Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo l Trata-se de apresentar, em suas linhas gerais, a articulação que a obra de Albert Camus estabelece
entre uma postura de revolta radical contra o absurdo da condição humana e uma reflexão serena sobre o
suicídio e a história. A postura ética da revolta impede que o pensamento abandone-se a si mesmo, caindo
nas tentações do irracional e da glorificação niilista do absurdo. Com isso, apesar de seu questionamento
profundo, a filosofia de Camus termina por reencontrar a solidariedade como valor ético fundamental.
Palavras-chave l revolta, absurdo, história, solidariedade.
quinta, sexta e sábado no mesmo ritmo, essa e demais truques que mascaram o sofrimento. O
estrada sucede-se facilmente a maior parte do problema que ele propõe agora é o de saber se o
tempo. Um dia apenas o ‘porquê’ desponta, e absurdo traz como conseqüência inevitável a neces-
tudo começa com esse cansaço tingido de espan- sidade de escapar dele pela esperança ou pelo sui-
to” (Camus, 1942, p. 27). cídio. Parece que ir para um desses dois caminhos
é seguir a lógica. Mas, por outro lado, não seria
Tal sentimento é inseparável do nascimento da muito conseqüente seguir a lógica num universo
lucidez, que é a consciência da inocência de um privado de razões, ilusões e luzes.
olhar capaz de captar o absurdo. O primeiro “por- Camus quer enfrentar essa questão em toda a
quê” traz à tona o desejo do indivíduo por unidade sua complexidade: quer ver se a recusa da injustiça
e explicação. Mas ele só encontrará o sentido das pode conviver com a afirmação da vida. Trata-se de
coisas em sua ausência, pois o absurdo é o único um raciocínio absurdo, pois considera possível a
absoluto apreensível: “Logo que o pensamento refle- convivência da recusa da injustiça e a afirmação da
te sobre si próprio, o que primeiro descobre é uma vida, que é em si mesma injusta, pois traz consigo
contradição” (Camus, 1942, p. 31). a condenação à morte. A possibilidade de tal racio-
Assim, o homem, em seu apelo à unidade, esbar- cínio é dada pela existência de filósofos que falaram
ra em paredes que o cercam (“Os muros absurdos” sobre a nulidade da vida sem que disso tirassem a
é o título de um dos capítulos de O mito de Sísifo). conseqüência de que deveriam se matar.
Ele busca compreender e nessa busca encontra o Ora, o raciocínio absurdo presume a ausência
incompreensível. A razão, para Camus, é impotente total de esperança, a recusa contínua e a insatisfa-
ante o clamor da alma por explicação total. Se não ção permanente com a condição humana. Sem
se pode compreender esse mundo, não se pode ser essas exigências não há mais absurdo, pois ele “só
totalmente feliz nele. O homem encontra-se enre- tem sentido na medida em que não consentimos
dado em tantos dilemas, tantas dúvidas, que nem nele” (Camus, 1942, p. 50). Em primeiro lugar,
sequer pode afirmar a certeza de ter encontrado o Camus recusa a saída proposta por algumas filo-
absurdo: “Tudo o que se pode dizer é que esse mun- sofias existenciais que, “partindo do absurdo sobre
do não é razoável em si mesmo” (Camus, 1942, p. os escombros da razão, num universo fechado e
37). E mesmo que se demonstrasse logicamente a limitado ao humano, divinizam o que os esmaga
ordem que rege o universo e que suas leis fosse infa- e acham razões para esperar naquilo que os des-
líveis, mesmo assim, esse mundo poderia não ser poja” (Camus, 1942, p. 51). Essa crítica dirige-se
aceito. O homem exige familiaridade, e, enquanto a autores como Chestov, Kierkegaard e Jaspers,
não a encontra, permanece a falta de inteligibilidade. que, de uma forma ou de outra, procuraram alívio
A morte, ainda que explicada pelas leis naturais, numa esperança de essência religiosa, num “salto
permanece para ele como a revelação da inutilidade mortal da razão”. Mas a exigência de lucidez exclui
radical de todos os esforços. Nada mais pode justifi- esse tipo de evasão: “O absurdo, que é o estado
car esse estado de coisas: “Nenhuma moral e nenhum metafísico do homem consciente, não conduz a
esforço são a priori justificáveis ante as sangrentas Deus” (Camus, 1942, p. 60).
matemáticas que regem nossa condição” (Camus, É nesse ponto que Camus encontra Dostoie-
1942, p. 30). vski. Com efeito, foi o autor de Os irmãos Kara-
mázovi que deu forma à consciência dilacerada que
3. a revolta: afirmação da vida e reconhece o absurdo existencial e metafísico do
negação do mal universo.
Não se trata de negar a existência de Deus, o
Diante de tal situação, o que será preciso fazer, que estaria para além dos limites da razão humana,
morrer voluntariamente ou ter esperança, apesar mas de repelir essa inadmissível criação que com-
de tudo? O que Camus exige aqui é um confronto porta o mal em nome de uma harmonia superior.
com a vida que exclui a trapaça, a falsa esperança Diz Ivã Karamázovi:
180 l Albert Camus
“Estou convencido, como uma criança, de que O que nos resta num tal universo? O suicídio
o sofrimento desaparecerá, que a comédia revol- seria a conseqüência mais lógica diante do absurdo.
tante das contradições humanas se esvanecerá Mas ele não faz senão projetar a esperança imedia-
como uma lamentável miragem, como a mani- tamente. É a mesma lógica da superação: com o
festação vil da impotência mesquinha, como um suicídio não deixamos de esperar a solução defi-
átomo do espírito de Euclides; que no fim do nitiva. Ele permanece, portanto, como o extremo
drama, quando aparecer a harmonia eterna, uma limite da aceitação e pelo consentimento que supõe
revelação se produzirá, preciosa a ponto de enter- afasta-se da revolta, que sempre significa um eterno
necer todos os corações, de acalmar todas as in- confronto. Somente a revolta saberia ser coerente
dignações, de resgatar todos os crimes e o sangue com a experiência absurda. Diz Camus:
vertido; de sorte que se poderá não só perdoar,
mas justificar tudo quanto se passou sobre a “O absurdo só morre quando dele nos afasta-
terra. Que tudo isso se realize, seja, mas não o mos. Uma das únicas posições filosóficas coeren-
admito e não quero admiti-lo” (Dostoievski, tes é, dessa forma, a revolta. Ela é um confronto
1971, p. 177, grifos nossos). perpétuo do homem e de sua própria obscuri-
dade. É a exigência de uma impossível transpa-
Mesmo que fosse necessário conceder que os rência. E, a cada segundo, questiona o mundo de
homens são culpados, pois tinham-lhes dado o novo. Assim como o perigo fornece ao homem
paraíso, e eles cobiçaram a liberdade e arrebataram possibilidades insubstituíveis de tomada de cons-
o fogo do céu e por isso mereceriam ter seus corpos ciência, assim a revolta metafísica dilata a cons-
ardendo no inferno em nome de alguma harmonia ciência ao longo da experiência. Ela é a presença
futura, mesmo assim, não se poderia compreender constante do homem a si próprio. Não é aspira-
por que as crianças, que são inocentes, deveriam ção, pois é sem esperança. Esta revolta não passa
sofrer em nome dessa harmonia. Ivã prossegue o da certeza de um destino esmagador, mas sem a
seu raciocínio: resignação que deveria acompanhá-la” (Camus,
1942, pp. 76-7).
“Os carrascos sofrerão no inferno, dir-me-ás tu.
Mas de que serve esse castigo, uma vez que as 4. revolta e solidariedade
crianças tiveram também o seu inferno? Aliás,
que vale essa harmonia que comporta um infer- Vemos então que, em Camus, a falta de sentido
no? Quero o perdão, o beijo universal, a supres- não aniquila a paixão pela vida. Já era o dito de Ivã
são do sofrimento. E, se o sofrimento das Karamázovi: “Eu vivo, mesmo a despeito da lógica.
crianças serve para perfazer a soma das dores Não creio na ordem universal, pois seja; mas amo
necessárias à aquisição da verdade, afirmo desde os brotos tenros na primavera, o céu azul, amo
agora que essa verdade não vale tal preço” (Dos- certas pessoas, sem saber por quê” (Dostoievski,
toievski, 1971, p. 183). 1973, p. 173). E a aceitação da vida resulta na esco-
lha de um valor. Dessa forma, quando se opta por
Camus retoma esse argumento em A peste. viver, o niilismo não se completa totalmente, sendo
Diante da agonia de uma criança consumida pela barrado pelo valor ético da preservação da vida1.
dor, o padre Paneloux tenta apaziguar a revolta do O que em O mito de Sísifo era um problema
dr. Rieux: “Isto é revoltante porque excede os individual a questão da possibilidade do suicídio
nossos limites. Mas talvez devamos amar o que como saída do absurdo existencial, em O homem
não podemos entender”. revoltado será um problema coletivo, a questão do
Mas Rieux se agita e responde: “Não, padre. valor da vida do outro, da legitimidade do assas-
Tenho do amor outra idéia. E recusarei até a morte sinato. Agora se trata de mostrar que o assassinato
amar essa criação que tortura as crianças” (Camus, motivado por questões políticas (como um ato de
1973, p. 211). terrorismo justificado, exemplificado na peça Os
. ⁄ . ⁄ . l l , º l - 181
justos), torna-se ilegítimo pela instituição daquele uma natureza humana, como pensavam os gregos,
valor absoluto da vida. A idéia é que se deve en- e contrariamente aos postulados do pensamento
frentar a injustiça e o absurdo sem que a tensão contemporâneo” (camus, 1951, p. 28). E não é
entre o sim e o não seja rompida. somente para si que o revoltado clama um valor.
Na introdução de O homem revoltado, Camus A revolta não nasce somente no oprimido, mas tam-
diz: bém pode surgir pelo espetáculo da opressão da qual
um outro é vítima. Nesse caso, há identificação com
“O sentimento do absurdo, quando dele se outro indivíduo. Portanto, “na revolta, o homem
pretende, em primeiro lugar, tirar uma regra de ultrapassa-se em seu semelhante, e, a partir deste
ação, torna o homicídio pelo menos indi-feren- ponto de vista, a solidariedade humana é metafí-
te e, por conseqüência, possível. Se não se acre- sica” (camus, 1951, p. 29). Apesar de sua aparência
dita em nada, se nada possui um sentido e se não negativa, a revolta é profundamente positiva, já
podemos afirmar nenhum valor, tudo se torna que revela aquilo que no homem deve-se sempre
possível e tudo carece de impor-tância. O pró e defender (camus, 1951, p. 23)2. Portanto, o pensa-
o contra deixam de existir; o assassino não tem mento revoltado é constituído por uma tensão
nem deixa de ter razão” (Camus, 1951, p. 15). perpétua entre o sim e o não. Resta saber como
essa consciência revoltada resolve-se na história.
Mas, como vimos, o raciocínio absurdo, depois
de tornar o ato de matar indiferente, termina por 5. metafísica e história
condená-lo em nome do valor da vida, e, para que
aquela confrontação desesperada entre o apelo Em O homem revoltado, Camus descreve o movi-
humano e o silêncio do mundo seja mantida, é ne- mento pelo qual o homem passa da revolta meta-
cessário que a consciência permaneça viva. E uma física à revolta histórica. O revoltado metafísico
vez que este bem é reconhecido como tal, ele é com- declara-se frustrado pela criação. Não se trata, como
partilhado por todos os homens e “não se pode dar já vimos, de um ateu, mas de um blasfemador que
coerência ao assassinato se a refutamos para o sui- opõe o princípio de justiça que está nele ao princí-
cídio” (Camus, 1951, p. 17). Portanto, a partir do pio de injustiça que ele vê operar no mundo. Mas
momento em que se reconhece a impossibilidade a rebelião humana não termina aí. O rebelde reco-
da negação absoluta, e viver seja de que maneira for nhece que aquela justiça, aquela ordem, aquela
é reconhecê-lo, a primeira coisa que não se pode unidade que ele procurava em vão em sua condi-
negar é a vida alheia. ção, pode ser criada por suas próprias mãos. Come-
O absurdo deixa-nos então no impasse. A úni- çará então um esforço desesperado para fundar,
ca evidência que se dá no interior dessa experiên- ao preço do crime, se necessário, o império dos ho-
cia é a revolta. Esta nasce, como vimos, do mens. Essa lógica, segundo Camus, leva a terríveis
espetáculo da desrazão, diante de uma condição conseqüências das quais nós só conhecemos algu-
injusta e incompreensível. Mas ela reivindica a mas. No entanto,
ordem em meio ao caos e a unidade daquilo que
foge e desaparece. O revoltado diz, ao mesmo “essas conseqüências não são devidas à revolta
tempo, sim e não. Ele afirma algo pelo que vale a em si mesma, ou, ao menos, elas só acontecem
pena se revoltar se lhe for usurpado. Se ele prefere na medida em que o revoltado esquece suas
a possibilidade de morte à negação do direito que origens, abandona a dura tensão entre o sim e o
defende, é porque põe este último acima de si pró- não e se deixa levar enfim à negação de tudo, ou
prio. Ele afirma, portanto, a existência de um valor à submissão total” (Camus, 1951, p. 42).
anterior à ação, o qual contradiz as filosofias pura-
mente históricas nas quais o valor só será dado se A unidade do mundo que não foi feita com Deus
for conquistado, no fim da ação. Assim, “a análise será tentada contra ele, e para isso, o homem vai
da revolta conduz pelo menos à suspeita de que há se valer de todos os meios, já que tudo é permitido.
182 l Albert Camus
Agora que Deus está morto, restam os homens, ou dicionalmente, leva-a, pouco a pouco, a mutilar o
seja, a história, que é necessário compreender e homem. Portanto, para Camus,
construir. E para isso o homem utiliza a razão, como
o único poder de conquista puramente huma-no. “escolher a história, e somente ela, é escolher o
E nesse movimento ele acaba acrescentando, aos niilismo contra os ensinamentos da própria
crimes do irracional, os crimes da razão em mar-cha revolta. Os que se precipitaram para a história em
rumo ao império dos homens. nome do irracional, clamando que ela é comple-
Camus não pode aceitar essa lógica. O homem tamente destituída de significado, encontram-se
revoltado prefere enfrentar o absurdo sem tirar dele de novo de braços dados com a servidão e o terror
todas as conseqüências, pois põe acima de tudo o e lançam-se no universo dos campos de concen-
valor ético da preservação da vida: tração. Os que nela se precipitam, pregando a sua
racionalidade absoluta, encontram-se igualmen-
“Sade e os românticos, Karamázovi ou Nietzsche te dominados pela servidão e pelo terror, caindo
só penetraram no mundo da morte porque dese- nesse mesmo universo” (Camus, 1951, p. 302).
jaram a verdadeira vida. E com tanto empenho,
que, por efeito inverso, foi o apelo desesperado Essa recusa em glorificar a história não leva Ca-
à regra, à ordem e à moral que ressoou neste mus à negação pura e simples da historicidade do
universo louco. As suas conclusões só foram nefas- homem3. Ele recusa aceitar a justificação da vio-
tas ou liberticidas a partir do momento em que lência em nome de qualquer princípio que se pre-
eles se desembaraçaram do fardo da revolta, fugi- tenda superior ao valor da vida. O que ele propõe
ram à tensão que ela pressupõe e escolheram o é um limite à ação histórica. Para escapar ao delírio
conforto da tirania ou da servidão” (Camus, histórico, a revolução não poderá prescindir de uma
1951, p. 128). regra moral ou metafísica que a limita. Camus expõe
assim essa regra: “Em lugar de matar e morrer para
Além disso, não podemos esquecer que o absur- produzir o ser que não somos, temos que viver e
do é também a razão lúcida que constata seus li- fazer viver para criar aquilo que somos” (camus,
mites (cf. camus, 1942, p. 70). Portanto, a revolta 1951, p. 309).
exige a permanente consciência da impossibilidade
de reconciliação, de realização da unidade. A cons- Referências bibliográficas
ciência dessa impossibilidade é a causa da revolta e
aquilo que a torna nobre é a exigência da permanên- ALVES, M. Camus. Entre o sim e o não a Nietzsche.
Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2001.
cia da tensão entre o sim e o não. Quando ela esque-
CAMUS, A. Le mythe de Sysiphe. Paris: Gallimard, 1942.
ce essa exigência, o que ela obtém é ignóbil: “O ódio __________. L’homme revolté. Paris: Gallimard, 1951.
do criador pode tornar-se ódio da criação ou amor __________. A peste. Trad. de G. Ramos. Rio de Janeiro:
exclusivo e provocante do que existe. Mas, nos dois Opera Mundi, 1973.
casos, ela resulta no homicídio e perde o direito DOSTOIÉVSKI, F. Os irmãos Karamázovi. Trad. de N.
Nunes & O. Mendes. São Paulo: Abril Cultural, 1971.
de ser chamada revolta” (Camus, 1951, p. 130).
POLÉMICA Sartre-Camus. Buenos Aires: Tiempo
Pela mesma razão, Camus também não poderá Americano, s/d.
aceitar a transcendência horizontal da história como WILLIAMS, R. Tragédia moderna. Trad. de B. Bischof. São
fundamento de todos os valores. Isso porque uma Paulo: Cosac & Naify, 2002.
vez que se põe todo o valor de uma ação em sua
realização final, serão aceitos todos os meios para Notas
se chegar até lá. Ou seja, aceitar todo o processo
histórico seria aceitar o mal em nome de um bem 1 Dessa forma, ao ligar o absurdo à afirmação da vida e essa
futuro, a realização da totalidade. Mas o revoltado à revolta, Camus afasta-se tanto de Schopenhauer quanto
não pode aceitar a justificação do mal, e a lógica da de Nietzsche. Ainda que a constatação do absurdo se dê
história, no momento em que ela é aceita incon- num movimento de reconhecimento mútuo muito
. ⁄ . ⁄ . l l , º l - 183
próxima da compaixão em Schopenhauer, ela resulta numa das blasfêmias e das preces. É o que importa” (camus,
celebração da existência, e não em sua supressão niilista. 1973, p. 211).
Mas ela também não desemboca num amor fati nietzschia- 3 Na carta de resposta ao artigo “Albert Camus ou a alma
no, pois nega o mal e o sofrimento. Com efeito, o amor fati revoltada”, de F. Janson, publicado na revista Les Temps
“é amor exaltado, obsessivo, desmedido, porque, junto com Modernes de agosto de 1952, Camus diz: “Meu livro não
a moral, recusa também toda revolta do homem frente à nega a história (negação que estaria desprovida de sentido),
sua condição. Para Camus, esse é um sim que, na verdade, mas apenas critica a atitude que tem como finalidade
não é total, pois nega (metodologicamente) o não através converter a história em um absoluto” (polémica, s/d., pp.
do qual o homem reivindica para si a responsabilidade de 40-1). A polêmica que opôs Sartre a Camus teve como
colocar alguma ordem numa condição que de per se não a ponto de partida exatamente esse artigo em questão. Por
possui” (Alves, 2001, p. 125). meio de seu porta-voz, Sartre criticou a postura de Camus
2 Na mesma passagem de A peste citada acima, o dr. Rieux diante da divulgação dos campos de concentração da
encerra sua discussão com o padre Paneloux dizendo: ditadura stalinista. A divulgação desse fato é o que motiva a
“Trabalhamos juntos por alguma coisa que nos reúne além crítica de Camus ao marxismo em O homem revoltado.
184 l Albert Camus