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Exercicios Cronica Conto Intertextualidade Linguagem Verbal e Nao Verbal Pronomes Pessoais Indefinidos Acentuacao
Exercicios Cronica Conto Intertextualidade Linguagem Verbal e Nao Verbal Pronomes Pessoais Indefinidos Acentuacao
Natal na Barca
O narrador-personagem faz um passeio num barco sem querer lembrar por que estava naquela
barca com pessoas humildes e de forte calor humano, crentes. "Era uma mulher com uma criança, um
velho e eu." Com essas pessoas, ele aprende ou desperta coisas que até então, não imaginava que existisse
a fé.
“A caixa de fósforos escapou-me das mãos e quase resvalou para o rio. Agachei-me para
apanhá-la. Sentindo então alguns respingos no rosto, inclinei-me mais até mergulhar as pontas dos dedos
na água. - Tão gelada - estranhei, enxugando a mão.
- Mas de manhã é quente. – disse a mulher ao meu lado.
Voltei-me para a mulher que embalava a criança e me observava com um meio sorriso. Sentei-
me no banco ao seu lado. Tinha belos olhos claros, extraordinariamente brilhantes. Vi que suas roupas
puídas tinham muito caráter, revestida de uma certa dignidade."
- Seu filho? – perguntei.
- É. Está doente, vou ao especialista, o farmacêutico de Lucena achou que eu devia consultar um
médico hoje mesmo. Ainda ontem ele estava bem, mas de repente piorou. Uma febre, só febre... - Levantou
a cabeça com energia. O queixo agudo era altivo, mas o olhar tinha a expressão doce. - Só sei que Deus
não vai me abandonar."
- É o caçula?
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Professora Alessandra Lautenschlager
- É o único. O meu primeiro morreu o ano passado. Subiu o muro, estava brincado de mágico
quando de repente avisou, vou voar!?
Como não bastasse a pobreza que espiava pelos remendos da sua roupa, perdera o filhinho, o
marido, e ainda via pairar uma sombra sobre o segundo filho que ninava nos braços. E ali estava sem a
menor revolta, confiante. Intocável. Apatia? Não, não podiam ser de uma apática aqueles olhos vivíssimos
e aquelas mãos enérgicas. Inconsciência? Uma obscura irritação me fez sorrir.
- A senhora é conformada. – disse.
- Tenho fé, dona. Deus nunca me abandonou.
- Deus - repeti vagamente.
- A senhora não acredita em Deus? – ela me perguntou.
- Acredito - murmurei. E ao, ouvir o som débil da minha afirmativa, sem saber porque, pertubei-
me. Agora entendia. Aí estava o segredo daquela confiança, daquela calma. Era a tal fé que removia
montanha...
- Acordou o dorminhoco! E olha ai, deve estar agora sem nenhuma febre.
- Acordou?! – pergunta ao bebê.
Ela teve um sorriso.
- Veja...
Inclinei-me. A criança abrira os olhos - aqueles olhos que eu vira cerrados, tão definitivamente.
E bocejava, esfrengando a mãozinha na face de novo corada. Fiquei olhando sem conseguir falar.
- Então, bom Natal! - disse ela, enfiando a sacola.
Encarei-a Sob o manto preto, de pontas cruzadas e atiradas para trás, seu rosto resplandecia.
Apertei-lhe a mão vigorosa. E acompanhei-a com o olhar até que ela desapareceu na noite. Conduzido pelo
bilheteiro, o velho passou por mim reiniciando seu afetuoso diálogo com o vizinho invisível. Saí por último
da barca. Duas vezes voltei-me ainda para ver o rio. E pude imaginá-lo como seria de manhã cedo: verde e
quente. Verde e quente.
Adaptação do texto de Lygia Fagundes Telles
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Professora Alessandra Lautenschlager
VI – como nas outras narrativas, tudo é ficcional, há o narrador (que pode ser personagem ou observador) e
os personagens.
Clímax
Complicações
Desfecho
Inicial
Confito
Situação Inicial
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Professora Alessandra Lautenschlager
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d) Onde se passa a história?
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e) Qual a duração da história? Comprove.
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f) As respostas das questões “d” e “e” comprovam que o texto é um conto. Por quê?
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6. Copie as palavras em negrito do texto, colocando-as na linha e coluna que correspondem à
sua classificação correta:
Pronome Pessoal
Caso Reto Caso Oblíquo
Pessoa
1ª Pessoa do Singular
3ª Pessoa do Singular
7. Leia a crônica abaixo
A Última Crônica
Fernando Sabino
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade
estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar
com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia
apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais
digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num
flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples
espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café,
enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou
poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que
merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore
ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se
acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido
pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes
de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da
família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o
garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe
limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este
ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para
os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do
freguês.
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Professora Alessandra Lautenschlager
O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo
simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha
a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo
que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de
plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha
aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E
enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a
menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a
bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns
pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha
agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela
com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os
olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de
súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a
cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura, como esse sorriso.
Esse texto é uma crônica, os textos desse gênero são mistos; são considerados narrativas, mas também são
textos informativos, pois os fatos que relata não são fictícios, partem de um fato do cotidiano, rotineiro,
singelo, aparentemente sem importância, mas que fazem o narrador tecer uma reflexão e levar o leitor a
concluir algo sobre aquele fato. Suas principais características são:
I – o narrador é o próprio autor do texto, não é fictício, é real;
II – as personagens podem ser fictícias ou não - (dividem-se em protagonistas e secundárias);
III – o enredo é breve e não possui muitos fatos, concentrando-se em poucos locais;
IV – o fato principal é algo real, que acontece diariamente e nós não damos muita importância;
V – traz uma informação ao leitor, por meio da reflexão despertada pelos comentários do narrador-autor
em um final inesperado.
a) Quem é o narrador do texto?
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b) Onde os fatos relatados ocorrem?
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c) Qual é o fato do cotidiano que desperta a atenção do autor?
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d) Por que esse fato chama a atenção do autor?
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e) Qual a reflexão feita pelo autor-narrador? A que conclusão ele chega?
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9. Qual é a classe gramatical das palavras em negrito, no texto “A última crônica”? Copie-as nas
linhas abaixo e dê a classe gramatical de cada uma.
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10. Os dois textos têm pontos em comum. O que há de comum, semelhante, entre os dois
textos? Explique com suas palavras.
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11. Explique o que é:
a. uma palavra monossílaba: __________________________________________________________
b. um monossílabo tônico: ____________________________________________________________
c. uma palavra oxítona: ______________________________________________________________
d. uma palavra paroxítona: ___________________________________________________________
e. o encontro vocálico “ditongo”: ______________________________________________________
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Professora Alessandra Lautenschlager
Reveja, na gramática, as regras de acentuação dos monossílabos tônicos, oxítonas, paroxítonas e ditongos
abertos antes de fazer o exercício 12.
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