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Guia

Plantas
de

Aquáticas

Instituto da Conservação da Natureza


2004
Com a participação da União Europeia
Projecto cofinanciado pelo FEDER

PROGRAMA INTERREG III B - SUDOE


O presente trabalho foi elaborado no âmbito do projecto MW/SUDOE,
co-financiado pelo programa INTERREG III B Sudoeste Europeu
2000 - 2006 – N.º S0/2.1/P20.

Ficha técnica:
Fonseca, J.P., S. Chozas & A. Paiva 2004. Guia de Plantas Aquáticas.
Instituto da Conservação da Natureza/ Centro de Zonas Húmidas.

Ano: 2004
Edição: Instituto da Conservação da Natureza /
Centro de Zonas Húmidas
Fotografias: Adelaide Clemente (AC), Ana Paiva (AP), Eduardo
Gameiro (EG), João Carlos Farinha, (JCF), João Paulo
Fonseca (JPF), Paulo Lucas (PL), Sergio Chozas (SC) e
Intituto da Conservação da Natureza (ICN.)

Depósito legal: xxxxxx/xx


ISBN: xxx-xxx-xxx-x
Impresso por: Palmigráfica
Tiragem: 1000 exemplares

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Índice

Introdução ..............................................................................................

Vegetação Aquática

Vasculares flutuantes
Azolla caroliniana Willd. (Azola) ................................................................
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms (Jacinto-de-água) ............................
Lemna minor L. (Lentilha-de-água-menor) .................................................
Ranunculus peltatus Schrank (Ranúnculo-aquático) ...............................

Folhas flutuantes / Vasculares radiculares


Marsilea quadrifolia L. (Trevo-de-quatro-folhas) ......................................
Nymphaea alba L. (Golfão-branco) ...........................................................
Potamogeton polygonifolius Pourret (Colher) ...........................................

Emergentes

Emergentes não persistentes


Alisma plantago-aquatica L. (Orelha-de-mula) ........................................
Aster tripolium L. (Malmequer-da-praia) ..................................................
Cistanche phelypaea (L.) Coutinho ........................................................
Drosera intermedia Hayne (Orvalhinha) ..................................................
Iris pseudacorus L. (Lírio-amarelo-dos-pântanos) .................................
Limonium ovalifolium (Poiret) Kuntze (Sempre-viva) ...............................
Narcissus jonquilla L. (Jonquilho) ...........................................................
Narcissus papyraceus Ker-Gaeler (Narciso-branco) .............................
Nasturtium officinale R. Br. (Agrião) .......................................................
Oenanthe crocata L. (Embude) ...............................................................
Panicum repens L. (Alcarnache) .............................................................
Paspalum paspalodes (Michx) Scribne (Graminhão) ..............................
Pinguicula lusitanica L. (Pinguícola) .......................................................
Polygonum persicaria L. (Erva-pessegueira) ..........................................
Woodwardia radicans L. (Feto-do-botão) ................................................

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Emergentes persistentes
Arundo donax L. (Cana) .........................................................................
Carex pendula Huds. (Palha-de-amarrar-vinha) ...................................
Inula crithmoides L. (Madorneira-bastarda)
Juncus acutus L. (Junco-agudo) ...........................................................
Juncus conglomeratus L. (Junco-glomerado) ........................................
Juncus maritimus Lam. (Junco-marítimo) ..............................................
Mentha pulegium L. (Poejo) .....................................................................
Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc. (Erva-pinheirinha) ......................
Phragmites australis (Cav.) Trin. (Caniço) .............................................
Scirpus cernuus Vahl (Cabeleira-de-velha) ..........................................
Scirpus holoschoenus L. (Bunho) ..........................................................
Scirpus maritimus L. (Junco-triângular) ..................................................
Typha dominguensis Pers. (Tabúa-estreita) ............................................

Arbustos
Arthrocnemum fruticosum (L.) Moq. ........................................................
Atriplex halimus L. (Salgadeira) ..............................................................
Dorycnium rectum Ser. (Erva-mata-pulgas)
Myrica gale L. (Samouco-do-brabante) .................................................
Nerium oleander L. (Alandro) ..................................................................
Rubus ulmifolius Schott (Silva) ..............................................................

Árvores
Alnus glutinosa (L.) Gaertn. (Amieiro) ...................................................
Betula celtiberica Rothm. & Vasc. (Vidoeiro) ........................................
Celtis australis L. (Lodão-bastardo) .......................................................
Frangula alnus Miller (Sanguinho-de-água) ............................................
Fraxinus angustifolia Vahl (Freixo) .........................................................
Populus alba L. (Choupo-branco) ...........................................................
Populus nigra L. (Choupo-preto) ............................................................
Salix alba L. (Salgueiro-dourado) ...........................................................
Salix atrocinerea Brotero (Salgueiro-negro) ...........................................
Salix salvifolia Brot. (Borrazeira-branca) ..............................................
Tamarix africana Poir. (Tamariz)
Ulmus minor Miller (Ulmeiro) ..................................................................

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Introdução
O Sistema de Classificação de Habitats MedWet (Farinha et al.
1996), apresentado durante o projecto MedWet 1 (1993-1996),
é um sistema de classificação que permite descrever os habi-
tats duma zona húmida.
Trata-se de um sistema direccionado para a análise estrutural
dos ecossistemas, portanto, distinto da classificação da flora
em “tipos biológicos”, usualmente utilizada em botânica. Visa,
sobretudo, definir tipologias de habitats para a fauna, uma vez
que os animais respondem mais intensamente às caracte-
rísticas estruturais dos habitats, do que à sua composição
florística.

A sua principal utilidade é a cartografia das zonas húmidas, um


instrumento para monitorização e gestão dos sítios, um elemento
imprescindível para identificar problemas, quantificar a sua
extensão, ou para avaliar, de forma expedita, a adequação dos
habitats para espécies alvo de programas de conservação.

Neste contexto, o principal objectivo desta publicação consiste


em fornecer aos não especialistas em botânica informação que
permita identificar de forma fácil, mas correcta, algumas das
espécies mais abundantes no continente português. Optou-se
por incluir critérios de identificação simples e macroescópicos
e, sempre que possível, evitar a utilização de termos técnicos
botânicos. Para os casos em que não foi possível evitar a sua
utilização, apresenta-se no final da brochura um breve glossário.

ESTRUTURA DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO


A estrutura do Sistema de Classificação de Habitats MedWet é
hierárquica, isto é, desenvolve-se através de vários níveis, do
mais abrangente para o mais específico. O primeiro nível designa-
se por Sistema, e os níveis subsequentes por Subsistema, Classe
e Subclasse. O sistema conta ainda com outras categorias –
5
Modificadores – que permitem a descrição dos tipos de regime
hídrico, salinidade, artificialização dos habitats , e ainda o tipo de
dominância, que permite identificar tipos de habitats importantes.
Consoante a percentagem de cobertura de um determinado habi-
tat (mais de 30%), classifica-se o tipo de vegetação em Classes
e Subclasses: Vegetação aquática (Vasculares radiculares,
Folhas flutuantes e Vasculares flutuantes), Emergentes (Não
persistente e Persistente), Arbustos e Árvores.

O presente Guia pretende facilitar a descrição da estrutura do


habitat, ao nível da Classe/Subclasse, através do apoio à
identificação de um conjunto de plantas aquáticas.

Classe e Subclasses descritos no presente Guia:

Vegetação Emergentes
Classe Arbustos Arvoredo
aquática

Sub-
Classe

Vasculares Não Folha Folha


radiculares persistentes caduca caduca
Folhas Persistentes Folha Folha
flutuantes persistente persistente
Vasculares
flutuantes

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Classe: Vegetação aquática

Inclui habitats dominados por plantas que crescem


geralmente à superfície da água ou imediatamente
abaixo da superfície durante a maior parte da época de
crescimento, na maior parte dos anos. A Classe Vegetação
aquática ocorre geralmente em águas com profundidades
inferiores a 2 metros.

SUBCLASSE: VASCULARES FLUTUANTES


Inclui habitats com a vegetação dominada por espécies que
flutuam livremente na água ou à sua superfície. A cobertura
desta vegetação é superior a 30%. As populações destas
plantas podem ser movimentadas pela acção do vento ou
das correntes.

SUBCLASSE: FOLHAS FLUTUANTES


Esta Subclasse inclui habitats em que a vegetação é dominada
por espécies vasculares submersas em que as folhas se
encontram, total ou parcialmente, à superfície.

SUBCLASSE: VASCULARES RADICULARES


Esta Subclasse inclui habitats com a vegetação dominada
por espécies vasculares enraizadas no substrato. Nos
Sistemas Fluvial, Lacustre e Palustre as plantas vasculares
radiculares ocorrem em diversas profundidades em águas
paradas ou movimentadas.

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Vasculares flutuantes

Azolla caroliniana Willd.


Azola (Esp.: Azola)
Foto: SC

Descrição: Planta flutuante de pequenas


dimensões, com 7 a 25 mm de diâmetro, muito
ramificada. Folhas verdes ou acastanhadas,
imbricadas, com uma estreita margem

slide
membranácea. Raízes negras. Esporulação de
Maio a Junho.

Distribuição geográfica: Originária da


América foi introduzida em Portugal com a
cultura do arroz. Actualmente, ocorre no Centro
e Sul do país.
Foto: JPF

Habitat: Cursos de água de corrente lenta e


zonas pantanosas, por vezes com alguma
salinidade.

Espécies similares: Azolla filiculoides


apresenta dimensões muito superiores (até 10
cm). Menos frequente em Portugal.

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Vasculares flutuantes

Eichhornia crassipes (Mart.) Solms


Jacinto-de-água (Esp.: Jacinto de agua, Buchón de agua)
Foto: ICN

Descrição: Erva aquática vivaz, flutuante. As folhas são pecioladas e


apresentam um limbo com 15 cm de comprimento máximo. A inflorescência,
em espiga, tem cerca de 15 cm e 8 a 12 flores azul-violáceas. Floração
em Junho e Julho.

Distribuição geográfica: Originário de América do Sul, o Jacinto-de-


água foi introduzido em todas as áreas tropicais e subtropicais do Mundo.
Em Portugal, foi introduzido no início do século XX, pelo seu valor orna-
mental. É muito abundante nas bacias do Tejo e Sado, sendo menos
frequente a Norte e a Sul destes rios.

Habitat: Águas doces estagnadas ou de corrente lenta. A proliferação do


Jacinto-de-água causa problemas ecológicos graves, devido ao facto de
cobrir toda a superfície da água, impedindo que a luz chegue à água e
evitando o crescimento da vegetação aquática imersa.

9
Vasculares flutuantes

Lemna minor L.
Lentilha-de-água-menor (Esp.: Lenteja de agua)

slide
Foto:

Descrição: Planta flutuante de pequenas dimensões, reduzida a uma


fronde e uma raiz central, elíptica e quase plana na página superior.
Reproduz-se assexuadamente através da divisão das frondes. Os frutos
e as flores nunca foram observadas.

Distribuição geográfica: Subcosmopolita. Em Portugal, ocorre de Norte


a Sul.

Habitat: Cursos de água de corrente lenta, lagos, charcos e zonas


pantanosas.

Espécies similares: Lentilha-de-água-maior (Lemna gibba) distingue-se


facilmente de Lentilha-de-água-menor por apresentar uma fronde convexa
na página inferior.

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Vasculares flutuantes

Ranunculus peltatus Schrank


Ranúnculo-aquático (Esp.: Hierba lagunera)
Foto: SC

Descrição: Apresenta dois tipos de


folhas: umas capilares que apre-
sentam menor resistência à água,
usualmente estão submersas, e
outras laminares, geralmente flutu-
antes. As folhas laminares, relati-
vamente pequenas e menores que
os entrenós, não são profundamente
Foto: AP

fendidas. Os segmentos das folhas


laminares apresentam lobos largos e
contíguos. Tépalas com mais de
6 mm. Floresce e frutifica de
Fevereiro a Junho.

Distribuição geográfica: Centro e


Oeste da Europa. Em Portugal, ocorre
de Norte a Sul.

Habitat: Cursos de água.

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Folhas flutuantes / Vasculares radiculares

Marsilea quadrifolia L.
Trevo-de-quatro-folhas (Esp.: Trébol de cuatro hojas)

slide
Foto: ICN

Descrição: Feto aquático, emergente em algumas épocas do ano. Apresenta


um amplo rizoma de onde saem folhas com um longo pecíolo. O limbo
assoma frequentemente à superfície da água e apresenta quatro folíolos,
com 1 a 2 cm de comprimento. Esporulação de Junho a Julho.

Distribuição geográfica: Costas atlânticas do Sudoeste de Europa,


Região Mediterrânica e Ilhas Canárias. Em Portugal, outrora distribuía-se
pelas bacias hidrográficas dos rios Vouga, Douro, Lima e Minho.
Actualmente, está restrita a um único local da bacia do Douro.

Habitat: Charcos e margens de cursos de água.

Espécies similares: Marsilea batardae (Trevo-de-quatro-folhas-peludo)


apresenta menores dimensões, folíolos de 5 a 15 mm, e ocorre
exclusivamente nas Bacias do Tejo e do Guadiana. As folhas apresentam
pêlos.

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Folhas flutuantes / Vasculares radiculares

Nymphaea alba L.
Golfão-branco (Esp.: Nenúfar)

slide
Foto: ICN

Descrição: Planta de folhas flutuantes, circulares ou elípticas, com um


longo pecíolo submerso. As flores são emersas, grandes e com pétalas
brancas. Floresce e frutifica de Março a Outubro.

Distribuição geográfica: Europa, Norte de África, Oeste da Ásia. Em


Portugal é frequente de Norte a Sul e também nos Açores.

Habitat: Lagoas e cursos de água de corrente fraca.

Espécies similares: O Golfão-amarelo (Nuphar lutea) distingue-se de


Golfão-branco pelas folhas mais elípticas e pela flor, mais pequena, com
pétalas amarelas.

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Folhas flutuantes / Vasculares radiculares

Potamogeton polygonifolius Pourret


Colher
Foto: JPF

Descrição: Planta até 25 cm. Folhas com um longo pecíolo, inteiras e


coriáceas. Pecíolo até 18 cm. Limbo ovado a lanceolado, por vezes
flutuante. Estípulas até 5 cm, membranosas. Floresce de frutifica de
Março a Agosto.

Distribuição geográfica: Europa, Norte de África, Sudoeste asiático.


Em Portugal, ocorre de Norte a Sul do país e também nos Açores e
Madeira.

Habitat: Pântanos e turfeiras. Frequentemente em águas ácidas.

Espécies similares: Várias espécies de Potamogetum semelhantes ocorrem


em Portugal. Distinguem-se desta espécie, essencialmente, por pormenores
do fruto.

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Classe: Emergentes

É caracterizada pela existência de vegetação hidrófita


erecta, radicular e herbácea. Esta vegetação encontra-se
presente durante a maior parte da época de crescimento na
maior parte dos anos, mantendo geralmente a mesma
aparência ano após ano. São geralmente dominados por
plantas perenes.

SUBCLASSE NÃO PERSISTENTES


Inclui habitats com vegetação dominada por espécies
hidrófitas vasculares que geralmente caem para a superfície
do substrato ou da água no fim da época de crescimento.
Em certas épocas do ano, podem não existir sinais evidentes
da existência desta vegetação. Esta Subclasse ocorre
extensivamente nas margens dos Sistemas Lacustre e Flu-
vial e particularmente no Sistema Palustre.

SUBCLASSE PERSISTENTES
inclui habitats com a vegetação dominada por espécies
vasculares hidrófitas que se mantêm erectas até ao início
da época de crescimento do ano seguinte. Esta Subclasse
ocorre extensivamente nas margens dos Sistemas Estuarinos
e em sapais salgados. Estes habitats ocorrem também
extensivamente no Sistema Palustre, onde existe uma grande
variedade de espécies, como por exemplo Phragmites sp. e
Scirpus sp.

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Emergentes não persistentes

Alisma plantago-aquatica L.
Orelha-de-mula (Esp.: Llantén de agua)

Descrição: Erva vivaz com 20 a


120 cm de altura, com folhas
emergentes, ovadas a lanceoladas,
de 2 a 3,6 vezes mais compridas
do que largas, com longos pecíolos.
Flores com 3 pétalas, brancas,
rosadas ou liláses. Floresce e
frutifica de Maio a Agosto.

Distribuição geográfica: Europa,


Norte e Este de África, e Ásia. Em
Portugal, ocorre de Norte a Sul.

Habitat: Locais encharcados,


margens de rios, lagos e lagoas.
Geralmente em águas pouco
profundas e de corrente fraca ou
nula.
Foto: AP

Espécies similares: Tanchagem-


de-água (Alisma lanceolatum With.)
distingue-se principalmente pelas
folhas mais alongadas, com o
comprimento 3 a 12 vezes maior
que a largura.
Foto: AP

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Emergentes não persistentes

Aster tripolium L.
Malmequer-da-praia
Foto: JPF

Descrição: Arbusto pequeno, até 80 cm. Folhas um pouco carnudas,


longas e lanceoladas. A inflorescência é constituída por flores liguladas
azuis ou liláses, e por flores não liguladas amarelas. Floresce de Outubro
a Novembro.

Distribuição geográfica: Norte de África e litoral europeu excepto no


Norte.Em Portugal ocorre no Centro e Sul do país.

Habitat: Sapais e solos salgados.

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Emergentes não persistentes

Cistanche phelypaea (L.) Coutinho

Descrição: Planta parasita, sem


clorofila, depende de outras plantas
para obter alimento. Após a
germinação, procuram as raízes
das plantas que irão parasitar. Uma
vez encontradas, começam a
absorver directamente a seiva da
planta hospedeira. O caule é
cilíndrico e carnudo de 20 a 100
cm. As folhas são cinzento
acastanhado a amarelas. As flores
são de cor amarela muito viva,
agrupam-se numa inflorescência de
10 a 20 cm. Corola tem entre 35 a
45 mm. Floresce de Março a Abril
e frutifica de Junho a Outubro.
Foto: ICN

Distribuição geográfica: Penín-


sula Ibérica, Norte de África e
Arábia. Em Portugal, ocorre no
Centro e no Sul.

Habitat: Encontra-se em sapais e


solos salgados, menos frequentemente nas areias do litoral.

Espécies similares: Algumas espécies do Género Orobanche, por


apresentarem a corola amarelada, podem ser confundidas com Cistanche
phelypaea, mas a sua dimensão é sempre inferior a 35 mm. Acresce
que,Orobanche, raramente ocorre em terrenos salgados.

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Emergentes persistentes

Drosera intermedia Hayne


Orvalhinha (Esp.: Atrapamoscas)
Foto: JPF

Descrição: Planta carnívora, de folhas basilares elípticas. Parte superior


do limbo coberta com pêlos compridos, vermelhos, glandulares, que
produzem uma substância pegajosa na forma de pequenas gotículas
brilhantes. O seu brilho atrai os insectos que, ao pousarem, ficam presos
nas folhas, sendo digeridos por enzimas libertadas pela planta. O escapo
é lateral é pouco mais comprido do que as folhas. Flores brancas. Floresce
de Abril a Novembro.
Distribuição geográfica: América do Norte, Europa e Ásia. Em Portugal,
ocorre nas regiões elevadas do Noroeste e, para Sul, em zonas húmidas
do litoral arenoso, até à bacia do Sado.
Habitat: Sítios húmidos pantanosos e turfeiras. O habitat desta espécie
caracteriza-se pela presença de baixos níveis de nutrientes, o que faz da
obtenção de fontes de azoto a partir dos insectos uma importante vantagem
adaptativa. Calcula-se que cada planta consuma 2-3 insectos de pequena
dimensão por mês.
Espécies similares: Drosera rotundifolia L. tem as folhas basilares
arredondadas e o escapo, aparentemente terminal, de 4 a 8 cm, é muito
mais comprido que as folhas.
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Emergentes persistentes

Iris pseudacorus L.
Lírio-amarelo-dos-pântanos

slide
Foto: JPF

Descrição: Lírio de grandes dimensões, até


120 cm, com rizoma. Ramificado desde a parte
inferior. Folhas planas (de secção não
arredondada). Flores amarelas. Floresce de

slide
Março a Junho.

Distribuição geográfica: Europa, Oeste da


Ásia Norte de África. Em Portugal Continental
ocorre de Norte a Sul e também na Madeira.

Habitat: Cursos de água e zonas pantanosas


Foto: JPF

de água doce.

Espécies similares: Para além do Lírio-amarelo-


dos-pantanos, o Maio-amarelo (Iris xiphium var.
lusitanicum) é o único lírio amarelo da flora
portuguesa, mas apresenta bolbos e não
rizomas, as folhas são estreitas, arredondadas,
e as flores são de dimensões muito menores.

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Emergentes persistentes

Limonium ovalifolium (Poiret) Kuntze


Sempre-viva
Foto: SC

Descrição: Planta com uma roseta de


folhas basilares com 3 a 20 cm de
comprimento por 1 a 4 de largura, com
5 a 7 nervuras paralelas entre si no
pecíolo e divergentes no limbo,
obovadas a lanceoladas e terminadas
numa ponta aguda. Constitui uma das
maiores espécies deste género,
Foto: SC

chegando a alcançar 105 cm. Floresce


de Junho a Setembro.

Distribuição geográfica: Desde a


Costa Atlântica de França até Gibraltar.
Em Portugal ocorre no Centro e Sul.

Habitat: Arribas costeiras e sapais.

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Emergentes não persistentes

Narcissus jonquilla L.
Junquilho (Esp.: Junquillo)

Descrição: Flor amarelo-vivo e


com pedicelos bem evidentes.
Tubo hipantial recto. Flor muito
aromática. O comprimento das
tépalas (10-15 mm) excede o dobro
do comprimento da corola. Folhas
com 15 a 50 cm de comprimento e
1.5 a 4 mm de largura, lineares e
erectas. Floresce de Fevereiro a
Abril.

Distribuição geográfica: Ende-


mismo do Centro e Sul da Península
Ibérica.

Habitat: Em solos ácidos, frequen-


temente junto a cursos de água.
Foto: AC

Espécies similares: Narcissus


fernandesii, espécie muito rara e
não aromática, apresenta folhas
rígidas. Tépalas com 8 a 11 mm.
Aparentemente, restrito às bacias
hidrográficas do Tejo e do Sado.

O Narciso-do-Algarve (Narcissus
willkommii), igualmente muito raro
e não aromático, apresenta folhas
flexíveis e tépalas com 6 a 9 mm.
É conhecido um único núcleo
populacional localizado na ribeira de
Quarteira.
Foto: SC

22
Emergentes não persistentes

Narcissus papyraceus Ker-Gaeler


Narciso-branco

Descrição: É o único Narciso


silvestre com a corola com-
pletamente branco-puro. Apresenta
um escapo de 20 a 45 cm e folhas
até 55 cm de comprimento.
Floresce de Dezembro a Março.

Distribuição geográfica: Região


Mediterrânica, Açores e Canárias.

Habitat: Solos húmidos, mais


frequentemente em zonas ripícolas.

Espécies similares: Narciso-do-


Inverno (Narcissus tazetta), com
tépalas brancas mas corola ama-
relo vivo, e Narcissus triandrus,
com flor amarelo-esbranquiçada e
Foto: AP

tépalas mais compridas e viradas


para trás (retroflexas).

23
Emergentes não persistentes

Nasturtium officinale R. Br.


Agrião (Esp.: Berro)

slide
Foto: SC

Descrição: Planta com 20 a 90 cm. Flores com


quatro pétalas, com 4 a 5 mm. Os frutos são
silíquas ligeiramente arqueadas. Folhas
penatiseptas, com os folíolos ovados ou
ligeiramente lanceolados. O folíolo terminal é
mais longo. Floresce de Março a Agosto.

Distribuição geográfica: Cosmopolita. Comum


em todo o território nacional.

Habitat: Ribeiras e margens de cursos de água


Foto: SC

Espécies similares: Cardamine é o único


género da família do Agrião com folhas
semelhantes. No entanto, apresenta pétalas com
menos de 4 mm e as silíquas são rectas.

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Emergentes não persistentes

Oenanthe crocata L.
Embude (Esp.: Nabo del diablo)

Descrição: Erva de grandes di-


mensões, até 150 cm. Flores
brancas e dispostas em umbela.
Caules verdes, ocos, pelo menos
na base, e bastante estriados.
Folhas penatisectas, divididas até
3 a 5 vezes. Dentes do cálice de
0,5 a 1,0 mm. Floresce de Maio a
Julho.

Distribuição geográfica: Oeste


da Europa e Região Mediterrânica.
Frequente de Norte a Sul do país.

Habitat: Margens de cursos de


água.
Foto: ICN

Espécies similares: Oenanthe


pimpinelloides, apresenta o caule
maciço. Conium maculatum apre-
senta pequenas manchas pur-
púreas no caule. Bunium sp. atinge
uma altura mais pequena, até
40cm, e não possui dentes no
cálice.

slide
Foto: ICN

25
Emergentes não persistentes

Panicum repens L.
Alcarnache (Esp.: Grama borde)

Descrição: Erva com espigueta


até 3 mm e bainhas sem pêlos.
Folhas até 25 cm de comprimento
e 8 mm de largura, planas, rígidas,
com pêlos compridos na página
interna da folha e sem pêlos na
página externa. Floresce de Maio a
Outubro.

Distribuição geográfica: Sul da


Europa. Em Portugal é frequente
em todo o território.

Habitat: Solos arenosos e húmi-


dos. Por vezes, parcialmente emer-
sos.

Espécies similares: Panicum


Foto: SC

dichotomiflorum distinguem-se
facilmente pelas folhas mais
flácidas e compridas, até 50 cm.

26
Emergentes não persistentes

Paspalum paspalodes (Michx) Scribne


Graminhão (Esp.: Grama)

Descrição: Erva anual, estolhosa,


com caules rastejantes e entrenós
ocos, por meio dos quais a planta
enraíza. Folhas membranosas,
lineares e ligeiramente enroladas
sobre si mesmas. As inflores-
cências, não pecioladas, formam
dois cachos com 1,5 a 7 cm de
comprimento, ao longo dos quais
se dispõem as espiguetas. As
espiguetas são formadas por duas
flores, uma estéril e outra fértil.
Floresce de Maio a Novembro.

Distribuição geográfica: América


tropical e subtropical. Naturalizado
em quase todo o Mundo.
Foto: JCF

Habitat: Solos arenosos e húmi-


dos. Por vezes, parcialmente
emersos.

Espécies similares: Paspalum


vaginatum é muitas vezes confun-
dido com Paspalum paspalodes.
Porém, as inflorescências são
marcadamente pecioladas em
Paspalum vaginatum.
Foto: SC

27
Emergentes persistentes

Pinguicula lusitanica L.
Pinguícola

Descrição: Planta carnívora, de


folhas dispostas em roseta, com
10 a 25 mm (máximo 30) de
comprimento e 3 a 8 mm de largura,
fortemente recurvadas para dentro,
e recobertas de pêlos que segre-
gam um muco adesivo. Durante o

slide
período de floração (Março a Maio)
apresenta vários escapos longos
(até 20 cm) suportando uma única
flor. Corola, branca a lilás, com
fauce amarela e 7 a 9 mm (máximo
11). Floresce e frutifica de Março a
Maio.

Distribuição geográfica: Oeste


Europeu e Noroeste de África. Em
Foto: JPF

Portugal, embora pouco abun-


dante, ocorre por todo o país.

Habitat: Sítios húmidos, por vezes


turfosos, e margens de rios,
charcos e lagoas.

Espécies similares: Pinguicula


vulgaris de folhas maiores 20 a 45
mm (máximo 90) de comprimento
e 14 a 20 (máximo 25) de largura.

slide
Corola com 15 a 22 (máximo 30),
lilás a roxa e fauce branca. Em
Portugal, está restrita às áreas
montanhosas do Noroeste.
Foto: JPF

28
Emergentes não persistentes

Polygonum persicaria L.
Erva-pessegueira (Esp.: Hierba pejiguera)

Descrição: Erva anual, com 30 a


80 cm de comprimento. Caules
erectos ou ascendentes, entu-
mescidos nos nós. Folhas de 30 a
150 mm de comprimento, usual-
mente com uma marca escura no
centro. Tal como todas as espécies
da família das Poligonáceas,
apresenta ócreas que, neste caso,
são longamente ciliadas. Floresce
de Junho a Novembro.

Distribuição geográfica: Em Por-


tugal é abundante no Norte e Centro
do país. Mais raro no Sul.

Habitat: Solos húmidos e fre-


quentemente ruderalizados.
Foto: JPF

Espécies similares: Várias espé-


cies deste género ocorrem em Por-
tugal, e muitas delas apresentam
habitat e morfologia semelhantes,
designadamente: P. hydropiper, P.
lapathifolium e P. saliciforme.

29
Emergentes não persistentes

Woodwardia radicans L.
Feto-do-botão (Esp.: Helecho de cumbre)

Descrição: Feto de grandes


dimensões, com folhas de 1,5 a
2,5 m, persistentes, limbo ovado a
lanceolado, dividido em folíolos
inteiros, lanceolados e pontia-
gudos. As restantes espécies de
fetos de grandes dimensões que
ocorrem em Portugal também
apresentam o limbo dividido em
folíolos, mas estes são, por sua
vez, divididos em folíolos mais
pequenos.

Habitat: Margens de cursos de água


de montanha.

Distribuição geográfica: Sub-


Foto ICN:

cosmopolita. Em Portugal Continen-


tal ocorre na Serra do Gerês, tendo
sido descoberta recentemente no
rio Teixeira. Utilizada como planta
ornamental nos parques históricos
da serra de Sintra. Mais frequente
nos Açores e Madeira.

30
Emergentes persistentes

Arundo donax L.
Cana (Esp.: Caña común)
Foto: JPF

Descrição: Planta perene, muito robusta, de rizoma grosso. Caules de 2


a 6 m de altura e 1 a 4 cm de diâmetro. Folhas lanceoladas a lineares até
60 cm de comprimento e com 1 a 8 cm de largura. Inflorescência de 30 a
90 cm. Floresce de Agosto a Abril.

Distribuição geográfica: Provavelmente originária do Sul da Ásia, foi


introduzida praticamente em todo o Mundo. Em Portugal, ocorre de Norte
a Sul. É uma espécie invasora, que frequentemente causa graves impactes
na flora ribeirinha autóctone.

Habitat: Margens de cursos de água doce, sebes de campos agrícolas e


zonas com intensa intervenção humana.

Espécies similares: Cana-de-sequeiro (Arundo plinii), mais escassa em


Portugal e mais pequena. Atinge cerca de  4 m e os seus caules têm
apenas 1 a 1,5 cm de espessura máxima. Ocorre nas margens dos cursos
de água, no Centro e Sul do país.

Caniço (pág. 39), embora seja de menor tamanho e menos robusto. Ao


contrário do caniço, a cana apresenta uma lígula é orlada de pêlos curtos.

31
Emergentes persistentes

Carex pendula Huds.


Palha-de-amarrar-vinha (Esp.: Espadaña)

slide
Foto: JPF

Descrição: Planta robusta e densa. As folhas


são amarelo-verdosas por cima e mais claras
por baixo, com 2 cm de largura máxima e 50 a
180 cm de comprimento. Inflorescências com

slide
5 a 7 espigas com mais de 10 cm, pendentes,
característica referida no seu nome científico.
Floresce de Março a Maio.

Distribuição geográfica: Europa, Norte de


África, e Oeste Ásia. Em Portugal ocorre no
continente, sendo mais frequente no Norte, e
Foto: JPF

também nos Açores e na Madeira.

Habitat: Locais encharcados, ricos em matéria


orgânica, usualmente, ao longo de cursos de
água, mas também e em bosques húmidos.
Espécies similares: Em geral, as espécies do género Carex são difíceis
de identificar. No entanto, a Palha-de-amarrar-vinha esta espécie diferencia-
se facilmente devido às espigas pendentes e ao seu tamanho.

32
Emergentes persistentes

Inula crithmoides L.
Madorneira-bastarda
Foto: ICN

Descrição: Arbusto pequeno, até 1 m de altura. Folhas em forma de


lança, alongadas e carnudas. Flores amarelas. Floresce no fim do Verão
e no Outono.

Distribuição geográfica: Oeste e Sul de Europa, Norte de África e


Sudoeste da Ásia. Em Portugal Continental ocorre do Algarve até à
Estremadura.

Habitat: Solos salgados incluindo salinas, sapais, mais raramente em


arribas costeiras.

Espécies similares: Devido à cor das suas flores, numerosas espécies


da família das compostas podem ser confundidas com a Madorneira-
bastarda. No entanto, na sua maioria, evitam solos salgados e raramente
apresentam folhas carnudas.

33
Emergentes persistentes

Juncus acutus L.
Junco-agudo

Descrição: Erva vivaz, apenas


com folhas basais, sem folhas
caulinares, formando moitas.
Caules rígidos, de 50-180 cm de
comprimento e de 2-4 mm de
diâmetro. Com 2-5 folhas basais e
roliças, pontiaguadas, muito
semelhantes ao caule. Inflores-
cência de 10-25 cm, densa,
globosa, aparentemente lateral, já
que uma das brácteas simula um
prolongamento do caule. Esta
bráctea é rígida e, tal como as
folhas, termina numa extremidade
aguçada, dolorosa ao toque.
Floresce de Maio a Junho.
Foto: ICN

Distribuição geográfica: Sub-


cosmopolita. Em Portugal, ocorre
no Continente e nos Açores.

Habitat: Areias marítimas, sapais


e linhas de água.
slide Espécies similares: Várias espé-
cies deste género apresentam
grandes semelhanças entre si. No
entanto, o Junco-agudo distingue-
Foto: ICN

se devido à bráctea terminal muito


rígida, característica que só partilha
com o Junco-das-esteiras (Juncus
maritimus). O Junco agudo, apre-
senta também uma inflorescência
densa e frutos (cápsulas) grandes,
lustrosas e bem visíveis, não só
pela sua dimensão (4 a 5,5 mm),
mas também porque não estão
recobertos pelas tépalas.

34
Emergentes persistentes

Juncus conglomeratus L.
Junco-glomerado

slide
Foto: JCF

Descrição: Planta até 85 cm de altura, apenas com folhas basais, sem


folhas caulinares. Inflorescência muito densa. Bráctea inferior sem
extremidade dolorosa ao toque. O caule apresenta 11 a 30 estrias
imediatamente abaixo da inflorescência. Floresce de Maio a Junho.

Distribuição geográfica: Europa, Norte de África, Sudoeste da Ásia e


algumas localidades da América do Norte. Em Portugal, ocorre em todo o
país.

Habitat: Solos muito húmidos, usualmente junto a cursos de água ou


zonas periodicamente inundadas.

Espécies similares: Juncus effusus, que se distingue pela sua


inflorescência menos densa e pelo número de estrias, que ultrapassam
as 30.

35
Emergentes persistentes

Juncus maritimus Lam.


Junco-marítimo (Esp.: Junco de playa)

Descrição: Planta apenas com


folhas basais, geralmente até 1 m
de altura. Folhas muito pontiagudas
e dolorosas ao toque. Inflores-
cência pouco densa, com flores
solitárias ou em grupos de 2-3
(máximo 5). Floresce de Junho a
Agosto.

slide Distribuição geográfica: Europa,


Norte de África e Sudoeste da Ásia.
Em Portugal, ocorre no litoral, de
Norte a Sul do País.

Habitat: Estuários, lagunas e zo-


nas terminais das bacias hidro-
gráficas. Usualmente, em solos
Foto: JPF

salgados.
Foto: JPF

36
Emergentes persistentes

Mentha pulegium L.
Poejo (Esp.: Poleo)

Descrição: Planta de 15 a 45 cm,


com ramos ascendentes e ligei-
ramente ramificados. Folhas com
pecíolo, ligeiramente serradas e
pequenas (20-30 x 4-15 mm).
Inflorescência muito característica,
com as flores agrupadas em volta
do eixo, formando grupos apro-
ximadamente esféricos e sepa-
rados entre si. Floresce de Maio a
Outubro.

Distribuição geográfica: Centro


e Sul da Europa, Norte de África,
próximo Oriente e Macaronésia. Em
Portugal é abundante de Norte a
Foto: ICN

Sul.

Habitat: Prados húmidos e cursos


de água.
Espécies similares: As restantes espécies de Mentha da flora portuguesa
apresentam as folhas muito mais largas. A Hortelã-aquática (Mentha
aquatica) apresenta folhas ovadas e a inflorescência, semi-esférica,
dispõe-se frequentemente no final dos talos. A Hortelã-brava (Mentha
sauveolens) apresenta uma inflorescência em forma de espiga.

37
Emergentes persistentes

Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc.


Erva-pinheirinha
Foto: ICN

Descrição: Planta total ou parcialmente imersa, raramente emersa.


Constituída por caules muito longos podendo atingir 6 m, ao longo do qual
estão dispostas 4 a 6 folhas por verticilo. As folhas são geralmente
maiores do que os entrenós. Floresce de Abril a Junho.

Distribuição geográfica: Espécie oriunda da América do Sul foi introduzida


na Europa e na América do Norte. Em Portugal ocorre no litoral Centro e
Norte.

Habitat: Cursos de água de corrente lenta, lagoas e albufeiras, onde por


vezes forma tapetes densos e extensos, cobrindo amplas extensões da
superfície aquática.

Espécies similares: Três espécies autóctones poderão ser confundidas


com a Erva-pinheirinha: Myriophyllum alterifolium, Myriophyllum spicatum e
Myriophyllum verticillatum. A distinção, difícil, faz-se sobretudo através de
características da flor.

38
Emergentes persistentes

Phragmites australis (Cav.) Trin.


Caniço (Esp.: Carrizo)
Foto: JCF

Descrição: Erva de grandes dimensões, com


folhas lineares até 3,5 cm de largura. Caules
de 0,8 a 4 m e pouco ramificados. Espigas de
grandes dimensões, de 15 a 50 cm, fre-

slide
quentemente acastanhadas. A lígula é orlada e
os pêlos longos. Floresce de Outubro a
Fevereiro.

Distribuição geográfica: Cosmopolita.


Frequente de Norte a Sul do país.
Foto: JPF

Habitat: Cursos de água de corrente fraca,


lagoas, açudes, zonas estuarinas e lagunares.
Por vezes, também, em solos salinos.

39
Emergentes persistentes

Scirpus cernuus Vahl


Cabeleira-de-velha
Foto: JCF

Descrição: Planta anual, pequena e em forma de tufo, com caules não


excedendo os 21 cm de comprimento, usualmente menores. As espiguilhas,
solitárias ou, mais raramente em grupos de duas, dispõem-se na ponta
dos caules, têm forma arredondada e cor amarelo-claro. Apresentam uma
bráctea terminal no prolongamento do caule. Folhas basais apresentam
uma bainha avermelhada e limbo até 7 cm. Floresce de Abril a Maio.

Distribuição geográfica: Subcosmopolita.

Habitat: Linhas de água e pequenos charcos.

Espécies similares: Scirpus setaceus planta até 17 cm de altura, folhas


com limbo até 9 cm e espiguilhas em grupos de 2 ou 3.

Scirpus pseudosetaceus planta até 9 cm de altura, com folhas com limbo


até 3 cm, e espiguilhas solitárias, ou em grupos de 2 ou 3.

40
Emergentes persistentes

Scirpus holoschoenus L.
Bunho (Esp.: Junco churrero)
Foto: JCF

Descrição: Erva vivaz, com caules simples, roliços, sem nós e com 30-
150 cm de comprimento. É a única espécie do género que desenvolve
uma inflorescência esférica suportada por pedúnculos bem evidentes. As
folhas são todas basais e sub-roliças, podendo atingir um comprimento
até 22 cm. Floresce de Maio a Novembro.

Distribuição geográfica: Europa, Ásia e América do Norte. Em Portugal,


é muito abundante por todo o país.

Habitat: Linhas de água e solos húmidos. Usualmente, permanentemente


emerso.

Espécies similares: Algumas Juncáceas e Ciperáceas podem ser


confundidas com o bunho. No entanto, a presença de inflorescências
globosas suportdas por um pedúnculo é um caracter discriminante.

41
Emergentes persistentes

Scirpus maritimus L.
Junco-triângular (Esp.: Junzón)

slide
Foto:

Descrição: Erva vivaz, com altura até cerca


de 80 cm. Os caules apresentam uma secção
triangular, pelo menos a partir da metade supe-
rior. Inflorescência com 2-4 brácteas seme-

slide
lhantes a pequenas folhas. Muito frequen-
temente, as inflorescências não são pedun-
culadas. As flores apresentam um cálice com
dentes evidentes. Caule verde sem manchas
e oco. Folhas tão ou mais largas que o caule,
até 7 mm de largura, e sem pêlos. Floresce de
Abril a Junho.
Foto:

Distribuição geográfica: Cosmopolita.

Habitat: Margens de cursos de água, lagunas


e estuários, frequentemente em solos com
alguma salinidade.

42
Emergentes persistentes

Typha dominguensis Pers.


Tabúa-estreita (Esp.: Anea, Espadaña)
Foto: JCF

Descrição: Inflorescência formada por uma espiga feminina, mais larga


e em posição inferior e uma espiga masculina mais estreita em posição
inferior. A espiga feminina é 10 ou mais vezes mais comprida do que
larga, castanho escura, e separada da espiga masculina por 0,5 a 6 cm.
Folhas com 5 a 14 mm de largura. Floresce e frutifica de Julho a Novembro.

Distribuição geográfica: Regiões tropicais da América e África,


Mediterrâneo e Ásia. Em Portugal ocorre no Centro e Sul.

Habitat: Terrenos encharcados, de água doce ou ligeiramente salobra,


frequentemente com elevada carga orgânica.

Espécies similares: Tabúa-de-folha-estreita (Typha angustifolia) é mais


pequena que Tabúa-estreita, apresenta folhas de 3 a 8 mm. A espiga
feminina, tem 4 a 7 mm de espessura, é 6 a 10 vezes mais comprida do
que larga e de cor castanho escuro a castanho avermelhadoa. Segundo
alguns autores, em Portugal, ocorre apenas no Minho e nos Açores.

Tabúa-larga (Typha latifolia) tem folhas com 8 a 20 mm de largura, e espiga


feminina até 6 vezes mais comprida do que larga, castanho-escuro.

43
44
Classe: Arbustos

Inclui zonas dominadas por vegetação lenhosa com menos


de 6 metros de altura. São caracterizados pela presença de
arbustos, árvores jovens, ou árvores de altura reduzida,
devido a condições ambientais adversas. Estes habitats
são mais comuns em zonas ripárias com inundação temporária
ou sazonal. Ocorrem ainda em planícies costeiras, áreas
salgadas continentais e deltas. Podem constituir um estágio
de recuperação da vegetação para a classe Arvoredo ou um
sintoma de degradação das formações arbóreas.

SUBCLASSE: FOLHA CADUCA


Inclui habitats com vegetação dominada por espécies
lenhosas de arbustos em que mais de 50% das plantas têm
folha caduca.

SUBCLASSE: FOLHA PERSISTENTE


Inclui habitats com vegetação dominada por espécies
lenhosas de arbustos em que mais de 50% das plantas têm
folha persistente. Este tipo de habitat é pouco comum em
Portugal, sendo mais frequente no Sudeste Alentejano e no
Algarve.

45
Arbustos

Arthrocnemum fruticosum (L.) Moq.

Descrição: Arbusto até 1 m de


altura, com caules carnudos e, pelo
menos os mais novos, articulados.
Usualmente os caules são erectos
e não produzem raízes. As folhas,
muito reduzidas, são escami-
formes. Floresce de Abril a Junho
e frutifica de Julho a Outubro.

Distribuição geográfica: Costas


atlânticas do Sudoeste da Europa,
Região Mediterrânica e Ilhas
Canárias. Em Portugal ocorre no
litoral Centro e Sul.

Habitat: Sapais e solos salgados.

Espécies similares: Arthrocnemum


Foto: JPF

perenne apresenta os caules


prostrados e com raízes. Usual-
mente, ocorre em pontos de cota
mais baixa do que Arhrocnemum
fruticosum.

46
Arbustos

Atriplex halimus L.
Salgadeira (Esp.: Orgaza)
Foto:

Descrição: Arbusto até 2,5 m, muito ramoso. Folhas 2 a 6 cm de


comprimento, branco-prateado, ovais a romboidais e com pecíolo. As
flores, de pequeno tamanho, agrupam-se em inflorescências de cor
acastanhada. Floresce de Junho a Dezembro.

Distribuição geográfica: Sul da Europa, Norte de África, Macaronésia,


Oeste e Sudoeste da Ásia. Em Portugal, ocorre no litoral Centro e Sul.

Habitat: Solos salgados, por vezes azotados, não longe do mar.


Normalmente em arribas marítimas ou sapais. Muito utilizado em jardins
como planta ornamental.

Espécies similares: Atriplex glauca L. apresenta um porte prostrado e


folhas mais pequenas (5 a 1 mm de comprimento), sem pecíolo. Ocorre
em sítios arenosos e salgados, no Estuário do Sado.

47
Arbustos

Dorycnium rectum Ser.


Erva-mata-pulgas
Foto: JPF

Descrição: Arbusto de 30-150 cm, pubescente. Folhas compostas por 5


folíolos. As flores, rosadas, agrupam-se em inflorescências arredondadas,
com 20 a 40 flores. A vagem tem valvas contorcidas na maturação,
permanecendo na planta bastante tempo após a dispersão das sementes.
Floresce e frutifica de Abril a Julho.

Distribuição geográfica: Região Mediterrânica. Em Portugal, ocorre no


Litoral Centro, onde é muito frequente, e no Sul.

Habitat: Sítios húmidos, margens de cursos de água e valas.

48
Arbustos

Myrica gale L.
Samouco-do-brabante

Descrição: Pequeno arbusto com


0,5 a 1,5 m, de folha caduca. Com
folhas pequenas, de 3 a 6 cm de
comprimento, simples, alternadas,
ligeiramente serradas, sem estí-
pulas e com pêlos em ambas as
páginas ou, pelo menos, na infe-
rior. A floração e frutificação
ocorem de Abril a Maio.

Distribuição geográfica: Ampla


distribuição geográfica na Europa,
Ásia e América do Norte. Em Por-
tugal é escassa, ocorrendo apenas
no litoral.

Habitat: Cursos de água, lagoas e


turfeiras das terras baixas.

Espécies similares: Samouco


Foto:

(Myrica faia), árvore de dimensões


razoáveis, com folhas persistentes,
maiores de 4 a 11 cm.

49
Arbustos

Nerium oleander L.
Loendro (Esp.: Adelfa)
Foto: JCF

Descrição: Arbustos até 4 m de altura. Folhas


opostas, lineares a lanceoladas. Flores cor de-
rosa escuro a branco. Fruto longo e estreito,
com 4-5 a 9-16 cm de comprimento. Floresce

slide
de Maio a Setembro.

Distribuição geográfica: Região Mediterrânica


e Macaronésia.

Habitat: Cursos de água, sobretudo, no Sul e


interior Centro do pais. Cultivada como orna-
Foto: JPF

mental, frequente em jardins ou ao longo de


estradas.

Espécies similares: Rododendro (Rhododendrom


ponticum), espécie muito rara em Portugal e
restrita às Serras do Caramulo e Monchique,
apresenta as folhas mais largas e coriáceas.

50
Arbustos

Rubus ulmifolius Schott


Silva (Esp.: Zarza)

slide
Foto: ICN

Foto:
Descrição: Arbusto com espinhos fortes, revirados para trás mais ou
menos iguais entre si. Folhas com 3-5 folíolos serrados, verde-escuro na
página superior. Página inferior mais clara, com pêlos rasos. Inflorescência
com múltiplas flores de esbranquiçadas. Os frutos estão reunidos em
conjuntos aproximadamente esféricos e são conhecidos como amoras-
silvestres. Floresce e frutifica de Maio a Setembro.

Distribuição geográfica: Frequente de Norte a Sul do país.

Habitat: Ao longo de linhas de água, sebes e bosques húmidos.

Espécies similares: Género de sistemática muito complexa, não havendo


concordância entre os diversos autores. Para além, de Rubus ulmifolius,
foram descritas inúmeras espécies para Portugal, confinadas ao Norte do
país e às regiões montanhosas do Centro. As roseiras-brava (Rosa spp.)
poderão também ser confundidas. No entanto, a base das suas folhas é
sempre alada.

51
52
Classe: Arvoredo

É caracterizada por dominância de vegetação lenhosa com


mais de 6 metros de altura. As zonas húmidas dominadas
por árvores ocorrem sobretudo em matas com inundação
temporária em leitos de cheia, cursos de água e deltas.

SUB-CLASSE: FOLHA CADUCA


Inclui habitats com vegetação dominada por espécies
lenhosas de árvores em que mais de 50% das plantas têm
folha caduca.

SUB-CLASSE: FOLHA PERSISTENTE


Inclui habitats com vegetação dominada por espécies
lenhosas de árvores em que mais de 50% das plantas têm
folha persistente. Este tipo de habitat é muito raro em Por-
tugal, estando restrito a linhas de água de regime torrencial
das serras algarvias.

53
Arvoredo

Alnus glutinosa (L.) Gaertn.


Amieiro (Esp.: Aliso)
Foto: PL

Descrição: Árvore de folha caduca, até 20 m,


de casca cinzenta a castanho-escuro. Folhas
redondas a ovadas, com 4 a 12 cm de
comprimento e 5 a 8 pares de nervuras laterais.

slide
As inflorescências (amentos) são compostas
exclusivamente por flores do mesmo sexo.
Os amentos masculinos são pedunculados e
pendentes, e os femininos, de menor tamanho,
são cilíndricos, erectos e não peciolados. Os
frutos, com 1 a 2 cm de comprimento, lembram
uma pequena pinha. Floresce de Novembro a
Foto: SC

Fevereiro.

Distribuição geográfica: Europa, Noroeste


de África, Sudoeste e Sul Asiático. Em Portu-
gal, ocorre em todo o país, excepto no Sudeste e em altitudes elevadas.

Habitat: Margem dos cursos de água e sítios inundados.

54
Arvoredo

Betula celtiberica Rothm. & Vasc.


Vidoeiro (Esp.: Abedul)

Descrição: Árvore até 10 m, copa


pouco densa, piramidal quando
nova e arredondada em adulta. A
casca é branco-prateada com
fendas romboidais negras. Folhas
triangulares a romboidais e ser-
radas, de 5 a 6 cm de comprimento
por 2,5 a 5 cm de largura. O fruto é
alado. Floresce de Abril a Maio.

Distribuição geográfica: Zonas


montanhosas do Centro e Norte
de Portugal e da Península Ibérica.

Habitat: Margens de cursos de água


e terrenos húmidos das regiões
elevadas.
Foto:

55
Arvoredo

Celtis australis L.
Lodão-bastardo (Esp.: Almez)

Descrição: Árvore até 25 metros


de folha caduca, copa arredondada
e densa, casca cinzenta e lisa.
Folhas muito características: de 4
a 15 cm de comprimento por 1,5 a
6 cm de largura, lanceoladas, com
a extremidade alongada, arre-

slide
dondadas ou cordadas na base,
com pêlos abundantes, e nervuras
recurvadas. Fruto rugoso, arred-
ondado, com um longo pecíolo,
negro quando maduro. Floresce de
Abril e Junho.

Distribuição geográfica: Sul da


Europa, Norte de África e Oeste
Asiático. Em Portugal, ocorre nas
bacias do Douro e no troço supe-
rior da bacia do Tejo.
Foto:

Habitat: Próximo de linhas de água,


por vezes em encostas escar-
padas. Muito frequente como
árvore ornamental.
Foto: JPF

56
Arvoredo

Frangula alnus Miller


Sanguinho-de-água (Esp.: Arraclán)
Foto: JPF

Descrição: Arbusto ou árvore até 5 m, de folha caduca. Casca cinzento-


acastanhada. Ramos castanho-avermelhados. Folhas inteiras, obovadas.
Fruto vermelho no início, tornando-se negro na maturação. Floresce de
Maio a Junho.

Distribuição geográfica: Europa, Norte de África, Centro da Ásia.


Naturalizada na América do Norte. Em Portugal, ocorre sobretudo no
litoral, sendo mais abundante no Norte.

Habitat: Margens dos cursos de água e sítios húmidos.

57
Arvoredo

Fraxinus angustifolia Vahl


Freixo (Esp.: Fresno)
Foto: JCF

Descrição: Árvore caducifólia até 25 m, com


copa alta e irregular. Casca acinzentada. Ramos
pouco numerosos e ascendentes. Folhas
divididas em 5-13 folíolos, sempre em número
impar, serrilhados na parte terminal. Os frutos
são alados. Floresce de Dezembro a Janeiro.

Distribuição geográfica: Europa, Noroeste


de África e Sudoeste da Ásia. Ocorre de Norte
a Sul de Portugal.
Foto: JPF

Habitat: Usualmente, em margens de cursos


de água. No Noroeste do país pode ocorrer
também em matas caducifólias. É utilizada
frequentemente como árvore ornamental.

58
Arvoredo

Populus alba L.
Choupo-branco (Esp.: Álamo)

Descrição: Árvore caducifólia e de


grandes dimensões, chegando a
atingir 20 m de altura. Tronco de
casca branca e fendida. Folhas
palmatilobadas ou dentadas,
verdes na página superior, página
inferior com pêlos densos e branco-
prateada. Limbo de 6 a 12 cm. Os
amentos masculinos são ver-
melhos e com lanugem cinzenta.
Os femininos, inicialmente são
verdes, cobrindo-se com pelo
quando a semente amadurece.
Floresce de Fevereiro a Março.

Distribuição geográfica: Em Por-


tugal, é frequente de Norte a Sul
Foto: JPF

do país.

Habitat: Usualmente ao longo dos


cursos de água. É muito utilizado
como árvore ornamental.

slide
Foto: JPF

59
Arvoredo

Populus nigra L.
Choupo-preto (Esp.: Chopo, Álamo negro)

Descrição: Árvore de grandes


dimensões, até 20 a 25 m. Tronco
recto e grosso, com casca acin-
zentada a negra, muito gretada.
Copa estreita e cilíndrica. Folhas
romboidais, com um longo pecíolo
e ligeiramente serradas. Limbo de

slide
5 a 10 cm de comprimento por 4 a
8 cm de largura, tornando-se
amarelo no Outono. Floresce de
Fevereiro a Março.

Distribuição geográfica: Europa,


Noroeste de África, Oeste da Ásia
e Macaronésia. Introduzido em Por-
tugal, sendo frequente de Norte a
Sul do país.
Foto: JPF

Habitat: Usualmente em margens


de cursos de água. Muito frequente
como árvore ornamental.
Foto: JPF

60
Arvoredo

Salix alba L.
Salgueiro-dourado (Esp.:Sauce blanco)

Descrição: Árvore de médio porte,


de folha caduca. Folhas entre 5 a
10 vezes mais compridas do que
largas, serrilhadas, lanceoladas e
pubescentes, sobretudo na página
inferior, verdes na página superior
e esbranquiçadas na página infe-
rior. Os amentos, de 3,5 a 6 cm,
surgem ao mesmo tempo que as
folhas. Os masculinos são ama-
relos e os femininos são inicial-
mente verdes e depois verdes
aveludados. Floresce de Março a
Abril.

Distribuição geográfica: Em Por-


tugal distribui-se principalmente no
Foto: SC

Centro e no Sul.

Habitat: Margens de cursos de água


e lagoas.

slide
Foto:

61
Arvoredo

Salix atrocinerea Brotero


Salgueiro-negro (Esp.: Sauce, Mimbre)
Foto: SC

Descrição: Árvore de folha caduca até 9


m de altura. Troncos grossos, com nós
evidentes e casca de cor pardacenta.
Folhas verde-escuras na página superior
e de tom verde-azulado, com tomento
arruivado, na página inferior. Usualmente,
3 vezes mais compridas do que largas,
Foto: SC

oblongo-lanceoladas, alternas, inteiras ou


serradas e com pecíolo curto. As flores
formam amentos de 2 a 7 cm e de cor
verde amarelados. Estípulas nunca
patentes. Floresce de Março a Abril.
Distribuição geográfica: Oeste da Europa e da Região Mediterrânica.
Em Portugal, ocorre de Norte a Sul.

Habitat: Margens de linhas de água, lagoas e açudes.

62
Arvoredo

Salix salvifolia Brot.


Borrazeira-branca (Esp.: Bardaguera)
Foto: SC

Descrição: Árvore de folha caduca até


9 m de altura. Troncos grossos, com
nós evidentes e casca de cor pardacenta.
Folhas verde-acinzentadas na página
superior e com pêlos em ambas as
páginas. Usualmente, 3 a 10 vezes mais
compridas do que largas, oblongo-
Foto: SC

lanceoladas, alternas e com pecíolo


curto. As flores formam amentos de 2 a
7 cm e de cor verde amarelados.
Estípulas patentes. Floresce de Março a
Abril.
Distribuição geográfica: Endemismo ibérico. Em Portugal, existe de
Norte a Sul.

Habitat: Margens de cursos de água. Mais frequente nas regiões de clima


mais quente, ou nas cabeceiras dos rios.

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Arvoredo

Ulmus minor Miller


Ulmeiro (Esp.: Olmo)

Descrição: Árvore até 30 m.


Folhas serradas, de base assi-
métrica, nervuras rectilíneas
paralelas, e com 3 a 9 cm de
comprimento por 2 a 4 cm de
largura. Actualmente, exemplares
de grandes dimensões são muito
raros porque as populações euro-
peias têm sido dizimadas por uma
doença originada por um fungo: a
grafiose. Floresce de Fevereiro a
Março

Habitat: Margens de cursos de


água, sebes de campos agrícolas,
em solos húmidos. Por vezes,
utilizado como árvore ornamental.
Foto: JPF

Distribuição geográfica: Europa,


Norte de África, Sudoeste asiático
e Canárias. Em Portugal ocorre em
todo o país.

slide
Foto: JPF

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Arvoredo

Tamarix africana Poir.


Tamariz (Esp.: Taray)
Foto: JPF

Descrição: Arbusto ou, em casos excepcionais,


pequena árvore até 6 metros. Folhas reduzidas
a escamas. Pétalas com 1,8 a 3,3 mm de
comprimento, brancas ou ligeiramente rosadas.
O caule é ligeiramente avermelhado. Floresce
de Março a Maio.

Distribuição geográfica: Região Mediterrânica


e Macaronésia. Ocorre de Norte a Sul do país,
sendo mais frequente no litoral. É muito utilizada
Foto: JCF

como árvore ornamental.

Habitat: Solos ligeiramente salgados do troço


terminal dos rios, margens de cursos de água e
arribas marítimas.
Espécies similares: Género de taxonomia difícil, não havendo
concordância entre vários autores. A Tamargueira-rosada (Tamarix
canariensis) apresenta pétalas mais pequenas, de 1,25 a 1,5 mm, de cor
rosada.

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Glossário de termos botânicos
utilizados no texto

Amentos: Espiga de flores todas de um único sexo.


Autóctone: Planta natural de uma dada região.
Bráctea: Folha modificada situada na base de uma inflorescência
ou de uma flor.
Basilar: Que se encontra inserido na base.
Cálice: Conjunto de sépalas de uma flor.
Capítulo: Inflorescência globosa ou achatada, formada de flores
sem pedúnculo, aglomeradas sobre uma base comum.
Cápsula: Fruto seco que se abre naturalmente na maturação
para libertar as sementes.
Ciliado: Com pêlos (cílios).
Cordado: Em forma de coração.
Coriáceo: Da resistência do coiro, duro.
Corola: Conjunto das pétalas de uma flor.
Cosmopolita: De distribuição mundial.
Drupa: Fruto carnudo com caroço.
Emergente: À superfície da água ou do solo.
Endemismo: Existente apenas num determinado local ou região.
Entrenó: Porção do caule compreendida entre dois nós
consecutivos.
Entumescido: Estrutura levemente dilatada.
Escamiforme: Com forma de escama.
Escapo: Caule ou pedúnculo simples e sem folhas, com a parte
inferior rodeada por folhas basilares e a superior que termina
numa flor ou inflorescência.
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Espiga: Inflorescência de flores sésseis, inseridas ao longo de
um único eixo.
Espigueta: Nome dado à unidade básica da inflorescência das
gramíneas.
Estípula: Apêndice situado na base de certas folhas, por vezes
lembrando uma pequena folha na base do pecíolo.
Folha caduca: Que cai durante o Outono.
Folha capilar: Muito estreita, embora, por vezes ramificada.
Folha composta: Folha composta por folíolos.
Folha laminar: Com a forma de uma lâmina.
Folha obovada: Em forma de pêra.
Folha romboidal: Com forma semelhante a um losângulo.
Folha serrada: Com dente agudos voltados para cima,
lembrando uma serra.
Folha simples ou inteira: Folha não dividida nem recortada.
Folíolo: Cada um dos limbos que constituem uma folha composta.
Folhas alternas: Folhas inseridas em pontos distintos ao longo
do caule.
Folhas opostas: Folhas inseridas duas a duas no mesmo ponto
ao longo do caule.
Folhas verticiladas: Folhas inseridas à volta de um mesmo
ponto do caule.
Fronde: Partes da planta não diferenciadas que incluem os
orgão reprodutores da planta.
Hipanto: Parte inferior do cálice dos narciso, usualmente em
forma de tubo ou de cone, situado entre o escapo e as tépalas.
Imbricadas: Dispostas de forma a cobrirem-se parcialmente,
como as telhas de um telhado.
Inflorescência: Modo de disposição das flores na planta.
Lanceolado: Em forma de lança.

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Lígula: Pequena lâmina membranosa que nas folhas separa a
bainha do limbo, em algumas plantas como as gramíneas.
Lígulada (flor): Diz-se das flores de algumas plantas, como os
malmequeres que apresentam um prolongamento em forma de
língua.
Limbo: Parte plana e mais ou menos larga das folhas.
Nó: Região do caule onde se originam as folhas e as
ramificações.
Ócrea: Conjunto de estípulas soldadas entre si que reveste a
base dos entrenós.
Patente: Aberto em ângulo quase recto.
Pecíolo: Porção da folha que liga o limbo ao caule, usualmente
muito estreito.
Penatisepto: Com o limbo dividido até a nervura central.
Pétala: Folhas modificadas que constituem a corola e que,
geralmente, dão cor a uma flor. Localizam-se imediatamente acima
das sépalas.
Prostrado: Com disposição horizontal. Deitado.
Pubescente: Coberto por pêlos curtos. Contrário de glabro.
Rizoma: Caule subterrâneo alongado com folhas reduzidas a
escamas.
Roseta: Grupo por folhas muito juntas.
Romboidal: Em forma de losângulo.
Ruderal: Vegetação que se desenvolve em áreas fortemente
humanizadas.
Serrada ou serrilhada (folha): com dentes na margem.
Sépala: Folhas modificadas que constituem o cálice. Localizam-
se imediatamente abaixo das pétalas da flor.
Séssil: Órgão inserido directamente sobre um outro órgão sem
intermédio de um eixo.
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Valva: Cada uma das partes longitudinais em que se dividem
alguns frutos para libertarem as sementes.

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