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Rota da Cerveja em Santa Catarina

História  Guia das cervejarias artesanais  Tipos produzidos  Combinações com pratos típicos

Um novo circuito cultural e de lazer instalou-se definitivamente em Santa


Catarina. A rota da cerveja mescla a tradição dos imigrantes europeus

Rota da Cerveja em Santa Catarina


à complexidade gastronômica e à diversão, proporcionando uma
experiência única ao turista. A cerveja aqui é tratada como um produto
cultural, que tem atrás de si uma bonita história. Ela é também um artigo
contemporâneo, sofisticado, de grande diversidade, que oferece infinitas
possibilidades de combinações com a gastronomia típica do estado. A
boa cerveja é um produto que qualifica ainda mais o estado de Santa
Catarina, há anos considerado o melhor destino turístico do Brasil.

SECRETARIA DE ESTADO DE
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR
Rota da Cerveja em Santa Catarina
História  Guia das cervejarias artesanais  Tipos produzidos  Combinações com pratos típicos

SECRETARIA DE ESTADO DE
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
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Rota da Cerveja em Santa Catarina

I – Bem-vindo à terra da cerveja: uma nova rota em Santa Catarina.........6


O começo de tudo: colonos europeus iniciaram tradição....................................... 10
O renascimento: estado é expoente de nova geração de cervejarias..................... 16

II – Alquimistas do Século XXI: os segredos dos mestres cervejeiros.....20


O poder dos ingredientes: a lei da pureza os limita a quatro................................ 22
Acertando a mistura: o passo a passo da produção............................................... 25
Os tipos catarinenses: a diversidade da cerveja no estado.................................... 27

4
Sumário

III – Os roteiros: por dentro das cervejarias catarinenses.......................36


Vale do Itajaí............................................................................................................ 40
Norte........................................................................................................................ 56
Florianópolis e Sul.................................................................................................. 62
Meio-Oeste............................................................................................................... 65
Chopes de outubro................................................................................................. 68

IV – Harmonização: a arte de combinar cervejas com pratos típicos.....70

5
A cidade de Blumenau
(acima), praia de
Florianópolis e a estrada da
Serra do Rio do Rastro, que
dá acesso ao Planalto Serrano:
cerveja artesanal é novo item
da diversidade catarinense

6
Bem-vindo à
Diversidade
e qualidade
são marcas
registradas de
Santa Catarina,
e a cerveja
artesanal é o mais
novo ingrediente
da fórmula que
diferencia o estado

terra da cerveja 7
anta Catarina é um es-
tado caracterizado pela
diversidade. O litoral de mais
de 500 quilômetros exibe
algumas das praias mais
bonitas do Brasil, disputa-
díssimas no verão, enquan-
to na Serra, mil metros acima do
nível do mar, costuma nevar no inverno.
A diversidade cultural é notável: várias re-
giões foram colonizadas por diferentes et-
nias, com destaque para italianos, alemães
e açorianos, mas incluindo também austrí-
acos, belgas, poloneses, russos... Eles se
juntaram aos portugueses e espanhóis dos
tempos do Brasil Colônia e aos negros e
Bar da Cervejaria
índios escravizados e espoliados, mas hoje muita novidade no estado. vantes ou cereais não mal-
Eisenbahn, de Blumenau:
integrados como peças fundamentais ao Prova disso é que nos tados na mistura. Esse fato
cerveja elevada a
mosaico cultural que notabiliza o estado. últimos anos desenvolveu- dá algumas pistas sobre a
produto sofisticado
Nos últimos anos Santa Catarina cresceu -se uma atração capaz de cerveja que se produz em
muito, com destaque para os municípios agradar, e muito, o turista Santa Catarina. A primeira
da Grande Florianópolis, recebendo gente que visita Santa Catarina – e também seus delas é a qualidade. Aliás, como em tudo
de toda parte. Apesar do avanço da urba- moradores, porque ninguém é ferro. Trata- o que é produzido no estado, a qualidade
nização, Santa Catarina é um dos estados -se da cerveja, produzida em dezenas de é uma marca registrada. Basta olhar para
brasileiros com maior população rural: pequenas fábricas espalhadas pelo esta- a indústria, um dos pilares da economia
cerca de 17% de seus seis milhões de ha- do. Quase todas as cervejarias artesanais catarinense, que exporta para quase todos
bitantes vivem no campo, em pequenas seguem a Reinheitsgebot, a Lei de Pureza os países do mundo produtos alimentícios,
propriedades familiares. Tamanha varieda- editada há quase 500 anos na Bavária e em cerâmicos, eletromecânicos, têxteis, de ma-
de geográfica, climática, étnica e cultural vigor até hoje na Alemanha, determinando deira e muitos outros. Nossa cerveja não
se concentra em apenas 95 mil quilôme- que a cerveja só pode ter quatro ingredien- foge à regra: é muito boa, pode ter certeza!
tros quadrados, o que é pouco mais que tes: água, lúpulo, malte (de cevada ou de A lei alemã seguida à risca no esta-
1% do território nacional. Mas ainda cabe trigo) e fermento. Ou seja, nada de conser- do também dá pistas sobre qual região é

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a mais cervejeira. Não poderia mesmo ser dade, pode ser harmonizada com pratos Até na região Oeste abundam marcas de
outra senão o Vale Germânico, como tam- típicos da culinária europeia. qualidade – sejam em municípios de co-
bém é conhecido o Vale do Itajaí. Ali os Mas engana-se quem pensa que cer- lonização austríaca, como Treze Tílias, ou
traços da colonização alemã são notáveis, veja é assunto só dos descendentes de de cultura italiana, como Chapecó e Con-
seja na arquitetura, nos jardins, na gastro- alemães. A primeira cervejaria do estado, córdia. Em todos esses cantos as possibi-
nomia, nos olhos claros e cabelos loiros aliás, é de Joinville, no Norte catarinense, lidades de combinar boas cervejas com a
de boa parte da população. E na cerve- e foi fundada por suíços em 1852. Hoje o variada gastronomia são infinitas. Por is-
ja, que começou a ser produzida ainda Norte é um roteiro essencial do novo ci- so, conhecer as belezas de Santa Catarina
no século XIX. Blumenau, a maior cida- clo cervejeiro, com destaque para as cida- tendo como eixo o Roteiro das Cervejas
de do Vale, realiza desde os anos 1980 a des de Joinville, Jaraguá do Sul e Canoi- é uma experiência inigualável e inesque-
segunda maior festa alemã do mundo, a nhas. O litoral também conta com boas cível e este livro deve ser lido como um
Oktoberfest, que só perde para a versão cervejarias, assim como o Sul do estado. convite. Ein prosit!
original da celebração da cerveja realiza-
da em Munique. Portanto, nunca faltou
de sol, m a r, neve...
tradição cervejeira no Vale. O que faltava
rra
Te
era elevar a cerveja a um produto sofisti-
Santa Catar
cado, com qualidade, sabor e variedade,
que fugisse do lugar-comum da cerveja
in a População: 6 milhões
tipo Pilsen industrial, produzida aos mi-
lhões de litros para ser bebida tão gelada Municípios: 293 Turistas: 8 milhões/ano
a ponto de anestesiar o paladar do con-
sumidor e disfarçar a falta de qualidade. Território: 95,4 mil km²
Não foi por acaso, portanto, que quando
o mercado pediu cerveja de qualidade a
resposta surgiu no Vale do Itajaí, onde
...e cerveja Litoral: 561 km
hoje se encontra a maior concentração de
cervejarias artesanais do país, em cidades
20 Cervejarias
como Blumenau, Brusque e Pomerode, 20 Tipos de cerveja produzidos
que conformam o eixo principal do Ro-
teiro das Cervejas, um dos mais novos e
apreciados roteiros turísticos de Santa Ca-
tarina. Nele a bebida, em toda sua varie-
O começo de tudo
A cerveja tornou-se uma tradição europeia por do sagrado. Nesses tempos em que quase
meio dos monges da Idade Média e chegou a Santa todo o conhecimento pertencia à Igreja,
as técnicas de produção da bebida foram
Catarina pelas mãos dos colonos no século XIX desenvolvidas pelos seus mestres cerve-
jeiros, que não fizeram feio: adicionaram
A cerveja não é uma invenção euro- o lúpulo à formulação da cerveja.
peia. Há registros de que uma bebida feita Ela chegou ao Brasil por mãos ho-
da fermentação de cereais – não necessa- landesas, em 1637, quando Maurício de
riamente cevada – era apreciada no Egito Nassau aportou no Recife trazendo um
dos faraós, há seis mil anos. Há cinco mil mestre de sua terra para montar uma cer-
anos os sumérios registraram a primeira vejaria em sua residência oficial. A comi-
“receita” para a obtenção de cerveja, numa tiva de D. João VI, que veio de mala e
inscrição conhecida como “Pedra Azul”, cuia para o Brasil, em 1808, fugindo da
hoje guardada cuidadosamente no museu sanha expansionista de Napoleão Bona-
do Louvre, em Paris. A bebida teria surgi- parte, trouxe muita cerveja na bagagem,
do na Europa por volta de 1300 a.C., na e continuou importando a bebida da In-
atual região da Catalunha, na Espanha. Em glaterra nos anos subsequentes. Ao povo,
boa parte da história sua produção esteve no entanto, restava satisfazer-se com uma
associada à agricultura, e por utilizar os versão rudimentar da cerveja, feita em ca-
mesmos ingredientes do pão era chama- sa com ingredientes bastante heterodoxos:
da de “pão líquido”. Nos monastérios da farinha de milho, gengibre, açúcar, casca
Idade Média, onde a bebida se celebrizou, de limão e água, com direito a algumas va-
o pão líquido servia para aplacar a fome riações. Tratava-se da popular gengibirra.
dos monges nos longos períodos de je-
jum, em que eram proibidos os alimen- A sede dos colonos
tos sólidos. Foram desenvolvidas então Engana-se quem pensa que os pri-
variedades mais encorpadas para reforçar meiros colonos alemães que chegaram a
a nutrição dos religiosos – o que decerto Santa Catarina em 1829, no hoje município
ajudou-os também a alcançar o sentido de São Pedro de Alcântara, vieram carre-

10
Na Blumenau do final do século XIX a
cerveja produzida localmente era um artigo
importante para a vida social da cidade

11
gados de barris de cerveja. Ao contrário,
devem ter sentido muita falta dela, pois
se embrenharam em meio a densas flo-
restas tropicais (na verdade subtropicais,
situadas pouco abaixo do Trópico de Ca-
pricórnio, mas ainda assim escaldantes no
verão) e suaram muito no cabo da enxa-
da para tornar o ambiente habitável. Mes-
mo os pioneiros da colônia de Blumenau,
que chegaram ao Vale do Itajaí em 1850,
contavam somente com a brasileiríssima
aguardente para relaxar depois de um dia
de trabalho árduo.
Para sorte de alguns colonos, suas
mulheres (as hausfrau, ou donas de ca-
sa) possuíam avançados dotes culinários
e produziam uma espécie de cerveja ca-
seira. Elas na verdade transformavam suas
cozinhas em laboratórios culinários, on-
de produziam fiambres, cortes defuma- sos de imigração. Para alguns colonos
dos e pratos sofisticados – e sugestivos em Santa Catarina o pão de milho e o
– como a biersuppe, uma sopa de cerveja pão de aipim eram até melhores que o
com passas, e o famoso marreco reche- pão de centeio a que estavam acostuma-
ado (geffulte ente). Já a primeira cerveja- dos na Europa. Em lugar de trigo usava-
ria em terras catarinenses foi erguida em -se fubá e farinha de mandioca e para
1852, na Colônia Dona Francisca, atual substituir a batata, aipim e palmito. Ba-
cidade de Joinville. O autor da proeza foi Rótulos antigos, blumenauenses de nanas e laranjas entraram no cardápio
o suíço Gabriel Schmalz, que sem poder primeira geração brindando à mesa em substituição às frutas europeias. Ape-
contar com cevada elaborava sua bebida e equipamentos de cervejarias do sar desse esboço de sincretismo gastro-
com milho. século XIX: a bebida tem história nômico, uma característica marcante da
Essa adaptação de ingredientes, colonização alemã foi a luta pela manu-
aliás, é uma característica dos proces- tenção de identidade, língua e hábitos.

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Em outras palavras, os germânicos não empreendedor. Foram os imigrantes ale- As primeiras cervejarias
eram muito de se misturar. Assim que mães, italianos, poloneses e outros que Com sua cervejaria na Colônia Do-
as colônias foram se desenvolvendo – lançaram as bases para a industrializa- na Francisca, Gabriel Schmalz iniciou uma
e enriquecendo – passaram a importar ção catarinense, criando as primeiras tradição que perdurou por meio século.
alimentos e ingredientes típicos, como serrarias, curtumes, laticínios, fábricas Em 1860 foi a vez de Blumenau ganhar
chocolate, queijo fundido, vinhos e ce- de linguiça e salsicha, indústrias têx- sua primeira fábrica da bebida, pelas mãos
vada para as cervejarias. teis e outras atividades. Para se ter uma do alemão Heinrich Hosang. A colônia co-
O desenvolvimento das colônias ideia de como a colonização alemã foi meçava a organizar melhor sua vida as-
europeias foi fundamental para a con- bem-sucedida, Blumenau, elevada à ca- sociativa e foram criadas a Sociedade de
formação socioeconômica do estado. tegoria de município em 1880, possuía Canto (Gesangverein), um grupo de teatro
Elas trouxeram métodos agrícolas avan- então mais de 16 mil habitantes, cente- amador e o Clube de Caça e Tiro (Schüt-
çados e conhecimento de processos nas de engenhos de farinha e açúcar e zenverein). Este era o principal cliente da
industriais, além de um forte espírito oito cervejarias. cervejaria de Hosang, pois promovia gran-

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des festas em ocasiões especiais, como o
natal. Um jornal de Joinville, o Kolonie
Zeitung, chegou a afirmar que nessas fes-
tas de Blumenau era “enorme o consumo
de salsichas e cerveja”.
A colônia demandava bons produ-
tos e em 1875 o alemão Carl Rischbieter
começou a produzir em Blumenau, após
tornar-se mestre cervejeiro no Rio de Ja-
neiro. Lançou as marcas Bavária, de cerve-
ja clara, e Favorita (escura). Sua produção
tinha status de industrial, com capacida-
de para 100 mil garrafas anuais. Blume-
nau e a cerveja iam adquirindo um novo
perfil. Em 1890, um representante da se-
gunda geração de imigrantes, Otto Jen-
rich, ex-funcionário da Hosang, montou
uma cervejaria própria com um bar ane-
xo, ao estilo das bierstube de Munique,
para vender as cervejas Estrela, Polar e
A Cervejaria Canoinhense Kulmbalch. Claus Feldmann fundou sua
dos primeiros tempos cervejaria em Blumenau em 1898, crian-
do marcas que ficaram na história, como
a Massarandubense. E, em 1908, Luiz
Kaesemodel inaugurou a Canoinhense,
em Canoinhas, no Norte do estado, a 220
quilômetros de Blumenau.
Pode-se dizer que a Canoinhense foi
a última da primeira geração de cervejarias
catarinenses. Infelizmente, todas sucum-
biram ante o processo de massificação da
produção e do consumo. A honrosa exce-

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ção é a Cervejaria Canoinhense, que hoje
se apresenta como a mais antiga do estado
e uma das mais antigas do Brasil. Em 1924
a empresa foi vendida para Otto Loeffler,
um militar da Bavária, que passou o ne-
gócio para o controle do filho, Rupprecht,
em 1938, quando ele contava apenas 17
anos. Rupprecht Loeffler dedicou-se com
paixão ao trabalho, preservando a tradi-
ção até falecer, em 2011, aos 93 anos de
idade. Ele manteve a produção artesanal,
se valendo de equipamentos trazidos da
Alemanha há mais de um século e utili-
zando água da mesma fonte dos tempos
da fundação da cervejaria. A decoração do
bar, repleta de animais empalhados, ins-
pirada nos salões de chope de Munique,
é impressionante.
A Canoinhense é um museu vivo da
cerveja de Santa Catarina, que inspira a
nova geração de empreendedores a reno-
var a tradição secular do estado. Apesar da
morte do mestre cervejeiro, a história da
Canoinhense continua pelas mãos da viú-
va de Rupprecht, a senhora Gerda Loeffler,
de 87 anos. Ela comanda a produção de
quatro tipos diferentes de cerveja: a escu-
ra Nó de Pinho, a Pilsen Jahu, a Mocinha,
uma Pilsen clara e adocicada, e a Malzbier.
Os mesmos tipos que fizeram a fama e a Uma das últimas imagens do mestre
glória da Canoinhense entre os aficionados Rupprecht Loeffler, falecido em 2011, e vista
pela boa cerveja por um século. externa de sua Cervejaria Canoinhense

15
O renascimento da tradição
Agregando técnicas modernas aos conhecimentos saram a oferecer ao mercado novos estilos
dos imigrantes, Santa Catarina tornou-se o maior de bebida. Agregaram-se inúmeros predi-
cados na forma de aromas e sabores e a
expoente brasileiro em cervejas artesanais cerveja virou um produto gastronômico,
ideal para combinações com pratos diver-
O mundo cervejeiro viveu um pro- sos – desde aqueles conhecidos como “co-
cesso de desertificação ao longo do século mida de boteco”, também referidos como
XX. Mal comparando com o que ocorre ao “baixa gastronomia”, até os preparados
meio ambiente, a diversidade original foi mais sofisticados, como se verá adiante.
sendo gradualmente abatida pelo avanço O mercado artesanal ainda é mui-
inclemente da monocultura. No período, to pequeno se comparado ao industrial –
a grande indústria cervejeira consolidou o representa apenas 1% da produção total
mercado, adquirindo ou inviabilizando as de mais de 10 bilhões de litros de cerveja
pequenas empresas, e massificou o con- por ano no Brasil. Mas cresce rapidamen-
sumo em torno de poucas marcas e de te, numa razão de 15% ao ano, e há mais
praticamente um único tipo de cerveja, a de 100 cervejarias artesanais registradas
Pilsen. Eram tempos em que se sentava à no país, a maior parte delas na região Sul.
mesa de um bar e pedia-se “uma cerve- Santa Catarina ocupa um espaço privile-
ja”, pois pouca diferença havia entre qual- giado nesse segmento, com jovens em-
quer bebida que fosse servida. Mas feliz- preendedores unindo a tradição colonial
mente os tempos mudaram. A insatisfação à tecnologia de ponta e estratégias moder-
dos amantes da boa cerveja detonou um nas de marketing. Fazendo cerveja com
processo conhecido por The Craft Beer variedade e qualidade, criando ambientes
Renaissance, ou renascimento da cerveja para consumo junto às cervejarias para
artesanal, que resgatou tradições da pro- permitir ao visitante conhecer o proces-
dução e do culto à bebida. O processo so de fabricação e servindo acompanha-
se traduziu primeiramente no avanço da mentos associados à cultura regional, eles
produção caseira. O passo seguinte foi o transformaram o estado no principal pal-
surgimento das microcervejarias, que pas- co do renascimento da cerveja no Brasil.

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As novas pioneiras
A primeira das cervejarias catarinen-
ses da nova leva é emblemática desse pro-
cesso. A Borck, de Timbó, no Vale do Ita-
jaí, foi criada em 1996 por Brunhard Borck,
neto do imigrante prussiano Otto Ludwig
Ferdinand Borck, que chegou ao estado em
1868. A intenção inicial era fornecer peque-
nas quantidades de cerveja para eventos
comunitários e festas familiares, a exemplo
dos antigos cervejeiros que animavam os
encontros nos clubes de caça e tiro espalha-
dos pelo Vale do Itajaí, frequentados pelo
seu avô. Brunhard não poupou esforços pa-
ra fazer um produto de qualidade. Foi bus-
car os equipamentos e o mestre cervejeiro
na Hungria, um dos berços da boa cerveja.
Outra catarinense, a Opa, de Joinville, tam-
bém é ligada à tradição cervejeira do esta-
do. Passadas cinco gerações, um grupo de

Vários tipos de
chopes especiais
produzidos pela
Cervejaria da Ilha e
ingrediente utilizado
pela Eisenbahn:
tecnologia avançada
de produção

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jovens empresários seguiu os passos de Ga-
briel Schmalz, o suíço que criou a primeira
cervejaria do estado, na mesma cidade da
Opa – que significa avô em alemão. Mas
ao contrário do antigo empreendimento a
Opa, criada em 2006, foi minuciosamente
planejada. E como a pioneira, tira vantagem
de uma característica única: a água de Join-
ville, considerada perfeita para a fabricação
da bebida por não ser necessária qualquer
retirada ou agregação de minerais.
Como essas, uma série de cervejarias
com sugestivos nomes como Schorns-
tein, Königs, Das Bier, WunderBier, Hei-
mat, ZeHn, Bierland, Bierbaun, Fall Bier e
outras fazem parte da já reconhecida Rota
da Cerveja de Santa Catarina. Uma cerve-
jaria, entretanto, ajudou especialmente a
projetar o estado: a Eisenbahn, de Blume-
nau. Inaugurada em 2002, produz 15 tipos
de cervejas baseadas em receitas seculares,
seguindo à risca a Reinheitsgebot, a Lei
Alemã de Pureza. Isso tudo aliado ao que
há de mais moderno em técnicas de pro-
dução, como tanques de aço inoxidável,
leveduras cultivadas em laboratório, mal-
te e lúpulo importados. Um mestre cerve-
jeiro alemão com 30 anos de experiência
foi contratado para iniciar as operações e
o investimento em pesquisa e desenvolvi-
mento é constante. A Eisenbahn tornou-
-se a cervejaria mais premiada do Brasil

18
em concursos internacionais, levando a
locomotiva que estampa seu rótulo aos
quatro cantos do mundo. E despertou a
cobiça de grandes cervejarias, tendo sido
comprada pela Schincariol em 2008. Com
a venda da Schincariol para o grupo japo-
nês Kirin, passou a fazer parte de uma cor-
poração multinacional. Ainda assim a Ei-
senbahn continua sediada em Blumenau,
sob a direção executiva dos membros da
família Mendes, os fundadores, que garan-
tem a qualidade do produto. A Eisenbahn
é a prova material do vigor e da qualida-
de da nova tradição cervejeira de Santa
Catarina.

Cerveja de cara nova:


produção e instalações
de cervejarias em
Brusque (ZeHn, na
página ao lado), em
Gaspar (Das Bier, em
cima) Blumenau e
Pomerode (Bierland e
Schornstein, ao lado)

19
Alquimistas do Século XXI

20
Os mestres cervejeiros té há poucos anos uma por exemplo, uma cerveja tipo Weizen-
cerveja podia ser de dois bier (de trigo), produzida pela cervejaria
catarinenses são tipos: estupidamente gela- A, certamente será distinta da Weizenbier
da ou desagradável ao pa- da cervejaria B. Considerando os vários
responsáveis por ladar limitado dos bebedo- tipos produzidos em cada uma das cerve-
res. Mas se a pobreza sensorial jarias, temos mais de 50 cervejas diferen-
uma notável
do freguês devia-se à pouca oferta de ti- tes feitas em Santa Catarina. Leve-se em
diversidade: mais de 50 pos, marcas e procedências, hoje pode- conta que cada uma delas produz efeitos
-se dizer que os apreciadores da boa cer- sensoriais distintos se combinadas com
cervejas distintas são veja vivem dias gloriosos. Há dezenas de diferentes pratos e tem-se uma ideia das
tipos disponíveis no mercado – fracas e possibilidades experimentais do Roteiro
produzidas no estado fortes, claras e escuras, amargas e doces, das Cervejas de Santa Catarina.
cristalinas e turvas, puro malte ou de ce- Por trás de toda essa diversidade há
reais diversos, muitos aromas... incluindo muita técnica envolvida – ou magia, co-
todas as combinações possíveis entre es- mo talvez prefiram os mais místicos, cer-
sas e outras características e os seus meio- tos dos poderes transcendentes da cerveja.
-termos (por exemplo, são infinitas grada- Digamos então que os mestres cervejeiros
ções no espectro que define o amargor). são os alquimistas do século XXI, capazes
No caso de Santa Catarina, as cervejarias de selecionar e misturar ingredientes para
artesanais produzem ao menos 20 tipos obtenção de ouro (líquido). Nas próximas
diferentes de cerveja, algumas delas oriun- páginas alguns de seus segredos serão re-
das de formulações tradicionais desenvol- velados, como os ingredientes e a fórmula
vidas há mais de 100 anos no próprio es- básica da cerveja, assim como os resulta-
tado; outras originárias de outras plagas. dos de todo esse trabalho, as dezenas de
Mas parar por aqui seria dizer pou- tipos de cerveja catarinense. E, claro, o
co da complexidade encontrada na be- melhor jeito de degustá-las.
bida. Para cada tipo de cerveja, em cada
Instalações e cervejeiro da cervejaria, a qualidade dos ingredientes,
Schornstein, de Pomerode: sua origem e o processo de fabricação
segredo é associar equipamentos conferem predicados únicos, e portanto
modernos, bons ingredientes uma identidade própria a cada rótulo di-
e conhecimento de mestres ferente que se apresenta à mesa. Assim,

21
O poder dos Conforme a Lei de Pureza Alemã, se-
guida por quase todas as cervejarias catari-
Cevada/Malte

nenses, a boa cerveja deve ter apenas qua- O malte é obtido a partir da ceva-
ingredientes tro ingredientes: água, malte (de cevada
ou trigo), lúpulo e fermento. A observân-
da, e é responsável pelo corpo, cor e par-
te do sabor da cerveja. A cevada é um
cia dos ditames – e, é claro, da qualidade grão típico de climas temperados, cultiva-
Eles são apenas quatro, dos ingredientes – faz toda a diferença no do quase que exclusivamente na região
resultado final. Para se ter uma ideia da Sul. É “parente” do trigo, também próprio
mas a qualidade, importância da lei alemã, ressalte-se que para a malteação. A cevada possui pou-
o processamento e a legislação brasileira considera “cerveja” co açúcar e muito amido, o que fornece
a bebida que contém malte de cevada em uma boa dose de nutrientes à bebida. Na
as dosagens fazem uma proporção de 50% ou mais sobre o malteação a germinação da cevada (ou
toda a diferença chamado extrato primitivo. Isso quer di- do trigo) é induzida e controlada, com o
zer que se permite a mistura de cereais objetivo de ativar enzimas (que transfor-
como arroz, milho e aveia na cerveja nu- mam amido em açúcar) e tornar o ami-
ma razão de até 50%, o que torna a be- do mais solúvel. Inicialmente realiza-se a
bida mais barata e de qualidade inferior. maceração, quando o cereal é colocado
O malte de cevada ou trigo, que para os em contato com água e ar durante alguns
mestres é o responsável pelo “caráter” da dias, para em seguida brotar em uma cai-
bebida, está 100% presente nas melhores xa de germinação. Daí obtém-se o malte
cervejas, conhecidas como “puro malte”. verde. Interrompida a germinação, inicia-

22
-se o processo de secagem. As variações Leveduras
nessa etapa é que permitem a obtenção
de diferentes tipos de malte – claros, tos- São os fungos responsáveis pela fer-
tados, caramelizados, defumados –, que mentação da cerveja, ou seja, pela trans-
gerarão sabores e aromas distintos para formação de açúcar em álcool. Existem
diferentes tipos de cerveja. centenas de tipos de leveduras, divididas
em duas “famílias”, as de alta e de baixa
fermentação, o que acaba por definir as
Lúpulo duas principais famílias de cerveja, a Ale
e a Lager. Enquanto fermentam os açúca-
O lúpulo é o broto de uma trepa- res do mosto de cereais, as leveduras ge-
deira da mesma família do cânhamo, pro- ram gás carbônico, resultando na gaseifi-
veniente de regiões da Europa cujos cli- cação da bebida. Também são agentes de
mas lhe são propícios. Trata-se, portanto, sabor e aromas.
de um ingrediente totalmente importado,
que pode ser utilizado in natura ou na Água
forma de pelletes (grânulos prensados).
O lúpulo é o responsável pelo sabor e Diz-se no mundo cervejeiro que a
aroma característicos da cerveja – ele po- água, que representa 90% da cerveja, já
de possuir mais de 20 substâncias amar- não é tão determinante para a qualida-
gas. Dentre os vários tipos de lúpulo – há de do produto, porque processos quími-
60 variedades utilizadas na produção de cos industriais são capazes de garantir a
cerveja – há aqueles que se destacam por pureza e a quantidade adequada de sais
serem aromáticos e cítricos, outros leve- minerais. Mas para os puristas da cerve-
mente adocicados, outros ainda picantes ja artesanal não é bem assim. Talvez por
etc... Por isso são muito importantes para que Santa Catarina possua algumas das Pesquisa é essencial para
a “alquimia” cervejeira. fontes de água mais puras do país... Va- o desenvolvimento de
le comparar! cervejas com personalidade

23
Na brassagem, etapa inicial do processo, o malte é misturado à água aquecida para a
formação do mosto. Após a maturação a cerveja está pronta para o envase

24
Acertando a mistura
Passo a passo, as etapas de produção para obtenção da cerveja

É nessa etapa que se põem à prova Cozimento ou fervura boas cepas de leveduras. Na temperatura
a arte e a habilidade dos mestres cerve- No tanque de fervura o mosto rece- ideal elas se multiplicam, consumindo o
jeiros. Seja em cervejarias primitivas, co- be o lúpulo – no início do processo adi- oxigênio. Começa então a fase anaeróbica,
mo algumas ainda encontradas em Santa ciona-se o lúpulo responsável pelo amar- na qual se dá o processamento químico
Catarina, dotadas de equipamentos cen- gor, e ao final, o aromático. É nessas doses do açúcar, e cujos subprodutos são álcool
tenários e receitas ancestrais, seja nas que se revelam os segredos de cada mes- e gás carbônico. Em tanques fechados, a
cervejarias mais tecnológicas, com lu- tre cervejeiro. Durante a fervura a tem- etapa dura de quatro a 10 dias. As leve-
minosos tanques de aço inoxidável e le- peraturas entre 80°C e 100°C ocorrem as duras de alta fermentação agem na parte
veduras cultivadas em laboratório para mutações que distinguirão cor, aroma e superior do tanque, e as de baixa fermen-
obtenção dos melhores resultados. De sabor da cerveja, além da concentração tação na base. São elas que definem o ti-
um jeito ou de outro – e até mesmo pa- de açúcar. po de cerveja e o teor alcoólico.
ra quem se arrisca a fazer cerveja em
casa, o princípio é o mesmo. Como nas Resfriamento
coisas boas da vida, a diferença está nos Maturação
detalhes. Após uma troca de tanque, o mosto
lupulado é resfriado para eliminação de É o período de descanso da cerveja
resíduos. Dependendo do tipo de cerve- (nesse momento chamada de cerveja ver-
Brassagem ja, as temperaturas variam de 8°C a 25°C. de), que pode durar de uma semana a 40
dias, em tanques especiais, com tempera-
O malte é descascado e moído, de- Fermentação turas próximas a zero grau. Durante esse
pois misturado com água aquecida. O pro- processo a cerveja incorpora aromas e ga-
cesso favorece a ação das enzimas que É a hora das leveduras agirem. Há nha brilho. As leveduras mortas e os resí-
transformam o amido em açúcar fermen- cervejarias que “animam” esse processo duos de proteínas se acumulam no fundo
tável. O processo dura de duas a três ho- com música clássica ou jazz, na crença (ou dos tanques, clarificando a cerveja. Após
ras. Após a filtração, obtém-se o chamado esperança) de que elas realizem um tra- isso a cerveja pode ser filtrada ou não, e
mosto primário. balho melhor... Mas é melhor contar com finalmente está pronta para ser envasada.

25
26
Os tipos
catarinenses
Conheça as cervejas
produzidas em Santa
Catarina em toda sua
diversidade e esplendor, e
também com o que cada
uma delas combina
27
Santa Catarina produz os principais Lager Ale
tipos de cerveja existentes no
As Lager são fermentadas em tem- A outra “família” é de origem in-
mundo. Cada tipo guarda suas
peraturas baixas, fazendo com que os glesa. Nas Ale a fermentação é feita em
particularidades e características, fermentos se acumulem no fundo dos temperaturas mais elevadas, levando os
definidas pelos ingredientes e tanques. Em geral são cervejas leves e fermentos para o alto dos tanques. Co-
translúcidas, podendo ser claras ou escu- mo resultado têm-se cervejas mais encor-
processos de produção. Para
ras. Em outras palavras, são cervejas mais padas, escuras (opacas) e amargas. Sua
começar a entender e classificar suaves – a exemplo da Pilsen, o gênero complexidade gustativa e aromática é al-
o complexo universo da cerveja, mais consumido no Brasil e no mundo. ta, assim como o teor alcoólico, que pode
uma grande divisão é necessária, Apresentam sabores que remetem aos ce- chegar a 12%. Podem ser claras ou escu-
reais, e suas notas frutadas costumam ser ras e mesclam aromas de cereais e notas
pois existem dois “troncos” dos menos intensas. As cervejas Lager são ori- de frutas. Não devem ser consumidas em
quais se ramificam um sem- ginárias da Alemanha. temperaturas muito baixas.
número de variedades. Estamos
falando das cervejas de baixa
fermentação, ou tipo Lager, e
das de alta fermentação, as Ale.

28
Cerveja e chope
Além da questão da fermentação, há
outra distinção essencial na categoriza-
ção cervejeira. Trata-se da diferença entre
chope e cerveja. Desde os ingredientes e
ao longo da maior parte do processo de
produção, as duas bebidas são idênticas.
Só que, ao final, a cerveja é pasteurizada.
Isso significa que é elevada a uma tem-
peratura de aproximadamente 60°C e de-
pois resfriada rapidamente, para elimina-
ção de micro-organismos. Por isso o seu
prazo de validade é mais alto. O chope,
por não passar pelo processo, tem vida
curta. É, portanto, uma bebida mais leve
e fresca que a cerveja e geralmente com
menor teor alcoólico. Usualmente a cer-
veja é envasada em garrafas e o chope
em barris, mas em casos especiais a si-
tuação pode se inverter. Assim como as
cervejas, os chopes podem ser dos tipos
Lager ou Ale.

O que difere o chope da


cerveja é que o primeiro
não é pasteurizado

29
LAGER Dunkel panhar sobremesas com chocolate e café
na sua formulação. Popularmente é indi-
Cerveja encorpada, feita com mal- cada para mulheres em fase de amamen-
tes torrados, possui amargor mediano em tação, mas diga-se que isso não é reco-
Amber Lager equilíbrio com sensação doce e notas aro- mendável devido ao teor alcoólico de 4%.
máticas que lembram o café, o carame- Quem faz: Borck, Canoinhense e Königs
De coloração acobreada e corpo mé- lo e o chocolate. Harmoniza bem com o
dio, apresenta elegantes aromas de mal- churrasco e filés com molhos encorpados,
te. Em boca é seca, revela-se um pouco como o de funghi. Também vai bem com Pilsen
amarga, com final equilibrado. Ótima pa- feijoada. E com um bom charuto.
ra acompanhar petiscos, entradas e pra- Quem faz: Bierbaum, Eisenbahn e Holzweg É a cerveja mais popular do mundo,
tos leves. A Eisenbahn 5 leva uma segun- respondendo por nada menos que 80%
da adição de lúpulo na maturação, para do consumo global. Nascida na cidade
equilibrar o adocicado do malte. Paladar Lager Hell de Pilsen (Plzen), na antiga Boêmia, hoje
de malte, caramelo, pão e lúpulo. território da República Checa, é translú-
Quem faz: Eisenbhan Pode ser considerada uma ancestral cida e suave. De coloração amarela-clara,
da Pilsen, sendo ainda mais suave e não tem espuma abundante, com final de boca
tão seca. A diferença se forma no processo que revela um delicado amargor. Combi-
Bock de cozimento: os açúcares não fermenta- na com preparos também leves, como en-
dos são mantidos no mosto, o que confere tradas, petiscos e pratos à base de carnes
É originária do norte da Alemanha. à Lager Hell um sabor mais adocicado. A brancas e frutos do mar. Vai bem com sal-
Por ser rica em corpo, é considerada uma WunderBier oferece a cerveja nas versões sichas, pratos da culinária alemã e queijos
cerveja de inverno. Escura, é repleta de filtrada e não filtrada. semiduros. As várias marcas catarinenses
aromas de malte e seu gosto apresenta Quem faz: WunderBier apresentam variações mais ou menos en-
baixo amargor, inclusive tendendo ao do- corpadas, de maior ou menor amargor. A
ce. Agradável para massas com molhos de Eisenbahn oferece a Pilsen Orgânica, fei-
carne, embutidos e queijos de média ma- Malzbier ta com ingredientes sem agrotóxicos ou
turação. Em Santa Catarina, é produzida fertilizantes sintéticos.
na forma de chope. Escura, de espuma encorpada, essa Quem faz: Todas as cervejarias
Quem faz: Bierbaum, Bierland, Fall Bier, cerveja, de origem alemã, recebe adição de
Handwerk, Königs, Saint Bier, Schornstein e açúcar, tem sabor levemente adocicado e
ZeHn Bier acentuado teor nutritivo. Boa para acom-

30
ALE Kulmbach Porter

Cerveja de origem alemã, de cor es- É uma cerveja forte, feita com malte
cura. Aromas tostados com notas de café. torrado e muito lúpulo. Sua cor pode va-
Brown Ale Boca fresca, com leve amargor final, dão riar do castanho ao preto. Ao olfato revela
a ela o tom gustativo. Acompanha pratos aromas tostados, com notas de chocola-
De origem inglesa, tem baixo teor de carne assada, cozidos intensos e pode te e café. Tem muita espuma e é amarga,
de lúpulo, portanto não é muito amarga. ficar interessante com ostras, numa har- podendo apresentar toques que lembram
O malte especial com que é elaborada lhe monização radical. A produzida em Santa caramelo. Pode ser também de baixa fer-
proporciona cor intensa. Normalmente en- Catarina pela Canoinhense tem baixo teor mentação. Acompanha pratos intensos de
corpada, com notas doces, pode acompa- alcoólico: 3,2%. carne e inclusive a feijoada.
nhar sobremesas com sabor intenso. Teor Quem faz: Canoinhense Quem faz: Bierbaum, Fall Bier, Opa Bier e
alcoólico de 6,5%. ZeHn Bier
Quem faz: Das Bier
Pale Ale
Rauchbier
Kölsch Sua origem é inglesa. Possui cor aco-
breada, notas de especiarias, lúpulo, cara- “Rauch” significa fumaça em alemão.
A cerveja originária de Colônia, na melo e amargor acentuado no final, mas Especialidade da cidade alemã de Bam-
Alemanha, é produzida em Santa Catarina há variações. O subtipo Mild Ale é mais berg, é produzida a partir de maltes de-
com quatro tipos de malte, entre eles o de suave, enquanto a Indian Pale Ale e a fumados. Tem coloração avermelhada e
trigo. De corpo leve, tem coloração dou- American Pale Ale são mais amargas, e paladar seco, com sabor levemente defu-
rada. O paladar é seco, com baixo amar- com teor alcoólico mais elevado (até 7,5%, mado. Acompanha bem embutidos e lin-
gor. Apresenta notas levemente frutadas contra 5% das tradicionais). Vai bem com guiças defumados, costelinha de porco
em seus aromas. Excelente para saladas, salsichas, salames, chucrute e carnes com assada com molho barbecue, moluscos,
pratos com frutos do mar e ostras in na- tendência mais adocicada, como as de queijos defumados e pratos preparados
tura, bem como para acompanhar pratos porco e de carneiro. Combina com quei- com esses ingredientes. É uma opção tam-
da culinária oriental. jos intensos, com tendência ácida ou doce. bém para o charuto.
Quem faz: Eisenbahn Quem faz: Bierland, Das Bier, Eisenbahn, Quem faz: Eisenbahn
Opa Bier e Schornstein

31
Strong Golden Ale Weizenbier
ESPECIAIS
Dourada e de alto teor alcoólico Cerveja de trigo leve e fresca, tem
(8,5% no caso da Eisenbahn), esta cerve- coloração naturalmente turva. Apresenta Algumas cervejas ou derivações não
ja tem origem inglesa mas utiliza um fer- aromas frutados e notas de especiarias, cabem nas categorias básicas de baixa e
mento de origem belga. Apresenta inten- como o cravo. Seu corpo é denso e tem alta fermentação. Fabricantes catarinenses
sos aromas frutados, de especiarias, notas espuma abundante, o que a torna muito oferecem opções interessantes para quem
de lúpulo e álcool e corpo generoso. É gastronômica. Vai bem com carnes gor- gosta de experimentar.
indicada para queijos fortes, E Combina durosas e condimentadas, pratos picantes
bem com carnes vermelhas. das culinárias orientais, antepastos italia-
Quem faz: Bierland e Eisenbahn nos e petiscos alemães, como o roll mops Champenoise
e queijos com mofo branco.
Quem faz: Bierbaum, Bierland, Borck, Cer- Trata-se de um híbrido, que mui-
Stout vejaria d Ilha, Das Bier, Eisenbahn, Fall Bier, tos sequer consideram cerveja. Depois da
Opa Bier, Saint Bier, Schornstein, Strauss Bier fermentação e maturação na cervejaria, a
É uma cerveja muito amarga e escu- e WunderBier “cerveja verde” vai para uma vinícola. Re-
ra, quase preta, que apresenta notas de cebe fermentos e passa pelo processo tra-
caramelo e café. É forte e aromática, pois dicional de produção de champanhes de
tem grande concentração de malte e lú- Weizenbock segunda fermentação na garrafa, ao lon-
pulo. Sua origem é irlandesa. A gradua- go de três meses. Ganha corpo, aromas
ção alcoólica varia: pode ser baixa ou de Feita de trigo e não-filtrada, essa cer- e perlage. Tem sabor frutado e paladar
até 12% no tipo Imperial Stout. veja escura é encorpada, com médio amar- refrescante, tendendo ao doce. Indicada
Quem faz: Bierland, Saint Bier e Schornstein gor, aliando características da Weizen e da para acompanhar pratos elegantes de car-
Bock. Possui espuma densa e um com- nes leves e frutos do mar, sushi, queijos
plexo aromático que revela frutas, espe- intensos da família grana padano e quei-
Weihnachts Ale ciarias e toques de torrefação. Combina jos com leite de cabra e ovelha. Também
com queijos intensos, pratos da culinária acompanha sobremesas leves, com frutas e
É uma receita especial de Natal, com chinesa e cozidos de carne. cremes. A Eisenbahn produz a Lust Cham-
teor alcoólico mais elevado e presença Quem faz: Eisenbahn penoise e a Eisenbahn Lust Prestige. Esta,
marcante do lúpulo. Em estilo belga, re- depois da segunda fermentação, entra na
vela aromas frutados e sabor encorpado. etapa chamada cuvèe, que dura um ano.
Quem faz: Eisenbahn Quem faz: Eisenbahn

32
Destilado de cerveja

Uma vez que o chope está pronto,


isto é, a cerveja ainda não está pasteuri-
zada, inicia-se o processo de destilação.
O resultado é uma bebida com paladar
semelhante ao do uísque, porém com
amargor diferenciado devido à presen-
ça do lúpulo.
Quem faz: Bierbaum

Licor de cerveja

É feito a partir da cerveja tipo


Dunkel. Apresenta agradáveis aromas de
café e chocolate. Ótimo como aperitivo
ou para acompanhar queijos fortes, co-
mo gorgonzola e roquefort, sobremesas e
charutos. O Bierlikör da Eisenbahn é su-
ave e refinado, com notas de chocolate,
café e baunilha e teor alcoólico de 30,5%.
Quem faz: Eisenbahn

A cerveja Bock, encorpada


e de baixo amargor,
é considerada uma
bebida de inverno

33
A arte de beber (e de servir, cheirar...)
Com tantos tipos diferentes de cerveja para experimentar, convém
conhecer as “regras gerais” e a melhor maneira de degustar cada um deles

Georg Nuber, neto


de imigrantes,
resgatou a tradição
em Indaial, com a
Heimat. Na outra
foto, bar da ZeHn,
em Brusque

34
A complexidade do universo cerve- cervejas mais aromáticas pedem copos ar- Olfativa
jeiro sugere rituais específicos para sua redondados, com haste e bojo largo, que
degustação e práticas diferenciadas para se fecha à medida que a curva termina. Os O leve agitar do copo pode revelar
os tipos existentes. Não é nada tão radical bojudos realçam o bouquet e a consistência toda a complexidade e qualidade aromá-
quanto ocorre com o vinho, para o qual das cervejas encorpadas. Já as cervejas de tica de uma cerveja. No caso das Lager,
muitos puristas (também conhecidos como trigo são mais bem apreciadas em copos de aromas de cereais, malte e lúpulo. Nas
“enochatos”) não aceitam qualquer desli- corpo delgado e boca bojuda, pois a espu- escuras se revelam aromas de torrefação,
ze na degustação ou harmonização. Com ma se concentra no topo e abre o leque de café e chocolate. Nas Ale, notas cítricas e
a cerveja tudo é mais leve. Ainda que um aromas. Quanto ao tamanho dos copos, os florais, vindas do lúpulo, e aromas fruta-
determinado copo não seja considerado o pequenos e médios são melhores para as dos, como de banana, papaia e abacaxi,
ideal para extrair as melhores qualidades Lager, pois elas não devem esquentar no entre outros. Notas de especiarias (cravo,
de um determinado tipo, sua qualidade copo. O mesmo problema não ocorre com por exemplo) podem aparecer em Ale.
não será comprometida de modo termi- as Ale, que pedem copos maiores, impor- Aromas que lembram manteiga não são
nal. Mas, para aproveitar ao máximo as tantes para a definição do sabor. Detalhe desejáveis, pois costumam indicar defei-
boas cervejas, há algumas regras de ouro. importante: em qualquer caso os copos to na cerveja.
devem ser transparentes (tanto faz se de
Temperatura vidro ou cristal) para que se possa obser-
var a coloração e a formação de espuma. Gustativa
As características das Lager são mais
bem notadas entre 3°C e 5°C. As Ales, Deve-se tomar um gole e fazer a be-
mais ricas em aromas e sabores, devem Análises: bida girar pela boca, para que contamine
ser servidas entre 5° e 10°. o paladar e diversas sensações sejam ob-
Visual tidas. Deve-se tentar perceber a intensida-
de e o equilíbrio entre os quatro sabores
Copos Revela cor, brilho, limpidez ou tur- básicos: doce, salgado, ácido e amargo. O
bidez, as bolhas e a espuma. Cervejas co- corpo de uma cerveja, resultado da força
O formato ajuda na degustação. Os mo a Pilsen devem ser límpidas, brilhan- alcoólica e da soma dos demais compo-
retos, com a base um pouco mais estreita tes e apresentar uma bela coroa, que se nentes, também se sente na boca. O equi-
do que a boca, são melhores para as cer- sustente por no mínimo dois minutos. Já líbrio de todas essas sensações reforça a
vejas mais leves, as do tipo Lager. A tulipa uma Weizenbier, de trigo e não filtrada, é qualidade da bebida.
ajuda na percepção dos aromas e na for- normalmente turva e também apresenta
mação da coluna de gás carbônico. Já as uma imponente coroa de espuma.

35
anta Catarina é uma expe-
riência inesquecível. Quem
visita o estado reconhece isso,
tanto que Santa Catarina foi eleita
em 2011, pela quinta vez conse-
cutiva, o melhor destino turístico
do Brasil pela revista Viagem e
Turismo, da Editora Abril. As mo-
tivações da preferência são conhecidas
e passam pela diversidade de atrações e
belezas naturais, tudo associado a uma ri-
queza cultural impressionante. Essa com-
binação oferece ao visitante a possibilida-
de de vivenciar experiências únicas, que
associam emoção ao conhecimento.
Conhecer o estado tomando por ba-
se os roteiros da cerveja é uma proposta
Por onde passam as
nova e incomparável. Pois além de pro-
tradições e a riqueza
cultural de Santa
Catarina há sempre um

Os roteiros
bom caneco da bebida
a sugerir experiências
únicas e inesquecíveis
36
porcionar prazer, em Santa Catarina cerve- do Vale do Itajaí (também conhecido por
ja é cultura. Além de encantar o visitante, Valeu Europeu, ou Vale Germânico) e das
esse tipo de turismo temático, a exemplo atrações de outubro. Encontra-se boa cer-
do que é realizado em países europeus veja e ambientes propícios para degustá-
e regiões brasileiras como o Vale dos Vi- -la e experimentar combinações com pe-
nhedos, no Rio Grande do Sul, impulsio- tiscos típicos em várias regiões, e no ano
na economias regionais e une cidades. inteiro. O mapa a seguir resume as princi-
No caso de Santa Catarina, pode-se dizer pais opções de roteiros pelas diversas regi-
que os roteiros são frutos da associação ões do estado. Na sequência, cada região
perfeita de três grandes características: as será apresentada, com destaque para suas
belezas naturais, a riqueza cultural e a vo- principais cidades, assim como para suas
cação empreendedora. Ao retomar antigos respectivas cervejarias. Tudo temperado
conhecimentos e tradições revestindo-os com um pouco de história de cada uma,
com elevada tecnologia e marketing mo- o que produzem e quais os horários e as
derno, a atual geração de empreendedo- condições de visitação. A interseção entre
res cervejeiros catarinenses criou uma no- a boa cerveja e os demais atrativos e as-
va atividade no estado. pectos culturais apresentados certamente
Os caminhos da cerveja vão além resultará numa nova e rica experiência.

da cerveja 37
Distâncias rodoviárias em
relação a Florianópolis

Cidade Km
Belo Horizonte 1.286
Brasília 1.698
Campo Grande 1.305
Curitiba 310
Fortaleza 3.838
Goiânia 1.536
Manaus 4.343
Natal 3.662
Porto Alegre 470
Recife 3.375
Rio de Janeiro 1.144
Salvador 2.682
São Paulo 705

Cidade Km
Blumenau 157
Brusque 121
Canoinhas 352
Concórdia 459
Criciúma 197
Forquilhinhas 212
Gaspar 132
Ibirama 218
Indaial 166
Jaraguá do Sul 189
Joinville 194
Lontras 201
Pomerode 167
Presidente Getúlio 228
Timbó 171
Treze Tílias 419

Cidade Km
Assunção (Paraguai) 1.331
Buenos Aires (Argentina) 1.539
Montevidéu (Uruguai) 1.360
Santiago (Chile) 2.885

38
39
Vale do Itajaí Um pedacinho
Com destaque para a cultura alemã, a região é Vale Europeu, como também é
designado o Vale do Itajaí, é con-
fortemente marcada pela presença de diversas
siderado a região mais alemã do
etnias europeias e pela abundância de boa cerveja Brasil. Natural, portanto, que se-
ja um importante polo cervejeiro.
Dentre as regiões catarinenses que con-
tam com cervejarias estruturadas, é a que
se destaca pelo maior número de estabe-
lecimentos e, portanto, é o eixo principal
da Rota da Cerveja de Santa Catarina. Até
meados do século XIX a região no entor-
no do rio Itajaí-Açu, circundada por mon-
tanhas verdejantes, era habitada apenas
por índios das etnias Kaingang, Xokleng
e Botocudo, e algumas poucas famílias
de imigrantes europeus. Os germânicos
só chegaram para valer após 1850, con-
fiando no projeto colonizador do filósofo
alemão Dr. Hermann Blumenau. Pode-se
afirmar que fizeram uma aposta certeira:
Blumenau tornou-se a cidade de coloni-
zação alemã mais influente do país, abri-
gando o maior polo têxtil brasileiro.
Ao longo do século XX, quase 40
desmembramentos de território de Blu-
menau deram origem a novos municípios,
conformando a região que hoje se conhe-
ce por Vale do Itajaí. A influência germâ-

40
da Europa
nica é elevada na região, destacando-se
a arquitetura, a culinária, o idioma – dia-
letos germânicos são utilizados por famí-
lias como primeiro idioma até hoje –, o
artesanato, as festas típicas, as ruas flori-
das e os jardins bem cuidados. Na maior
parte dos municípios a cultura germânica
é preponderante, mas não única. Há ci-
dades como Itajaí, Rodeio e Nova Trento
com predominância da cultura italiana.
Os italianos chegaram à região cerca de
25 anos depois dos alemães. Há também
poloneses, suíços, eslavos e descendentes
de portugueses, que habitaram o Vale do
Rio Tijucas e posteriormente se desloca-
ram para o Vale do Itajaí.
Foi o descendente de um prussia-
no (a Prússia localizava-se no atual nor-
te da Alemanha) que fundou em Timbó,
uma cidadezinha vizinha a Blumenau, a
primeira das cervejarias da nova geração
no estado, a Borck, em 1996. O modelo Vista de Blumenau com
das cervejarias alemãs, caracterizadas pelo o Rio Itajaí-Açu e detalhe
bar anexo à fabrica, tanques de fabricação do Museu da Cerveja:
expostos aos clientes e acompanhamento influências notáveis da
de comidas típicas, está presente em vá- colonização germânica
rias cidades do Vale do Itajaí, como Brus-
que, Pomerode, Gaspar, Indaial, Ibirama,

41
Presidente Getúlio e Lontras, além, é cla- pelos amantes da cerveja. A Oktoberfest,
ro, de Blumenau. Conhecidos pelo espíri- realizada desde 1984, anualmente, e com
to festeiro, os moradores do Vale gostam 18 dias de duração, atrai perto de um mi-
de comer e beber para celebrar. O rotei- lhão de pessoas e é considerada a maior
ro das cervejarias valoriza as cidades e a manifestação de cultura alemã fora da Ale-
gastronomia regional. A cerveja acompa- manha. A cidade possui o maior Centro
nha petiscos como salsichas ao molho de de Eventos de Santa Catarina, o Parque
mostarda e raiz-forte, bolinhos de batata e Vila Germânica.
rollmops, que são enroladinhos de filés de Blumenau é um privilegiado cen-
arenque cru, e pratos típicos como o chu- tro de compras, oferecendo os tradicio-
crute (repolho fermentado e salmoura), nais artigos têxteis e cristais, além de mui-
marreco com repolho roxo, joelho de por- tos outros produtos exibidos nas lojas da
co (eisbein) e bisteca de porco (kassler). belíssima Rua XV de Novembro, o centro
pulsante da cidade. Blumenau também é
conhecida pelos cuidados com o meio am-
Blumenau biente, tendo três parques protegendo a
Com cerca de 300 mil habitantes, mata atlântica em seu entorno: os parques
Blumenau é a cidade-polo do Vale do Ita- Spitzkopf, São Francisco de Assis e Artex.
jaí. Ao longo de sua trajetória de cresci- Além da Oktoberfest e das várias
mento desenvolveu uma pujante indús- cervejarias, Blumenau oferece aos apre-
tria, com destaque para os setores têxtil e ciadores a oportunidade de conhecer o
de confecções. Também se destacam os Museu da Cerveja, o único do gênero no
setores metalmecânico e de informática Brasil. Pode-se tomar o museu como pon-
– além do de bebidas, é claro. Hoje em to de partida para o circuito das cerveja-
dia, mais do que um centro industrial, é rias. Lá são fornecidas informações sobre
um dos mais importantes polos de servi- os métodos de produção e as rotas que
ços de Santa Catarina, com destaque para podem ser seguidas para apreciação da
o turismo. Oferece boa infraestrutura ho- bebida. O museu permite um vislumbre
teleira, gastronômica e de serviços, além dos primórdios da cerveja na região, pois
de fácil acesso às cidades de seu entor- mantém peças antigas como geladeiras,
no. O poderio de Blumenau para a rea- termômetros, arrolhadores e balanças do
lização de grandes eventos é conhecido século XIX e início do século XX.

42
receber uma aula sobre a história da cer-

BLUMENAU
vejaria e sobre os tipos da bebida, além
de degustar um chope tirado diretamente
Fundada em 2002, a Eisenbahn al- de um dos tanques de fabricação.
cançou status de estrela internacio- A Eisenbahn foi adquirida em 2008
nal, pois já amealhou importantes prêmios, pelo Grupo Schincariol, que, por sua vez,
medalhas e menções em concursos de di- teve o controle acionário comprado pe-
versos países, tornando-se a cervejaria bra- la japonesa Kirin em 2011. A essência da
sileira mais premiada no exterior. Os re- cervejaria é guardada pelo mestre cerve-
sultados obtidos são frutos de um projeto jeiro Gerhard Beutling, o mesmo que cui-
muito bem elaborado pela família Mendes, da do sabor da Eisenbahn desde os seus
de Blumenau. Eles adotaram o conceito primórdios.
de cerveja artesanal, produzida de acordo
com a Lei Alemã de Pureza, mas não abri- Cervejas Dunkel, Kolsch, Pale Ale, Pilsen, Pilsen
ram mão de equipamentos sofisticados e Orgânica, Weihnachts Ale (sazonal), Weizenbier,
matérias-primas da melhor qualidade. Tu- Weizenbock, Rauchbier, Strong Golden Ale,
do costurado por uma boa estratégia de Oktoberfest (sazonal), Amber Lager, Lust e Bierlikör.
marketing, como o próprio nome e rótulo,
que remetem às tradições germânicas e à Chopes Dunkel, Pilsen, Pale Ale e Weizenbier.
Blumenau antiga. Eisenbahn significa fer-
rovia em alemão, numa referência à esta- Serviço Visitação da fábrica: segunda a sábado,
ção de trem do bairro onde fica a empresa. das 14 horas às 19 horas, com visitas de hora
O Bar Estação Eisenbahn é separa- em hora. Agendamento: (47) 3488-7307. Preço:
do da fabrica por uma parede de vidro, e R$ 5,00, com degustação de chope retirado do
dele pode-se acompanhar a produção. O tanque.
cardápio inclui salsichas de diversos tipos Bar Estação Eisenbahn: segundas a quartas-feiras,
Harmonizações com petiscos e canapés da tradicional linguiça tipo Blu- das 16 horas às 24 horas. Quintas e sextas-feiras
(à esq.), o bar da cervejaria e menau. As cervejas podem ser encontradas das 16 horas até 01h da manhã. Sábados das 10
produtos da Eisenbahn: cervejaria em mercados, bares e casas especializadas horas até 01h da manhã.
mais premiada do Brasil no país todo, mas a cervejaria reserva tra-
tamento especial para quem visita a fábri- Endereço Rua Bahia, 5.181 | Salto Weissbach |
ca. Lá, pode-se acompanhar a produção, Blumenau | (47) 3488-7371 | www.eisenbahn.com.br

43
Num outro roteiro turístico de Blu- Cervejas Pilsen, Weizen, Pale Ale, Bock,

BLUMENAU
menau, o da Vila Itoupava, distante cerca Vienna, Imperial Stout e Strong Golden Ale.
de 25 quilômetros do centro, também se
pode encontrar resquícios da velha tradi- Chopes Pilsen, Weizen, Pale Ale e Winebier
ção cervejeira. O Centro Cultural da Vila A Bierland foi fundada em 2003 por (chope de vinho).
Itoupava funciona na sede da antiga Cer- três jovens empresários do comércio que
vejaria Feldmann, fundada pelo mestre queriam se lançar na produção de alimen- Serviço Visita à fábrica: previamente agendada,
cervejeiro Heinrich Feldmann em 1898, tos. Pesquisando o mercado e suas verda- de segunda a sexta-feira, a partir das 8 horas até as
e que perdurou até 1978. O estilo arqui- deiras vocações, optaram por abrir uma 17 horas. Sábado das 8 horas às 11 horas. 
tetônico preserva paisagens e costumes cervejaria, que afinal alcançou grande su- Bar: de terça a sexta-feira das 15h30min até a meia-
que remetem à Alemanha e ao passado cesso. Em 2011 a Bierland recebeu meda- noite e aos sábados das 10 horas à meia-noite.
da colonização do Vale do Itajaí. Cerca lha de prata no respeitado concurso Bier-
de 90% dos moradores da região falam land Vienna, no European Beer Star. Os Endereço Rua Gustavo Zimmermann, 5.361
alemão fluentemente e produzem cho- jurados avaliaram cor, aroma e sabor de Itoupava Central | Blumenau | (47) 3323-6588
colates caseiros, doces, compotas e lico- cervejas do mundo todo, premiando as www.bierland.com.br
res artesanais. comprometidas com o modo tradicional
Já o contato com a nova tradição cer- europeu de produzir a bebida – como o
vejeira, que associa inúmeras variedades respeito à Reinheitsgebot. Mesmo seguindo Produtos da Bierland, com destaque
de bebida aos petiscos tradicionais, porém à risca a tradição, na Bierland tudo é feito para a Strong Golden Ale (no centro) e
modernizados, pode iniciar-se pelo bairro com maquinário moderno, como tanques bar da cervejaria: chope direto da fonte
Salto Weissbach, onde se encontra a cer- inox e moinho próprio para triturar os
vejaria Eisenbahn. Do outro lado da Rua componentes, e controle microbiológico.
Bahia, onde situam-se suas instalações, Localizada em Itoupava Central,
funcionava a antiga estação de trem do bairro tradicional de descendentes de
bairro, que acabou inspirando o projeto imigrantes alemães, possui um bar de
vencedor da família Mendes, cujas garra- fábrica com decoração inspirada nas cer-
finhas de cerveja estampam uma locomo- vejarias europeias, em estilo rústico e
tiva no rótulo. separado da fábrica por uma parede de
Outros roteiros fundamentais para vidro. Dentre os petiscos estão lombo e
se capturar o espírito de Blumenau são picanha defumados, salame cracóvia, lin-
conhecer as construções em estilo enxai- guiças e salsichas. Na fábrica, bebe-se o
mel – com empenas voltadas para a late- chope direto da fonte.

44
Pomerode
O pequeno município de Pomero-
de, de 28 mil habitantes, pode ser consi-
derado uma radicalização de Blumenau
quando se leva em conta as tradições ger-
mânicas. Pomerode se emancipou de Blu-
menau em 1959, cerca de 100 anos após o
início da colonização da região, por imi-
grantes vindos da Pomerânia, região no
norte da Alemanha. Se autointitula (e é
amplamente reconhecida como) a cidade
mais germânica do Brasil, porque quase
todo mundo tem ascendência germânica,
se comunica em dialetos alemães e mui-
tas casas são construídas no melhor esti-
Casa típica de Pomerode: estilo enxaimel ral, varandas frontais e águas-furtadas – e lo enxaimel, com jardins floridos e cuida-
e jardins floridos são a marca registrada os fartos cafés coloniais que oferecem um dosamente mantidos. Quem transitar pela
da cidade mais alemã do Brasil mix de bolos, pães, geleias, tortas, sucos e Rota do Enxaimel terá a oportunidade de
frios. Há ainda a possibilidade de conhe- ver 100 casas tombadas pelo patrimônio
cer algumas das principais indústrias da histórico.
cidade, que são abertas à visitação turís- As tradições também são mantidas
tica em horários determinados. Os desta- por meio das festas, da música e da gas-
ques são as cristalerias (Cristal Blumenau tronomia. A maior festa da cidade, a Fes-
e Glaspark) e a Cia Hering, uma das mais ta Pomerana, acontece em janeiro, mas
antigas e atualmente a maior companhia ao longo de todo o ano a animação é ga-
têxtil do país, que mantém um museu com rantida por bandinhas típicas, grupos fol-
a sua história e a da cidade. Dentre as clóricos, clubes de caça e tiro e até mes-
empresas que podem ser visitadas está a mo por corais ligados a igrejas e clubes
Cachaças Inox, uma destilaria de cacha- sociais, além de um considerável jardim
ça premium que se destaca em concursos zoológico. Mas ao mesmo tempo a cida-
internacionais. Uma sugestão para quem dezinha oferece muita tranquilidade para
quiser “dar um tempo” na cerveja. quem procura paz de espírito. De um jei-

45
Detalhes e a sede da WunderBier
em Blumenau: visitante pode
BLUMENAU

acompanhar a produção de cerveja

A cervejaria WunderBier foi criada


em 2007, para participar da Oktoberfest,
e desde então se firmou como uma das
principais do gênero na cidade. A ideia
foi do empresário Bento Linhares, dono
de restaurantes na cidade, que convidou
o mestre cervejeiro Fabio Steinbach a par-
ticipar do projeto. Steinbach é um aficio-
nado que desde garoto ajudava o avô a
fazer, em casa, a cerveja que os adultos
da família consumiam. Já adulto, produ-
zia a própria cerveja em seu sítio, usan-
do um fogão a lenha e experimentando
diversos ingredientes, até que se agregou Cervejas Pilsen, Lager Hell, Schwarzbier
à WunderBier, que hoje tem capacidade (chope escuro), Hefe-weinzen (trigo) e
para produzir 30 mil litros/mês. Winebier (chope de vinho).
O prédio do bar de fábrica da Wun-
derBier, em estilo enxaimel, foi projeta- Serviço Visita à fábrica: segunda a
do para que o visitante acompanhe do sexta-feira, das 9 horas às 11 horas e das
salão os passos da fabricação das be- 15 horas às 17 horas, com agendamento.
bidas. Dá para ver de perto como são Bar: de terça a domingo, a partir das
elaborados os chopes degustando petis- 18 horas.
cos e pratos típicos como o Bockwurst
e Weisswurst – salsichas alemãs acom- Endereço Rua Fritz Spernau, 155
panhadas de diferentes tipos de mostar- Fortaleza | Blumenau | (47) 3339-0001
das e raiz-forte. www.wunderbier.com.br

46
to ou de outro, em Pomerode tudo pode
ser acompanhado por uma excelente cer-
veja. A Schornstein, uma das cervejarias
artesanais mais conhecidas do estado, é
sediada na cidade, ocupando o espaço de
uma antiga fábrica.

Brusque
A colônia de Brusque foi fundada
em 1860 por um nobre austríaco, o Ba-
rão Von Schneeburg, que foi seguido em
sua navegação triunfal rio acima por um
grupo de esperançosos colonos alemães.
Hoje a Praça Von Schneeburg é o princi-
pal endereço da cidade, e nela funciona
uma choperia típica. Mas é a principal cer- Construções em estilo germânico em
vejaria da cidade, a ZeHn Bier, que tem Brusque: cidade é um importante centro
mais a dizer sobre a Brusque que se de- industrial e comercial do Vale do Itajaí
senvolveu desde então. A cervejaria é um
projeto do fundador de um dos maiores da economia local, a venda de seus pro-
grupos industriais da cidade, o Zen, do dutos transformou a cidade num grande
setor metalúrgico. Após anos à frente do polo comercial de vestuário e artigos de
grupo que criou com o irmão em 1960, cama, mesa e banho. Brusque possui um
Hilário Zen decidiu dedicar-se à produ- orquidário e um bromeliário e se destaca
ção de cerveja. em duas modalidades de turismo bastan-
Desde os primórdios da coloniza- te distintas: o religioso e o de aventuras.
ção, Brusque se destacou pelo pioneiris- Uma fazenda modelo retrata a vida dos
mo industrial. Algumas de suas fábricas, primeiros colonizadores. A principal festa
como a Renaux, de tecidos, belíssima, da cidade é a Fenarreco – Festa Nacional
construída em tijolos, conservam as anti- do Marreco –, que integra o roteiro de
gas características. Se a indústria é a base festas de outubro.

47
Chopes Pilsen (filtrado e não filtrado) Braunes
Ale, Weizen e Pale Ale.
GASPAR

Serviço Bar e fábrica (esta com agendamento


prévio): quarta a sexta-feira, das 17 horas às
Cerveja, sossego, muito verde e 24 horas. Sábados, das 15 horas às 24 horas.
até uma boa pescaria é o que oferece a Domingos, das 11h30min às 19 horas.
Das Bier Chope Artesanal, instalada jun- Espaço Pesca e Lazer: sextas, das 14 horas às
to a um lago no belo bairro rural de Bel- 18h30min. Sábados e domingos, das 7h30min às
chior Alto, em Gaspar. A antiga casa do 18h30min.
primeiro morador do lugar, do início do
século passado, foi restaurada e ampliada Endereço Rua Bonifácio Haendchen, 5.311
para abrigar a cervejaria, inaugurada em Belchior Alto | Gaspar | (47) 3397-8600
2006. Paredes de vidro separam a fábrica www.dasbier.com.br
do bar onde podem ser degustados cin-
co tipos de chope, dentre eles o Braunes
Ale, com traços de chocolate e perfume Sede da Das Bier e o peculiar porão em
de lúpulo. No final de 2011 foi lançado estilo medieval onde também funciona
o chope Pale Ale, uma escolha do públi- uma cachaçaria, a Schnapskeller
co, que votou em uma promoção realiza-
da através das redes sociais. No total, a
cervejaria produz 250 mil litros por ano.
A cervejaria possui ainda uma espécie de
porão em estilo medieval, onde funciona
uma cachaçaria, a Schnapskeller.
No bar da Das Bier são servidos pe-
tiscos de diversos tipos, incluindo opções
da gastronomia típica alemã como o Ha-
ckepeter e um mix de salsichas. E, para as
refeições, marreco recheado com repolho
roxo, filés de tilápia e Kassler, além de op-
ções de carne e peixe.

48
Cervejas e chope Pilsen

Serviço Visita à fábrica: de segunda a sexta-

INDAIAL
feira, das 14 horas às 17 horas.

O proprietário da Heimat, Georg Endereço Rua Marechal Deodoro da Fonseca,


Nuber, resgatou a receita da cerveja ca- 1.498 | Bairro Tapajós | Indaial | Fone: (47) 3333 1793
seira fabricada pelos seus ancestrais na
Idade Média e trazida ao Brasil pelo avô,
que era natural de Lindau, no sul da Ale-
manha, no início do século passado. Ge-
org fez um curso de mestre cervejeiro no
Rio de Janeiro e em 2005 fundou a cerve-
jaria, adaptando a receita do avô às novas
tecnologias e ingredientes obtendo seu
chope Heimat, do tipo Pilsen. Heimat sig-
nifica “Terra Natal” em alemão. A receita
e o processo de fabricação são os mes-
mos para o chope (comercializado em
barris) e para a cerveja, engarrafada em
embalagens long neck. A cervejaria tem
capacidade para produzir 1.500 litros/dia.
Não há bar na fábrica, mas visitas
para conhecer as instalações e eventu-
almente tomar um chope direto da fon-
te são permitidas desde que agendadas
com antecedência. Oferece suvenires co-
mo bonés, canecas, camisetas e copos.

Instalações da Heimat: cervejaria


tem capacidade de produção
de 1.500 litros por dia

49
TIMBÓ
A Cervejaria Borck, de Timbó, tem a honra de ter sido
a primeira da leva de novas e modernas cervejarias artesanais
catarinenses. Inaugurada em 1996, ela é fruto do sonho do pro-
prietário Brunhard Borck, ex-bancário que largou o emprego,
juntou as economias e foi para a Hungria comprar equipamen-
tos e buscar o mestre cervejeiro que o ajudou a implantar o
negócio. No início a cervejaria apostou no diferencial das cer-
vejas Ale, de alta fermentação, mas acabou migrando para o
tipo Pilsen, mais palatável para o consumidor brasileiro médio.
Quinze anos depois da fundação o mestre cervejeiro é seu
filho, Tiago Borck, engenheiro químico responsável pela produ-
ção dos três tipos de chope que são comercializados em barris
retornáveis de inox e latão descartável de cinco litros. A Borck
retomou a aposta no estilo mais europeu com a produção do
chope de trigo, de alta fermentação. A capacidade de produção
é de 30.000 litros/mês. Não possui bar de fábrica.

Chopes Pilsen, Malzbier e Weizenbier.

Serviço Visitas às instalações: aos sábados, das 9 horas às 12 horas, com


agendamento prévio.

Endereço Rua Pomeranos, 1.963 | Timbó | (47) 3382 0587 | www.borck.com.br

A pioneira da nova geração volta às origens: Borck


retoma produção de cervejas tipo Ale, de alta
fermentação, além de fazer o tipo Lager (na foto)

50
LONTRAS

A Holzweg Cervejaria Artesanal fi-


ca na tranquila Lontras, cidade do Vale
do Itajaí que tem a agropecuária como
principal atividade econômica. O nome
Holzweg significa caminho da madeira,
e se trata de uma referência ao nome da
estrada que fazia a ligação entre as diver-
sas colônias do Vale no início da ocupa-
ção da região pelos imigrantes alemães.
A cervejaria elabora chopes com maltes
e lúpulos importados seguindo a lei da
pureza alemã. Possui bar junto à fábrica
decorado com motivos germânicos, que
serve petiscos, pratos da gastronomia tí-
pica e bufê de sopas.

Chopes Pilsen e Munich Dunkel.

Endereço Rua Paulo Alves do Nascimento, 387


Centro | Lontras | (47) 3523-0277 / 8819-8817
www.holzweg.com.br

Vistas externa e interna do


bar de fábrica da cervejaria
Holzweg: nome remete à antiga
estrada de colonos da região

51
do Mundo de 2006. Tem capacidade pa-
ra produzir 32.000 litros/mês em Pome-
POMERODE

rode, e possui também uma filial em Ho-


lambra (SP).

É impensável visitar Pomerode Chopes Pilsen filtrado e não filtrado, Weiss,


sem conhecer a cervejaria Schornstein, Bock, Indian Pale Ale e Imperial Stout.
que já virou atração da cidade. Construída
junto a uma velha fábrica tombada pelo Serviço Bart Schornstein Kneipe: quarta a
patrimônio histórico, ela preserva a anti- sexta-feira a partir das 17h30min. Aos sábados
ga chaminé de 30 metros de altura feita e domingos a partir das 11h30min. Nos outros
em tijolos maciços – Schornstein signifi- dias recebe visitas de grupos ou realiza eventos
ca chaminé em alemão. Turistas podem previamente agendados.
fazer visita monitorada à fábrica, degus-
tar o chope tirado diretamente dos tan- Endereço Rua Hermann Weege, 60 | Centro
ques e conhecer os processos de fabri- Pomedore | (47) 3399-2058 | www.schornstein.com.br
cação. Junto à cervejaria funciona o bar
Schornstein Kneipe, que tem petiscos tí-
picos feitos com ingredientes produzidos
artesanalmente na região, cujas receitas
são harmonizadas com as várias cervejas
ali produzidas.
A Schornstein foi fundada em 2006
por um grupo de seis empresários que
constataram o óbvio: apesar de Pomero-
de ser considerada a cidade mais alemã
do Brasil, não contava com uma cervejaria
como aquelas que tanto sucesso fazem na
Europa. O momento era ideal e inclusi- Fachada da Schornstein, seus petiscos
ve orientou a bem-sucedida estratégia de e a produção: além da boa cerveja,
marketing. A cervejaria foi inaugurada no a imponente chaminé de uma velha
dia da estreia da seleção alemã na Copa fábrica chama a atenção dos visitantes

52
IBIRAMA
Um prédio antigo que antes de ser cervejaria já foi
fábrica de móveis, fecularia, atafona (moinho) e curtume,
e que por tudo isso tem muita história para contar, abriga
a Handwerk, em Ibirama. O lugar foi restaurado, mas as
características rústicas foram preservadas, incluindo uma
roda d’água que há um século foi responsável pelo início
da geração de energia na então colônia de Hamônia. No
primeiro andar fica o restaurante, de onde se pode obser-
var por meio de paredes de vidro a produção do chope na
fábrica, que fica embaixo. Os chopes utilizam matéria-pri-
ma importada – malte, lúpulo e fermento – de acordo com
as leis da pureza alemã. O nome da cervejaria é sugesti-
vo: Handwerk significa, em alemão, feito a mão, artesanal.
A cervejaria foi inaugurada em 2010, a partir da as-
sociação de quatro empresários da região. A capacidade
de produção é de 28.000 litros/mês. O bar recebe até 230
pessoas, e o estacionamento tem capacidade para 120 car-
ros. No cardápio, especialidades alemãs, petiscos à ba-
se de carne e peixe e lanches acompanhados de chope.

Chopes Pilsen e Bock.

Serviço Restaurante: de quarta a domingo, das 18 horas à meia-


noite. Fone: (47) 33574624

Endereço Rua Duque de Caxias, 239 | Centro | Ibirama


(47) 33573343 | www.handwerk.ind.br

53
PRESIDENTE GETÚLIO

A cervejaria Breslau Bier, que fa-


brica chope artesanal de acordo com a
lei da pureza alemã, foi inaugurada em
2011. Comercializa barris de chope de
10, 20, 30 e 50 litros.

Endereço Rua Morstifer, 91 | Bairro Morstifer


Presidente Getúlio | (47) 8406-1760 ou
(47) 3352-0205 | www.breslaubier.com.br

A ZeHn possui um belo bar em Brusque


(acima), equipamentos modernos e
produz cervejas e chopes engarrafados,
alguns deles premiados em concursos

54
BRUSQUE
ZeHn – pronuncia-se tzehn – quer No cardápio, petiscos, sanduíches, sala-
dizer dez, em alemão, mas também é co- das, massas, frutos do mar, carnes e pra-
mo se fala o sobrenome dos proprietários, tos típicos alemães harmonizados com as
os Zen, uma tradicional família da cidade. bebidas.
O gosto pela cerveja foi trazido da Ale-
manha, de onde vieram seus antepassa- Chopes e cervejas Pilsen, Porter e Heller Bock.
dos por volta de 1875, e antes de ter sua
própria marca eles já fabricavam cerveja Serviço Visita à fabrica: de segunda a sexta-feira,
para consumo próprio nas celebrações fa- entre 10 horas e 12 horas e das 14 horas às 18
miliares. Em 2003 resolveram tornar públi- horas, com agendamento prévio: (47) 3351-6685.
ca sua receita e abriram a cervejaria, que Bar e restaurante: segunda a sábado a partir das
hoje é atração na cidade. 17 horas.
O mestre cervejeiro Curt Zastrow,
diplomado em Munique, é especialista na Endereço Rua Benjamin Constant, 26
produção de chope e cervejas artesanais. São Luiz | Brusque | Fone (47) 3351-0033
Seus produtos são premiados pela Asso- www.zehnbier.com.br
ciação Brasileira de Degustadores de Cer-
veja, com medalha de ouro na categoria
Cerveja Nacional, estilo Porter (2011), e
de Prata na categoria Cerveja Nacional,
estilo Bock (2011). A ZeHn fabrica cinco
tipos da bebida e deve lançar mais dois.
Produz 40 mil litros por mês de cervejas
e chopes engarrafados.
O bar da cervejaria anima as noites
de Brusque e ainda agrada aos turistas,
pois também funciona como restaurante.

55
Norte Os pioneiros
Antiga terra de príncipes, a região recebeu onsta que a primeira indústria que
funcionou em solo catarinense foi
colonos, inaugurou a primeira cervejaria do
a Serraria do Príncipe, na Colônia Do-
estado e se tornou potência industrial na Francisca, em 1856, cinco anos
após sua fundação, com o objetivo
de fornecer madeiras para o Rio de Ja-
neiro. Tratava-se de um empreendimento
nobre (apesar do que seria hoje conside-
rado um crime ambiental): pertencia ao
próprio Príncipe de Joinville. O príncipe
em questão era François Ferdinand, um
nobre francês que desposou, em 1843,
Dona Francisca Carolina, filha de Dom
Pedro I, e recebeu como dote uma ge-
nerosa gleba no norte de Santa Catari-
na. Anos depois, em crise financeira, o
príncipe vendeu parte das terras a uma
sociedade colonizadora, que atraiu cen-
tenas de imigrantes europeus – alemães
principalmente – para a Colônia Dona
Francisca, que posteriormente se cha-
maria Joinville.
Mas, quatro anos antes do advento
da Serraria do Príncipe, Dona Francisca já
contava com um estabelecimento que ri-
valizava em nobreza com ela – ao menos
para os colonos mais sedentos. Era a cer-
vejaria de Gabriel Schmalz e Margaretha

56
do caneco
Zenger Schmalz, a primeira de que se tem
notícia no estado. Joinville evoluiu rápido.
Muitos enriqueceram com a erva-mate, que
no século XIX valia tanto que era conheci-
da como “ouro verde”. A cidade chegou a
ter 20 cervejarias, e surgiram as indústrias.
Mudava o perfil econômico local, que re-
fletia as mudanças no Brasil: a decadência
do Império e um surto de industrialização.
Já uma linda residência de verão, ornada
com gigantescas palmeiras imperiais, cons-
truída para deleite dos príncipes em Join-
ville jamais os recebeu, e acabou se trans-
formando no museu da colonização.
Jaraguá do Sul é outra importante
cidade do Norte catarinense que teve ori-
gens imperiais. Suas terras equivaliam ao
dote recebido pelo Conde d’Eu quando
se casou com a Princesa Isabel, filha de
Dom Pedro II, em 1864. Sua fundação
oficial data de 1876, mas a cidade só se
desmembrou de Joinville em 1934. Desde
então se firmou como um importante polo

Palmeiras imperiais foram plantadas


em 1873 para ornar a residência
de verão dos príncipes, que acabou
se tornando um museu

57
industrial, sede do grupo WEG, maior fa- centro cultural, turístico e de eventos. O
bricante de motores elétricos do mundo, Festival de Dança reúne mais de 4 mil
e de outras companhias de grande porte. bailarinos e entrou para o Guinnes Book
como o maior do gênero no mundo. Join-
Tradição e modernidade ville é a única cidade fora da Rússia a
O Norte catarinense cresceu puxa- contar com uma unidade do Balé Bol-
do por Joinville, que seria conhecida nos shoi de Moscou. Outro conhecido even-
anos 1960 como “Manchester catarinense”, to é a Festa das Flores, realizada há mais
uma alusão ao importante polo industrial de 60 anos. Joinville é o eixo principal
inglês. Também receberia outros epítetos, de um roteiro turístico que inclui várias
como Cidade das Flores, Cidade dos Prín- cidades (o Caminho dos Príncipes), en-
cipes e Cidade das Bicicletas. Este último tre elas a histórica São Francisco do Sul,
graças ao arraigado hábito de milhares de a terceira cidade mais antiga do Brasil,
operários das fábricas de se deslocarem fundada em 1504.
para o trabalho sobre duas rodas. Mas Mas se o roteiro em questão for o da
não poderia ser chamada de Cidade da cerveja, o melhor destino é a cidade de
Cerveja, pois todas as velhas cervejarias Canoinhas, que fica a oeste de Joinville,
artesanais sucumbiram. Até que a nova distante cerca de 190 quilômetros. É lá, na
geração surgiu. cidade conhecida como capital da erva-ma-
Joinville é hoje a maior cidade de te, que se encontra a cervejaria artesanal
Santa Catarina, com 600 mil habitantes. mais antiga em atividade no Brasil, a Ca-
Além da importância econômica, é um noinhense, fundada em 1908. Imperdível.

O bar-moinho e o
pórtico de Joinville,
construídos em
arquitetura típica
da região

58
complexo que reúne cinco restaurantes:
Barão, especializado em carnes e costela
JOINVILLE ao bafo; Alles Picanha, as pizzarias Qua-
drada e Divina Gula, e o Niu Sushi. To-
dos servem as cervejas da Opa Bier, claro.
A garrafa amarela, de alumínio,
e a inscrição OPA em letras literalmen- Cervejas Pilsen (cerveja e chope), Weizen, Pale
te “garrafais” foi a maneira inovadora de Ale, Porter, Old Ale e sem álcool.
comemorar os cinco anos da cervejaria
Opa Bier, de Joinville, completados em Serviço Visita à fábrica: nos dias úteis, em
2011. Dentro dela, meio litro de Pilsen horário comercial, com agendamento
Puro Malte, um dos carros-chefes da cer- (visita@opabier.com.br).
vejaria. Tratou-se, afinal, da afirmação de
uma tradição. A Opa é da cidade em que Endereço Rua Dona Francisca, 11.560
surgiu a primeira cervejaria do estado, em Pirabeiraba | Joinville | www.opabier.com.br
1852, e também da famosa “Antártica de Parque Opa Bier: segunda a sexta-feira, das 18
Joinville”, conhecida (e venerada) em to- horas à 01 hora da manhã e sábado e domingo
das as rodas de bar alguns anos atrás. E entre 11h30min e 01 hora da manhã. Rua Max
foi essa tradição que animou um grupo de Colin, 1.589 | América | Joinville
jovens empresários a pesquisarem a fun-
do o mercado nacional e os modelos de
microcervejarias europeias até inaugurar a
Opa Bier em 2006. Eles tiram proveito do
mesmo insumo que fez a fama da Antarc-
tica de Joinville: a água pura da cidade.
A Opa tem capacidade de produ-
ção de 160 mil litros/mês. Atende dire-
tamente consumidores ou grupos na fá-
brica somente para visita. Não possui bar
de fábrica, mas seus produtos podem ser Luiz Alexandre de Oliveira (à esq.), sócio
encontrados no Parque Opa Bier, que fi- da Opa, produtos e etapas de produção:
ca no centro de Joinville conta com um pioneirismo de Joinville resgatado

59
didos apenas em barris, mas o plano é
JARAGUÁ DO SUL
engarrafá-los.

Chopes Pilsen (filtrado e não filtrado) e


Malzbier, e os sazonais: Radler, Bock, Landbier e
Königs Bier significa “cerveja do Dortmund.
rei”. O nome é uma homenagem
aos “reis” dos velhos clubes de caça e tiro Serviço Visita à fábrica: de terça a sexta-feira
da região, os principais centros de con- das 14 horas às 18 horas e sábados das 8 horas às
vívio social dos tempos da colonização. 11 horas, com agendamento prévio.
Consta, aliás, que muitos desses clubes
produziam a própria cerveja. A cervejaria Endereço Rua Erich Sprung, 215 | Água Verde
Königs Bier é resultado de extensas pes- Jaraguá do Sul | (47) 3370 5544
quisas de mercado na Europa e nos Esta- www.konigsbier.com.br
dos Unidos. Ivan e Dennis Torres, pai e
filho, lançaram a microcervejaria em 2007
e cinco anos depois, com capacidade de
produção de 22 mil litros/mês, contam
com um vasto cardápio de chopes, alguns
produzidos apenas em alguns períodos do
ano, de acordo com o clima.
Dentre os chopes sazonais destaca-
-se o Landbier, um chope Lager, não fil-
trado, com teor alcoólico de 5,5%, pro-
duzido com cinco maltes, o que confere
a coloração de dourado envelhecido e
espuma amarelada. Já o refrescante Rad-
ler é a blendagem entre o chope Pilsen e
um refrigerante de limão, que origina um
chope leve, com graduação alcoólica de Dennis Torres: pesquisas de mercado
2,6%, sabor de limão e levemente adoci- na Europa e nos Estados Unidos
cado. Por enquanto os chopes são ven- orientaram investimento em cervejaria

60
Canoinhense impressiona pela originalida-
de, pois exibe animais empalhados pen-

CANOINHAS
durados nas paredes. Dona Gerda, que há
Canoinhense décadas esteve à frente da cozinha pro-
duzindo sopa de bucho de boi e geleia
A cervejaria Canoinhense é uma de carne de porco, segue recebendo os
espécie de patrimônio histórico do univer- visitantes no bar.
so cervejeiro brasileiro. E não apenas em
Santa Catarina. Sua história e seus produ- Cervejas Kulmbach, Pilsen e Malzbier.
tos são cultuados em todo o Brasil, e as ra-
ridades produzidas lá são degustadas com Serviço Bar do Loeffler: funciona somente
fascinação pelos aficionados. Em primeiro durante o dia.
lugar, trata-se da cervejaria mais antiga em
funcionamento no Brasil. A Canoinhense, Endereço Rua 3 de Maio, 154 | Centro
fundada em 1908, foi adquirida pelo pai (47) 3622 0358 | Canoinhas
de Rupprecht Loeffler em 1924. Rupprecht
logo a assumiu e a conduziu com maes-
tria até falecer, aos 93 anos, no início de
2011. Desnecessário dizer que o sempre
O bar da simpático Loeffler, conhecido por beber
Canoinhense dois litros de cerveja por dia, foi uma das
(acima) impressiona personalidades mais queridas e cultuadas
pela decoração dos apreciadores de boa cerveja no Brasil.
com animais A boa notícia é que sua morte não
empalhados. Nas foi o fim da cervejaria, pois a viúva, a Se-
outras fotos, detalhes nhora Gerda Loeffler, continua a tocar o
da rusticidade negócio com as mesmas receitas e ma-
do lugar e uma quinário centenário, que fazem da Canoi-
agradável área nhense uma espécie de museu vivo da
externa (à dir.) cerveja em Santa Catarina. Ela produz a
Nó de Pinho, uma cerveja escura; as Pil-
sen Jahu e Mocinha e a Malzbier. O bar da

61
Florianópolis e Sul Entrando no
Com o surgimento de cervejarias artesanais lorianópolis é terra de açoria-
nos, e o Sul do estado foi colo-
e oferta de marcas do estado as regiões
nizado principalmente por italia-
integram o novo universo cervejeiro nos, povos que não são ligados
a tradições cervejeiras. Os italianos,
como se sabe, são mais chegados ao vi-
nho, e açorianos costumam temperar su-
as pescarias com algo ainda mais forte: a
cachaça. Mas não se pode dizer que essa
porção do estado está alheia à movimen-
tação do novo universo cervejeiro catari-
nense. Na verdade as cidades da Grande
Florianópolis, com suas 100 praias e imen-
so apelo turístico, há muito tempo são um
centro de consumo de cerveja – só que
daquela produzida em volumes industriais
e servida sempre bem gelada, à beira do
mar, para refrescar o verão. Nos últimos
anos surgiram cervejarias artesanais e mui-
ta gente está produzindo a bebida em ca-
sa, na condição de cervejeiro artesanal. E
muitos bares e restaurantes de Florianó-
polis oferecem as cervejas catarinenses.
No Sul do estado, Urussanga é des-
tino certo para quem procura experiên-
cias gastronômicas. A cidade mantém vi-
vas as tradições italianas e possui roteiros
turísticos que incluem o vinho de lá e a

62
clima

FLORIANÓPOLIS
mesa sempre farta. Mas uma alternativa
para quem estiver na região é conhecer A Cervejaria da Ilha iniciou em Chopes Pilsen, Hefe-Weizen, Export Gold,
Forquilhinha, uma cidade de colonização 1999 a fabricação artesanal de chope na Schwarzbier.
alemã próxima a Criciúma. Com 23 mil localidade de Rio Vermelho, no Norte da
habitantes, Forquilhinha é conhecida por Ilha, o que faz dela uma das microcer- Serviço Visita à fábrica: segunda a sábado das
ser a terra da família Arns, cujos mem- vejarias mais antigas do Brasil. Produz 9 horas às 18 horas, com agendamento prévio.
bros mais ilustres são Dom Paulo Evaristo vários tipos de chope e em 2012 deve Endereço: Rua Alzira Rosa Aguiar, 450 | Rio
Arns, ex-cardeal da Igreja Católica, e Zilda lançar suas versões para os tipos Pale Vermelho | Florianópolis | (48) 3269-8177
Arns, fundadora da Pastoral da Criança. Ale e Porter, em garrafas de 355 e 600
Sua economia é baseada na extração de ml. Já o bar Cervejaria da Ilha, aberto Endereço Bar: das 17 horas às 02 horas. Rua
carvão, na produção de arroz e no abate em 2011, fica em Coqueiros, na parte Desembargador Pedro Silva, 3.344
de frangos. Há pouco tempo Forquilhinha continental da capital. Lá, além do cho- Via Gastronômica de Coqueiros | (48) 3371 0240 /
iniciou-se na produção de cervejas artesa- pe, há comidas típicas de boteco com 9915 5040 | www.cervejariadailha.com.br
nais com a Saint Bier, que chamou a aten- receitas tradicionais e exclusivas, além
ção por produzir a cerveja Duff, marca de frutos do mar. O bar da Cervejaria da Ilha oferece chope
do mesmo nome da cerveja preferida de com vista para o mar de Coqueiros
Homer Simpson, personagem do famoso
desenho animado. A curiosidade abriu as
portas de Forquilhinha para os apreciado-
res da boa cerveja de todo o Brasil.

63
FORQUILHINHA

CRICIÚMA
Pode-se dizer que a cervejaria ta recheada assada. Lá há também uma A Strauss Bier produz três tipos de
Saint Bier devota um fervor quase reli- curiosa coleção de tampinhas de garra- chopes: Pilsen, Weiss (de trigo) e escuro,
gioso à cerveja puro malte que produz. fas de cerveja. que podem ser encontrados em bares e
Dentre os destaques de seu cardápio de restaurantes do litoral sul ou nos escri-
chopes (em barris e engarrafados) está o Chopes Pilsen, Pilsen In Natura, Belgian tórios da marca em Criciúma, Tubarão
Belgian Golden Ale, que contém um blend Golden Ale, Stout, Weiss e Bock. e Florianópolis. Vende barris de 30 e 50
de três maltes que remetem a sabores de litros e tem serviço de leva e traz. A cer-
frutas amarelas, em especial pêssego em Serviço Visita à fábrica: vejaria começou em 2007, tendo capaci-
calda. Fundada em 2007, a Saint Bier tem Bar: de quarta a domingo, das 18 horas às 24 dade de produção de 30 mil litros/mês.
capacidade de 30 mil litros/mês. Produz, horas, sendo que aos sábados também abre Não tem bar de fábrica, e visitas são res-
sob encomenda, a cerveja com a marca entre 10 horas e 14h30min. tritas a distribuidores de bebidas.
Duff, do desenho dos Simpsons, mas esta
não é vendida na cervejaria. Suas cerve- Endereço Avenida 25 de Julho, 303 | Vila Endereço Rod. Luiz Rosso, 1.045 | São Luis
jas são servidas no Pub Saint Bier, cujas Lourdes | Forquilhinha | (48) 3463-3400 | http:// Criciúma | (48) 3462 6006 | www.straussbier.com.br
especialidades são o bufê de frios e bata- www.saintbier.com

Templo da
cerveja: a sede
da Saint Bier
(à esq.) e a
curiosa coleção
de tampinhas
que adorna o
bar da fábrica

64
Meio-Oeste Sabor alpino
Em Treze Tílias a cerveja combina com a região do Meio-Oeste catari-
nense é relativamente nova,
arquitetura e a culinária típica autríaca. Em
mas extremamente rica em tra-
outras cidades é o estilo italiano que dá o tom dições. No século XX era ainda
esparsamente habitada quando
foi palco da Guerra do Contestado, origi-
nada na disputa territorial entre Santa Ca-
tarina e Paraná e na expulsão de posseiros
para a construção de uma estrada de ferro.
Um líder messiânico levou miseráveis ao
conflito armado com forças públicas, re-
sultando no massacre de milhares de pes-
soas. A situação só se pacificou quando
Paraná e Santa Catarina assinaram acordo
de limites. Foi a senha para a ocupação
ordenada do Oeste catarinense, oportu-
nidade aproveitada por gaúchos descen-
dentes de italianos e alemães que já não
encontravam novos espaços para suas ati-
vidades no Rio Grande do Sul. Graças a
essas características, a região oferece um
eclético roteiro gastronômico que engloba
diferentes tipos de carnes, massas e quei-
jos. E boa cerveja.
Mas nessa região a joia turística
tem origem distinta: é uma cidadezinha
de pouco mais de cinco mil habitantes
batizada Dreizehnlinden por seu funda-

65
dor, o então ministro da agricultura da Áustria,
Andreas Thaler, que emigrou para o Brasil com
conterrâneos para escapar da crise econômi-
ca de seu país em 1933. Em português o nome
ficou Treze Tílias, também conhecida como o
Tirol brasileiro (Tirol é uma região da Europa
Central que engloba parte da Áustria). Quem
chega à cidade pode até se imaginar em outro
país. As casas e prédios são em estilo alpino,
com campanários nos telhados, galos de ferro e
esculturas em madeira ornamentando portas e
janelas, todas com floreiras coloridas. As placas
são escritas em alemão, assim como a inscrição
no portal da cidade: Komm Bald Wieder, que
significa “volte sempre”.

Alternativas
As cidades do Vale do Contestado que com-
põem a chamada Rota da Amizade – Treze Tí-
lias, Fraiburgo, Piratuba, Videira, Tangará e Pi-
nheiro Preto – oferecem riqueza de paisagens e
culturas e também boa infraestrutura hoteleira e
gastronômica. Em Treze Tílias, a cervejaria Bier-
baum oferece a bebida na companhia de pratos
austríacos servidos em restaurante anexo. Há cer-
vejarias artesanais em outras cidades do roteiro
e em Concórdia, mais a oeste, sugerindo com-
binações gastronômicas mais à italiana, como o
churrasco, a polenta e as massas. Nessas regiões
a cerveja surge como uma alternativa ao vinho,
que é produzido em cidades como Videira e Pi-
nheiro Preto.

66
tos típicos, como o goulash, um picadi-
nho de carne picante cozido com cebola
TREZE TÍLIAS

CONCÓRDIA
e páprica, ou o famoso apfelstrudel, do-
ce de massa folhada recheado com maçã.
A Fall Bier tem fábrica e bar jun-
A cervejaria Bierbaum, fundada Cervejas Gold, Lager, Bock, Dunkel e Weiss to ao parque de exposições onde
em 2004 pelos irmãos Markus e Ricardo Helles. são realizados importantes eventos da
Bierbaum – cujo sobrenome, bastante su- cidade. Foi fundada em 2007 e tem ca-
gestivo, significa “árvore de cerveja” – uti- Chopes Pilsen, Bock, Premium, Frutado e pacidade de produção de 10 mil litros/
liza ingredientes importados e elabora a Escuro. mês. Para as localidades mais próximas,
bebida seguindo a lei da pureza alemã. tem serviço de leva e traz. No cardápio
São cinco tipos de cerveja, entre eles al- Serviço Bar da fábrica: segunda a sexta-feira, do bar, filé de tilápia, petiscos de frango
guns pouco comuns, como o chope fruta- das 08h30min às 12 horas e das 14 horas às e vários tipos de lanches.
do, com aroma de abacaxi, uma fruta que 17h30min (aos sábados e domingos abre às 10
por ser cítrica combina bem com a acidez horas). Chopes Pilsen, Escuro e Winebier (chope de
da cerveja. A Bierbaum produz entre 50 Restaurante Edelweiss: de terça a domingo a vinho) em barris.
a 60 mil litros/mês e atende diretamente partir das 18 horas.
consumidores no bar da fábrica. A cerve- Serviço Visita à fabrica: podem ser agendadas
jaria é estrategicamente localizada ao la- Endereço Rua Dr. Gaspar Coutinho, 349 de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 12
do do restaurante Edelweiss, também da Centro | Treze Tílias | (49) 3537-0531 horas e das 13 horas às 18 horas.
família Bierbaum, especializado em pra- www.bierbaum.com.br Bar: terça a sábado, das 18 horas às 23 horas.

Vista geral da Endereço Rua Vitor Sopelsa, 2.000 | Parque de


cidade de Treze Exposições | Concórdia | (49) 3425-9187
Tílias e detalhes
da cervejaria
Bierbaum, que
faz conjunto
com um
restaurante de
comida típica
austríaca

67
Chopes de outubro

Uma série de festas primeira Oktoberfest de e a maior festa alemã das Américas. Em
Santa Catarina aconteceu sua 28ª edição, em 2011, foram consumi-
étnicas espalhadas em plena fronteira com a dos 626 mil litros de chope, uma média de
pelo estado convida Argentina. Foi em 1978, pouco mais de um litro por visitante, que
na cidade de Itapiranga, no somaram 564 mil. Dentre os fornecedores
ao conhecimento Extremo-Oeste do estado, um de chope, destaque para os produtores ar-
lugar onde os descendentes de alemães tesanais Eisenbahn, Bierland, WunderBier,
de diferentes formam a maioria da população. O even- Das Bier e Schornstein. Ao todo, desde a
to tinha tudo do que eles gostavam: dan- primeira edição, a Oktoberfest de Blume-
culturas, experiências ça, folclore, comidas típicas, tiro ao alvo e nau registrou o consumo de 10 milhões
gastronômicas e chope. A exemplo da Oktoberfest realiza- de litros de chope. As atrações incluem
da desde 1810 em Munique, na Alemanha, bandinhas alemãs do Vale do Itajaí e da
celebração com cerveja mas com cerveja servida somente a par- Alemanha, grupos típicos, concursos de
tir de 1918, a primeira versão catarinense chope em metro e o bierwagen, o carro
– que perdura até hoje, mais animada do da cerveja que distribui a bebida pelas ru-
Roteiro da alegria que nunca – era uma festa de tradições as. É preciso muito fôlego para atravessar
As Festas de Outubro e as e de cerveja. Alguns anos mais tarde, em os 18 dias de festa.
cidades onde acontecem 1984, nascia a Oktoberfest de Blumenau. No embalo do sucesso da Okto-
Oktoberfest Itapiranga Sua motivação inicial foi levantar o ânimo berfest de Blumenau conformou-se um
Oktoberfest Blumenau
da população e o caixa da cidade em fun- novo calendário turístico em Santa Catari-
Fenarreco Brusque
Marejada Itajaí ção de uma grande enchente que causou na, o das festas de outubro. Boa parte de-
Schützenfest Jaraguá do Sul enormes prejuízos. Pode-se dizer que a fes- las busca resgatar tradições de imigrantes
Festa do Imigrante Timbó
ta e a cidade foram feitos um para o outro. alemães e são propícias ao consumo de
Oberlandfest Rio Negrinho
Tirolerfest Treze Tílias A Oktoberfest de Blumenau logo gastronomia típica e boa cerveja. Como
Fenaostra Florianópolis se tornou a segunda maior festa da cer- a já citada Oktoberfest de Itapiranga. É o
Heimatfest Forquilhinha veja do mundo, atrás apenas da original, caso também da Fenarreco, de Brusque,

68
Desfile de abertura da
Oktoberfest de Blumenau
(à esq.) e a Fenarreco, em Brusque

que oferece o famoso Ente mit Rotkohl, ou seja, marreco recheado


com repolho roxo, um prato para ser degustado com purê de bata-
tas, chucrute, molhos fortes e chope gelado. Já em Treze Tílias, no
Meio-Oeste do estado, as tradições austríacas é que são valoriza-
das, com muita música, dança e apresentação de grupos folclóricos.
Em Itajaí é realizada a Marejada, uma festa portuguesa especializa-
da em frutos do mar. Aproveitando a consolidação do calendário,
Florianópolis lançou a Fenaostra, valorizando sua produção de os-
tras, a maior do Brasil.
Fora desse circuito subsiste ainda a tradição dos Kerbs no
Oeste e no Meio-Oeste. O Kerb é uma festa comunitária de descen-
dentes de alemães que envolve a recepção de parentes e convidados
em casa, gastronomia e manifestações religiosas. Em alguns casos,
na saída da missa, animadas bandinhas conduzem o público para
a abertura do primeiro barril de chope na praça central da cidade.

69
70
Cerveja em harmonia

Com tantos tipos uando havia apenas um


tipo de cerveja, a Pilsen,
à disposição, as disponível para a grande
maioria dos consumidores,
possibilidades de as possibilidades de associar
combiná-la aos cerveja com comida eram um
tanto restritivas. A gelada caía
mais diferentes bem com os petiscos e aperi-
tivos de boteco, é certo, de preferência
pratos é receita carregados no sal para aumentar a sede
do freguês – segundo uma velha tática
certa para de comerciantes. Com a ampliação espe-
aumentar o prazer tacular do universo cervejeiro e a multi-
plicidade de sabores e aromas uma nova
proporcionado possibilidade, instigante e apetitosa, foi
aberta aos apreciadores. Trata-se da ideia
pela bebida de harmonização, ou a arte de combinar
cerveja com outros pratos. A prática já é
comum entre os apreciadores do vinho
no Brasil, que nos últimos anos tiveram
acesso a uma diversidade e um nível de
qualidade de bebidas jamais imaginados
até bem pouco tempo.

71
Novidade e ainda pouco difundida
no Brasil, a harmonização com cerveja Entrada italiana
é antiga na Europa, onde os produto-
res esmeram-se em desenvolver bebidas
que acompanhem pratos típicos de seus
países. Desnecessário dizer que Santa
Catarina tem todos os ingredientes para
avançar nesse terreno. A grande varie-
dade de cervejas produzidas e os traços
culturais europeus abrem as portas para
as combinações – considerando-se que
a grande maioria das receitas de cerveja
vem da Europa, onde foram criadas para
escoltar a culinária local. Apenas isso já
seria relevante para a difusão da prática
no estado, mas há mais. A culinária tí-
pica catarinense oferece um mundo de
novas possibilidades, que já começam
a ser exploradas pelas próprias cerveja-
rias que possuem bares e restaurantes,
e por alguns dos chefs mais arrojados
do estado.
Para o turismo de Santa Catarina
pode-se dizer que esta é uma oportuni-
dade de ouro. Em países como França,
Itália, Portugal e Espanha o desenvolvi-
mento da vitivinicultura – a produção de
uvas e de vinho – favoreceu o fortaleci-
mento das culinárias locais e a moderni-
zação dos negócios do turismo. O mes-
mo aconteceu a partir da cerveja nesses e
em outros países, como a Alemanha, Bél-

72
Esta entrada é composta basicamente por gica e Holanda. Ao final todos ganham,
fiambres e queijos, incluindo morcilha, porque os produtores agregam valor ao
salame e copa, e queijos variados, como o que fazem e os turistas passam a con-
parmesão e o colonial. Note-se que em todos tar com mais e melhores opções. Vários
esses ingredientes o sal é um elemento de forte
roteiros de charme se consolidaram na
presença. A Pilsen harmoniza bem porque
Europa, trazendo novas oportunidades e
refresca e abranda a tendência salgada dos
petiscos, mas há diversas possibilidades de mais prosperidade para as regiões. San-
harmonização. Uma Strong Golden Ale, por ta Catarina, que já é um estado campeão
exemplo, mas alcoólica e aromática, combina na preferência turística nacional, passa a
com os ingredientes mais encorpados. oferecer mais essa possibilidade inova-
dora aos seus visitantes.
Mas harmonização não é algo que se
entrega em um pacote turístico. Combinar
sabores é uma arte e ao mesmo tempo um
prazer, que tem muito de gosto pessoal e
de sede por experimentação. Afinal, como
dizem os melhores especialistas, o limite
Pilsen da harmonização é o prazer.
A cerveja mais consumida
no mundo é um verdadeiro
curinga das harmonizações. Combinando sabores
Leve, refrescante e de baixo teor
alcoólico, combina com entradas,
petiscos, peixes ou churrasco. Se o objetivo da harmonização é
Também é uma boa opção para o prazer de quem come e bebe, não
acompanhar saladas, devido ao existem regras tão rígidas que não pos-
amargor não excessivo. No caso
sam ser quebradas. No caso da cerveja,
de entradas à base de queijos e
embutidos, limpa o paladar das há ainda outro detalhe. As tais “regras”
gorduras e os petiscos suavizam para combinação de sabores são con-
o amargor da cerveja. Até mesmo sideradas mais democráticas do que as
sopas leves podem se harmonizar
com a Pilsen, pois a sapidez e
seguidas na harmonização com vinhos.
aromaticidade dos pratos ajudam a Há pecados clássicos do universo do
aplacar as notas amargas da cerveja. vinho, como o de combinar tintos com

73
frutos do mar. Quando se fala em cer-
veja não há interditos assim tão radicais. Entrada alemã
Mas há algumas dicas que, se seguidas,
certamente facilitarão a vida dos prin-
cipiantes, que após a iniciação nas ar-
tes da harmonização estarão aptos – e
decerto ávidos – para empreender voos
mais altos.
Eis então a consideração inicial: o
segredo é combinar os elementos de for-
ma que um realce o outro e não se so-
breponha a ele, com a cerveja apagando
o gosto de ingredientes de um prato ou
vice-versa. Por isso um bom começo é
escolher cervejas com características pa-
recidas com as do prato. Pratos suaves
pedem uma bebida leve, ligeira, nesse
caso normalmente as cervejas de baixa
fermentação, do tipo Lager. Pratos mais
estruturados, com maior quantidade de
ingredientes e feitura complexa, reivindi-
cam cervejas de corpo acentuado e maior
teor alcoólico. O amargor acentuado das
cervejas do tipo Ale, assim como a maior A Bock é uma cerveja
presença do álcool, limpa o paladar, cor- encorpada e rica em aromas
tando a gordura e o condimento de pra- de malte torrado, escura, de tom
avermelhado. Apresenta baixo amargor,
tos mais pesados.
tendendo inclusive ao doce, e geralmente
Há basicamente dois caminhos pa- possui teor alcoólico mais elevado. É utilizada para
ra a harmonização. O primeiro deles é harmonizações com carnes vermelhas, salsichões, chouriço,
o da semelhança, sucintamente descrito linguiça de porco e mostarda, além de outros elementos
presentes na culinária alemã, como o pretzel, um tipo de pão salgado
acima. O outro é o da oposição, ou con-
apresentado em forma de nó.
traste. Nesse caso, a ideia básica é procu-

74
O prato pode incluir linguiças rar na cerveja elementos que contrastem
defumadas, salsichas tenras, conservas com as notas presentes no prato, para as
de cebola e pepino, e mais mostardas
quais se deve estar bastante atento. Pa-
claras e escuras. São vários aromas
e sabores misturados, que incluem
ra harmonizar deve-se levar em conside-
salgado, defumado, ácido (conservas) ração o gosto, que remete às tendências
e mesmo notas doces das salsichas. ácida, amarga, doce e salgada, e as sensa-
A Weizenbier é capaz de aliviar os ções táteis, que referem-se à gordura, un-
marcantes sabores defumados e a tuosidade (gordura líquida) e suculência
acidez das conservas, resultado que (presença de líquidos na boca). As sensa-
pode ser obtido também com a Pilsen.
ções olfativas provêm da condimentação,
Uma combinação muito interessante
aromaticidade e persistência de sabor na
pode ser obtida com a Rauschbier, uma
cerveja feita com maltes defumados, boca. São essas sensações que permitem
cujos sabores e aromas se casam a busca de combinações por semelhança
perfeitamente com os das linguiças. ou oposição.

Algumas dicas

➥➥A comparação com o vinho pode ser útil para quem já é iniciado em harmonizações com a
bebida. Considere as cervejas Ale equivalentes aos vinhos tintos e as cervejas Lager aos
vinhos brancos.
➥➥Além de identificar bem os ingredientes de cada prato, procure detectar as características
básicas da cerveja, como sabor, aroma, cor, amargor e acidez.
➥➥Em um jantar deve-se servir primeiro as cervejas mais leves, para que não pareçam aguadas
diante das mais encorpadas.
➥➥Pratos mais leves pedem cervejas leves e vice-versa.
➥➥Pratos de leve tendência doce podem combinar com cervejas amargas.
➥➥Cervejas amargas combinam com pratos mais ácidos, pois o amargor abranda essa sensação
e limpa o paladar.
➥➥Pratos temperados ou picantes costumam combinar com cervejas de muito gás e espuma.
➥➥O gás abundante ajuda a limpar o paladar das gorduras sólidas de carnes e patês.
➥➥Sobremesas podem ser combinadas com cervejas doces.

75
Ostras in natura
Prato já perfeitamente integrado ao
cardápio típico do litoral catarinense,
as ostras oferecem um refrescante gosto
de mar. Consumi-las in natura, servidas
somente com a água interna da concha
e temperados com gotas de limão é uma
experiência imperdível. O baixo amargor
e frescor de cervejas como a Pilsen e
a Kölsh garantem uma combinação
agradável. Mas vale experimentar as ostras
acompanhadas de cervejas escuras, como
a Stout, a Porter ou a Kulmbach. É que seu
amargor se contrapõe à tendência salgada
das ostras, amenizando-a.

Stout
Tipo celebrizado pela irlandesa
Guinness e fabricado em
Santa Catarina por algumas
cervejarias, é uma bebida
escura e encorpada, com
uma contrastante espuma
clara e cremosa, de aroma
torrado e médio teor
alcoólico. Sua harmonização
com queijo parmesão é
tradicional. Ela também vai
bem com sobremesas feitas
com chocolate. No caso dos
moluscos, seu amargor contrasta
com a sapidez de ostras e
mariscos, proporcionando
combinações interessantes.

76
Risoto de frescal
O frescal é um preparo com origem nos tempos de tropeirismo, quando
o Planalto Serrano catarinense servia de passagem para os tropeiros que Pale Ale
movimentavam cargas entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Pode-se As cervejas do tipo Ale,
dizer que o frescal é um meio termo entre a carne fresca e o charque, em especial a Pale Ale, são
que é a carne seca e salgada. Os tropeiros salgavam cortes de boi e conhecidas como “cervejas
deixavam o suco escorrer por dois dias. Preparavam posteriormente a gourmet”.Tal distinção deve-se
carne na brasa. O frescal está na origem de um dos pratos a características como o corpo
mais típicos do Planalto, o arroz de carreteiro. marcante e amargor acentuado,
Com ingredientes mais sofisticados, além das notas de frutas. Vai
como arroz arbóreo e tomilho, bem com carnes vermelhas e
de caça, queijos e frituras, além
obtém-se um delicioso
de pratos condimentados. Não
risoto de frescal. Prato combina com pratos suaves.
encorpado, pede uma cerveja No caso do frescal, o amargor
igualmente encorpada para o da Pale Ale suaviza o salgado
acompanhamento, como uma característico da carne, e as
Pale Ale ou cervejas escuras. notas frutadas se harmonizam
com a aromaticidade e o sabor
do prato.

77
Galeto com polenta
O galeto (galinho) é um prato
típico italiano que deriva do antigo
hábito de caçar passarinhos para
consumi-los cozidos ou assados,
com polenta. Com a proibição da
caça, as gerações posteriores e os
colonos passaram a criar aves e
abater os galinhos ainda muito
jovens – ao “primeiro canto”, daí
o nome galeto ao primo canto,
que se tornou ícone da culinária
tradicional italiana. Acompanhado
sempre de polenta cozida, frita ou
grelhada, em preparações mais
modernas pode contar com farofa
para rechear o galeto.

78
Weizenbier Sagu
A cerveja feita com malte
de trigo é, como a Pilsen, O sagu tem origem no
refrescante e clara, ainda aipim ou mandioca,
que um pouco mais amarga produtos de tradição
e geralmente frutada e com indígena. De seu
notas de especiarias. Essa maior encontro com o vinho
complexidade sugere uma nasceu esse “mingau”
gama vasta de combinações,
fresco, aromático e
que confere personalidade, por
muito apreciado em
exemplo, a moluscos como
mariscos gratinados. Vai muito Santa Catarina, servido
bem com pratos da cozinha tradicionalmente com
alemã, frios e embutidos, creme de baunilha.
além de queijo de cabra. No Consumido inicialmente
caso do galeto, seu frescor nas colônias italianas,
combina-se perfeitamente hoje é largamente
com a leveza da carne. difundido no estado.

Lust e Malzbier
A harmonização de sobremesas com cervejas requer bebidas
doces. Uma das mais sofisticadas é a Lust, um tipo especial,
de segunda fermentação, que possui aromas frutados de
banana, abacaxi, papaia e especiarias, com final de boca doce.
A Malzbier, encorpada, tem notas tostadas de café e chocolate,
harmonizando-se bem com doces especialmente à base de
chocolate. No caso do sagu, a Malzbier se equilibra com as notas
frutadas e levemente ácidas.

79
Este livro foi impresso em papel Magno Satin, livre de cloro, produzido pelas fábricas europeias da
indústria Sappi. A polpa utilizada para sua produção é proveniente de plantações mantidas dentro dos
mais rígidos padrões de sustentabilidade. As fábricas contam com as certificações ISO 9001 e ISO
14001, além da certificação ambiental EMAS. Magno não é um papel ácido e é totalmente reciclável.

Capa: Revestimento 150 gramas com laminação fosca


Guardas: 170 gramas
Miolo: 150 gramas
SECRETARIA DE ESTADO DE
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR
Rota da Cerveja em Santa Catarina
História  Guia das cervejarias artesanais  Tipos produzidos  Combinações com pratos típicos

Um novo circuito cultural e de lazer instalou-se definitivamente em Santa


Catarina. A rota da cerveja mescla a tradição dos imigrantes europeus

Rota da Cerveja em Santa Catarina


à complexidade gastronômica e à diversão, proporcionando uma
experiência única ao turista. A cerveja aqui é tratada como um produto
cultural, que tem atrás de si uma bonita história. Ela é também um artigo
contemporâneo, sofisticado, de grande diversidade, que oferece infinitas
possibilidades de combinações com a gastronomia típica do estado. A
boa cerveja é um produto que qualifica ainda mais o estado de Santa
Catarina, há anos considerado o melhor destino turístico do Brasil.

SECRETARIA DE ESTADO DE
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR

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