmetros indicam sobrecarga para os músculos ventilatórios.
O motivo dessa abordagem é dar ao paciente que requer suporte ventilatório uma
alternativa para a ventilação ciclada por volume intermitente, que possa ser mais confortável
e que possa suprir uma carga de trabalho mais fisiológica para os músculos ventilatórios. É
importante notar, contudo, que, tendo em vista que os pacientes exercem controle
considerável sobre a ventilação com essa forma de PSV, só aqueles que têm um impulso
ventilatório confiável e necessidades ventilatórias estáveis devem ser selecionados para esse
tipo de PSV. Assim, essa abordagem da PSV deve primariamente ser utilizada na fase de
recuperação da falência respiratória. Esse modo pode ser particularmente útil naqueles
pacientes que têm necessidade de conforto difícil de ser atendida ou naqueles que podem
requerer uma carga de trabalho com baixa relação P/V para facilitar o condicionamento
muscular e o desmame.
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