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Musicoterapia e A Reabilitacao Do Paciente Neurológico
Musicoterapia e A Reabilitacao Do Paciente Neurológico
(coordenadora)
MUSICOTERAPIA
E A REABILITAÇÃO DO
PACIENTE NEUROLÓGICO
© Marilena do Nascimento, 2009.
ISBN 978-85-7954-000-4
Vários autores
Bibliografia
ISBN 978-85-7954-000-4
09.07959 CDD-615.858154
Colaboradores
Alice C. Rosa Ramos
Médica Fisiatra, Superintendente Técnica da Reabilitação da AACD.
Clara Y. Ikuta
Musicoterapeuta da AACD / Ibirapuera, São Paulo, SP, Psicóloga.
Gabriela Wagner
Musicoterapueta, Doutora em em Psicologia pela Universidad del Salva-
dor, Professora de Musicoterapia Clínica e Investigação da Faculdade de
Medicina da Universidad del Salvador, Buenos Aires, Argentina.
Heloiza Z. Goodrich
Terapeuta Ocupacional, Mestre em Terapia Ocupacional pela UAB.
Maristela Smith
Musicoterapeuta, Mestre em Psicologia Social, Professora do Centro
Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).
Silmara do Nascimento
Psicóloga da AACD / Ibirapuera, São Paulo, SP.
Viviane Louro
Bacharel em Piano pela Faculdade de Artes Alcântara Machado, Mestre
em Música pela UNESP, Coordenadora do Curso de Música da Funda-
ção das Artes de São Caetano do Sul, SP.
Preâmbulo
Prefácio ............................................................................................. xv
Como tudo começou... Breve história da fundação da AACD e da
implantação do Setor de Musicoterapia ............................................. xvii
A visão multidisciplinar na abordagem terapêutica da AACD .......... xxiii
As coisas não acontecem por acaso .................................................. xxv
27
Introdução .......................................................................................
Parte 1
A experiência AACD
1. Neurofisiologia da música ..........................................................
Ricardo José de Almeida Leme
30
Parte 2
Outras experiências
10. Itiprofissional
mplicações neuropsicológicas no processo de reabilitação mul-
......................................................................... 294
Camila da Veiga Prade
Marilena do Nascimento
Marilena do Nascimento
Noções anatômicas
Neurofisiologia da audição
PORÇÃO PERIFÉRICA
A orelha externa e a média são responsáveis pelos fenômenos pré-receptivos.
O comprimento do meato acústico externo e as propriedades mecânicas da orelha
média determinam a faixa de frequências temporais transmitidas às células meca-
norreceptivas na orelha interna. Na raça humana, esta faixa de frequência audível
varia de 20 a 20.000 Hz, com um pico na faixa de 500 a 5.000 Hz. Na orelha média
ocorre a amplificação do sinal acústico, que objetiva compensar as diferenças de
impedância entre o ar e os líquidos (perilinfa e endolinfa) da orelha interna. Final-
mente, é nessa região que ocorre a dissipação da pressão sonora que se propaga da
base ao ápice da cóclea, permitindo a tonotopia coclear (propriedade pela qual cada
frequência sonora está representada em algum local da cóclea).
A energia das ondas sonoras que chegam à membrana timpânica é trans-
mitida por intermédio dos ossículos para a rampa vestibular (janela oval). A
membrana que cobre a janela oval na base da rampa timpânica se acomoda às
mudanças na pressão hidrostática. O órgão de Corti fica no interior do duto co-
clear e consiste em uma fileira de células ciliares interiores e três fileiras de célu-
las ciliares exteriores. A membrana tectória, ligada ao limbo espiral, fica sobre
as células ciliares. A ação de pistão sobre o estribo transmite a energia das ondas
sonoras para a rampa vestibular. A energia transmitida à perilinfa produz ondas
em direção à membrana basilar, que irão da base da cóclea até seu ápice. O des-
PORÇÃO CENTRAL
O nervo coclear se origina nas células do gânglio espiral situado no modíolo
coclear, e seu principal neurotransmissor é o glutamato. Os prolongamentos perifé-
ricos das células bipolares do gânglio espiral terminam em relação com as células
ciliadas do órgão de Corti. Os prolongamentos centrais das células ganglionares
formam o nervo coclear que termina nos núcleos cocleares. A partir de sinapses nos
núcleos cocleares, emergem fibras que, pelo lemnisco lateral, chegam aos colículos
inferiores (Fig. 2). Neste percurso, algumas fibras fazem sinapses intermediárias
com células da formação reticular, núcleos olivares superiores e com o núcleo do
corpo trapezóide. Das sinapses nos colículos inferiores se originam prolongamentos
para os corpos geniculados mediais no tálamo, de onde partem fibras que, pelas
radiações auditivas, se projetam para o córtex auditivo nos lobos temporais.
A destruição da cóclea, nervo coclear ou dos núcleos cocleares resulta em
surdez completa ipsilateral. Lesões no lemnisco lateral causam surdez parcial,
mais evidente no ouvido contralateral, pois esta via possui fibras que cruzam e
fibras que não cruzam a linha média.
Fibras do colículo inferior, do núcleo do lemnisco lateral e do núcleo oli-
var superior passam por núcleos intermediários e inibem diferencialmente im-
pulsos de certas frequências do espectro auditivo, aumentando, assim, algumas
frequências que não estão sujeitas à inibição central, fenômeno conhecido como
sintonia auditiva. O neurotransmissor envolvido nesta via é a acetilcolina, que
age hiperpolarizando a célula ciliada externa diminuindo o efeito amplificador
que elas produzem. A hiperpolarização seletiva destas células permite que algu-
mas frequências deixem de ser amplificadas e que outras passem normalmente,
melhorando a relação sinal ruído.
Algumas sinapses do colículo inferior estão relacionadas à orientação da
cabeça e do corpo na direção da fonte sonora assim como ao acoplamento do
som a informações visuais (colículo superior) e somestésicas.
O córtex auditivo primário é situado no giro temporal transverso superior
(área 41 de Broadman), possuindo uma coluna monoaural cujos neurônios apre-
OUVIR E ESCUTAR
Uma vez descrito o processo de ouvir enquanto caracterização do sistema
auditivo, suas conexões e funcionamento, passamos a tratar da questão do escu-
tar, da interioridade da informação, e de como a consciência de cada ser se apro-
xima da informação captada.
Existe em cada ser um universo emocional interior único, cuja central de
organização, no sistema nervoso central, começa no sistema límbico (SL). Essa
qualidade ímpar de cada ser deve servir de alerta para a ciência estritamente
estatística que busca o “normal”, haja vista que no universo psíquico e subjetivo
o próprio conceito de normalidade deve ser redimensionado. Antes de a ciência
convencional tentar quantificar, ela deve se aproximar com a maior reverência
Referências
1. Bear MF, Connors BW, Paradiso MA. Neurociências: Desvendando o sistema nervo-
so. 2. ed. Porto Alegre: Artmed; 2002.
2. Blood AJ, Zatorre RJ. Intensely pleasurable responses to music correlate with activity
in brain regions implicated in reward and emotion. Proc Natl Acad Sci USA 2001;
98(20):11818-23.
3. Dossey L. Space, time and medicine. Bostom: Shambala; 1982. p. 139-80.
4. Douglas CR. Tratado de fisiologia aplicada à fonoaudiologia. São Paulo: Robe Edi-
torial; 2002.
5. Emoto M. Healing with water. J Altern Complement Med 2004; 10(1):19-21.
6. Goswami A, Reed RE, Goswami M. O universo autoconsciente: Como a consciência
cria o mundo material. 4. ed. Rio de Janeiro: Record / Rosa dos Tempos; 2001.
7. Kolb B, Whishaw IQ. Neurociências do comportamento. São Paulo: Manole; 2002.
5. Pedagogia: com a nova lei de inclusão escolar, que torna direito de toda
criança, portadora de deficiência física ou não, o acesso à escola, e dever de toda
escola acolhê-la, o importante papel da Pedagogia na Clínica de Paralisia Cere-
bral se torna ainda mais fundamental. As principais formas de atuação dessa
especialidade são a estimulação cognitivo-pedagógica, o trabalho específico das
dificuldades de aprendizagem e a prática concreta da inclusão.
Bibliografia consultada
Eliasson AC, Rosblad B, Krumlinde-Sundholm I, et al. Manual Ability Classification
System (MACS) for chindren with cerebral palsy: Scale development and evidence of
validity and reability. Dev Med Child Neurol 2006; 48:549-54.
Feldman AB, Haley SM, Coryell J. Concurrent and construct validity of the Pediatric
Evaluation of Disability Inventory. Phys Ther 1990; 70:602-10.
Fernandes AC, Ramos ACR, Casalis MEP, Hebert SK. Medicina e reabilitação: Princí-
pios e prática. São Paulo: Artes Médicas; 2007.
Miller G, Clark G. The cerebral palsies: Causes, consequences, and management. Lon-
don: Butterworth-Heinemann; 1998.
Palisano R, Rosenbaum P, Walter S, Russel D, Wood E, Galuppi B. Development and
reliability of a system to classify gross motor function in children with cerebral palsy.
Dev Med Child Neurol 1997; 39:214-23.
Souza AMC. A criança especial: Temas médicos, educativos e sociais. São Paulo: Roca;
2003.
The definition and classification of cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 2007; Sup-
plement.
Definições e terminologia
[reforçando sua brincadeira com a fala e sua fala com o movimento, o que
pode ser visto em muitas brincadeiras típicas da idade].
O desenvolvimento social e emocional é afetado pela sua habilidade em
mover-se, porque o movimento a faz independente da atenção constante de sua
mãe. Nos primeiros dias de vida, a criança responde à manipulação de sua mãe
com movimento, quando ela é levantada, ou colocada no berço, lavada, vestida,
alimentada, e outras atividades de cuidados em geral. Dessa maneira, a criança
58 Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico
aprende a ajustar-se às mudanças de postura e a desenvolver reações posturais
normais contra a gravidade. Continua sendo manipulada e movimentada dessa
forma, até que seja capaz de mover-se por si só. Começa então a afirmar sua
independência, e quer fazer tudo sozinha. Quer alimentar-se só, embora com
bastante bagunça, e passa a protestar e a lutar quando não quer ser levantada,
lavada, vestida etc.
Considerações finais
Referências
1. Bobath Centre. Notes to accompany the 8-week course in cerebral palsy. [Tradução de
Sonia Gusman e Pessia Meyerhof]. Londres: Bobath Centre; 1997.
2. Lianza S. Medicina da reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001.
3. Piaget J. A epistemologia genética. [Tradução de Nathanael C. Caixeiro]. São Paulo:
Vozes; 1971.
4. OliveiraMK. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-histórico.
4. ed. São Paulo: Scipione; 2001. (p. 52).
Marilena do Nascimento
*
Agradeço à mestra Clementina Nastari, que me introduziu na especialização em Musicoterapia, e à médica
fisiatra Ângela Maria Costa de Souza, que me introduziu no universo dos estudos sobre Paralisia cerebral, e
continua sendo minha mentora inspiradora.
Quadro 1. Níveis de atenção à saúde conforme Itoh e Lee (citados por Lianza8).
CUIDADOS
PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS TERCIÁRIOS
Promoção da saúde Diagnóstico precoce Limitação da incapacidade
Proteção específica Reabilitação Cuidados assistenciais de manutenção
1. 1.
- Qualidade de tono postural flutuante; - Estabilidade do tono postural e combate
os espasmos intermitentes [Espasmos são
movimentos incontrolados repentinos
decorrentes de tensionamento repentino e
intermitente do(s) músculo(s)];
- Mudanças repentinas variando entre hipotonia e - O tono pode ter que ser aumentado se
hipertonia; tiver muito baixo;
- Mudanças de tono imprevisíveis, com movimen- - O movimento tem que ficar mais organi-
tos involuntários (ou seja, não intencionais e que zado, vagaroso e controlado. Amplitude
ocorrem sem aviso) com padrões variáveis, movi- de movimentos deve ser menor.
mentos desajeitados e muito rápidos.
2. 2.
- A criança tem sustentação de tono postural contra - Cocontração e sustentação do tono pos-
a gravidade e nenhuma fixação; tural contra a gravidade;
- Os movimentos são muito amplos, e amplitudes - Fixação para que possa controlar seus
médias não conseguem ser graduadas; movimentos;
- Falta inervação recíproca sem controle dos ago- - Movimentos lentos controlados, evitan-
nistas e antagonistas; do grandes amplitudes;
- A criança não consegue ficar parada; - Uso de pressão, peso e compressão para
- Todos os movimentos são desorganizados e in- a estabilidade.
controlados;
- Não consegue manter postura.
3. 3.
- Reações de equilíbrio e endireitamento são reali- - Ajuste e controle da performance de
zadas anormalmente; endireitamento e equilíbrio.
- O uso de braços e mão para o apoio/preensão e - Suporte de braço e preensão adequados.
segurar no mobiliário comum é inadequado.
1. 1.
- Seu tono postural é permanentemente alto e modi- - Redução da hipertonia combatendo os
fica-se muito pouco; padrões de espasticidade;
- O grau e a extensão (posição reta dos membros e - Grande quantidade e variedade de mo-
da espinha) da espasticidade muda de forma previ- vimento que devem ser largos, em ampli-
sível, mas devagar, com a excitação e esforço; tude e velocidade, gradativamente aumen-
tadas;
- Evitar posturas estáticas e esforços,
aumentando cuidadosamente a estimula-
ção, sem aumentar a espasticidade;
2. 2.
- Tem excesso de cocontração de músculos espásti- - Tratamento móvel e não postura fixa;
cos, com fixação de posturas anormais;
- Não tem relaxamento recíproco dos antagonistas - A facilitação (que é manobra para tornar
na primeira contração. Pequena amplitude de mo- o movimento da criança mais fácil ou
vimentos com grande esforço. mesmo possível) de sequências de movi-
mentos;
- Movimentos lentos trabalhosos; - Ativação e iniciação do movimento, com
amplitude e ajustamento.
- Deve-se obter suporte para os braços
para dar maior segurança.
Segundo Bruscia5,
A RELAÇÃO TERAPÊUTICA
Quando encaminhada para o setor de Musicoterapia no contexto da reabi-
litação, a criança deverá estar acompanhada de seus responsáveis/cuidadores
para a aplicação da Ficha de Anamnese do setor (muitas crianças têm sua comu-
nicação verbal alterada, ou são muito pequenas, e necessitamos que uma pessoa
Recursos técnicos
Considerações finais
Referências
1. Baranow, AL von. Musicoterapia: Uma visão geral. Rio de Janeiro: Enelivros; 1999.
Clara Y. Ikuta
Referências
1. Benenzon RO. Manual de musicoterapia. [Tradução de Clementina Nastari]. Rio de
Janeiro: Enelivros; 1985.
2. Benenzon RO. Teoria da musicoterapia: Contribuição ao conhecimento do contexto
não-verbal. 2. ed. [Tradução de Ana Sheila M. de Uricoechea]. São Paulo: Summus; 1988.
3. Benenzon RO, et al. La nueva musicoterapia. Buenos Aires: Lumen; 1998.
4. Benenzon RO. Aplicações clínicas de la musicoterapia. Buenos Aires: Lúmen; 2000.
5. Benenzon RO. Musicoterapia: De la teoría a la práctica. Barcelona: Paidós, 2000.
6. Blasco F. La utilización del ritmo musical en fisioterapia. Revista Brasileira de Musi-
coterapia 1996; 1(1):3-7.
7. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. [Tradução de Mariza Velloso Fernandez
Conde]. Rio de Janeiro: Enelivros; 2000.
8. Bruscia KE. Modelos de improvisación en musicoterapia. [Tradução de María Sán-
chez Sotres]. Espanha: Agruparte; 1999.
9. Fernandes AC [org.]. Medicina e reabilitação: Princípios e prática. São Paulo: Artes
Médicas; 2007.
10. Ferrari KD. Genesis de las funciones musicales. In: Schapira D. Musicoterapia: A-
bordaje plurimodal. Buenos Aires: ADIM Ediciones; 2007.
11. Helene AF, Xavier GF. Memória e (a elaboração da) percepção, imaginação, incons-
ciente e consciência. In: Landeira-Fernandez J, Silva MTA [org.]. Intersecções entre
psicologia e neurociências. Rio de Janeiro: MedBook; 2007.
12. Mendes Barcellos LR. Musicoterapia: Alguns escritos. Rio de Janeiro: Enelivros, 2004.
13. Millecco Filho LA, Brandão MRE, Millecco RP. É preciso cantar: Musicoterapia,
cantos e canções. Rio de Janeiro: Enelivros; 2001.
14. Nascimento MF. Musicoterapia: Princípios e prática. In: Fernandes AC [org.]. Medi-
cina e reabilitação: Princípios e prática. São Paulo: Artes Médicas; 2007.
15. Pereira de Queiroz GJ. Os tipos de ouvinte. Revista Brasileira de Musicoterapia
2002; 6.
MODELO DE DESSENSIBILIZAÇÃO
NA INTERVENÇÃO
MUSICOTERAPÊUTICA*
Marilena do Nascimento
*
Extrato de pesquisa orientada pelo Dr. José Carlos Fernandes Galduróz, docente do Curso de Especialização
em Medicina Comportamental.
A dessensibilização
A partir das queixas dos pais e dos terapeutas, foi possível categorizar al-
guns comportamentos e criar um sistema de pontuação em que quanto maior os
pontos atribuídos, maior a relevância do comportamento, conforme quadro apre-
sentado na página seguinte.
Incidência
A incidência foi determinada a partir das repostas das famílias que obser-
vam o desconforto da criança frente a exposições sonoras ambientais, e compro-
vada pelas observações realizadas na testificação. Importante ressaltar que o
nível de desconforto não foi considerado neste estudo.
Resultados
10
9
8
7
Pontuação
6
5
4
3
2
1
0
1a. 2a. 3a. A 3a. B
Te stificações
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Te stificações
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Te stificações
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Te stificações
Questionários de alta
Questões
Paciente Melhora na tolerância a exposições Melhora na interação da criança com
sonoras ambientais o seu ambiente
Nota Comentários Nota Comentários
VMSF 2 Discreta intolerância 10 Interação com o ambiente dentro
do comportamento esperado
JVCT 4 Intolerância a exposições sono- 8 Interação com o ambiente dentro
ras ambientais do comportamento esperado,
mesmo apresentando desconforto
auditivo mínimo
ARNP 5 Intolerância a exposições sono- 8 Interação com o ambiente dentro
ras ambientais do comportamento esperado,
mesmo apresentando desconforto
auditivo mínimo
IAL 2 Discreta intolerância a exposi- 10 Interação com o ambiente dentro
ções sonoras ambientais do comportamento esperado
Considerações finais
Referências
1. Beck JS. Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto Alegre: Artmed; 1997.
2. Caballo VE. Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento. São
Paulo: Editora Santos; 1996.
3. Miller G, Clark G. Paralisias cerebrais: Causas, consequências e condutas. [Tradução
de Denise Borges Bittar]. São Paulo: Manole; 2002.
4. Sanchez TG, Pedalini MEB, Bento RF. Hiperacusia. Arquivos da Fundação de Otorri-
nolaringologia 1999; 3(4).
Considerações finais
A intervenção musicoterapêutica nos casos que necessitam de estimulação
da linguagem tem se mostrado eficaz, podendo contribuir para as questões abor-
dadas neste capítulo com resultados satisfatórios. A Musicoterapia, atuando den-
tro do contexto interdisciplinar, apresenta-se hoje com estratégias terapêuticas
que podem favorecer a melhora na capacidade de comunicação das crianças,
traçando objetivos comuns com as demais terapias envolvidas.
Além do potencial genético que habilita a espécie humana para ser falante
e para ser cantante, sem dúvida a inserção, o contacto social e a estimulação
adequada são os princípios fundamentais para que se processem fenômenos
comunicativos, levando a criança ao domínio da pragmática linguística. A
capacidade de comunicar-se é algo independente da capacidade de manifestar-se
através da palavra oral.
O fenômeno da habilidade musical permeia a atividade humana e toda a
rede de comunicação que favorece o aprendizado e a inserção social.
Marilena do Nascimento
Clara Y. Ikuta
Sílvia Regina Carvalho
*
Projeto realizado com o apoio do médico Dr. Mauro César de Morais Filho e da fisioterapeuta Catia Kawa-
mura (Laboratório de Marcha da AACD) e da fisioterapeuta Maria Cristina dos Santos Galvão (AACD /
Ibirapuera, SP).
Itens avaliados
Aplicações Total
EXI CMG CMI P A MRI AT C EMV
Primeira
Data: / /
Segunda
Data: / /
Diferença entre as pontuações totais
RESULTADOS DO PROJETO
Na avaliação do Laboratório de Marcha os resultados demonstraram que a
velocidade da marcha não sofreu alteração significativa, mas houve aumento
bilateral na extensão dos quadris no apoio e redução na assimetria da pelve no
plano transverso. Na avaliação do GMFM, os resultados se encontram a seguir:
Comentários
Observamos mudanças apontadas pelos resultados do Laboratório de
Marcha e da GMFM, mesmo que sutis, na coordenação motora grossa e na mar-
cha. A velocidade da marcha não sofreu alterações significativas, mas mudanças
ocorreram na extensão dos quadris, o que favoreceu uma marcha com maior
estabilidade. Foi observada de forma quantitativa através da pontuação do
PAFM a mudança do comportamento da criança frente aos estímulos sonoros
musicais. Os resultados positivos foram confirmados pelas respostas ao questio-
nário aplicado aos pais e cuidadores quanto à evolução da criança nos aspectos
do aprendizado em geral, que relataram o desempenho da criança como mais
bem adaptada na vida escolar e social.
PESQUISAS COMPLEMENTARES
Na discussão deste estudo os autores referem que a função musical é uma
das poucas “atividades bi-hemisféricas, envolvendo o hemisfério esquerdo para
o ritmo e o hemisfério direito para o canto e a percepção musical”12.
Ao considerar a neuroplasticidade não somente como fator biológico, mas
resultante de relações com o meio, os autores afirmam que temos a música e os
estímulos sonoros musicais como ferramentas potencializadoras da neuroplasti-
cidade, favorecendo várias respostas simultaneamente.
Com base nestes resultados, a pesquisa foi ampliada com o seguinte for-
mato:
• Grupo experimental formado por cinco crianças entre 3 e 6 anos de ida-
de, com diagnóstico de paralisa cerebral diparética espástica, nível motor entre I
e II, conforme o sistema de classificação da função motora grossa para paralisia
cerebral (GMFCS). Essas crianças não receberam intervenção musicoterapêutica
anterior e não foram submetidas à aplicação de fenolização ou toxina butolínica
nos 6 meses anteriores, ou à cirurgia ortopédica nos 12 meses anteriores, e esta-
vam em tratamento na Fisioterapia.
• Grupo-controle formado por cinco crianças com os mesmos critérios a-
Referências
1. Benenzon RO. Manual de musicoterapia. [Tradução de Clementina Nastari]. Rio de
Janeiro: Enelivros; 1985.
2. Bennet R. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora; 1988.
3. Blasco F. La utilización del ritmo musical en fisioterapia. Revista Brasileira de Musi-
coterapia 1996; 1(1):3-7.
4. De Lisa JA, Gans BM. Tratado de reabilitação: Princípios e prática. São Paulo: Mano-
le; 2002.
5. Fraisse P. Psicologia del ritmo. Madrid: Morata; 1974.
6. Fridman R. Los comienzos da conducta musical: Del primer vagido al lenguage ento-
nado y articulado. Buenos Aires: Paidós; 1974.
7. Jeandot N. Explorando o universo da música. 2. ed. São Paulo: Scipione; 1993.
8. Nascimento M, Ikuta C, Galvão MCS, Morais M,Yamashita MLB, Carvalho SR.
Os primeiros anos da vida de uma criança são críticos, pois o encéfalo, estando em
franco desenvolvimento, acaba sendo mais sensível à injúria. Então, embora existam
similaridades entre uma lesão ocorrida em um encéfalo em desenvolvimento e em um
encéfalo adulto, existem evidências que lesões encefálicas pediátricas oferecem desafios
diferentes para o médico, tanto na fase aguda, quanto na reabilitação. Estudos clínicos e
experimentais demonstram que o encéfalo imaturo é mais vulnerável a uma lesão traumá-
tica, quando comparado com o encéfalo de um adulto. A resposta inflamatória é muito
maior em um encéfalo imaturo, o controle do estresse oxidativo é diferente, e existe maior
dificuldade para eliminar o ferro livre. E, sendo assim, aumentam as lesões secundárias. É
observado que crianças com menos de quatro anos de idade geralmente evoluem com
maiores sequelas motoras e, principalmente, cognitivas14.
Por outro lado, a neuroplasticidade é maior nas crianças. Chamamos de neuroplastici-
dade a capacidade dos circuitos neurais se moldarem em resposta aos estímulos ambien-
tais. A plasticidade neural serve de base ao aprendizado ao definir a seleção de conexões
sinápticas que moldam habilidades e comportamentos. Perante uma lesão, o encéfalo vai
se valer de mecanismo de neuroplasticidade para se reorganizar. As técnicas de reabilita-
ção estimularão essa reorganização, criando novos circuitos e resgatando circuitos anti-
gos. Mas, apesar da maior plasticidade neural, crianças que apresentam uma lesão encefá-
lica em idade pré-escolar ainda estão em desvantagem quando comparadas com crianças
maiores, adolescentes e adultos.
Durante a reabilitação de uma criança após uma LEA, devemos sempre considerar a
idade em questão. Diferente do que acontece com o adulto, deve-se estimular a aquisição
de novas etapas do desenvolvimento que ainda não haviam sido adquiridas anteriormente
à lesão. Durante o processo de reabilitação, muitas funções serão resgatadas e outras serão
adquiridas pela primeira vez a partir de um encéfalo lesado (habilitação).
TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO
O TCE acontece quando há um agente mecânico externo agressor forte o
suficiente para causar lesão ao tecido encefálico, como evidenciado por perda de
consciência, amnésia pós-traumática ou déficits neurológicos específicos consta-
tados ao exame físico que possam ser atribuíveis ao trauma, havendo ou não
fratura craniana. No Brasil, os acidentes de trânsito são os maiores responsáveis
pelas lesões traumáticas do sistema nervoso central. A violência interpessoal é a
segunda causa10.
Os danos causados pelo TCE geralmente resultam de mais de um meca-
nismo e podem ser classificados em primários e secundários. A lesão primária é
resultante da ação direta da força agressora e, portanto, está ligada ao mecanis-
mo do trauma. Temos como lesões primárias as fraturas cranianas, as contusões
e lacerações da substância cinzenta e a lesão axonal difusa. Já as lesões secundá-
rias ocorrem segundo alterações estruturais encefálicas decorrentes da lesão
primária, bem como de alterações sistêmicas decorrentes do traumatismo. Temos
como lesões secundárias os hematomas intracranianos, a hipertensão intracrani-
ana, herniações, lesão hipóxico-isquêmica e infecções9.
O atendimento na fase aguda visa evitar ou minimizar lesões secundárias.
Ou seja, um bom atendimento na fase inicial do paciente com TCE será determi-
nante para o prognóstico.
NEUROINFECÇÕES
O sistema nervoso central (SNC), pelo tipo de atividade que desenvolve e
pelo grau de precisão requerido na maioria de suas funções, é um dos órgãos
mais protegidos do organismo. Conta principalmente com a proteção mecânica
da caixa craniana, com os envoltórios meníngeos e com o líquido cefalorraquidi-
ano (LCR), que possui ambiente metabólico e imunológico local particular, gra-
ças à função da barreira hematoencefálica (BHE). O cérebro e a medula são
envolvidos por membranas, as meninges, dispostas em três camadas (pia-máter,
aracnóide e dura-máter).
Meningites são entidades clínicas que se caracterizam pela ocorrência de
processo infeccioso nas meninges. A meningite decorre da invasão de germes no
SNC de maneira direta (TCE ou malformações) ou indireta, pela colonização nas
vias aéreas superiores (mucosa da nasofaringe), com posterior disseminação
hematogênica, bacteremia e comprometimento da BHE. Uma vez que o agente
infeccioso consegue atingir o LCR, espalha-se rapidamente por toda a sua exten-
são, incluindo o sistema ventricular. Nessa eventualidade, o SNC desenvolve
uma reação inflamatória intensa, caracteristicamente restrita ao espaço continen-
te do LCR. Efeitos secundários como o edema, que acompanha a resposta infla-
matória, podem ocasionar graves danos ao sistema nervoso, mecanicamente
delimitado pela caixa craniana7.
TUMORES CEREBRAIS
Os tumores cerebrais podem ser malignos ou benignos dependendo de sua
capacidade de recidiva e possibilidade de ressecção cirúrgica. Mas vale lembrar
que mesmo os tumores benignos podem deixar sequelas. Também podem ser
classificados em primários, quando a divisão anormal de células se inicia no
próprio encéfalo, ou metastáticos, quando o tumor primário está localizado em
outro órgão. Em crianças é mais comum a presença de tumores primários e, em
adultos, é mais comum a presença de tumores encefálicos metastáticos.
Os sintomas de um tumor encefálico vão depender de sua localização e
velocidade de crescimento. Tumores que elevam a pressão intracraniana podem
Sequelas neurológicas
Dependendo do local, extensão e gravidade da lesão, poderemos ter varia-
dos tipos de sequelas:
- Motoras: diminuição da movimentação voluntária em algum segmento
do corpo, alteração de tono muscular, presença de movimentação involuntária,
alteração de coordenação, entre outras;
- Sensoriais: deficiência visual, auditiva, alteração de sensibilidade e/ou
de propriocepção;
- Alterações de fala e linguagem;
- Alterações cognitivas: déficit de atenção, memória, execução, raciocínio
lógico, dificuldade para abstração;
- Alterações comportamentais: impulsividade, dificuldade para julgamento, ir-
ritabilidade, desmotivação, labilidade emocional, apatia, letargia, isolamento social.
A evolução dependerá de uma somatória de fatores: neurológicos, clíni-
cos, emocionais, sociais e familiares. Mas dependerá também da precocidade e
da especificidade da intervenção de reabilitação. O tratamento deve ser individu-
alizado, com metas reais definidas pela equipe de reabilitação, abrangendo e
valorizando igualmente as áreas física, emocional, educacional e profissional.
Referências
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Brain Injury Association Board of Directors. March 14, 1997. Disponível em: http://
www.biausa.org. Acesso em 17/06/09.
A., sexo masculino, três anos, com diagnóstico de LEA, dupla hemipare-
sia, hipotonia severa, enquadrado em terapias na AACD, inclusive no setor mu-
sicoterapêutico em atendimento individual.
Os pais vivenciam o luto pela perda do filho idealizado e fantasiam a pos-
sibilidade de A. ”ser como antes”. Têm acompanhamento psicológico e da equi-
pe multidisciplinar, e estão comprometidos com o tratamento do filho. No início
da terapia, A. não conseguia percutir os instrumentos, nem se interessava pelos
instrumentos musicais, embora reagisse aos estímulos sonoros. Era desatento,
agitado e impulsivo, com dificuldades de limites. Aos poucos foram introduzidas
peças instrumentais de música erudita na audição musical, e o paciente se tornou
mais atento e mais tranquilo. Com o auxílio de adaptações, orientadas pelas te-
rapeutas ocupacionais, A. conseguiu segurar as baquetas dos tambores e percutir
o instrumento. Hoje, A. está interagindo com a terapeuta no piano, no teclado,
reconhecendo padrões melódicos e rítmicos e começando a verbalizar algumas
palavras das canções e improvisações feitas na terapia. A avó e os pais estão
relatando e comemorando os progressos da criança com a terapia e levam grava-
ções das sessões para casa como que as prolongando.
Vários exemplos poderiam ser relatados neste capítulo, mas, para finalizá-
lo, apresentaremos uma canção feita por uma jovem de 27 anos, em parceria
com a musicoterapeuta.
A. é portadora de LEA causada por anóxia. No início da terapia, estava
deprimida, tímida e lembrava-se constantemente de seu noivo, da vida que leva-
va antes do acidente, de sua mãe falecida. Durante as sessões de Musicoterapia
descobriu que podia cantar, percutir os guisos e chocalhinhos, marcando, com
exatidão, o pulso das canções, expressando, dessa forma, os seus sentimentos e
“fazer música” narrando a sua própria história. Próximo da programação da alta
terapêutica, externou o desejo de “cantar como a nova A.”. A improvisação mu-
sical foi feita na oportunidade e gravada em fita-cassete, na tonalidade de Dó m.
Segue a letra da canção idealizada pela paciente:
Mas A. é forte,
muito forte
e superou o prognóstico
que a tornaria vegetativa.
Assim é a A.
canção da vida
a canção do amor.
Em notas musicais
expressa
a sua melodia
Do fundo da alma
na canção do amor.
Considerações finais
Pelo exposto, observamos que as atividades musicoterapêuticas têm um
papel relevante na reabilitação de pacientes adultos e crianças com lesões cere-
brais adquiridas. A música pode ajudar na inclusão social desses pacientes, mui-
tas vezes, isolados, desmotivados, devido às perdas motoras e cognitivas provo-
cadas pela doença4.
Resgatar a autoestima, torná-los mais independentes em suas atividades de
vida diária, estimular o lado criativo, respeitando suas limitações e deficiências,
tornam possível uma nova história de vida para os pacientes, diferente da anteri-
or, mas adaptada à realidade de seu estado atual.
A Musicoterapia lhes possibilita criar e entender o mundo como uma par-
titura nova, em que cada um deles pode registrar a sua melodia, escolher o tim-
Referências
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Edmar Zanoteli
Ataxias hereditárias
Distrofias musculares
Miopatias congênitas
As miopatias congênitas se manifestam nos primeiros anos de vida, e são
classificadas conforme a presença de alterações estruturais nas fibras musculares
detectadas na biópsia muscular dos pacientes. Os principais tipos incluem as
miopatias central-core, nemalínica e centronuclear, e desproporção congênita de
fibras. De maneira geral, esses pacientes apresentam hipotonia, atrofia e fraque-
za musculares generalizadas. O quadro clínico tende a ser estacionário ou com
Considerações finais
Embora não haja tratamento definitivo para a maioria das DNM, isso não
significa que não podemos tratá-las. Os objetivos fundamentais da reabilitação
desses pacientes incluem, entre outros, aprimorar as habilidades funcionais, pro-
longar e manter a capacidade para a marcha, prevenir deformidades esqueléticas
e melhorar a qualidade de vida, produzindo, assim, meios para uma melhor inte-
gração social.
Doenças em estágios finais, com intensas deformidades esqueléticas e re-
trações articulares, certamente terão benefício menor com os programas de rea-
bilitação. No entanto, alguns fatores são determinantes no sucesso das terapias,
incluindo-se a época do início do tratamento, motivação e colaboração do paci-
ente e experiência da equipe profissional. Ao lado da equipe médica, uma equipe
de reabilitação composta por profissionais que possuam experiência com essas
doenças, consistindo de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólo-
gos, musicoterapeutas, psicólogos, pedagogos, entre outros, além do trabalho
específico de cada profissional, deve, de forma coordenada, trabalhar buscando
adaptar o paciente o mais próximo das atividades da vida diária, promovendo a
sua integração na vida comunitária.
Bibliografia consultada
Adan RD, Victor M. Degenerative diseases of the nervous system. In: Principles of neu-
rology. 5. ed. New York: McGraw-Hill; 1993. p. 957-1009.
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10. Schapira D [ed.]. Musicoterapia: Abordaje plurimodal. Buenos Aires: ADIM; 2007.
Nos primeiros contatos com pacientes com lesão medular é possível veri-
ficar expressividade musical tímida, que pode ser resultado da falta de motiva-
ção ou de idéias pré-concebidas da estética musical, ou seja, a pouca ou nenhu-
ma intimidade com os instrumentos musicais oferecidos, ou as duas coisas com-
binadas. Disso resulta a necessidade de oportunizar o contato com variados ins-
trumentos e a expressão sonora livre a fim de minimizar os bloqueios causados
pela autoexigência da performance musical e favorecer a aproximação do paci-
ente aos instrumentos e sua sonoridade.
A expressão sonora livre leva a descobertas sobre o som, como o forte e o
fraco, o rápido e o lento, o longo e o curto, o grave e o agudo, e mesmo as nuanças
de timbres no mesmo instrumento musical, dependendo de como é manipulado.
Essas experiências levam ao domínio do som desejado, e dominar um som
ou ruído necessariamente é o domínio de um gesto (fonador, no caso da voz, ou
motor, quando do movimento dirigido ao objeto sonoro) que demonstra a evolu-
ção não apenas motora, mas principalmente a evolução psicológica. Trata-se da
aquisição da capacidade de ousar, de ser e existir sonoramente no espaço e no
tempo. A iniciativa, a escolha, o controle do gesto e a evolução do ritmo se dão
na medida em que a pulsão rítmica ganha espaço e o sujeito se expressa7.
Aquele que produz o som escolhe o objeto de produção sonora, o tempo
de duração, a intensidade, a velocidade, o timbre e a altura ou, ainda, se o méto-
do de sonorização será percussivo, teclado ou soprado.
Relato de caso
Considerações finais
Silmara do Nascimento
Objetivos do grupo
Método
Referências
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INCAPACITANTES
Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico 207
6.1
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS E
OUTRAS SÍNDROMES
Malformações congênitas
A descrição das Malformações Congênitas (MFC) envolve conceitos se-
gundo os quais o conhecimento de determinados termos nos esclarece e ajuda a
elucidar quadros sindrômicos ou de malformações isoladas. A variação anatômi-
ca nos seres humanos pode ser considerada a regra, e não a exceção. Mas, quando
essa alteração atinge magnitude em que tanto a função natural quanto a aparência
estão prejudicadas, podemos observar a presença de uma deformidade.
O termo “congênita” se refere à anomalia que se encontra presente já ao
nascimento. Devemos lembrar que a célula consiste de uma estrutura básica, e é
essa unidade que formará os tecidos. O tecido é composto por um conjunto de
células, e o agrupamento de diferentes tecidos levará à estruturação de um órgão.
A reunião de órgãos integrados formará um sistema que, por sua vez, fará a
composição de um organismo.
Conhecendo esse processo de organização estrutural, quando observamos
a presença de uma anomalia, essa pode ser explicada com base em um problema
208 Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico
na morfogênese, que desencadeará uma cascata de defeitos subsequentes. A
presença de padrões de defeitos estruturais denomina-se sequências, as quais
podem ser divididas em quatro categorias:
1. Sequência de malformação: ocorrência de uma malformação tecidual
única que inicia uma cadeia de defeitos subsequentes. Pode se manifestar de
forma leve a grave, possuindo risco de recorrência de 1% a 5%.
2. Sequência de deformação: não se observa presença de um problema no
embrião ou no feto, mas se detectam alterações nas forças de contração uterina
que pode levar a uma morfogênese alterada. Por exemplo: oligodrâmnio (dimi-
nuição do líquido amniótico), com consequente formação de deformações.
3. Sequência de disrupção: o feto normal está sujeito a um problema des-
trutivo que pode levar à ruptura de tecidos normais. As causas dessa ocorrência
podem decorrer de alterações de origem vascular, infecciosa e até mecânica. Por
exemplo: disrupção em tecidos desenvolvidos normalmente, levando ao desen-
volvimento de bandas de constrição (bridas amnióticas).
4. Sequência de displasias: o defeito primário decorre da falta de organi-
zação normal das células nos tecidos.
Neste capítulo, abordaremos algumas patologias que ocasionam malfor-
mações congênitas e que acometem principalmente o sistema músculo-
esquelético.
CLASSIFICAÇÃO
As MFC do sistema músculo-esquelético abrangem amplo espectro de de-
formidades que podem ocorrer de forma isolada ou global. Dentre as várias clas-
sificações utilizadas, descreveremos aquela relatada por Swansom, que divide as
MFC em sete tipos, de acordo com a falha embriológica responsável pela produ-
ção da malformação. Assim, temos:
1. Falha na formação das partes ou interrupção no desenvolvimento do
embrião: pode ocorrer de forma completa ou parcial e acometer partes moles
e/ou tecidos ósseos. Podem ser subdivididas em dois subtipos:
- transversa: o defeito ocorre em um plano transverso e envolve toda a
largura do membro. Por exemplo: amputações congênitas de membros (hemime-
lia transversa terminal de antebraço);
- longitudinal: presença de defeito no eixo longitudinal do membro. Nes-
ses casos, podemos descrever aqueles em que o envolvimento ocorre no nível
pré-axial do osso rádio ou tíbia (por exemplo: hemimelia tibial), e outros em que
se nota alteração no eixo central de um membro, levando à ausência do 2º/3°/4°
ETIOLOGIA
Geralmente, a maioria das MFC de membros tem causas desconhecidas;
entretanto, há várias patologias cujas formas de ocorrência e transmissão já são
conhecidas e dentre as quais se destacam: herança genética; anomalias cromos-
sômicas; uso de medicações (talidomida, misoprostol, warfarina, ácido valprói-
co); uso de drogas ilícitas; uso de bebidas alcoólicas; tabagismo; mutações gêni-
cas (que levam ao aparecimento de novas doenças); presença de doença materna
(diabetes melittus); e infecções (como toxoplasmose e sífilis, entre outras).
O risco de um casal saudável e não consaguíneo ter um descendente com
alguma malformação congênita é estimado em 1% a 5%. Quando é conhecido o
mecanismo de transmissão da doença, é possível a efetivação de aconselhamento
genético para que ocorra o devido planejamento e a realização de um pré-natal
adequado, permitindo que o diagnóstico precoce e preciso seja realizado e as
intervenções terapêuticas sejam estabelecidas o quanto antes.
A seguir faremos a descrição das principais características de algumas pa-
tologias congênitas mais comumente encontradas em nossa prática clínica.
ETIOLOGIA
Trata-se de uma apresentação comum a uma grande variedade de doenças,
justificando-se a característica multifatorial na elucidação de sua etiologia. O
quadro típico de artrogripose, geralmente, está correlacionado com limitação dos
movimentos fetais (acinesia) após a 10ª semana de vida uterina. Na embriogêne-
se fetal normal, a formação dos membros apendiculares e articulações ocorrem
nas primeiras semanas de vida, e, quando ocorrem interferências nesse período
gestacional, o crescimento e o desenvolvimento dos membros podem ficar com-
prometido.
CLASSIFICAÇÃO
Em 1981, Hall (apud Bevan et al.3) classificou 350 casos de pacientes que
possuíam contraturas articulares em três grandes categorias:
1. Presença de contraturas articulares congênitas que envolvem primaria-
mente os membros. Este grupo pode ser subdividido em:
- amioplasia: que se refere ao quadro típico de artrogripose clássica;
- artrogripose distal: observa-se o acometimento principalmente das ex-
tremidades (mãos e pés).
2. Presença de contraturas articulares congênitas múltiplas e com envol-
vimento de outras áreas do corpo.
3. Presença de contraturas articulares congênitas múltiplas e com disfun-
ção do sistema nervoso central.
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO
O tratamento dos portadores de artrogripose demanda abordagem de uma
equipe interdisciplinar composta por médicos e terapeutas especializados com
conhecimento da patologia, sua evolução e prognóstico funcional, para haver
melhor programação da reabilitação global.
A correção cirúrgica ortopédica das deformidades músculo-esqueléticas
apresentadas nos membros impõe um grande desafio, pois estamos lidando com
uma condição muscular anômala e com deformidades muitas vezes tecnicamente
muito difíceis de serem totalmente corrigidas. O perfeito alinhamento dos mem-
bros pode não ser suficiente para um bom prognóstico funcional, pois temos que
considerar a força muscular presente, principalmente nos músculos antigravita-
CLASSIFICAÇÃO
Este tópico é bastante discutido na literatura, da qual podemos citar as
classificações de Aitken2, de Pappas6 e, mais recentemente, a de Paley5. A classi-
ficação descrita por Paley é considerada aquela que possibilita o direcionamento
do prognóstico e do tratamento possíveis para a doença, conforme quadro a se-
guir.
QUADRO CLÍNICO
Dentre as principais características da deficiência congênita do DCF (Fig. 4),
podemos observar:
- discrepância dos membros inferiores, com encurtamento (de grau varia-
do) do membro acometido;
- diminuição do diâmetro e do comprimento da coxa ipsilateral;
- atitude em rotação externa e flexo-abdução do quadril ipsilateral;
- presença de instabilidade de joelho, em alguns casos até com subluxação
do joelho e patela;
- contraturas articulares de quadril, joelho e tornozelo;
TRATAMENTO E PROGNÓSTICO
A DCF pode ser considerada uma das mais difíceis e complexas patologi-
as que acometem o desenvolvimento do membro inferior, sendo necessário o
planejamento e a abordagem de uma equipe interdisciplinar e especializada.
O grande desafio no tratamento dessa doença está em obter uma equaliza-
ção do comprimento de membros inferiores, o alinhamento do membro e a cor-
reção das deformidades ortopédicas existentes.
O tratamento cirúrgico compreende duas vertentes que consistem da ci-
rurgia ablativa ou de reconstrução do membro afetado. A cirurgia ablativa pode
ser indicada nos casos em que a discrepância de membros na maturidade esque-
lética seja de tal magnitude que impossibilite o alongamento ósseo. A amputação
tipo Syme do pé, no nível do tornozelo, associada ou não com fusão ileofemural
(utiliza o joelho ipsilateral como uma articulação do quadril), pode ser necessá-
ria para obtenção de melhor função do coto com vestimenta de uma prótese.
Outro tipo de cirurgia a ser considerada é aquela que tem por objetivo a
reconstrução do membro afetado que inclui a correção das deformidades e o
alongamento ósseo, através da utilização do método com fixador externo tipo
Hemimelia fibular
QUADRO CLÍNICO
Dentre as principais características clínicas desta malformação que aco-
mete o membro inferior (Fig. 6), podemos encontrar:
- encurtamento de variado grau do membro afetado em relação ao contra-
lateral;
- deformidade anterocurvomedial da tíbia ipsilateral;
- joelho e tornozelo com deformidade em valgo;
- associação de malformação do pé, geralmente com ausência dos raios la-
terais.
CLASSIFICAÇÃO
Achtermann e Kalamchi1 classificaram a hemimelia fibular em dois tipos:
1. Ausência parcial da fíbula. Nesses casos, pode ser subdividida em dois
subtipos, a depender do comprimento da fíbula.
2. Ausência total da fíbula.
Hemimelia tibial
CLASSIFICAÇÃO
Existem várias classificações de hemimelia tibial, porém a mais utilizada
é a descrita por Jones et al.4, que a dividiram em quatro tipos, de acordo com os
achados radiológicos:
1. Ausência da tíbia proximal (1a). Em alguns desses casos, podemos de-
tectar a presença de um molde cartilaginoso da tíbia proximal que se ossificará
QUADRO CLÍNICO
As características mais marcantes da hemimelia tibial (Fig. 7) incluem:
- discrepância entre os membros, com encurtamento do lado afetado;
- deformidade em varo do joelho e da perna;
- acentuada instabilidade do joelho naqueles casos em que não existe a tí-
bia proximal.
TRATAMENTO
O tratamento da hemimelia tibial é bastante controverso entre os especia-
listas. Os objetivos são coincidentes com aqueles propostos para o da hemimelia
fibular, mas são mais complexos e desafiadores.
A opção conservadora consiste no uso de uma prótese não convencional
que preserva o membro, na tentativa de acomodá-lo; porém, não é funcional ou
220 Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico
efetiva, pois as deformidades que envolvem joelho, perna e pé costumam ser
graves. Geralmente, os pacientes acabam não se adaptando a essa órtese-prótese
e optam pela deambulação com descarga do peso em joelhos e com as deformi-
dades das extremidades voltadas para trás dos membros.
Dentre as alternativas relativas a procedimentos cirúrgicos ortopédicos,
temos a amputação versus a reconstrução. Nos casos em que a amputação é ne-
cessária, o resultado pós-cirúrgico permite protetização adequada e bastante
funcional. A discussão dessas indicações é ampla e complexa, por isso constitui
motivo de grandes debates entre os principais centros especializados em ortope-
dia pediátrica do mundo.
Displasias ósseas
Os distúrbios que acometem a formação óssea e o tecido conectivo são
bastante raros e, quando presentes, se tratam de patologias desafiadoras e muitas
vezes de limitado tratamento.
Na literatura médica sempre houve muita confusão quanto à terminologia
empregada, pois os vários autores relatavam casos e síndromes usando epônimos
para muitas dessas condições clínicas, o que dificultava o entendimento de todos
os interessados.
O termo displasia, que foi amplamente referido e difundido pelo termo
“nanismo”, caracteriza-se de forma comumente semelhante, devido à baixa esta-
tura desses indivíduis, mas algumas características são peculiares a patologias
específicas. A palavra disostose é empregada quando as alterações afetam ape-
nas um osso ou parte do segmento do esqueleto.
As osteocondrodisplasias são doenças decorrentes do acometimento pato-
lógico da cartilagem e/ou do crescimento e do desenvolvimento ósseo, podendo
levar a graves deformidades angulares no esqueleto.
As displasias ósseas compõem um espectro de patologias que podem a-
cometer a formação da matriz óssea (por exemplo: osteogênese imperfeita), a
formação do osso endocondral (condroplasia), e da diáfise e/ou epífise do osso
(displasias metaepifisárias), e geralmente se apresentam com grande variedade
de expressão clínica. Trata-se de assunto extremamente extenso, motivo pelo
qual optamos pela descrição dos casos de osteogênese imperfeita, por se tratar de
condição que, apesar da rara aparição, tem expressão considerável em nossa
prática clínica.
CLASSIFICAÇÃO
A classificação mais comumente utilizada foi descrita por Sillence7 em
1978, modificada em 1981, e expandida por outros autores, conforme demons-
trado no quadro apresentado na página seguinte.
QUADRO CLÍNICO
Dentre as principais características clínicas (Fig. 8), destacam-se:
- baixa estatura;
- fácies triangular típico;
- osteoporose generalizada e acentuada;
- frouxidão (hipermobilidade) ligamentar;
- esclera azulada (não presente em todos os tipos);
- dentinogênese imperfeita (não está presente em todos os tipos);
- perda auditiva (principalmente no tipo I e a partir da 2ª/3ª décadas de vida);
- variados graus de deformidades angulares nos ossos longos de membros
superiores e inferiores (tipo ântero, látero e/ou curvo). Podemos ter alterações
extremamente bizarras quanto à angulação nesses ossos;
- deformidades vertebrais na coluna (tipo escoliose);
- tórax tipo tonel;
- presença de ossos wormianos;
- sudorese excessiva.
Considerações finais
Bibliografia consultada
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Incidência e etiologia
No Brasil não existem dados oficiais referentes à incidência de amputa-
ções; porém, estudos norte-americanos mostram que a incidência de amputações
de membros inferiores é de 130.000 por ano.
Dillingham et al.1 referem que amputações de membros inferiores corres-
pondem a 97% de todas as amputações.
Em relação à etiologia, a doença vascular periférica é a principal respon-
sável (82%), seguida pelos traumas (16%) e tumores (0,9%). O risco de amputa-
ções aumenta significativamente em pacientes com mais de 65 anos.
A proporção entre amputações de membros superiores e inferiores corres-
ponde 1:4,9, e a etiologia traumática é a principal responsável, seguida por tu-
mores e doenças vasculares. Dentre as causas traumáticas, estudos epidemioló-
gicos relatam que o acidente de trabalho é a mais frequente, correspondendo a
maior acometimento do membro superior direito.
Em levantamento realizado na AACD de maio a dezembro de 2008, foram
avaliados 111 pacientes. Dessa amostra, 69% eram do sexo masculino, e 31% do
sexo feminino, com média de idade de 49,6 anos. Dessa amostra, 90% dos casos
se referiam a amputações de membros inferiores, 8% a membros superiores, e
2% a amputações de membros inferiores e superiores associadas. As etiologias
mais frequentes para membros inferiores foram vascuopatia (57%), trauma
(27%), infecção (9%) e tumor (4%); para membros superiores, a principal causa
foi a traumática. Também foi possível observar que quanto maior a idade, maior
foi o índice de comorbidades associadas. Dentre as complicações descritas, as
mais observadas foram deformidades no coto, comprometimento de membro
contralateral, sensação fantasma, dor fantasma e neuroma doloroso.
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Bibliografia Consultada
Etiologia
Patologia
Trata-se de uma infecção generalizada com comprometimento maior do
sistema nervoso central, no qual dois processos são reconhecidos como impor-
tantes: primeiro a hemorragia e o edema e, posteriormente, a destruição das célu-
las do corno anterior da medula.
Inicialmente ocorre uma meningite intersticial aguda pela infiltração de
pequenas células mononucleares na vizinhança dos vasos sanguíneos das lepto-
meninges, proporcional à vascularização da área, sendo mais pronunciada no
assoalho do quarto ventrículo, na região cervical e na região lombar, principal-
mente na fissura anterior onde os vasos penetram na medula.
A substância cinzenta do corno anterior da medula, que é altamente
vascularizada, mostra lesões acentuadas, e a substância cinzenta posterior quase
sempre é poupada.
A característica mais notável na poliomielite é a seletividade da paralisia e o
predomínio da paralisia muscular parcial sobre a total. As destruições costumam
ser regionais ou em pontos isolados, de modo que, como norma geral, não há en-
volvimento de todos os neurônios, exceto em casos graves de paralisia total.
236 Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico
As alterações que se observam da medula para cima com relação ao sis-
tema nervoso central (SNC) são principalmente intersticiais, enquanto que o
grupo celular do corno anterior constitui a localização principal da lesão paren-
quimatosa, parecendo haver especial afinidade pelas grandes células do corno
anterior da medula lombar. Em casos fatais, o vírus e as lesões se distribuem por
todo o sistema nervoso.
No início da fase crônica da poliomielite, verifica-se que, após a necrose
das células afetadas e fagocitose dos seus restos, ocorre proliferação da neuro-
glia, substituindo as estruturas nervosas destruídas. Como resultado da destrui-
ção das células do corno anterior da medula, o nervo periférico degenera, e os
músculos supridos entram em atrofia. A extensão da degeneração muscular de-
pende de quanto do nervo foi envolvido. Segue-se atrofia de desuso, e os ossos
também são envolvidos no processo patológico, tornando-se mais delgados e
com grau considerável de rarefação. A medula óssea é reduzida, e pode ocorrer
encurtamento por desuso e envolvimento dos centros nervosos. As cápsulas e
ligamentos articulares se tornam afrouxados e estirados, dando hipermobilidade
articular e ocasionalmente luxação.
Quadro clínico
TIPOS CLÍNICOS
Os tipos clínicos são caracterizados pela predominância de alguns sinais e
sintomas. Em grande número de casos, apresentam-se como uma infecção geral,
com hipertermia, cefaléia, dores musculares difusas, dor de garganta, náuseas e
vômitos, sem quadro de paralisia associado, podendo simular várias doenças, e
ficando difícil pressupor que se trata de poliomielite anterior aguda. Em outros
casos, os sintomas predominantes são de dor, parestesias, anestesias, caracteri-
zando o tipo neurítico, nos quais não se observa o aparecimento de paralisias. No
tipo meningítico, são proeminentes os sinais de irritação meníngea, e tampouco
evolui com o aparecimento de paralisias. Pelo fato de não surgirem paralisias
nesses tipos referidos, foram chamados de abortivos pela maioria dos autores.
Nos tipos clínicos nos quais a paralisia surge de modo mais ou menos
comprometido, temos descrito o tipo espinal, que representa cerca de 75% dos
casos com paralisias de grau variável que se segue aos sintomas gerais, com
índice de mortalidade de 3%.
No tipo bulbar ficam comprometidos o 9º, 10º e 11º nervos cranianos,
com alteração na fonação, deglutição e paralisia respiratória, correspondendo de
10% a 20% dos casos, com mortalidade acima de 75%.
Diagnóstico
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Quadros que constituem diagnóstico diferencial para poliomielite incluem:
1. Infecção aguda sem paralisia, englobando febre tifóide, febre reumática
e doenças respiratórias.
2. Outras doenças do sistema nervoso, englobando encefalite letárgica,
mielite transversa aguda, meningite tuberculosa, meningite piogênica, spina
bífida oculta, paralisia espástica, polirradiculoneurite (Síndrome de Guillan Bar-
ré), polineurite alcoólica, e ataxia aguda.
3. Doenças com pseudoparalisia ou espasmo, como distrofia muscular
pseudo-hipertrófica e escorbuto.
4. Condições com fraqueza muscular devida a lesões outras que não a po-
liomielite, englobando tuberculose osteoarticular, pé torto, luxação congênita do
quadril, artrite aguda, osteomielite, LUES (sífilis), e mialgias.
Tratamento
Fisioterapia
Para manutenção das boas condições das fibras musculares não afetadas,
as aplicações de raios ultravioletas (efeito estimulante) e a diatermia de ondas
Aparelhos ortopédicos
No tratamento das sequelas da poliomielite, as principais indicações para
aparelhos ortopédicos (Fig. 1) são:
- Evitar deformidades;
- Suprir uma função deficiente ou perdida;
- Estabilizar o tronco e membros, possibilitando a locomoção.
No membro inferior, podem estabilizar:
1. Tornozelo e pé;
2. Joelho, tornozelo e pé;
3. Pelve, joelho, tornozelo e pé;
4. Tronco, pelve, joelho, tornozelo e pé;
Para prevenir deformidades, empregavam-se vários tipos de goteiras no-
turnas e aparelhos com hastes metálicas articuladas para serem usadas durante o
dia. As palmilhas e botas ortopédicas também se enquadram neste grupo.
A função mais importante e mais complexa dos aparelhos ortopédicos é
permitir a marcha, devendo-se, antes da prescrição, fazer uma análise minuciosa
das alterações estáticas e dinâmicas produzidas pelas paralisias.
Considerações finais
Bibliografia consultada
Campbell´s Operative Orthopedics. Saint Louis: C.V. Mosby Company; 1949. [Cap.
XXII. Anterior poliomyelitis].
Godoy FEM. Princípios fundamentais do tratamento da paralisia infantil (membro infe-
rior). Revista dos Tribunaes; 1939.
Mercer W. Orthopaedic surgery. 4. ed. London: Edward Arnold; 1950.
Steindler A. Post-gratuated lectures on orthopedic diagnosis and indications. In: Thomas
CC. Paralysis: Poliomyelitis. Illinois; 1954.
Silver JK, Gawne AC. Postpolio syndrome. Philadelphia: Hanley and Delfus; 2004.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Marilena do Nascimento
Imagem 1. Imagem 2.
O brincar
O brincar é um fenômeno mundial. Ele existe em todas as raças, culturas,
povos, sem distinção econômica, social e cultural. Traz alegria para qualquer
parte de nosso universo, quando crianças, em uma proporção “gigantesca”, pois
vivemos para brincar e brincamos para viver. Já quando adultos, permanecemos
aptos e com habilidades para este brincar que, todavia, sofre interferências de
um mundo rápido, controlador, exigente e, por vezes, até “sem graça”.
Imagem 3. Imagem 4.
Conceito do brincar
Vários autores buscam definir o brincar, mas nota-se que sempre trazem à
tona a questão do prazer, do estar bem, do querer estar feliz, não importando se é
Imagem 5. Imagem 6.
Imagem 7. Imagem 8.
Imagem 13.
Imagem 14.
Imagem 15.
Atividade de brincar
Ao se usar o brincar como atividade de brincar, como ocorre nos casos das
terapias, alguns pré-requisitos precisam ser considerados:
- a terapia deve ser prazerosa buscando motivação, alegria, divertimento;
Consideraçoes finais
Referências
1. Carneiro MAB, Janine JD. A descoberta do brincar. São Paulo: Melhoramentos / Boa
Companhia; 2007.
2. Cunha N. Brinquedos, desafios e descobertas. Petrópolis: Vozes; 2005.
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Editores; 2006
5. Klaus M, Klaus P. O surpreendente recém-nascido. [Tradução de Maria Cristina Gou-
lart Monteiro]. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989.
6. Moyles JR. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Art-
med; 2002.
7. Zatz S, Halaban S. Brinca comigo! Tudo sobre brincar e os brinquedos. São Paulo:
Marco Zero; 2006.
Especificações:
Altura do espelho: 1,70 m
Largura do espelho: 70 cm
Altura do lateral: 40 cm
Largura da lateral: 50 cm
Rodízios: de chapa de 3”
Especificações:
Largura: 54 cm
Comprimento: 39 cm
Altura: de 19 a 28 cm, com intervalo de 1,5 cm (as medidas po-
dem variar, de acordo com as necessidades do paciente)
Observações: Coloca-se uma borda na parte inferior da prancha para
apoiar a folha. A prancha deve ser forrada com fórmica.
O uso dessa prancha auxilia na percepção visual, uma vez que permite a
aproximação das imagens a serem vistas, como no caso de partituras etc.
Especificações:
Largura: 60 cm
Comprimento: 56 cm
Altura da mesa: 50 cm
Recorte da mesa: 16 cm
Observações: A mesa deve ser forrada com fórmica.
POLTRONINHA
Especificações:
Comprimento: 32 cm
Profundidade: 26 cm
Altura: 44 cm
Tela para prender a pele: 36 x 26 cm
Especificações:
Banco Comprimento Largura Altura
1 56 cm 24 cm 58 cm
2 51 cm 24 cm 51 cm
3 46 cm 24 cm 44 cm
4 42 cm 24 cm 36 cm
5 38 cm 24 cm 29 cm
6 33 cm 24 cm 22 cm
7 30 cm 24 cm 15 cm
8 26 cm 24 cm 8 cm
Considerações finais
A Musicoterapia na reabilitação é a utilização da experiência
musical e das relações que se desenvolvem através delas, como meio
para ajudar pessoas que foram debilitadas por doenças, lesões ou trau-
mas a readquirirem os níveis anteriores de funcionamento ou adapta-
ções na extensão do possível.1
Referências
1. Fernandes AC, Ramos ACR, Casalis MEP, Hebert SK. Medicina e reabilitação: Prin-
cípios e prática. São Paulo: Artes Médicas; 2007.
2. Lima CLA, Fonseca LF. Paralisia cerebral: Neurologia, ortopedia, reabilitação. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2004.
3. Teixeira E, et al. Terapia ocupacional na reabilitação física. São Paulo: Roca; 2003.
Marilena do Nascimento
Avaliação inicial
O procedimento de avaliação inicial tem por objetivo levantar os dados
pessoais do paciente (adulto ou criança) e informações sobre suas condições
Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico 281
psico-afetivo-motoras e suas funções de musicalidade, para identificar objetivos
musicoterapêuticos na visão da reabilitação física / cognitiva aplicada no setor
de Musicoterapia.
DEFINIÇÕES
- Anamnese: histórico biográfico e clínico do paciente.
- Ficha musicoterapêutica: histórico sonoro-musical do paciente.
- Testificação sonoro-musical: é uma etapa específica e complementar da
ficha musicoterapêutica, na qual se observa a reação aos sons, ao ritmo, aos dife-
rentes instrumentos, ou seja, o que os estímulos sonoros provocam no paciente.
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
A avaliação é individual. São atendidas crianças de 8 meses a 16 anos e
11 meses, e adultos a partir de 17 anos. A avaliação infantil ou de adultos é rea-
lizada em sessão com uma hora e 20 minutos de duração.
Na avaliação é realizada a coleta de dados no prontuário do paciente e en-
trevista com o responsável / cuidador. O musicoterapeuta preenche o formulário
de Anamnese de Musicoterapia e a Ficha Musicoterapêutica. A partir dos dados
colhidos, elabora-se o relatório de avaliação inicial.
No caso do enquadramento do paciente no setor, o musicoterapeuta deve
transmitir ao responsável / cuidador / paciente os objetivos terapêuticos defini-
dos. O paciente poderá ser enquadrado em um dos seguintes procedimentos:
Atendimento individual;
Orientação;
Grupo musicoterapêutico infantil;
Grupo Fonoaudiologia e Musicoterapia (infantil / adulto);
Grupo Psicologia e Musicoterapia.
Atendimento individual
O atendimento individual tem por objetivo estimular e desenvolver as ha-
bilidades perceptivas e cognitivas através das funções musicais que venham a
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
O atendimento é realizado por um musicoterapeuta a um paciente infantil
ou adulto que tenha realizado a avaliação inicial do setor.
O atendimento acontece uma vez por semana, com duração de 40 minu-
tos. O período de tratamento varia de três a 10 meses, conforme a demanda do
paciente.
O paciente receberá alta do setor quando os objetivos iniciais tenham sido
alcançados; casos de pacientes sem evolução deverão ser revistos em supervisão
interna do setor ou em supervisão geral ou reunião mensal, para os pacientes
adultos.
De preferência a cada três meses, o atendimento deverá ser realizado com
a participação do paciente / responsável / cuidador, para os esclarecimentos da
evolução do tratamento.
Os atendimentos deverão ser registrados em relatório terapêutico.
O musicoterapeuta deverá elaborar o relatório de evolução trimestral, e o
relatório de alta ou desligamento.
Na Testificação Sonoro-Musical, o musicoterapeuta observará constante-
mente as reações do paciente frente aos estímulos sonoros percussivos rítmicos
melódicos musicais, em diferentes instrumentos, e avaliará o que esses estímulos
podem provocar durante a terapia.
Orientação
O procedimento de orientação tem por objetivo orientar o paciente / fami-
liar / cuidador para as possibilidades de inclusão social do paciente (crianças ou
adultos) através da musicalização e do aprendizado musical, quando for de inte-
resse do paciente e da família.
A orientação é realizada por um musicoterapeuta para o paciente infantil
ou adulto, que tenha passado por avaliação inicial do setor.
O atendimento é realizado uma vez por semana, com duração de 40 minu-
tos. O período total de orientação pode variar de um a 12 atendimentos. Os aten-
dimentos são registrados no relatório terapêutico e, no momento da alta ou desli-
gamento, é elaborado o relatório final.
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
1. INFANTIL
Os atendimentos são realizados por um musicoterapeuta e um fonoaudió-
logo, no Setor de Musicoterapia.
O atendimento em conjunto pode ser oferecido a um até três pacientes que
possuam nível mental / cronológico semelhante, independentemente do diagnós-
tico clínico. Tem duração de até 10 meses, e é realizado em uma sessão semanal
de 40 minutos. Em qualquer momento, após atingir os objetivos propostos, o
286 Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico
paciente poderá receber a alta.
O musicoterapeuta deverá preencher a avaliação inicial, e o fonoaudiólogo
deverá realizar a avaliação de linguagem na criança.
Os terapeutas responsáveis deverão elaborar, em conjunto, o relatório de
evolução trimestral e o relatório de alta ou desligamento.
A cada três meses deverá ser realizado o relatório de evolução em conjun-
to. Os casos que excederem 10 meses de atendimento deverão ser discutidos em
supervisão interna do setor ou supervisão geral, a fim de reavaliar os objetivos
com a proposta de alta ou desligamento.
O atendimento realizado deverá ser registrado em relatório terapêutico. A
cada três meses, o atendimento deverá ser realizado com a participação do paci-
ente e do responsável / cuidador, para esclarecimentos sobre a evolução do tra-
tamento.
2. ADULTO
Os atendimentos são realizados por um musicoterapeuta e um fonoaudió-
logo, no Setor de Musicoterapia.
Como requisito para o enquadramento no procedimento, é necessário que
o paciente tenha realizado a avaliação inicial e submetido à aplicação da ficha
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
A terapia é realizada por um psicólogo e um musicoterapeuta, no Setor de
Musicoterapia.
O enquadramento no procedimento será realizado a partir da avaliação
inicial do Setor de Musicoterapia e do levantamento da ficha musicoterapêutica.
É realizada avaliação psicológica das crianças.
O grupo é composto de quatro a oito pacientes (grupos semiabertos) que
possuam nível mental / cronológico semelhante, independentemente da patologia.
A idade dos participantes pode variar de 10 a 14 anos.
Na Testificação sonoro-musical, o musicoterapeuta exerce observação
constante das reações do paciente frente aos estímulos sonoros percussivos rít-
micos melódicos musicais, em diferentes instrumentos, e avalia o que esses es-
tímulos podem provocar durante a terapia.
Os atendimentos são realizados uma vez por semana, em sessão de uma
hora de duração. O tempo total de atendimento em grupo pode durar até 10 me-
ses. Após esse período, será necessário revisar o caso em reunião de discussão
de caso ou supervisão interna do setor ou supervisão geral, para alteração de
conduta ou fechamento do caso.
O musicoterapeuta deve elaborar o relatório terapêutico semanal do aten-
dimento realizado.
A cada 12 sessões, o grupo conta com a participação do responsável / cui-
dador para avaliação da evolução do tratamento.
Trimestralmente, o relatório é elaborado em conjunto pelos terapeutas. Na
alta ou desligamento, o relatório dever ser elaborado também em conjunto pelos
terapeutas.
DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
Para o enquadramento no grupo, o paciente deve ter realizado avaliação
inicial no Setor de Musicoterapia e uma avaliação no Setor de Fonoaudiologia.
A terapia é realizada por um musicoterapeuta e um fonoaudiólogo. O gru-
po poderá ser composto de três a cinco pacientes.
As atividades envolvidas no atendimento incluem:
Exercício de aquecimento vocal, respiração, fonação, ressonância, en-
toação e articulação de fala. Treino das habilidades de ritmo, velocidade de fala
e intensidade vocal (quando se aplicar).
Estimulação da compreensão e da expressão da linguagem oral, gráfi-
ca, através de conteúdos linguísticos e musicais melódicos.
Estimulação das habilidades cognitivas (atenção, memória, planeja-
mento).
Encaminhamento para avaliação específica, quando necessário.
Os terapeutas devem elaborar relatório bimestral em conjunto para discus-
são de caso em reunião de equipe e elaborar o relatório de alta ou desligamento.
Gabriela Wagner
Esquema I Silencio
Tambor de Agua
Temperatura
Color Transtemporalidad
Ti
e
Consciente Rituales
Yo- m
Pie po Iso Familiar
(ANZ Transespacialidad de Iso Ambien-
IEU) la- tal
Vacío
Preconsciente (Microfenómenos te
Totémicos) nc
ia
Caos
Iso Cultural
Iso en Inte-
racción
Me-
Iso Gestáltico mo-
Iso Universal ria
Comunicación
no-
Inconsciente
Inconsciente ver-
bal
Musicoterapeuta Paciente
Regiones cerebrales que participan en el reconocimiento de melodías familiares Regiones cerebrales que participan en el reconocimiento de melodías familiares.
con alteraciones.
Esquema II
ATIVIDADES
Improvisar em Tocar a Tocar um solo Dirigir uma Compor uma Relaxar Expressar de
um grupo de guitarra em de metalófono orquestra canção escutando forma verbal
percussão uma sessão de na sessão de sinfônica música um comentário
MT MT proposta por acerca de um
um MT evento musical
INTERLIGAÇÕES POSSÍVEIS
CAPACIDADES
SABRINA
Considerações finais
Recordemos que, neste capítulo, nos propusemos a abordar o trabalho mu-
sicoterapêutico a partir da compreensão integrativa da expressão sonoro-
musical com objetivos terapêuticos no campo da reabilitação neurológica da
pessoa com comprometimento neurológico em geral, e da criança e do adoles-
cente em particular.
A prática clínica e a construção da teoria e da investigação configuram
um sistema de retroalimentação que permite o desenvolvimento e o crescimento
da Musicoterapia em beneficio dos nossos pacientes.
Um processo musicoterapêutico tem uma sequência de procedimentos
formados por:
• entrevistas iniciais;
• reconhecimento das potencialidades e limitações do paciente (assess-
ment) na interação corpóreo-sonoro-musical, instrumental, vocal;
• valorização da informação colhida,valorização da informação recebida;
Referências
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14. Murray S. El nuevo paisaje sonoro. Buenos Aires: Ricordi; 1968.
15. Sacks O. El hombre que confundió su mujer con un sombrero. Barcelona: Muchnik
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16. Wagner G. Actas del 1er. Simposio Argentino de Musicoterapia. Buenos Aires:
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17. Wagner G. A avaliação neuro-sonoromusical e o tratamento musicoterapêutico de
afásicos. In: Benenzon RO. Teoria de musicoterapia. São Paulo: Summus; 1986. [Cap.
V].
Entrevista
Musicoterapêutica
(Wagner)
I. Histoória sonoro-musical
II. Relação con a música
• Ao expressar-se
• Ao escutar
• Ao interagir
• Hábitos
• Desejos
• Gostos
• Rechaços
D. Reconhecimento de obras de
preferência mencionadas
anteriormente na entrevista
B. Avaliação do canto
pessoal.
E. Discriminação de sons e reídos gravados.
1. Correspondência som-palabra
C. Autorreconocimiento da voz 2. Correspondência som-imagen
3. Correspondência som- gesto
Primeiro Nível
Musicoterapeuta Paciente
Musicoterapeuta Equipe Interdisciplinar de Saúde
Segundo Nível
Todos têm uma relação importante com a música, desde tenra idade. Ela
faz parte da vida nas diversas fases evolutivas e em diferentes circunstâncias,
marcando épocas, momentos e pessoas, o que permite a construção da nossa
história sonoro-musical.
Muitas vezes nos recordamos de fatos ao ouvirmos determinadas músicas,
quer sejam agradáveis ou não, e, alguns deles, carregados de emoção, fatos que
jamais seriam lembrados sem o auxílio delas, no caso de pessoas com distúrbios
de memória, devido a doenças neurológicas e/ou psiquiátricas.
Izquierdo12 refere que “somos aquilo que recordamos, literalmente”. Atra-
vés da memória remontamos nossa história de vida e construímos o nosso saber.
Nosso passado nos permite delinear uma trajetória percorrida e criar as bases
para a construção do futuro, fundamentadas nas experiências vividas e na apren-
dizagem. A memória caracteriza a nossa identidade, isto é, a nossa conduta, os
nossos relacionamentos, nossos gostos, nossos pensamentos. As nossas vivên-
cias são muito particulares, pois conferem a essência do nosso ser, que é singu-
lar. Quando se perde a memória, perde-se a própria identidade.
Médicos e psicólogos se preocupam com a história de seus pacientes, a-
Referências
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memory of music are subserved by distinct neural network. Neuroimage 2003; 20:244-
56.
Maristela Smith
“Musicodiagnóstico”
- Correspondência - Modelo
- Protótipo - Expressão
- Metáfora - Transferência
- Representação - Empatia
- Congruência - Simbolização
- Contato - Estruturação
- Concordância - Criatividade
- Reflexão
Considerações finais
É necessário que a avaliação diagnóstica, ou “musicodiagnóstico”, em
Musicoterapia, seja vista como uma área complexa. As asserções que fazemos
sobre a expressão sonoro-musical do cliente (área profilática) ou do paciente
(portador de necessidades especiais) nos fornecem “mapas sonoros” que delimi-
tam nosso território. Para alguns indivíduos os “mapas” são mais claros; para
outros, não tão claros. São as diferenças individuais que, vistas com “olhos mu-
sicais”, são capazes de serem explicitadas ou avaliadas acuradamente, quanto
aos elementos sonoros que compõem a “orquestra” de cada um.
Para terminar, citarei uma frase de Smeijster, que define a minha posição
neste trabalho:
Heloiza Z. Goodrich
Maria Cristina de Oliveira
A música é uma fonte enorme de prazer para a maioria das pessoas. Tem
efeito quase mágico sobre pessoas que têm algum tipo de distúrbio, tal como o
autismo.
A música há muito é conhecida por seu valor terapêutico6,14. Nos últimos
anos a música tem sido mais e mais usada como um recurso terapêutico. Pode,
na verdade, servir como uma porta de entrada para uma comunicação mais efeti-
va com as pessoas com esse diagnóstico. Apesar disso, existem pessoas que não
conseguem apreciar a música em todas as suas formas. Por quê?
A música chega até nós pelos sentidos; obviamente a audição é o sentido
que desempenha papel mais importante nessa recepção. Os demais sentidos par-
ticipam de forma secundária na apreciação da música.
Para que possamos apreciar a música, nossos sentidos precisam ter a habi-
lidade de isolar o som de sons de fundo, lidar com uma gama muito ampla de
sons, que vão desde os mais graves até os mais agudos. Precisamos ser capazes
de perceber sons em conjunto ou isoladamente, conforme o tipo de música. Ne-
cessitamos da habilidade de discriminar sons, de localizar de onde vêm etc. Es-
Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico 363
sas habilidades são inerentes ao desenvolvimento, e presumimos que todos as
possuam, ainda que com graus diferentes de percepção.
Entretanto, essa habilidade nem sempre se desenvolve como o esperado e
a música pode ser percebida pela pessoa de uma forma um pouco diferente. Para
que se possa entender como e por que isso acontece, precisamos nos remeter um
pouco ao desenvolvimento sensorial.
No início da vida, toda a nossa aprendizagem se faz através dos sentidos.
Jean Ayres2 descreveu esse fenômeno, que chamou de integração sensorial, co-
mo a “organização dos sentidos para o uso”. Os sentidos nos dão informações
sobre nosso corpo e sobre o ambiente. Quando mencionamos sentidos aqui, es-
tamos falando dos cinco sentidos tradicionalmente conhecidos: tato, audição,
visão, olfação e gustação; e também de outros dois, menos familiares, mas não
menos importantes: o sistema vestibular e a propriocepção.
O sistema vestibular se encontra no ouvido interno e nos traz informações
sobre movimento, deslocamentos no espaço. Determina o nosso tono muscular,
modula o sono e nos orienta no espaço de uma forma geral. É oportuno salientar
que os sistemas vestibular e auditivo compartilham semelhanças e estruturas
neuroanatômicas. O VIII par craniano, nervo vestibulococlear, conduz informa-
ções auditivas e dos movimentos. A porção vestibular orienta o corpo no espaço,
enquanto a porção auditiva localiza os sons e auxilia na movimentação pelo
espaço. Outro aspecto detectado pelos dois sistemas diz respeito ao tempo. A
porção vestibular percebe e coordena os aspectos temporais do movimento, en-
quanto a porção auditiva percebe os aspectos temporais do som2. As sensações
auditivas e vestibulares estão intimamente vinculadas em favor de uma percep-
ção aguçada do ambiente. Na ausência de orientação precisa do corpo no espaço,
não somos capazes de perceber adequadamente os sons circundantes7.
A propriocepção é o sentido que nos traz informações sobre nosso próprio
corpo: a que distância estamos de um objeto, quanta força precisamos para segurá-
lo, que consistência ele tem. Essa informação é dada por receptores que se encon-
tram nas articulações, nos tendões, e nos permite saber, sem o auxílio da visão, se
estamos tocando alguma coisa, que forma tem, se a força está adequada.
A aprendizagem pelos sentidos começa mesmo antes do nascimento, en-
quanto, no útero, o cérebro fetal já percebe os movimentos do corpo da mãe2.
Algumas teorias postulam que a percepção de sons também começa a se desen-
volver durante esse período7. A partir dessa sensação e de todas as outras que
são oferecidas após o nascimento, a criança começa a desenvolver a noção do
mundo. Assim, aprende a antecipar a sensação agradável de se sentir saciada
Distúrbios de modulação
visão
Tato audição
pessoas que têm limiar muito baixo para sensação e que se incomodam com
tipos de estímulo sensorial que outras pessoas normalmente não interpretam
como desagradáveis. Por exemplo, algumas crianças não suportam ruídos como
o do liquidificador ou o do aspirador de pó, ou têm dificuldade para completar
tarefas quando o rádio está ligado, ou não conseguem trabalhar com barulho de
fundo como, por exemplo, ventilador ou geladeira; outras ficam muito incomo-
dadas com roupas novas ou que tenham rendas a babados, devido à textura dos
tecidos; outras ainda rejeitam abraços e beijos, a forma pela qual são tocadas e a
textura ou o cheiro da comida. No outro extremo desse transtorno, temos as pes-
soas que têm tolerância muito alta para as sensações, procurando movimentos
radicais, comida com sabor forte, toque forte, ou que têm alta tolerância para a
sensação de dor.
Os transtornos da modulação podem estar relacionados com as diversas
modalidades sensoriais, e alguns quadros frequentes são definidos como: defen-
sividade tátil ou reação aversiva ao contato físico com pessoas e objetos, e a
insegurança gravitacional, ou medo de movimento desproporcional ao perigo
que oferecem. É comum que a defensividade tátil apareça associada a outros
boca (ex.: não come alimentos que têm diferentes texturas, como iogur-
te com pedaços de frutas, cospe pedacinhos de tomate da sopa, não
deixa escovar os dentes).
⋅ Hipo: Brinca com qualquer tipo de textura; passa a mão sobre a
parede ou objetos, parecendo tentar perceber a textura.
Vestibular ⋅ Hiper: Reação excessiva de medo nos deslocamentos, tal como sobre
a bola de terapia ou quando se muda sua postura.
⋅ Hipo: Pode ser mudada para qualquer postura sem demonstrar perce-
ber. Não parece perceber que está sendo movimentada no espaço, não
antecipa quando vai cair, ou tem confiança exagerada no cuidador.
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O processo musicoterapêutico
Segundo Albinati1, “o musicoterapeuta é antes de tudo um pesquisador em
repertório musical. Ao dedicar-se ao uso da música em terapia, dificilmente ou-
virá uma música sem pensar nela como possível objeto terapêutico. Sua escuta
estará sempre atenta a aspectos como: materiais, forma, contexto histórico e
prováveis associações extramusicais”.
Sua visão do recurso musical na terapia é abrangente e engloba a utiliza-
ção tanto do som, do silêncio, do ritmo, do movimento, do timbre, da melodia, e
de outros elementos constituintes do fazer musical, quanto da própria música
para alcançar propósitos terapêuticos.
O primeiro passo do atendimento musicoterapêutico é o processo de ava-
liação diagnóstica que, resguardadas as especificidades do contexto de consultó-
Considerações finais
Viviane Fowler
Ritmos biológicos
Sabe-se que os fenômenos rítmicos e temporais têm função relevante na
autorregulação do comportamento humano, bem como em suas inter-relações
com os ritmos ambientais. A palavra ritmo, de origem grega, significa aquilo que
flui, movimento ordenado no tempo. Todos os seres vivos, dos mais simples até
os mais complexos, apresentam ritmos nos diferentes níveis de organização das
suas funções biológicas – nas células, nos tecidos, nos órgãos, nos sistemas e no
organismo como um todo. Alterações no equilíbrio rítmico dessas redes expli-
cam fenômenos patológicos. Em pacientes deprimidos, por exemplo, demonstra-
se uma instabilidade entre três sistemas rítmicos: o noradrenérgico, o ciclo
REM-NREM e o sistema de termorregulação (Siever et al. apud Marques e
Menna Barreto11).
Além das variações rítmicas que ocorrem endogenamente como, por e-
xemplo, o ritmo do sono, de alimentação, de atenção, de atividade digestiva,
renal e intestinal, entre muitos outros, os indivíduos mantêm interações constan-
tes com o meio buscando se adaptar às oscilações rítmicas que ocorrem ciclica-
mente, como o ciclo claro/escuro (dia e noite), o ciclo das estações do ano, o
ciclo das fases da lua, os ciclos de temperatura, os ciclos de disponibilidade de
alimento, os ciclos de interações sociais etc. As oscilações rítmicas que ocorrem
no ambiente atuam como agentes arrastadores ou Zeitgebers dos ritmos biológi-
cos internos promovendo sincronizações. [Zeitgeber é neologismo alemão cunha-
do por Jurgen Aschoff em 1960, que significa “doador de tempo”]. Como exemplo
pode-se citar o Zeitgeber mais estudado pela cronobiologia: o ciclo claro/escuro. A
presença ou não de luz durante o ciclo dia/noite acarreta alterações significativas
nos ritmos biológicos endógenos modificando, nos humanos, o ritmo das ondas
cerebrais, da temperatura corporal, das funções metabólicas, preparando o orga-
nismo para a transição do estado de vigília para o sono e vice-versa.
O som, por sua vez, é um fenômeno físico que não incide de forma cíclica
no ambiente, repetindo-se com regularidade periódica e impactante como os
Arrastamento e Musicoterapia
Com relação às investigações científicas desenvolvidas na área de Musi-
coterapia envolvendo os mecanismos de arrastamento (entrainment), foram en-
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Viviane Louro
Adaptação técnico-musical
*
As Cenas Infantis é uma suíte do período romântico composta por 13 pequenas peças.
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Brahms Johannes. Klavierstucken. Köln: G. Henle Verlag; 1976.
Schumann Robert. Kinderszenen op 15. Munchen: G. Henle Verlag; 1977.
*
Agradecimentos ao Núcleo de Trabalho, Aprendizado e Entretenimento do Laboratório de Sistemas Integrá-
veis (NATE-LSI) da Escola Politécnica da USP pelo suporte na concepção e implementação deste trabalho, e à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro.
Musicoterapia e a reabilitação do paciente neurológico 411
conhecimentos e experiências que vão ao encontro dos interesses e necessidades
de cada paciente, proporcionando novas possibilidades e finalidades na interven-
ção30. Os computadores oferecem inúmeros benefícios aos indivíduos desabilita-
dos, como, por exemplo, facilidade de comunicação, crescimento pessoal, auto-
nomia, interação social e inclusão cultural. Com a utilização dos computadores,
é possível criar aplicações para uso terapêutico adaptado ao paciente. O trata-
mento individualizado pode ser executado várias vezes sem colocar em risco a
segurança do paciente. Diversas variáveis podem ser modificadas visando au-
mentar ou diminuir a complexidade das tarefas29. Além disso, o terapeuta pode
monitorar o progresso do tratamento, quantificar as avaliações e adaptar seu
plano de tratamento.
A evolução tecnológica vem favorecendo para que sistemas computacio-
nais respondam a toques, gestos e voz. O ambiente externo ao computador pode
ser capturado pelo hardware por meio de softwares específicos auxiliados por
dispositivos como câmeras e sensores. A realidade virtual e aumentada são e-
xemplos de tecnologias que possibilitam criar ambientes virtuais diferenciados
para usuários incapacitados de utilizar periféricos convencionais como teclado e
mouse12. Por meio da realidade aumentada, por exemplo, é possível adicionar
elementos virtuais ao mundo real que podem ser manipulados de forma natural,
com as mãos, sem uso de dispositivos eletrônicos. Esta característica da realida-
de aumentada pode proporcionar o acesso de indivíduos com deficiência aos
ambientes virtuais facilitando os procedimentos educacionais e terapêuticos com
uso dos computadores.
Na literatura, são encontrados trabalhos que fazem uso dos ambientes de
realidade virtual e aumentada no processo terapêutico8,20. No entanto, nenhum
trabalho relacionando tais tecnologias em Musicoterapia foi apresentado até a
data da publicação deste livro. Por este motivo, para que um experimento sobre
o uso de um ambiente de realidade aumentada musical (desenvolvido para fins
musicoterapêuticos) possa ser apresentado, faz-se necessário discutir as princi-
pais diferenças entre ambientes virtuais e ambientes misturados. Em seguida é
apresentada uma discussão em torno das possibilidades de uso dos ambientes de
realidade virtual e aumentada nas diversas modalidades terapêuticas, ilustradas
por meio de exemplos e experiências práticas e apontando novas tendências
nesta área.
Na sequência, é apresentado um estudo de caso com o ambiente de reali-
dade aumentada musical GenVirtual. Este ambiente possibilita adicionar ao
mundo real elementos virtuais capazes de simular sons de diversos instrumentos
Figura 5. O paciente utiliza a mão direita (mais negligenciada) para criar sons.
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