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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA

CENTRO DE HUMANIDADES
Letras Espanhol
Análise do Discurso
Professora: Rherbenia
Aluno: Angel Canete Gómez

RESENHA - COMENTÁRIO

MUSSALIM, Fernanda . Análise do discurso. In: Fernanda Mussalim e Anna Christina


Bentes. (Org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras, São Paulo, Cortez editora,
2000, p. 101-142.

O presente artigo está dividido em 4 grandes partes, a primeira que se chama A Gênese
da Disciplina está a sua vez dividida em 3 itens que são: o primeiro, Estruturalismo,
Marxismo e Psicanálise: Um Terreno Fecundo; depois, A Especialidade de Análise do
Discurso; e por último, Procedimentos de Análise: A contribuição de Harris e Chomsky. A
seguinte parte seria Fases da AD: Os procedimentos de análise e a definição do objeto. A
terceira parte que se chama Uma Análise está subdividida em quatro: a primeira, Como ler
um texto: em pauta as noções de formação ideologica, formação discursiva, interdiscurso,
condições de produção, heterogeneidade, sujeito e sentido; a segunda parte, A noção de
sentido para a AD; a seguinte, O conceito de sujeito na AD; e a quarta parte, que se chama, As
condições de produção do discurso. Já a quarta e última das partes são umas Considerações
Finais a qual não tem subdivisões.

A Análise do Discurso tem origem na França, na década de 1960, seus precursores são
Jean Dubois, um linguista, lexicólogo envolvido com os empreendimentos da Linguística da
sua época, e Michael Pêcheux, um filósofo envolvido com os debates em torno do marxismo,
da psicanálise e da epistemologia. O pressuposto estruturalista ao que se contrapõe a Análise
do Discurso é que a língua não é apreendida na sua relação com o mundo, mas na estrutura
interna de um sistema autônomo. Pecheux retoma a dicotomia saussuriana língua/fala para
inscrever os processos de significação num outro terreno, mas não concebe nem o sujeito,
nem os sentidos como individuais, mas como históricos, ideológicos. Assim é que, Pecheux,
propõe uma semântica do discurso, concebido como lugar onde convergem componentes
línguístico e socioidelógicos, em contrapartida da teoria do valor, pressuposto saussuriano,
segunda a qual os signos se definem negativamente, subordina, a significação do valor, de
donde decorre que a significação é concebida como sistêmica.
A partir da proposta de Pecheux, tomada de Althusser, as possibilidades discursivas
dos sujeitos inseridos em determinadas formações sociais. Althusser postula que as ideologias
têm existência material e, por isso mesmo, devem ser estudadas não como ideias, mas como
um conjunto de práticas materiais que reproduzem as relações de produção. Trata-se do
materialismo histórico. O autor destaca que o Estado é, na verdade, um aparelho repressivo do
Estado que funciona pela “violência” praticada por suas instituições (escola, igreja, etc...),
tomadas como aparelhos ideológicos do Estado. Sendo assim, como a ideologia deve ser
estudada em sua materialidade, a linguagem se apresenta como lugar privilegiado em que a
ideologia se materializa.

A Análise do Discurso configura-se como uma ruptura epistemológica que opera com
o estudo do discurso ancorado aos conceitos de ideologia e sujeito. A gênese da Análise do
Discurso começa por meio do materialismo histórico que lhe dá o conceito de ideologia, do
estruturalismo do que pega o método de análise e, por último, a psicanálise lacaniana da qual
herda o conceito de sujeito.

Lacan postula que o consciente se estrutura como uma linguagem, como uma cadeia
de significantes latente que se repete e interfere no discurso efetivo, como se houvesse, sob as
palavras, outras palavras, como se o discurso fosse sempre atravessado pelo discurso do
Outro, do inconsciente. Assim, passa-se a crer que a inserção do sujeito no sistema afeta a sua
estrutura. O sujeito nada mais é do que um significate do Outro. A Análise do Discurso
concebe, assim discurso como a materialização dos modos de produção social. A Analise do
Discurso, nesse sentido, considera a linguagem apenas à medida que esta faz sentido para os
sujeitos inscritos em estrategias de interlocução, em posições sociais ou em cojunturas
históricas.

A História da Análise do discurso pode se dividir em 3 fases: Na primeira fase os


discursos eram considerados mais “estabilizados”, eram menos heterogêneos, se fala da
“Maquina Discursica” que é um dispositivo que determina, esta sempre numa relação com a
história, as possibilidades discursivas dos sujeitos inseridos em determinadas formações
sociais. Na segunda fase, eram discursos em formação, eram menos homogêneos. E na
terceira fase, os discursos são interligados, nunca estão estabilizados. Também, ao princípio,
se dividia a Análise do Discurso em duas, a Análise do Discurso Francesa a qual se apoia na
História e que não considera como determinante a intenção do sujeito, e a Análise do Discurso
Anglo-Saxã a qual se apoia na Sociologia e considera como determinante a intenção do
sujeito.

Devido ao caráter eminentemente relacional, a Análise do Discurso se apresenta como


uma disciplina em constante processo de constituição, de onde decorre a constitutividade dos
própios conceitos que a fundamentam. No modelo da Análise do Discurso se procura dar
resposta as diferentes categorias analíticas que falam sobre: Formação ideológica, formação
discursiva, o interdiscurso, condições do discurso, heterogeneidade discursiva, noção de
sujeito e noção de sentido.

Dentro do conceito de discurso, a Análise do Discurso leva em consideração o


contexto histórico-social, o contexto de enunciação, constitui parte do sentido do discurso e
não apenas um apêndice que pode ou não ser considerado. Além, o discurso também é um
aparelho ideologico através do qual se dão os embates entre posições diferenciadas,
confrontos entre forçãs ideológicas. O texto se constitui de discursos divergentes cujas
fronteiras se intersectam, o texto é heterogêneo, não é possível definir um discurso sem
remeter ao outro. Os sentidos possíveis de um discurso, portanto, são demarcados,
preestabelecidos pela própria identidade de cada uma das formações discursivas colocadas e
em relação no espaço interdiscursivo. Assim pois é retomada a noção de sujeito na Análise do
Discruso, como um sujeito disperso, passa a ser concebido como aquele que desempenha
diferentes papéis de acordo com as várias posições que ocupa no espaço interdiscursivo. O
sujeito do discruso, então, ocupa um lugar onde enuncia, e é este lugar, entendido como
representação de traçõs de determinado lugar social, que determina o que ele pode ou não
pode dizer a partir dali.

Fernanda Mussalim é graduada em Letras pela Universidade Estadual de Campinas


(1987), mestre (1996), doutora (2003) e pós-doutora (2009) em Linguística pela mesma
universidade. É professora associada 3 da Universidade Federal de Uberlândia, atuando na
graduação e pós-graduação. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise
do Discurso, e realiza pesquisas em torno dos seguintes temas: autoria; processos editoriais;
constituição de posicionamentos discursivos no campo da arte (abrangendo literatura e
música); relações entre estilo e ethos; e gêneros do discurso e ensino.

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