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Enquanto recurso pedagógico de apoio á aprendizagem, os jogos são considerados por excelência
integradores, pois as limitações físicas, cognitivas, linguísticas e perceptivas da criança com
deficiência tendem a se tornarem uma barreira para o aprendizado. Sendo assim, acreditamos que
desenvolver e disponibilizar jogos adaptados é uma maneira concreta de minimizar as barreiras
causadas pela deficiência e possibilitar a inserção dessa criança em ambientes ricos para a
aprendizagem, proporcionados por sua cultura. Assim sendo, este artigo tem por objetivo “analisar a
concepção que os professores que atuam em escola especializada têm sobre jogos e como são
utilizados no processo ensino/aprendizagem dos educandos com deficiência”; “conceituar jogos e
sua correlação com o processo de desenvolvimento” e; confeccionar, junto aos professores, jogos
adaptados para atender as especificidades dos educandos com deficiência. Para tanto, nos
fundamentamos em autores tais como: Elkonin (2009), Kishimoto (2011), Bomtempo e Hussein
(1996), Brougère (1995), Benjamin (2009), Vygotsky (1989), dentre outros. Os resultados
evidenciaram que As concepções dos sujeitos de pesquisa, antes da intervenção já denotavam o
reconhecimento dos jogos e das respectivas adaptações como um dos recursos, dentre tantos outros,
que contribuem para o processo de desenvolvimento do aluno, contudo, eram concepções diminutas.
As falas, durante a intervenção, nos levam a crer que mesmo tendo clareza dos benefícios os sujeitos
não efetivam adaptações nos jogos, se restringindo a utilizar jogos industrializados, na maioria dos
casos. Confeccionar os jogos com respaldo em fundamentação teórica corroborou para que os
sujeitos pensassem a realidade de sala de aula e das especificidades de seus alunos o que culminou
com novas reflexões sobre novas possibilidades de adaptações.
1
Professora e Especialista da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, em Educação
Especial na Escola ”Vamos Caminhar Juntos. E-mail: rosacruz@seed.pr.gov.br
2
Professora Doutora na Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-
mail:gizelialencar@gmail.com
1 INTRODUÇÃO
Assim sendo o jogo segundo Elkonin (2009) pode ser empregado com
diversos significados, de divertir, as acepções empregadas podem ter sentido direto
(fundamental) e por exemplo, a frase” jogar na bolsa” tem sentido figurado e jogar
bridge tem sentido direto.
Kishimoto (2011), também comunga desta concepção e afirma que definir a
palavra jogo não é tarefa simples.
Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de
modo diferente. Pode estar falando de jogos políticos, de adultos,
crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias,
brincar de “mamãe e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça,
construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros.
(KISHIMOTO, 2011, p.15).
3 ENCAMINHAMENTOS METODOLOGICOS
Após a emissão do parecer do projeto, elaboramos uma produção didático-
pedagógica contendo fundamentação teórica sobre jogos e sua correlação com o
desenvolvimento do educando com deficiência e sugestões de jogos adaptados.
A intervenção pedagógica se efetivou junto a 09 professoras, 01 pedagoga e
01 gestora, que atuam com educando com deficiências, por meio de um curso de
capacitação compreendendo um período de 32 horas, divididos em oito encontros
de 4 horas cada, desenvolvidos as quintas - feiras na Escola “Vamos Caminhar
Juntos, Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade Educação Especial”
distribuídos da seguinte forma:
Apresentação da proposta de trabalho junto aos sujeitos de pesquisa;
Coleta de dados, utilizando como instrumento um questionário contendo
onze questões abertas, as quais estavam relacionadas à concepção dos sujeitos a
respeito de jogos e a importância deste para o ensino e aprendizagem de seus
alunos;
Estudos e reflexões sobre o uso de jogos no ambiente escolar,
Estudos e reflexões sobre a influência dos jogos no processo de
desenvolvimento do educando com deficiência e;
Confecções de jogos adaptados.
Os sujeitos da pesquisa, por questões éticas, estão identificados por letras e
as respostas emitidas nos questionários foram transcritas na íntegra para garantir
fidedignidade as informações.
4 RESULTADOS
Tendo como objetivo analisar a concepção que os professores tem sobre
jogos e como estes são utilizados no processo ensino/ aprendizagem dos
educandos com Deficiência; conceituar jogos e sua correlação com o processo de
desenvolvimento e; confeccionar, junto aos professores, jogos adaptados para
atender as especificidades dos educandos com deficiência, foi utilizado como
instrumentos de coleta de dados um questionário contendo onze questões sobre a
concepção dos sujeitos da pesquisa a respeito do jogos e seu uso no contexto de
sala de aula, as quais estão descritas a seguir.
Os sujeitos da pesquisa atuam em uma mesma escola, contudo em
modalidades distintas, conforme exposto a seguir:
Sujeito “S” Estimulação essencial
Sujeito “V” Educação Pré-escolar
Sujeito “A” Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Sujeito “C” Ensino Fundamental I
Sujeito “E” Pedagoga
Sujeito “G” Ensino Fundamental B segunda etapa do ciclo
Sujeito “MZ” Projeto de Jardinagem - Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Sujeito “M” Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Sujeito “RM” Ensino Fundamental A primeira etapa do ciclo
Sujeito “R” Diretora
Sujeito “J” Professora de Artes
Sujeito “S” Sim, encaixes, brincadeiras e músicas com animais e partes do corpo
Sujeito “V” Sim.
Sujeito “A” Sim.
Sujeito “C” Sim, pega-pega, varetas, quebra-cabeça. Dominó das sílabas, bingo, jogo
da memória, peças de encaixe.
Sujeito “E” Não utilizo, pois não estou atuando em sala de aula, mais acho um recurso
essencial.
Sujeito “G” Sim.
Sujeito “MZ” Sim.
Sujeito “M” Sim. Memória, quebra-cabeça, de quantidade, alfabeto, alinhavo.
Sujeito “RM” Sim.
Sujeito “R” No momento não estou em sala de aula, mas recomendo e incentivo os
professores que tem interesse.
Sujeito “J” Hoje em dia sim
Todos os sujeitos afirmam que os jogos adaptados devem ser utilizados com
educandos com deficiências ou necessidades educacionais especiais, mas não
citam nenhum jogo específico nem o tipo de adaptação.
No que diz respeito aos benefícios do uso de jogos adaptados como fator de
inclusão os sujeitos exteriorizaram as seguintes concepções.
Sujeito “S” Os jogos adaptados favorecem a participação do aluno nas atividades,
aumentando a sua auto estima.
Sujeito “V” Elevam a auto estima e insere o aluno na sociedade, como também sua
qualidade de vida através do esporte.
Sujeito “A” É o que iremos trabalhar especificamente a necessidade dos nossos
alunos.
Sujeito “C” É de suma importância, pois o aluno pode interagir e participar, mesmo
com suas limitações e especificidades.
Sujeito “E” O jogo adaptado possibilita a inclusão, pois ensina o educando especial
consegue participar de um jogo, etc. Também se sente capaz dai mostra
que é possível fazer parte da sociedade, atuando e mostrando suas
habilidades e capacidades.
Sujeito “G” Alguns jogos propiciam a interação social. Desenvolvimento físico, outros
auxiliam no desenvolvimento da memória, linguagem, desenvolvimento do
raciocínio entre outros.
Sujeito “MZ” Levar o aluno a interagir com os demais se sentindo importante..
Sujeito “M” Levar o aluno a conseguir realizar o que de repente ele não teria
condições e leva-lo a perceber suas potencialidades
Sujeito “RM” Desenvolve a atenção, o raciocínio, a coordenação motora, percepção
viso-motora, etc..
Sujeito “R” Os benefícios podem ser considerados positivos quando o aluno percebe
que consegue fazer determinada situação.
Sujeito “J” A inclusão acontece com ajuda de toda escola e equipe pedagógica, que
deve estar preparada para aceitar o educando com dificuldades e assim
trabalhar os jogos.
Os sujeitos têm clareza dos benefícios dos jogos adaptados e pontuam que
trabalhar com os mesmos corrobora para o desenvolvimento físico, da memória,
linguagem, desenvolvimento do raciocínio, com a interação social, entre outros,
possibilitando assim sua participação no contexto escolar.
No que tange a relevância de se estudar a respeito de tipos de jogos, os
sujeitos foram unânimes em afirmar que sim, cada qual com uma justificativa,
conforme ilustrado a seguir.
Sujeito “S” Sim, uma vez que possibilita trabalhar os conteúdos necessários de forma
prazerosa, lúdica.
Sujeito “V” Sim, pois nós os educadores temos que estar a par dos recursos para
melhor atender e desenvolver as necessidades dos nossos educandos.
Sujeito “A” Sim
Sujeito “C” Sim precisamos estar constantemente ampliando nossos conhecimento
para propiciar aos alunos uma melhor interação no cotidiano de sala de
aula.
Sujeito “E” Sim, pois conhecendo melhor a teoria, melhor será desenvolvida a prática.
Sujeito “G” Sim.
Sujeito “MZ” Sim. Porque através do conhecimento podemos descobrir os benefícios
que podem ser desenvolvido e os níveis das idades que podem ser
trabalhados.
Sujeito “M” Com certeza, para assim poder atingir aos alunos, priorizando o que ele
necessita para ajudar em seu desenvolvimento.
Sujeito “RM” Sim.
Sujeito “R” Sim, pois nos dá oportunidades de conhecer novas técnicas e o aplicar
metodologias variadas.
Sujeito “J” Sim, muito.
O uso dos jogos começaram a ser pensados também para além da sala de
aula.
Sujeito “J” “Para confeccionar e dar de presentes aos alunos o jogo da velha na
sacolinha, pois podem jogar em suas casas com a família. Inclusive
falaram que irão confeccionar para dar de presentes aos alunos no final do
ano”.
Essa fala denota a intenção dos sujeitos em envolver a família para que o
mesmos também utilizem o recurso em casa.
Ao término da implementação do estudo foi realizada uma mostra cultural
com os jogos confeccionados a qual contou com a participação da comunidade
escolar, professores, funcionários, alunos, pais e equipe técnica do Núcleo Regional
de Educação do Município de Cianorte/PR. Os sujeitos de pesquisa tiveram a
oportunidade de socializar seus conhecimentos com vistas a contribuir com as
reflexões dos profissionais e comunidade, presentes no evento, quanto ás
possibilidades do uso dos jogos adaptados para o processo de ensino e
aprendizagem de seus educandos com necessidades educacionais especiais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da literatura aqui apresentada verifica-se que o jogo não esteve
presente somente como mais uma atividade pedagógica a ser incluída no
planejamento escolar, mas como um recurso que deve mobilizar os profissionais,
principalmente pelos resultados positivos que podem ser alcançados.
Constatamos por meio dos estudos e intervenção junto aos professores a
necessidades de se valorizar mais a cultura lúdica nas escolas, desde seu uso
enquanto recurso favorável á estimulação do desenvolvimento psicomotor até o
desenvolvimento de funções psicológicas superiores e, por conseguinte, apropriação
de conteúdos científicos por parte dos educandos com deficiência.
As concepções dos sujeitos de pesquisa, antes da intervenção já denotavam
o reconhecimento dos jogos e das respectivas adaptações como um dos recursos,
dentre tantos outros, que contribuem para o processo de desenvolvimento do aluno,
contudo, eram concepções diminutas. As falas, durante a intervenção, nos levam a
crer que mesmo tendo clareza dos benefícios os sujeitos não efetivam adaptações
nos jogos, se restringindo a utilizar jogos industrializados, na maioria dos casos.
Confeccionar os jogos com respaldo em fundamentação teórica corroborou
para que os sujeitos pensassem a realidade de sala de aula e das especificidades
de seus alunos o que culminou com novas reflexões sobre novas possibilidades de
adaptações.
Mediante o exposto e a partir dos resultados aqui apresentados frisamos que
o objetivo deste trabalho não se encerra na apresentação dos jogos adaptados,
enquanto recurso pedagógico, mas como ponto de partida para otimizar a ação
cooperativa entre educando e professor no processo de ensino aprendizagem, se
constituindo assim como sugestões para os profissionais da educação, no sentido
de encontrarem propostas e recursos que auxiliem o aprendizado de crianças com
necessidades especiais, valorizando a diversidade e as especificidades de cada
educando, pois cada necessidade é única e , portanto cada caso deve ser estudado
com muita atenção.
REFERÊNCIA