Você está na página 1de 2

O UNIVERSO, OS DEUSES, OS HOMENS

A obra da editora Companhia das Letras foi escrita por Jean Pierre Vernant em 2000, no
qual está na 14° impressão, e está divido em 8 capítulos.

Os capítulos apresentam uma introdução à mitologia grega, e traz algumas histórias


clássicas como a origem do universo, a luta entre os Titãs e os Deuses Olimpianos, Prometeu e
o nascimento dos homens, Pandora e a invenção da mulher, o destino trágico de édito, entre
outras histórias heroicas. A obra ressalta alguns paradigmas e expressões populares construídas
através dos mitos, além de sua influência na cultura da Grécia antiga.

O primeiro capítulo a Origem do universo é dividido em quatro sessões: Nas profundezas


da Terra, o abismo, A castração de Urano, A terra, o espaço o céu, Discórdia e Amor, discorre o
conflito entre Kháos, Gaia, Éros (primordial) e Póntos na construção do universo, além do
nascimento dos Titãs até a castração de Chronos a seu pai Urano, dando início ao primeiro ciclo
de forças do universo. No segundo capítulo Guerra dos deuses, reinado de Zeus é estruturado
como: No ventre paterno, Um alimento de imortalidade, A soberania de Zeus, As astúcias do
poder, Mãe universal do Caos, Tífon ou a crise do poder supremo, Vitória contra os Gigantes, Os
frutos efêmeros, No tribunal o Olimpo, Um mal se remédio e A idade de outro: homens e deuses,
sessões que discutem a guerra entre Zeus e os Deuses olímpicos contra os Titãs, em que Zeus
assume o poder banindo os Titãns, dando início para chamada era de ouro dos Olimpianos. No
terceiro capítulo o Mundo dos humanos é subdivido em: Prometeu, o ardiloso, Uma partida de
xadrez, um jogo mortal, Pandora ou a invenção da mulher e O tempo que passa, no qual
apresentam a história de Prometeu e seus confrontos com Zeus pela salvaguarda dos direitos
dos humanos, tanto o Titã quanto o homem foram castigados por Zeus. A guerra de Troia é o
quarto capítulo do livro, e está dividida pelo: O Casamento de Peleu, Três deusas diante de uma
maça de ouro, Helena culpada ou inocente e Morrer jovem, sobreviver na glória, sessões que
explicam a maldição de troia pelos nascimentos de Páris e Aquiles, ambos, com destinos
diferentes, levam a cidade a ruina. Já o capítulo cinco traz Ulisses ou a aventura humana, e está
organizada em: Na terra do esquecimento, O ninguém Ulisses diante do Ciclope, Idílio com Circe,
O sem-nome, os sem-rosto, A ilha de Calipso, Um paraíso em miniatura, Impossível
esquecimento, Nu e invisível, Um mendigo ambíguo, Uma cicatriz assinada Ulisses, Retesar o
arco soberano, Um segredo compartilhado e O presente reencontrado, narrativas que
descrevem o périplo do herói Ulisses após a vitória em Tróia. O capítulo seis Dioniso em Tebas,
separado como: Europa vagabunda, Estrangeiro e autóctones, A coxa uterina, Sacerdote
itinerante e mulheres selvagens, Eu vi me vendo e Recusa do outro, identidade perdida,
apresenta a história de Dioniso o Deus errante das festas, do vinho e orgias que enlouqueceu a
ordem de Tebas e do rei Penteu, descendente de Cadmo. No capítulo sete surge Édipo, o
inoportuno, tema divido em: Gerações mancas, Um suposto filho, Audácia sinistra, Teus pais
não eram teus pais, O homem: três em um, Os filhos de Édipo e Um meteco oficial, em que é
contada a coragem, sabedoria e tragédia de Édipo. Por fim, no capítulo final, o autor traz a
história de Perseu, a morte, a imagem; dividas em: nascimento de Perseu, A corrida às Górgonas
e A beleza de Andrômeda, em que relata as bem-aventuranças de Perseu na luta contra Medusa
e no salvamento de Andrômeda.

Jean Pierre apresenta um estudo sintetizado dos mitos gregos, de maneira cronológica
que organiza os capítulos da origem do universo até a organização do caos pelos deuses
olímpicos. Do abismo do nada onde reinava o Kháos vai existir um encontro com Gaia, Deusa-
mãe terra e nesse choque surge Éros, a primeira força, o impulso desordenado. Segundo o autor,
não é o mesmo Éros, filhos de Afordite, mas uma força primordial. Diante desse choque, tal
impulso traz Póntos (mar profundo). Tais forças vão formar as divindades primordiais da
natureza do universo.
Em um segundo momento dessas relações primordiais surge a divindade Urano, aquele
que cobre como o Céu, produzido pela própria Gaia, ao qual a contornava em todas as instancias
não gerando espaço para nada. Dessa união entre Céu e Terra nascem o Titãs, em especial
Chonos, o filho mais jovem que com ajuda de Gaia castrará seu pai, Urano, assumindo a primeira
grande ordem do universo. Do coito de Urano, jogado ao mar, nascerá Afrodite, Deusa do Amor,
do seu sangue, que respinga na terra, nascem as Erínias (fúrias) e Melíades (ninfas do freixo).

A obra apresenta Zeus, filho mais novo de Chronos e Réia, ao qual teria o destino de
destronar seu pai, que havia engolido todos seus irmãos. Zeus trava uma disputa pelo poder,
onde aprisiona seu pai no tártaro (inferno) por toda a eternidade. No poder, Zeus trará uma
nova organização à desordem, assim, proporcionando o começo da humanidade, e a chamada
era de ouro dos Deuses. Na construção da ordem Prometeu se mostra defensor dos homens e
se sacrifica pela dignidade humana. De seus feitos contra Zeus surgiram a mulher e a esperança
através de Pandora e suas chagas humanas, além do homem como detentor e produtor do fogo.
Contudo, a humanidade estaria sendo fadada a ter de trabalhar por toda sua vida por seus
sustento.

De maneira contundente o autor ainda apresenta a longa jornada de Ulisses para


retornar a Ítaca, seu lar. Além de retratar o sofrimento de Aquiles no mundo dos mortos, ao qual
sofre de remorso por ter escolhido a gloria. Jean, ainda conta a história de Perseu, filho de Zeus,
que contou com a proteção de seu pai e de Athena para superar seus obstáculos.

O universo, os deuses, os homens, é uma obra de fácil leitura para compreender de


maneira breve a relação entre tais dimensões. É uma oportunidade de ampliar o olhar para os
mitos, ao qual durante muitos séculos serviram como senso de ordem e organização das
relações humanas. O texto inspira a reflexão sobre possibilidades das divindades primordiais,
dos deuses mais os heróis ainda atuarem no centro existencial humano, seja, pela inspiração
com as histórias, ou por uma tentativa de confortar conflitos ainda não explicados pela ciência.
Contudo, ficou a vontade de ver o autor explorar um pouco mais o universo feminino nos mitos,
uma vez que, a obra traz um olhar muito patriarcal e masculino sob as mulheres.

Jean Pierre Vernant foi historiador e antropólogo francês, morrem em 2007. Foi
dirigente da Resistência durante a Segunda Guerra, foi professor da École des Hautes Études em
Sciences Sociales e ganhou diversos prêmios, entre eles Academy Award for Humanistic Studies
em 1992. Publicou mais de quinze livros como a trilogia Mito e pensamento entre os gregos,
Mito e sociedade na Grécia antiga e Mito e religião na Grécia antiga.

Resenha organizada por Felipe Guerra, psicólogo, especialista em Orientação


Vocacional/Profissional pela Colmeia e Acadêmico do Curso de Pós-Graduação em Psicoterapia
Junguiana da Universidade Paulista.

Você também pode gostar