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1ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITOS HUMANOS
Tema: Da educação

É possível exigir que o Município disponibilize vaga em uma creche


próxima à residência ou ao trabalho dos pais? Fundamente a
resposta com foco nos Direitos Humanos.

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Educação é direito fundamental social, prevista tanto no


ordenamento interno como em tratados internacionais.
Os artigos 13 e 14 do Pacto Internacional do Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais de 1966, já previam a
indisponibilidade desse direito. Segue parte da redação do artigo
13: “Artigo 13 §1. Os Estados-partes no presente Pacto
reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam
em que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do sentido de sua dignidade e a
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades
fundamentais. Concordam ainda que a educação deverá
1.1 Direito fundamental 0.50 capacitar todas as pessoas a participar efetivamente de uma
sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais,
étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações
Unidas em prol da manutenção da paz.
Temos também o art. 26 da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos de 1996, além do art. 7º, XXV e 208, IV da
CF, Estatuto da Criança e do Adolescentes (53, V, 54, IV) e a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (art. 4º, IV, art. 29.),
tratando sobre a importância do direito à educação, que o
elenca como um dos direitos pertencentes ao rol do mínimo
existencial.

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É obrigação do município garantir a matrícula e permanência de


todas as crianças com idades até 5 anos, em creches e pré-
escolas. De acordo o artigo 211, parágrafo 2º: Os Municípios
atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação
infantil.
Compete ao Estado, mais precisamente ao Município no âmbito
da educação infantil, efetivar a educação, garantindo o acesso
gratuito em creche mais próxima da residência da criança ou do
trabalho dos pais, pois a educação infantil, primeira etapa da
educação básica e política de inclusão social, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até três anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
Dever-Município- complementando a ação da família e da comunidade. Vale
1.2 0.50
fornecer a todos. ressaltar que o direito à creche é direito fundamental da criança
e não dos pais que trabalham, sendo assim, ainda que esses
não estejam trabalhando, subsiste o direito do infante.
A jurisprudência é farta nesse sentido. Vide- STF: AI 474.444-
AgR/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO; RE 410.715- AgR/SP,
Rel. Min. CELSO DE MELLO; RE 436.996-AgR/SP, Rel. Min.
CELSO DE MELLO; ADPF 45/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO
- Informativo/STF nº 345/2004; AI 455.802/SP, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO; AI 475.571/SP, Rel. Min. MARCO
AURÉLIO; RE 401.673/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, RE
410.715-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO; RE 411.518-
AgR/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RE 436.996/SP, Rel.
Min. CELSO DE MELLO.

Resposta ideal:
Sim, com base em tratados internacionais, jurisprudência das cortes
superiores, CF (art. 205 e segs) e Eca (art. 53, V e 54, IV) educação é
direito fundamental, portanto, dever do Estado fornecê-lo de forma
gratuita e próxima a residência.

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2ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO
Tema: Da intervenção do Estado na propriedade

Conceitue requisição administrativa e ocupação temporária.

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Requisição é o instrumento de intervenção estatal mediante o


qual, em situação de perigo público iminente, o Estado utiliza
bens móveis, imóveis ou serviços particulares com indenização
ulterior, se houver dano.
Na lição do professor Hely Lopes Meirelles, “requisição é a
utilização coativa de bens ou serviços particulares pelo Poder
Público por ato de execução imediata e direta da autoridade
requisitante e indenização ulterior, para atendimento de
necessidades coletiva urgentes e transitórias.
Há, na vigente Constituição, previsão expressa para o instituto
em seu art. 5º, XXV: “no caso de iminente perigo público, a
Requisição- autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
bens/serviços
2.1 0.50 assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
particulares-perigo Possui natureza jurídica de intervenção do Estado na
imine propriedade, na modalidade limitação, uma vez que
desaparecendo a situação de perigo público iminente, ocorre
sua extinção, não sendo portanto, caso de supressão da
propriedade, como ocorre com a desapropriação.
Ainda nos ensinamentos do professor Hely Lopes, o ato de
requisição é sempre um ato de império do Poder Público,
discricionário quanto ao objeto e oportunidade da medida, mas
condicionado à existência de perigo público iminente e vinculado
à lei quanto à competência da autoridade requisitante, à
finalidade do ato e, quando for o caso, ao procedimento
adequado.

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A ocupação temporário é uma modalidade de intervenção do


Estado que restringe o caráter exclusivo da propriedade, nos
casos de necessidade pública.
Para o professor Hely Lopes, “ocupação temporária ou
provisória é a utilização transitória, remunerada ou gratuita, de
bens particulares pelo Poder Público, para a execução de obras,
serviços ou atividades públicas ou de interesse público.”
Há previsão do instituto no artigo 36 do decreto-lei 3.365/41: “É
permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal,
por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e
Ocupação-imóveis necessários à sua realização”. Exemplos: época das eleições ou
2.2 privados-interesse 0.50 campanhas de vacinação pública, em que o Poder Público usa
público de escolas, clubes e outros estabelecimentos privados para a
prestação dos serviços.
Não obstante, em regra geral, a doutrina entender que a
ocupação incide apenas sobre bens imóveis, o legislador previu
no art. 80 da lei 8666/93, a ocupação de bens móveis e imóveis.
Por fim, vale ressaltar que uma diferença elementar entre a
ocupação temporária e a requisição administrativa decorre do
fato de que a segunda pressupõe iminente perigo público,
enquanto a primeira pressupõe apenas interesse público,
dando-se via de regra, em imóvel.

Resposta ideal:
Pelo art. 5º, XXV da CF, requisição é a utilização pelo Estado de bens
móveis, imóveis ou serviços particulares em situação de perigo
iminente. Ocupação, no art. 36 do Dec 3365/41, é a utilização
transitória pelo Poder Público de imóveis privados, vizinhos às obras e
necessários à sua realização.

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3ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO
Tema: Dos poderes da administração- Poder de Polícia.

Quais são os ciclos do poder de polícia? Pode ser delegado à


particular?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

o art. 78 do CTN define o Poder de Polícia como função da


Administração Pública de limitar ou disciplinar direitos,
regulando a prática de ato ou abstenção de fatos, em razão do
interesse da coletividade, concernente à segurança, à higiene, à
ordem, aos costumes, ao exercício de atividades econômicas
que dependem de autorização e concessão, bem como aos
Ciclos:ordem- direitos individuais e coletivos.
3.1 consentimento- 0.50 Alguns administrativistas, como Diogo de Figueiredo Moreira
fiscalização-sanção Neto e Marcos Juruena Vilela Santos, propõem, didaticamente,
uma organização sequencial na atuação do poder de polícia,
dando origem ao denominado “ciclo de polícia”.
Essa doutrina, encampada inclusive em julgados de nossos
tribunais superiores (vide Resp 817.534/MG), afirma que o ciclo
se desenvolve em 4 fases: ordem de polícia, consentimento de
polícia, fiscalização de polícia e sanção de polícia.

Quanto à sua delegação ao particular, a regra é que ele não


pode ser delegado, sob pena de comprometer a segurança
jurídica. O STF analisou essa questão na ADI 17171, na qual
afirmou que os conselhos de classe não poderiam fazer parte da
esfera privada, por exercerem poder de polícia. No entanto,
decidiu que é possível a delegação de atos materiais, atos
instrumentais e atos preparatórios do poder de polícia.
O STF também definiu a tese de que é constitucional a
atribuição às guardas municipais do exercício do poder de
polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções
Delegação particular: administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito).
3.2 consentimento e 0.50 STF. Plenário.RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
fiscalização p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015 (Info
793).
Apesar da divergência quanto à delegação do poder de polícia
ao particular, o professor Diogo de Figueiredo traz que algumas
fases do ciclo de polícia, como não se relacionam com o
exercício do poder de império, poderiam ser delegadas para
particulares. E nessa esteira, o STJ entende que podem ser
transferidos ao particular somente os atos de consentimento
(como a concessão de CNH) e os atos de fiscalização (como
instalação de equipamentos eletrônicos de velocidade),
referentes ao poder de polícia.

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Resposta ideal:
O STJ, no Resp 817.534/MG, trouxe que as atividades envolvendo o
poder de polícia podem ser divididas em 4 grupos: poder de legislar,
poder de consentimento, fiscalização e aplicação de sanção, sendo
que podem ser transferidos ao particular somente os atos de
consentimento e os atos de fiscalização.

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4ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO CIVIL
Tema: 8. Do direito das obrigações. Das modalidades e efeitos. Adimplemento, extinção e inadimplemento das obrigações. Cláusula
Penal e arras. Transferência das obrigações.

Em que hipóteses se aplica a Teoria do Adimplemento Substancial?


E de quais princípios decorre?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

De acordo com a teoria citada, não é justo nem razoável


considerar-se resolvida a obrigação quando o devedor, embora
não haja cumprido a prestação de forma perfeita, tenha se
aproximado substancialmente de seu resultado final. Esta teoria
tem especial aplicação no contrato de seguro, já havendo
julgados que a amparam inclusive para outras formas
contratuais. Vide Resp 415.971/SP.
obrigação quase Nos dizeres de Flávio Tartuce, pela teoria do adimplemento
4.1 cumprida-não 0.50 substancial, em hipóteses em que a obrigação tiver sido quase
extinção do contrato toda cumprida, não caberá a extinção do contrato, mas apenas
outros efeitos jurídicos, visando sempre à manutenção da
avença.
A jurisprudência superior tem aplicado a teoria em casos de
mora de pouca relevância em contratos de financiamento (Resp
272.739/MP; 1.051.270/RS).
Importante ressalvar que para a alienação fiduciária prevista no
decreto 911, não se aplica a teoria.

Conforme o enunciado n. 361, aprovado na IV Jornada de


Direito Civil: “O adimplemento substancial decorre dos princípios
função social do gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social
4.2 contrato e boa-fé 0.50 do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a
objetiva aplicação do art. 475”. São autores do enunciado os juristas
Jones Figueiredo Alves e Eduardo Bussata.

Resposta ideal:
Naquelas em que estando a obrigação quase toda cumprida, não
caberá a extinção do contrato, aplicando-se outros efeitos jurídicos.
Decorre do princípio da função social do contrato e da boa-fé objetiva.
O STJ tem aplicado a teoria em casos de mora de pouca relevância
(Resp 1.200.105/AM).

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5ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO CIVIL
Tema: 10. Dos contratos em geral. Disposições gerais: Princípios, requisitos, formação, interpretação, classificação. Dos efeitos.
Vícios redibitórios. Evicção. Da extinção do contrato. Das várias espécies de contrato.

Com a retirada do sócio da sociedade surge a ele o direito de sua


exoneração como fiador? Justifique.

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

O art. 835 do CC é um dos mais comentados da atual


codificação material: “O fiador poderá exonerar-se da fiança que
tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convir,
ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante
sessenta dias após a notificação do credor.
De acordo com Flávio Tartuce, trata-se de uma norma especial,
aplicável par a fiança sem prazo determinado, ou seja,
celebrada com prazo indeterminado. Para esses casos, o fiador
poderá exonerar-se a qualquer tempo, mediante notificação,
judicial ou extrajudicial.
A Secretaria de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
comunique ao (STJ), recentemente, na edição 101 de Jurisprudência em
5.1 credor- formule 0.50 Teses, afirma que a retirada dos sócios fiadores, por si só, não
pedido expresso induz à exoneração automática da fiança. Além da comunicação
da alteração do quadro societário, impõe-se a formulação de
pedido de exoneração das garantias mediante notificação
extrajudicial ou ação judicial própria.

Precedentes: (STJ - AgRg no AgRg no REsp1395559/MS, Rel.


Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, 3ª T., j.
18/02/2016, DJe 25/02/2016.
STJ - AgRg nos EDcl no AREsp246.402/RS, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔASCUEVA, 3ª T., j. 02/05/2013, DJe
08/05/2013.

O mesmo art. 835 traz um período em que mesmo após a


notificação, o fiador responderá pelas obrigações que é o prazo
de 60 dias.
responsável- Flávio Tartuce traz que o caso é de resilição unilateral, eis que a
5.2 próximos 60 dias da 0.50 lei expressamente assegura esse direito potestativo ao fiador.
notificação A fiança, de caráter personalíssimo, é um contrato acessório,
sem efeito absoluto, irrevogável, irretratável e incondicional.
Nesse giro, qualquer cláusula que impede o fiador buscar a sua
exoneração é considerada ilegal.

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Resposta ideal:
Sim, desde que comunique ao credor a alteração do quadro societário
e formule pedido expresso de exoneração da garantia, com base no
artigo 835 do Código Civil. Contudo, permanecerá ainda responsável
pelas obrigações vencidas e as que se vencerem nos próximos 60 dias
da notificação.

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6ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO CIVIL
Tema: 15. Dos direitos das sucessões: Da sucessão em geral. Da sucessão legítima. Da sucessão testamentária. Do testamento em
geral. Da capacidade de testar. Das formas ordinárias do testamento. Da revogação. Dos codicilos. Dos testamentos especiais. Das
disposições testamentárias. Dos legados. Herdeiros necessários. Do direito de acrescer entre herdeiros e legatários. Das
substituições. Da deserdação.

Explique o artigo 1.790 do Código Civil/2002, à luz do entendimento


do STF.

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

O Código Civil estabelece tratamento sucessório diferente entre


o cônjuge e companheiro:
Art. 1.790, CC “A companheira ou o companheiro participará da
sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente
na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota
equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança,
tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a
um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade
da herança.
Inconstitucionalidade 0.50 Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
6.1 -aplica o art. 1829 I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Todavia, a fim de afastar o tratamento diferenciado entre eles,
pacificando a situação, o STF, no Recurso Extraordinário
878.694, de maio de 2017, declarou a inconstitucionalidade do
art. 1.790 do CC, estabelecendo a aplicação do art. 1.829 tanto
para cônjuges, quanto para companheiros.

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O art. 1.790 sempre foi alvo de críticas e profundos estudos.


Flávio Tartuce, ao se referir a tal artigo, o elenca como um dos
dispositivos mais criticados e comentados da atual codificação
privada.
Em razão disso, o STF firmou :
No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a
afastou a diferença diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e
6.2 entre cônjuges e 0.50 companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o
companheiros regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil. STF.
Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso e RE 878694/MG, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgados em 10/5/2017 (repercussão geral) (Info 864).
Tal entendimento tem embasado decisões dos tribunais
superiores. Vide REsp nº 1.357.117-MG, de 13/03/2018.

Resposta ideal:
O STF declarou a sua inconstitucionalidade e afastou a diferença entre
cônjuges e companheiros para fins sucessores. Nessas duas
hipóteses, determinou a aplicação do regime estabelecido no artigo
1.829 do CC.

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7ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Tema: 19. Processo e procedimento. Procedimento comum e procedimentos especiais. Jurisdição contenciosa: Ações
possessórias; Inventário e partilha; Embargos de terceiro; Habilitação; Ações de família; Processos contenciosos de divórcio,
separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação, filiação e alimentos; Ação monitória. Jurisdição voluntária:
Disposições gerais; alienações judiciais; divórcio, separação, extinção consensual de união estável e alteração do regime de bens do
matrimônio; testamentos e codicilos; herança jacente; bens dos ausentes; coisas vagas; interdição, tutela e curatela e estatuto da
pessoa com deficiência; Organização e fiscalização das fundações.

No tocante à ação de investigação de paternidade, quais as


particularidades relativas aos alimentos e à coisa julgada? A viúva
do suposto pai pode contestar o pedido de investigação de
paternidade post mortem, ainda que não seja herdeira?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Também é sumulado pelo STJ o entendimento de que, em


ações investigatórias de paternidade, os alimentos são devidos
Alimentos devidos
7.1 0.25 desde a citação. Trata-se da Súmula 277 do STJ: “Julgada
desde a citação procedente a investigação de paternidade, os alimentos são
devidos a partir da citação”.

Entende-se que, independentemente da existência de pedido


expresso do autor da ação, o reconhecimento da paternidade ou
maternidade importa na fixação do dever alimentar, conforme
art. 7º da Lei 8.560/92: “Sempre que na sentença de primeiro
grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos
provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite”.
Nesse sentido, ainda, a jurisprudência do STJ:
“Na investigação de paternidade, o pedido de alimentos pode vir
de modo implícito, pois decorre da lei, sendo mero efeito da
sentença de procedência do reconhecimento da relação de
parentesco. Precedentes” (AgRg no REsp 1197217/MG, Rel.
Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR
Pedido de alimentos 0.25 CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em
7.2 implícito 15/02/2011, DJe 22/02/2011)
Naturalmente, ainda que o pedido seja implícito, a fixação dos
alimentos passará pela análise do binômio necessidade /
possibilidade.
Anote-se que, não obstante o pedido de alimentos seja implícito,
a ação de investigação de paternidade deve, em regra, ser
proposta no domicílio do réu (segundo a regra geral do art. 46
do CPC), salvo no caso de cumulação com pedido expresso de
alimentos, caso em que será proposta no domicílio do
alimentando, conforme Súmula 1 do STJ: “O foro do domicílio ou
da residência do alimentando é o competente para a ação de
investigação de paternidade, quando cumulada com a de
alimento”.
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Conforme entendimento jurisprudencial consolidado, é possível


a flexibilização da coisa julgada material nas ações de
investigação de paternidade, quando o pedido, na primeira ação,
foi julgado improcedente por falta de prova. Nesse sentido, já
decidiu o STF em sede de repercussão geral:
“Deve ser relativizada a coisa julgada estabelecida em ações de
investigação de paternidade em que não foi possível determinar-
se a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes, em
decorrência da não realização do exame de DNA, meio de prova
que pode fornecer segurança quase absoluta quanto à
existência de tal vínculo” (STF, Plenário, RE 363889, Rel. Min.
Dias Toffoli, j. em 02/06/2011).
Com o mesmo entendimento, a jurisprudência do STJ:
“1. Deve-se dar prevalência ao princípio da verdade real, nas
ações de estado, como as de filiação, admitindo-se a
relativização da coisa julgada, quando na demanda anterior não
foi possível a realização do exame de DNA. 2. O Poder
Judiciário não pode, sob a justificativa de impedir ofensa à coisa
julgada, desconsiderar os avanços técnico-científicos inerentes
à sociedade moderna, os quais possibilitam, por meio de exame
genético, o conhecimento da verdade real, delineando,
praticamente sem margem de erro, o estado de filiação ou
Coisa julgada parentesco de uma pessoa” (AgInt no REsp 1414222/SC, Rel.
relativizada se Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
7.3 0.25
ausente exame de CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), QUARTA TURMA, julgado
DNA em 21/06/2018, DJe 29/06/2018)
Observe-se, no entanto, que a coisa julgada não será
relativizada quando a não realização do exame de DNA
decorreu de recusa do réu de se submeter a tal exame.
Isto porque a recusa do suposto pai de realizar o exame conduz
à presunção relativa de paternidade, conforme Súmula 301 do
STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a
submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de
paternidade”.
Não seria razoável, pois, que aquele que se recusou a fazer o
exame – contra o qual, então, militou presunção de paternidade
– pudesse desconstituir a coisa julgada formada, sob a alegação
de não ter havido exame pericial. Isto equivaleria, por óbvio, a
se beneficiar da própria torpeza.
Nesse sentido, recente decisão do STJ:
“A relativização da coisa julgada estabelecida em ação de
investigação de paternidade – em que não foi possível
determinar-se a efetiva existência de vínculo genético a unir as
partes – não se aplica às hipóteses em que o reconhecimento
do vínculo se deu, exclusivamente, pela recusa do investigado
ou seus herdeiros em comparecer ao laboratório para a coleta
do material biológico” (STJ, 3ª Turma, REsp 1.562.239/MS, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 09/05/2017).

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Dispõe o art. 1.615 do Código Civil: “Qualquer pessoa, que justo


interesse tenha, pode contestar a ação de investigação de
paternidade, ou maternidade”.
Como se sabe, a ação de investigação de paternidade post
mortem é proposta, em regra, em face dos herdeiros do suposto
pai, já falecido. No entanto, com base no dispositivo legal acima
mencionado, o STJ decidiu que a viúva do suposto pai, ainda
que não seja herdeira, tem legitimidade para contestar a ação
de investigação de paternidade post mortem, recebendo, no
entanto, o processo no estado em que se encontra. Confira-se:
“AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. INTERESSE
MORAL. JUSTO INTERESSE DA VIÚVA, NÃO HERDEIRA, DO
Contestação por
7.4 qualquer interessado 0.25 SUPOSTO PAI, PARA CONTESTAR. ART. 365 DO CÓDIGO
CIVIL DE 1916 E 1.615 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. 1. A ação
de investigação de paternidade post mortem, em regra, é
ajuizada em face dos herdeiros do suposto pai falecido. 2.
Hipótese em que a viúva do suposto pai não ostenta a condição
de herdeira, não sendo litisconsorte passiva necessária. Assiste-
lhe, todavia, o direito de contestar a ação, uma vez que tem
justo interesse moral, albergado pelo art. 365 do Código Civil de
1916 e 1.615 do Código Civil de 2002, recebendo o processo no
estado em que se encontrava quando requereu a intervenção. 3.
Recurso especial provido” (REsp 1466423/GO, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
23/02/2016, DJe 02/03/2016)

Resposta ideal:
O pedido de alimentos é implícito em ação investigatória de
paternidade, sendo devidos desde a citação. Quanto à coisa julgada,
pode ser relativizada se, na primeira ação, não houve exame de DNA.
A ação investigatória pode ser contestada por quem justo interesse
tenha, até pela viúva não herdeira.

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8ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Tema: 18. Tutela jurisdicional. Formas de tutela. Classificações. Tutela provisória. Tutela definitiva.

Qual é a natureza jurídica da medida de indisponibilidade de bens


prevista na Lei de Improbidade Administrativa? Pode recair sobre
bens impenhoráveis?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Embora a regra, para o STJ, seja a impossibilidade de a


indisponibilidade alcançar os bens impenhoráveis, a mesma
Corte Superior aponta mais uma exceção, qual seja, a
possibilidade de a indisponibilidade recair sobre os bens que,
embora em tese impenhoráveis, foram adquiridos com o produto
do ato lesivo praticado. Vejamos:
"Constrição patrimonial deve alcançar o valor da totalidade da
Exceção dos bens lesão ao erário, bem como sua repercussão no enriquecimento
8.1 0.10
ilícitos ilícito do agente, decorrente do ato de improbidade que se
imputa, excluídos os bens impenhoráveis assim definidos por lei,
salvo quando estes tenham sido, comprovadamente, adquiridos
também com produto da empreitada ímproba, resguardado,
como já dito, o essencial para sua subsistência". (REsp
1.319.515/ES, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/
Acórdão Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção,
DJe 21/9/2012).

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Rodada - 2° RODADA

De acordo com a Lei 8.429/02:


Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do
indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.
Interpretando tais dispositivos, o STJ decidiu, em sede de
recurso repetitivo, que a natureza jurídica da decretação da
8.2 deNatureza de tutela indisponibilidade dos bens é de uma tutela de evidência
evidência cautelar 0.40 cautelar, uma vez que o periculum in mora é presumido, sendo
desnecessária a demonstração de que o réu esteja,
efetivamente, dilapidando seu patrimônio. Nesse sentido:
“A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp
1.366.721/BA, sob a sistemática dos recursos repetitivos (art.
543-C do CPC), consolidou o entendimento de que o decreto de
indisponibilidade de bens em ação civil pública por ato de
improbidade administrativa constitui tutela de evidência e
dispensa a comprovação de dilapidação iminente ou efetiva do
patrimônio do legitimado passivo, uma vez que o periculum in
mora está implícito no art. 7º da Lei nº 8.429/1992 (IA)” (AgRg
no AREsp 582.542/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 10/06/2015).

De acordo com a jurisprudência do STJ, a medida de


indisponibilidade de bens prevista na Lei de Improbidade
Administrativa não pode recair sobre bens impenhoráveis.
Nesse sentido:
“O Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar o art. 7º da Lei
8.429/1992, tem decidido que, por ser medida de caráter
Não sujeição dos
8.3 bens impenhoráveis 0.40 assecuratório, a decretação de indisponibilidade de bens,
incluído o bloqueio de ativos financeiros, deve incidir sobre
quantos bens se façam necessários ao integral ressarcimento
do dano, levando-se em conta, ainda, o potencial valor de multa
civil, excluindo-se os bens impenhoráveis” (REsp 1610169/BA,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 02/05/2017, DJe 12/05/2017)

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Rodada - 2° RODADA

Não obstante o STJ entenda pela impossibilidade de a


indisponibilidade recair sobre bens impenhoráveis, já decidiu
que é possível que a medida recaia sobre o bem de família.
Para tanto, fundamenta aquela Corte Superior que a
indisponibilidade não se confunde com penhora, tratando-se de
mera impossibilidade de alienação. Confira-se:
“A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é assente em
admitir a decretação de indisponibilidade prevista na Lei de
Improbidade Administrativa sobre bem de família. Precedentes:
AgInt no REsp 1633282/SC, Segunda Turma, Rel. Ministro
Francisco Falcão, DJe 26/06/2017; AgRg no REsp 1483040/SC,
Exceção do bem de
8.4 0.10 Primeira Turma, Minha Relatoria, DJe 21/09/2015; REsp
família 1461882/PA, Primeira Turma, Rel. Ministro Sérgio Kukina, DJe
12/03/2015” (AgInt no REsp 1670672/RJ, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
30/11/2017, DJe 19/12/2017).
Observe-se que há doutrina que critica tal entendimento, tendo
em vista que, “sendo o bem de família impenhorável, não há
qualquer sentido em torná-lo indisponível, justamente pela
impossibilidade de penhora de tal bem na futura execução de
pagar quantia certa” (Adriano Andrade, Cleber Masson e
Landolfo Andrade, Interesses difusos e coletivos
esquematizado, 6ª edição, Editora Método, 2016, p. 806).

Resposta ideal:
Segundo o STJ, a indisponibilidade de bens prevista na Lei de
Improbidade Administrativa tem natureza de tutela de evidência
cautelar, sendo o periculum in mora presumido, e não pode recair
sobre bens impenhoráveis, com exceção do bem de família e dos bens
adquiridos com o valor ilicitamente obtido.

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9ª Pergunta Chave
Disciplina: DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Tema: 8. Ministério Público. Perfil constitucional. Intervenção como parte. Intervenção como fiscal da ordem jurídica. Poderes
investigatórios. Responsabilidades. Impedimentos e suspeição.

O Ministério Público pode ajuizar ação de alimentos em favor de um


menor que se encontra sob o poder familiar? Pode ajuizar uma
ação visando à disponibilização de vaga em UTI para idoso
específico?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação
De acordo com o art. 127 da CF, “o Ministério Público é
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.
Ou seja, sendo indisponíveis os interesses, como é o caso do
direito à saúde, o Ministério Público é legitimado a defendê-los
em ações civis públicas. Foi este o entendimento pacificado pelo
STJ, recentemente, em sede de julgamento de recurso
repetitivo:
“O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento
médico ou entrega de medicamentos nas demandas de saúde
propostas contra os entes federativos, mesmo quando se tratar
de feitos contendo beneficiários individualizados, porque se
refere a direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da
Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público)”
(REsp 1682836/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA
Possível a tutela da SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe 30/04/2018).
9.1 saúde de pessoa 0.50 Anote-se que, contrariamente, em se tratando de interesses
específica disponíveis, a legitimidade do Ministério Público é alvo de
polêmicas, prevalecendo a posição de que o MP só será parte
legítima quando, embora disponível o interesse, ele tenha
relevância social. É o que predomina no STF, STJ e também na
Súmula 7 do Conselho Superior do Ministério Público de São
Paulo: “O Ministério Público está legitimado à defesa de
interesses ou direitos individuais homogêneos de consumidores
ou de outros, entendidos como tais os de origem comum, nos
termos do art. 81º, III, c/c o art.82, I, do CDC, aplicáveis estes
últimos a toda e qualquer ação civil pública, nos termos do
art.21º da LAC 7.347/85, que tenham relevância social, podendo
esta decorrer, exemplificativamente, da natureza do interesse ou
direito pleiteado, da considerável dispersão de lesados, da
condição dos lesados, da necessidade de garantia de acesso à
Justiça, da conveniência de se evitar inúmeras ações
individuais, e/ou de outros motivos relevantes”.

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Rodada - 2° RODADA

Também em razão da legitimidade do Ministério Público de


tutelar direitos individuais indisponíveis, pacificou-se o
entendimento de que poderá propor ação de alimentos em favor
de criança ou adolescente, ainda que estejam submetidos ao
poder familiar, não se encontrem em situação de risco e haja
Defensoria Pública instalada na localidade.
Nesse sentido, a Súmula 594 do STJ, aprovada no ano de 2017:
“O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de criança ou adolescente
Possibilidade de independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou
9.2 pedido de alimentos 0.50 do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas
no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de
quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou
eficiência da Defensoria Pública na comarca”.
Tal entendimento, ademais, está em consonância com expressa
disposição do ECA, que, no art. 201, estabelece que compete
ao Ministério Público promover e acompanhar ações de
alimentos (inciso III) e promover o inquérito civil e a ação civil
pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
coletivos relativos à infância e à adolescência (inciso V).

Resposta ideal:
Ao Ministério Público cabe a defesa dos direitos individuais
indisponíveis, razão pela qual pode ajuizar ação visando à tutela da
saúde de pessoa específica e à obtenção de alimentos em favor de
menor, ainda que submetido ao poder familiar, não esteja em situação
de risco e haja Defensoria Pública.

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10ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL
Tema: 13. Recuperação de empresas e falência.

Qual a diferença entre atos objetivamente e subjetivamente


ineficazes no tocante ao cabimento da ação revocatória? Existe
alguma hipótese de ato ineficaz que não se encontra na Lei de
Falência?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

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Rodada - 2° RODADA

Com a decretação da falência, o devedor perde o direito de


administrar seus bens ou deles dispor (art. 103 da Lei de
Falências). A administração dos bens do falido passa ao
administrador judicial, que deve efetuar a arrecadação de tais
bens (art. 108), para que sejam vendidos e o valor da venda
seja utilizado para o pagamento dos credores.
A arrecadação dos bens não se limite ao ativo que o falido tem
no momento da decretação da falência, pois é possível que ele
tenha, anteriormente, se desfeito de outros bens que integravam
seu patrimônio justamente para evitar que fossem arrecadados
e utilizados para pagamento de suas dívidas.
Por isso, a sentença que decreta a falência fixa o chamado
termo legal, que, por sua vez, delimita o período suspeito. O
período suspeito é um interregno de tempo anterior à
decretação da falência e que será investigado a fim de se
verificar se, durante ele, o falido praticou algum ato visando a
prejudicar os interesses dos credores, ato este que será,
portanto, ineficaz perante a massa.
Nesse sentido, a Lei de Falências prevê, no art. 130, que “são
revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar
credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o
terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela
massa falida”.
Ou seja, tal dispositivo trata dos atos subjetivamente ineficazes,
ou seja, aqueles cuja ineficácia perante a massa falida será
reconhecida se ficarem provados os seguintes aspectos: a) a
intenção deliberada de prejudicar credores; b) o conluio
Ato subjetivamente fraudulento entre o devedor e o terceiro; c) o efetivo prejuízo
10.1 ineficaz = ação 0.35 causado à massa falida.
revocatória Justamente pela necessidade de serem tais atos intencionais é
que recebem o nome de atos subjetivamente ineficazes, pois se
analisa o plano subjetivo das partes.
Observe-se que a lei, ao tratar dos atos subjetivamente
ineficazes, não prevê um rol específico de atos típicos, nem um
marco temporal como referência. Ou seja, a princípio, qualquer
ato do devedor que se encaixar na descrição do art. 130 pode
ter sua ineficácia declarada perante a massa.
Essa declaração da ineficácia subjetiva não pode se dar de
ofício pelo juiz, tampouco pleiteada incidentalmente no processo
falimentar. Seu reconhecimento demanda o ajuizamento da
chamada ação revocatória, prevista no art. 132: “A ação
revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser
proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo
Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da
decretação da falência”.
Ademais, a ação revocatória corre perante o juízo universal da
falência e segue o rito comum do NCPC (art. 134).
Pode ser ajuizada contra: I – contra todos os que figuraram no
ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou
beneficiados; II – contra os terceiros adquirentes, se tiveram
conhecimento, ao se criar o direito, da intenção do devedor de
prejudicar os credores; III – contra os herdeiros ou legatários
das pessoas indicadas nos incisos I e II do caput deste artigo
(art. 133).
Julgada procedente a ação revocatória, a sentença determinará
o retorno dos bens à massa falida em espécie, com todos os
acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das perdas e
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Rodada - 2° RODADA

danos. Contra a sentença cabe apelação (art. 135, caput e


parágrafo único).
No mais, o juiz poderá, a requerimento do autor da ação
revocatória, ordenar, como medida preventiva, o sequestro dos
bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder
de terceiros (art. 137).

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Rodada - 2° RODADA

Diferentemente dos atos subjetivamente ineficazes, os atos


objetivamente ineficazes são aqueles cuja ineficácia pode ser
reconhecida independentemente de ficar provada a intenção
fraudulenta do devedor ou o conluio com o terceiro. Justamente
por prescindirem da análise da intenção, recebem a expressão
objetivamente, pois é irrelevante o que se passou no plano
subjetivo dos envolvidos.
Estão previstos no art. 129 da Lei de Falências:
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou
não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-
financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar
credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor
dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de
crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado
dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a
prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a
retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída
anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de
outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia
caber ao credor da hipoteca revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes
da decretação da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da
decretação da falência;
Reconhecimento VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o
10.2 incidental da 0.35 consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores,
ineficácia objetiva a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30
(trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro
de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de
propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a
averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da
falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.
Observe-se que, diferentemente dos atos subjetivamente
ineficazes, os atos objetivamente ineficazes têm um rol taxativo
e é necessário que tenham sido praticados durante um certo
lapso temporal específico, que muitas vezes coincide com o
período suspeito.
Observe-se, ainda, que a previsão da ineficácia objetiva dos
atos acima listados visa a preservar o respeito ao par conditio
creditorum. De fato, devendo ser observado no processo
falimentar, tal princípio dispõe que, a rigor, todos os credores
integrantes de uma mesma categoria devem ser tratados
igualmente no recebimento dos respectivos créditos, evitando-se
que o devedor dê a qualquer deles uma vantagem
desarrazoada.
A ineficácia objetiva poderá ser declarada de ofício pelo juiz,
alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou
incidentalmente no curso do processo (art. 129, parágrafo
único). Ou seja, embora também possa ser ajuizada ação
específica para o reconhecimento da ineficácia objetiva, ela não
é necessária (diferentemente do que ocorre com os atos
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Rodada - 2° RODADA

subjetivamente ineficazes), pois a declaração pode se dar


incidentalmente no processo falimentar, inclusive de ofício.

A Lei das S/A prevê mais uma hipótese de ato ineficaz perante a
massa falida, no art. 45, § 8º: “Quando ocorrer a falência, já se
houver efetuado, à conta do capital social, o reembolso dos ex-
acionistas, estes não tiverem sido substituídos, e a massa não
bastar para o pagamento dos créditos mais antigos, caberá ação
revocatória para restituição do reembolso pago com redução do
capital social, até a concorrência do que remanescer dessa
parte do passivo. A restituição será havida, na mesma
proporção, de todos os acionistas cujas ações tenham sido
reembolsadas”.
10.3 Hipótese da Lei S/A 0.30 Embora o dispositivo fale de ação revocatória, prevalece se
tratar de ato objetivamente ineficaz, uma vez que a lei não exige
a presença de intenção fraudulenta nem de conluio entre o
devedor e o terceiro. Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho: “Há,
na Lei das Sociedades por Ações, a previsão de uma hipótese
específica de ineficácia objetiva. Tratase do reembolso à conta
do capital social, quando o acionista dissidente não foi
substituído, em relação aos credores da sociedade falida
anteriores à retirada (LSA, art. 45, § 8º)” (Manual de Direito
Comercial, 23ª edição, Editora Saraiva, 2011, p. 395).

Resposta ideal:
O reconhecimento do ato subjetivamente ineficaz demanda ação
revocatória. O objetivamente ineficaz pode ser reconhecido
incidentalmente, inclusive de ofício. A Lei das S/A prevê que, após
reembolso de ex-acionista em prejuízo do capital social, se ocorrer a
falência, caberá ação revocatória.

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11ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL
Tema: 3. Organização dos Poderes

O que se entende pelo princípio da independência e harmonia dos


Poderes?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Diz o artigo Art. 2º da CF: São Poderes da União, independentes


e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Sobre o tema, sábias são as lições de Pinto Ferreira
asseverando que o “sistema da separação de Poderes pode ser
definido, como acentua Duverger em seu livro Direito
Cada Poder tem sua constitucional e instituições políticas (Paris, 1955), como o
11.1 função própria fixada 0.50 sistema que consiste em confiar cada tarefa governamental a
pela CF um órgão diferente. Tais órgãos são justamente o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário, funcionando em um regime de freios e
contrapesos, que são o suporte das liberdades...” (FERREIRA,
Pinto. Curso de direito constitucional. 11. ed. ampl. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2001. p. 87.).

No sistema de freios e contrapesos, não é licito outorgar o


monopólio integral do exercício de funções estatais a apenas um
dos órgãos, sendo necessária a distribuição de funções típicas e
atípicas a cada “Poder”, mesmo que excepcionalmente.
Portanto, a função típica do Legislativo é legislar, mas o
Executivo excepcionalmente legisla por meio de Medidas
Provisórias ou por Leis Delegadas. Já o Judiciário
Freios e
11.2 0.50 excepcionalmente legisla fazendo seu Regimento Interno. O
Contrapesos Legislativo, por sua vez, poderá julgar os crimes de
responsabilidade de autoridades, por meio do Senado Federal,
ao passo que o Poder Executivo julga seus servidores, no plano
administrativos, por meio de processos administrativos ou
sindicâncias. Já o Judiciário pode administrar seus quadros por
atos administrativos, fazendo concursos, movimentações na
carreira, etc.

Resposta ideal:
A independência se caracteriza em confiar cada tarefa governamental
específica à cada Poder da República, que tem suas competências
previamente fixadas na CF, ao passo que a harmonia é caracterizada
por um sistema de freios e contrapesos entre os Poderes.

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12ª Pergunta Chave


Disciplina: Direito do Meio Ambiente
Tema: 1. Interesses Difusos e Coletivos

O que se entende por princípio da prevenção e qual sua diferença


com o princípio da precaução?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

O princípio da precaução, portanto, tem uma finalidade ainda


mais nobre do que a própria prevenção. Enquanto a prevenção
relaciona-se com a adoção de medidas que corrijam ou evitem
danos previsíveis, a precaução também age prevenindo, mas,
antes disso, evita-se o próprio risco ainda imprevisto. Assim,
quando houver dúvida científica da potencialidade do dano ao
meio ambiente que qualquer conduta possa causar (por
exemplo, liberação e descarte de organismo geneticamente
Risco de dano
12.1 0.50 modificado no meio ambiente, utilização de fertilizantes ou
imprevisto defensivos agrícolas, instalação de atividade ou obra, etc.),
incide o princípio da precaução para proteger o meio ambiente
de um risco futuro. Lembre-se que a prevenção supra citada tem
base normativa expressa na Constituição, já o princípio da
precaução foi previsto pelo item 15 da declaração de princípios
da Conferência das Nações Unidas realizada no Rio, em 1992,
que foi aprovada em Decreto Legislativo e tem força de lei
ordinária.

Marcelo Abelha ensina que o princípio da prevenção manda


que, uma vez que se saiba que uma dada atividade apresenta
riscos de dano ao meio ambiente, tal atividade não poderá ser
desenvolvida; justamente porque, caso ocorra qualquer dano
ambiental, sua reparação é praticamente impossível. Aduz que
trata-se de princípio expresso no texto constitucional, como fica
claro da leitura do caput do art. 225, que impõe à coletividade e
ao Poder Público o dever de proteger e preservar o equilíbrio
Certeza de risco de
12.2 0.50 ecológico, para as presentes e futuras gerações. Considerando,
dano ambiental aliás, que o dano ambiental é quase sempre irreversível, o
vocábulo proteção utilizado pelo art. 225 da CF/88 não deve ser
tomado somente no sentido reparatório, mas principalmente no
sentido preventivo, justamente porque a ideia de proteção e
preservação liga-se à conservação da qualidade de vida para as
futuras gerações. (Rodrigues, Marcelo Abelha. Direito ambiental
esquematizado® / Marcelo Abelha Rodrigues; coordenação
Pedro Lenza. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016)

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Rodada - 2° RODADA

Resposta ideal:
Na prevenção toma-se conhecimento de uma atividade em que
seguramente gerará dano ambiental e impõe-se impedir a ocorrência
do dano. Já na precaução, não há a certeza, mas apenas o risco do
dano ainda não previsto

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13ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tema: 10. Fatos e atos processuais. Citação, notificação e intimação.

Quando os prazos processuais penais começam a correr? Quando


começa a correr o prazo, quando há expedição de carta precatória?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Eugênio Pacelli é pedagógico quando ensina sobre a contagem


dos prazos processuais, e chama especial atenção para uma
distinção importante: alerta que uma coisa é a data em que os
prazos correm; outra é aquela em que se são eles contados.
Ressalta que os prazos começam a correr, salvo ressalvas
expressas: da data da intimação, da audiência ou sessão em
que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte a
ser intimada (ou seja, essa hipótese não é outra coisa senão a
aplicação do primeiro caso – da data da intimação) e, por fim, do
dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da
sentença ou despacho (art. 798, § 5º, CPP). Entretanto, a
contagem do prazo já em curso (já correndo) é feita com
Da intimação, da exclusão do dia inicial, isto é, quando começou acorrer, e com a
13.1 audiência ou ciência 0.50 inclusão, porém, do dia de seu vencimento, nos termos do art.
nos autos. 798, § 1º, do CPP. Outra observação: tanto o início quanto o
final da contagem dos prazos processuais devem realizar-se em
dias úteis. Assim, feita a intimação em uma sexta-feira (ou no
sábado ou no domingo, quando, por exemplo, a decisão for
proferida em ato processual que tenha se estendido até o
sábado, como é o caso de uma sessão de julgamento no
Tribunal do Júri), o prazo começa a correr naquele dia, mas,
excluindo-se o dia do começo, terá a sua contagem
efetivamente iniciada na segunda-feira, ou no primeiro dia útil
subsequente, se feriado na segunda (art. 798, § 3º, e Súmula
310 do STF).
Pacelli, Eugênio Curso de processo penal / Eugênio Pacelli. –
21. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017.

A redação do Código de Processo Penal não deixa margem a


dúvidas: o prazo é contado da intimação, isto é, da ciência do
ato processual, e não do cumprimento de qualquer outra
burocracia procedimental, ou seja, e não da juntada da carta aos
Precatória: da autos judiciais. É exatamente nesse sentido a jurisprudência
13.2 0.50
intimação francamente majoritária (STF – JSTF 234/310; STJ – Ag. Reg.
MS nº 3.127-9/DF, DJU 7.3.1994), consolidada, agora, na
Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos
da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado
ou da carta precatória ou de ordem”.

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Rodada - 2° RODADA

Resposta ideal:
Segundo o art.795§5 CPP, da data da intimação, ou da audiência ou
sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a
parte a ser intimada ou a ainda do dia em que a parte manifestar nos
autos ciência inequívoca da sentença ou despacho. No segundo,
começa a correr da data da intimação

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Rodada - 2° RODADA

14ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tema: 3. Inquérito policial, Investigação Criminal e Ação Penal.

O que se entende por cláusula rebus sic stantibus em tema de


arquivamento do IP? É possível desarquivar Inquérito Policial com
arquivamento devidamente homologado pelo Juiz de Direito?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Entende-se pela cláusula rebus sic stantibus como “se assim as


coisas permanecerem”. Renato Brasileiro ensina que o
arquivamento por falta de lastro probatório é uma decisão
tomada com base na cláusula rebus sic stantibus, ou seja,
mantidos os pressupostos fáticos que serviram de amparo ao
O IP não pode ser arquivamento, esta decisão deve ser mantida. Neste esteira diz
14.1 desarquivado sem 0.50 o artigo 18 do CPP: “Depois de ordenado o arquivamento do
novas provas inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
pesquisas, se de outras provas tiver notícia”. Lima, Renato
Brasileiro de. Código de Processo Penal comentado / Renato
Brasileiro de Lima - 2. ed. rev. e atual. - Salvador: Juspodivm,
2017.

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Rodada - 2° RODADA

O desarquivamento do IP só pode ocorrer com a mudando-se o


panorama probatório. Portanto, para que seja possível o
desarquivamento, é necessário que surjam notícias de provas
novas. O supra citado autor exemplifica que, em relação a um
crime de homicídio, a despeito do esgotamento das diligências,
não tenha constado dos autos da investigação policial qualquer
elemento de informação quanto à autoria do fato delituoso.
Arquivado o inquérito policial, uma determinada testemunha
presencial resolve, então, comparecer perante as autoridades
para noticiar que teria informações quanto ao provável autor do
delito. Ora, diante dessa notícia de provas novas, é possível o
desarquivamento do inquérito policial. A reabertura das
investigações não pode decorrer da simples mudança de
O IP só pode ser opinião ou reavaliação da situação. Também não se revela
14.2 desarquivado com 0.50 possível a reabertura de investigações para aprofundar linhas
novas provas investigativas já disponíveis para exploração anterior. Aliás,
oportuna é a jurisprudência que orienta que “ o arquivamento da
investigação, ainda que não faça coisa julgada, é ato sério que
só pode ser revisto por motivos igualmente sérios e surgidos
posteriormente. Reabertura das investigações que decorreu do
puro e simples inconformismo com o arquivamento requerido
pelo Procurador-Geral da República, sem que uma linha de
investigação nova tenha surgido após o arquivamento”. (...)
Dado provimento ao agravo regimental, para julgar procedente a
reclamação e determinar o trancamento do Procedimento de
Investigação Criminal 94.0003.0003465/2015-2, do MPSP".
(STF, 2a Turma, Rd 20.132 AgR-segundo/SP, Rei. Min. Gilmar
Mendes, j. 23/02/2016, DJe 82 27/04/2016).

Resposta ideal:
Significa que, uma vez arquivado e assim as provas permanecerem, o
IP deve continuar arquivado. No entanto, é possível desarquivá-lo se
surgir novas provas.

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15ª Pergunta Chave


Disciplina: Direito do Meio Ambiente
Tema: 1. Interesses Difusos e Coletivos

O que se entende por princípio da ubiquidade e em qual área do


direito ele é aplicado?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Lembra o renomado ambientalista Marcelo Abelha que, segundo


o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ubiquidade é palavra
que tem o seguinte significado: “propriedade ou estado de
ubíquo ou onipresente; ubiquação, onipresença”. Por sua vez,
ubíquo significa: “que está presente em toda parte, onipresente”.
15.1 É princípio ambiental 0.50 Assim, pelo próprio significado da palavra, já se pode ter a
noção do que significa dizer que a ubiquidade é princípio do
Direito Ambiental. (Rodrigues, Marcelo Abelha. Direito ambiental
esquematizado® / Marcelo Abelha Rodrigues; coordenação
Pedro Lenza. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016)

E prossegue o renomado professor enfatizando que o bem


ambiental, por sua característica difusa de bem onipresente e de
titularidade fluida, jamais fica delimitado a uma determinada
circunscrição espacial ou temporal. Não é nenhum exagero dizer
que os recursos ambientais tenham nítida índole planetária. É
exatamente esse o princípio da ubiquidade: o bem ambiental
O bem ambiental não encontra qualquer fronteira, seja espacial, territorial ou
15.2 não se delimita pelo 0.50 mesmo temporal. Aliás, oportuno lembrarmos a respeito do tema
tempo/espaço respeitável julgado. (...) A conservação do meio ambiente não se
prende a situações geográficas ou referências históricas,
extrapolando os limites impostos pelo homem. A natureza
desconhece fronteiras políticas. Os bens ambientais são
transnacionais. (...)” (STJ, 1ªTurma, REsp 588.022/SC, rel. Min.
José Delgado, DJ 5-4-2004).

Resposta ideal:
O princípio da ubiquidade se aplica ao direito ambiental e consiste no
fato de que o bem ambiental não encontra qualquer fronteira, seja
espacial, territorial ou mesmo temporal.

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16ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tema: 23. Prazo Recursal

Qual é a regra para começar a correr o prazo do MP para interpor


recurso? Da data da remessa dos autos ao órgão oficiante (termo
de vista) ou do efetivo ingresso dos autos no MP?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Há sempre que se diferenciar os prazos judiciais com os prazos


impostos às partes e, sobretudo ao MP. A melhor doutrina
lembra que em relação aos prazos fixados para os
pronunciamentos judiciais, dispõe o art. 800 do CPP que as
sentenças e as decisões interlocutórias mistas (ou,
acrescentamos nós, com força de definitivas – art. 593, II, CPP)
serão proferidas no prazo de dez dias, quando não forem
proferidas na audiência de instrução e julgamento (art. 403, § 3º,
e art. 404, parágrafo único, CPP) enquanto as interlocutórias
16.1 A regra é a partir do 0.50 simples o serão em cinco dias. Os despachos de expediente,
termo de vista que apenas impulsionam o andamento do processo, deverão ser
realizados em um dia. Já quanto aos prazos do Ministério
Público, há importante ressalva feita no § 2º do inciso III do art.
800. Afirma-se ali que os prazos do Ministério Público contar-se-
ão do termo de vista, salvo para a interposição do recurso (art.
798, § 5º). Assim, a regra é que os prazos do parquet tenham
início na data em que são remetidos ao órgão oficiante,
portanto, do termo de vista. Pacelli, Eugênio Curso de processo
penal / Eugênio Pacelli. – 21. ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Atlas, 2017.

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No entanto, no sistema recursal assentou—se que o prazo


começa a correr somente do efetivo recebimento dos autos pelo
gabinete do membro do Ministério Público, ou seja, os autos tem
que ter chegado ao Parquet. No caso de intimação eletrônica,
mais comum nos dias de hoje em razão dos processos
eletrônicos, será da data efetivamente recebida pelo Promotor
de Justiça ou Procurador da República. tratando-se de prazos
para a interposição de recurso, o que deverá ser considerado é
a data da efetiva intimação, aplicando-se a regra do art. 798. E
como as leis orgânicas do Ministério Público asseguram como
prerrogativas do parquet a intimação pessoal, nos autos, tem-se
que somente a partir desta é que terá início o prazo recursal, e
não da data de ingresso dos autos na sede do Ministério
Público. Nesse sentido: STF – AGRG no RE nº 334.864-7, Rel.
Min. Carlos Velloso; STJ – REsp nº 289.078/DF, Rel. Min. Felix
Fischer, j. 17.9.2002, Informativo STJ nº 147).Todavia, o
Nos recursos a partir Plenário do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos,
16.2 do recebimento dos 0.50 alterou o aludido entendimento, para considerar que o prazo
autos recursal deve ser contado a partir do ingresso dos autos no
Ministério Público, e não da data de seu efetivo
encaminhamento ao membro do parquet (HC nº 83.255/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJ 12.3.2004) que nele (autos) oficia. Insiste
o autor supracitado que, do ponto de vista de um controle mais
rígido da atuação do Poder Público, a aludida decisão pode até
ser compreensível, no sentido de evitar eventuais atrasos na
distribuição de processos no âmbito daquela instituição. Aliás,
pelas mesmas razões, a certidão de conclusão dos autos para
sentença aos juízes deveria realizar-se tão logo ingressem os
autos no respectivo juízo, independentemente da data em que
cheguem às mãos do julgador, o que, diante do volume de
processos que tramitam em nosso Judiciário, nem sempre é
cumprido. De todo modo, consolida-se o entendimento de que a
intimação do Ministério Público há de ser feita pessoalmente,
nos autos, e não por meio de mandado. (idem).

Resposta ideal:
Embora o art. 800§ 2 º inciso III do CPP determine que os prazos do
Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a
interposição do recurso ( art. 798, § 5 º ), jurisprudência pacificou que
neste caso corre a partir do efetivo ingresso dos autos no MP.

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17ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO ELEITORAL
Tema: Justiça eleitoral e o controle de legalidade das eleições

Quais as particularidades existentes no CE com relação à pena


privativa de liberdade abstratamente cominada, no que tange às
causas de aumento e de diminuição de pena e à aplicação da pena
de multa.

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

No Código Eleitoral, no seu Título IV, Capítulo II, prevê a maioria


dos crimes eleitorais (do artigo 289 ao artigo 354-A). Há outro
tipo penal no Título II do Código Eleitoral (artigo 71, § 3º). Alguns
desses tipos penais não possuem, no preceito secundário, o
mínimo da pena abstratamente cominada. Por exemplo: artigo
289 do CE “Inscrever-se fraudulentamente o eleitor: Pena –
reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias- multa”; artigo
296 do CE; “Promover desordem que prejudique os trabalhos
Pena mín.-15 dias de eleitorais: Pena- detenção até dois meses e pagamento de 60 a
17.1 detenção e 1 ano de 0.30 90 dias-multa”. Não há qualquer ofensa ao princípio da reserva
reclusão. legal, pois o artigo 284 do CE assim dispõe: “Sempre que este
Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de
15 (quinze) dias para a pena de detenção e de um ano para a
de reclusão”. No dizer de Marcos Ramayana: “A regra
contempla a tipicidade remetida no que tange ao preceito
secundário da norma incriminadora” (Direito eleitoral. 15ª ed. Rio
de Janeiro: Impetus, 2016, p. 982). Sobre os tipos penais
remetidos confira-se: NUCCI, Guilherme de Souza. Código
penal comentado. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017 p. 54.

No CE alguns tipos penais preceituam que, em determinadas


circunstâncias, a pena é agravada, omitindo-se no tange ao
quantum do aumento. É o que se verifica nas seguintes figuras
típicas do CE: artigo 300, § único; artigo 323, § único; artigo 339,
§ único; artigo 340, § único; artigo 348, § 1º; e artigo 350,
§único. Segundo José Jairo Gomes, o artigo 285 do CE veicula
causas de aumento e diminuição de pena, embora use os
termos agravação e atenuação (Crimes e processo penal
Causas de aumento eleitorais. São Paulo: Atlas, 2015, p. 18). As causas de
17.2 ou diminuição: entre 0.30 aumento e de diminuição integram a tipicidade incriminadora,
1/5 e 1/3. com a utilização de índices de majoração ou de redução da
pena. Nos termos do artigo 285 do CE: “Quando a Lei determina
a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum,
deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os
limites da pena cominada ao crime”. A ressalva final não pode
ser interpretada no sentido de impedir a majoração para além do
limite máximo da pena abstratamente cominada ou a redução
para aquém do seu limite mínimo (GOMES, José Jairo, op. cit.,
p. 18).
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A cominação e aplicação da pena de multa aos crimes eleitorais


seguem parâmetros diversos do Código Penal. De acordo com o
artigo 286, caput, do CE, para os crimes eleitorais nele
previstos, a pena de multa é fixada em dias-multa, no montante
de, no mínimo, 1 (um) dia-multa, e de, no máximo, 300
(trezentos) dias-multa, enquanto no Código Penal, a multa será,
no mínimo, de 10 (dez), e, no máximo, de 360 dias-multa. Esta é
a diferença na primeira etapa do cálculo da pena de multa.
Ademais, no CE, na maioria dos tipos penais, o legislador prevê,
no preceito secundário, os montantes mínimo e máximo do dia-
multa. Por exemplo: artigos 306, 323 e 331 do CE. Na segunda
etapa do cálculo da multa, também a disciplina é diferente. No
Código Penal (vide artigos 49 a 52, 58 e 60), atentando-se
somente para a condição financeira do sentenciado, o valor do
Multa: 1 a 300 dias- dia-multa é de estimado entre 1/30 do salário-mínimo vigente e
17.3 multa, valor não é do 0.40 5 salários-mínimos. Segundo o CE (artigo 286, § 1º), o montante
CP. do dia-multa é fixado levando em conta as condições pessoais e
econômicas do condenado, mas não pode ser inferior ao salário-
mínimo diário da região e nem superior ao valor de um salário-
mínimo mensal. O artigo 286, § 2º, do CE, praticamente repete o
disposto no artigo 60, § 2º, do CP, mas, ainda que aumentada
até o triplo, a multa não pode superar o máximo previsto no
caput (300 dias-multa). O artigo 286, caput, ainda prevê a
destinação da multa ao Tesouro Nacional. Porém, segundo
Marcos Ramayana, houve revogação parcial do dispositivo pela
Lei Complementar 79/1994, devendo a multa aplicada pela
prática de crime previsto no CE ser destinada ao Fundo
Penitenciário Nacional (op. cit. p. 982). Aqui tem inteira
aplicação a Súmula 171 do STJ: “Cominadas cumulativamente,
em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é
defeso a substituição da prisão por multa”.

Resposta ideal:
No CE, se o tipo penal não estabelece a pena mínima, esta será de 15
dias para a detenção e de 1 ano para a reclusão; silenciando-se sobre
o quantum do aumento ou da diminuição, ele deverá ser fixado entre
1/5 e 1/3; a multa é fixada entre 1 e 300 dias-multa, cujo valor também
é diverso do CP.

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18ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL
Tema: 7. Prova.

O MP pode requisitar diretamente à Receita Federal dados fiscais


do investigado?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Renato Brasileiro defende que o Ministério Público ostenta


poder de requisição ministerial com base no do art. 129, VIII, da
Constituição Federal, porém, isto não lhe confere poderes para
determinar diretamente a quebra do sigilo financeiro, é dizer,
sem prévia autorização judicial. Como já decidiu a 2a Turma do
STF, "se se tem presente que o sigilo bancário é espécie de
direito à privacidade, que a Constituição Federa consagra em
seu art. 5º.,X, somente autorização expressa da Constituição
Em regra exige-se
18.1 0.50 legitimaria o Ministério Público a promover, diretamente e sem a
ordem judicial intervenção da autoridade judiciária, a quebra do sigilo bancário
de qualquer pessoa". Todavia, não são nulas as provas obtidas
por meio de requisição do Ministério Público de informações
bancárias de titularidade de órgãos públicos para fins de apurar
supostos crimes praticados por agentes públicos contra a
Administração Pública. (Lima, Renato Brasileiro de. Código de
Processo Penal comentado/Renato Brasileiro de Lima - 2. ed.
rev. e atual. - Salvador: Juspodivm, 2017.)

É pacífico na doutrina pátria e na jurisprudência dos Tribunais


Superiores que o sigilo bancário constitui espécie do direito à
intimidade/privacidade, consagrado no art. 5°, X e XII, da CF. No
entanto, as contas públicas, ante os princípios da publicidade e
da moralidade (art. 37 da CF), não possuem, em regra, proteção
do direito à intimidade/privacidade e, em consequência, não são
protegidas pelo sigilo bancário. Na verdade, a intimidade e a
vida privada de que trata Lei Maior referem-se à pessoa
Em verba pública o humana, aos indivíduos que compõem a sociedade e às
18.2 MP pode requisitar 0.50 pessoas jurídicas de direito privado, inaplicáveis tais conceitos
diretamente aos entes públicos. Nesse contexto: STJ, Sª Turma, HC
308.493/CE, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j.
20/10/2015, DJe 26/10/2015. Também há precedentes do STF
no sentido de que as "operações financeiras que envolvam
recursos públicos não estão abrangidas pelo sigilo bancário a
que alude a lei Complementar n.105/2001, visto que as
operações dessa espécie estão submetidas aos princípios da
administração pública insculpidos no art. 37 da Constituição
Federal". {MS 33.340-DF, Primeira Turma, DJe de 3/8/201S).

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Resposta ideal:
Em regra não, exigindo-se autorização judicial. No entanto, tratando-se
de operações financeiras que envolvam recursos públicos a
jurisprudência do STF tem entendido que é possível a requisição direta
do MP.

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19ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL
Tema: 3. Organização dos Poderes

Quais são os poderes da CPI? Pode uma CPI decretar a prisão de


alguém?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Art. 58 § 3º da CF diz que:“As comissões parlamentares de


inquérito, que terão poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos
das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo
certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
19.1 Poderesjuízes
próprios dos 0.50 Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores”. No entanto, o Supremo Tribunal Federal
delimitou os poderes investigatórios da CPI, sendo hoje
inquestionável que ela possa determinar a quebra de sigilo
bancário, fiscal e dados, o que não se confunde com a
determinação de interceptação telefônica, autorizada somente
aos magistrados, pois, protegida pela cláusula de reserva
jurisdicional (STF – Pleno – MS n. 23.468-7/DF – Min. Nelson
Jobim – D.J.U, Seção I, 24.01.1999, p. 8).

No entanto, as CPIs não poderão determinar, mesmo em


decisão fundamentada e motivada, diligência de busca
domiciliar, quebra do sigilo das comunicações telefônicas, mas
sim apenas decretar prisão em caso de flagrante delito.
Entende-se, por quebra de sigilo das comunicações telefônicas,
a determinação de interceptação das conversas telefônicas, que
só pode ser decretada por autoridade judicial, de forma
19.2 Somente a prisão em 0.50 motivada e ainda presentes os requisitos da Lei Federal
flagrante 9.296/1996. Ressalva-se, no entanto, que as CPIs poderão
determinar diligência de busca e apreensão de documentos,
desde que estes não estejam em um domicílio ou residência,
mas em repartições públicas ou comerciais, pois no primeiro
caso demanda-se ordem judicial (STF – HC – 71.039/RJ – Rel.
Min. Paulo Brossard, 07.04.1994). Já a prisão em flagrante pode
ser decretada pela CPI, obviamente quando presentes as
situações do art. 302 do CPP.

Resposta ideal:
Terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, com
algumas exceções e somente podem decretar a prisão em flagrante de
alguém

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20ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO
Tema: Improbidade administrativa

Qual a diferença entre imoralidade e improbidade administrativa?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Diz o Art. 37.da CF que: “A administração pública direta e


indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência”. A moralidade administrativa constitui, hoje em dia
pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública
(Cf, art. 37, caput). Não se trata – diz Hauriou, o sistematizador
A improbidade é uma de tal conceito – da moral comum, mas sim de uma moral
20.1 faceta da 0.50 jurídica, entendida como “o conjunto de regras de conduta
imoralidade tiradas da disciplina interior da Administração”. Desenvolvendo
sua doutrina, explica o mesmo autor que o agente
administrativo, como ser humano dotado da capacidade de
atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o
honesto do desonesto. (...)”(HELY LOPES MEIRELLES, Direito
Administrativo Brasileiro, 24º Edição, Editora Malheiros, pag. 85)
(Grifos nosso).

Marcelo Figueiredo ensina que a “improbidade” denota


“desonestidade”; esta, por sua vez, está abarcada no conceito
maior de “moralidade”. A improbidade é um minus (está contida)
da moralidade. A improbidade caracteriza-se por ser uma das
facetas da moralidade. A probidade, desse modo, seria o
A improbidade está aspecto “pessoal-funcional” da moralidade administrativa. Nota-
20.2 contida na 0.50 se de pronto substancial diferença. Dado agente pode violar a
imoralidade moralidade administrativa e nem por isso violará
necessariamente a probidade, se na análise de sua conduta não
houver a previsão legal tida por ato de improbidade.
(FIGUEIREDO, Marcelo. O controle da moralidade na
constituição. 1. ed. 2. tir. São Paulo: Malheiros Editores, 2003. p.
49.)

Resposta ideal:
A improbidade é uma das facetas da imoralidade, ou seja, a
improbidade está contida na imoralidade

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21ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL
Tema: 3. Organização dos Poderes

O que se entende pelo princípio “stare decisis”? A Constituição


Federal faz previsão sobre isto?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Segundo Maria Chaves de Mello, stare decisis é um “princípio


de uniformização da jurisprudência (a máxima latina, que
significa ‘sê fiel ao que foi decidido’), expressa a regra da
obrigatoriedade de seguir o precedente judicial, praticada pelos
tribunais da tradição da common law, e segundo a qual uma
questão judicial deve ser decidida da mesma forma que foi
decidida uma questão semelhante anterior, privilegiando a
uniformização da jurisprudência. Essa regra dispõe que a
decisão do tribunal superior vincula o tribunal inferior, e que
aquele também não pode desobedecer ao próprio precedente, a
não ser por uma razão extraordinária. No primeiro caso, ocorre a
Uniformização da
21.1 0.50 vertical stare decisis e, no segundo, a horizontal stare decisis: ‘A
jurisprudência regra se fundamenta no princípio de que a certeza, a
previsibilidade e a estabilidade da lei são os principais objetivos
do ordenamento jurídico, porque as pessoas precisam nortear a
sua conduta e relacionamentos sob a certeza de que são
governadas pelas normas legais’; Eficácia do precedente
judicial; Jurisprudência vinculante”. Portanto, a expressão indica
vinculação às decisões do Supremo Tribunal Federal, o que
ocorre não só nos casos das Súmulas Vinculantes, mas também
das decisões em sede de ação direta de inconstitucionalidade.
(Dicionário jurídico – Português-inglês/Inglês-português. 9. ed.
São Paulo: Método, 2009. p. 965-966).

Pelo princípio do stare decisis, os juízos ou tribunais devem


obediência à orientação oriunda dos órgãos judiciais que lhes
21.2 Sim, pelo art. 103-A, 0.50 são superiores, e, no Brasil, tal princípio é manifestado pelo art.
da CF 103-A da Constituição Federal, que deferiu ao Supremo Tribunal
Federal competência para editar súmulas vinculantes.

Resposta ideal:
É princípio de uniformização da jurisprudência. Tal princípio é
manifestado pelo art. 103-A da Constituição Federal, que deferiu ao
Supremo Tribunal Federal competência para editar súmulas
vinculantes.

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22ª Pergunta Chave


Disciplina: TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS
Tema: 1. Interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos em juízo: princípios gerais.

Os direitos e garantias fundamentais podem ser aplicados às


relações privadas, sobretudo nas relações de consumo? O
princípio da dignidade da pessoa humana tem aplicação nestas
relações?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação
Leonardo de Medeiros Garcia avoca valioso aresto da lavra do
Ministro Gilmar Mendes orientando que "um meio de irradiação
dos direitos fundamentais para as relações privadas seriam as
cláusulas gerais (Generalklausel) que serviriam de porta de
entrada (Einbruchstelle) dos direitos fundamentais no âmbito do
direito privado. O STJ, em interessante caso, aplicou o princípio
da dignidade da pessoa humana nas relações privadas para
Direitos evitar que o consumidor viesse a ser preso em razão do
fundamentais se descumprimento do contrato de alienação fiduciária. Restou
22.1 0.50
aplicam aos demonstrado no processo que, ao ficar inadimplente, o
consumidores consumidor teve a dívida elevada em mais de quatro vezes no
período inferior a dois anos. Com isso, o STJ, em consonância
com a nova interpretação do direito privado, entendeu que, caso
o consumidor fosse compelido ao pagamento da dívida abusiva,
passaria o resto da vida preso ao débito. Código de Defesa do
Consumidor Comentado: artigo por artigo. Leonardo de
Medeiros Garcia - 13. ed. rev. ampl. e atual.- Salvador:
JusPODIVM, 2016. 640p

E prossegue o renomado professor trazendo à baila decisão do


STJ, nos seguintes termos: “Princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana. Direitos fundamentais de
igualdade e liberdade. Cláusula geral dos bons costumes e
regra de interpretação da lei segundo seus fins sociais. Decreto
de prisão civil da devedora que deixou de pagar dívida bancaria
dignidade da pessoa assumida com a compra de um automóvel-táxi, que se elevou,
22.2 humana se aplica ao 0.50 em menos de 24 meses, de R$ 18.700,00 para R$ 86.858,24, a
consumidor exigir que o total da remuneração da devedora, pelo resto do
tempo provável de vida, seja consumido com o pagamento dos
juros. Ofensa ao princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana, aos direitos de liberdade de locomoção e de igualdade
contratual e aos dispositivos da LICC sobre o fim social da
aplicação da lei e obediência aos bons costumes (STF, HC n°
12547, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 12/02/2001).

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Resposta ideal:
Sim. Tais direitos não tem aplicabilidade somente nas relações entre o
Estado e o particular, mas também entre particulares. Considerando
que o princípio da dignidade da pessoa humana é integrante do rol dos
direitos fundamentais, deve, portanto, também ser observado nas
relações consumeristas.

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23ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO CONSTITUCIONAL
Tema: 3. Organização dos Poderes

O que se entende por mutação constitucional e qual a sua relação


com o chamado “Poder Constituinte Difuso”?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

Uadi Lammêgo Bulos define mutação constitucional como o


fenômeno através do qual os textos constitucionais são
alterados sem revisões ou emendas e exemplifica que tanto as
constituições rígidas como as flexíveis podem sofrer mutações
constitucionais, eis que os Estados Unidos têm constituição
Alteração da CF sem 0.50
23.1 emendas rígida, e conhecem com profundidade a influência das mutações
ou revisões constitucionais, ao passo que a Inglaterra, Nova Zelândia,
Finlândia e África do Sul, que por sua vez possuem cartas
flexíveis, também estão sujeitas a mudanças informais. (Direito
constitucional ao alcance de todos. 2. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. 118.)

Ressalta-se que a manifestação atuante do denominado Poder


Constituinte Difuso se verifica pelas mutações constitucionais.
Urge mencionar que o Supremo Tribunal Federal já reconheceu
e aplicou o instituto em debate algumas vezes, como na
alteração interpretativa da abrangência da palavra “casa”
constante no art. 5.º, XI, da CF, reconhecendo que não se trata
apenas da residência, mas todo e qualquer local que alguém
ocupa com exclusividade (STF, RE 331.303 – Rel. Min.
Sepúlveda Pertence). Da mesma forma, interpreta-se como
genuína mutação constitucional a nova compreensão que vem
23.2 É a manifestação do 0.50 sendo conferida ao art. 52, X, da CF, que faculta ao Senado
P.C. Difuso Federal a suspensão no todo ou em parte de lei declarada
inconstitucional pelo STF em sede de controle incidental, como
condição de se conceder efeito geral à decisão tomada em sede
recursal, mas agora interpretado por alguns ministros do
Excelso Pretório (em especial Gilmar Mendes e Eros Grau), que
o referido dispositivo ostenta mero efeito de publicidade, ou seja,
mesmo que o Senado Federal não suspenda a execução da lei
no todo ou parte no território nacional, pode-se conferir efeito
erga omnes a algumas decisões proferidas em sede de controle
difuso (teoria da transcendência dos motivos determinantes da
sentença).

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Resposta ideal:
É fenômeno através do qual os textos constitucionais são alterados
sem revisões ou emendas. A sua relação, conforme indagado, consiste
na manifestação atuante do denominado Poder Constituinte Difuso se
verifica pelas mutações constitucionais

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24ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PENAL
Tema: A) Parte Geral e Parte Especial do Código Penal (exceção feita ao Título IV da Parte Especial – arts. 197 a 207)

O que é e onde se situa a conduta no conceito analítico de crime?


Qual é a relação entre conduta e coação física irresistível?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


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O Código Penal brasileiro adota, no que tange à conduta, a


teoria finalista, idealizada por Hans Welzel, que apresenta a
conduta como “comportamento humano voluntário
psiquicamente dirigido a um fim” (SANCHES, Rogério. Manual
de direito penal – parte geral. 5.ed. Salvador: JusPodivm, 2017.
p. 202).
A teoria finalista adota o conceito tripartite de crime (crime é fato
típico, ilícito e culpável) e decorre de relevante alteração na
estrutura da culpabilidade, com a migração do dolo para a
conduta (teoria normativa pura da culpabilidade).
A conduta, segundo a teoria finalista, possui como elementos:
a)Comportamento humano voluntário: a conduta é ação ou
omissão exclusivamente humana. Ademais, deve ser
necessariamente voluntária. O ato voluntário pode ser livre ou
não, circunstância que gera reflexos na culpabilidade do agente.
b)Exteriorização da vontade: a conduta se revela, ademais, por
meio de ação ou omissão que exterioriza a vontade pretendida
pelo agente. É necessária a repercussão no mundo exterior, de
modo que a simples cogitação não é relevante para o Direito
Penal.
c)Finalidade: toda conduta, como comportamento humano
voluntário e exteriorizado, é voltada a uma finalidade. Dolo
Comportamento (elemento subjetivo) e culpa (elemento normativo) são
24.1 humano voluntário 0.40 analisados na conduta. Nos crimes dolosos, a finalidade é a
dirigido a um fim produção de um resultado ilícito. Já nos crimes culposos, é a
realização de um resultado lícito.
A par da adoção, pelo Código Penal, da teoria finalista, outras
relevantes teorias foram concebidas sobre o tema e merecem
apontamento:
a)Teoria causalista (clássica ou naturalista): conduta é
movimento corporal do qual decorre modificação no mundo
exterior, passível de percepção sensorial (dolo e culpa integram
a culpabilidade).
b)Teoria neokantista (neoclássica ou causal valorativa): conduta
é comportamento humano do qual decorre um resultado (dolo e
culpa integram a culpabilidade).
c)Teoria social da ação: conduta é comportamento humano
voluntário e dirigido a uma finalidade socialmente reprovável
(dolo e culpa integram a conduta, mas devem ser reanalisados
na culpabilidade).
d)Teoria funcionalista teleológica: conduta é comportamento
humano voluntário e que causa relevante lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico penalmente tutelado.
e)Teoria funcionalista sistêmica: conduta é comportamento
humano voluntário que frustra as expectativas da norma,
violando o sistema.

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Pode-se conceituar fato típico como “ação ou omissão humana,


antissocial que, norteada pelo princípio da intervenção mínima,
consiste numa conduta produtora de um resultado que se
subsume ao modelo de conduta proibida pelo Direito Penal”
(SANCHES, Rogério. Manual de direito penal – parte geral.
Elemento do fato
24.2 0.30 5.ed. Salvador: JusPodivm, 2017. p. 197).
típico O fato típico, como parte integrante do conceito analítico de
crime, possui como elementos a conduta, o resultado, o nexo
causal e a tipicidade.
Conduta, portanto, apresenta-se no Direito Penal como
elemento do fato típico.

A conduta comporta causas de exclusão que, uma vez


afastando-a, fazem desaparecer o fato típico e,
consequentemente, a infração penal. Excluem a conduta:
a)Caso fortuito ou de força maior: fato de causa desconhecida
ou fato natural que geram consequências imprevisíveis e
impossíveis de se evitar.
Coação física b)Involuntariedade: afasta a voluntariedade do comportamento
24.3 irresistível: exclui a 0.30 humano e, portanto, a própria conduta. Revela-se no estado de
conduta inconsciência completa (sonambulismo e hipnose) e nos
movimentos reflexos.
c)Coação física irresistível (vis absoluta): decorre da
impossibilidade de realização de comportamento voluntário em
razão da atuação de uma força física externa que recai sobre o
agente.

Resposta ideal:
Conduta é comportamento humano voluntário dirigido a um fim. A
conduta se apresenta como um dos elementos do fato típico. A coação
física irresistível é causa que exclui a voluntariedade do
comportamento e, portanto, exclui a própria conduta.

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25ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PENAL
Tema: A) Parte Geral e Parte Especial do Código Penal (exceção feita ao Título IV da Parte Especial – arts. 197 a 207)

Fulano e Beltrano tomam conhecimento que uma família viajou


para passar o período de carnaval na praia. Seguros da veracidade
da informação, resolveram furtar alguns bens que guarnecem a
residência. Assim, na terça-feira de carnaval, ambos rumaram para
a residência alvo. Fulano nela ingressou, mediante escalada dos
altos muros e arrombamento da porta frontal, enquanto Beltrano
permaneceu em um veículo do lado de fora, como vigia e para
viabilizar rápida fuga. Beltrano, entretanto, possuidor de longa data
de um revolver calibre 38, com numeração suprimida, empresta-o a
Fulano para uso na ação.
Ocorre que, depois de separar alguns bens de alto valor, quando
Fulano saía da residência com para iniciar a retirada deles, o
proprietário do imóvel chega repentinamente ao local. Neste
momento, Fulano saca a arma de fogo e anuncia o assalto. Diante
do susto da vítima, Fulano desfere, em seguida, um disparo que a
atinge fatalmente. A dupla foge sem subtrair nenhum bem.
A dupla é presa alguns dias depois e a arma de fogo é localizada e
apreendida. Na Delegacia de Polícia, Fulano confessou os fatos e
disse que a ideia da ação foi de Beltrano. Este, de igual modo,
confessou sua participação, informou que teve a ideia de praticar o
furto, arquitetou o plano e convidou Fulano, mas que não
imaginava que o proprietário pudesse retornar. Por fim, asseverou
que a arma de fogo utilizada lhe pertencia a mais de 1 ano e que, de
fato, a emprestou para Fulano, mas apenas para garantir que não
teriam problemas na fuga.
Sobre a hipótese apresentada, pergunta-se:
1.1.Qual é a diferença entre roubo próprio e roubo impróprio?
1.2.A conduta de Fulano se amolda a quais tipos penais?
1.3.A conduta de Beltrano se amolda a quais tipos penais?

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Item Critério de Pt. Explicação do Professor


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Já o art. 157, §1º, do CP apresenta a figura denominada “roubo


impróprio”, em que a violência contra a pessoa ou a grave
ameaça é empregada após a subtração da coisa, como meio de
assegurar (a) a impunidade do crime ou (b) a detenção da coisa
para o agente ou para terceiro.
“Art. 157. (...)
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro”.
O roubo impróprio, como se vê do dispositivo correlato, não
admite o uso da violência imprópria. Ademais, e necessário que
a grave ameaça ou violência contra pessoa seja empregada
logo depois da subtração da coisa, em um mesmo contexto
fático.
Ex.: o agente ingressa em uma loja e esconde um telefone
celular sub a camiseta, com o intuito de subtrai-lo para si. Ao
rumar para a saída do estabelecimento, é abordado por um
funcionário, ocasião em que o ameaça de morte caso
intervenha, exibindo uma faca. Nesta hipótese, o crime de furto
deixa de existir, dando espaço ao crime de roubo impróprio (CP,
art. 157, §1º). Ademais, não incide na espécie nenhuma das
causas de aumento de pena apresentadas pelo §2º ou §2º-A do
art. 157, pois a Lei nº 13.654/18 revogou o inciso I do §2º, que
trazia o uso de arma (entendia-se arma de fogo ou arma branca)
como causa de aumento de pena do crime de roubo. Em
contrapartida, inseriu o §2º-A, inciso I, que trata exclusivamente
da majoração de pena em razão do emprego de arma de fogo.
25.1 Violência empregada 0.10 Observe:
após a subtração “§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
(Revogado)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua
liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela
Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma
de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum.”
A respeito da alteração legislativa acima indicada, há discussão
sobre sua inconstitucionalidade decorrente da vedação de
proteção ineficiente do Estado na seara penal (discussão esta
relevante para provas subjetivas).
Por fim, atenção: não confundir roubo impróprio (violência ou
grave ameaça empregada após a subtração e como meio de
garantir a impunidade ou a detenção do bem) com violência
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imprópria (utilização de meio que reduza a vítima à


impossibilidade de resistência, o que caracteriza roubo próprio).

O crime de roubo está tipificado no artigo 157 do Código Penal.


Trata-se de infração penal de dupla objetividade jurídica (crime
complexo), pois tutela o patrimônio e, ao mesmo tempo, a
liberdade e a incolumidade física da pessoa. Por esta razão,
figuram como vítimas do crime de roubo tanto o proprietário do
patrimônio subtraído como a pessoa sobre a qual foi exercida a
violência ou a grave ameaça necessária à subtração ou a
assegurar a impunidade ou a detenção da coisa.
O art. 157, caput, do CP apresenta a figura denominada “roubo
próprio”, no qual a violência ou grave ameaça contra a pessoa é
empregada como meio à subtração da coisa (durante a
25.2 Violência empregada 0.10 subtração).
como meio “Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.”
Nota-se que o roubo próprio pode ser praticado mediante
violência à pessoa, grave ameaça ou mediante qualquer meio
que reduza a vítima à impossibilidade de resistência, o que se
denomina violência imprópria (ex.: roubo praticado com
emprego de sonífero ou outra substância análoga – ex. “boa
noite, Cinderela”).

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No problema proposto, a conduta de Fulano se amolda com


perfeição ao tipo penal apresentado pelo art. 157, §3º, inc. II, do
CP, que apresenta a figura do latrocínio.
“Art. 157. (...).
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654,
de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
(dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos,
e multa”.
Com efeito, a hipótese apresenta que, da violência empregada
por Fulano para garantir a subtração do bem, resultou a morte
da vítima. Assim, sua conduta guarda juízo de tipicidade formal
com o tipo penal acima indicado.
Ademais, lembre-se que o crime de latrocínio se consuma com a
morte da vítima em decorrência da violência empregada, ainda
que a subtração do patrimônio não se consume. Eis o teor do
enunciado de Súmula nº 610 do STF: “Há crime de latrocínio,
quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente
a subtração de bens da vítima”.
De outra parte, se a violência é empregada (como meio ou com
o fim de assegurar a subtração) buscando o agente a morte da
vítima (dolo de matar), mas a morte não ocorre por
circunstâncias alheias a sua vontade, plenamente possível a
figura do latrocínio tentado. Nesse sentido (STJ):
“HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO NA FORMA TENTADA.
25.3 Fulano: II,
art. 157, §3º, 0.20 POSSIBILIDADE JURÍDICA. RECONHECIMENTO.
CP DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. NECESSIDADE DE REEXAME DE
FATOS E PROVAS. PENA-BASE. FUNDAMENTOS
CONCRETOS NO TOCANTE ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO
CRIME. CONSEQUÊNCIAS AFASTADAS. DADOS
INERENTES AO TIPO PENAL. CONFISSÃO PARCIAL.
REDUÇÃO DA PENA. IMPOSSIBILIDADE. DEPOIMENTO NÃO
UTILIZADO COMO FUNDAMENTO DA CONDENAÇÃO.
PATAMAR DE REDUÇÃO PELA TENTATIVA. AVANÇADO
ITINERÁRIO DE EXECUÇÃO PERCORRIDO. AUSÊNCIA DE
ILEGALIDADE FLAGRANTE. 1. Nos termos da jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça, "embora haja discussão
doutrinária e jurisprudencial acerca de qual delito é praticado
quando o agente logra subtrair o bem da vítima, mas não
consegue matá-la, prevalece o entendimento de que há tentativa
de latrocínio quando há dolo de subtrair e dolo de matar, sendo
que o resultado morte somente não ocorre por circunstâncias
alheias à vontade do agente" (Rel. Ministro JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, julgado em 23/4/2013, DJe 8/5/2013). (...)”
(STJ, HC 315.576/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA
PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 01/03/2018, DJe
12/03/2018)”.
Por fim, cabe um lembrete: o latrocínio, embora complexo, é
tratado como crime contra o patrimônio, de modo que não se
insere no âmbito da competência do Tribunal do Júri. Súmula
603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de
latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri”.

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A conduta de Beltrano se amolda, também, ao tipo penal


descrito no art. 157, §3º, inc. II, c/c o art. 29, ambos do CP. De
fato, Beltrano concorreu para a prática do crime de latrocínio
consumado, executado por Fulano. Resta perquirir se agiu na
como coautor ou partícipe do delito.
Concurso de agentes consiste na reunião de várias pessoas que
concorrem, de forma relevante e com identidade de desígnios,
para a realização do fato criminoso. Eis os requisitos: (a)
pluralidade de agentes e de condutas; (b) relevância causal de
cada uma das condutas; (c) liame subjetivo entre os agentes; (d)
em regra, identidade de infração penal.
“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
No âmbito do concurso de agentes, especial atenção deve ser
dada à distinção entre as figuras do autor e do partícipe. Sobre a
autoria, confira as teorias mais importantes:
a)Teoria objetiva ou dualista: há clara distinção entre autor e
partícipe, dividindo-se em:
a.Teoria objetivo-formal: o autor é aquele que realiza o núcleo
do tipo, enquanto o partícipe concorre de modo relevante sem
realizar o núcleo do tipo penal.
b.Teoria objetivo-material: a atuação do autor é mais efetiva
para a realização do resultado, enquanto a do partícipe é menos
relevante (embora com relevância).
b)Teoria subjetiva ou unitária: todos os agentes que, de
qualquer forma, contribuem para o resultado são autores. Não
há distinção entre as figuras.
c)Teoria extensiva: sem estabelecer diferença entre as figuras,
Beltrano: art. 157, 0.30 admite graus diversos de autoria.
25.4 §3º, II, c/c art. 29, CP d)Teoria do domínio do fato: tem ganhado expressão no Direito
Penal brasileiro. Autor é aquele que tem o controle final do fato,
decidindo sobre a forma de execução, início, interrupção, etc. Já
partícipe é aquele que concorre para a realização do resultado
sem, porém, exercer o controle finalístico sobre a ação
criminosa.
No exemplo proposto, aplicando-se a teoria objetivo-formal
(prevalente), Beltrano é partícipe do crime de latrocínio, pois
colaborou de forma relevante com a produção do resultado. Sua
participação no evento foi moral (induziu a prática do crime,
fazendo nascer a ideia) e material (auxiliou a prática do crime
fornecendo a arma de fogo utilizada).
Já caso se aplique a teoria do domínio do fato, é possível
considerar Beltrano coautor, pois a hipótese demonstra que ele
possuía o controle finalístico da ação criminosa, planejando a
sua prática (autor intelectual) e dela tomando parte, sem,
contudo, executar o núcleo do tipo penal.
Em continuidade, é possível aplicar a Beltrano o instituto da
participação dolosamente distinta (CP, art. 29, §2º)?
“Art. 29. (...)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode
ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.”
Não. A esse respeito, veja o entendimento recentemente
exarado pelo STJ:
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“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. LATROCÍNIO (ART. 157, § 3º, DO CP).
PRETENDIDA DESCLASSIFICAÇÃO. COOPERAÇÃO
DOLOSAMENTE DISTINTA. INAPLICABILIDADE AOS
COAUTORES. DOMÍNIO DOS FATOS. REEXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
AGRAVO IMPROVIDO. 1. Na esteira do entendimento desta
Corte, a ciência a respeito da utilização de arma de fogo no
delito de roubo impõe, a princípio, a responsabilização de todos
os agentes por eventual morte da vítima, haja vista ser tal
resultado desdobramento ordinário da ação criminosa em que
todos contribuem para realização do evento típico. 2. In casu, o
Tribunal de origem destacou que, embora não tenha realizado o
disparo, o agravante possuía pleno domínio dos fatos, sendo
inclusive quem planejou a empreitada criminosa e forneceu a
arma utilizada, de modo a responder em coautoria pelo
latrocínio. 3. Para se concluir de forma diversa, sobretudo no
sentido de que o agravante não forneceu a arma do crime, seria
imprescindível o reexame do conjunto fático-probatório,
providência inviável de ser adotada no âmbito do recurso
especial, nos termos da Súmula n. 7/STJ. 4. Agravo regimental
a que se nega provimento. (STJ, AgRg no AREsp 1163320/MG,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
10/04/2018, DJe 20/04/2018).

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É possível imputar a Beltrano, ainda, a conduta tipificada no


artigo 16, parágrafo único, inc. IV, da Lei nº 10.826/03,
porquanto demonstrado que Beltrano possuía a arma de fogo de
uso permitido, com numeração suprimida, anteriormente e em
contexto diverso do qual se desenvolveu o crime de latrocínio.
Assim, a posse da arma de fogo não figura como simples meio
para a prática do crime de latrocínio, a demandar a sua
absorção.
“Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito
ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro
autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
Beltrano: art. 16, p. identificação raspado, suprimido ou adulterado;
25.5 único, IV, Lei 0.20 V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma
10.826/03 de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou
adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo”.
Nesse sentido, STJ:
“HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO E PORTE
ILEGAL DE ARMA DE FOGO. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO.
INAPLICABILIDADE NO CASO CONCRETO. ORDEM
DENEGADA. 1. "A conduta de portar arma ilegalmente é
absorvida pelo crime de roubo, quando, ao longo da instrução
criminal, restar evidenciado o nexo de dependência ou de
subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram
praticados em um mesmo contexto fático, incidindo, assim, o
princípio da consunção" (HC 178.561/DF, Rel. Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 22/05/2012,
DJe 13/06/2012). 2. In casu, as instâncias ordinárias concluíram
que o porte ilegal de arma de fogo decorreu de desígnio
autônomo e, para se chegar a qualquer conclusão em sentido
contrário, seria necessária uma análise acurada dos fatos,
depoimentos e elementos de convicção em que se arrimaram as
instâncias ordinárias. Tal procedimento é inviável em sede de
habeas corpus, pois importaria em transformar o writ em recurso
dotado de ampla devolutividade. 3. Habeas corpus denegado.
(STJ, HC 441.638/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/08/2018, DJe
29/08/2018)”.
Para lembrar: o crime de posse ou porte de arma de fogo de uso
restrito foi incluído no rol de crimes hediondos pela Lei nº
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13.497/17 (art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 8.072/90).

Por fim, considerando que os crimes de latrocínio consumado e


porte de arma de fogo com numeração suprimida se deram em
contextos distintos, a indicar que o agente, mediante duas
ações, praticou dois crimes distintos, impõe-se o
reconhecimento do concurso material entre as condutas.
“Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
Beltrano: art. 69 do
25.6 0.10 haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
CP reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata
o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o
condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis
entre si e sucessivamente as demais.”

Resposta ideal:
Roubo próprio: violência/grave ameaça é empregada como meio para
a subtração. Impróprio: é empregada após a subtração para assegurar
a impunidade ou a detenção do bem. Fulano: art. 157, §3º, II, CP.
Beltrano: art. 157, §3º, II, c/c art. 29, CP, e art. 16, p. único, IV, Lei
10.826/03, c/c art. 69, CP

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26ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PENAL
Tema: 22. Crime de organização criminosa.

1.1.Quais são os requisitos para a caracterização de uma


organização criminosa?
1.2.Em cumprimento de mandado de busca e apreensão domiciliar
na residência de Fulano, a equipe do GAECO localiza documentos a
comprovar que ele integra organização criminosa cuja existência é
de conhecimento comum. Fulano confessa a participação nesta
organização. Entretanto, nenhum objeto ilícito é localizado em sua
residência e, durante as investigações, constata-se que Fulano
nunca praticou qualquer infração penal no âmbito desta
organização criminosa. Pergunta-se: é possível imputar a Fulano a
prática de algum crime?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

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A primeira definição de organização criminosa adotada pelo


ordenamento jurídico brasileiro foi a trazida pela Convenção de
Palermo. Tal definição, entretanto, apresentava-se como ampla
e genérica e, porquanto veiculada em documento internacional,
não figurava como tipo penal incriminador. Com o advento da
Lei nº 12.694/12 (que trata do julgamento colegiado em primeiro
grau), o legislador infraconstitucional apresentou novo conceito
de organização criminosa, sem, contudo, tipificar a conduta de
integrá-la. Em seguida, a Lei nº 12.850/13 trouxe novo conceito
de organização criminosa e revogou expressamente a Lei nº
9.034/95 (que tratava dos meios de apuração de crimes
envolvendo organização criminosa), bem como revogou
parcialmente a Lei nº 12.694/12, apenas no que tange ao
conceito do instituto.
Eis o conceito de organização criminosa, nos termos da Lei nº
12.850/13: “Considera-se organização criminosa a associação
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
Associação de 4 ou penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que
26.1 0.20
mais pessoas sejam de caráter transnacional” (art. 1º, §1º).
O primeiro requisito para a configuração da organização
criminosa é, portanto, a associação de 4 (quatro) ou mais
pessoas. Desnecessária a identificação de todos os integrantes,
desde que comprovado o envolvimento de pessoas em número
mínimo. Ademais, computam-se eventuais inimputáveis que
integrem a organização.
A associação pressupõe permanência e estabilidade e,
ademais, é necessária que a reunião ocorra antes da
deliberação acerca da prática dos delitos com os quais a
organização visará a obtenção de vantagem.
Por fim, ressalta-se que a organização criminosa não se
confunde com a figura da “associação criminosa”, tipificada no
artigo 288 do Código Penal:
“Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim
específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº
12.850, de 2013)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a
associação é armada ou se houver a participação de criança ou
adolescente”.

A configuração de uma organização criminosa demanda,


também, a existência de estrutura ordenada, com algum grau de
Estrutura e divisão
26.2 0.20 hierarquia entre os integrantes e de divisão de tarefas entre
de tarefas seus membros, com a atribuição específica e compartimentada
aos membros, ainda que de forma informal.

A atuação da organização criminosa deve buscar a obtenção de


Objetivo de obter
26.3 0.10 vantagem ilícita, em regra econômica, embora se admita
vantagem vantagem de outra natureza (ex.: proveito político).

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Rodada - 2° RODADA

A prática de crimes sancionados com pena máxima superior a 4


(quatro) anos aparece como meio para a obtenção da vantagem
pela organização criminosa. Assim, os membros previamente
Prática de crimes associados, com estrutura e divisão de tarefas, arquitetam
26.4 com pena superior a 0.10 ações criminosas para a prática de crimes graves (ex: tráfico de
4 anos drogas, roubos, sequestros, furtos qualificados, corrupção ativa,
peculato, etc.) com os quais auferirão vantagem ilícita de
qualquer natureza.

Admite-se, ainda, a caracterização da organização criminosa


mesmo se a vantagem for obtida com a prática de infrações
penais sancionadas com pena máxima inferior a 4 (quatro) anos,
desde que comprovado o caráter transnacional. Assim, seria
possível a estruturação de uma organização criminosa
destinada à prática de “jogo do bicho” no Brasil e no Paraguai?
A resposta é afirmativa. Ainda que as contravenções penais se
submetam ao princípio da territorialidade (LCP, art. 2º: “A lei
brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território
nacional”), evidenciado o caráter transnacional das atividades
ilícitas destinadas à prática de contravenção penal, possível é a
caracterização da organização criminosa. Veja, ademais, que o
art. 1º, §1º, da Lei 12.850/13 utiliza o termo “infrações penais”,
Ou de caráter gênero do qual são espécies o crime e a contravenção penal.
26.5 0.20
transnacional Por fim, é possível a aplicação dos institutos trazidos pela Lei nº
12.850/13 na investigação criminal não relacionada a
organização criminosa? Sim, o art. 1º, §2º, da Lei de
Organizações Criminosas expressamente permite a aplicação
nos casos lá apresentados.
“Art. 1º. (...)
§ 2º Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção
internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas
voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente
definidos.”

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Rodada - 2° RODADA

Ainda que o agente não pratique outras infrações penais no


âmbito da organização criminosa, com o intuito de obtenção de
vantagem de qualquer natureza, o mero fato de integrá-la
configura a prática do crime descrito no artigo 2º da Lei
12.850/13.
“Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente
ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais
praticadas.”
Trata-se de crime comum e de concurso necessário
(plurissubjetivo), porquanto imprescindível a reunião de ao
menos quatro pessoas, de forma a caracterizar organização
criminosa. Tutela-se a paz pública e trata-se de infração penal
permanente, cuja consumação se protrai no tempo enquanto
não cessada a permanência.
As condutas tipificadas são:
a)Promover: atuar ou trabalhar a favor;
b)Constituir: formar, criar organização criminosa;
c)Financiar: custear as despesas da organização;
d) Integrar: fazer parte da organização, diretamente
(pessoalmente) ou indiretamente (por pessoa interposta).
O artigo 2º, §1º, apresenta figura equiparada relacionada à
obstrução das investigações relacionadas ao envolvimento de
organização criminosa.
“Art. 2º. (...)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer
forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva
Art. 2º da Lei organização criminosa.”
26.6 0.20
12.850/13 Em continuidade, os §§ 2º, 3º e 4º apresentam a agravante
relativa ao exercício de atividades de comando da organização e
as causas de aumento de pena aplicáveis ao delito.
“Art. 2º. (...)
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da
organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual
ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique
pessoalmente atos de execução.
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a
organização criminosa dessa condição para a prática de
infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no
todo ou em parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras
organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a
transnacionalidade da organização.”
Por fim, os parágrafos seguintes do artigo trazem disposições
relativas ao envolvimento de funcionário público ou de policiais
nas atividades da organização criminosa.
“Art. 2º. (...).
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público
integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu
afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária
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Rodada - 2° RODADA

à investigação ou instrução processual.


§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao
funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou
mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou
cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao
cumprimento da pena.
§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de
que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito
policial e comunicará ao Ministério Público, que designará
membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.”

Resposta ideal:
Os requisitos são: associação de quatro ou mais pessoas; estrutura e
divisão de tarefas; obtenção de vantagem de qualquer natureza;
mediante prática de crimes punidos com pena superior a 4 anos ou de
caráter transnacional. A conduta de Fulano pode caracterizar o crime
do artigo 2º da Lei 12.850/13.

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Rodada - 2° RODADA

27ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PENAL
Tema: 7. Crimes relativos à Criança e ao Adolescente.

Joaquina, maior e imputável, utilizando um aplicativo de


mensagens instantâneas instalado em seu computador, inicia
conversa com Joãozinho, de 11 (onze) anos de idade. No
desenrolar da conversa, Joaquina, conhecendo a idade de
Joãozinho, passa a instigá-lo a mostrar seu pênis via WebCam.
Joãozinho reluta e, momentos depois, finaliza a conversa.
Situação 2: Joãozinho chega a um bar e é atendido pela
proprietária, Joaquina. Joãozinho pede-lhe uma garrafa de cerveja.
Joaquina, diligente, pergunta-lhe a idade, tomando conhecimento
que o adolescente possui 15 anos, pelo que se recusa a vender o
produto. Entretanto, Joãozinho diz que a cerveja será consumida
por seu pai e convence Joaquina a lhe vender a garrafa.
Questão: Tipifique a conduta de Joaquina em ambas as situações.

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

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Rodada - 2° RODADA

Na primeira situação apresentada, a conduta de Joaquina se


subsume ao tipo penal descrito no artigo 241-D, parágrafo único,
inciso II, do ECA.
“Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela
praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”.
O tipo penal criminaliza a conduta voltada a aliciar (seduzir,
atrair), assediar (importunar), instigar (fazer nascer a ideia de
praticar determinada conduta) ou constranger (coagir com uso
de violência ou grave ameaça) criança com a finalidade de com
ela praticar ato libidinoso. Trata-se de tipo misto alternativo, em
que a prática de mais de um núcleo do tipo penal acarreta a
configuração de um único crime.
O crime é comum quanto ao sujeito ativo, porquanto qualquer
27.1 Art. único,
241-D, parágrafo 0.50 pessoa pode praticá-lo, mas próprio no que tange ao sujeito
II, ECA passivo, já que se exige condição pessoal específica - criança
(pessoa menor de doze anos de idade). Note-se que o legislador
não incluiu no tipo penal a figura do adolescente!
Trata-se de crime formal, ou de consumação antecipada,
consumando-se com a simples conduta, mesmo que o resultado
naturalístico almejado não seja alcançado.
Por fim, o parágrafo único apresenta relevantes figuras
equiparadas.
“Art. 241-D. (...)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela
praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
sexualmente explícita.”

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Rodada - 2° RODADA

Na segunda situação apresentada, a conduta de Joaquina se


amolda ao tipo penal descrito no artigo 243 do ECA, que sofreu
relevante alteração com o advento da Lei 13.106/15.
“Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
produtos cujos componentes possam causar dependência física
ou psíquica:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
não constitui crime mais grave.”
Antes da alteração legislativa, a conduta de vender bebida
alcoólica era interpretada pelo STJ como indiferente penal,
porquanto se entendia que o produto não se inseria no conceito
de “produtos cujos componentes possam causar dependência
física ou psíquica” e, além disso, a contravenção penal do artigo
63 da LCP trazia como núcleo do tipo penal apenas o verbo
“servir”.
Desse modo, vender de bebida alcoólica a adolescente era
considerada fato atípico, enquanto servi-la caracterizava a
27.2 Art. 243 do ECA 0.50 contravenção penal descrita no artigo 63 da LCP.
Com o advento da Lei 13.106/15, corrigiu-se a impropriedade
legislativa, sendo que o legislador inseriu expressamente como
núcleo do tipo penal do artigo 243 o verbo “servir” e acrescentou
o produto “bebida alcoólica” na redação do artigo.
Desse modo, atualmente configuram o crime do artigo 243 do
ECA as condutas de vender, fornecer, servir, ministrar ou
entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança
ou a adolescente, bebida alcoólica.
Trata-se de tipo misto alternativo, de modo que a realização de
mais de um núcleo do tipo penal, no mesmo contexto fático,
configura crime único.
Ademais, o delito é formal ou de consumação antecipada, pelo
que desnecessário que se atinja o resultado naturalístico
respectivo (efetivo consumo da bebida alcoólica pela criança ou
adolescente).
Por fim, estará caracterizada a infração penal em comento
apenas se a conduta do agente não se amoldar a tipo penal
mais grave (como, p.ex., tráfico de drogas). O tipo penal do
artigo 243 do ECA é expressamente subsidiário.

Resposta ideal:
Na situação 1, Joaquina praticou o crime previsto no artigo 241-D,
parágrafo único, inciso II, do ECA. Já na situação 2, Joaquina praticou
o crime previsto no artigo 243 do ECA.

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Rodada - 2° RODADA

28ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO PENAL
Tema: A) Parte Geral e Parte Especial do Código Penal (exceção feita ao Título IV da Parte Especial – arts. 197 a 207)

1.1.Há previsão de responsabilidade penal da pessoa jurídica no


ordenamento jurídico brasileiro?
1.2.A esse respeito, os Tribunais Superiores trazem a dupla
imputação como requisito à persecução penal?
1.3.Há previsão de penas específicas aplicáveis às pessoas
jurídicas?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

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Rodada - 2° RODADA

O parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 9.605/98 adota o


chamado sistema da dupla imputação, ao indicar que o fato
delituoso ambiental pode ser imputado tanto à pessoa jurídica
quanto à pessoa natural que a representa.
Diante do texto legal, passou-se a questionar se a dupla
imputação era necessária à responsabilização penal da pessoa
jurídica. Em outras palavras: a viabilidade da persecução penal
da pessoa jurídica pelo crime ambiental exige que a pessoa
natural que a representa seja simultaneamente processada?
Inicialmente, o STJ entendeu que a dupla imputação (imputação
simultânea no mesmo processo) era imprescindível à
responsabilização penal da pessoa jurídica, porquanto a pessoa
natural que a representa estaria praticando o mesmo crime.
Assim, exigia o STJ que a denúncia fosse dirigida tanto à
pessoa natural quanto à jurídica, sob pena de rejeição.
O STF, entretanto, consolidou o entendimento no sentido de
afastar a dupla imputação como requisito para a persecução
penal da pessoa jurídica, ante a ausência de condicionamento
em sede constitucional. Nesse sentido:
“EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL.
CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA
PESSOA JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO PENAL
À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA
PESSOA FÍSICA QUE NÃO ENCONTRA AMPARO NA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. O art. 225, § 3º, da
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal
da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea
Dupla imputação: persecução penal da pessoa física em tese responsável no
28.1 não é requisito para 0.20 âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a
perseução necessária dupla imputação. 2. As organizações corporativas
complexas da atualidade se caracterizam pela descentralização
e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo
inerentes, a esta realidade, as dificuldades para imputar o fato
ilícito a uma pessoa concreta. 3. Condicionar a aplicação do art.
225, §3º, da Carta Política a uma concreta imputação também a
pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional,
expressa a intenção do constituinte originário não apenas de
ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a
impunidade pelos crimes ambientais frente às imensas
dificuldades de individualização dos responsáveis internamente
às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico
ambiental. 4. A identificação dos setores e agentes internos da
empresa determinantes da produção do fato ilícito tem
relevância e deve ser buscada no caso concreto como forma de
esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou
deliberaram no exercício regular de suas atribuições internas à
sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no
interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal
esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado
delito à pessoa jurídica, não se confunde, todavia, com
subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à
responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas
envolvidas. Em não raras oportunidades, as responsabilidades
internas pelo fato estarão diluídas ou parcializadas de tal modo
que não permitirão a imputação de responsabilidade penal
individual. 5. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e,
na parte conhecida, provido. (STF, 1ª Turma, RE 548181, Rel.
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Rodada - 2° RODADA

Min. ROSA WEBER, Julgado em 06/08/2013, DJe em


30.10.2014).
Posteriormente, alinhando-se ao entendimento do STF, o STJ
passou a dispensar a dupla imputação no mesmo processo
como requisito à persecução penal da pessoa jurídica por crime
ambiental. Confira:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO. PESSOA
JURÍDICA QUE FIGURA ISOLADAMENTE COMO RÉ NA
DENÚNCIA POR CRIME AMBIENTAL. POSSIBILIDADE.
AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. É assente nesta Corte
Superior de Justiça que o agravo regimental deve trazer novos
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente
firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão vergastada pelos
próprios fundamentos. 2. Este Superior Tribunal, na linha do
entendimento externado pelo Supremo Tribunal Federal, passou
a entender que, nos crimes societários, não é indispensável a
aplicação da teoria da dupla imputação ou imputação
simultânea, podendo subsistir a ação penal proposta contra a
pessoa jurídica, mesmo se afastando a pessoa física do polo
passivo da ação. Precedentes. 3. O trancamento de ação penal,
somente deve ser acolhido se restar, de forma indubitável,
comprovada a ocorrência de circunstância extintiva da
punibilidade, de ausência de indícios de autoria ou de prova da
materialidade do delito e ainda da atipicidade da conduta. 3.
Agravo regimental improvido. (STJ, 6ª Turma, AgRg no RMS
48.851/PA, Rel. Min. NEFI CORDEIRO, julgado em 20/02/2018,
DJe 26/02/2018)”.

O artigo 3º da Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais)


veicula a regulamentação da responsabilidade penal das
pessoas jurídicas acerca do tema, dispondo:
“Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no
interesse ou benefício da sua entidade.
Previsão legal (art.
28.2 0.30 Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não
3º da Lei 9.605/98) exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do
mesmo fato”.
Exsurge do dispositivo legal acima colacionado que, para
viabilizar a responsabilidade penal do ente jurídico, dois
requisitos devem ser preenchidos: (a) ato praticado por seu
representante legal ou contratual ou órgão colegiado; e (b) ato
praticado no interesse ou em benefício da própria pessoa
jurídica.

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Rodada - 2° RODADA

As sanções penais aplicáveis às pessoas jurídicas estão


apresentadas no artigo 21 da Lei nº 9.605/98, e são: (a) multa;
(b) restritiva de direitos; (c) prestação de serviços à comunidade.
“Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou
alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto
no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.”
Observa-se que a pena de prestação e serviços à comunidade
aplicável às pessoas jurídicas não é espécie de pena restritiva
de direitos, mas sim sanção autônoma, nos termos do artigo 23,
e consiste em: (a) custeio de programas e de projetos
ambientais; (b) execução de obras de recuperação de áreas
degradadas; (c) manutenção de espaços públicos; (d)
contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
As penas restritivas de direitos estão veiculadas no artigo 22 da
lei nº 9.605/98.
“Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele
obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,
relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra
ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou
Arts. 21 a 23 da Lei em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição
28.3 0.20
9.605/98 legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter
subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo
de dez anos.”
A lei de crimes ambientais apresenta, ainda, hipótese de
liquidação forçada:
“Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação
forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime
e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.”
Por fim, questão interessante diz respeito à prescrição da
pretensão punitiva estatal em face da pessoa jurídica. Ainda que
não haja pena privativa de liberdade apta a ser imposta ao ente
jurídico, entende-se que a prescrição é regulada pela pena
privativa de liberdade cominada ao delito, em razão do teor da
disposição inserta no art. 109, parágrafo único do CP.
“Art. 109. (...)
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os
mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.”
Nesse sentido, eis recente julgado do STJ:
“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
CRIME AMBIENTAL. PESSOA JURÍDICA. LAPSO
PRESCRICIONAL. CONTAGEM. PRAZO DAS PENAS
PRIVATIVAS DE LIBERDADE. PRESCRIÇÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. 1.
Em crimes ambientais, embora incabível a imposição de penas
privativas de liberdade às pessoas jurídicas, o prazo
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Rodada - 2° RODADA

prescricional deve obedecer à regra do art. 109, parágrafo único,


do CP, que estabelece serem aplicáveis, às sanções restritivas
de direitos, os mesmos prazos definidos para a prescrição da
pena corporal. 2. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp
1712991/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 11/09/2018, DJe 28/09/2018)”

A Constituição Federal, afastando-se do dogma penal de que os


entes coletivos não poderiam delinquir, previu a
responsabilidade penal da pessoa jurídica em dois dispositivos,
ao tratar dos crimes contra a ordem econômica e financeira e
contra a economia popular, e ao tratar dos crimes ambientais.
“Art. 173. (...).
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos
dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade
desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza,
nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e
contra a economia popular.”
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
Previsão equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
28.4 constitucional (art. 0.30 qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
173, §5º, e 225, §3º o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
(...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.”
A Constituição Federal, no entanto, não regulamenta a
responsabilidade penal da pessoa jurídica, relegando a tarefa ao
legislador infraconstitucional por meio da apresentação de
mandados de constitucionais de criminalização. E nesse ponto,
apenas a responsabilidade penal da pessoa jurídica por crime
ambiental foi regulamentada.

Resposta ideal:
Sim. Há previsão constitucional (art. 173, § 5º, e art. 225, §3º, da CF) e
legal (art. 3º da Lei 9.605/98). Embora o sistema brasileiro adote a
dupla imputação, o STF e STJ não a colocam como requisito para a
persecução penal da pessoa jurídica. Sim (arts. 21 a 23 da Lei
9.605/98).

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Rodada - 2° RODADA

29ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
Tema: 3. Medidas de proteção.

Acerca das entidades de atendimento da rede de proteção à criança


e ao adolescente, responda:
1.1. Como se classificam as entidades de atendimento?
1.2. Qual o papel do dirigente da entidade que desenvolve
programa de acolhimento institucional em relação às crianças e/ou
adolescentes acolhidos na instituição?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

As entidades de atendimento são as instituições responsáveis


pelo desenvolvimento de programas de proteção e
socioeducativos destinados a crianças e adolescentes. A Lei
Conforme origem e 12.594/2012 (Lei do SINASE) as define como “a pessoa jurídica
29.1 regime de 0.20 de direito público ou privado que instala e mantém a unidade e
atendimento os recursos humanos e materiais necessários ao
desenvolvimento de programas de atendimento” (art. 1, §5).
Pois bem, as entidades de atendimento podem ser classificadas
de acordo com dois critérios: origem e regime de atendimento.

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Rodada - 2° RODADA

De acordo com sua origem, as entidades podem ser


governamentais e não-governamentais. As entidades
governamentais estão ligadas à Administração Pública, direta ou
indireta. Já as entidades não-governamentais são criadas pela
iniciativa privada. Em que pese possuam características em
comum, as entidades de atendimento governamentais e não-
governamentais também ostentam peculiaridades que as
distanciam e regimes de regramento e de responsabilização
diferenciados.
Em comum, tanto as entidades governamentais, como a não-
governamentais devem proceder à inscrição de seus programas,
especificando os regimes de atendimento, no Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que
fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária
(art. 90, §1, ECA). Ambas terão seus programas em execução
reavaliados pelo Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente no máximo a cada dois anos e dependerão, para
renovação da autorização para funcionamento de: I - o efetivo
respeito às regras e princípios previstos no Estatuto da Criança
e do Adolescente, bem como às resoluções relativas à
modalidade de atendimento prestado expedidas pelos
Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos
os níveis; II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela
Justiça da Infância e da Juventude; e, III - em se tratando de
programas de acolhimento institucional ou familiar, serão
considerados os índices de sucesso na reintegração familiar ou
Governamentais e 0.20 de adaptação à família substituta, conforme o caso (artigo 90,
29.2 não-governamentais;
§3, ECA).
“Art. 90. (...).
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais
deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando
os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do
que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade
judiciária.
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
renovação da autorização de funcionamento:
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do
Adolescente, em todos os níveis;
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas
pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da
Infância e da Juventude;
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou
familiar, serão considerados os índices de sucesso na
reintegração familiar ou de adaptação à família substituta,
conforme o caso.”
Quanto às entidades não-governamentais, exige-se, ainda,
registro prévio no Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente (artigo 91, ECA):
“Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
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funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos


Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o
registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da
respectiva localidade.
§ 1º Será negado o registro à entidade que:
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios
desta Lei;
c) esteja irregularmente constituída;
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do
Adolescente, em todos os níveis.
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
renovação, observado o disposto no § 1º deste artigo”.
CUIDADO: não se deve confundir a necessidade de registro
prévio no CMDCA para funcionamento (obrigação imposta às
entidades não-governamentais) com a inscrição dos programas
no CMDCA (obrigação imposta a ambas as espécies,
governamentais e não-governamentais).
Ademais, tanto as entidades governamentais como as não-
governamentais são fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério
Público e pelos Conselhos Tutelares (art. 95, ECA), e deverão
apresentar os planos de aplicação e as prestações de contas ao
Estado ou ao Município, conforme a origem das dotações
orçamentárias (art. 96, ECA).
“Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo
Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem
das dotações orçamentárias.”
Neste ponto, é interessante ressaltar que as entidades de
atendimento não-governamentais, embora sejam criadas por
iniciativa particular, não estão proibidas de receber recursos
públicos para sua manutenção.
Outro ponto de distinção relevante entre as entidades de
atendimento governamentais e não governamentais, cujo
questionamento é bastante comum em primeiras fases de
certames do Ministério Público, diz respeito às medidas
aplicáveis às entidades pelo descumprimento das obrigações
constantes da lei.
Ambas as espécies de entidade estão sujeitas à fiscalização
pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos
Tutelares. Entretanto, as medidas aplicáveis em decorrência do
descumprimento das obrigações variam para as entidades
governamentais e não-governamentais.
As entidades governamentais estão sujeitas a:
a)advertência;
b)afastamento provisório de seus dirigentes;
c)afastamento definitivo de seus dirigentes; e
d)fechamento de unidade ou interdição de programa.
Já as entidades não-governamentais estão sujeitas a:
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a)advertência;
b)suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
c)interdição de unidades ou suspensão de programa; e
d)cassação do registro.
“Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo
da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou
prepostos:
I - às entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
II - às entidades não-governamentais:
a) advertência;
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
d) cassação do registro.
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou
representado perante autoridade judiciária competente para as
providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou
dissolução da entidade.
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o
descumprimento dos princípios norteadores das atividades de
proteção específica.”

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A depender do regime de atendimento, as entidades classificam-


se entre que desenvolvem programas de proteção ou
socioeducativos.
As primeiras são as entidades de atendimento desenvolvem
programas voltados para atenção à família de crianças e
adolescentes em situação de risco, colocação da criança e do
adolescente em família extensa ou substituta e
atendimento/acolhimento de crianças e adolescentes diante da
impossibilidade de manutenção do grupo familiar de origem.
Já as segundas são as entidades de atendimento que
acompanham o cumprimento das medidas socioeducativas, seja
em regime aberto, de semiliberdade ou de internação.
“Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
manutenção das próprias unidades, assim como pelo
planejamento e execução de programas de proteção e
socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em
regime de:
I - orientação e apoio sócio-familiar;
II - apoio socioeducativo em meio aberto;
III - colocação familiar;
IV - acolhimento institucional;
V - prestação de serviços à comunidade;
VI – liberdade assistida;
VII – semiliberdade; e
VIII – internação.
(...)
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
Desenvolvam acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes
programas de princípios:
29.3 0.20
proteção ou I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
socioeducativ reintegração familiar;
II - integração em família substituta, quando esgotados os
recursos de manutenção na família natural ou extensa;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
V - não desmembramento de grupos de irmãos;
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras
entidades de crianças e adolescentes abrigados;
VII - participação na vida da comunidade local;
VIII - preparação gradativa para o desligamento;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo
educativo.
(...)
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de
acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade
judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório
circunstanciado acerca da situação de cada criança ou
adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação
prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
(...)”
Importante ressaltar que o recebimento de criança e
adolescente em entidade de acolhimento institucional dependem
de determinação judicial e expedição de guia de acolhimento,
mas o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que, em
caráter excepcional e de urgência, referidas entidades podem
acolher criança ou adolescente sem prévia determinação
judicial, hipótese em que deverá comunicar o fato em até 24
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(vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude da


localidade, sob pena de responsabilidade (art. 93). Trata-se de
medida excepcional pautada no princípio da intervenção
precoce, com a finalidade de fazer cessar a situação de risco a
que está exposta a criança e/ou adolescente..
“Art. 93. As entidades que mantenham programa de
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
determinação da autoridade competente, fazendo comunicação
do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da
Juventude, sob pena de responsabilidade.
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias
para promover a imediata reintegração familiar da criança ou do
adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou
recomendável, para seu encaminhamento a programa de
acolhimento familiar, institucional ou a família substituta,
observado o disposto no § 2º do art. 101 desta Lei”.
Por fim, as entidades que responsáveis pela execução de
programas de medida socioeducativa de internação têm as
seguintes obrigações, segundo o artigo 94 do Estatuto da
Criança e do Adolescente: I - observar os direitos e garantias de
que são titulares os adolescentes; II - não restringir nenhum
direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de
internação; III - oferecer atendimento personalizado, em
pequenas unidades e grupos reduzidos; IV - preservar a
identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao
adolescente; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
preservação dos vínculos familiares; VI - comunicar à autoridade
judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável
ou impossível o reatamento dos vínculos familiares; VII -
oferecer instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos
necessários à higiene pessoal; VIII - oferecer vestuário e
alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos
adolescentes atendidos; IX - oferecer cuidados médicos,
psicológicos, odontológicos e farmacêuticos; X - propiciar
escolarização e profissionalização; XI - propiciar atividades
culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
acordo com suas crenças; XIII - proceder a estudo social e
pessoal de cada caso; XIV - reavaliar periodicamente cada caso,
com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos
resultados à autoridade competente; XV - informar,
periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação
processual; XVI - comunicar às autoridades competentes todos
os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-
contagiosas; XVII – fornecer comprovante de depósito dos
pertences dos adolescentes; XVIII - manter programas
destinados ao apoio e acompanhamento de egressos; XIX -
providenciar os documentos necessários ao exercício da
cidadania àqueles que não os tiverem; XX - manter arquivo de
anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento,
nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes,
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação,
relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua
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identificação e a individualização do atendimento.

De acordo com o artigo 92, §1° do Estatuto da Criança e do


Adolescente, o dirigente da entidade que desenvolve programa
de acolhimento institucional é equiparado, para todos os efeitos
legais, ao guardião das crianças e adolescentes que se
encontram acolhidas, disposição que indica a extrema
importância da figura e impõe responsabilidades diante das
crianças e adolescentes acolhidos, com deveres especiais em
relação a tais sujeitos, sob pena de responsabilização cível,
Equipara-se a criminal e administrativa.
29.4 guardião (art. 92, § 0.40 “Art. 92. (...).
1, ECA) § 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos
os efeitos de direito.
(...)
§ 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente
de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar
ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da
apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e
criminal.”

Resposta ideal:
As entidades classificam-se conforme a origem (governamentais e não-
governamentais), e regime de atendimento (desenvolvem programa de
proteção ou socioeducativo). O dirigente da entidade de acolhimento
institucional equipara-se a guardião dos acolhidos para todos os efeitos
legais (art. 92, §1, ECA

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30ª Pergunta Chave


Disciplina: DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
Tema: 6. Conselho tutelar. Processo Eleitoral.

1.1 Qual é a natureza jurídica do Conselho Tutelar?


1.2 Como se determina a competência para atuação do Conselho
Tutelar?

Item Critério de Pt. Explicação do Professor


Avaliação

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De acordo com o artigo 131 do Estatuto da Criança e do


Adolescente o Conselho Tutelar é órgão permanente e
autônomo, não jurisdicional (administrativo), encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente. O artigo 10 da Resolução n. 113/2006 do
CONANDA dispõe que: “Os Conselhos Tutelares são órgãos
contenciosos não jurisdicionais, encarregados de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
particularmente através da aplicação de medidas especiais de
proteção a crianças e adolescentes com direitos ameaçados ou
violados e através da aplicação de medidas especiais a pais ou
responsáveis (art. 136, I e II da Lei 8.069/1990)”.
Destarte, por ser órgão não jurisdicional, os conflitos surgidos no
exercício de suas funções não serão resolvidos pelo Conselho
Tutelar, mas sim pelo juiz da Infância e Juventude da Comarca.
A escolha dos conselheiros tutelares é feita por eleição
municipal, para mandato de quatro anos, permitida uma
recondução mediante novo processo de escolha (art. 132, ECA).
As eleições serão feitas em todo o território nacional, a cada
quatro anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano
subsequente ao da eleição presidencial (art. 139, ECA). Para
candidatura a membro do conselho tutela a pessoa deve gozar
de reconhecida idoneidade moral, idade superior a vinte e um
anos e residir na comarca (art. 133, ECA). Estão impedidos de
servir no mesmo conselho ascendentes e descendentes, sogro
e genro ou nora, irmão e cunhados, durante o cunhadio, tio e
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. O mesmo
Órgão não impedimento se estende em relação à autoridade judiciária e ao
30.1 jurisdicional (art. 131, 0.40 representante do Ministério Público com atuação na Justiça da
ECA) Infância e Juventude na Comarca (art. 140, ECA). Esse
impedimento, entretanto, se verifica para exercício no mesmo
conselho tutelar, não havendo vedação para exercer funções em
conselhos tutelares diversos.
Os direitos assegurados aos conselheiros tutelares estão
previstos no artigo 133 do Estatuto, abarcando remuneração,
cobertura previdenciária, férias anuais remuneradas acrescidas
do terço constitucional, licença maternidade, paternidade e
gratificação natalina.
O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço
público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral
(art. 135, ECA). Este dispositivo é corriqueiramente objeto de
certame em questões geralmente tendentes a influenciar o
candidato a confundir o exercício da função de conselheiro
tutelar com o exercício da função de membro de Conselho
Estadual ou Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Assim, atenção: (a) o exercício da função de conselheiro tutelar
constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
de idoneidade moral (art. 135, ECA); (b) o exercício da função
de membro de conselho estadual ou municipal dos direitos da
criança e do adolescente é considerado de interesse público
relevante e não será remunerado (art. 89, ECA).
Por fim, sobre as atribuições do Conselho Tutelar, confira:
“Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I
a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
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Rodada - 2° RODADA

medidas previstas no art. 129, I a VII;


III - promover a execução de suas decisões, podendo para
tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou
adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
proposta orçamentária para planos e programas de atendimento
dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a
violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente
junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
adolescentes.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal
entendimento e as providências tomadas para a orientação, o
apoio e a promoção social da família.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha
legítimo interesse”.

A competência para o exercício das funções do conselho tutelar


é tratada no artigo 138 do ECA, o qual, por sua vez, remete à
regra de competência prevista no artigo 147 do mesmo estatuto.
“Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
constante do art. 147.
30.2 Indicação dos artigos
138 e 147 do ECA 0.20 (...)
Art. 147. A competência será determinada:
I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta
dos pais ou responsável.
(...)”

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O primeiro critério de fixação de competência da Justiça da


30.3 Domicílio dos pais ou 0.20 Infância e da Juventude (aplicável ao Conselho Tutelar) é o
responsáveis domicílio dos pais ou responsáveis pela criança ou adolescente
(art. 147, I, ECA)

Lugar onde se À falta dos pais ou responsáveis, a competência será fixada pelo
30.4 encontre a criança 0.20 local onde se encontrar a criança ou o adolescente (art. 147, II,
ou adolescente ECA).

Resposta ideal:
É órgão não jurisdicional (art. 131, ECA) cuja competência se
determina pelo domicílio dos pais ou responsáveis, ou pelo lugar onde
se encontra a criança e/ou adolescente na falta destes (arts. 138 e
147, ECA).

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CONHEÇANOSSOSSERVI
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