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RESUMO
Os métodos de ensino estão, cada vez mais, sendo pesquisados e aprimorados após notar-se
que cada aluno aprende de uma forma distinta. Um meio para facilitar a construção do
conhecimento do aluno seria a utilização de modelos e jogos didáticos que auxiliam no
preenchimento de algumas lacunas acerca da matéria ministrada. Tendo em vista a dificuldade
que professores possam ter em ensinar alguns assuntos da disciplina Biologia, principalmente
para alunos com necessidades especiais visuais, destaca-se a importância de pesquisas acerca
de métodos alternativos de ensino. A deficiência do tipo visual constitui-se em um desafio no
processo ensino-aprendizagem, não só por parte dos alunos que possuem este tipo de
deficiência, como também para os professores, que precisam estar devidamente capacitados
para a realização satisfatória de um trabalho inclusivo. O objetivo deste artigo é destacar a
importância e os benefícios da utilização de jogos e modelos didáticos, e como estes podem
ser usados e adaptados para alunos com necessidades especiais visuais. Para exemplificar os
modelos didáticos, utilizou-se modelos construídos por alunos da graduação em Ciências
Biológicas da PUC Minas que foram doados ao Banco de Materiais do Curso de Ciências
Biológicas da referida Universidade. Os jogos e modelos didáticos, então, surgem como
alternativa viável para o aprimoramento do processo de ensino aprendizagem, principalmente,
por sua fácil e acessível produção, pois podem até mesmo ser desenvolvidos pelos próprios
alunos deficientes. Ao perceber que métodos alternativos de ensino são importantes no ensino
tradicional, eles se tornam indispensáveis para proporcionar percepção e conhecimento aos
portadores de deficiência visual, além de desenvolverem a acuidade dos sentidos e habilidades
motoras dos mesmos. Ao destacar a importância desses métodos, conclui-se que eles devem
1
Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas da PUC Minas. fernanda.sales@sga.pucminas.br;
priscillagzanella@gmail.com; faticrispg@hotmail.com.
2
Professor do Departamento de Ciências Biológicas da PUC Minas. marcelodiniz@pucminas.br
3
Professora dos Departamentos de Ciências Biológicas e Educação da PUC Minas. feres@pucminas.br
ser pesquisados, para conhecimento crescente de seus benefícios aos alunos, bem como
incentivados na educação para que professores obtenham, assim, melhores resultados no
processo de ensino.
1. INTRODUÇÃO
A teoria das múltiplas inteligências, de Gardner, indica que cada estudante aprende de
uma forma distinta e cabe a cada professor descobrir alternativas de ensino e aprendizagem
que contribuam para o desenvolvimento das competências dos alunos. Esse fator, associado à
dificuldade de se ministrar alguns conteúdos de Biologia, indica a necessidade de se propor
atividades alternativas que possam contribuir para o processo de ensino e aprendizagem
(MORATORI, 2003).
Os PCNs se propõem a apresentar materiais de apoio viabilizando o desenvolvimento
das práticas, estudos e reflexões por parte dos professores. O documento afirma que toda
atividade de sala de aula é única, acontece em tempo e espaço socialmente determinados;
envolve professores e estudantes que têm particularidades quanto a necessidades, interesses e
histórias de vida. Assim, os materiais de apoio ao currículo e ao professor cumprem seu papel
quando são fontes de sugestões e ajudam os educadores a questionarem ou a certificarem suas
práticas, contribuindo para tornar o conhecimento científico significativo para os estudantes
(BRASIL, 1998).
Segundo Silva et al (2009), o método de ensino-aprendizagem não deve ser unilateral, no
qual o professor é a fonte soberana de conhecimento. No campo da educação, e especificamente
no ensino de ciências, alguns modelos hegemônicos precisam ser problematizados: o professor
como tutor do conhecimento, o conhecimento científico como o detentor da verdade e o livro
didático como ferramenta única de ensino.
Durante muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir" e, nesse contexto, o aluno
era um agente passivo da aprendizagem e o professor um transmissor. A idéia de um ensino
despertado pelo interesse do aluno acabou transformando o sentido do que se entende por
material pedagógico. Seu interesse passou a ser a força que comanda o processo da
aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de seu progresso e o professor um
gerador de situações estimuladoras e eficazes (MORATORI, 2003).
Além do impulso gerado pela preocupação em utilizar materiais e métodos
alternativos de ensino, que despertem a curiosidade e facilitem o aprendizado significativo de
todos os alunos, a questão da Educação Inclusiva também estimula essa discussão.
Com o advento da Educação Inclusiva, muitas pesquisas têm sido realizadas no
sentido de buscar técnicas de ensino-aprendizado que viabilizem um melhor desenvolvimento
da capacidade intelectual dos alunos com alguma necessidade especial educativa. A defesa da
cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de deficiência é uma atitude latente
em nossa sociedade, manifestando-se através de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos. A
conquista e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiências podem ser
identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados do século
XX (MAZZOTTA, 2001).
Materiais como modelos e jogos didáticos facilitam a construção do conhecimento
pelo aluno, pois preenchem algumas lacunas deixadas pelo processo de transmissão e
recepção acerca do conteúdo ministrado. A aprendizagem pode ser facilitada ao se
transformar em atividade lúdica, pelo simples fato de os alunos se entusiasmarem quando são
convidados a aprender de uma forma mais descontraída, interativa e divertida (CAMPOS;
BORTOLOTO; FELÍCIO, 2003).
Acredita-se, assim como Kishimoto (1996), que o professor deve rever a utilização de
propostas pedagógicas, passando a adotar em suas práticas aquelas que atuem nos
componentes internos da aprendizagem, já que estes não podem ser ignorados quando o
objetivo é a apropriação de conhecimentos por parte do aluno.
Os materiais didáticos são ferramentas fundamentais para os processos de ensino-
aprendizagem, e os jogos e modelos didáticos caracterizam-se como uma importante e viável
estratégia para auxiliar em tais processos, por favorecer a construção do conhecimento pelo
aluno (CAMPOS; BORTOLOTO; FELÍCIO, 2003).
Observando as dificuldades de se ministrar alguns assuntos na disciplina Biologia,
principalmente para deficientes visuais, o presente artigo pretende destacar a importância da
utilização de métodos alternativos de ensino, como jogos e modelos didáticos, fornecer dicas
acerca da utilização correta dos mesmos, ressaltar os aspectos que devem ser analisados e
adaptações necessárias para alunos com deficiência visual. Serão também fornecidos
exemplos do acervo de materiais disponíveis no Banco de Materiais Didáticos do Curso de
Ciências Biológicas.
Nos últimos tempos, um tema que tem estado bastante presente nas pautas de
governos, ONGs, grupos de educadores e da sociedade em geral é o instigante, mas nem
sempre bem compreendido, tema da inclusão (FONTANA & VERGARA NUNES, 2006).
A Lei de Diretrizes e Bases 9.394 (96) que assegura que a criança deficiente física,
sensorial e mental, tem o direito de estudar em classes comuns, foi instituída em 1996. Dispõe
no art. 58, que a educação escolar deve situar-se preferencialmente na rede regular de ensino e
determina a existência, quando necessário, de serviços de apoio especializado. O art. 59
contempla a adequada organização do trabalho pedagógico que os sistemas de ensino devem
assegurar às crianças deficientes, com o objetivo de atender às suas necessidades específicas,
assim como a presença de professores preparados, tanto para o atendimento especializado,
quanto para o ensino regular, capacitados para auxiliar a integração desses alunos nas classes
comuns. Se a lei garante a inclusão em salas regulares, a formação dos professores mostra
uma realidade bem diferente que se inicia pela dificuldade deste em lidar com estudantes com
alguma necessidade educativa especial (DICKMAN & FERREIRA, 2008).
No espaço da escola, a inclusão social tem o seu lugar garantido por lei e exige
esforço e disposição para compreender ordenamentos epistêmicos nas áreas de saber já
constituídas (BRASIL, 2004).
O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA -, aprovado no Brasil em 1990,
ratifica os direitos da criança e do adolescente, já apontados pela constituição, que se
constituem basicamente no atendimento educacional especializado para portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (COSTAS, 2008).
A visão integra todos os estímulos que recebemos através dos outros sentidos. No
caso das crianças cegas ou com graves limitações visuais, a maior parte da informação é
recebida através da linguagem oral e pelo sentido do tato, o que confere a estas crianças
características perceptivas próprias, necessitando por isso de estimulação adicional e/ou da
criação de situações ambientais que conduzam à criação de contextos educativos favoráveis e,
portanto, mais propícios à apreensão de estímulos do meio ambiente (CAPUCHA, 2008).
O número de alunos cegos que chegam às escolas de educação básica aumenta a cada
dia. Entretanto, os docentes continuam a terminar os seus cursos de graduação desconhecendo
como devem trabalhar com esse público. Estudo de Maciel et al (2007) indicou, em escolas
que possuem ou já possuíram atendimento a alunos com deficiência visual, que 94,4% dos
professores entrevistados não possuem formação específica em educação especial.
O ensino de ciências para portadores de deficiência visual tem sido realizado de uma
maneira equivocada, cuja solução depende da investigação científica e da intervenção
cientificamente embasada e avaliada. Diante desse desafio, toda iniciativa com o propósito de
contribuir para a superação desse problema, certamente, é de grande importância (NEVES et
al, 2000).
Segundo Cerqueira e Ferreira (2000), recursos físicos que podem ser utilizados em
todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades, seja qual for o método ou técnica
empregada, que visam auxiliar o educador no processo ensino-aprendizagem, são chamados
recursos didáticos. Eles são de fundamental importância, principalmente, na educação de
deficientes visuais, levando-se em conta que:
Uma pesquisa realizada por Laplane e Batista (2003), identificou algumas das crenças
sobre o planejamento de ensino para alunos portadores de deficiência visual, como:
Cada estrutura celular é representada o mais parecido com o real possível, e suas
identificações estão em braile.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS