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libreto

CINE BIJOU
ROOSEVELT,
O CORAÇÃO DA CIDADE
Morava em pensão até que decidi (e tive dinheiro) ir para Oliveira seguiam pela calçada do Sujinho em direção ao
apartamento. Encontrei uma quitinete, na praça Roosevelt, Gigetto. Da praça se atingia o Gigetto, o Canal 9, a tv Excelsior
128, 83. Primeira locação. Era a coisa mais fácil alugar apar- (onde é o Cultura Artística), o Ferro’s (primeiro reduto gls da
tamento naqueles tempos. Quanto ganha, quem é o avalista? cidade), chegava-se ao Bela Vista.
Um ano depois, em 1961, fui para o prédio 168, apto 803. Tinha A praça era local de passagem de todas as tribos. Dos grã-
varanda, um luxo. Incorporei-me à praça, vivi nela, dela, nela -finos que iam às boates Zum Zum, ou Djalma (estiveram no
tudo acontecia. No 128 escrevi parte de meu primeiro livro, mesmo endereço em tempos diferentes), ou ao Stardust. As
Depois do Sol. No 168, Bebel que a cidade comeu, romance. putas dos inferninhos (palavra antiga, bar de programa) na
O Cine Bijou está nos dois livros. Point da intelectuali- Boca de Luxo frequentavam o salão de cabelereiro da esquina
dade. Nunca me esqueço: o filme Oito e meio, do Fellini, ficou da rua Gravataí com a praça. O La Licorne, antecessor do Café
meses em cartaz, dizíamos que tinha grudado no projetor. Photo, com as mais belas e caras mulheres da cidade, teve ali
Na praça estava a Standard Propaganda, onde pontificavam seu primeiro ponto, antes de ir para a Major Sertório.
Neil Ferreira e Roberto Duailibi (O D da dpz), jovens lendas da Na semana, durante o dia, a praça era estacionamento, um
publicidade. Também Livio Rangan, a quem a moda brasileira mar de carros ao sol. Aos sábados, tornava-se feira livre com do-
deve tudo. Ele criou os desfiles da Rhodia e inventou o que nas de casa se misturando a artistas, modelos, putas, vagabun-
mais tarde o São Paulo Fashion Week desenvolveu. dos, bêbados, jornalistas, escritores, publicitários, trombadinhas
Na Standard você via as top models da época: Lucia Curia, (ladrõezinhos na época), pivetes. A feira acabava, o cheiro de
Inge, Giedre, Mariela, Darcy, Paula, Sandra, Mailu. Rhodia e peixe dominava tudo. No fim da tarde, moleques jogavam futebol.
Dener se complementavam. Quem tinha dinheiro frequentava O vagabundo cheio de gadgets (alfinetes, medalhas, bótons,
o restaurante Baiúca, no qual Baby Pignatari, milionário e tampinhas, brincos, o que se pudesse imaginar) presos a um
playboy, entrava de sapatos mocassim e sem meia. Um desco- paletó sujo se considerava o dono do pedaço, seguido por
lado. Ali tocavam Cesar Camargo Mariano, Walter Wanderley um cachorro fiel. Nas manhãs de domingo, católicos iam à
e Azeitona, ali cantavam Dick Farney, Maysa, Marisa Gata missa na igreja da Consolação. Dona Claretta, mãe do Luis e
Mansa, Claudette Soares e Isaura Garcia. O Sujinho era um do Mino Carta, era uma delas, enquanto o marido, Giannino,
boteco tranqueira, de quinta, ao lado do Baiúca. Em tempos ficava na varanda do Gigetto esperando.
diversos ali você encontrava Lennie Dale, que morava na Por dez anos a praça foi minha.
esquina, Raul Cortez ou Jardel Filho, Sérgio Viotti, Paulo A Roosevelt era o coração da cidade.
Autran, Miriam Persia.
Saindo do Teatro de Arena (esquina da Ipiranga com a Texto escrito por Ignácio de Loyola Brandão
Consolação), Augusto Boal, Paulo José, Dina Sfat, Juca de especialmente para este libreto
EU TE BATIZO
PÚBLICA POR DEFINIÇÃO
Praça também sofre crise de identidade, ganha apelido, presta homenagem... pra.ça sf. 1 área pública sem construções, dentro de
Conheça histórias curiosas por trás dos nomes de algumas praças paulistanas. uma cidade; largo 2 local aberto onde se compra e se
vende; mercado, feira 3 área urbana arborizada e / ou
ajardinada, para descanso e lazer; jardim público
4 historicamente, área em torno da qual se construía
a estrutura administrativa e civil de uma cidade: pre-
feitura, câmara de vereadores, igreja 5 nas cidades
pequenas, local onde casais de namorados se sentam
para tomar sorvete aos domingos 6 ponto de encon-
tro dos cachorros e das partidas de dominó

DE TODOS E DE NINGUÉM

es.pa.ço pú.bli.co sm. 1 Espaço pertencente ao


poder público, mas de uso coletivo, acessível a
qualquer cidadão 2 Espaços de circulação (ruas),
praça da Sé praça da República praça da Árvore de lazer e recreação (praças, parques e praias), de
contemplação (monumentos) e de preservação
Construção típica da época colonial brasi- No século xviii, a área, pertencente ao te- No lugar onde hoje fica a praça, no distrito e conservação (reservas ecológicas, prédios tomba-
leira, é considerada o marco zero de São nente José Arouche, servia para os exercí- de Jabaquara, na zona sul da capital, ha- dos), em oposição às propriedades privadas 3 Local
Paulo, de onde são medidas as distâncias cios militares. Ficou conhecida como praça via no século xix um grande bosque. Por onde um público se reúne para formar uma opinião
para outras cidades e estados. É também dos Milicianos. Anos depois, passou a se ser associado a um estilo de vida saudável, pública 4 Espaço simbólico de representação e de
referência para a numeração das vias pú- chamar praça dos Curros, por abrigar fes- recebeu o nome de Bosque da Saúde. Anos expressão coletiva da sociedade
blicas. Foi ao redor da praça e do Pátio tas, cavalgadas e touradas. Em 1865, a deno- depois, foi construída ali uma estação de
do Colégio que a cidade foi crescendo. minação 7 de Abril foi uma homenagem à trem que deu origem à praça. O nome
O nome Sé vem do fato de a praça ter sido data em que D. Pedro I abdicou do trono em Árvore faz referência às inúmeras árvores
criada em torno da Catedral da Sé (abre- prol de seu filho, Pedro de Alcântara, que que existiam no Bosque.
viação de Sedes Episcopalis), denominação viria a ser D. Pedro II. Com o fim da monar-
comumente atribuída à principal igreja de quia e a proclamação da república, em 1889,
uma região. a praça ganhou o nome que tem até hoje.
A
A praça Tomé de Sousa, conhecida como praça Municipal de Salvador,
é considerada a primeira praça cívica brasileira. No centro da primeira
capital do Brasil, os historiadores estimam que a praça tenha sido cons-
truída em 1549, ano de fundação da cidade.

PRI
Naquela época, quando o país ainda era colônia de Portugal, a praça,
que fica na parte alta da cidade, reunia importantes prédios adminis-
trativos como a Câmara, a cadeia e a sede do governo colonial. Hoje em

MEI
dia, continua sendo centro de poder político em Salvador e abriga a pre-
feitura, no Palácio Tomé de Sousa, a Câmara Municipal e o Palácio Rio
Branco, sede do governo estadual. O Elevador Lacerda, que liga as partes
alta e baixa da cidade, também fica ali.

RA

A MAIOR
Além da maior população mundial, a China guarda outro recorde: a
maior praça do mundo. Fundada em 1420, a praça da Paz Celestial, em
Pequim, tem 396 mil metros quadrados (o equivalente a quatro estádios
do Morumbi). Abriga importantes monumentos – os museus da China
Revolucionária, da História Chinesa e o Nacional da China, o Grande
Salão do Povo, o Monumento aos Heróis do Povo e o Mausoléu do líder
comunista Mao Tsé-Tung. A praça também é lembrada por importantes
fatos históricos, como o massacre de estudantes chineses durante uma
manifestação pela democracia no país em junho de 1989.
O HOMENAGEADO

O CONCRETO
É ARMADO
No século xix, a área onde hoje fica a praça Roosevelt
pertencia a Dona Veridiana Prado, uma senhora
dona de muitas terras na capital (há inclusive uma Nascido em 1882, em Nova York, Franklin Delano
rua com o nome dela nas proximidades). Roosevelt é lembrado pelos norte-americanos como
A cidade foi crescendo, mas a Roosevelt só ganhou o presidente democrata que conseguiu salvar os
um projeto concreto no final da década de 1960. Estados Unidos da Grande Depressão depois da que-
A nova praça foi inaugurada no aniversário de 416 bra da bolsa de Nova York, em 1929. Ele assumiu o
anos da cidade, em 25 de janeiro de 1970. governo em 1933, no primeiro de quatro mandatos
Ali já existia desde 1799 a igreja da Consolação na Casa Branca, e lançou uma política econômica
e, por isso, a região ficou conhecida como praça da que ficou conhecida como New Deal (Novo Trato).
Consolação. Apenas em 1950 recebeu o nome de Roosevelt também promoveu mudanças nas leis
Roosevelt, uma homenagem a Franklin Roosevelt, o do país, permitindo que o estado tivesse maior poder
presidente americano que por mais tempo governou para regular a economia e evitar novas crises. O pre-
o país (de 1933 a 1945). sidente foi um dos idealizadores das Organizações
das Nações Unidas. Faleceu em 12 de abril de 1945,
antes do fim da Segunda Guerra Mundial.
RAIO-X DA PRAÇA

1 2 3

A Roosevelt é inaugurada com pompa em 25 de janeiro de 1970 (1), pelo


1970

então prefeito Paulo Maluf, com a presença do presidente militar Emílio


Garrastazu Médici (2). Havia dois andares de estacionamento no sub-
solo (3), uma praça pequena voltada para a rua Augusta, uma praça com um
pombal (4) com entrada pela rua da Consolação, e a praça maior, no formato
de um pentágono regular com 52 metros de lado, com playground, restau-
rante, supermercado, bancas de flores, lojas e agência dos Correios. A grande
massa de concreto com pouca área verde não atraiu os moradores. Em 1978,
o arquiteto Benedito Lima de Toledo, conselheiro do Condephaat, propôs in-
tegrar a praça ao Colégio Caetano de Campos, transformando a rua de liga-
ção entre os dois num calçadão. A prefeitura não aceitou a proposta.

4
1980

Deteriorada, com rachaduras, vazamentos, problemas no piso e


na iluminação, a praça passou pela primeira reforma em 1980,
na qual paredes e colunas foram pintadas de verde – uma ten-
tativa de maquiar a ausência de natureza. Em 1984, numa se-
gunda reforma, foram construídas duas quadras poliesportivas
e um novo playground na parte superior. A rede elétrica e o piso
também passaram por reforma e a área verde cresceu 800 me-
tros quadrados. A rede hidráulica, contudo, não foi substituída.
Mais colorida, em tons de vermelho, ocre, marrom e branco, a
praça passou a sediar atividades culturais e esportivas promo-
vidas pela prefeitura para atrair frequentadores.
5 6

1990
Apesar das obras, a praça continuou malconservada (5),
virou ponto de tráfico de drogas, prostituição e depósito
de lixo. Em 1990, a prefeitura interditou o estaciona-
mento do subsolo por conta de infiltrações no teto (6),
danos nas instalações elétricas e falta de extintores.
Três anos depois, o centro de convivência, que funcio-
nava desde setembro de 1992, também foi fechado por
problemas na infraestrutura. Na tentativa de tirar a
praça da situação de caos, moradores e comerciantes
se reuniram e fundaram a Ação Local Roosevelt. Os te-
atros começaram a se instalar na praça nesse período.

7 8
Cedendo à pressão das associações de moradores e
2000

comerciantes – e considerando a latente necessidade


de revitalização –, em 2006 a prefeitura anunciou
nova reforma. O projeto previa a derrubada do pen-
tágono (7), a criação de uma área mais arborizada e
a instalação de um telecentro. Mas a ideia não saiu
imediatamente do papel. Apenas quatro anos depois,
após mudanças no projeto, a Roosevelt se transfor-
mou num canteiro de obras (8). Antes do início da
reforma, o cenário já se mostrava favorável. Imóveis
abandonados começavam a ser ocupados por novos
teatros, lojas, bares, restaurantes e livrarias.
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B R Pela primeira vez em sua história, teve início no segundo semestre de 2010

O uma grande reforma estrutural na praça, que custou R$ 55 milhões. A pri-

E M meira fase foi concluída em setembro de 2012. A segunda tem previsão de


término no final do mesmo ano. O estacionamento no subsolo também está

AS sendo reformado, mas só deve começar a funcionar após licitação para de-

B R finir a empresa operadora, ainda sem prazo determinado. Terminada a obra,

O
o trabalho mais difícil está apenas começando: o desafio de fazer da praça
um espaço de convívio dos paulistanos.

EM
No sábado 29 de setembro de 2012 – um final de semana antes
do primeiro turno das eleições municipais – a praça Roosevelt
foi reinaugurada com a presença do prefeito da cidade Gilberto
Kassab, funcionários que trabalharam na obra e moradores. Em
clima de festa, com direito a apresentação da banda da Guarda
Civil Metropolitana ( gcm), a cerimônia também contou com
benção de representantes religiosos das igrejas locais e expo-
sição fotográfica de todas as fases da reforma, com curadoria de
Dario Bueno. Longe de ser uma unanimidade, as críticas à nova
Roosevelt já começaram a surgir: skatistas atrapalhando a circu-
lação das pessoas, fazendo muito barulho durante a madrugada e
danificando o patrimônio, cachorros passeando sem coleira, falta
de bebedouros etc. A base do batalhão da Policia Militar, maior
reivindicação dos moradores e comerciantes, está prevista para
ser entregue até o fim do ano. Câmeras de segurança estão em fase

RE INAUGURAÇÃO
de instalação. Na manhã da segunda-feira, 1 de outubro, apenas
dois dias após a inauguração, a praça amanheceu pichada, para
desgosto dos paulistanos.
A NOVA ROOSEVELT R. JOÃO
GUIMAR
ÃES RO
SA

PISO ECOLÓGICO E TÁTIL

CACHORRÓDROMO

SISTEMA ESPECIAL
DE ILUMINAÇÃO

BASE DA GUARDA CIVIL


METROPOLITANA

FLORICULTURAS

SSA
ESTRUTURA DE CONCRETO DEMOLIDA

DA
SEN JA NO

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216 ÁRVORES

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SOL
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2ª. FASE

CONS
[PREVISÃO: DEZEMBRO / 2012]

R. DA
> Integração completa com as ruas
que a circulam, por meio de duas
R.
esplanadas, uma ligando a rua da M
AR
TI PLAYGROUND
Consolação à rua Augusta e outra a NH
O
rua Guimarães Rosa à Consolação PR
ADO
> base do batalhão da Polícia Militar
O projeto da nova Roosevelt não agradou a todos. Já os membros da Ação Local Roosevelt e a maio-
A moradora Carmen Zilda Ribeiro, uma das fun- ria dos gestores dos teatros são favoráveis à de-
dadoras do Comitê Gestor da praça, organizou molição do pentágono. “Com o pentágono não se
dois abaixo-assinados contra a derrubada da tinha segurança porque a gente não conseguia
área de concreto e garante ter reunido mais de ver o que acontecia do outro lado da praça”, diz
2 mil assinaturas. Segundo ela, sem a estrutura, Luiz Cuza, presidente da Ação Local.
os skatistas, por exemplo, não serão contempla- QUEM DÁ MAIS
dos na reforma. “Derrubaram a praça em vez de Junto à reforma vem a especulação imo-
ajeitar os problemas, de fazer manutenção. Isso biliária. Teatros, restaurantes e outros
não é certo”, afirma. comércios que não têm sede própria e pa-
gam aluguel estão preocupados. “Vamos
tentar conscientizar os proprietários
de que se os teatros saírem, a praça pode
voltar a se desvalorizar e, a longo prazo,
eles vão sair perdendo”, argumenta Cuza.
Dulce Muniz, do Teatro Studio 184,
concorda: “A arte, onde quer que ela
esteja, é transformadora”. A livraria hq
Mix foi a primeira a sentir a alta dos alu-
guéis. Depois de quatro anos e meio na
praça, teve que deixar o local no fim de
2011. O dono, Gualberto Costa, conta que
o proprietário do imóvel triplicou o valor
do aluguel, o que inviabilizou a perma-
nência da livraria ali. Agora, a hq Mix está
no bairro de Higienópolis, ironicamente
uma das regiões mais caras da cidade.
Mas Costa ainda acalenta o sonho de vol-
tar para a Roosevelt. “Tenho meu coração
naquela praça”, diz.
CHEIA
DE
A praça Roosevelt foi o berço da Bossa Nova em São Paulo nas
décadas de 1950 e 1960. Foi na Baiúca que se formou o Zimbo
Trio, em 1964, um dos grupos mais representativos da bossa pau-
listana. Os músicos César Camargo Mariano, Johnny Alf, as can-
toras Claudete Soares, Alaíde Costa e tantos outros se apresen-
taram lá. Dick Farney, expoente do gênero, chegou a ter um bar
na praça, o Farney’s, que em 1962 deu lugar à boate Djalma. Dois
anos depois, seu palco receberia o primeiro show de Elis Regina
em São Paulo.
Quem queria dançar, atravessava para o outro lado e ia ao
Stardust, onde o conjunto Robledo comandava a animação. Anos
depois, o cantor Jair Rodrigues levou seu gingado para lá. Na rua
Nestor Pestana funcionava a tv Excelsior, que promovia gran-

BOSSA
des festivais de música. Também nos arredores, a Universidade
Presbiteriana Mackenzie recebeu shows da Bossa Nova. Alaíde
Costa, Claudete Soares, Vinicius de Moraes, João Gilberto
e Baden Powell se apresentaram lá em 27 de junho de 1961.
A Bossa Nova não resistiu à barulheira causada pela obra de
construção da estrutura de concreto da praça, no fim da década
de 1960, e o local deixou de ser um polo musical.
O Cine Bijou começou a funcionar em junho de 1962, no nú-
mero 172 da praça Roosevelt. Era uma sala pequenininha, com
apenas 137 poltronas – daí a carinhosa denominação em fran-
cês (bijou = joia). A programação fazia jus ao nome: filmes de
arte, a maioria premiados, de cineastas como Ingmar Bergman,
Stanley Kubrick, Michelangelo Antonioni, Federico Fellini, Luis
Buñuel e tantos outros.
“Tinha gente que não queria perder o filme de jeito nenhum e
pedia para assistir de pé ou sentado no chão. A sala ficava super-

JOIA
lotada”, lembra o antigo dono do cinema, Francisco Coelho, 74
anos, que passou a administrar o Bijou em 1967. Seu Francisco
conta que muitas pessoas assistiam às películas – que nunca
eram os últimos lançamentos da telona – mais de uma vez.
“Eram filmes de arte, densos, muitos não entendiam a história e

DA
voltavam para ver de novo, conversavam com os amigos para en-
tender melhor.”
Estudantes, intelectuais e artistas eram maioria entre o pú-
blico do Bijou, além de militantes de esquerda que puderam

SÉTIMA
ver nas telas, nos anos de chumbo da Ditadura Militar, histó-
rias sobre movimentos grevistas e sindicalistas, como em Os
companheiros (1963), de Mario Monicelli e Mimi, o metalúrgico
(1972), de Lina Wertmüller. “Acho que, como era cinema de arte,
os militares não implicavam com o Bijou. Eu sempre ia pedir au-

ARTE
torização para passar os filmes, na época da censura, e eles libe-
ravam todos”, conta seu Francisco.
Em 1972, o cinema ganhou outra sala, vizinha à primeira,
batizada como Bijou – Sérgio Cardoso. Na década de 1990, os
Bijous, assim como vários cinemas de rua, foram vítimas da de-
cadência do centro de São Paulo e da concorrência com os mul-
tiplex em ascensão. Nessa época, a praça Roosevelt sofria com a
prostituição e o tráfico de drogas, o que afastou até os mais fiéis
espectadores. Seu Francisco não teve escolha: foi obrigado a fe-
char as salas. As telas se apagaram em setembro de 1996. Hoje
em dia, apenas um cartaz na fachada lembra os passantes: “aqui
funcionou o antigo Cine Bijou”.
CHEGA DE SAUDADE

REMANDO CONTRA

A MARÉ
Em 1999, o Bijou renasceu. Reformada, a antiga sala passou De agosto a dezembro de 2010, um grupo de jovens e
a funcionar como cinema e teatro: o Cine Teatro Recriarte militantes de esquerda frequentadores do antigo Cine
Bijou. Nos moldes de antigamente, contava inclusive com Bijou promoveram sessões gratuitas na sala que fora o
laterninhas durante as sessões. Bijou – Sérgio Cardoso, hoje Teatro Studio 184. O pro-
O público pôde rever filmes que haviam sido exibidos jeto “Cine Bijou – Cinema e Memória” incluía exibi-
na época áurea do Bijou. Com as projeções, peças e outras ção de filmes seguida de debate. “Vinham antigos fre-
atividades, o Cine Teatro chegou a receber 20 mil espec- quentadores saudosistas e também jovens querendo
tadores em um ano. Mesmo assim, a arrecadação não foi participar daquele momento”, diz Dulce Muniz, ges-
suficiente para manter o local. Com o tempo, o público di- tora do Teatro Studio 184. Segundo ela, o projeto deve
minuiu e o projeto tornou-se inviável. Em 2003, o espaço ser retomado no primeiro semestre de 2013.
virou o Teatro do Ator.
Com a degradação das regiões centrais e a multiplicação
dos shoppings centers nas grandes cidades, os cinemas de
rua brasileiros começaram a assistir à sua extinção a partir
da década de 1980.
Um exemplo recente muito sentido pelos paulistanos foi o
fechamento do Cine Belas Artes, em março de 2011. Instalado
em um prédio alugado na rua da Consolação, ele não resistiu
aos efeitos da especulação imobiliária. No ano anterior, o
Gemini, que funcionava na avenida Paulista, teve que en-
cerrar as atividades por falta de público. Na região central, o
cinema Comodoro, um dos maiores da cidade, com mais de
mil poltronas, exibiu sua última sessão alguns anos antes, em
1997. Em 2000, um incêndio destruiu o local e acabou de vez
com as esperanças de reabertura da antiga sala.
Não se trata de casos isolados. Dados da Agência Nacional
do Cinema (Ancine) revelam que existem hoje na cidade de
São Paulo 58 700 poltronas em 276 salas de shopping contra
4 100 poltronas em 22 salas de rua, o que representa menos
de 7% do total disponível.
PROJECIONISTA

É o responsável por preparar o filme


para ser exibido no cinema: encaixar
os rolos no projetor, verificar quali-
LANTERNINHA
dade de som e imagem e cuidar para
que a película seja exibida sem ne- Profissão praticamente extinta nos
nhuma interrupção. cinemas, era o funcionário que circu-
lava com uma lanterna no interior das
BILHETEIRO
salas de projeção, ajudando as pes-
soas atrasadas a se acomodar e atra- É a pessoa que vende os ingres-
sos para as sessões ou confere os
A vida desses profissionais palhando os casais apaixonados que
não resistiam ao escurinho do cinema. tickets na entrada da sala, as car-
daria um filme... teirinhas de estudante, os com-
provantes de terceira idade etc., e
ainda distribui os óculos 3D, sem PIPOQUEIRO
deixar de desejar “um bom filme” Essa profissão não vai acabar
a cada um dos espectadores. nunca: cinema sem pipoca perde
parte da graça. O cheirinho atrai
os espectadores – pode ser doce,
salgada, com manteiga...
Em um local dominado pelo tráfico de drogas e pela prostituição, alguns grupos de

ABREM-SE teatro viram na arte uma possibilidade de renovação. O começo não foi fácil: a inse-
gurança afastava o público e até os críticos teatrais. Mas com o esforço dos artistas e
dos moradores, que foram se apropriando cada vez mais do espaço, a região foi mu-

AS dando e hoje seis teatros funcionam na mesma calçada, com apresentações lotadas
todos os finais de semana. Ao contrário do que se possa imaginar, não há preocupa-
ção com a concorrência: a palavra de ordem é agregar. “Nós fomos muito bem recebi-

CORTINAS dos e fazemos isso com quem chega também”, conta Hugo Possolo, um dos criadores
do Parlapatões.

APRENDIZES DE ATOR

SATYROS “Tínhamos a ideia de tentar por PARLAPATÕES Os Parlapatões ocuparam TEATRO STUDIO 184 É o teatro mais antigo TEATRO SESC ANCHIETA Inaugurado em A calçada da praça Roosevelt ganhou mais
cinco anos e se não desse certo nos mudaría- uma parte ainda escura da praça, onde não em funcionamento na praça, no número 184. agosto de 1967, vizinho à Roosevelt, o Sesc uma área dedicada às artes cênicas. A SP
mos”, lembra Rodolfo Garcia Vasquez, um dos havia teatros, no número 158. Adepta do tea­ Foi fundado em 1997, e é gerido pela atriz, dire- Consolação abriga, no Teatro Sesc Anchieta Escola de Teatro, uma instituição do go-
fundadores do Satyros. Com esta mentalidade, tro de rua, depois de participar de uma edi- tora e dramaturga Dulce Muniz. Além dos es- uma série de festivais e mostras artísticas. verno do estado, oferece oito cursos profis-
o grupo inaugurou sua sede própria na praça, ção das Satyrianas, a companhia decidiu se petáculos teatrais, promove palestras, debates Ali, desde 1982 é mantido, sob direção de sionalizantes gratuitos: direção, atuação, ce-
no número 214, no ano 2000. No início, houve fixar na Roosevelt em 2006. “Eu costumava e eventos culturais. Antunes Filho, o Centro de Pesquisa Teatral nografia e figurino, dramaturgia, iluminação,
até apresentação para um único espectador. vir aqui na época do Cine Bijou. Para mim, tel. [11] 3259-6940 – cpt, um dos mais importantes núcleos de sonoplastia, técnicas de palco e humor. As
Para se integrar aos frequentadores da praça, a praça sempre teve vocação cultural”, co- produção da atualidade, reconhecido por seu 25 vagas de cada turma são muito concorri-
em 2003 eles convidaram uma famosa travesti menta Hugo Possolo. TEATRO DO ATOR Fica no numero 172, onde rigor técnico e pelos pressupostos humanís- das. Para os estudantes de escolas públicas,
da cena paulistana, Phedra de Córdoba, para Em 5 de dezembro de 2009, um triste epi- antes funcionava o Cine Bijou. O espaço re- ticos que regem seus espetáculos. a instituição mantém o programa Kairós,
atuar na companhia. Um ano depois, Vasquez sódio marcou a história do grupo. O bar do cebe espetáculos produzidos pelos atores da rua Dr. Vila Nova, 245 que disponibiliza bolsa para suprir parte
escreveu a peça Transex, sobre as histórias da Espaço Parlapatões sofreu um assalto e o Escola de Arte e Comunicação Recriarte e tel. [11] 3234-3000; sescsp.org.br das necessidades dos aprendizes com trans-
Roosevelt e, além de Phedra, outra travesti ex- dramaturgo Mário Bortolotto ficou ferido. também é alugado por outras companhias. porte, alimentação, materiais etc. O pro-
-aluna do grupo também participou da mon- “Aconteceu aqui como poderia acontecer tel. [11] 3257-2264 grama também é responsável pela admissão
tagem. Nesse período, a companhia recebeu em qualquer lugar. Nessas situações, não po- de transexuais para trabalhar na escola. “É
prêmios importantes, como o Shell de 2005 de demos recuar. O espaço do cidadão é a rua, MINITEATRO Com apenas 150 metros qua- uma forma de não esquecer que a origem do
melhor direção para Vasquez pelo espetáculo se ele não a ocupa, não exerce a cidadania”, drados, é o mais recente na praça (e o menor) nosso projeto é a praça Roosevelt, e a praça
A vida na praça Roosevelt. afirma Possolo. – abriu as portas em dezembro de 2009, no era o reduto dos transexuais”, explica Ivam
Também em 2005 foi inaugurado o espaço O grupo já encenou mais de vinte peças, número 108. Abriga as produções do grupo Cabral, diretor executivo da escola e um dos
dos Satyros 2, no número 124. O grupo hoje muitas delas de comédia e mesmo com sede Cia da Revista e de outros grupos que alugam fundadores do grupo Satyros.
conta com oitenta atores. própria não deixa de excursionar pelo país. o espaço. tel. [11] 2292-7988; spescoladeteatro.org.br
tel. [11] 3258-6345; satyros.com.br tel. [11] 3258-4449; parlapatoes.com.br tel. [11] 2865-5955; miniteatro.com.br
UM
ESPETÁCULO
DE
TEATRO
A poucos metros da praça, na rua Nestor Pestana, RECOMEÇO Na madrugada do dia 17 de agosto
fica um dos principais teatros de São Paulo, o de 2008, um incêndio de grandes proporções
Cultura Artística. O prédio, projetado pelo arqui- destruiu praticamente todo o Cultura Artística.
teto Rino Levi, foi inaugurado em 1950 com con- Felizmente, a fachada do prédio, que abriga um dos
certos dos dois principais compositores da época, maiores painéis do artista plástico Di Cavalcanti
Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarneri. (48 metros de largura e oito de altura), sobreviveu
Reconhecida pela acústica invejável, a casa às chamas, apesar de ter sofrido alguns danos. No
tornou-se referência em espetáculos de mú- interior, poltronas, refletores, cortinas, pianos, ce-
sica erudita na cidade e já recebeu a Orquestra nários – tudo foi consumido pelo fogo.
Filarmônica de Nova York. Na década de 1970, O prédio passa por um processo de reconstru-
chegou a ser sede da Orquestra Sinfônica do ção – a obra deve custar R$ 85 milhões. O novo
Estado de São Paulo, a Osesp. projeto do imóvel teve a primeira fase concluída
O espaço também abrigou grandes espetáculos e a segunda etapa está prevista para começar no
teatrais protagonizados por Fernanda Montenegro, início de 2013.
Antônio Fagundes, Marco Nanini, Bibi Ferreira, O novo teatro terá duas salas de espetáculos,
entre outros. E foi lá que Paulo Autran se despediu com 1 200 e trezentos lugares, um terraço com
dos palcos, encenando sua última peça antes de fa- jardim, com vista para a praça Roosevelt e a rua
lecer, O avarento, de Molière. Augusta, e um bar.
PASSADO
Mesmo antes de ser oficialmente uma Na década de 1970, uma exposição de
carros de Fórmula 1 celebrou o bicam-
praça, a Roosevelt já era um curioso peonato do piloto Emerson Fittipaldi
local de entretenimento da cidade (1972 e 1974).

No começo do século passado, existia um velódromo no des-


campado que ainda não era oficialmente uma praça. Além
das corridas de bicicleta, eram disputadas ali partidas de
futebol, a exemplo do primeiro Campeonato Paulista, em
1902. Entre os jogadores, estava ninguém menos que o inglês

VIDA
Charles Miller, considerado o introdutor do futebol no Brasil.
O velódromo foi palco das partidas finais dos campeonatos
de 1902 a 1908, de 1910 a 1913, e de 1915.

Em novembro de 2005, a primeira edição da Virada


Cultural – evento que promove atividades culturais e
de lazer durante 24 horas seguidas na capital – levou
o Mercado Mundo Mix para a praça. O evento con-
tou com mais de cem expositores dos segmentos de
moda, decoração, acessórios, além de apresentações Os comerciantes locais contam que,
de DJs. Em 2010, os adeptos do cosplay – pessoas que quando o Brasil ganhou o tricampeo­
se caracterizam como personagens de videogame, nato mundial de futebol, em 1970, a
mangá e filmes – marcaram presença na Virada. taça Jules Rimet foi exposta na praça.
PRESENTE

A primavera é recebida com uma maratona de arte


na Roosevelt: as Satyrianas. Promovido pelo grupo
Satyros, acontece durante 78 horas ininterruptas e
reúne diversas atividades teatrais, circenses, musi-
cais, literárias, de artes de rua e cinema. Os eventos

VIDA
são realizados nos teatros, nos estabelecimentos
comerciais e na própria praça. Na edição de 2009,
recebeu mais de 50 mil espectadores.

A Parada do orgulho lgbt ( lésbicas, gays,


bissexuais, travestis e transexuais)
percorre a avenida Paulista, desce a
rua da Consolação e termina na praça
Roosevelt. O evento ocorre anualmente
e atrai a segunda maior quantidade de
turistas para a capital, perdendo apenas
para o carnaval.
ENDEREÇO RESIDENCIAL:
Cerca de 2 mil pessoas vivem nos 832 gada de 1992, sofreu um assalto na praça anos, garante que a situação começou a
PR AÇA apartamentos da praça. Atraídos pelas
facilidades de viver perto do centro, os
e levou três tiros.
Depois, residiu por dois anos em Curi­
melhorar em 1995, com o envolvimento
dos moradores e a presença da polícia.

R OOS E VEL T moradores não imaginavam a degrada-


ção por que ela passaria durante cerca
tiba, mas logo decidiu voltar e se enga-
jar na melhoria do lugar. “Os moradores
“A gente ficou mais presente. A ideia era
ocupar a praça porque onde tem gente de
de vinte anos, do final da década de 1970 ajudavam na segurança. Eu fazia rondas bem não tem coisa ruim.”
até a década de 1990. “Aqui chegou a ser e tinha um grupo de mulheres que ficava A chegada dos teatros no fim da década
uma extensão da Cracolândia”, lembra nas janelas observando os criminosos e de 1990 também foi decisiva porque
o funcionário público João Carlos dos avisando a polícia. A gente chamava elas trouxe maior movimentação para uma
Santos, de 56 anos, que vive na praça de ‘as corujinhas’”, conta. área antes sem muitos atrativos.
desde 1980. Ele mesmo chegou a ser A corretora de imóveis Andréa Caval­
vítima dessa situação. Em uma madru- cante, 44 anos, que vive na praça há vinte
A HISTÓRIA EM CLIQUES
Do alto de sua varanda no 16º. andar do edifício Icaraí,
Dario Bueno, de 65 anos, acompanhou e registrou
todos os momentos da recente reforma da praça. Ele
contabilizou cerca de 2 500 fotografias.
Embora more na praça há apenas seis anos, a re-
lação de Dario com o espaço é antiga, vem da década
de 1970, quando frequentava o Cine Bijou. Há muitos
anos também comprou, numa feira de antiguidades,
várias fotografias da época da construção e inaugu-
ração da praça, um importante documento histórico.
Em 2006, quando foi morar na Roosevelt, de ime-
diato se apaixonou por aquela estrutura de concreto
e aço.
Em 2010, quando a praça completou quarenta
anos, Dario fez uma exposição das fotos antigas que
guardava. Os painéis foram fixados em mais de qua-
renta pontos da Roosevelt – comércios, barbearia,
pet shop, restaurantes, prédios residenciais, teatros
e até na igreja da Consolação.
Em 2011, realizou outra exposição retratando três
momentos distintos: a construção há quarenta anos,
a praça em 2006 e a fase de demolição no início da
última reforma. Com o título “Arquitetura da des-
construção”, as fotos foram expostas na Roosevelt e
na rua Nestor Pestana. “São exposições para os pas-
santes, para qualquer pessoa ver. Não tem descritivo,
não precisa ler nada, só olhar e refletir.”
Na reinauguração da praça, em setembro de 2012, as
fotos tiradas por Dario durante os dois anos da reforma
foram expostas na Roosevelt, no espaço que abrigará
as floriculturas. Agora, a intenção é espalhá-las, como
fez anteriormente, pelos estabalecimentos da região.
VIZINHO Morador de um prédio ao lado do Minhocão há dez anos, o
fotógrafo e artista plástico Felipe Morozini, 36 anos, não
INCÔMODO dorme sem tapa ouvidos. Durante o dia, convive com os
ruídos, já que também mantém seu estúdio na cobertura
no 13º. andar.
Em 2009, decidiu presentear a cidade com a pintura
Obra viária mais polêmica do centro de São Paulo, o
de flores no asfalto do elevado. A intervenção artística foi
Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, é tema do curta-metragem Os jardins suspensos da Babilônia.
alvo de críticas desde sua inauguração, em 1971. A via, “Pintar as flores foi uma forma de dizer para os cidadãos
idealizada pelo então prefeito Paulo Maluf, surgiu ‘vamos ser gentis com a cidade, com o lugar onde a gente
como uma alternativa de ligação entre as regiões cen- mora’”, explica.
tral e oeste da cidade. Vencido pelo barulho, ele agora pensa em se mudar dali.
Vizinho à praça, e erguido em meio a prédios, a ape- Mas a separação do elevado não será em tempo integral.
nas 5 metros das janelas dos edifícios, o elevado é tido Mantendo o estúdio no apartamento, o trabalho seguirá ao
como um dos grandes responsáveis pela degradação som de buzinas e motores.
da área. O barulho dos carros invade os apartamen-
tos. São cerca de 22 mil veículos no horário de pico da
manhã e 19 mil no fim da tarde.
Para dar aos moradores vizinhos alguma tranquili- O ELEVADO COMO INSPIRAÇÃO
dade, desde 1989 o elevado fica fechado após 21h30 e
> O elevado serviu de cenário para o filme
aos domingos, quando é usado como área de lazer pela
Ensaio sobre a cegueira (2008), de Fernando
população.
Arquitetos já propuseram a suspensão do uso do Meirelles, inspirado no livro homônimo de
Minhocão como sistema viário. O fim do elevado nor- José Saramago.
teou diversos projetos arquitetônicos e é também pro-
> A grife Cavalera transformou o elevado em
messa de quase todos os prefeitos. Mas a ideia nunca
saiu do papel porque esbarra na necessidade de uma uma “praia”: modelos de biquíni desfilaram ali
alternativa ao trânsito e no alto custo da construção a coleção verão da marca na São Paulo Fashion
de uma nova via. Week de 2009.
Em 2010, o prefeito Gilberto Kassab anunciou um
projeto arrojado: a demolição do elevado e o desloca- > O documentário Elevado 3.5 (2007), diri-
mento do fluxo de veículos para uma via-parque cons- gido por João Sodré, Maíra Buhler e Paulo
truída onde hoje passa a linha férrea da cptm, que, por Pastorelo, conta as histórias de quem vive
sua vez, circularia por um túnel subterrâneo. A pre- ao lado do Minhocão. Para saber mais, acesse
feitura já lançou uma licitação para o projeto urbanís- elevadotrespontocinco.com.br.
tico da área, mas, pela complexidade da intervenção,
mudanças não devem ocorrer a curto prazo.
COMER

NA PRAÇA

LA BARCA GIGETTO VOCÊ VAI SE QUISER

O bar e restaurante serve almoço, lanches, porções O Gigetto tem 72 anos de história e é bastante Tem apresentações ao vivo de samba de raiz
e sopas à noite. Funciona na praça desde 2000 e frequentado por artistas que apreciam tanto a cantado por Graça Braga, fundadora da casa,
recebe o público que trabalha no centro e também comida italiana como as receitas bem brasileiras, e artistas convidados. Às sextas-feiras, serve
os frequentadores dos teatros. com destaque para a dobradinha. petiscos e macarronada e, aos sábados, feijoada.
praça Roosevelt, 226 rua Avanhandava, 63 rua João Guimarães Rosa, 241
Todos os dias, 10h/0h; tel. [11] 3255-3849 Seg. a qui., 11h30/16h e 18h/1h30; sex. e sáb., 11h30/2h30; Sex., 19h/23h; sáb., 13h/21h; tel. [11] 3129-4550
dom., 11h30/1h; tel. [11] 3259-8289; gigetto.com.br

ROSE VELT PAPO, PINGA E PETISCO FAMIGLIA MANCINI

Restaurante e cachaçaria, serve refeições, com O nome já resume o bar, que tem no cardápio onze Serve a tradicional comida italiana há trinta anos.
destaque para os pratos de comida italiana. tipos de cachaça feitos artesanalmente e outros 25 Muito concorrido, é recomendável chegar cedo.
A decoração reflete o clima da praça e é assinada rótulos de pingas mineiras. Serve petiscos, porções O grupo possui outros quatro restaurantes na rua
pelo artista plástico Fábio Delduque, um dos sócios e caldos. Avanhandava: Pizzaria Famiglia Mancini, Walter
do estabelecimento. praça Roosevelt, 118 Mancini Ristorante, Central 22 e Madrepérola.
praça Roosevelt, 124 Seg. a qui., 18h/1h; sex. e sáb., 18h/2h30; tel. [11] 3257-4106 rua Avanhandava, 81
Ter. a qui., 18h/0h30; sex., 18h/2h30; Sab., 20h/2h30; Dom. a qua., 11h30/1h; qui., 11h30/2h; sex e sáb., 11h30/3h;
dom., 19h/23h30; tel. [11] 3129-5498; rosevelt.com.br tel. [11] 3256-4320; famigliamancini.com.br
COLEÇÃO ÓPERA URBANA serviço social do comércio

Administração Regional no Estado de São Paulo


cidade dos deitados
Heloisa Prieto / Elizabeth Tognato Presidente do Conselho Regional
Abram Szajman
montanha-russa
Fernando Bonassi / Jan Limpens Diretor Regional
Danilo Santos de Miranda
@ Cosac Naify, 2012
surfando na marquise
Paulo Bloise / Daniel Kondo
edições sesc sp Coordenação editorial Vanessa Gonçalves
Conselho Editorial Pesquisa e texto Luísa Gonçalves
av. paulista
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Carla Caffé
Joel Naimayer Padula Revisão Thiago Lins e Ana Paula Martini
Luiz Deoclécio Massaro Galina
cine bijou
Sérgio José Battistelli A editora agradece a Dario Bueno pelas imagens
Marcelo Coelho / Caco Galhardo
gentilmente cedidas para este libreto.
visite o site operaurbana.com.br Gerente Marcos Lepiscopo
Gerente Adjunta Évelim Lúcia Moraes
Nesta edição, respeitou-se o novo
Coordenação Editorial Clívia Ramiro Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Produção Editorial Ana Cristina Pinho
Colaboradores Marta Colabone, Hélcio
Magalhães e Fabio Pinotti

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