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Bombas Hidráulicas
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Universidade Federal de Viçosa


Reitor Carlos Sigueyuki Sediyama
Vice-Reitor Cláudio Furtado Soares
Pró-Reitor de Extensão e Cultura Geraldo Antônio de Andrade Araújo

Diretora da Editora UFV Rizele Maria de Castro Reis


Conselho Editorial Ana Maria Ferreira Barcelos,
Afonso Augusto Teixeira de Freitas
de Carvalho Lima, Antônio Alberto
da Silva, Carlos Roberto Bellato,
Cosme Damião Cruz (Presidente),
Eduardo Paulino da Costa, Luiz
Cláudio de Almeida Barbosa, Luiz
Eduardo Dias, Rizele Maria de
Castro Reis

A Editora UFV é filiada à

(Associação Brasileira de Editoras Universitárias)


3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

Bombas Hidráulicas

Wilson Denículi
Prof. Titular da UFV
Demetrius David da Silva
Prof. Adjunto da UFV
Luis César Dias Drumond
Prof. Adjunto da FAZU
Rubens Alves de Oliveira
Prof. Adjunto da UFV

Universidade Federal de Viçosa


4

2005
 by 2005 Wilson Denículi
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida sem a autorização escrita e prévia dos detentores do copyright.
Impresso no Brasil
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
Santos Bernadete Miranda dos
L768d Terapêutica e desinfecção em avicultura/ Bernadete Miranda
2003 dos Santos; Aloísio da Silva Pinto; José Eurico de Faria –
Viçosa. UFV, 2003.

71p. : il. (Cadernos didáticos, 29)

ISBN: 85-7269-155-3

1. Ave - Doenças - Tratamento. 2. Aviários – Desinfecção. 3.


Terapêutica veterinária. I. Pinto, Aloísio da Silva. II. Faria,
José Eurico. III. Universidade Federal de Viçosa.
Departamento de Veterinária. VI. Título. V. Série.
CDD 19.ed. 636.20896
CDD 20.ed. 636.20896
Capa – Arte: Rodrigo Pimentel Campos
Layout: José Roberto da Silva Lana
Revisão lingüística: Shirley
Editoração eletrônica: Lúcia Maria de Souza
Impressão e acabamento: Divisão de Gráfica Universitária da UFV
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SUMÁRIO
1 Introdução
2 Bombas Hidráulicas
3 Bombas
4 Altura Manométrica da Instalação
5 Escolha da Bomba e da Potência Necessária ao seu Funcionamento
6 Custos Mensais da Energia Elétrica
7 Peças Especiais Numa Instalação Típica de Bombeamento
8 Semelhança Entre Bombas
9 Curvas Características das Bombas
10 Curvas Características do Sistema (ou da Tubulação)
11 Estudo Conjunto das Curvas Características da Bomba e do
Sistema (ou da Tubulação)
12 Variação das Curvas Características das Bombas
13 Influência do Tempo de uso nas Curvas Características do Sistema
(ou da Tubulação) e da Bomba
14 Variação da Rotação do Rotor da Bomba, Mantendo-se o Diâmetro
Constante
15 Variação do Diâmetro do Rotor da Bomba, Mantendo-se a Rotação
Constante
16 Variação das Curvas Características das Tubulações ou dos Siste-
mas
17 Regulagem do Ponto de Operação da Bomba
18 Exercícios de Aplicação
19 Associação de Bombas
20 Cavitação - Altura de Instalação das Bombas
21 Operação com Líquidos Viscosos
22 Defeitos mais Comuns em uma Instalação de Bombeamento e suas
Causas
23 Localização de Falhas em Motor Elétrico
6

24 Referências Bibliográficas
25 Apêndices:
Apêndice A - Tabelas, Diagramas e Fluxogramas
Apêndice B - Cálculo de Diâmetros de Polias
Apêndice C - Revisão Sobre Análise Dimensional
Apêndice D - Revisão Sobre Viscosidade
7

1 INTRODUÇÃO
Máquina é a designação dada a tudo aquilo capaz de
transformar energias. A máquina pode absorver energia numa forma e
restituí-la em outra (por exemplo: o motor elétrico é uma máquina
porque absorve energia elétrica e restitui energia mecânica) ou
absorver energia em uma forma e restituí-la na mesma forma (por
exemplo: um torno mecânico absorve energia mecânica e restitui
energia mecânica). As máquinas podem ser agrupadas em máquinas
de fluido, elétricas e de ferramentas. As primeiras são capazes de
promover intercâmbio entre a energia do fluido (energia hidráulica) e
a energia mecânica; elas se classificam em máquinas hidráulicas e
térmicas. Nas máquinas hidráulicas, o fluido utilizado para promover
o intercâmbio entre a energia hidráulica e a energia mecânica não
varia sensivelmente de peso específico ao atravessá-las, sendo,
portanto, o escoamento através delas considerado como praticamente
incompressível. As bombas hidráulicas, as turbinas hidráulicas e os
ventiladores são exemplos de máquinas hidráulicas (no caso do
ventilador, o escoamento de ar pode ser tratado como incompressível,
visto que a diferença de pressão entre a entrada e a saída do ar nessa
máquina é menor ou igual a um metro de coluna de água).
As máquinas térmicas caracterizam-se por uma variação
sensível no peso específico do fluido que as atravessa. As turbinas a
vapor d´água e os compressores de ar são exemplos clássicos desses
tipos de máquinas.
As máquinas hidráulicas classificam-se em motoras (ou
motrizes) e geradoras (ou geratrizes). As motoras transformam energia
8

hidráulica (recebida do fluido) em energia mecânica e as geradoras,


energia mecânica em energia hidráulica. São exemplos de máquinas
hidráulicas motoras as turbinas hidráulicas e as rodas d´água e de
máquinas hidráulicas geradoras as bombas hidráulicas e os
ventiladores.

2 BOMBAS HIDRÁULICAS
São máquinas que recebem trabalho mecânico e o
transformam em energia hidráulica, fornecendo energia ao líquido.
A equação de Bernoulli, aplicada entre a seção de entrada
(seção 1) e a seção de saída (seção 2) de uma bomba, fornece

p1 V1 2 p V 2
+ + z1 + H m = 2 + 2 + z 2 eq.1
 2g γ 2g

p2  p1 V2 2  V12
Hm     z2  z1  eq.2
 2g

sendo:
Hm = energia fornecida ao fluido, na saída (altura manométrica da
bomba);
p2  p1
= energia de pressão ou energia estática;

V2 2  V12
= energia cinética ou dinâmica; e
2g
 z2  z1  = energia potencial.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS BOMBAS HIDRÁULICAS


9

2.1.1 Bombas Volumétricas ou Bombas de Deslocamento


Positivo
Aquelas em que o fluido recebe energia na forma de
energia de pressão. As bombas de êmbolo ou pistão e as
bombas de diafragma são exemplos das bombas volumétricas.
Diz-se que o intercâmbio de energia entre o êmbolo e o fluido
é estático. O movimento do êmbolo é alternativo.

2.1.2 Turbobombas ou Bombas Hidrodinâmicas ou Bombas


Rotodinâmicas (aqui denominado simplesmente Bombas)

Aquelas em que o fluido recebe energia na forma de


energia cinética. O órgão (rotor) fornecedor de energia ao fluido
possui movimento rotativo.

3 BOMBAS
São máquinas que fornecem energia ao fluido, através do
rotor, na forma de energia cinética.

3.1 ÓRGÃOS PRINCIPAIS DE UMA BOMBA

3.1.1 Rotor
Órgão móvel que fornece energia ao fluido. É responsável
pela formação de depressão no seu centro, para aspirar o fluido, e de
sobrepressão na periferia, para recalcá-lo (Figura 1).

3.1.2 Difusor
Canal de seção crescente no sentido do escoamento, que
recebe o fluido vindo do rotor e o encaminha a tubulação de recalque;
10

possui seção crescente no sentido do escoamento para transformar


energia cinética em energia de pressão (Figura 1).

Figura 1 - Órgãos principais de uma bomba.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS BOMBAS

3.2.1 Quanto à Trajetória do Fluido Dentro do Rotor


Esta é considerada a classificação mais importante.
a) Bombas Radiais ou Centrífugas – caracterizam-se pelo recalque de
pequenas vazões a grandes alturas. A força predominante é a
centrífuga. O fluido entra no rotor na direção axial e sai na direção
radial (Figura 2).

Figura 2 - Rotor de bomba centrífuga.


b) Bombas Axiais – caracterizam-se pelo recalque de grandes vazões,
a pequenas alturas. A força predominante é a de sustentação (são
11

projetadas de acordo com a teoria de sustentação das asas). O fluido


entra no rotor na direção axial e sai também na direção axial
(Figura 3).

Figura 3 - Rotor de bomba axial.


c) Bombas Diagonais ou de Fluxo Misto – caracterizam-se pelo recal-
que de médias vazões, a médias alturas. Nesse caso, as forças
centrífugas e de sustentação são importantes. O fluido entra no
rotor na direção axial e sai numa direção situada entre a axial e a
radial (Figura 4).

Figura 4 - Rotor de bomba diagonal.


12

3.2.2 Quanto ao Número de Entradas para Aspiração ou


Sucção
a) Bombas de Sucção Simples ou de Entrada Unilateral – a entrada do
líquido dá-se por meio de uma única boca de sucção (Figura 5).
Necessita de rolamentos de grandes dimensões para suportar a
carga (empuxo) axial sobre o eixo.

Figura 5 - Rotor de bomba de sucção simples.


b) Bombas de Dupla Sucção ou de Entrada Bilateral – a entrada do
líquido dá-se por duas bocas de sucção, paralelamente ao eixo da
bomba. Esta montagem equivale a dois rotores simples montados
em paralelo (Figura 6).
13

Figura 6 - Rotor de bomba de dupla sucção.


O rotor de dupla sucção apresenta a vantagem de proporcionar
o equilíbrio dos empuxos axiais, o que acarreta melhoria no
rendimento da bomba. Elimina a necessidade de rolamento de grandes
dimensões para suportar o empuxo axial sobre o eixo. É muito usado
nas bombas de descargas médias.

3.2.3 Quanto ao Número de Rotores Dentro da Carcaça


a) Bombas de Simples Estágio ou Unicelulares – contêm um único
rotor dentro da carcaça (Figura 8). Teoricamente, é possível
projetar uma bomba com um único estágio para qualquer situação
de altura manométrica e de vazão. As dimensões excessivas e o
baixo rendimento fazem com que os fabricantes limitem a altura
manométrica para 100 m, embora existam alguns que constroem
bombas para alturas manométricas maiores que esse limite.
b) Bombas de Múltiplos Estágios ou Multicelulares – contêm dois ou
mais rotores dentro da carcaça. São o resultado da associação em
série de rotores centrífugos ou radiais, dentro da carcaça (Figura 7).
14

Figura 7 - Rotor de bomba de múltiplos estágios.


Essa associação permite a elevação do líquido a alturas maiores do
que 100 m.

3.2.4 Quanto ao Posicionamento do Eixo


a) Bomba de Eixo Horizontal – é a concepção construtiva mais
comum (Figura 8).

Figura 8 - Bomba de eixo horizontal, sucção negativa e unicelular.


b) Bomba de Eixo Vertical – é usada na extração de água de poços
profundos (Figura 9).
15

Figura 9 - Bomba de eixo vertical.

3.2.5 Quanto à Pressão Desenvolvida


a) Bomba de baixa pressão  Hm  15 m.
b) Bomba de média pressão  15 m < Hm < 50 m.
c) Bomba de alta pressão  Hm  50 m.

3.2.6 Quanto ao Tipo de Rotor


Há três tipos de rotor: aberto, fechado e semifechado (Figura
10).

Figura 10 - Tipos de rotor: (a) aberto, (b) fechado e (c) semi fechado.
a) Rotor Aberto – usado para bombas de pequenas dimensões. É de
pouca resistência estrutural e baixo rendimento. Dificulta o
16

entupimento, podendo ser usado para bombeamento de líquidos


sujos.
b) Rotor Fechado – usado no bombeamento de líquidos limpos.
Contem discos dianteiros com as palhetas fixas a ambos os discos.
Evita a recirculação da água (retorno da água à boca de sucção),
apresentando rendimento superior ao rotor aberto.
c) Rotor Semifechado – contém apenas um disco, onde são afixadas as
palhetas. Apresenta características intermediárias em relação aos
rotores aberto e fechado.

3.2.7 Quanto à Posição do Eixo da Bomba em Relação ao


Nível da Água (N.A.)
a) Bomba de Sucção Positiva – o eixo da bomba situa-se acima do
N.A. do reservatório de sucção (Figura 11).
b) Bomba de Sucção Negativa ou Afogada – o eixo da bomba situa-se
abaixo do N.A. do reservatório de sucção (Figura 8).

4 ALTURA MANOMÉTRICA DA INSTALAÇÃO

A altura manométrica da instalação ou altura manométrica


da bomba pode ser entendida como a energia por unidade de
peso imprimida ao líquido pela bomba, originando uma
depressão à sua entrada (o que permite a sucção do líquido) e
uma sobrepressão à sua saída (o que permite a elevação do
líquido). Pode ser expressa de duas formas distintas, uma
para atender as necessidades da bomba já instalada e uma
segunda, para atender as necessidades da bomba a ser
escolhida; as duas situações são apresentadas e discutidas a
seguir.

4.1 PRIMEIRA EXPRESSÃO DA ALTURA


MANOMÉTRICA (Hm)
17

É usada para o caso da bomba em funcionamento (bomba já


instalada).
A equação de Bernoulli, aplicada nas seções de entrada (e) e
de saída (s) da bomba (Figura 11) com referência em (e), fornece:

eq. 3

da qual se obtem:

eq. 4

Figura 11 - Bomba de sucção positiva com manômetro à saída e


vacuômetro à entrada.

Pela Figura 11 tem-se:


eq. 5
18

sendo M a leitura feita no manômetro instalado à saída (s) da bomba e


V, a leitura do vacuômetro instalado à entrada da bomba.
Na equação 4, pode-se fazer
Vs  Ve ~ (por ser muito pequeno ou nulo) e
2 2
0 eq. 6
2g
zs – ze = y  0 (por ser muito pequeno ou nulo) eq. 7

Substituindo as equações 5, 6 e 7 na equação 4, tem-se


MV
Hm  , eq. 8

que permite calcular a altura manométrica da bomba já instalada.

Observação: nas bombas de sucção positiva, como na Figura 11,


a pressão efetiva à sua entrada, ponto (e), é negativa; já no caso das
bombas afogadas ou de sucção negativa, como na Figura 8, o valor da
pressão à sua entrada pode ser negativo ou positivo (geralmente
positivo). À saída da bomba, seja ela de sucção positiva ou negativa, a
pressão efetiva é sempre positiva.

4.2 SEGUNDA EXPRESSÃO DA ALTURA MANOMÉTRICA


(Hm)

É usada para o caso de bombas a serem selecionadas (fase de


projeto).

A equação da energia aplicada entre as seções (1) e (2) da


Figura 11 fornece, com referência em (1):

p1 V1 2 p V 2
+ + z1 + H m = 2 + 2 + z 2  ht 12 eq.9
 2g γ 2g

donde se deduz que:


19

p2  p1 V2 2  V12
Hm    H G  ht  01 eq.10
 2g

sendo:
v 2 2  v1 2 ~ v 2
 = perda acidental na da saída da tubulação eq. 11
 2g
Para reservatórios sujeitos à pressão atmosférica ou sujeitos a mesma
pressão, pode-se fazer:

eq. 12

Computando a equação 11 na perda de carga total (ht) e


substituindo a equação 12 na equação 10, tem-se:

Hm = HG + ht(1-2) eq. 13

A qual permite calcular a altura manométrica da bomba a ser nstalada,


para o caso de reservatórios sujeitos à pressão atmosférica ou
submetidos a mesma pressão.
Nas situações onde os reservatórios se encontram submetidos à
pressões diferentes, a parcela da equação de Bernoulli,  p2  p1  deve

ser somada ao segundo membro da equação 13, para o cálculo da
altura manométrica, o que permite secrever a equação como:

p2  p1
Hm   H G  ht  01 eq. 13 -a

5 ESCOLHA DA BOMBA E DA POTÊNCIA


NECESSÁRIA AO SEU FUNCIONAMENTO
20

Basicamente, a seleção de uma bomba para atender a uma


determinada situação de projeto é função da vazão a ser elevada (Q) e
da altura manométrica da instalação (Hm).

5.1 VAZÃO A SER ELEVADA (Q)


A vazão a ser elevada depende, essencialmente, de três
elementos: consumo diário da instalação, jornada de trabalho da
bomba e número de bombas em funcionamento (bombas em paralelo).

5.2 ALTURA MANOMÉTRICA DA INSTALAÇÃO (Hm)

O levantamento topográfico do perfil do terreno permite


determinar o desnível geométrico da instalação (HG), o comprimento
das tubulações de sucção e de recalque e o número de peças especiais
dessas tubulações. Com os comprimentos das tubulações e o número
de peças especiais, a perda de carga é facilmente calculada pelo
conhecimento dos diâmetros das tubulações de sucção e de recalque.
A altura manométrica será calculada pela equação 13, caso os
reservatórios de captação e distribuição estejam submetidos a pressão
atmosférica ou à mesma pressão; se as pressões forem diferentes,
acrescentar ao segundo membro daquela equação, a parcela
p2  p1
( ).

5.3 CÁLCULO DOS DIÂMETROS DE SUCÇÃO E DE


RECALQUE

Hidraulicamente é impossível a sua determinação porque


não se tem dados suficientes para tal. Por isso fixa-se um dado
(o mais usado é o valor da velocidade) ou se utiliza fórmula
empírica geradas a partir do conceito de custo mínimo,
envolvendo gasto com tubulações e manutenção do sistema
como energia elétrica, mão de obras, etc.
21

5.3.1 Cálculo do Diâmetro de Recalque (DR)


a) Fórmula de Bresse – é recomendada para o funcionamento contínuo
da bomba, ou seja, 24 horas/dia.
DR  K Q eq. 14
sendo:
DR em metros e Q em m3/s
K = 0,8 a 1,3 , sendo K = 1, o valor mais usado.
O valor de K da equação 14 pode ser relacionado com a velocidade do
seguinte modo:
4Q 4 DR 2 4
V   m s eq. 15
 DR  DR K
2 2 2
K2

b) Fórmula Recomendada pela Associação Brasileira de Normas


Técnicas (NB – 92/66) – é indicada para o funcionamento
intermitente ou não-contínuo da bomba (menos de 24 horas/dia).
T 0,25
D R  1,3 ( ) Q , eq. 16
24
sendo:
DR em metros e Q em m3/s;
T = jornada de trabalho da bomba, h/dia.

5.3.2 Diâmetro de Sucção (Ds)

É o diâmetro comercial imediatamente superior ao diâmetro


de recalque calculado conforme as fórmulas 14 ou 16.
Observações importantes:
a) O correto é fazer um balanço econômico do custo da tubulação de
recalque e do custo de manutenção do sistema (Figura 12). A
manutenção do sistema envolve gastos com energia elétrica (ou
combustível), lubrificantes, mão-de-obra etc.
22

Recomenda-se a análise de cinco diâmetros comerciais, sendo


o intermediário calculado pela equação 14, para k = 1.
b) Quando o diâmetro calculado pelas Equações 14 ou 16 não
coincidir com um diâmetro comercial, é procedimento usual
admitir o diâmetro comercial imediatamente superior ao calculado
para a tubulação de sucção e o imediatamente inferior ao calculado
para a tubulação de recalque.

Figura 12 - Representação gráfica dos custos envolvidos em um siste-


ma de bombeamento.
c) Além das fórmulas vistas para o cálculo dos diâmetros, pode-se
adotar ainda o critério das chamadas velocidades econômicas, cujos
limites são:
- Na tubulação de sucção => Vs < 1,5 m/s (no máximo 2,0 m/s),
- Na tubulação de recalque => VR < 2,5 m/s (no máximo 3,0 m/s).
Como valores médios, podem ser adotados:
Vs = 1,0 m/s e VR = 2,0 m/s.
Com os valores das velocidades adotados, os diâmetros são
facilmente calculados pela equação da continuidade (Q = AV), já
que se conhece a vazão, ou seja:
23

eq. 17

4 Q
DR  eq. 18
 VR

5.4 POTÊNCIA ABSORVIDA PELA BOMBA OU


POTÊNCIA NECESSÁRIA AO FUNCIONAMENTO DA
BOMBA OU POTÊNCIA MECÂNICA OU POTÊNCIA
DE EIXO (Pot)
A potência absorvida pela bomba é calculada por

 Q Hm
Pot  (cv) ou eq. 19
75 

0,735  Q H m
Pot  (kW), eq. 20
75 
sendo  o rendimento da bomba.

5.5 POTÊNCIA INSTALADA OU POTÊNCIA DO MOTOR


OU POTÊNCIA NOMINAL OU POTÊNCIA DE PLACA
(N)
O motor que aciona a bomba deverá trabalhar sempre com
uma folga (f) ou margem de segurança na sua potência, a qual evitará
que ele venha, por uma razão qualquer, operar com sobrecarga.
Portanto, recomenda-se que, para motores elétricos, a potência
instalada (N) seja acrescida de uma folga acima da potência absorvida
pela bomba (Pot), conforme especificação do Quadro 1, sem levar em
conta o fator de serviço do motor elétrico (FS) apresentado no Quadro
3.
Quadro 1 - Folga para motores elétricos
24

Potência absorvida pela Margem de segurança recomendável


bomba (Pot) para motores elétricos (f)
até 2 cv 50%
de 2 a 5 cv 30%
de 5 a 10 cv 20%
de 10 a 20 cv 15%
acima de 20 cv 10%
Como a maioria dos motores elétricos apresenta fator de
serviço (FS) maior do que a unidade, uma boa alternativa para reduzir
custos é a de subtrair esse fator obtido no Quadro 3, da folga (f) obtida
no Quadro 1. Sendo assim, a potência solicitada pela bomba (Pot)
seria acrescida apenas dessa diferença (f - FS). Nos casos em que (FS)
fosse maior ou igual a (f) não haveria necessidade do acréscimo da
potência. Cuidados especiais devem ser tomados em relação aos
fatores de serviço apresentados no Quadro 3, pois referem-se a
valores médios; o mais correto é a consulta do fator de serviço no
catálogo do fabricante.
Para motores a óleo diesel recomenda-se uma margem de
segurança de 25% e à gasolina, 50%, independentemente da potência
absorvida pela bomba (Pot).
Finalmente, para a determinação da potência instalada (N),
deve-se observar que os motores elétricos nacionais são fabricados
com as seguintes potências comerciais (ou nominais) em cv (Quadro
2):

Quadro 2 - Potências comerciais para motores elétricos (cv)


1/4 1/3 1/2 3/4 1 1 1/2 2
3 5 6 7 1/2 10 12 15
20 25 30 35 40 45 50
60 100 125 150 200 250 300

6 CUSTOS MENSAIS DA ENERGIA ELÉTRICA (C)


25

Esses custos são calculados pela seguinte pela seguinte


equação:

C = Cc + Ta + CD eq. 21
em que:
Cc = custo do consumo energético;
Ta = taxa adicional a ser paga; e
CD = custo de demanda.

a) Custo do consumo energético (Cc)


A energia mensal (E) consumida pela bomba é calculada por
E = 30 NT (kWh) eq. 22
O custo do consumo energético é, portanto,
Cc = E x preço do kWh. eq. 23

b) Taxa adicional a ser paga (Ta)


Se o valor do fator de potência da instalação (Cos Ø),
conforme Quadro 3, estiver abaixo do permitido pela companhia
fornecedora (Cos Ø1), geralmente 0,85, ter-se-á uma taxa adicional a
ser paga (Ta) calculada por:

Cos Ø1
Ta  C c (  1). eq. 24
Cos Ø

Quadro 3 - Características aproximadas para motores trifásicos


Potência nominal Fator de Rendimento Fator de Corrente com
(Hp ou cv) serviço (%) potência plena carga
(FS*) (Cos Ø) 220 v
1/4 1,35 0,58 0,72 1,15
1/3 1,35 0.64 0,73 1,35
1/2 1,25 0,69 0,75 1,85
26

3/4 1,25 0,73 0,75 2,65


1 1,25 0,75 0,78 3,30
1 1/2 1,15 0,79 0,78 4,70
2 1,15 0,80 0,80 6,00
2 1/2 1,15 0,81 0,80 7,40
3 1,15 0,81 0,80 8,80
4 1,15 0,81 0,83 11,50
5 1,15 0,81 0,83 14,50
7 1/2 1,15 0,86 0,85 20,00
10 1,15 0,86 0,85 26,00
15 1,15 0,86 0,87 39,00
20 1,15 0,86 0,87 50,00
25 1,15 0,86 0,87 65,00
30 1,15 0,86 0,87 78,00
* Valores médios conforme norma da ABTN 7094 (ano 1996).
c) Custo de demanda (CD)
É calculado levando-se em conta a corrente de partida exigida
pelo motor elétrico, a qual pode atingir um pico de até sete vezes
àquela correspondente à potência instalada. A corrente de partida é
calculada pela equação
1.000 x N x kVA / Hp
Ip  , eq. 25
3 V
em que:
IP = corrente de partida, ampères;
N = potência instalada em cv ou Hp;
V = voltagem da linha; e
kVA/Hp = potência aparente com o rotor bloqueado, por unidade de
potência nominal do motor, em função da letra de código do motor,
dada pelo Quadro 4.
Quadro 4 - Potência aparente com rotor bloqueado em função da letra
de código do motor elétrico.
27

Letra de código kVA/Hp Letra de código kVA/Hp


do motor do motor
A 0 - 3,14 L 9,00 - 9,99
B 3,15 - 3,54 M 10,00 - 11,19
C 3,55 - 3,99 N 11,20 - 12,49
D 4,00 - 4,49 P 12,50 - 13,99
E 4,50 - 4,99 R 14,00 - 15,99
F 5,00 - 5,59 S 16,00 - 17,99
G 5,60 - 6,29 T 18,00 - 19,99
H 6,30 - 7,09 U 20,00 - 22,39
J 7,10 - 7,99 V ≥ 22,40
K 8,00 - 8,99 - -

O pico da demanda (PD) é calculado pela equação:


V I p cos Ø 3
PD  (kW). eq. 26
1.000

O custo da demanda (CD) é calculado por:


CD = PD x preço do kW. eq. 27

7 PEÇAS ESPECIAIS NUMA INSTALAÇÃO TÍPICA DE


BOMBEAMENTO

Uma instalação típica de bombeamento é composta


basicamente por uma linha de sucção e uma linha de recalque,
conforme apresentado na Figura 13. Cada uma dessas linhas é
constituída por peças especiais que estão presentes na maioria
das instalações de bombeamento, a saber: Na linha de sucção:
válvula de pé e crivo, curva (geralmente de 900) e redução
excêntrica. Na linha de recalque: ampliação concêntrica,
válvula de gaveta e válvula de retenção. Cada uma dessas
peças especiais desempenha um papel importante no bom
28

funcionamento da instalação de bombeamento, conforme


descrito a seguir.

7.1 LINHA DE SUCÇÃO

7.1.1 Válvula de Pé e Crivo


Instalada na extremidade inferior da tubulação de sucção, a
válvula de pé e crivo é unidirecional, isto é, só permite a passagem do
líquido no sentido ascendente. Com o desligamento do motor de
acionamento da bomba, esta válvula mantém a carcaça (corpo da
bomba) e a tubulação de sucção cheias de líquido a ser recalcado,
impedindo o seu retorno ao reservatório de sucção ou captação.
Nessas circunstâncias, diz-se que a válvula de pé e crivo mantém a
bomba escorvada (carcaça e tubulação de sucção cheias do líquido a
ser bombeado). Outra finalidade desta válvula é a de impedir a entrada
de partículas sólidas, ou de corpos estranhos, como folhas, galhos etc.
Para evitar a formação de vórtices e entrada de ar, a válvula de pé e
crivo deve estar mergulhada a uma altura mínima (h), dada pela
equação:
h = 2,5 Ds + 0,1 eq. 28

sendo h e DS em metros.
29

Figura 13 - Instalação típica de bombeamento.

7.1.2 Curva de 90o ou outro ângulo de curvatura

Esta curva é imposta pelo traçado da linha de sucção, podendo


ser necessária ou não.

7.1.3 Redução Excêntrica

Liga o final da tubulação de sucção à entrada da bomba a qual


possui um diâmetro geralmente menor. Essa exentricidade visa evitar
30

a formação de bolsas de ar na entrada da bomba. O seu uso é


aconselhável sempre que a tubulação de sucção tiver diâmetro igual
ou superior a 100 mm.

7.2 LINHA DE RECALQUE

7.2.1 Ampliação Concêntrica

Liga a saída da bombaa, a qual possui diâmetro geralmente


menor, à tubulação de recalque.

7.2.2 Válvula de Retenção

É unidirecional e instalada na saída da bomba, geralmente


antes da válvula de gaveta. Suas funções são:
a) impedir que o peso da coluna de água na tubulação de recalque seja
sustentado pela bomba, o que poderia desalinhá-la ou provocar
vazamentos na mesma;
b) havendo uma parada acidental no funcionamento do motor e
estando a válvula de gaveta aberta, impedir que, com o defeito da
válvula de pé, haja o refluxo do líquido fazendo o rotor da bomba
girar em sentido contrário (funcionamento como turbina), o que lhe
provocaria danos; e
c) possibilitar, por meio de um dispositivo chamado “by-pass”, a
escorva da bomba.
7.2.3 Válvula de Gaveta
Geralmente é instalada após a válvula de retenção. Suas
funções são:
a) regular vazão a ser bombeada; e
b) permitir a execução de reparos na válvula de retenção.
31

Observação: como será analizado no item 9.4, uma bomba centrífuga


deve ser sempre ligada e desligada com a válvula de gaveta fechada,
devendo-se proceder de modo contrário nas bombas axiais.

8. SEMELHANÇA ENTRE BOMBAS

8.1 CONCEITOS
a) Modelo: é o objeto de estudo; pode ser reduzido, ampliado ou
inalterado.
b) Protótipo: é o objeto nas suas dimensões reais; pode constituir-se
no próprio modelo.
c) Semelhança Geométrica: haverá semelhança geométrica entre o
modelo e o protótipo quando a relação entre suas dimensões
lineares homólogas for constante, ou seja (Figura 14):

d1 b 2 d 2
   cte eq. 29
d'1 b' 2 d' 2

Figura 14 - Semelhança geométrica entre modelo e protótipo.


Os modelos podem ser classificados em: geometricamente
semelhantes, distorcidos e analógicos.
Nos modelos geometricamente semelhantes, a escala que
relaciona o modelo e o protótipo é a mesma. Nos modelos distorcidos,
32

a relação entre o modelo e o protótipo é feita através de duas ou mais


escalas. Nos modelos analógicos (ou não similares) não existe
nenhuma razão de semelhança entre o modelo e o protótipo (caso do
estudo de vibrações mecânicas utilizando circuito elétrico).
A condição de semelhança geométrica implica na igualdade entre
os coeficientes adimensionais de interesse, os quais independem do
tamanho da máquina. Essa condição permite que os dados obtidos no
modelo possam ser transportados para o protótipo, mediante a
igualdade desses coeficientes, tendo em vista que o rendimento deve
ser o mesmo entre o modelo e o protótipo. Os adimensionais de
interesse dependem da máquina a ser analizada.

8.2 ADIMENSIONAIS DE INTERESSE NAS BOMBAS


HIDRÁULICAS

Para o bom entendimento deste tópico recomenda-se


uma revisão sobre análise dimensional, apresentada de
modo sucinto no Apêndice C.
As grandezas físicas que intervêm no escoamento de um
líquido através de uma bomba são: massa específica do líquido (),
rotação do rotor (n), diâmetro externo do rotor (D), viscosidade
dinâmica do líquido(), vazão do líquido a ser bombeado (Q),
diferença de pressão entre a a saída e a entrada da bomba (p) e
potência solicitada pela bomba (Pot). As dimensões dessas grandezas
podem ser representadas, tomando-se por base as grandezas
fundamentais massa (M), comprimento (L) e tempo (T), por:
 = ML-3
n = T-1
D= L
= ML-1 T-1
Q = L3 T-1,
Pot= ML2 T-3
P= ML-1 T-2
33

p  p 2  p1  gH m , representa a diferença de pressão entre a


entrada e a saída da bomba;
O número de grandezas físicas (n), o número de dimensões (k) e o
número de termos () que estão presentes na análise do problema são:
n = 7; k = 3 e  = n - k = 7 – 3 = 4.
A base do sistema (sistema probásico), a qual coincide com o
número de dimensões (k), sendo uma de natureza geométrica, outra de
natureza cinemática e uma terceira de natureza dinâmica pode ser
representado pelas grandezas físicas = , n, D.
Os quatro termos  são calculados, de acordo com a teoria da análise
dimensional, como apresentado a seguir (ver Apêndice C):

a)  1   x1 n y1 D z1  eq. 30

Equação esta que escrita na forma dimensional pode ser


representada como (já que  1 por ser um adimensional pode ser
escrito como:  1 = M o LoT o ):
M x1  1L3 x1  z1  1
T  y1  1  M o LoT o eq.31
Igualando entre si os expoentes de M, L e T do primeiro e
segundo membros da equação 31 tem-se com o sistema de equações
formado: x1 = -1, y1 = -1 e z1 = - 2; estes valorse substituídos na
equação 30, resulta em

 1   1 n 1 D  2   eq.32
 n D2


Como   , escreve-se que, tendo em vista a relação c do

Apêndice C:
 n D2 n D2 o
1   (n de Reynolds). eq. 33
 
b)  2   x2 n y2 D z2 Pot  (ML3 ) x2 (T 1 ) y2 Lz2 ML2 T 3 eq.34
34

 2  M x 2  x 1 L3x 2  z 2  2 T  y2  3  M o Lo T o . eq.35

Considerando para 2 o mesmo procedimento usado para  1


tem-se x2 = -1, y2 = -3 e z2 = -5, que, substituídos na equação 34, dão
origem a:
Pot
1   1 n 3 D 5 Pot  (coeficiente de potência) eq. 36
 n 3 D5
c) 3   x 3 n y3 D z3  p  (ML3 ) x 3 (T 1 ) y3 (L) z3 ML1 T 2  eq.37

3  M x 3  1 L3x 3  z3  1 T  y3  2  M o Lo T o . eq. 38
Usando os mesmos procedimentos anteriores, tem-se x3 = -1,
y3 = e z3 = -2, e z3 = -2 que, substituídos na equação 37, resultam em:

p
 3   1 n 2 D 2 p  (coeficiente de pressão) eq. 39
 n 2 D2

d)  4   x4 n y4 D z4 Q  ( ML3 ) x4 (T 4 ) y4 ( L) z4 L3 T 1 eq. 40
1
 4  M x 4 L3x 4  z 4  3T  y  M o Lo T o . eq. 41

Adotando os mesmos procedimentos anteriores, tem-se: x4 = 0,


y4 = - 1 e z4 = - 3, que, substituídos na equação 40, originam:
Q
 4   o n 1 D 3 Q  (coeficiente de vazão) eq. 42
n D3

8.3 FUNCIONAMENTO DE BOMBAS SEMELHANTES


Sejam duas bombas, 1 e 2, geometricamente semelhantes,
onde o escoamento do líquido através delas se realiza no regime
francamente turbulento. Nesse caso o número de Reynolds (eq.33)
exerce um papel desprazível no escoamento e não precisa ser
considerado na análise (caso por exemplo de bombeamento de água).
35

Então, pela igualdade dos seus coeficientes adimensionais (equações


36, 39, e 42), tem-se, para um mesmo rendimento ():
3
Q1 Q2 Q1 n1  D1 
a)  ou    eq. 43
n1 D1
3
n 2 D2
3
Q2 n 2  D2 
Se o diâmetro for o mesmo (D1 = D2), como é o caso de duas
bombas iguais, tem-se:
Q1 n 1
 eq. 44
Q2 n 2
 p1  p2
b)  eq. 45
1 n 1 D1
2 2
2 n 2 2 D2 2

Sendo  p = gHm, tem-se:


p1 gH m1 p 2 gH m2
 ou
1 n1 D1
2 2
 2 n 2 D2 2

H m1 n 1 2 D1 2
( ) ( ) eq. 46
H m2 n2 D2

Se o diâmetro for o mesmo (D1 = D2), como é o caso de


bombas iguais, tem-se:
H m1 n
 ( 1 )2 eq. 47
H m2 n2

Pot 1 Pot 2
c)  ou
 1 n1 D1
3 5
 2 n 2 3 D2 5
Pot 1  1 n1 3 D1 5
 ( ) ( ) eq. 48
Pot 2  2 n 2 D2
Para um mesmo fluido, 1 = 2 e para bombas iguais, D1 = D2,
podendo-se escrever a equação anterior como:
36

Pot 1 n
 ( 1 )3 eq. 49
Pot 2 n2

As equações 44, 47 e 49 (conhecidas como equações


de Rateaux), mostram que, para bombas iguais, as vazões
são diretamente proporcionais às rotações, as alturas
manométricas são proporcionais ao quadrado das rotações e
as potências, ao cubo das rotações. Portanto, cuidados
especiais devem ser tomados quando se deseja aumentar a
rotação de uma bomba. Observar que, se, por exemplo, a
rotação for dobrada a vazão será dobrada, a altura
manométrica será quadruplicada e a potência solicitada pela
bomba será multiplicada por oito e se o motor que aciona a
bomba não tiver potência suficiente para atender a essa nova
situação, entrará em sobrecarga.
8.4 ROTAÇÃO ESPECÍFICA OU VELOCIDADE
ESPECÍFICA OU COEFICIENTE DE ROTAÇÃO
UNITÁRIA OU ROTAÇÃO ESPECÍFICA NOMINAL (ns)

A rotação específica é, por definição, a rotação na qual deverá


operar a bomba-modelo para elevar a vazão de 1m3/s à altura
manométrica de 1m, com o máximo rendimento.
A rotação específica define a geometria, ou tipo de rotor da
bomba; ela classifica as bombas quanto à trajetória das partículas do
fluido dentro do rotor.
Assim sendo, pode-se relacionar o protótipo (índice p) com o
modelo (índice m) do modo seguinte:

Protótipo Modelo
Qp = Q Qm = 1 m3/s
Hp = Hm Hm = 1 m
np = n n m = ns
37

p = máx. m = máx.
DP = = D1 Dm = D2

Utilizando as equações 43 e 46, em que o índice 1 refere-se ao


protótipo e o índice 2 ao modelo, obtêm-se
Qp n P DP 3
 ( ) e eq. 50
Qm n m Dm
H mP n P 2 DP 2
( ) ( ) , eq. 51
H mm nm Dm

Substituindo os dados do protótipo e do modelo, fornecidos


pelo quadro anterior , nas duas equações 51 e 52, obtêm-se:
Q n D1 3
 ( ) e eq. 52
1 ns D2
Hm n D
 ( )2 ( 1 )2 eq. 53
1 ns D2
Elevando a equação 52 à potência 1/3 e a equação 53 à
potência 1/2, tem-se:
n D
Q1 / 3  ( )1 / 3 1 e eq. 54
ns D2
n D1

1/ 2
Hm eq. 55
n s D2
Dividindo membro a membro as equações 54 e 55 obtém-se:
Q1 / 3 n 2 3
1/ 2
( ) eq. 56
Hm ns
Elevando ambos os membros da equação anterior à potência
 2
3 chega-se a :
38

Q 1 / 2 n H 3 / 4
  n s  n m1 / 2 , eq. 57
H m 3 / 4 ns Q
ou
Q1 / 2 n Q
ns  n 3/ 4
 3/ 4
, eq. 58
Hm Hm
em que:
n = rotação do rotor da bomba, rpm;
Q = vazão da bomba, m3/s; e
Hm = altura manométrica da bomba, m.
Duas bombas geometricamente semelhantes têm o mesmo ns,
que é um coeficiente de grande importância por ser definido em
função de grandezas físicas que se constituem dados iniciais de
projeto que são: Q, Hm e n.
A classificação das bombas segundo o ns é feita de acordo
com o Quadro 5.
Quadro 5 - Classificação das bombas de acordo com ns
Tipo de bomba Velocidade específica (ns)
Radial ou centrífuga 10 - 70
Diagonal ou mista 70 - 120
Axial 120 - 200
Observação importante: a definição de ns conforme equação
58 é válida apenas para bombas de simples sucção e um estágio. Para
um número ni de sucções e um número ne de estágios, a fórmula fica
assim escrita:
n Q / ni
ns  eq. 59
H
( m )3/ 4
ne

9 CURVAS CARACTERÍSTICAS DAS BOMBAS


39

Constituem-se numa relação entre a vazão recalcada pela


bomba com: a altura manométrica, a potência absorvida, o rendimento
(e, às vezes, a altura máxima de sucção), entre outras.
Pode-se dizer que as curvas características constituem-se no
retrato de funcionamento das bombas, nos diversos graus de abertura
da válvula de gaveta. Essas curvas se classificam em:
a) Curvas estáveis – são aquelas em que para cada altura
nonométrica, só existe ema vazão; são as curvas do tipo: flat
(inclinação muito suave), rising (inclinação suave) e steep (inclinação
muito acentuada).
Nas bombas que apresentam curvas do tipo flat, a altura manométrica
para Q = 0 (ponto de vazão nula ou shutoff point) é 10% maior que a
altura manométrica para vazão no ponto de rendimento máximo; estas
curvas são típicas dos rotores radiais.
Nas bombas que apresentam curcas do tipo rising, a altura
manométrica para Q = 0 é de 10 a 20% maior que a altura
manométrica para a vazão no ponto de máximo rendimento; estas
curvas são típicas dos rotores diagonais.
Nas bombas que apresentam curvas do tipo steep, a altura
manométrica para Q = 0 é de 40 a 50% maior que a altura
manométrica para a vazão no ponto de máximo rendimento; estas
curvas são típicas dos rotores axiais
b) Curvas instáveis - são aquelas em que, para cada altura
manométrica, existem duas ou mais vazões; quando existirem duas
vazões para cada altura manométrica, as curvas são chamadas
“drooping”.
As curvas características das bombas são obtidas nas
bancadas de ensaio dos fabricantes utilizando água limpa a
temperatura ambiente (temperatura da ordem de 18° a 20°C).
Dentre as curvas características mais comuns, para rotação constante,
pode-se destacar:
a) Altura manométrica em função da vazão, Hm = f (Q);
b) Potência solicitada pela bomba em função da vazão, Pot = f(Q), e
c) Rendimento da bomba em função da vazão,  = f(Q)
40

O aspecto dessas curvas características depende do tipo de


rotor e, conseqüentemente, da rotação específica ns, conforme pode ser
visto nas Figuras 15, 16 e 17.

9.1 BOMBAS CENTRÍFUGAS, PARA ROTAÇÃO


CONSTANTE

Figura 15 - Aspecto das curvas características das bombas centrífugas.

O aspecto das curvas Hm = f(Q) e Pot = f(Q) refere-se apenas à


região de rendimento aceitável (  40%); para rendimentos abaixo de
40%, o comportamento das curvas é diferente dos apresentados nas
figuras anteriores mas não se tem interesse prático nessas regiões de
baixo rendimento.

9.2 BOMBAS AXIAIS, PARA ROTAÇÃO CONSTANTE


41

Figura 16 - Aspectos das curvas características das bombas axiais.

9.3 BOMBAS DIAGONAIS OU MISTAS, PARA ROTAÇÃO


CONSTANTE

Figura 17 - Aspecto das curvas características das bombas diagonais.


42

9.4 ALGUMAS CONCLUSÕES TIRADAS DAS CURVAS


CARACTERÍSTICAS DAS BOMBAS CENTRÍFUGAS E
AXIAIS
a) O aspecto mais achatado das curvas de rendimento das bombas cen-
trífugas mostra que tal tipo de bomba é mais adequado onde há
necessidade de variar a vazão, podendo a mesma ser variada sem
afetar significativamente o rendimento da bomba na faixa de
melhor rendimento.
b) A potência necessária ao funcionamento das bombas centrífugas
cresce com o aumento da vazão e decresce nas axiais, portanto, as
bombas centrífugas devem ser ligadas com a válvula de gaveta
fechada, já que a potência necessária ao acionamento é mínima.
O contrário ocorre com as bombas axiais, onde com a válvula de
gaveta fechada há maior consumo de potência quando a bomba é
ligada; por isso nessas bombas, de um modo geral, não se instala
válvula de gaveta para evitar ligá-la com essa válvula fechada.
c) O crescimento da altura manométrica não causa sobrecarga no
motor das bombas centrífugas. Especial atenção deve ser dada
quando a altura manométrica diminui, pois aumenta a vazão e,
conseqüentemente, a potência exigida para o funcionamento da
bomba, o que poderá causar sobrecarga no motor, caso este não
tenha potência suficiente para atender essa nova demanda.
É muito comum o êrro de se adotar uma altura manométrica
superior à calculada e com isso dimensionar um motor para trabalhar
com “bastante folga”. Na realidade, quando instalada para atender a
essa altura manométrica adotada, a bomba irá operar a uma altura
manométrica inferior à adotada e consequentemente fornecerá uma
vazão superior à de projeto. Se a bomba selecionada for do tipo
centrífuga, causará sobrecarga no motor, como ilustrado na Figura 18.
43

Figura 18 - Conseqüência da diminuição da altura manométrica das


bombas centrífugas.

Na Figura 18, (0) representa a curva característica da bomba


que deveria ter sido adotada e (1), a curva característica da bomba
adotada em razão do aumento da altura manométrica.
O ponto de projeto que deveria ter sido adotado é: Qo, Ho e Pot0.
O ponto de projeto adotado foi: Qo, H1 e Pot1, tendo sido o motor
adquirido para atender a potência Pot1.
O ponto real de funcionamento da bomba, resultante do cruzamento
da curva característica (1) da bomba com a curva característica (T) da
tubulação, é: Q1, H2 e Pot2.
Como Pot2 > Pot1, ocorre sobrecarga no motor, já que este foi
adquirido para atender a potência Pot1. A solução para corrigir o erro
cometido é operar a válvula de gaveta, até que Q1 seja igual a Qo. Isto
faz com que H2 tenda a H1 e Pot2 tenda a Pot1, aliviando, dessa forma,
a sobrecarga no motor.
d) O contrário do que foi discutido no item anterior (item c) ocorre no
caso de bombas axiais em razão do comportamento da curva
característic, Pot = f(Q), conforme pode ser constatado na Figura
16.
44

10 CURVAS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA OU DA


TUBULAÇÃO

Quando a tubulação é constituída de diâmetro único, é


usual falar-se em curva característica da tubulação; quando a
tubulação for composta por mais de um diâmetro, é usual
falar-se em curva característica do sistema. Algumas análises
serão feitas conforme apresentado a seguir.

10.1 TUBULAÇÃO ÚNICA (CURVA TÍPICA)


a) Desnível geométrico positivo (HG > 0)
Este é o caso da instalação mostrada na Figura 11. A segunda
expressão da altura manométrica fornece, para o caso de reservatórios
abertos para a atmosfera ou sujeitos à mesma pressão:

Hm = HG + ht, eq.13
sendo
ht = hf + ha eq. 60
onde:
hf = perda de carga contínua; e
ha = perda de carga acidental.
As perdas de carga acidentais podem ser incluídas nas perdas
de carga contínuas, desde que se use o método dos comprimentos
equivalentes, onde as peças especiais como válvulas, curvas etc, são
transformadas, para efeito de cálculo, em comprimentos equivalentes
de canalização. Então, usando a equação de Darcy-Weisbach, pode-se
escrever a equação 60 como:
Le 16 Q 2
ht  f  K Q2 , eq. 61
D  2g D
2 4

em que:
45

Le = comprimento real da canalização (L) mais o comprimento


equivalente correspondente às peças especiais tabeladas conforme
Quadros 1A e 2A do Apêndice A.
16 f Le 8 f Le
K  2 eq. 62
 2 g D  g D5
2 5

sendo K uma característica do sistema ou da tubulação e f o


coeficiente de atrito obtido das Figuras 1A, 2A, 3A, 4A e 5A do
Apêndice A.
Se o cálculo da perda de carga for feito com a equação de
Hazen-Williams, tem-se
4Q
V = 0,355 C D0, 63 J0,54 ou = 0,355 C D0,63 J0,54 eq. 63
D 2

de onde se obtêm:
4Q
J( )1,852 , eq. 64
0,355 C D 2,63

4Q
h t  J Le  Le( )1,852 e eq. 65
0,355 C D 2,63
4
h t  Le ( )1,852 Q1.852  K' Q1.852 , eq. 66
0,355 C D 2,63

sendo:
4
K'  Le ( )1,852 e eq. 67
0,355 C D 2,63

C = coeficiente de Hazen-Williams (Quadro 4A do Apêndice A).


As considerações anteriores permitem escrever a equção 13
como:
Hm = HG + K Q2 eq. 68
utilizando a equação de Darcy-Weisbach, ou
Hm = HG + K’ Q1,852 eq. 69
utilizando a equação de Hazen-Williams.
46

Quando representadas graficamente, as equações 68 e 69 tem


o aspecto da Figura 19 para HG > 0:

Figura 19 - Representação da curva característica da tabulação (curva


típica), para HG > 0 e HG = 0.

b) Desnível geométrico nulo (HG = 0)


Este é o caso em que os reservatório de captação e
distribuição encontram-se no mesmo nível e submetidos a mesma
pressão. Neste caso a transferência do líquido de um reservatório
para outro só se dá por meio de bombeamento. As equações
representativas das curvas características das tubulações são as
mesmas utilizadas para desnível geométrico maior que zero
(equações 68 e 69), fazendo-se HG = 0, naquelas equações. Sua
representação gráfica encontra-se na Figura 19.

10.2 TUBULAÇÕES EM SÉRIE

Considere-se a Figura 20
47

Figura 20 - Tubulações de recalque associadas em série.

A fórmula para cálculo da altura manométrica é a mesma usada


no caso de tubulação única, ou seja:

Hm = HG + ht eq. 13
Sendo:
h t  h t1  h t 2  h t 3 , eq. 70
em que:
h t1 = perda de carga total no trecho L1;

h t 2 = perda de carga total no trecho L2; e

h t 3 = perda de carga total no trecho L3.


Como a vazão que atravessa as três tubulações é a
mesma, pode-se escrever que, usando a fórmula de Darcy-
Weisbach (ou fórmula universal):
16 f Le1
ht1  2 Q 2  K1 Q 2 eq. 71
 2 g D15
16 f Le2
ht2  Q2  K2 Q2 eq. 72
 2 g D2
2 5
48

16 f Le3
ht3  Q 2  K3 Q 2 eq. 73
 2 2 g D35
Substituindo as equações 71, 72 e 73 na equação 70, obtém-se:
ht = K1Q2 + K2Q2 + K3Q2 = (K1 + K2 + K3) Q2 eq. 74

Substituindo a equação 74 na equação 13, a altura


manométrica é calculada por:
Hm = HG + (K1 + K2 + K3) Q2. eq. 75
Caso fosse usada a fórmula de Hazen-Williams, o cálculo da
altura manométrica seria feito por:
H m  HG  ( K1'  K2'  K3' ) Q1,852 eq. 76
e cada valor de K’, calculado por:
4
K'  Le ( )1,852 eq. 67
0,355 C D 2,63

A curva característica do sistema de tubulações tem o aspecto


apresentado na Figura 21.
49

Figura 21 - Representação da curva característica do sistema de tubu-


lações associadas em série.

10.3 TUBULAÇÕES EM PARALELO


A curva característica pode ser determinada mediante dois
processos.

10.3.1 Primeiro Processo

Para efeito de cálculo, as duas tubulações em paralelo, da


Figura 22, podem ser transformadas em uma única equivalente de
comprimento Le , diâmetro D e vazão Q.

Figura 22 - Tubulações de recalque associadas em paralelo.


Assim, usando o conceito de condutos equivalentes, chega-se à
seguinte equação para o cálculo da tubulação de diâmetro D e vazão Q
,equivalente à tubulação em paralelo:
50

n
D m  D1 
m m
D2 
 n n eq. 77
Le  Le1 Le 2 
 
em que m = 5 e n = 2, quando se trabalha com a fórmula de Darcy-
Weisbach (ou fórmula universal), e m = 4,87 e n = 1,85, quando se
trabalha com a fórmula de Hazen-Williams.
A fórmula para o cálculo da perda de carga total é expressa
como:
Le
ht  K * m
Qn eq. 78
D
L
Substituindo ( em ) na equação 78 tendo em vista a equação 77,
D
chega-se a:
n
 Dm Dm
ht  K  n 1  n 2  Q n
*
eq. 79
 Le L 
 1 es 
Finalmente, a altura manométrica (Hm) pode ser calculada por:
n
 Dm D2 n 
H m  HG  K  n 1 
*
n  Qn eq. 80
 Le Le 2 
 1 
em que:
16 f 8f
K*   2 eq. 81
 2g  g
2

quando se usa a fórmula de Darcy-Weisbach (ou fórmula universal), e


4
K*  ( )1,852 eq. 82
0,355  C
quando se usa a fórmula de Hazen-Williams.
A representação da curva característica do sistema de
tubulações para esse processo tem o mesmo aspecto apresentado na
Figura 21.
51

10.3.2 Segundo Processo


A curva característica de cada tubulação é traçada
separadamente, conforme descrito no item 10.1, para o caso de
tubulação única. A curva característica do sistema é obtida conforme a
Figura 23, apresentada a seguir, ou seja, pela soma gráfica das curvas
características das tubulações (1) e (2).

Figura 23 - Método gráfico para a obtenção da curva característica do


sistema (S) de tubulações associadas em paralelo.
Os pontos para o traçado da curva (S) são obtidos conforme
mostrado na Figura 23. Para a obtenção do ponto P, por exemplo,
traçou-se uma linha paralela ao eixo das vazões; em seguida somou-se
o comprimento B (representativo da vazão que escoa pela tubulação 1)
com o comprimento A (representativo da vazão da tubulação que
escoa pela tubulação 2).

10.4 TUBULAÇÃO DE RECALQUE COM MÚLTIPLAS SAÍ-


DAS (DISTRIBUIÇÃO EM MARCHA)
Considere-se a Figura 24, em que parte da vazão de montante
(QM) se distribue uniformemente ao longo da tubulação de recalque
(QD), chegando (ou não) ao reservatório de distribuição uma vazão de
jusante (QJ). Na Figura 24 define-se que:
52

qm = vazão unitária (vazão que se distribui uniformemente ao longo


da tubulação);
QM = vazão a montante; e
QJ = vazão a jusante.

Figura 24 - Tubulação de recalque com múltiplas saídas ao longo do


seu comprimento.

Dois casos serão analizados: vazão de jusante diferente de zero


(QJ  0) e vazão de jusante nula (QJ = 0).

10.4.1 Vazão a Jusante Diferente de Zero (QJ  0)


Considerado o método das vazões fictícias (Qf), em que Qf
supostamente percorre toda a tubulação e é causadora da mesma perda
de carga que vazão existente na situação real (que varia a cada metro
de tubulação) e, a vazão unitária (qm) distribuída em cada metro linear
de tubo, cujo comprimento total é L, chaga-se a uma fórmula geral
que permite calcular Qf e, conseqüentemente, a perda de carga na
53

tubulação com múltiplas saídas, usando qualquer uma das fórmulas


recomendadas para o cálculo da perda de carga contínua em
tubulações virgens (fórmula universal, fórmula de Hazem Williams,
etc.).
Assim sendo, quando se considera a fórmula universal (ou de
Darcy-Weisbach), pode ser demonstrado de modo bastante simples
que:
Q  QJ
Qf  M  Q M  0,5 q m L eq. 83
2
O cálculo da perde de carga total (ht) para essas tubulaç~es pode ser
feito com as equações:

ht = K Qf2 (fórmula de Darcy-Weisbach) eq. 84


ht = K’ Qf1,852 (fórmula de Hazen-Williams) eq. 85

sendo K e K’ calculados pelas equações 62 e 67, respectivamente.


Dependendo da fórmula de perda de carga usada a altura
manométrica pode ser escrita da seguinte forma:
Hm = HG + K Qf2 e eq. 86
Hm = HG + K’ Qf 1,852
eq. 87

O aspecto da curva característica da tubulação com distribuição em


marcha comparada com aquela para tubulação virgem (item 10.1) é:
54

Figura 25 - Representação da curva característica de uma tubulação


virgem e uma tubulação com distribuição em marcha
para QJ  0.
Observa-se que a curva característica para a tubulação com
distribuição em marcha desloca-se de 0,5 qm L em relação à curva
traçada considerando a tubulação virgem.

10.4.2 Vazão a Jusante Nula (QJ = 0)


Nesse caso toda a vazão de jusante se distribui ao longo da
tubulação de recalque, podendo ser demonstrado que:
1
Qf  QM eq. 88
3
quando se considerar a fórmula universal para essa demonstração.
Isso permite escrever para a altura manométrica que:
K 2
H m  HG  QM (fórmula de Darcy-Weisbach) eq. 89
3
ou
K ' 1,852
H m  HG  QM (fórmula de Hazen-Williams) eq. 90
3
55

A curva característica, para o caso, tem o aspecto da Figura 26,


onde a defasagem entre as curvas para a tubulação virgem e com
distribuição em marcha, a partir da origem, é igual a 0,42 QM.

Figura 26 - Representação da curva característica de uma tubulação


virgem e uma tubulação com distribuição em marcha
para QJ = 0.
Ainda no que se refere à distribuição em marcha, com QJ = 0,
pode-se trabalhar com o coeficiente (F) de Christiansen, o qual é
função do número de saídas. Para isso, basta calcular a perda de carga
contínua com a vazão a montante (QM) e, em seguida, multiplicar o
resultado por um fator de correção (F), obtendo-se a perda de carga
com distribuição em marcha. O fator de correção (F) encontra-se no
Quadro 5A do Apêndice A.

10.5 RESERVATÓRIOS DE DISTRIBUIÇÃO SITUADOS


EM COTAS DIFERENTES
Quando existir mais de um reservatório de distribuição e eles
se situarem em cotas diferentes, traça-se, separadamente, a curva
característica de cada tubulação respeitando-se o desnível geométrico
de cada reservatório. A curva características do sistema é obtida
somando-se as vazões, para uma mesma altura manométrica, de
acordo com a Figura 27.
56

Figura 27 - Reservatórios de distribuição situados em cotas diferentes.


Para vazões da bomba até Q1, somente o reservatório R1 será
abastecido. Para vazões maiores que Q1, os reservatórios R1 e R2 serão
abastecidos sob a mesma altura manométrica.

10.6 SISTEMAS POR GRAVIDADE (DESNÍVEL


GEOMÉTRICO MENOR QUE ZERO)
Para essa análise considere-se a Figura 28, onde o reservatório
de distribuição (R2) acha-se situado em cota inferior ao reservatório de
captação (R1).

Figura 28 - Instalação por gravidade.


57

Nesse tipo de instalação, a localização da bomba em relação aos


reservatórios não é fator limitante; cuidados especiais devem ser
tomados com relação à cavitação da bomba.
A altura manométrica é calculada por:

Hm = K Q2 - HG (fórmula de Darcy-Weisbach ou universal) eq. 91

Hm = K’ Q1,852 - HG (fórmula de Hanzen-Williams). eq. 92

Sendo K e K’calculados pelas equações 62 e 67, respectivamente.


A curva característica da tubulação tem o aspecto da Figura 29,
onde a vazão Qo é obtida às custas do desnível geométrico HG. Vazões
maiores que Qo são obtidas quando se usa a bomba para aumentar a
altura manométrica.

Figura 29 - Curva característica de uma instalação por gravidade.

11 ESTUDO CONJUNTO DAS CURVAS


CARACTERÍSTICAS DA BOMBA E DO SISTEMA (OU
DA TUBULAÇÃO)

A Figura 30 mostra a curva característica da bomba associada


à curva característica do sistema (ou da tubulação).
A interseção das duas curvas define o ponto de trabalho ou o
ponto de operação da bomba, ou seja: para a vazão de projeto (Q0) da
bomba, a altura manométrica da bomba é igual àquela exigida pelo
sistema (H0). Nesta Figura, Po define o ponto de trabalho da bomba,
com a válvula de gaveta totalmente aberta, e P1 o ponto de
funcionamento da bomba com a válvula de gaveta parcialmente
aberta.
58

Figura 30 - Associação da curva característica da bomba e do sistema


ou da tubulação, para válvula de gaveta totalmente aberta (1) e
parcialmente aberta (2).
No caso de reservatórios situados em cotas diferentes (Figura
31), tem-se para a curva do sistema (curva MNAP):

Figura 31 - Associação da curva característica da bomba com a do


sistema, para reservatórios situados em cotas diferentes.
59

O ponto de funcionamento da bomba é A (Qo , Ho). Para a


mesma altura manométrica (Ho) a vazão que passa pela tubulação de
diâmetro D1 é Q1 e pela tubulação de diâmetro D2 é Q2. Se for
interrompido o escoamento pela tubulação D1, o ponto de
funcionamento da bomba será C(Q '2 , H '2 ) . Se for interrompido o
escoamento pela tubulação D2, o ponto de funcionamento será
B(Q1' , H1' ) .

12 VARIAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DAS


BOMBAS

Nos itens 10 e 11 foi discutido como obter as curvas


características das bombas e das tubulações. Neste item será
visto como modificar as curvas características das bombas para
atender certas necessidades de projeto.
As curvas características das bombas podem variar:
a) Com o tempo de uso da bomba.
b) Com a variação da rotação do rotor da bomba (para um mesmo
diâmetro do rotor).
c) Com a variação do diâmetro do rotor da bomba (para uma mesma
rotação do rotor).
Observação: Os recursos (b) e (c) são muito utilizados na prática
(diminuição no valor da rotação ou no valor do diâmetro), para
evitar sobrecarga no motor; estes recursos podem ser usados pelo
técnico ou pelo fabricante de bombas.
d) Com a variação do diâmetro e da rotação do rotor ao mesmo tempo.
Esta operação é mais complicada e deve ser evitada pelo
técnico.
e) Com a variação da forma do rotor.
Esta operação compete apenas ao fabricante de bombas. Os
rotores mais largos e com pás mais retas fornecem curvas mais
achatadas, do tipo flat (Figura 32), podendo a vazão ser
modificada sem que seja alterada, significativamente, a altura
60

manométrica. Os rotores mais estreitos e com pás mais


inclinadas fornecem curvas mais inclinadas, do tipo rising
(Figura 33), em que a vazão é modificada às custas de uma
grande variação na altura manométrica.

Figura 32 – Aspecto da curva característica para rotores mais largos e


com pás mais retas.

Figura 33 - Aspecto da curva característica para rotores mais estreitos


e com pás mais inclinadas.

f) Variando-se o número de pás dos rotores.


Também é uma operação que compete ao fabricante. Maior número
de pás levam as curvas mais achatadas (tipo flat) e menor número
de pás, a curvas mais inclinadas (tipo rising).
61

As bombas com curvas mais achatadas se prestam melhor a


associação em série e as mais inclinadas, à associação em paralelo
como será discutido posteriormente no item 19.

13 INFLUÊNCIA DO TEMPO DE USO NAS CURVAS


CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA (OU DA TUBULAÇÃO)
E DA BOMBA
O desgaste e a corrosão da bomba, causados pelo tempo de
uso, provocam queda no seu rendimento. Além disso, o tempo de uso
também afeta a curva característica do sistema, (devido ao aumento da
perda de carga), tornando essa curva mais inclinada. A Figura 32
mostra a influência do tempo de uso da bomba (B) e sistema (S) onde
as linhas cheias referem às condições “novas” e as linhas tracejadas às
condições “usadas”.

Figura 34 - Influência do tempo nas curvas características da bomba


(B) e do sistema (S).

14 VARIAÇÃO DA ROTAÇÃO DO ROTOR DA BOMBA,


MANTENDO-SE O DIÂMETRO CONSTANTE
Esta operação é indicada para qualquer tipo de bomba,
seja ela centrífuga, axial ou diagonal. Nesta análise, o diâmetro
do rotor é mantido constante e o rendimento deve ser o mesmo para
ambas as rotações (a rotação conhecida e a rotação a ser calculada).
62

As equações a serem utilizadas (mantendo-se constantes o


diâmetro e o rendimento) são:
Q1 n 1
 eq. 44
Q2 n 2
H m1 n1 2
( ) eq. 47
H m2 n2
Pot1 n
 ( 1 )3 eq. 49
Pot2 n2
As equações anteriores foram originadas da semelhança geométrica de
bombas conforme discutido no item 8.3; elas são recomendadas, na
prática, para uma variação na rotação do rotor da bomba da ordem de
25 a 30% no máximo, para que o rendimento seja considerado
aproximadamente o mesmo para as duas rotações (rotação conhecida,
e rotação a ser calculada) tendo-se em vista que o perigo de cavitação
cresce com o aumento da rotação como será visto no item 20.
A variação na rotação do rotor poderá ser conseguida:
a) variando-se a a aceleração do motor de acionamrnto da bomba por
meio de uma alavanca, no caso de motores à combustão interna
(diesel e gasolina);
b) com um variador mecânico de rotações intercalado entre o motor e
a bomba, para caso de motor elétrico; e
c) por meio de polias e correias planas e em “V”.
No caso da variação na rotação por meio de polias e correias
planas, o cálculo do diâmetro das polias pode ser feito como
apresentado na Figura 35.
63

Figura 35 - Acoplamento motor-bomba, por meio de polia e correia.

As velocidades periféricas (V1 e V2) das polias da bomba e do


motor podem ser calculadas, respectivamente, por:

W1 d1 W2 d 2
V1  e V2  eq.93
2 2

em que:
W1 = velocidade angular da polia da bomba; e
d1 = diâmetro da polia da bomba.
W2 = velocidade angular da polia do motor; e
d2 = diâmetro da polia do motor.
As velocidades angulares relacionam-se com as rotações de
acordo com as equações:

W1 = 2  n1 (rd/min) e W2 = 2  n2 (rd/min eq. 94

sendo n1 a rotação da polia da bomba e n2 a rotação da polia do motor.


Já que V1 = V2, após substituir as equações 94 nas equações 92,
obtém-se:

n1d1 = n2d2 eq. 95

Para o caso de correias em “V”, o cálculo dos diâmetros das polias da


bomba e do motor pode ser feito conforme Apêndice B.
Como os pontos pertencentes às curvas de mesmo rendimento
(curvas de isoeficiência) obedecem às equações 44, 47 e 49,
combinando as duas primeiras obtem-se:
64

H m1 Q1 2 Hm Hm
( ) ou 21  22  cte. eq. 96
H m2 Q2 Q1 Q2

A equação 96, chamada de parábola de isoeficiência ou


isorendimento, é usada para a obtenção de pontos homólogos (pontos
de mesmo rendimento) quando se analisam as curvas características
das bombas.

15 VARIAÇÃO DO DIÂMETRO DO ROTOR DA


BOMBA, MANTENDO-SE A ROTAÇÃO CONSTANTE
Esta peração que consiste na usinagem (raspagem) do rotor da
bomba até um valor correspondente a 20%, no máximo, do seu
diâmetro original sem afetar sensivelmente o seu rendimento; é mais
indicada para bombas centrífugas, já que as faces do rotor dessas
bombas são praticamente paralelas o que mantem o rendimento do
rotor usinado aproximadamente igual ao rendimento do rotor original.
Não é recomendada para bombas diagonais ou axiais. As equações,
(mantendo-se constantes a rotação e o rendimento), que relacionam as
vazões com os diâmetros, obtidas experimentalmente são:
a) Segundo Louis Bergeron e outros:

Q1 D
 ( 1 )2 eq. 97
Q2 D2

b) Segundo J. Karassik;

Q1 D 1
 eq. 98
Q2 D2
65

A fim de admitir que a relação entre as vazões varia diretamente


com a relação entre os diâmetros, Stepanoff introduz a seguinte
correção na equação 98 de J. Karassik:

Quadro 6 - Correção de Stepanoff para equação de J. Karassik

Relação calculada
D1 D2  Q1 Q2 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85 0,90 0,95

Relação necessária
D1 D2 0,71 0,73 0,78 0,83 0,87 0,915 0,955

Se, por exemplo, D2 for igual a 200 mm e a relação calculada


(D1/D2) igual a 0,80, o Quadro 6 fornecerá, para a relação necessária:
D1 D2  0,83  D1  166 mm (diâmetro do rotor usinado).
A equação, também de cunho experimental, que relaciona as
potências com os diâmetros é:

Pot1 D
 ( 1 )3 eq. 99
Pot2 D2

Observações:

a) O corte no rotor da bomba afasta a hipótese de semelhança


geométrica entre o rotor original e o usinado. Daí o fato de as
equações 97, 98 e 99 (obtidas experimentalmente) não terem
obedecido às equações originadas da lei de semelhança geométrica,
discutidas no item 8.3.
b) O traçado da parábola de isoficiência para a obtenção de pontos
homólogos também obedece à equação 96.
66

16 VARIAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DAS


TUBULAÇÕES OU DOS SISTEMAS

Esta é uma operação muito usada para variar o ponto de


funcionamento da bomba; a análise é feita considerando-se
as equações 13, 62,67,68,e 69 apresenatadas no item 10, ou
seja:
Hm = HG + ht(1-2) eq. 13

16 f Le 8 f Le
K  2 eq. 62
 2 g D  g D5
2 5

4
K'  Le ( )1,852 eq. 67
0,355 C D 2,63

Hm = H G + K Q2 eq. 68

Hm = HG + K’ Q1,852 eq. 69

Considerando as equações 13, 68, e 69 observa-se que a


variação de qualquer uma das parcelas do segundo membro dessas
equações provocará mudança na curva característica da tubulação,
mudando, conseqüentemente, o ponto de funcionamento da bomba.
As análises feitas a seguir consideram a variação de um dos
termos dessas equações, mantendo-se os outros constantes.

16.1 VARIAÇÃO DA ALTURA GEOMÉTRICA DA BOMBA


(HG )

Este é um caso típico da instalação mostrada na Figura 36, em


que à medida que o bombeamento se processa a altura geométrica
aumenta, com o aumento da altura de sucção devido a passagem do
67

nível (1) para o nível (2). Como só há mudança no nível da água do


reservatório de captação e nenhuma mudança nas características
tubulação (mudança no diâmetro, no comprimento, na abertura da
válvula de gaveta etc.), a curva (2) será paralela à curva (1), com
defasagem de H G'  H G . Nesse caso não há necessidade do uso das
equções 13, 68 ou 69 para o traçado da curva (2); basta traçá-la
paralelamente à curva (1) com a defasagem entre os desníveis
geométricos.

O ponto de funcionamento da bomba desloca-se de A para B


diminuindo a vazão bombeada.

Figura 36 - Variação da curva do sistema (e do ponto de operação), provocada pela


variação da altura geométrica da instalação

Uma análise inversa também pode ser feita, considerando-se a


passagem do nível (2) para o nível (1), como no caso, por exemplo, do
enchimento do reservatório de captação por ocasião de fortes chuvas.
Nesse caso devem ser tomados cuidados especiais em se tratando de
bombas centrífugas (o que geralmente ocorre); como a vazão bomeada
cresce em razão do decréscimo da altura manométrica (aqui o ponto
de funcionamento da bomba desloca-se de B para A), a potência
solicitada pela bomba e o perigo de cavitação aumentam.
68

16.2 VARIAÇÃO DA PERDA DE CARGA (ht)


Esta variação pode ser provocada, entre outros fatores, por:
a) fechamento ou abertura da válvula de gaveta;
b) variação no comprimento das tubulações; e
c) variação no diâmetro das tubulações.

Dentre as variações citadas, o fechamento ou a abertura da


válvula de gaveta é a operação mais usada na prática, como mostra a
Figura 37.

Figura 37 - Variação da curva característica do sistema (e do ponto de


operação) provocada pelo fechamento da válvula de
gaveta.

Na Figura 37, é mostrado que, quando a válvula de gaveta é


fechada parcialmente, o ponto de funcionamento desloca-se de P para P’.
Com o fechamento parcial desta válvula aumenta-se o valor de K ou
K’ (característica do sistema), devido ao aumento do comprimento
equivalente (Le), provocando um aumento na perda de carga acidental
(veja equações 62 e 67).

17 REGULAGEM DO PONTO DE OPERAÇÃO DA


BOMBA
69

É o conjunto de operações capaz de mudar o ponto de


operação da bomba.
Dentre as medidas mais usadas destacam-se:
a) variação da curva característica da bomba;
b) variação da curva característica do sistema; e
c) variação simultânea da curva característica da bomba e do sistema.

17.1 VARIAÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA DA BOMBA


Mantida constante a curva característica do sistema, a curva
característica da bomba poderá ser mudada conforme discutido no
item 13, ou seja, variando a rotação do rotor para um mesmo
diâmetro, ou variando o diâmetro do rotor para uma mesma rotação,
ou, ainda, variando ambos (o diâmetro e a rotação).
A Figura 38 elucida a questão.

Figura 38 - Variação da curva característica da bomba, mantida a cur-


va característica do sistema.

A curva característica da bomba passou de B para B’, pela


usinagem do rotor ou pela diminuição da rotação do rotor da bomba;
com isso o ponto de funcionamento passou de P para P’, provocando
um decréscimo na vazão e um acréscimo na altura manométrica.
70

17.2 VARIAÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA DO


SISTEMA OU TUBULAÇÃO
Mantida constante a curva característica da bomba, a curva
característica do sistema poderá ser mudada conforme discutido no
item 12, ou seja, variando a altura geométrica da bomba (HG), ou a
perda de carga da instalação (ht), ou ambas. Para a análise, deve-se
considerar a Figura 39.

Figura 39 - Variação da curva característica do sistema, mantida a


curva característica da bomba.
A curva característica do sistema passou de S para S’,
devido ao fechamento da válvula de gaveta, sendo a altura
geométrica constante. Com isso o ponto de funcionamento passou
de P para P’, provocando um decréscimo da vazão e um acréscimo
na altura manométrica.

17.3 VARIAÇÃO SIMULTÂNEA DA CURVA


CARACTERÍSTICA DA BOMBA E DA TUBULAÇÃO
71

Combinação que leva do ponto P ao ponto P’ de


funcionamento, conforme mostra a Figura 40, onde as curvas
características iniciais eram a curva B da bomba e a S da tubulação. O
ponto P’ foi obtido com aumento da rotação da bomba associado ao
fechamento parcial da válvula da gaveta o que provocou uma queda na
vazão e um aumento na altura manométrica da bomba.

Figura 40 - Variação simultânea da curva característica da bomba e do


sistema.

18 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Exercício A
A Figura 41 mostra o esquema de uma instalação de
bombeamento, que tem por finalidade abastecer um canal de
distribuição de água para fins de irrigação.
72

Figura 41 - Esquema de uma instalação de bombeamento


Os dados conhecidos são:
- comprimento da tubulação de recalque (Lr) = 600 m;
- comprimento da tubulação de sucção (Ls) = 15 m;
- vazão necessária Q = 110 m3/h = 30  /s = 0,030 m3/s;
- tempo de funcionamento do conjunto moto bomba, por dia: T = 18
h/dia;
- material a ser usado: tubos de ferro fundidos novos (C = 130
conforme Quadro 4A do Apêndice A);
- custo do consumo de energia no meio rural (estimativa em outubro
de 2005) = R$0,61/kWh;
- custo da demanda de energia no meio rural (estimativa em outubro
de 2005) = R$40,67/kW;
- altura geométrica de sucção (HS) = 4 m; e
- altura geométrica de recalque (HR) = 42,30 m.
Com essas informações, pedem-se:
a) diâmetros das tubulações de recalque e sucção da bomba;
b) altura manométrica da instalação;
c) escolha da bomba adequada no catálogo do fabricante;
d) potência do motor elétrico; e
e) gasto mensal com energia elétrica.

Solução:
73

a) Cálculo dos diâmetros das tubulações de recalque e sucção

Como o funcionamento do conjunto moto bomba é


intermitente (18 h/dia), usar-se-á a equação 16, ou seja:

T 0,25 18
D  1,3 ( ) Q  1,3 ( ) 0,25 0,030 
24 24

D = 0,209 m (diâmetro não-comercial para ferro fundido).

Usando o critério de adotar o diâmetro comercial


imediatamente inferior e o imediatamente superior, para compor os
diâmetros de recalque e sucção, respectivamente, têm-se:
DR = 200 mm (diâmetro comercial imediatamente inferior ao calcula-
do para ferro fundido); e
DS = 250 mm (diâmetro comercial imediatamente superior ao
calculado para ferro fundido).
As velocidades nas tubulações de recalque (VR) e sucção (VS)
para os diâmetros anteriores podem ser calculadas como:
4Q 4 x 0,30
VR    1,00 m / s (valor dentro do limite
 DR 2
3,14 x 0,2002
recomendado) e
4Q 4 x 0,30
VS    0,61 m / s (valor dentro do limite
 DS 2
3,14 x 0,2502
recomendado).

b) Cálculo da altura manométrica da instalação (Hm)

Como os diâmetros das tubulações de sucção e recalque são


diferentes, calcular-se-ão a altura manométrica de sucção (H mS ) e a
altura manométrica de recalque (H mR ) , separadamente. A altura
74

manométrica da instalação (Hm) será obtida pela soma dessas duas


alturas manométricas (H mS  H mS  H mR ) .
Para o cálculo da perda de carga acidental será usado o
método dos diâmetros equivalentes (Quadro 3ª do Apêndice 1) e para
o cálculo da perda de carga contínua, a fórmula de Hazen-Williams.

- Altura manométrica de sucção (DS = 250 mm)


 tubos retos 15,00 m
 1 redução excêntrica (6 x 0,250) 1,50 m
 1 cotovelo de 90o (45 x 0,250) 11,25 m
 1 válvula de pé e crivo (250 x 0,250) 62,50 m
LeS ------------------------- 90,25 m
sendo
VS  0,355 C DS0,63 J S0,54
têm-se
VS 0,61
JS  ( )1,852  ( )1,852
0,355 C D S0,63 0,355 x 130 x 0,2500,63

h  0,00167 m / m;
hS = JS LeS = 0,00167 x 90, 25 = 0,15 m (perda de carga na sucção); e
H mS  H G  h S  4  0,15  4,15 m (altura manométrica de sucção).

- Altura manométrica de recalque (DR = 200 mm)


 tubos retos..............................................600 m
 1 ampliação gradual (12 x 0,200)............2,4 m
 1 válvula de gaveta aberta (8 x 0,200).....1,6 m
 2 cotovelos de 90o (2 x 45 x 0,200)........18,0 m
 2 cotovelos de 45o (2 x 20 x 0,200)..........8,0 m
 1 válvula de retenção (100 x 0,200)....... 20,0 m
LeR.................................650 m
75

VR 1
JR  ( )1,852  )1,852 
0,355 C D 0R,63 0,63
0,355 x 130 x 0,200
JR = 0,00541 m/m.
hR = JR LeR = 0,00541 x 650 = 3,52 m (perda de carga no recalque).
H m R = HR + hR = 42,30 + 3,52 
H m R = 45,82 m (altura manométrica de recalque).

A altura manométrica da instalação (Hm) é, portanto:


Hm = H mS  H mR  4,15  45,82  49,97 m 
Hm = 50 m.
c) Escolha da bomba no catálogo do fabricante
Para o exercício será usado o catálogo das bombas MARK. De
maneira análoga faz-se a escolha, em catálogos de outros fabricantes,
em função da vazão a ser bombeada e da altura manométrica da
instalação. Para o caso, têm-se:
Q = 110 m3/h = 0,030 m3/s = 30 1/s e
Hm = 50 m.
Introduzindo o par de valores (Q; Hm) nos diagramas de
cobertura hidráulica, Figura 42, verifica-se que duas bombas
monoestágio satisfazem ao problema, ou seja:
- modelo DO, operando a 1.750 rpm; e
- modelo modelo DY, operando a 3.500 rpm.
Com as curvas características dos dois modelos de bombas
selecionados (Figuras 43 e 44), obtêm-se os dados seguintes para Q =
110 m3/h e Hm = 50 m:
- Modelo DO:
n = 1.750 rpm;
D = 340 mm (diâmetro do rotor); e
 = 73,5% (rendimento da bomba).
- Modelo DY:
n = 3.500 rpm;
76

D = 179 mm (diâmetro do roter); e


 = 75,5% (rendimento da bomba).
A aquisição de uma das bombas depende de alguns fatores
como: rendimento, perigo de cavitação, preço, disponibilidade no
comércio etc. Optando pelo fator rendimento, a bomba a ser adquirida
é a de modelo DY. Sendo assim, os dados a serem fornecidos ao
vendedor para a aquisição da bomba são:
- bomba: MARK;
- modelo: DY;
- rotação: 3.500 rpm; e
- diâmetro do rotor: 179 mm.
77
78

Figura 43 - Curvas características do modelo DO operando a 1750


rpm.
79

Figura 44 - Curvas características do modelo DY, operando a 3500


rpm.
80

Observação: o ponto de projeto Q = 110 m3/h e Hm = 50 m


não coincidiu, como acontece na maioria dos casos, com a curva
característica da bomba (ver Figuras 43 e 44). No modelo DO, o ponto
caiu entre as curvas D = 321 mm e D = 340 mm; no modelo DY, o
ponto situou-se entre D = 165 mm e D = 179 mm. A escolha da
bomba para esses casos é feita considerando-se sempre a curva
característica situada acima e mais próxima do ponto de projeto. Esse
critério garante uma bomba capaz de atender a uma vazão e a uma
altura manométrica acima do ponto de projeto, ao passo que uma
alternativa contrária levaria a uma bomba com capacidade insuficiente
para atender ao ponto de projeto. Cuidados especiais devem ser
tomados em releção a escolha do motor de acionamento da bomba,
assunto este discutido no tópico seguinte.

d) Potência do motor elétrico (N)


Como observado anteriormente, o ponto de projeto não
coincidiu com a curva característica da bomba (situou-se entre D =
165mm e D = 179mm). Assim, duas opções se apresentam, o que terá
influência no cálculo da potência do motor:
d.1) adotar a bomba cuja curva característica se situe imediatamente
acima do ponto de projeto; ou
d.2) adotar o ponto de projeto inicial (no caso, Q = 110m3/h e Hm
=50m) obtendo a curva característica da bomba que passa por esse
ponto. Esta opção pode ser conseguida variando-se a rotação do
rotor da bomba (mantendo-se o diâmetro constante) ou variando-se
o diâmetro do rotor da bomba (mantendo-se a rotação constante).
Qualquer que seja a opção escolhida terá influência na
potência exigida pela bomba e, conseqüentemente, na potência do
motor a ser adquirido. As duas opções serão discutidas a seguir.
81

d.1) adotar a bomba cuja curva característica se situe


imediatamente acima do ponto de projeto
Para este caso, um novo ponto de projeto, conseqüência do
cruzamento da curva característica da tubulação com a curva
característica da bomba (curva esta correspondente à D = 179 mm)
deverá ser obtido. A curva característica da tubulação é descrita pela
equação de Hazen-Williams, ou seja:

Hm = HG + K’Q1, 852 eq. 69

em que:
HG = HS + HR = 46,30 mm.

A característica da tubulação (K’) poderá ser calculada


substituindo-se, na equação 69, os valores conhecidos do problema, ou
seja:
HG = 46,30 m;
Q = 110 m3/h; e
Hm = 50 m.

Com isso, tem-se:


50 = 46,30 + K’ (110)1,852 
K’ = 0,000613 (constante).

O cálculo de K’ também pode ser feito com a equação 67,


3
lembrando que, neste caso, Q deve ser usado em m /s e Hm em
metros.
Retornando-se com os valores de HG e K’ (constantes no caso)
na equação 69, encontra-se a equação que descreve a curva
característica particular da tubulação, ou seja:

Hm = 46,30 + 0,000613 Q1,852 eq. 101


sendo Hm em metros e Q em m3/h.
82

Atribuindo, na equação 101, alguns valores a Q e calculando


Hm , preenche-se o Quadro 7:

Quadro 7 – Alguns valores de Q e Hm que satisfazem à equação 101


Q(m3/h) 0 80 100 120 140 160
Hm(m) 46,30 48,35 49,50 50,65 52,80 53,70

Os dados do Quadro 7, levados às curvas características da


bomba modelo DY, permitem obter, na interseção da curva
característica da tubulação com a curva característica da bomba D =
179mm ou CY 15, o novo ponto de projeto, que é (veja Figura 44):
Q = 140 m3/h = 0,0389 m3/s;
Hm = 52 m; e
 = 80%.
A potência consumida pela bomba, para o novo ponto de
projeto, é:

- Sem considerar o fator de serviço (FS) do motor:


 Q H m 1.000 x 0,0389 x 52
Pot    33,7 cv.
75  75 x 0,80
A potência do motor, levando-se em conta o Quadro 1 é: (f =
10%), é:
N = 1,10 x 33,7 = 37 cv.
O motor elétrico comercial que atende ao caso é de 40 cv, de
acordo com o Quadro 2:

- Levando em conta o fator de serviço do motor:


FS = 1,15 para Pot = 33,7 cv (Quadro 3). Como FS >f não há
necessidade de correção da potência exigida pela bomba, devendo-
se adquirir um motor com potência comercial de 35 cv ( Quadro 2).
83

Observações:

 Cálculos da potência da bomba e da potência do motor, se o ponto


de projeto inicial (Q = 110m3 /h e Hm= 50m) tivesse sido considerado:

1000 x 110 x 50
Pot   27 cv (bomba) e
75 x 0,755 x 3.600

N = 1,10 x 27 = 29,7 cv (motor), sem levar-se em conta o fator de


serviço do motor, e

N = 27 cv, considerando o fator de serviço do motor.

Portanto, de acordo com o Quadro 2, escolher-se-ia o motor


comercial de 30 cv (levando-se ou não em conta o fator de serviço do
motor), potência essa insuficiente para atender ao novo ponto de
projeto (Q = 140 m3/h, Hm = 52 m;  = 80% e Pot = 33,7cv), o que
fatalmente provocaria sobrecarga no motor.

 Sendo de interesse do técnico, a vazão inicial (Q = 110 m3/h) poderá ser


obtida fechando-se a válvula de gaveta, até que a altura manométrica
seja de 55 m (veja curva característica da bomba modelo DY 15, e D =
179 mm na Figura 44). Obviamente, a mudança da vazão com a
manobra da válvula de gaveta provoca perda de carga acidental,
mudando para a esquerda a curva característica da tubulação, que se
torna mais inclinada. O valor da altura manométrica (no caso, Hm =
15m conforme Figura 40) poderá ser controlado com o auxílio da
equação 8. Notar que essa operação não causa sobrecarga no motor
já que a potência solicitada pela bomba (com os dados Q = 110
m3/h; Hm = 55m e  = 75% ) cai para 29,9 cv. O valor da vazão (110
m3/h, no caso) também poderá ser obtido mediante a instalação de
um medidor de vazão, na tubulação de recalque, o que é mais
aconselhável.
84

d.2) adotar o ponto de projeto inicial e obter a curva característica


da bomba que passa por esse ponto

Neste caso dois recursos são muito utilizados na prática: variar a


rotação do rotor da bomba (mantendo o diâmetro constante) ou variar
o diâmetro do rotor da bomba (mantendo a rotação constante). Esses
dois casos são discutidos a seguir.

a) Variando a rotação do rotor da bomba e mantendo o diâmetro


constante.
Aqui, o diâmetro e o rendimento deverão ser mantidos
constantes. As equações empregadas (conhecidas como equações de
Rateaux) são:
Q1 n 1
 eq. 44
Q2 n 2
H1 n
 ( 1 )2 eq. 47
H2 n2
H1 H2
2
 = cte eq. 96
Q1 Q22
Nas equações anteriores, o índice 1 refere-se aos valores
iniciais de projeto (ponto P1 de funcionamento conhecido) e o índice 2
aos valores procurados (ponto P2).
Esta é a operação mais recomendável para aqueles casos em
que o acoplamento da bomba com o motor se faz por meio de polias e
correias ou também naqueles casos em que se faz a regulagem da
rotação por meio de alavanca como é o caso de motores a combustão
interna (motores a diesel ou a gasolina).

O ponto (P1) no qual a bomba deverá operar (ponto inicial de


projeto) é:
H1 = 50 m
Q1 = 110 m3/h
1 = 75,5%
85

D1 = 179 mm
n1 = ? (dado desconhecido)
Observação: A rotação (n1) do rotor é o dado que falta para a bomba
operar com o ponto inicial de projeto.

O ponto homólogo (ponto de mesmo rendimento) ao anterior


(P2) , utilizando a curva característica DY 15 e D = 179mm (Figura
44), é
H2 = ? (dado desconhecido)
Q2 = ? (dado desconhecido)
2 = 1 = 75,5%
D2 = D1 = 179mm
n2 = 3.500 rpm (tirado do catálogo do fabricante, Figura 44)

Substituindo os valores de Q1 e H1, na Equação 96, ob tem-se:

H 2  0,00413 Q2 2 eq. 102


3
sendo Q2 em m /h e H2 em metros.

Com a equação 102, constrói-se o Quadro 8.

Quadro 8 - Alguns valores de Q2 e H2 que satisfazem à equação 102.


Q2(m3/h) 110 115 120 140 160
H2(m) 50,00 54,62 59,47 80,95 105,73

Os valores do Quadro 8, levados à curva característica da


bomba modelo DY, permitem traçar a curva de mesmo rendimento
(veja Figura 44). Na interseção da curva de mesmo rendimento com a
curva característica da bomba, cujo diâmetro do rotor é 179 mm,
encontra-se o ponto P2 homólogo a P1, ou seja:
H2 = 54,6 m; Q2 = 115 m3/h; e n2 = 3.500 rpm.
86

Utilizando a equação 44 para o cálculo da nova rotação (n1),


obtém-se:
Q1 n1 Q 110
  n1  n 2 1  n1  3500  n1  3.348 rpm.
Q2 n 2 Q2 115
A nova rotação n1 também poderia ter sido calculada com o
uso da equação 47, ou seja:
2
H1  n1 
2
50  n1 
      n1  3348rpm
H1  n2  54, 6  3500 

Desejando-se obter a rotação por meio de polias e correias


planas, tem-se, pela equação 95, a relação dos diâmetros de polias, ou
seja:
d n d 3500 d1
n 1 d1  n 2 d 2  1  2  1    1,045.
d 2 n1 d 2 3348 d 2
Fixando, por exemplo, o diâmetro da polia do motor d2 = 100
mm, o diâmetro da polia da bomba seria d1 = 104,5 mm.
Desejando-se obter a rotação por meio de polias e correias em
“V”, a relação entre os diâmetros das polias do motor e da bomba
seria, considerando N = 30 cv e correia tipo “C”, onde h = 12 mm (ver
Apêndice B):

n2  d 2  h  3500  d 2  12 
d1  h  12
n1 3348
d1  1,045d2  0,545 (mm)
Fixando o diâmetro externo da polia do motor d2 = 100 mm, o
diâmetro externo da polia da bomba seria;
d1  1,045x100  0,545  104mm
A capacidade de cada correia, onde c = 0,0074 (Apêndice B) para
correia”C”, seria:
87

NV   cn2 d2  8, 45cv / correia


Como o motor tem 30cv, deverão ser usadas 30/8,45 = 3,55, ou seja: 4
correias em “V” tipo “C”.
A potência necessária ao motor elétrico, para o ponto de
projeto H1 = 50 m, Q1 = 110 m3/h, 1 = 75,5% e n1 = 3.348 rpm, é,
sem levar em conta o fator de serviço do motor (FS):
1000 x 110 x 50
Pot   27 cv (bomba)
75 x 0,755 x 3600
Considerando o Quadro 1, tem-se que f =10% e, portanto:
N = 1,10 x 27 = 29,7 cv.
O motor comercial que satisfaz é o de 30 cv (Quadro 2).
Quando seleva em conta o fator de serviço do motor, a
potência se calcula como:
f = 10% (Quadro 1) e FS = 1,15 (Quadro 3). Como FS >f não há
necessidade de correção na potência exigida pela bomba (no caso, 27
cv); então o motor comercial a ser adquirido é de 30cv, como
anteriormente calculado.

Sendo de interesse, a curva característica da bomba para a nova


rotação (n1 = 3348 rpm) poderá ser traçada com o auxílio das equações
44 e 47, ou seja:
Q1 n
 1 eq.44
Q2 n2
2
H 1  n1 
  , eq. 47
H 2  n 2 
Sendo assim, tem-se:
Q1 3348
  Q1  0,9566Q2 eq.103
Q2 3500
H1 3348 2
( )  H 1  0,9150 H 2 eq. 104
H2 3500
88

Alguns valores de Q2 e H2 são tirados da curva característica


da bomba, cujo diâmetro do rotor vale 179 mm (Figura 44). Com
esses valores elabora-se o Quadro 9.
Quadro 9 - Valores tirados da Figura 44 para o rotor de 179 mm
Q2(m3/h) 60 100 140 180 200
H2(m) 56,5 55,5 52,0 44,8 38,0

De posse desse quadro, calculam-se Q1 e H1 com o auxílio das


equações 103 e 104, preenchendo-se o Quadro 10.

Quadro 10 - Valores de Q1 e H1 calculados com o auxílio das equa-


ções 103 e 104
3
Q1(m /h) 57,4 95,7 134,0 172,2 191,3
H1(m) 51,7 50,8 47,6 41,0 34,8

O Quadro 10 permite traçar a curva característica procurada


para n1 = 3348rpm, conforme apresentado na Figura 44.

d.2.2) Variando o diâmetro do rotor da bomba e mantendo a


rotação constante.
Neste caso, a rotação e o rendimento da bomba são mantidos
constantes e as equações 96 e 98 (ou 97) são as utilizadas, ou seja:
H1 H2
2
 2
 cte eq. 96
Q1 Q2
Q1 D1
 eq. 98
Q2 D2
O ponto (P1) em que a bomba deverá operar, mantendo-se
constante a rotação, é:
H1 = 50 m
Q1 = 110 m3/h
n1 =3.500 rpm
1 = 75,5%
89

D1 = (dado desconhecido)
O ponto P2, homólogo a P1, é obtido pelo traçado da curva de
mesmo rendimento (equação 96). Essa curva já foi traçada quando se
considerou a opção de variar da rotação do rotor.
Conseqüentemente, o ponto P2 (Figura 44) é:
H2 = 54,6 m
Q2 = 115 m3/h
2 = 1 = 75,5%
n2 = n1 = 3.500 rpm
D2 = 179 mm
Levando os dados conhecidos à equação 98, tem-se:
Q1 D1 110
 
Q2 D2 115
D1 110
 = 0,9565
D 2 115
Usando o Quadro 6, de Stepanoff, verifica-se que não há necessidade
de correção na relação D1/ D2. Daí, obtem-se que:
D1
= 0,9565 D1 = 0,9565 x 179 = 171 mm
D2
A usinagem (U) do rotor, para atender as necessidades de projeto, será
de:
D 2  D1 179  171
U   4 mm
2 2
A potência necessária ao motor comercial, para o diâmetro do
rotor (D1 = 171 mm) e o ponto de projeto (Q1 = 110 m3/h, H1 = 50 m,
n1 = 3.500 rpm e 1 = 75,5%) é a mesma que foi calculada quando
variou-se a rotação do rotor ( n1 = 3348rpm), ou seja: N = 30 cv.
Havendo interesse, a curva característica da bomba com o
novo diâmetro do rotor (D1 = 171 mm) poderá ser traçada com o uso
das equações:
90

Q1 D1
 eq.98
Q2 D2
e
2
H1  D1 
  , sendo essa última, resultante da combinação das
H 2  D2 
equações 96 e 98. Daí têm-se:

Q1
= 0,9565  Q1 = 0,9565 Q2
Q2
H1
= 0,9565  H1 = 0,9149 H2
H2
Os procedimentos para o traçado da curva característica com o
auxílio das duas últimas equações são análogos ao que foi feito
quando se analisou a variação da rotação para a composição dos
Quadros 9 e 10.

e) Gasto mensal com energia elétrica (C)

Este gasto será calculado considerando-se os seguintes dados:


N = 40 cv = 29,4 kW (potência instalada);
T = 18 h/dia;
V = 220 volts;
Cos Ø1 = 0,85 (fator de potência exigido pela concessionária)
Letra código do motor = D (lido na placa do motor).

e.1) Custo do consumo (CC)

E = 30 NT = 30 x 29,4 x 18 = 15.876 kWh.


CC = E x preço do kWh = 0,61 = R$9.648,36.
91

e.2) Taxa adicional (Ta)

Cos Ø 1
Ta  C C (  1)
Cos Ø
Cos Ø = 0,87 (Quadro 3)
Como Cos Ø > Cos Ø1, não há taxa adicional a ser paga.

e.3) Custo da demanda (CD)

kVA/HP = 4,49 (Quadro 4)


1000 x N x kVA/H P 1000 x 40 x 4,49
IP    471,33A
V 3 220 3

V I P Cos Ø 3 220 x 471,33x 0,87 x 3


PD    156,25kW
1000 1000
CD = PD x preço do kW = 156,25 x 40,67 = R$6.534,69

e.4) Gasto mensal (C)

C = CC + Ta + CD = 9.648,36 + 0 + 6.354,69 = R$16.039,05 


C = R$ 16.039,05

Exercício B
Uma bomba de sucção positiva aspira água de um reservatório
submetido à pressão atmosférica e alimenta uma caldeira com uma
vazão de 36 m3 /h. Um vacuômetro (V) e um manômetro (M)
instalados, respectivamente à entada e à saída da bomba e tendo seus
mostradores nivelados acusam as seguintes medidas: V = 5 mca e M =
45 mca.
Sabendo que a pressão absoluta na caldeira é de 3 kgf/cm2 e o desnível
geométrico da instalação de bombeamento é de 21 m, pede-se calcular
92

a nova pressão na caldeira ao se dobrar a rotação da bomba. Para o


cálculo, considerar que o rendimento da bomba se mantem constante.

Solução:
p2 ab 3x104 kgf m2
  30mca (pressão absoluta na caldeira)
 1000 kgf m3
p1
= 0 (pressão efetiva no reservatório de captação)

A relação entre a pressão absoluta ( p2 ab  ) e a pressão efetiva
( p2  ) pode ser escrita como:

p2 ab p2 patm
 
  
p2
30   10

p2
= 20 mca (pressão efetiva na caldeira)

H m  45  (5)  50mca eq. 8
p2  p1
Hm   H G  ht  01 eq. 13 - a

50   20  0   21  ht  01
8f L 2
ht  01  Q  KQ 2 (fórmula universal)
 gD
2 5

8f L
Sendo K
 2 g D5
93

(10 x 10-3)2 K = 9

K = 90 000 (para Q em m3/s)

Ao se dobrar a rotação da bomba (n2 = 2n1), para rendimento


constante, a vazão e a altura manométrica resultantes dessa nova
rotação podem ser calculadas pelas equações 44 e 47 de Rateaux, ou
seja:

Q1 n1
 eq.44
Q2 n2
10 n1
  Q2  20 s
Q2 2n1

2
H1  n1 
  eq..47
H 2  n2 
2
50  n1 
   H m2  200m
H m2  2n1 

Nestas condições a nova pressão na caldeira ( p '2  ) será calculada


pela equação 13 a, ou seja:

p '2  p1
H m2   H G  h't  01 eq. 13-a

p2  0
 21  9 104   20.103 
2
200 

p '2
 143mca (pressão efetiva na caldeira)

94

p '2
 143  10  153mca (pressão absoluta na caldeira)

19 ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS

19.1 INTRODUÇÃO

As curvas características apresentadas nos catálogos dos


fabricantes referem-se apenas a bombas operando isoladamente; daí a
necessidade do estudo para a obtenção das curvas características de
uma associação de bombas.
Razões de naturezas diversas levam à necessidade de associar
bombas. Dentre elas, podem-se citar:
a) inexistência, no mercado, de bombas que possam, isoladamente,
atender à vazão de demanda;
b) aumento da demanda com o decorrer do tempo.
c) inexistência, no mercado, de bombas que possam, isoladamente,
atender à altura manométrica de projeto; e
As associações podem ser feitas em paralelo, em série e mistas
(série - paralelo).
As razões (a) e (b) requerem a associação em paralelo e a
razão (c), em série. As razões (a), (b) e (c), em conjunto, requerem a
associação mista.

19.2 ASSOCIAÇÃO EM PARALELO


95

Essa associação é muito usada em sistemas de distribuição de


água urbana e de industrial.
Uma bomba de dupla sucção é um caso particular de
associação em paralelo (possui dois rotores em paralelo), onde as
vazões se somam, para uma mesma altura manométrica.
Para a obtenção da curva característica das bombas associadas
em paralelo, as vazões somam-se para a mesma altura manométrica.
A interseção entre a curva característica da associação em
paralelo e a curva característica do sistema indica o ponto de trabalho
da associação de bombas em paralelo.
Seja o esquema de uma associação em paralelo (Figura 45).

Figura 45 - Esquema de instalação de duas bombas associadas em pa


ralelo.
96

As curvas características das bombas B1 e B2 então


apresentadas na Figura 46, bem como a curva característica do sistema
(S) e da associação das bombas (B1 + B2) em paralelo. Nesta figura,,
P1 e P2 são os pontos de trabalho das bombas B1 e B2, funcionando
isoladamente, e P3, o ponto de trabalho da associação em paralelo.
A Figura 46 permite tirar as seguintes conclusões válidas para
a associação em paralelo:
a) Se as duas bombas funcionassem isoladamente, a vazão de cada
uma seria Q1 e Q2 sendo a soma dessas vazões (Q1 + Q2 ), maior
do que a vazão Q3 da associação em paralelo (Q1 + Q2 > Q3); esta
diferença de vazão será tanto mais acentuada quanto mais
inclinada for a curva característica do sistema ou quanto mais
achatadas forem as curvas características das bombas. Por isso,
associar sempre que possível bombas com curvas características
mais inclinadas (tipo rising ou steep) e ou usar tubulações de
maiores diâmetros que levam a curvas características mais
achatadas.
Associar mais de três bombas em paralelo resulta em pequena
vazão da associação quando comparada à soma das vazões das
três bombas operando isoladamente.
b) Na associação em paralelo, a vazão de cada bomba é obtida proje-
tando-se, horizontalmente, o ponto P3, até encontrar a curva
característica de cada bomba, sendo a vazão da bomba B1 igual a
Q1 e a vazão da bomba B2 igual a Q2.
97

Figura 46 - Associação de duas bombas em paralelo.

c) Na situação em que a curva característica do sistema coincidir


com P4 ou ficar à sua esquerda, a bomba (B1) não conseguirá
atingir a altura manométrica da associação em paralelo. Sendo
assim, a bomba (B2) fornecerá toda a vazão. Nesse caso, não
tem sentido a associação em paralelo, pois ocorrerá um
sobreaquecimento da bomba (B1), a qual não conseguirá
atingir a altura manométrica (situação perigosa). Pra evitar
essa situação, selecionar bombas de tal modo que a altura
manométrica da associação nunca ultrapasse a altura
manométrica de uma delas para o ponto de vazão nula.

d) Atenção especial deve ser dada à bomba quando operando


isoladamente. No caso de bombas centrífugas, a vazão de cada
uma operando isoladamente é maior do que aquela quando
operando na associação (Q1 > QI e Q2 > QII ), o que provoca
um acréscimo de potência solicitado pela bomba (ver Figura
15). Faz-se necessário, portanto, dimensionar o motor para
98

atender a situação onde as bombas operam isoladamente. Para


o caso de bombas axiais a situação se inverte no
dimensionamento do motor, tendo em vista que a curva de
potência é decrescente com a vazão (ver Figura 16); assim
dimensionar o motor para a vazão da bomba na associação
que é a situação de maior demanda.

e) Associar em paralelo preferencialmente, bombas iguais para


não haver interferência da de maior capacidade naquela de
menor capacidade .

f) Não associar bomba tipo “drooping” em paralelo, mesmo


sendo iguais por serem bombas instáveis, isto é, fornecerem
duas ou mais vazões para uma mesma altura manométrica

19.3 ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE


Para o traçado da curva característica das bombas associadas
em série, as alturas manométricas somam-se para uma mesma vazão.
Na Figura 47, é mostrado o esquema da instalação de duas
bombas associadas em série, com as respectivas curvas características.

(a) (b)
99

Figura 47 - Associação de duas bombas em série: (a) esquema; (b)


curvas características.
A bomba de múltiplos estágios, onde os rotores se encontram
dentro de uma mesma carcaça, é um caso típico de associação em
série.
Na associação em série, deve-se ter o cuidado de verificar se a
flange de sucção e a carcaça a partir da segunda bomba suportam as
pressões desenvolvidas que são grandes e vão se somando a partir da
primeira bomba (bomba B1, no caso da Figura 47).
As curvas características das bombas B1 e B2 estão
apresentadas na Figura 47(b), assim como a curva característica do
sistema (S) e da associação das bombas (B1 + B2) em série.
Na Figura 47(b), Po é o ponto de trabalho da bomba B2
funcionando isoladamente e P1 , o ponto de trabalho da associação em
série.
Se a bomba B2 for desligada, a bomba B1 não conseguirá
vencer a altura manométrica (a curva característica do sistema situa-se
acima da curva da bomba B1) e haverá recirculação e
sobreaquecimento do líquido (situação perigosa).
Na associação em série, a altura manométrica de cada bomba
é obtida projetando-se, verticalmente, o ponto P, até encontrar a curva
característica de cada bomba. Assim, a altura manométrica da bomba
B1 (na associação) é H1 e da bomba B2 (na associação) é H2.
A associação de bombas em série deve ser feita,
preferencialmente, com bombas iguais e curvas características mais
achatadas (tipo flat); evitar a asssociação de bombas tipo “drooping”,
mesmo elas sendo iguais.
Na associação em série de bombas centrífugas, a potência do
motor deve ser calculada levando-se em conta a vazão de cada bomba
na associação. Não se deve associar bombas axiais em série.

19.4 ASSOCIAÇÃO MISTA (SÉRIE-PARALELO)


Esta associação é utilizada para atender situações de grandes
vazões e grandes alturas manométricas.
100

A curva característica da associação mista é obtida somando-


se a curva característica da associação em paralelo com a da
associação em série. A Figura 48 esclarece melhor a técnica da
obtenção da curva característica da associação mista o que é feito
seguindo os passos:
.

Figura 48 - Associação mista (série-paralelo).


a) Traçado da curva característica (A + A) em paralelo: soma-se
(duplica-se no caso tendo em vista que as bombas são iguais) o valor
da vazão, para cada um dos valores de altura manométrica arbitrados.

b) Traçado da curva característica (B + B) em paralelo: procedimento


igual ao do item a.

c) Traçado da curva característica (A + A) + (B + B) em série:


somam-se, para cada valor de vazão arbitrado, as respectivas alturas
manométricas das associações (A + A) e (B + B).

d) O ponto de trabalho da associação mista (P) ficará definido onde a


curva característica da associação mista (A + A) + (B + B) cortar a
curva característica do sistema (S).
101

A observação da Figura 48 mostra que:

a) Ponto de projeto da associação: Q = 400m3/h e Hm = 30m.


b) Ponto de funcionamento da bomba A na associação: Q = 200 m3/h
e Hm = 10,5 m.
c) Ponto de funcionamento de bomba B na associação: Q = 200 m3/h
e Hm= 19,5m.

19.5 RENDIMENTO TOTAL OU RENDIMENTO DA ASSO-


CIAÇÃO (t)
a) Para bombas associadas em paralelo
Considere-se a associação de três bombas em paralelo, conforme a
Figura 49.
102

Figura 49 – Curvas características da associação de três bombas em


paralelo.
A análise da Figura 49 permite escrever que:
103

a) O ponto P1 de funcionamento da bomba B1 na associação é Q1, H e


1 e a potência solicitada pela bomba é:

 Q1 H
Pot1  (cv) eq. 105
75 1

b) O ponto P2 de funcionamento da bomba B2 na associação é


Q2,, H e 2, sendo a potência solicitada por essa bomba dada
por:

 Q2 H
Pot2  (cv) eq. 106
75  2

c) O ponto P3 de funcionamento da bomba B3 na associação é


Q3, H é 3, com a potência solicitada por essa bomba
calculada por:

 Q3 H
Pot3  (cv) eq. 107
75 3

d) O ponto P de funcionamento da associação das três bombas em


paralelo é Q, H, t, sendo a potência solicitada é calculada por:

QH
Pot  (cv) eq. 108
75  t
Como:

Q = Q 1 + Q2 + Q3 eq. 109
e
Pot = Pot1 + Pot2 + Pot3 eq. 110

tem-se, substituindo as equações 105, 106, 107, 108 109 na equação


110,
104

 Q1H  Q 2 H  Q 3 H  (Q1  Q 2  Q 3 )H
   eq. 111
75 1 75  2 75 3 75  t

que se simplifica em:

Q1 Q2 Q3 Q1  Q2  Q3 Q
    eq. 112
1 2 3 t t

Para um número (n) qualquer de bombas associadas em paralelo,


pode-se escrever:

n
Q Qi
 e q. 113
t i 1 i

b) Para bombas associadas em série


Considere-se a associação de duas bombas em série, conforme
a Figura 50.
105

Figura 50 – Curvas características da associação de duas bombas em


série.
O ponto P1 de funcionamento da bomba B1 na associação é Q,
H1, 1, sendo a potência solicitada pela bomba calculada por:
106

 Q H1
Pot1  (cv) eq. 114
75 1

O ponto P2 de funcionamento da bomba (B2) na associação é


Q, H2, 2, sendo a potência solicitada por essa bomba dada por:

 Q H2
Pot2  (cv) eq. 115
75  2
O ponto P de funcionamento da associação das duas bombas
em série é Q, H, t, sendo a potência solicitada calculada por:
QH
Pot  (cv) eq. 116
75  t
Já que:

H = H 1 + H2 eq. 117
e
Pot = Pot1 + Pot2 eq. 118

tem-se substituindo as equações 114, 115, 116 e 117 na equação 118:

QH QH1 QH 2


  eq. 119
75 t 751 75 2
que se simplifica em:

H H1 H2
  eq. 120
t 1 2
Generalizando, para um número (n) qualquer das bombas
associadas em série, tem-se:
107

n
H Hi
 eq. 121
t i 1 i

19.6 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO


Exercício A
Um sistema de recalque contém duas bombas iguais instaladas
em série, conforme a Figura 51. O diâmetro de todas as tubulações é
de 200 mm e os seus comprimentos, já incluídos os comprimentos
equivalentes devido às singularidades, são os seguintes: 100 m entre
R1 e B1, 100 m entre B1 e B2 e 1.800 m entre B2 e R2. A temperatura
da água é de 25 oC e o coeficiente da fórmula de Hazen-Williams é C
= 80.
As características de cada uma das bombas são apresentadas
no Quadro 11.
Quadro 11 - Características das bombas
Q(  /s) 0 10,0 20,0 22,5 25,0 27,5 30,0 32,5 35,0
Hm(m) 111 101 87 82 76 69 62 54 45
(%) 0 54 80 80,5 80 78 75 71 66
NPSHr(m) - 1,10 2,0 2,5 3,0 3,5 4,2 5,0 6,0

De posse dos dados do Quadro 11 e da Figura 51, pedem-se:


- traçar a curva característica da tubulação
- vazão de água recalcada e altura manométrica total
desenvolvida;
- potência consumida pela associação; e
- potência consumida pela bomba B1, se a bomba B2 estiver
desligada.
108

Figura 51 - Bombas instaladas em série.


Solução
A.1) Traçado da curva característica da tubulação
Hm = HG + K’Q1,852 eq. 69
sendo:
HG = 2604 – 2502 = 102 m
Le = 100 + 100 + 1800 = 2000 m
1,852
 4 
K '  Le  2,63 
eq. 67
 0,355  CD 
Sendo Le e D em metros
1,852
 4 
K '  2000  
2,63 

 0,355 x 3,14 x 80 x 0,200 
K’ = 16170
Esse valor, juntamente com HG levado à equação 69 resulta:
Hm = 102 + 16170 Q1,852 eq. 122
3
Sendo: Q em m /s e Hm em m.
Com a equação 122 constrói-se o Quadro 12.
Quadro 12 - Alguns valores de Q e Hm calculados com o auxílio da
equação 122
Q( /s) 0 10 20 25 30 35
109

Hm (m) 102,0 105,2 113,5 119,4 126,4 134,5

Traçado das curvas características das bombas (B1 e B2) e da


tubulação (T)
Com os Quadros 11 e 12, constrói-se a Figura 52.

A.2) Vazão de água recalcada e altura manométrica total desenvolvida


Na Figura 52, para o ponto Po de funcionamento da associação
em série, tem-se:
Qo = 29  /s; e
Ho = 126 m

A.3) Potência consumida pela associação (Poto)

 Qo Ho
Poto  eq. 123
75  o
Como as bombas são iguais, o rendimento de cada uma, na
associação, é 1 = 2 = 76% (Figura 52).
110

Figura 52 - Curvas características das bombas B1 e B2 e da tubulação,


para o exercício A.
O rendimento da associação (o) é, de acordo com a equação 121:
111

H
o  eq. 124
H1 H2

1 2
126 0,76 x 126
o    0,76 
63 63 126

0,76 0,76
o = 76% (quando as bombas são iguais, o rendimento total não muda)
Substituindo os valores conhecidos na equação 123, tem-se,
para   1000 Kg f m3 :
1000 x 0,029 x 126
Poto  = 64,1 cv
75 x 0,76
sendo 32,05 cv consumidos por bomba, já que eles são iguais.

A.4) Potência consumida pela bomba B1 se a bomba B2 estiver


desligada (Pot1)
Na Figura 52, para o ponto P1 de funcionamento da bomba B1:
Q1 = 7,5  /s
H1 = 103 m
1 = 42%
Então:
 Q1 H 1 1000 x 0,0075 x 103
Pot 1   
75 1 75 x 0,42
Pot1  24,5 cv
Observações:
- A potência consumida por bomba, na associação em série, é maior
do que a consumida por uma das bombas, quando operando
isoladamente. Como as potências dos motores comerciais a serem
adquiridos é de 35 cv cada (32,01 + 10% de folga), não haverá
sobrecarga quando apenas uma das bombas estiver funcionando.
112

- Ao fazer funcionar a associação em série, deve-se ligar primeiro a


bomba B1 e depois a bomba B2, para evitar uma possível cavitação
da bomba B2; ao desligar a associação, proceder de modo contrário
para evitar o mesmo problema.
Observação: a curva característica NPSHr = f(Q) apresentada na
Figura 52 será tratada no estudo sobre cavitação apresentado
posteriormente (ítem20).

Exercício B
Um sistema de recalque possui duas bombas B1 e B2, insta-
ladas em paralelo, Figura 53, e cujas características são conhecidas. A
tubulação de recalque, já incluídos os comprimentos equivalentes, tem
1200 m e a de aspiração, 40 m, ambas com diâmetro de 250 mm.
Sendo o coeficiente de Hazen-Williams igual a 120, calcular,
desprezando as perdas de carga localizadas, os seguintes elementos:
- traçado das curvas características da tubulação e das bombas;
- vazão de cada bomba, estando as duas em funcionamento;
- altura manométrica desenvolvida pela associação e por cada bomba,
na associação;
- potência consumida por bomba, na associação;
- rendimento total ou global;
- vazão da associação;
- potência total consumida; e
- vazão, altura manométrica e potência de bomba operando
isoladamente.
As características das bombas são apresentadas nos quadros
12 e 13.
Quadro 12 - Características da bomba B1
Q(  /s) 0 10 20 25 30 35 40 45 50 55
Hm(m) 60 57 53 50 47 43 39 34 27,5 22
(%) - - 77 77,5 77 76,5 75 72,5 69 64
NPSHr(m) - - 0,2 0,3 0,45 0,7 1,0 1,4 1,8 2,4

Quadro 13 - Características da bomba B2


113

Q(  /s) 0 10 20 25 30 35 40 45 50 55
Hm(m) 50 46,5 42 38,5 35 30,5 24,5 17,5 9,0 -
(%) - - 81,5 80 78 77 73 68 62 54
NPSHr(m) - - 0,3 0,5 0,7 0,9 1,1 1,4 1,8 2,2

Figura 53 - Bombas instaladas em paralelo.

B.1) Traçado das curvas características da tubulação e das bombas;


HG = 626 – 596 = 30 m
Le = 1200 + 40 = 1240 m
1,852 1,852
 4   4 
K '  Le  2,63 
 1240  2,61 
 0,355  C D   0,355 x3,14 x120 x0, 25 

K ' = 1596
Hm = HG + K ' Q1,852  eq. 69
1,852
Hm = 30 + 1596 Q eq. 125
onde Q é dado em m3/s e Hm em metros.
Com a equação 125, constrói-se o Quadro 14.
Quadro 14 - Alguns valores de Q e Hm calculados com o auxílio da
equação 125
Q(  /s) 0 10 20 25 30 35 40 45 50 55
114

Hm(m) 30 30,3 31,1 31,7 32,4 33,2 34,1 35,1 36,2 37,4

Com os dados dos Quadros 12, 13 e 14 traçam-se as curvas


características das bombas (B1 e B2) e da tubulação (T) conforme
apresentado na Figura 54, a qual soluciona todos os itens pedidos
neste exercício.

Figura 54 - Curvas características das bombas B1 e B2 , da associação


de bombas (B1 + B2) e da tubulação (T) para o exercício
B.

B.2) Vazão de cada bomba, estando as duas em paralelo


Projetando, horizontalmente, para a esquerda, na Figura 54, o
ponto Po da associação em paralelo, têm-se os pontos Po' e Po" , que,
projetados verticalmente para baixo, fornecem a vazão de cada bomba:
115

- Bomba B1:: Q1 = 39  /s
- Bomba B2 : Q2 = 23  /s

B.3) Altura manométrica desenvolvida pela associação e por cada


bomba, na associação
Projetando, horizontalmente, para a esquerda, na Figura 54, o
ponto Po , tem-se a altura manométrica solicitada (Ho), que é a mesma
desenvolvida por bomba na associação (H1 e H2)ou seja:

Ho = H1 = H2 = 40 m

B.4) Potência consumida por bomba na associação

Projetando, verticalmente, para cima, na Figura 54, os pontos


' "
P e P , até encontrar as respectivas curvas de rendimento, têm-se
o o

os pontos Po' 1 e Po"2 , que, projetados horizontalmente para a


esquerda, fornecem o rendimento de cada bomba na associação, ou
seja:
1 = 75% e 2 = 81%

Desse modo:

 Q1 H1 1000 x 0,039 x 40
Pot1    27,7 cv e
75 1 75 x 0,75

 Q2 H 2 1000 x 0,023 x 40
Pot 2    15,2 cv
75  2 75 x 0,81
B.5) Rendimento total ou global (o)
Para a associação em paralelo, tem-se:
116

Q1  Q 2 39  23
o    0,77 
Q1 Q 2 39 23
 
1  2 0,75 0,81
o = 77%

B.6) Vazão da associação (Qo)

Descendo verticalmente com o ponto Po, na Figura 54, tem-se:


Qo = 62  /s.
Deve-se observar que Qo = Q1 + Q2.

B.7) Potência Total Consumida (Poto)


 Q o H o 1000 x 0,062 x 40
Poto    42,9 cv
75 o 75 x 0,77
Deve-se observar que Poto = Pot1 + Pot2.

B.8) Vazão, altura manométrica e potência de cada bomba, operando


isoladamente
- Bomba 1 operando isoladamente: o ponto de projeto passa para P1
(Figura 54), ou seja:

Q1' = 44, 5  /s; H1' = 35 m e 1' = 72%

Pot1' =
1000 x 0,0445 x 35
= 28,8 cv
75 x 0,72
- Bomba 2 operando isoladamente: o ponto de projeto passa para P2,
ou seja:
Q '2 = 33  /s; H '2 = 33 m e  '2 = 77%
117

1000 x 0,033 x 33
Pot'2  = 18,8 cv
75 x 0,77

Observações:
- É importante verificar sempre a potência consumida para cada uma
das bombas na associação e operando isoladamente. No exemplo em
pauta, nota-se que as bombas B1 e B2 consomem mais energia
quando operam isoladamente. O motor a ser adquirido deverá levar
em conta a maior potência. Essa situação é característica da
associação de bombas centrífugas em paralelo.

- A vazão da associação (Qo = 62  /s) é menor do que a soma das


vazões das bombas operando isoladamente (Q1'  Q '2 = 77,5  /s).
Isso ocorre porque, com a permanência do diâmetro da tubulação de
recalque, há um aumento da perda de carga no caso da associação, o
que provoca decréscimo na vazão.

- As curvas de NPSHr = f(Q) apresentada na Figura 54 serão tratadas


no capítulo sobre cavitação apresentado posteriormente no ítem 20.

Exercício C
A Figura 55 mostra a curva característica de uma bomba (B) e
de uma tubulação (S).
118

Figura 55 - Curvas características da bomba (B) e da tubulação (S).


Pergunta-se:
- Qual o ponto de funcionamento da bomba?
- Qual o ponto de funcionamento de duas e de três bombas iguais
operando em paralelo?

Solução
O processo clássico de obtenção da curva característica de
duas ou mais bombas associadas em paralelo já foi visto no exercício
anterior (exercício B), o qual se resume em somar graficamente as
curvas carcterísticas das bombas, mantendo-se a curva característica
da tubulação inalterada. Dependendo da escala utilizada no processo
clássico, é possível que, na obtenção da curva característica da
associação de bombas, o ponto de funcionamento da associação caia
fora do papel utilizado para o traçado das curvas. O uso do processo
descrito a seguir evita esse transtorno; ele se resume em deslocar para
a esquerda a curva carcterística da tubulação, mantendo as curvas
características das bombas inalteradas. Quando se trata de bombas
iguais associadas em paralelo, esse processo, chamado de modificação
da escala das vazões poderá ser usado, conforme descrito a seguir:
119

- multiplicar a escala original de vazões por 2, 3, 4, ..., n, conforme o


número de bombas que serão associadas em paralelo;

- traçar a curva característica da tubulação, usando uma das equações


já vistas (eq. 68 ou eq. 69), respeitando-se as escalas originais para a
altura manométrica e vazão;

- mantendo a curva característica da bomba inalterada, deslocar a cur-


va característica da tubulação para a esquerda, respeitando-se a
escala de vazões que foi multiplicada por 2, 3, 4, ..., n; esse
deslocamento se faz para uma mesma altura manométrica;

- o ponto de funcionamento da associação em paralelo é dado pela


interseção da curva característica da tubulação deslocada, com a
curva característica inalterada da bomba, sendo o valor da vazão
lido na escala multiplicada por 2, 3, 4, ..., n, conforme número de
bombas.

A Figura 56 elucida melhor o que foi exposto; nesta figura a


curva 2B foi obtida considerando a escala duplicada das vazões.
Assim, por exemplo, o ponto correspondente à altura manométrica de
25,2m e vazão de 12  /s na escala original foi deslocado
horizontalmente para a esquerda até a coincidência de 12  /s na escala
duplicada.

Com base na Figura 56 conclui-se que:


- O ponto de funcionamento de uma bomba é definido pelo ponto E,
tomando-se a escala original de vazões, ou seja:
QE = 6  /s e H mE = 22 m;
120

Figura 56 - Associação de bombas iguais em paralelo (processo de


modificação da escala das vazões).

- o ponto de funcionamento de duas bombas iguais operando em


paralelo é definido pelo ponto F, tomando-se a escala de vazões que
foi multiplicada por 2, ou seja:
QF = 10  /s e H m F = 24 m; e
- o ponto de funcionamento de três bombas iguais operando em para-
lelo é dado pelo ponto G, tomando-se a escala de vazões que foi
multiplicada por 3, ou seja:
QG = 12  /s e H mG = 25 m.

Exercício D
Com base na Figura 57, encontrar o ponto de funcionamento
de duas bombas operando em série.
121

Figura 57 - Curvas características da bomba (B) e da tubulação (S).

Solução
O processo clássico de obtenção da curva característica de
duas ou mais bombas associadas em série foi visto anteriormente
(exercício A).
Similarmente ao que foi feito para bombas iguais operando em
paralelo, faz-se para bombas iguais operando em série. Neste caso é a
escala original das alturas manométricas que se multiplica por 2, 3, 4,
..., n, conforme o número de bombas e a curva característica da
tubulação se desloca para baixo, mantendo-se a curva característica da
bomba inalterada.
Este exercício será feito pelo método clássico (Figura 58) e
pelo método da modificação da escala das alturas manométricas
(Figura 59).

a) Método clássico:
122

A curva característica da associação de bombas em série é obtida


somando-se as alturas manométricas para uma mesma vazão (Figura
58).

Figura 58 - Associação em série (método clássico).

Com base nessa figura, conclui-se que:


Q = 7  /s
Hm = 8 m

c) Método de modificação da escala das alturas manométricas:

Considere-se a Figura 59 para a solução deste item.


A curva característica (2B) para duas bombas (B) associadas em
série foi obtida deslocando-se para baixo a curva característica da
tubulação, mantendo-se inalterada a curva característica da
bomba. Os pontos para o traçado da curva (2B) são obtidos
descendo-se verticalmente, a partir da curva (S) com um valor de
altura manométrica lido na escala original até coincidir com o
mesmo valor de altura manométrica lido na escala duplicada.
123

Assim, por exemplo, um ponto para o traçado da curva (2B)


correspondente à Hm = 8 m na escala original é projetado até tocar
a curva (S) e depois projetado verticalmente para baixo até
coincidir com Hm = 8 m na escala duplicada.

Figura 59 - Associação em série (método de modificação da escala das


alturas manométricas).

Conclui-se, da Figura 59, que:


Q = 7  /s
Hm = 8 m (lido na escala duplicada de altura manométrica).

Exercício E
Na Figura 60, estão representadas a curva característica de
uma bomba A à rotação constante e a curva característica do sistema
(S), onde deverão operar quatro bombas A, associadas conforme a
figura. Para essas condições pede-se:
a) A vazão e a altura manométrica da associação.
124

b) A vazão e a altura manométrica de cada bomba na


associação.

Figura 60 - Curvas características da bomba (A) e do sistema (S), com


rotação constante.

Solução
Pelo esquema da associação de bombas, na Figura 60, nota-se
que se trata de uma associação mista (série-paralelo).
A solução do problema consiste em obter a curva
característica da associação em série (ou paralelo) e, a partir dela,
obter a curva da associação em paralelo (ou série).
A Figura 61 esclarece melhor; nela foi obtida, primeiramente,
a curva característica da associação em série e, depois, a da associação
em paralelo, partindo da curva característica da associação em série.
125

Figura 61 - Curvas características da associação mista.

a) Vazão e altura manométrica da associação:


A solução do problema é, portanto (ponto P):
Q = 150 m3/h
Hm = 25 m

b) Vazão e altura manométrica de cada bomba na associação:


Nesse caso a resposta é dada usando a curva característica da
associação em paralelo de duas bombas (ponto C):
Q = 75m3/h e Hm = 12,5m.

Exercício F
Uma bomba centrífuga contém uma curva característica que
pode ser representada pela equação, para n2 = 3 500 rpm:
Hm = 24 – 1,6 x 105 Q2 eq. 126
3
sendo Q a vazão em m /s e Hm é a altura manométrica em m.
126

Esta bomba deve ser usada para recalcar água de um rio para
um reservatório, vencendo um desnível geométrico de 9 m. A
tubulação de recalque tem 53 m de comprimento, com diâmetro de 50
mm e rugosidade interna das paredes de  = 0,1 mm. O comprimento
da tubulação de sucção é desprezível, assim como as perdas de carga
acidentais.
Com base nos dados apresentados, determinar o ponto de
funcionamento da bomba e o seu novo ponto de funcionamento,
quando a rotação cair para n1 = 3000 rpm, considerando que o
rendimento da bomba mantém-se constante.

Solução:

F.1) Obtenção da equação da curva característica da tubulação:

Como foi dada a rugosidade  das paredes da tubulação,


trabalhar-se-á, neste exercício, com a fórmula universal.
Tem-se, portanto, para a curva característica da tubulação,
Hm = HG + K Q2 eq. 68
Hg = 9 m
16 f Le
K eq. 62
 2 2g D 5
sendo f o coeficiente de atrito obtido do diagrama de Moody
(Apêndice 1A), como se segue:

f  f (Re y, )
D
VD 4Q D 4Q
Re y    eq. 127
 D  D
2

Como não se conhece a vazão para o cálculo do número de


Reynolds (Rey), considerar-se-á o escoamento francamente
127

turbulento, em que f independe do número de Reynolds, dependendo


apenas da rugosidade relativa   D 

A rugosidade relativa   D  é calculada por:

 0,1mm
  0,002
D 50mm
Pelo diagrama de Moody (Figura 1A do Apêndice A) tem-se f
= 0,023, sendo a constante (K) da tubulação calculada por:
16 x 0,023 x 53
K = 3,23 x 105
 x 2g x 0,050
2 5

Substituindo os valores de K e HG na equação 68, tem-se:


Hm = 9 + 3,23 x 105 Q2 eq. 128
3
Onde Q é dado em m /s e Hm , em metros.

F.2) Obtenção do ponto de funcionamento da bomba para n2 = 3 500


rpm
A equação 126, representativa da curva característica da
bomba, é:
Hm = 24 – 1,6 x 105 Q2
e a equação 128, que representa a curva característica da tubulação, é:
Hm = 9 + 3,23 x 105 Q2
Como no ponto de funcionamento as alturas manométricas da
bomba e da tubulação se igualam, tem-se:
24 – 1,6 x 105 Q2 = 9 + 3,23 x 105 Q2 
4,83 x 105 Q2 = 15 
Q = 0,0056 m3/s
Levando o valor de Q a uma das equações de Hm (equação
126, por exemplo), tem-se:
Hm = 24 – 1,6 x 105 Q2 = 24 – 1,6 x 105 x 0,00562
Hm = 19 m
128

F.3) Novo ponto de funcionamento com n1 = 3 000 rpm


O ponto de funcionamento conhecido da bomba é:
Q = 0,0056 m3/s
Hm = 19 m
n = 3 500 rpm
Usando o índice 1, o novo ponto de funcionamento da bomba
, considerando rendimento constante, é:
Q1 = ?
H1 = ?
n1 = 3 000 rpm
As relações de Rateaux a serem utilizadas são:
Q1 n1
 e eq. 44
Q n
2
H 1  n1 
  eq 47
Hm  n 
Q1 3000
  Q  1,167 Q1 eq. 129
Q 3500
2
H1  3000
   H m  1,361 H1 eq. 130
H m  3500
Quando varia a rotação, a curva característica da bomba muda
segundo as equações de Rateaux, permanecendo inalterada a curva
característica da tubulação. Substituindo, portanto, as equações 129 e
130 na equação 126 da curva característica da bomba, tem-se, para n1
= 3 000 rpm:
1,361 H1 = 24 – 1,6 x 105 (1,167 Q1)2 eq. 130
ou
H1 = 17,63 – 1,60 x 105 Q12 eq. 131
Tomando o índice 1 para a vazão e altura manométrica, a
curva característica da tubulação pode ser assim escrita:
129

H1 = 9 + 3,23 x 105 Q12 eq. 132


A solução do sistema formado pelas equações 131 e 132 para
n1= 3 000 rpm, é:
Q1 = 0,0042 m3/s
H1 = 14,8 m
Observação: Este exercício poderiaa ter sido resolvido graficamente,
isto é, traçando-se as curvas características da bomba (nas rotações n1
e n2) e da tubulação, como foi visto no exercício de aplicação
correspondente ao item 18.

Exercício G
Considerando os dados do exercício F, qual é o ponto de
trabalho para duas bombas operando em série para n2 = 3500 rpm?

Solução
Hm = 24 – 1,6 x 105 Q2 (uma bomba) eq. 126
Hm = 9 + 3,23 x 105 Q2 (tubulação) eq. 128
O ponto de trabalho da associação em série pode ser obtido
graficamente ou multiplicando a altura manométrica da bomba pelo
número de bombas a serem associadas, igualando-se esse produto à
altura manométrica da tubulação.
Usando a segunda opção, tem-se:
2(24 – 1,6 x 105 Q2) = 9 + 3,23 x 105 Q2, eq. 133
cuja solução é
Q  0,00778 m 3 / s
Levando o valor de Q na equação da curva característica da
tubulação, tem-se:
H m  28,6 m

Exercício H
Considerar os mesmos dados do anterior (G) e obter o ponto
de trabalho para duas bombas associadas em paralelo.
130

Solução
Hm = 24 – 1,6 x 105 Q2 (uma bomba) eq. 126
Hm = 9 + 2,23 x 105 Q2 (tubulação) eq. 128
Seguindo o mesmo raciocínio do exercício G, pode-se também
solucionar o problema multiplicando a vazão da bomba pelo número
de bombas a serem associadas em paralelo e igualando com a vazão
explicitada da equação da curva característica da tubulação. Assim,
têm-se:
24  H m
Q (uma bomba) eq. 134
1,6 x 105

Hm  9
Q (tubulação) eq. 135
3,23 x 10 5
Para duas bombas associadas em paralelo, tem-se:

24  H m Hm  9
2  eq.136
1,6 x105 3,23x105
Elevando os membros da
equação 136 ao quadrado e revolvendo, tem-se:
Hm = 22,34 m
Substituindo Hm na equação 128 da curva característica da
tubulação, tem-se:
9 + 3,23 x 105 Q2 = 22,34 eq. 137
em que:
Q  0,0064 m 3 / s

Exercício I
Resolver, graficamente, os dois últimos exercícios, G e H,
para n2 = 3500 rpm.

Solução
A Figura 62 condensa a solução do exercício I, ou seja:
131

- Duas bombas associadas em série para n2 = 3500 rpm (ponto


P1 da Figura 62)
Q = 7,8  /s e Hm = 28,6 m

- Duas bombas associados em paralelo para n2 = 3 500 rpm


(ponto P2 da Figura 62):
Q = 6,4  /s e Hm = 22,3m
132

Figura 62 - Solução gráfica dos exercícios G e H para n2 = 3 500 rpm


133

20 CAVITAÇÃO – ALTURA DE INSTALAÇÃO DAS


BOMBAS

20.1 INTRODUÇÃO

A cavitação é um fenômeno observável somente em líquidos,


não ocorrendo sob quaisquer condições normais em sólidos ou gases.
Pode-se, comparativamente, associar a ebulição à cavitação
em um líquido.
Na ebulição e à pressão constante um líquido “ferve” quando
a sua temperatura aumenta e atinge um certo valor; sob condições
normais de pressão (760 mm Hg), a água ferve a 100 oC.
Na cavitação e à temperatura constante, um líquido “ferve”
quando a sua pressão diminui e atinge um certo valor; à temperatura
de 20 oC a água “ferve” à pressão absoluta de 0,24 m.c.a. (17,4 mm
Hg).
A pressão com que o líquido começa a “ferver” chama-se
pressão de vapor ou tensão de vapor. A tensão de vapor é função da
temperatura; cresce com o aumento da temperatura. (Quadro 9A do
Apêndice A). Ao atingir a pressão de vapor, o líquido libera bolhas de
ar (bolhas de vapor), dentro das quais se vaporiza.

Observação: A palavra “ferver” está associada à liberação de


bolhas de vapor e não ao aquecimento do líquido, tendo-se em vista
que a redução de pressão para temperatura constante, não provoca
aquecimento do líquido mas libera bolhas de vapor.

20.2 PRESSÃO DE VAPOR


Pressão de vapor de um líquido (ou tensão de vapor), a dada
temperatura, é aquela na qual o líquido coexiste nas duas fases: líquida
e vapor.
Na Figura 63 (diagrama de fases), é mostrada a curva da
pressão de vapor para a água. Para uma mesma temperatura (por
exemplo, To), se a pressão (p), à qual o líquido estiver submetido, for
maior que a pressão do vapor do líquido (pv), haverá somente fase
134

líquida e em caso contrário (p < pv), haverá somente a fase de vapor.


Quando p for igual a pv , ocorrerão as duas fases: líquida e vapor; esta
é a fase de interesse para este estudo pois é ela a responsável pela
cavitação, fenômeno este indesejável não só no estudo de bombas
hidráulicas como também no estudo de turbinas hidráulicas, condutos
livres, medidores de vazão do tipo orifício, etc.

Para água, a pressão de vapor ocorre nas temperaturas


variando entre 0,01°C e 374,15°C e pressões correspondentes a 4,58
mmHg e 171,497 mmHg , respectivamente (Figura 63).
A pressão de vapor, em valores absolutos, é tabelada em
função da temperatura, conforme mostra o Quadro 9A do Apêndice A.

Figura 63 – Diagrama de fases para a água

20.3 OCORRÊNCIA DA CAVITAÇÃO


135

A cavitação é um processo que se realiza à temperatura


constante (isotérmico) e pressão variável. É um fenômeno
indesejável devendo ser sempre evitado; uma vez presente, é
difícil de ser controlado ou eliminado. Age como elemento
limitativo de altura de sucção das bombas.
Uma pressão absoluta na entrada da bomba, menor ou igual à
pressão de vapor no líquido, na temperatura em que este se encontra,
poderá ocasionar os seguintes efeitos:

a) se a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba for menor ou


igual à pressão de vapor e se estender a toda a seção do
escoamento, poderá originar a formação de uma bolsa de vapor
em toda a seção de entrada da bomba o que poderá ocasionar a
interrupção do escoamento; e

b) se esta pressão for localizada a alguns pontos da entrada da bomba,


as bolhas de vapor liberadas serão levadas, pelo escoamento, para
dentro da bomba atingindo regiões de altas pressões (região de
saída do rotor). Por ser a pressão externa do líquido que circunda a
bolha maior que a pressão interna desta, ocorre a sua implosão
(colapso das bolhas). Esta implosão é rseponsável pelos seguintes
efeitos distintos da cavitação (ocorrem simultaneamente esses
efeitos):
 efeito químico – com as implosões das bolhas são liberados íons
livres de oxigênio, que atacam as superfícies metálicas da bomba
(corrosão química dessas superfícies);
 efeito mecânico – quando a bolha atingir a região de alta pressão,
seu diâmetro será reduzido (inicia-se o processo de condensação da
bolha), sendo a água circundante acelerada no sentido centrípeto.
Com o desaparecimento da bolha (condensação da bolha), as
partículas de água aceleradas chocam-se, cortando umas o fluxo das
outras. Isso provoca o chamado golpe de aríete e, com ele, uma
sobrepressão que se propaga em sentido contrário, golpeando com
violência as paredes mais próximas do rotor e da carcaça,
danificando-as (Figura 64).
136

Ambos os efeitos (químico e mecânico) produzem cavidades na


carcaça e no rotor da bomba; daí o nome cavitação.

Figura 64 - Efeito mecânico da cavitação em bombas.

20.4 ALTURA MÁXIMA DE SUCÇÃO DAS BOMBAS


Para que uma bomba trabalhe sem cavitar, torna-se necessário
que a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba seja superior à
pressão de vapor, correspondente à temperatura de escoamento do
líquido.
137

Considerando-se a Figura 65, onde o reservatório de captação


está submetido à pressão atmosférica, e aplicando a equação da
energia entre as seções (o) e (1), com referência em (o), tem-se, em
valores absolutos:
patm Vo 2 p ab V 2
  0  1  1  H S  ht (01) eq. 138
 2g  2g
em que:
patm = pressão atmosférica; e
p1ab = pressão absoluta à entrada da bomba (seção 1 da Figura 65).

Figura 65 – Destaque para a altura de sucção da bomba.

Explicitando Hs na equação 138, chega-se a:


138

p atm  p1 Vo  V1
ab 2 2

Hs    ht ( 01) eq. 139


 2g
Se for possível desprezar as perdas de carga e a variação da
energia cinética, a equação 139 pode ser escrita como:

p atm  p1
ab

Hs  eq. 140

Para as condições ideais de temperatura e pressão, tem-se:
Patm = 1 atm = 10,33 m.c.a. = 760mmg = 10330 kgf/m2 (nível do mar)
P1ab = 0 (vácuo perfeito)
 = 1000 kgf /m3 (peso específico da água a 4 oC)
Levando esses valores à equação 140, tem-se:

10330 0
Hs   10,33 m (valor teórico para água)
1000

Esta seria a altura de sucção máxima (teórica) com que poderia ser
instalada uma bomba comum (bomba sem dispositivos especiais que
permitem elevar o valor de Hs para bombear água).
Na prática, devem ser levadas em conta as seguintes
observações: a) não são desprezíveis as perdas de carga (e, às vezes, a
variação de energia cinética); b) a pressão absoluta à entrada da
bomba deve ser maior ou igual à pressão de vaporização do líquido
(P1ab  Pv); c) a pressão atmosférica, em geral, é menor que uma
atmosfera (Patm < 1 atm); d) a temperatura da água, em geral, é maior
que 4 oC, o que diminui o valor do seu peso específico ( < 100kgf/m3)
Todas essas observações fazem com que a Hs para água seja menor do
que o valor teórico (Hs = 10,33m), podendo-se adotar na prática Hs  5
m para instalações usuais. Para a situação em que a temperatura do
líquido é alta (caso de caldeiras, por exemplo) e a altitude é elevada (o
que implica em pressão atmosférica baixa), o valor de Hs pode chegar
a valores negativos, significando que a bomba deve trabalhar afogada.
139

Retomando a equação 139, e fazendo a pressão absoluta, no


limite, igual à pressão de vapor do líquido (p1ab = pv) o que implica em
Hs = Hsmáx , pode-se escrever que:
p atm  p v Vo 2  V12
H smáx    h t (01) eq. 141
 2g

Nota-se, por esta equação que pv, v1 e ht agem


desfavoravelmente à altura de sucção provocando decréscimo no valor
desta. Os valores de v1 e ht poderão ser reduzidos, utilizando-se
tubulações de sucção com diâmetros grandes (maior do que o
diâmetro de recalque). O valor de pv poderá ser reduzido, operando-se
com líquidos à baixa temperatura.
Na equação 141, patm e pv são tabelados nos Quadros 7A e 9A
do Apêndice A, respectivamente. Na falta do Quadro 7A, a pressão
atmosférica em metros poderá ser calculada por:

p atm
= 10 – 0,0012 A eq. 142

sendo A a altitude local em metros.
Na equação 141 levou-se em conta apenas a perda de carga
(ht) existente até à entrada da bomba. Considerando que as bolsas de
vapor serão levadas para a saída do rotor, deve-se adicionar à referida
equação a perda de carga H*, que leva em conta a perda entre a
entrada da bomba e a saída do rotor (porque é na saída que ocorre o
colapso das bolhas). Essa perda, H*, não é calculada pelas equações
usuais de perda de carga (como, por exemplo, a equação de Hazen-
Williams). Sendo assim, a equação 141 pode ser reescrita da seguinte
forma, fazendo ht (0-1) = hs:

p atm  p v V  V1
2 2

H smáx   o  hs  H * eq. 143


 2g
140

O termo H* tem capital importância cálculo de Hsmáx. Juntamente


2
com V1 2 g constitui as grandezas relacionadas com a bomba , ao passo
que as demais, constituem-se nas grandezas relacionadas com as
condições locais de instalação.
Segundo Thoma, a experiência revela que:

H* =  Hm eq. 144

em que:
 = coeficiente de cavitação da bomba ou coeficiente de Thoma,
adimensional.
O coeficiente de Thoma é uma medida da sensibilidade da
bomba à cavitação (quanto maior , maior a tendência da bomba à
cavitação).
Segundo Stepanoff, nas proximidades do ponto de rendimento
máximo da bomba tem-se:

  1,2 x 103 3 ns4 eq. 145

Por terem maior ns, as bombas axiais são mais sujeitas à


cavitação (ns está definido na equação 58).

20.5 NPSH DISPONÍVEL NA INSTALAÇÃO E NPSH


REQUERIDO PELA BOMBA
O NPSH (net positive suction head) é uma sigla americana,
para a qual não se conseguiu tradução satisfatória para o português.
Tentou-se traduzi-la para APLS (altura positiva líquida de sucção),
ficando sem o devido sentido físico. Continua, portanto, sendo
conhecida tecnicamente como NPSH, ou seja, a altura que limita o
desnível de sucção da bomba.
Retomando a equação 143 e separando, para o primeiro
membro, as grandezas que dependem das condições locais da
141

instalação (condição ambientais), e, para o segundo, as grandezas


2
relacionadas com a bomba, tem-se, desprezando v 0 2 g (por ser muito
pequeno):

Patm Pv V12
H smáx    hs   H  *
eq. 146
  2g

equação esta que, multiplicada por (-1), pode ser reescrita como:

Patm Pv V12
 ( H smáx   hs )  H *  eq. 147
  2g

A equação anterior pode ser escrita como:

Patm Pv
 ( H smáx   hs )  NPSH d eq. 148
 
V12
H 
*
 NPSH r eq. 149
2g

A equação 148 é usada para o cálculo de NPSH d no caso da


bomba a ser instalada (fase de projeto); esse parâmetro é uma
preocupação do técnico projetista. A equação 149 é usada para o
cálculo de NPSH r , tanto na fase de projeto quanto na fase de
operação da bomba; essa grandeza geralmente é apresentada em
catálogos de fabricantes de bombas em função da vazão.
Para que a bomba trabalhe sem cavitar, deve ser sempre atendida a
condição: NPSHd  NPSHr
O NPSHr e o NPSHd podem ser representados graficamente,
conforme a Figura 66.
142

Figura 66 - Representação gráfica do NPSHr e NPSHd.

Como é mostrado na Figura 66, a bomba poderá operar, no


limite, até a vazão Q1, sem que ocorra o perigo da cavitação. Na
prática, deve-se trabalhar com uma vazão de projeto Q2 < Q1, em onde
NPSHd > NPSHr.

Observações:
a) Em lugar da curva (NPSHr ,Q), alguns fabricantes apresentam a
curva (Hsmáx , Q) para bombas operando com água fria ao nível do
mar, devendo-se corrigi-la em condições diferentes.
b) V12/2g é uma parcela de energia responsável pela entrada do
líquido na bomba; daí fazer parte do NPSHr.
c) O sinal (-) deverá ser usado para Hsmáx nas equações 147 e 148,
quando a bomba estiver afogada.
d) Na prática, o NPSHd deverá ser maior que o NPSHr em pelo
menos 15%.
e) Para duas ou mais bombas operando em paralelo, devem-se tomar
cuidados especiais no funcionamento de uma só bomba, pois neste
caso a vazão cresce, crescendo também o NPSHr (ver Figura 54);
Em razão do exposto, no ponto onde a bomba opera isoladamente
precisa ser verificado se o NPSHd > NPSHr, evitando, assim, a
ocorrência da cavitação; além disso, o motor selecionado deve ter
capacidade suficiente para atender a esse ponto de funcionamento.
143

f) Quanto maior o NPSHr, maior a tendência da bomba à cavitação;


por esta razão, devem-se selecionar bombas com valores de
NPSHr pequenos.
g) Na fase de operação (bomba já instalada), o NPSHd pode ser
estimado pela equação.
patmp p 
NPSH d   1  v  y eq. 150
   
Onde:
p1 = pressão efetiva na entrada da bomba, lida pelo
vacuômetro.
y = desnível entre o eixo da bomba e o eixo do vacuômetro
(positivo se o eixo estiver acima do eixo da bomba e
negativo em caso contrário).
h) Caso o reservatório de captação esteja submetido à pressão
diferente da atmosférica, em lugar de patm  nas equações 148
p  pB
e 150, usar a expressão ( atm ), sendo pB  a pressão

efetiva no reservatório de captação.
i) A equação 138 foi escrita em valores absolutos, tendo em vista que
o primeiro termo do segundo membro daquela equação é igualado
à pressão de vapor do líquido a qual é tabelada em valores
absolutos.

20.6 MEDIDAS UTILIZADAS PELO USUÁRIO PARA


DIFICULTAR O APARECIMENTO DA CAVITAÇÃO

a) Trabalhar sempre com líquidos frios (menor temperatura, menor


pressão de vaporização).
b) Tornar a linha de sucção o mais curta e reta possível (diminui a
perda de carga).
144

c) Selecionar o diâmetro da tubulação de sucção, de modo que a


velocidade do líquido não ultrapasse 2 m/s.
d) Usar redução excêntrica à entrada da bomba (evita a formação de
bolsas de ar).
e) Na instalação da válvula de pé, tomar o cuidado de evitar a sucção de
ar quando no funcionamento da bomba (observar equação 28).

20.7 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO


Exercício A
Estudar a instalação do exercício B apresentado no item 19.6,
quanto ao problema da cavitação. Considerar a água com temperatura
30oC e a altitude do local de 600 m.

Solução

Pelo esquema apresentado no exercício (Figura 53), observa-


se, para as bombas B1 e B2 associadas em paralelo, que Hs = 600 – 596
= 4 m e que, pelo enunciado do exercício B, L = 40 m e Ds = 250 mm.
A.1) Estudo das bombas B1 e B2 na associação em paralelo
Pela Figura 54:
 Bomba B1
Q1 = 39  /s e NPSH r1 = 0,90 m.
O NPSH r1 foi obtido projetando-se, na Figura 54, o ponto Po
horizontalmente para a esquerda, até encontrar Po' , e daí descendo
verticalmente ao encontro da curva NPSHr; finalmente caminhou-se
horizontalmente para a direita, até a escala de NPSHr.
A pressão atmosférica local pode ser calculada por:
Patm
= 10 – 0,0012 A = 10 – 0,0012 x 600 = 9,28 m

A pressão de vapor da água (Quadro 9A do Apêndice A) é:
145

Pv 0,0429 x 104
  0,431 m
 0,996 x 103

A perda de carga na sucção é calculada por:

4 Q1
h s Ls ( ) 1,852 
0,355 C D S2,63
4 x 0,039
( ) 1,852 x 40  0,13 m
0,355 x 3,14 x 120 x 0,250 2,63

e o NPSH d1 , calculado como se segue:


Patm Pv
NPSH d1   (HS   hs )  9, 28  (4  0, 431   0,13)  4, 72 m
 

Como o NPSH d1 > NPSH r1 , a bomba B1 não entrará em


cavitação quando operando na associação.
 Bomba B2
Da Figura 54, conclui-se que:
Q2 = 23  /s
NPSH r2 = 0,4 m (foi obtido de modo similar ao NPSH r1 )

Patm Pv
= 9,28 m e = 0,431 m
 

A perda de carga na sucção é assim calculada:

4 x 0,023
hs  ( )1,852 x 40  0,048 m
0,355 x 3,14 x 120 x 0,250 2,63
146

NPSH d 2 = 9,28 – (4 + 0,431 + 0,48) = 4,37 m


Como NPSH d 2 > NPSH r2 , a bomba B2 não entrará em
cavitação quando operando na associação.
A.2) Estudo das bombas B1 e B2 operando isoladamente
Com o auxílio da Figura 54, tem-se:
 Bomba B1
Q1'  44,5  / s
NPSH 'r1 = 1,3 m

O NPSH 'r1 foi obtido projetando-se o ponto P1 verticalmente


para baixo, até encontrar a curva NPSH r1 , e daí para a direita, até a
escala de NPSHr.
As pressões, atmosférica e de vapor, continuam sendo:
Patm Pv
 9, 28 m e  0,431 m
 
sendo:
4 x 0,445
hs  ( )1,852 x 40  0,162 m
0,355 x 3,14 x 120 x 0,2502,63

NPSH 'd1 = 9,28 – (4 + 0,431 + 0,162) = 1,81 m

Como NPSH 'd1 > NPSH 'r1 , a bomba B1 não entrará em


cavitação quando operando isoladamente.
 Bomba B2
Da Figura 54 obtém-se:
Q2'  33 / s

NPSH 'r2 = 0,7 m (obtido similarmente a NPSH 'r1 )


Patm Pv
Os valores de e já obtidos anteriormente são:
 
147

Patm Pv
 9, 28 m e  0, 431 m
 
sendo:
4 x 0,033
hs  ( )1,852 x 40  0,093 m
0,355 x 3,14 x 120 x 0,250 2,63
NPSH 'r2 = 9,28 – (4 + 0,431 + 0,093) = 4,76 m

Como NPSH 'd 2 > NPSH 'r2 , a bomba B2 não entrará em


cavitação quando operando isoladamente.

Exercício B
Estudar a instalação do exercício A, apresentado na Figura 51,
quanto ao problema da cavitação, considerando a água à temperatura
de 25 oC. Referir-se apenas às bombas quando operando em série e
não isoladamente.

Solução
Pela Figura 51 obtêm-se:
 Bomba B1
HS = 2500 – 2502 = -2 m (bomba afogada)
LS = 100 m
DS = 200 mm
A = 2500 m (altitude local conforme Figura 51)
 Bomba B2 (na associação)
HS = 2504 = 4 m
LS = 200 m
DS = 200 mm
A = 2504 m (altitude local conforme Figura 51)
Pelas curvas características da Figura 52, obtêm-se, para o
ponto de trabalho da associação das bombas em série:
Qo = 29  /s (vazão de cada bomba na associação)
Hm = 63 m (altura manométrica de cada bomba na associação)
148

NPSHr = 4,2 m (para cada bomba na associação)

B.1) Estudo da bomba B1 na associação em série

Patm  P 
NPSH d    H S  v  hS  eq. 148
   
em que:
Patm
= 10 – 0,0012 A = 10 – 0,0012 x 2500 = 7 m

Pv 0,322 x 10 4
  0,322 m (Quadro 9ªA do Apêndice 1)
 0,997 x 10 3

4 Qo 4 x 0, 029
hS  LS ( )1,852  ( )1,852 x 100  1,15 m
0,355  C DS
2,63
0,355 x 3,14 x 80 x 0, 2002,63

que, substituídos na equação 148, conduzem a:


NPSHd = 7 – (-2 + 0,322 + 1,15) = 7,53 m
Como o NPSHd > NPSHr, a bomba B1 não cavitará.

B.2) Estudo da bomba B2 na associação em série


A pressão na entrada da tubulação de sucção da bomba B2 é igual
à pressão na saída da bomba B1. Essa pressão (pB/) é calculada por:
pB pE
Hm   eq. 151
 
sendo pE/ a pressão na entrada da bomba B1 e Hm igual a 63 m.
pE
O valor é calculado por:

pE
= (2502 – 2500) – hs = 2 – 1,15 = 0,85 m

149

Levando os valores de Hm e pE/ na equação 151 tem-se:


pB p
63   0,85 B  63,85 m
 

pB ab
Em termos de pressão absoluta, escreve-se  como:

pab p P
B
 B  atm  63,85  7  70,85 m
  
Assim sendo, o NPSHd da bomba B2 é calculado do seguinte
modo:
pBab pv
NPSH d   (H S   hS ). eq. 148
 
sendo
HS = 4 m
pv
 0,322 m

p atm
= 10 – 0,0012 A = 10 – 0,0012 x 2504 = 7 m

hs = 1,15 m
tem-se, pela Equação 148, que:
NPSHd = 70,85 – (4 + 0,322 + 1,15) = 65,4 m.
Como o NPSHd >>> NPSHr, a bomba B1 não cavitará.

21 OPERAÇÃO COM LÍQUIDOS VISCOSOS

Para o bom entendimento deste assunto recomenda-se


uma leitura sobre viscosidade, apresentada no Apêndice D.

21.1 INTRODUÇÃO
150

Geralmente, as curvas características das bombas são obtidas


nas bancadas de ensaio, onde o líquido bombeado é a água limpa à
temperatura ambiente (20 oC).
A finalidade deste estudo é avaliar o comportamento das
bombas operando com líquidos viscosos, a partir do prévio
conhecimento do seu comportamento operando com água.
Para melhor entendimento do assunto, alguns pontos
comentados a seguir, merecem destaque.

a) O presente estudo refere-se a líquidos newtonianos, ou seja, aqueles


que obedecem à lei de viscosidade de Newton como: água, óleos
minerais etc. Nos líquidos newtonianos a viscosidade não é afetada
pela agitação quando a temperatura é mantida constante.

b) Os líquidos em que a viscosidade diminui com a agitação, mantida


constante a temperatura, são chamados de pseudoplásticos. São
exemplos: gorduras, melaço, colas, compostos de celulose, águas
residuárias de: bovinos, suínos e aves, sucos de frutas e polpas,etc.

.c) Os líquidos em que a viscosidade aumenta com a agitação,


mantida constante a temperatura, são chamados dilatantes.
Exemplos: certas argamassas de argila goma arábica, amido, etc.
d) Um aumento na viscosidade implica em um aumento nas perdas por
atrito e turbilhonamento, principalmente no rotor e entre o rotor e o
corpo da bomba. Diante desse fato, os efeitos provocados na bomba
serão uma redução na altura manométrica, na vazão e no rendimento
e, um aumento na potência consumida pela bomba, já que a queda de
rendimento é grande.

e) O efeito da viscosidade é acentuado nas bombas pequenas, de modo


que estas deverão ter dimensões tanto maiores quanto maior for a
viscosidade do líquido a ser bombeado.

f) Como o rendimento da bomba varia com a mudança da viscosidade,


não podem ser usadas as leis de semelhança estudadas no capítulo 8,
por se aplicarem apenas ao caso de rendimentos iguais.
151

21.2 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS


DA BOMBA, PARA LÍQUIDOS DE DADA
VISCOSIDADE, QUANDO SE CONHECEM AS SUAS
CONDIÇÕES DE FUNCIONAMENTO COM ÁGUA
O processo aqui descrito só é recomendado para bombas
centrífugas, monoestágio, operando na mesma rotação e com líquidos
newtonianos. No caso de bombas de múltiplos estágios, deve-se usar a
altura de um estágio.
Esse processo usa os fatores experimentais de correção C, CQ
e CH, sendo o primeiro para corrigir o rendimento; o segundo, a vazão;
e o terceiro, a altura manométrica (Figura 67).
152

Figura 67 - Determinação do desempenho de bombas centrífugas para


líquidos viscosos (padrões do Hydraulic Institute).
153

Para que os resultados sejam satisfatórios, procura-se trabalhar


com vazões sempre próximas daquela que corresponde ao ponto de
máximo rendimento. Adotam-se, portanto, os valores 0,6 Qo, 0,8 Qo,
1,0 Qo e 1,2 Qo, sendo 1,0 Qo a vazão correspondente ao ponto de
máximo rendimento.
Para obter, na Figura 67, os valores C, CQ e CH, procede-se
como descrito a seguir:
a) entra-se na curva característica da bomba que opera com água,
obtendo-se a vazão (Qo) e a altura manométrica (Ho)
correspondente ao ponto de máximo rendimento;
b) calculam-se: Qo = 1,0 Qo, Q1 = 0,6 Qo, Q2 = 0,8 Qo e Q3 = 1,2 Qo ;
os correspondentes valores de Ho, H1, H2 e H3 e rendimentos são
tirados das curvas características da bomba operando com água;
c) introduz-se, na Figura 67, o valor de Qo, levantando, a partir dele,
uma vertical, até encontrar a reta correspondente à altura
manométrica (Ho);
d) a partir de Ho , avança-se horizontalmente (na Figura 67), até tocar
a correspondente linha de viscosidade do líquido a ser bombeado.
e) a partir da linha de viscosidade, levanta-se uma vertical até as cur-
vas de C , CQ e CH , cujas leituras desses coeficientes são feitas
nas escalas correspondentes, ou seja: C o , C Qo , C Ho ;
f) os valores correspondentes a Qo, para a bomba operando líquido
viscoso, serão calculados por (o asterisco refere-se ao líquido
viscoso):
Q*o  Q o C Qo eq. 152

H *o  H o C Ho eq. 153

*o  o C o eq. 154

 o* Qo* H o*
Pot o*  (cv ) eq. 155
75  o*
g) os demais valores correspondentes a Q1, Q2 e Q3 são obtidos ana-
logamente ao que foi feito anteriormente;
154

h) com esses valores calculados traçam-se as curvas características da


bomba operando com líquido viscoso, ou seja:
H *o  f (Q*o ) eq. 156

*o  f (Q*o ) eq. 157


Pot*o  f (Q*o ) eq. 158

21.3 SELEÇÃO DE UMA BOMBA OPERANDO LÍQUIDO


VISCOSO, A PARTIR DA CURVA CARACTERÍSTICA
DA BOMBA OPERANDO COM ÁGUA
Neste caso, a curva característica da bomba centrífuga
operando com líquido viscoso não precisa ser traçada como
anteriormente descrito no item 21.2.
Se, ao operar com água, determinada bomba recalcar uma
vazão Qo , a uma altura manométrica Ho , com um rendimento o,
exigindo uma potência Poto , qual será o desempenho dessa bomba
trabalhando com outro líquido viscoso? Em outras palavras, para que
uma bomba recalque um líquido viscoso, cuja vazão é Q *o e cuja
altura manométrica é H *o , quais serão as coordenadas Qo , Ho
(operação com água) equivalentes que permitirão a escolha da bomba?
Para este caso é necessário utilizar as Figuras 68, 69 e 70, que
apresentam coeficientes de correção para a vazão, altura manométrica
e rendimento.

Figura 68 - Correção para líquido viscoso (altura manométrica).


155

Figura 69 - Correção para líquido viscoso (vazão).

Figura 70 - Correção para líquido viscoso (eficiência).

a. Com os dados de vazão ( Q *o ) e altura manométrica ( H *o ) da bomba


operando com líquido viscoso e usando o catálogo que fornece as
curvas características da bomba operando com água, faz-se, tanto
quanto possível, a coincidência dos dados com o máximo
rendimento da bomba. Obtém-se, portanto, o o da bomba operando
com água.
b. Utilizando os diagramas das Figuras 68 e 69, em função da visco-
sidade do líquido a ser bombeado e do rendimento o obtido no
156

item a, encontram-se os coeficientes de correção C Ho e C Qo , para a


altura manométrica e vazão da bomba operando com água.
c. Divide-se Q *o e H *o pelos coeficientes de correção, para obter o
equivalente em água, ou seja:
Q *o
Qo  eq. 159
C Qo

H *o
Ho  eq. 160
C Ho
d. Introduz-se o par de valores (Qo e Ho) nas curvas características en-
contradas no item a. Esse par de valores (Qo e Ho) será equivalente
a ( Q *o e H *o ) se o rendimento o coincidir com o rendimento  'o
obtido com o novo par de valores (Qo , Ho).
e. Se  'o  o, faz-se nova tentativa, adotando o novo rendimento  'o
e partindo do item b. Esta tentativa será repetida até que os dois
últimos rendimentos estejam o mais próximo possível um do outro
(duas a três tentativas é suficiente).

f. Obtida a proximidade dos dois últimos rendimentos (o ~  'o ), os


valores da altura manométrica e da vazão corrigida para água serão
(usar sempre os valores de Q *o e H *o que são dados iniciais de
projeto)
Q *o
Q 'o  (vazão equivalente em água) eq. 161
C 'Qo

H *o
H 'o  (altura manométrica equivalente em água) eq. 162
C 'H o

sendo C 'Qo e C 'H o os coeficientes de correção correspondentes a  o' .

g. Para o ponto de projeto da bomba ( Q 'o e H o' ,  o' ) operando com


água, especifica-se no catálogo do fabricante a bomba a ser
adquirida.
157

h. O coeficiente de rendimento C 'o da bomba operando com líquido


viscoso é obtido na Figura 70, em função da viscosidade e do
rendimento  'o .
i. O rendimento *o da bomba operando com líquido viscoso é calcu-
lado por:
0*  0' C*0
eq. 163
j. Calcula-se a potência consumida pela bomba operando com líquido
viscoso, pela equação
 *o Q *o H *o
Pot*o  (cv) eq. 155
75 *o
Para a conversão de viscosidades e determinação da
viscosidade em função da temperatura, apresentam-se a seguir, as
Figuras 71 e 72.
158

Figura 71 – Diagrama para conversão de viscosidades.


159

Figura 72 - Determinação da viscosidade em função da temperatura.

21.4 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

Exercício A

Apresentam-se, a seguir, as curvas características de uma


bomba centrífuga, monoestágio, operando com água (Figura 73). Tal
160

bomba deverá trabalhar com óleo de peso específico igual a 900


kgf/m3 e viscosidade cinemática de 190 centistokes. Traçar as curvas
características da bomba operando com óleo.

Solução
Seguindo a metodologia proposta para o caso, (item 21.2),
tem-se:
A.1) Da curva característica da bomba operando com água (Figura 73)
obtêm-se, para o ponto de máximo rendimento:
Qo = 170 m3/h
Ho = 46,3 m
o = 68%

Figura 73 - Curva característica de uma bomba operando com água.

A.2) Cálculos de Qo , Q1 , Q2 e Q3 com os respectivos valores das altu-


ras manométricas e dos rendimentos obtidos na Figura 73:
Qo = 1,0 Qo = 170 m3/h ; Ho = 46,3 m ; o = 68%
161

Q1 = 0,6 Qo = 102 m3/h ; H1 = 49,8 m ; o = 59%


Q2 = 0,8 = Qo = 136 m3/h ; H2 = 48,0 m ; 2 = 66%
Q3 = 1,2 = Qo = 204 m3/h ; H3 = 44,0 m ; 3 = 66%
A.3) Na Figura 67, com os valores de Qo, Q1, Q2 e Q3 obtêm-se os
coeficientes C, CQ e CH correspondentes (Quadro 15).
Quadro 15 - Valores de C, CQ e CH obtidos da Figura 67
Qo = 170 m3/h Q1 = 102 m3/h Q2 = 136 m3/h Q3 = 204 m3/h
C 0,68 0,63 0,64 0,69
CQ 0,95 0,93 0,94 0,95
CH 0,93 0,95 0,94 0,89
A.4) Os valores correspondentes a Q*, H*, * e Pot* da bomba ope-
rando com óleo são (Quadro 16, 17, 18 e 19).

Quadro 16 - Valores de Q*o , H *o , *o e Pot*o da bomba operando com


óleo
Q *o = QO C Qo H *o = Ho C H o o*  o C o  *o Q *o H *o
Pot*o 
75 *o
161,5 m3/h 43,0 m 46,2% 50,2 cv

Quadro 17 - Valores de Q1* , H1* , 1* e Pot1* de bomba operando com


óleo
Q1*  Q1 C Q1 H1*  H1 C H1 1*  1 C 1  o* Qo* H1*
Pot1* 
751*
94,9 m3/h 47,3 m 37,2% 40,2 cv

Quadro 18 - Valores de Q*2 , H*2 , *2 e Pot*2 da bomba operando com


óleo
Q*2  Q 2 C Q2 H *2  H 2 C H 2 *2   2 C   *o Q *2 H *2
2 Pot *2 
75 *3
127,8 m3/h 45,1 m 42,2% 45,5 cv
162

Quadro 19 - Valores Q*3 , H*3 , *3 e Pot*3 da bomba operando com óleo

Q*3  Q 3 C Q3 H *3  H 3 C H3 *3  3 C   *o Q *3 H *3
3 Pot*2 
75 *3
193,8 m3/h 39,2 m 45,4% 55,6 cv

A.5) Levando os pares (Q*, H*), (Q*, *) e (Q*, Pot*) dos Quadros 16,
17, 18 e 19 à curva característica da bomba operando com água
(Figura 73), traçam-se as curvas características da bomba operando
com óleo, conforme pedido no exercício. Essas curvas estão
representadas na Figura 74, (linhas tracejadas).

Figura 74 - Curvas características de uma bomba operando com água


(linhas cheias) e com óleo (linhas tracejadas).

Exercício B
Especificar uma bomba capaz de fornecer uma vazão de 140
m /h de óleo com viscosidade de 6,50 cm2/s, densidade de 0,90, numa
3
163

instalação com 30 m de altura manométrica, usando as curvas


características da bomba válidas para água (Figura 75).

Solução
Seguindo o método descrito no item 21.2, tem-se:

B.1) Introduzindo nas curvas características (Figura 75) os valores:


Q*o  140 m 3 / h e H*o = 30 m, obtém-se que: o = 79%

Figura 75 - Curvas características de uma bomba operando com água.

B.2) Utilizando a Figura 71 e as Figuras 68 e 69, têm-se:


6,50 cm2/s = 650 centistokes = 3.000 SSU (Figura 71),
C H o = 0,79 (Figura 68) e C Qo = 0,77 (Figura 69).
164

B.3) A vazão (Qo) e a altura manométrica (Ho) equivalentes em água


são:
Qo* 140
Qo    182 m3 / h
CQo 0, 77

H o* 30
Ho    38 m
CH o 0, 79

B.4) Com os dados de Qo e Ho levados à curva característica da bomba


já selecionada conforme o item B.1, encontra-se (Figura 75):
 'o = 83,3%

B.5) Como o'  0 , introduz-se novamente nas Figuras 68 e 69 o


valor de  'o = 83,3% , encontrando
C 'H o = 0,83

C 'Qo = 0,81
coeficientes estes que permitem calcular, usando os dados de projeto
( Q0*  140m 3 / h e H 0*  30m ):

Q*o 140
Q 'o    173 m 3 / h
C 'Qo 0,81

H 'o 30
H 'o    36 m
C H o 0,83

Retornando à Figura 75, com Q 'o e H 'o , tem-se:

"o = 83,1%, valor bem próximo do anterior (  'o = 83,3%), de tal


forma que serão considerados aproximadamente iguais. Assim sendo,
seleciona-se a bomba modelo GW, rotor de 305 mm de diâmetro,
operando à rotação de 1750 rpm. Deve-se ressalvar que a bomba com
165

essas características fornecerá vazão de água e altura manométrica


maiores do que 173 m3/h e 36 m, respectivamente (veja onde caiu esse
ponto na curva característica da bomba, Figura 75). Uma redução na
rotação ou uma redução no diâmetro do rotor (usinagem), calculadas
segundo o itens 14 e 15, são recursos que podem ser utilizados para
obter o ponto de funcionamento desejado ( Q 'o = 140 m3/h e H 'o = 30
m), desde que se use os dados equivalentes em água ( Q0'  173m 3 / h
e H 0'  36m ).

B.6) Considerando a ressalva feita no item B.4, o coeficiente de rendi-


mento ( C  o* ) da bomba operando com óleo, tirado da Figura 70 para
"o = 83,1% e viscosidade de 3.000 SSU, é:

C o* = 0,60
B.7) O rendimento da bomba operando com óleo é, portanto:
o*  o' C o* = 83,1 x 0,60 = 50%
B.8) A potência consumida pela bomba com óleo é:
 *o Q*o H *o 900 x 140 x 30
Pot*o    28 cv
75 *o 75 x 0,50 x 3600

Observações:
- A potência consumida pela bomba operando com óleo deve ser
praticamente igual àquela para a mesma bomba operando com água,
ou seja:
1000 x 173 x 36
Pot  = 27,8 cv
75 x 0,831 x 3600
- O problema em questão deve também ser analisado do ponto de vista
da cavitação, utilizando os dados equivalentes em água,

Exercício C
166

Uma bomba, cujas curvas características estão apresentadas na


Figura 76, para água, foi selecionada para atender a uma vazão de
água de 184 m3/h a uma altura manométrica de 31,4 m. Quais serão a
vazão, a altura manométrica, o rendimento e a potência exigida, se a
bomba operar com um óleo de densidade igual a 0,900 e viscosidade
igual a 3.000 SSU?
167

Figura 76 - Curvas características de uma bomba operando com água.

Solução
Como os dados do problema são válidos para água, a
aplicação dos coeficientes de correção sobre esses dados conduzem
diretamente aos valores equivalentes em óleo.
Com os valores de Qo = 184 m3/h e Ho = 31,4 m lebados à
curva característica fornecida, Figura 76, encontra-se uma bomba com
rendimento o = 68% e diâmetro do rotor de 340 mm, que deverá
operar a 1.450 rpm (este valor está situado à esquerda do diâmetro do
rotor, na curva característica da bomba).
Introduzindo os valores de Qo e Ho nas Figuras 68, 69 e 70,
têm-se, para a viscosidade de 3.000 SSU:
C Ho  0,68
C Qo  0,64
C o  0,39
Os valores correspondentes em óleo são:
Q*o  Q o C Qo = 184 x 0,64 = 118 m3/h

H o*  21,3m = 31,4 x 0,68 = 21,3 m


*o  o C o = 68 x 0,39 = 26,5%

 o* Qo* H o* 900 x 118 x 21,3


Pot 
*
  31, 6 cv
75 o*
o
75 x 0, 265 x 3600

Exercício D

Uma bomba, cujas curvas características estão apresentadas na


Figura 76, para água, foi selecionada para atender a uma vazão de óleo
de 118 m3/h e uma altura manométrica de 21,3 m. Quais serão a
vazão, a altura manométrica, o rendimento e a potência exigida, se a
168

bomba operar com água? A densidade do óleo é igual a 0,900 e


viscosidade igual a 3.000 SSU.

Solução

Este problema (uma inversão do exercício anterior) tem o intuito


de verificar a consistência dos dados obtidos no exercício C.
Levando Qo* = 118 m3/h e H o*  21,3m à Figura 76, tem-se para
água:  o =56,5%, valor este que aplicado nas Figuras 68 e 69 levam a:
C Ho  050 e C Qo  048.
O correspondente em água é: Q0 = Q0*/ 0,48 = 246 m3/h e H0 =
*
H0 / 0,50 = 42,5 m, valores estes que aplicados na Figura 76 levam a
 'o = 68%. Como  'o ≠  o , retorna-se com  'o às Figuras 68 e 69
obtendo: C ' Ho  0,68 e C 'Qo  0,64, que aplicados a Q0* e H0*,
conduzem a : Q0’ = Q0*/064 = 184 m3//h e H0’ = H0*/0,68 = 31,3 m.
Retornando com Q0’ e H0’ à Figura 76, tem-se o '' = 68%, valor
este que concorda com o anterior (  'o =o '' ), permitindo afirmar que
os valores equivalentes em água são: Q0’ = 184 m3//h , H0’ = 31,3 m. e
 'o = 68%., sendo a potência calculada por:

 0Q0' H 0' 1000 x 184 x 31,3


Pot0    31, 4 cv
75 0 75 x 0, 68 x 3600

22 DEFEITOS MAIS COMUNS EM UMA INSTALAÇÃO


DE BOMBEAMENTO E SUAS CAUSAS
A – A bomba deixa de recalcar.
Causas:
169

a) Entrada de ar na sucção, no corpo da bomba ou na caixa de gavetas.


b) Entupimento do rotor.
c) Obstrução na válvula de pé por um corpo estranho, como pano,
barro, gravetos, folhas etc.
d) Deslizamento do rotor no eixo, provocado pelo desgaste do eixo ou
pelo deslocamento da chaveta de fixação.
e) Defeito na válvula de pé que, pelo uso ou por formação de crosta,
impede a sua abertura.
f) Estrangulamento pela quebra da haste da válvula de gaveta e
conseqüente não-abertura da gaveta.
g) Defeito na vedação da válvula de retenção, com subseqüente agar-
ramento da “borboleta”.
h) Depressão na rede, com ausência de ventosa.
i) Rotação abaixo da especificada.
j) Rotação invertida.
l) Altura de sucção acima da permitida, provocando o fenômeno da
cavitação.
m) Altura manométrica superior à que foi considerada.
B – A vazão ou a pressão que estavam boas caem.
Causas:
a) Podem ser as mesmas citadas nas letras a, c, e l do item A.
b) Rotor parcialmente entupido.
c) Engaxetamento defeituoso.
d) Líquido com ar em dissolução na tubulação de sucção.
C – Pouca pressão.
Causas:
a) Os mesmos motivos citados nas letras i e l do item A e letra c do
item B.
b) Rotor quebrado ou desgastado.
c) O diâmetro do rotor é pequeno (por engano de montagem do fabri-
cante) e não condiz com as características gravadas na plaqueta de
identificação.
D – A bomba funciona por algum tempo e depois pára de funcionar.
170

Causas:
a) Perda de escorva.
b) Entupimento na sucção.
c) Ar na tubulação de sucção.
E – A bomba absorve maior potência.
Causas:
a) Altura manométrica inferior à altura para a qual a bomba foi calcu-
lada. Neste caso, a vazão aumenta, originando sobrecarga no motor
(caso de bombas centrífugas).
b) Defeitos mecânicos no conjunto bomba-motor, como: empeno do
eixo, desgaste de mancais, gripamento de disco ou discos,
rolamentos de esferas muito desgastados ou quebrados, gaxetas
apertada.
F – Ruídos estranhos.
Causas:
a) Presença de ar na bomba.
b) Um dos defeitos prováveis citados no item D.

23 LOCALIZAÇÃO DE FALHAS EM MOTOR


ELÉTRICO
O motor não parte Falta de voltagem Verificar a voltagem em
todas as fases acima da
chave desligada.
Verificar a voltagem sob
Fusíveis de linha os fusíveis (todas as fases
queimados ou de- com a chave ligada).
feituosos; disjun-
tor aberto
Desligação de so- Apertar o botão de liga-
brecarga aberta. ção.
Bobina de reten- Apertar o botão de parti-
ção na chave mag- da, dando tempo suficien-
nética defeituosa te para o funcionamento
171

de retardamento, se hou-
ver, e, então, verificar a
voltagem na bobina de
retenção. Se a voltagem
for correta, a bobina está
defeituosa; se não houver
voltagem, o circuito de
controle está aberto.
Ligações soltas ou Fazer inspeção visual de
defeituosas no cir- todas as ligações do cir-
cuito de controle cuito de controle ou fazer
verificações locais do
circuito.
Mau contato Abrir a chave de desliga-
ção manual , fechar a
chave magnética à mão e
examinar os contatadores
e as molas.
Circuito de linha Verificar a voltagem nas
aberto no painel de três fases e os contata-
controle dores magnéticos.
Circuito aberto nos Verificar a voltagem nos
cabos para o motor cabos.
Cabos mal ligados. Verificar a numeração e
ligação dos cabos.
O motor não atinge Voltagem baixa ou Verificar a voltagem nas
a velocidade incorreta três fases, no painel de
controle e nos cabos
condutores do motor.
Ligações incorre- Verificar as ligações cor-
tas no motor retas dos cabos no motor
e comparar com o diagra-
ma de ligações no motor.
Sobrecarga mecâ- Verificar a regulagem do
nica rotor e se há algum eixo
travado ou apertado.
172

Sobrecarga hidráu- Verificar a regulagem do


lica rotor. Comparar rpm com
a capacidade e a pressão
da bomba.
O motor aquece Ventilação inade- Assegurar o suprimento
quada adequado de ar fresco.
Verificar o sopro de ar
pelo motor, sentindo a
descarga de ar no fundo
motor.
Sobrecarga Verificar a carga com
amperímetro.
Suprimento de Verificar as fases de su-
voltagem desequi- primento de voltagem
librado com voltímetro.
O motor vibra Eixo engrenado e Retirar o acoplamento
desalinhado superior de acionamento
e verificar o alinhamento
do motor com a bomba.
Mancais do eixo Desligar o motor da
de transmissão bomba e girar somente o
gastos ou eixos de motor para determinar a
transmissão tortos fonte da vibração.

24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, G. L. Classificação e funcionamento das bombas; curvas
características. III Curso de Bombas Hidráulicas, Ed. Engenharia, escola de
Engenharia da UFMG, 1972. 402 p.
CATÁLOGOS DAS BOMBAS MARK PEERLESS, São Bernando do Campo, São
Paulo. [s.ed.] [s.p.].
DJALMA, F. C. Instalações elevatórias; bombas. 2. ed. Belo Horizonte: Fundação
Mariana Resende Costa: 1979, 353 p.
KSB Bombas Hidráulicas S.A. São Paulo: Manual de Treinamento, 1985.
173

LEOPOLDO, R. Bombeamento para irrigação. ABEAS – Associação Brasileira de


Educação Agrícola Superior: Brasília, DF., 1987, 73 p.
MACINTYRE, A. J. Bombas e instalações de bombeamento. Guanabara Dois: Rio
de Janeiro, 1980, 667 p.
Martins, J. ª Bombas e estações elevatórias utilizdas em abastecimento de água.
Faculdade de Higirne e Saúde Pública – USP; São Paulo, 1996, 357 p.
PIMENTA, C. F. Curso de hidráulica geral. 3. ed. São Paulo: Centro Tecnológico
de Hidráulica Geral. v. 2, 1978, 436 p.
SILVESTRE, P. Hidráulica geral. Livros Técnicos e Científicos: Rio de Janeiro,
1979, 316 p.
VIEIRA, R. C. C. Exercícios de máquinas de fluxo. EESC – USP: São Carlos, 1965.
174

25 Apêndices
175

Apêndice A:
Tabelas, Diagramas
e Fluxogramas
176

Figura 1A - Diagrama de Moody


177

Figura 2A - Diagrama de Moody, segundo Hunter Rouse


178

Diâmetr Joelh Joelh Curv Curv Tê Tê Tê Entrad Entrad Saída Válvul Válvula de Registr Registr Registr
o o 90o o 45o a 90o a 45o 90o 90o 90o a a de de a de Retenção o de o de o de
externo passa saída saída norma borda canali- pó e Tipo Tipo globo gaveta ângulo
gem de bilater l zação crivo leve pesad aberto aberto aberto
direta lado al o

Mm
ref.
20 1,1 0,4 0,4 0,2 0,7 2,3 2,3 0,3 0,9 0,8 8,1 2,5 3,6 11,1 0,1 5,9
(1/2)
25 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 2,4 0,4 1,0 0,9 9,5 2,7 4,1 11,4 0,2 6,1
(3/4)
32 (1) 1,5 0,7 0,6 0,4 0,9 3,1 3,1 0,5 1,2 1,3 13,3 3,8 5,8 15,0 0,3 8,4
40 (1 2,0 1,0 0,7 0,5 1,5 4,6 4,6 0,6 1,8 1,4 15,5 4,9 7,4 22,0 0,4 10,5
¼)
50 (1 3,2 1,3 1,2 0,6 2,2 7,3 7,3 1,0 2,3 3,2 18,3 6,8 9,1 35,8 0,7 17,0
½)
60 (2) 3,4 1,5 1,3 0,7 2,3 7,6 7,6 1,5 2,8 3,3 23,7 7,1 10,8 37,9 0,8 18,5
75 (2 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 7,8 1,6 3,3 3,5 25,0 8,2 12,5 38,0 0,9 19,0
½)
85 (3) 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8,0 8,0 2,0 3,7 3,7 26,8 9,3 14,2 40,0 0,9 20,0
110 4,3 1,9 1,6 1,0 2,6 8,3 8,3 2,2 4,0 3,9 28,6 10,4 15,0 42,3 1,0 22,1
(4)
140 4,9 2,4 1,9 1,1 3,3 10,0 10,0 2,5 5,0 4,9 37,4 12,5 19,2 50,9 1,1 26,2
(5)
160 5,4 2,6 2,1 1,2 3,8 11,1 11,1 3,6 5,6 5,5 43,4 13,9 21,4 56,7 1,2 28,9
(6)

Quadro 1A - Perda de carga localizada (Equivalência em metros de canalização de PVC rígido ou cobre)
179
Diâme- Coto- Coto- Coto- Coto Curva Curva Curva Entra- Entra Regis- Regis- Registro Tê Tê Tê saída Válvu Saída Válvula de
tro velo velo velo velo 90o 90o 45 da da de tro tro ângulo passa- saída bilateral la de de Retenção
Externo 90o 45o 90o 45 R/D R/D normal borda gaveta globo aberto gem de pó e canali- Tipo Tipo
ralo ralo ralo =1½ =1 aberto aberto aberto lado crivo zação leve pesado
longo médio curto

mm pol.

13 ½ 0,3 0,4 0,5 0,2 0,2 0,3 0,2 0,2 0,4 0,1 4,9 2,6 0,3 1,0 1,0 3,6 0,4 1,1 1,6

19 ¾ 0,4 0,6 0,7 0,3 0,3 0,4 0,2 0,2 0,5 0,1 6,7 3,6 0,4 1,4 1,4 5,6 0,5 1,6 2,4

25 1 0,5 0,7 0,8 0,4 0,3 0,5 0,2 0,3 0,7 0,2 8,2 4,6 0,5 1,7 1,7 7,3 0,7 2,1 3,2

32 1 ¼ 0,7 0,9 1,1 0,5 0,4 0,6 0,3 0,4 0,9 0,2 11,3 5,6 0,7 2,3 2,3 10,0 0,9 2,7 4,0

38 1 ½ 0,9 1,1 1,3 0,6 0,5 0,7 0,3 0,5 1,0 0,3 13,4 6,7 0,9 2,8 2,8 11,6 1,0 3,2 4,5

50 2 1,1 1,4 1,7 0,8 0,6 0,9 0,4 0,7 1,5 0,4 17,4 8,5 1,1 3,5 3,5 14,0 1,5 4,2 6,4

63 2 ½ 1,3 1,7 2,0 0,9 0,8 1,0 0,5 0,9 1,9 0,4 21,0 10,0 1,3 4,3 4,3 17,0 1,9 5,2 8,1

75 3 1,6 2,1 2,5 1,2 1,0 1,3 0,6 1,1 2,2 0,5 26,0 13,0 1,6 5,2 5,2 20,0 2,2 6,3 9,7

100 4 2,1 2,8 3,4 1,5 1,3 1,6 0,7 1,6 3,2 0,7 34,0 17,0 2,1 6,7 6,7 23,0 3,2 8,4 12,0

125 5 2,7 3,7 4,2 1,9 1,6 2,1 0,9 2,0 4,0 0,9 43,0 21,0 2,7 8,4 8,4 30,0 4,0 10,4 10,1

150 6 3,4 4,3 4,9 2,5 1,9 2,5 1,1 2,5 5,0 1,1 51,0 26,0 3,4 10,0 10,0 39,0 5,0 12,5 19,3

200 8 4,3 5,5 6,4 3,0 2,4 3,5 1,5 3,5 6,0 1,4 67,0 34,0 4,3 13,0 13,0 52,0 6,0 16,0 25,0

250 10 5,5 6,7 7,9 3,8 3,0 4,1 1,8 4,5 7,5 1,7 85,0 43,0 5,5 16,0 16,0 65,0 7,5 20,0 32,0

300 12 6,1 7,9 9,5 4,6 3,6 4,6 2,2 5,5 9,0 2,1 102,0 51,0 6,1 19,0 19,0 78,0 9,0 24,0 38,0

350 14 7,2 9,5 10,5 5,3 4,4 5,4 2,5 6,2 11,0 2,4 120,00 60,0 7,3 22,0 22,0 90,0 11,0 28,0 45,0

Quadro 2A - Tubulações de ferro fundido e aço (Comprimentos equivalentes a perdas localizadas em metros de
canalização retilínea)
180

Peça Comprimento expressos em


diâmetros (números de diâmetro)
Ampliação gradual 12
Cotovelo de 90o 45
Cotovelo de 45o 20
Curva de 90o 30
Curva de 45o 15
Entrada normal 17
Entrada de borda 35
Junção 30
Redução gradual 6
Redução excêntrica* 6
Válvula de gaveta, aberta 8
Válvula de globo, aberta 350
Válvula de ângulo, aberta 170
Saída de canalização 35
Tê, passagem direta 20
Tê, saída de lado 50
Tê, saída bilateral 65
Válvula-de-pé e crivo 250
Válvula de retenção 100
* Sugerido pelos autores.
Curvas de aço em segmentos
30o - 2 segmentos 7
45o - 2segmentos 15
45o - 3 segmentos 10
60o - 2 segmentos 25
60o - 3 segmentos 15
90o - 2 segmentos 65
90o - 3 segmentos 25
90o - 4 segmentos 15

Quadro 3A - Perdas localizadas expressas em diâmetro de canalização


retilínea (métodos dos diâmetros equivalentes)
181

Tubos Valores de C
Aço corrugado 60
Aço com juntas “lock-bar”, novos 135
Aço galvanizado (novos e em uso) 125
Aço rebitado, novos 110
Aço rebitado, em uso 85
Aço soldado, novos 120
Aço soldado, em uso 90
Aço soldado com revestimento especial novos e em 130
uso)
Chumbo 130
Cimento amianto 135
Cobre 130
Concreto - acabamento liso 130
Concreto - acabamento comum 120
Ferro fundido, novos 130
Ferro fundido, em uso (ver também tabela XII) 90
Ferro fundido, tubos revestidos de cimento 110
Grês cerâmico vidrado (manilhas) 110
Latão 130
Madeira, em aduelas 120
Tijolos, condutos com revestimento de cimento 100
alisado
Vidro 140

Quadro 4A - Valores do coeficiente C da fórmula de Hazen-Williams


182
Coeficientes de Christiansen (F)
Número de Número de
saídas (N) m = 1,85 m = 1,9 m = 2,0 saídas (N) m = 1,85 m = 1,90 m = 2,0

1 1,0 1,0 1,0 16 0,382 0,377 0,365


2 0,639 0,634 0,625 17 0,380 0,375 0,363
3 0,535 0,528 0,518 18 0,379 0,373 0,361
4 0,486 0,480 0,469 19 0,377 0,372 0,360
5 0,457 0,451 0,440 20 0,376 0,370 0,359
6 0,435 0,433 0,421 22 0,374 0,368 0,357
7 0,425 0,419 0,408 24 0,372 0,366 0,355
8 0,415 0,410 0,398 26 0,370 0,364 0,353
9 0,409 0,402 0,391 28 0,369 0,363 0,351
10 0,402 0,396 0,385 30 0,368 0,362 0,350
11 0,397 0,392 0,380 35 0,365 0,359 0,347
12 0,394 0,388 0,376 40 0,364 0,357 0,345
13 0,391 0,384 0,373 50 0,361 0,355 0,343
14 0,387 0,381 0,370 100 0,356 0,350 0,338
15 0,384 0,379 0,367 >100 0,351 0,345 0,33

Quadro 5A - Coeficientes de Christiansen para correção de perda de carga contínua em tubulações com
múltiplas saídas
m = Expoente da vazão ou da velocidade média do escoamento nas fórmulas para o cálculo da perda de carga contínua.
183

Peça k Peça k
Ampliação gradual* 0,30 Junção 0,40
Bocais 2,75 Medidor venturi** 2,50
Comporta aberta 1,00 Redução gradual* 0,15
Controlador de vazão 2,50 Registro de ângulo, aberto 5,00
Cotovelo de 90 0,90 Registro de gaveta, aberto 0,20
Cotovelo 45 0,40 Registro de globo, aberto 10,00
Crivo 0,75 Saída de canalização 1,00
Curva de 90 0,40 Tê, passagem direta 0,60
Curva de 45 0,20 Tê, saída de lado 1,30
Curva de 22,5 0,10 Tê, saída bilateral 1,80
Redução excêntrica* 0,15*** Torneira 10,00
Entrada normal de canalização 0,50 Válvula de pé 1,75
Entrada de borda 1,00 Válvula de retenção 2,50
Existência de pequena derivação 0,03 Velocidade 1,00

Quadro 6A – Valores de k para cálculo das perdas de carga localizadas


* Com base na velocidade maior (seção menor); ** Relativa à velocidade na canalização; *** Sugestão dos autores.
184

Altitude Altura de coluna de água equivalente à pressão


(m) atmosférica (m)
0 10,33
300 9,96
600 9,56
900 9,22
1 200 8,88
1 500 8,54
1 800 8,20
2 100 7.89
2 400 7.58
2 700 7,31
3 000 7,03

Quadro 7A - Pressão atmosférica em função da altitude


185

Densidade Viscosidade Viscosidade Módulo


Temperatura Peso específico absoluta () dinânmica cinemática elasticidade Observações
 oC () kgf/m3 kgfs2/m4 = () kgf /m2 () m2/s volumétrica
(utm/m3) () kgf /m2
0 999,87 101,93 181 x 10-6 1,79 x 10-6 1,99 x 108 Nos cálculos habituais
4 1000,00 101,94 160 x 10-6 1,57 x 10-6 - da hidráulica, costuma-
se adotar:
10 999,73 101,91 134 x 10-6 1,31 x 10-6 2,09 x 108
 = 1000 kgf /m3
20 998,23 101,76 103 x 10-6 1,01 x 10-6 2,18 x 108
30 995,67 101,50 84 x 10-6 0,83 x 10-6 2,20 x 108 kgfseg 2
  102
40 992,24 101,14 67 x 10-6 0,66 x 10-6 2,21 x 108 m4
50 988,07 100,72 56 x 10-6 0,55 x 10-6 2,22 x 108  = 102 utm/m3
60 983,30 100,23 47 x 10-6 0,46 x 10-6 2,23 x 108  = 1000 kg/m3
80 917,80 99,06 37 x 10-6 0,37 x 10-6 -
 = 1,01 x 10-6 m2/s.
100 958,40 97,70 28 x 10-6 0,29 x 10-6 -

Quadro 8A - Propriedade físicas da água doce à pressão atmosférica normal


186

Pressão de vapor (pv)


Densidade (d)
Temperatura (mm Hg) (kgf /cm2) (Adimensional)
(oC)
15 12,7 0,0174 0,999
20 17,4 0,0238 0,998
25 23,6 0,0322 0,997
30 31,5 0,0429 0,996
35 41,8 0,0572 0,994
40 54,9 0,0750 0,992
45 71,4 0,0974 0,990
50 92,0 0,1255 0,988
55 117,5 0,1602 0,986
60 148,8 0,2028 0,983
65 186,9 0,2547 0,981
70 233,1 0,3175 0,978
75 288,5 0,3929 0,975
80 354,6 0,4828 0,972
85 433,0 0,5694 0,969
90 525,4 0,7149 0,965
95 633,7 0,8620 0,962
100 760,0 1,0333 0,958
105 906,0 1,2320 0,955
110 1075,0 1,4609 0,951
115 1269,0 1,7260 0,947
120 1491,0 2,0270 0,943

Quadro 9A - Pressão de vapor da água e densidade da água


187

Figura 3A - Fluxograma para a determinação da perda de carga (H),


com o uso da fórmula universal
188

Figura 4A - Fluxograma para a determinação da vazão (Q), com o uso


da fórmula universal.
189

Figura 5A - Fluxograma para a determinação do diâmetro (D), com o


uso da fórmula universal
190

Apêndice B:
Cálculo do Diâmetro
de Polias
191

CÁLCULO DO DIÂMETRO DE POLIAS

1) Correias em "V":
n 2 ( d 2  h) n1 (d1  h)
d1  h e d2  h
n1 n2
2) Correias planas:
n2 d 2 n1 d1
d1  e d2 
n1 n2
sendo:
d1 = Diâmetro externo da polia da bomba, mm
d2 = Diâmetro externo da polia do motor, mm
n1 = Rotação da polia da bomba (rpm)
n2 = Rotação da polia do motor (rpm)
h = Valor conforme tabela abaixo, mm

Correia A B C D E
h(mm) 9 11 12 16 26

CÁLCULO DA CAPACIDADE DAS CORREIAS EM "V".


Para se calcular a capacidade de cada correia em "V",
usa-se a seguinte expressão:
NV  cn2 d 2

sendo:
NV = capacidade de cada correia, cv
192

n2 = rotação da polia do motor, rpm


d2 = diâmetro da polia do motor, m
c = fator de correção que depende do tipo de
correia, sendo:
c = 0,0023 para correia "A"
c = 0,0034 para correia "B"
c = 0,0074 para correia "C"
Nota: A velocidade linear ou periférica não deverá
ultrapassar a V = 1200 m/min, sendo:
V = ω1d1/2 = ω2d2/2 =  n1d1 =  n2d2

Exemplo:
Um motor de 10 cv com rotação de 1750 rpm tem
uma polia em “V”de 200 mm de diâmetro externo.
Quantas correias "B" devem ser usadas? Qual
deverá ser a rotação da bomba a ser acoplada ao
motor, para uma polia em “V” de 150mm de
diâmetro externo?
Solução:
V =  n2d2 = 3,14 x 1750 x 0,200 = 1099 m/min,
valor este abaixo do limite máximo permitido.
NV  cn2 d 2

c = 0,0034 (para correias “B”)


193

NV = 3,14 x 0,0034 x 1750 x 0,200 = 3,74 cv/correia


Como o motor tem 10cv, serão 10/3,74 = 2,67 correias;
portanto, devem ser usadas 3 correias “B”.
n 2 ( d 2  h)
d1  h
n1
1750200  11
150   11
n1

n1  2379rpm (rotação do rotor da bomba).


194

Apêndice C:
Revisão Sobre
Análise Dimensional
195

1. INTRODUÇÃO
A análise dimensional uma técnica de grande valia no
estudo dos relativos ao escoamento dos fluidos; ela leva em
conta apenas as dimensões das grandezas físicas envolvidas no
problema, não se preocupando com os coeficientes numéricos
que eventualmente possam existir. Esses coeficientes, em geral,
são obtidos através da pesquisa (análise experimental). Pode-se
afirmar, portanto, que a análise dimensional necessita estar
atrelada com a análise experimental. Algumas de suas
aplicações são:
- previsão de fórmulas físico-matemáticas;
- redução do número de parâmetros físicos necessárias
em um programa experimental;
- estabelecimento dos princípios do projeto de modelos;
- verificação da homogeneidade dimensional das
equações (uma equação é dita dimensionalmente homogênea
quando todos os seus termos tiverem as mesmas dimensões).
A análise dimensional pode ser estudada de acordo com:
- método de Lord Rayleigh
- teorema dos  ou teorema de Buckingham.

2. MÉTODO DE LORD RAYLEIGH


196

Este método consiste numa aplicação imediata do


teorema de Bridgeman, ou seja: toda grandeza física derivada de
outras grandezas físicas, pode ser expressa pelo produto de uma
constante pelas grandezas das quais dependem, elevadas a
expoentes a serem determinados.
Sendo G uma grandeza física dependente de outras
grandezas físicas: g1, g2, g2 gn, ela poderá ser expressa por:
G  Cg1 1 g 2 2 g 3 3 ...g n
x x x xn
eq.1c
Na equação anterior, C é uma constante (adimensional)
que deverá ser determinada experimentalmente ou por uma
análise físico-matemática e os expoentes desta equação,
incógnitas a serem determinados pela igualdade com os
respectivos expoentes conhecidos da grandeza física G escrita
na forma dimensional. Este método é recomendado quando o
número de dimensões mais um for maior ou igual ao número de
grandezas físicas envolvidas no problema, ou seja: k + 1 ≥ n.

2.1. EXEMPLOS DE APLICACÃO

Exercício a: Exprimir a velocidade ideal ou teórica de


um líquido (Vth) através de um orifício em função da aceleração
da gravidade (g) e da carga hidráulica (h) a que está submetido o
orifício.
Solução:
197

Pelo enunciado do problema, pode-se escrever:


Vth = f(g,h)
Vth = C gx hy eq.2c
Escrevendo as grandezas físicas envolvidas no problema na
forma dimensional, tem-se:
|Vth| = LT-1; |g| = LT-2; |h| = L, onde:
n = 3 (número de grandezas físicas), e
k = 2 (número de dimensões: comprimento e tempo).
k+1 = n (indicando que o método de Lord Rayleigh é indicado
para a solução do problema).
Escrevendo a equação 2c na forma dimensional, sem levar
em conta a constante C, tem-se:
LT-1 = (LT-2)x Ly
LT-1 = Lx+y T-2x
Para que a igualdade anterior seja válida, é necessário que
os expoentes das respectivas dimensões (L e T) sejam iguais, ou
seja:
x  y  1

 2x  1
Resolvendo o sistema de equações, tem-se:
x = y = 1/2
Os valores de x e de y levados à equação (2c), fornecem:
Vth = C g1/2 h1/2 = C gh
198

A análise dimensional só consegue chegar até a equação


anterior, não fornecendo informações sobre a constante C; a
experimentação ou análise físico-matemática mostram que: C
= 2 , ficando a equação anterior escrita como: Vth = 2gh .

Exercício b: Estabelecer uma fórmula para o cálculo da


vazão (Q), através de vertedor retangular, em função da
aceleração da gravidade (g), do comprimento da soleira do
vertedor (L) e da sua carga hidráulica (H).
Solução:
Q = f(g,L,H)
Q = C gx Ly Hz eq. 3c
|Q| = L3 T-1
|g| = L T-2
|L| = L
|H| = L
k=2
n=4
k+1<n
Em razão de k + 1 < n, este método não se mostra o mais
adequado para resolver o problema tendo em vista que a vazão
será função de um dos expoentes incógnitas (x ou y ou z) além
da constante (C), como será visto a seguir.
199

L3 T-1 = ( L T-2)x Ly Lz
L3 T-1 = Lx+y+z T-2x
x  y  x  3

  2 x  1
Nota-se que o sistema de equações, devido k + 1 < n, é
composto de apenas duas equações com três incógnitas.
A solução do sistema leva a:
x = 1/2
z = 5/2 - y
A equação (3c) fica escrita como:

Q = C g1/2 Ly H5/2 – y (equação teórica para o cálculo da vazão


obtida pela análise dimensional;)

A experiência revela que y = 1 e C = 0,565, ficando a


equação anterior escrita como:

Q = 0,565 g1/2 L H3/2 (equação real para o cálculo da vazão,


obtida com o uso da experimentação).
Esta fórmula é muito usada para vertedores retangulares, parede
delgada e duas contrações laterais.

Exercício c: Sabe-se que número de Froude (Fr) é


função da velocidade (V), da aceleração da gravidade (g) e de
200

uma profundidade (h). Estabeleça a fórmula para Fr, sabendo-se


que ele é um adimensional.
Solução:
Fr = f(V, g, h)
Fr = C Vx gy hz eq.4c
|Fr| = L0T0 = 1 (adimensional)
|V| = LT-1
|g| = LT-2
|h| = L
k=2
n=4
k +1 < n
L0T0 = (LT-1) x (LT-2)yLz
L0T0 = Lx+y+z T-x-2y
x  y  x  0

 x  2y  0
cuja solução é, em função de y:
x = -2y e z = y
A equação (4c) fica escrita como:

Fr = C V-2y gy h y
(solução final pela análise dimensional;
equação teórica).
201

A experiência mostra que y = - 1/2 e C = 1; portanto,


V
Fr = (equação real para o cálculo de Fr).
gh

3. TEOREMA DOS  OU TEOREMA DE BUCKINGHAM

Quando o número de grandezas físicas ou variáveis for


igual ou maior que o número de dimensões mais um, o teorema
de Buckingham fornece um excelente instrumento pelo qual
estas grandezas podem ser organizadas em pequeno número de
símbolos (grupamentos adimensionais) a partir dos quais uma
equação poderá ser deduzida ou um estudo de modelos poderá
ser feito. Os grupos adimensionais são chamados termos . Sob
aspecto matemático: se existirem n grandezas físicas (tais como:
velocidade, massa específica, viscosidade, pressão e área) e k
unidades fundamentais (tais como:forca, comprimento e tempo
ou massa, comprimento e tempo), pode-se escrever:
f1 (V, , , p, A) = 0
onde: n = 5 e k = 3
A função anterior pode ser substituída por: f2 (1, 2) = 0
onde o número de termos  é igual a n – k..
202

Algumas regras devem ser seguidas na aplicação do


teorema dos  a saber:
Regra 1. Registrar as n grandezas físicas que entram no
problema, anotando suas dimensões e o número k de unidades
fundamentais. Em geral, serão (n - k) o número termos 
representando as n grandezas físicas.
Para o caso particular em que n – k = 0, continuará existido um
termo  (ver exercício c).
Observação: suspeitando-se que um determinado
fenômeno dependa de uma grandeza física, esta deverá ser
incluída no estudo; se esta grandeza for estranha, poderá ou não
dar origem a mais um termo . A análise experimental irá
demonstrar se este termo é estranho ao fenômeno ou tem efeito
desprezível devendo o mesmo ser negligenciado o que implica
em desprezar a grandeza física incluída; nesse caso, a análise
dimensional deverá ser refeita sem a presença da referida
grandeza física.
Regra 2. Escolher k das grandezas físicas registradas
para constituir as chamadas grandezas de base ou sistema
probásico ou sistema de grandezas independentes; como regra
geral, não escolher a grandeza dependente para compor as
grandezas de base evitando que ela faça parte de mais de um
termo . Como exceções, a grandeza dependente poderá compor
203

as grandezas de base para os casos: a) número de dimensões


igual ao número de grandezas físicas; b) caso a grandeza
dependente seja a única de natureza: ou geométrica ou
cinemática ou dinâmica.
Para que as grandezas de base constituam um sistema de
grandezas independentes, uma delas deve ser de natureza
geométrica, a segunda de natureza cinemática e a terceira, de
natureza dinâmica; se figurar entre as grandezas físicas a massa
específica (ρ), a velocidade (V) e o diâmetro (D), usar estas para
compor as grandezas de base.
Se uma grandeza física não puder figurar em mais de um termo
, não deve compor a base do sistema como por exemplo, em
alguns casos, o comprimento L (ver exercício b).
As grandezas de base devem conter as k unidades fundamentais.
Em muitos casos, um adimensional (como por exemplo, um
ângulo de inclinação) não deve fazer parte da análise, devendo o
mesmo ser substituído por grandeza(s) dimensional(is); através
de relações existentes entre elas (ver exercício d).
Regra 3. O primeiro termo  pode ser expresso como um
produto das grandezas de base escolhidas, sendo cada uma delas
elevada a um expoente desconhecido, e uma outra grandeza
elevada a uma potência conhecida (usualmente tomada como
unitária).
204

Regra 4. Manter as grandezas de base escolhidas em


como variáveis repetitivas e, escolher uma das grandezas
restantes para estabelecer o próximo termo , seguindo a regra 3
Repetir este processo para os sucessivos termos .
.Regra 5. Para cada termo , determinar os expoentes
desconhecidos pela análise dimensional. Isto se faz igualando os
expoentes das dimensões de  as quais são representadas por: L0
M0 T0 (já que são parâmetros adimensionais) com os expoentes
das dimensões do produto das grandezas de base pelas outras
grandezas físicas restantes. Considerando, por exemplo: g1, g2,
g3 as grandezas físicas de base e g4 , g5 , g6 as grandezas físicas
restantes, cada termo  fica assim definido:

 1  g1 x g 2 y g 3 z g 4
1 1 1

 2  g1x g2 y g3 z g5
2 2 2

  g1x g2 y g3 z g6
3
3 3 3

Após a detrminação dos valores dos expoentes desconhecidos


(x1 , y1 , z1 etc) pela solução do sistema de equações obtido (ver
exercícios de aplicação apresentados a seguir), cada termo  é
obtido pela substituição desses valores em  1 ,  2 e  3 .

Antes de prosseguir com os cálculos, é bom verificar se os


termos  são realmente adimensionais, o que se faz substituindo
cada grandeza física pelas dimensões correspondentes. Por
205

exemplo, se 1  VD2  , então,

1   LT 1  L L2 T  L2T L2 T  1 , mostrando que  1 é um

adimensional. Caso 1  VD2  , sobraria uma uma dimensão (L)


na simplificação, significando que houve êrro ao se escrever a
grandeza física  1 na forma dimensional ou êrro na solução do
sistema de equações.
Regra 6. Estabelecer a função: F(1, 2, 3, ...  n-k) = 0
explicitando um desses termos  como função dos demais;
geralmente o termo  que contém a grandeza dependente é o que
deve ser explicitado. Se, por exemplo, 1 contiver esta grandeza
dependente a função se escreve como: 1 = F1(, 2, 3, ...  n-k).
Regra 7. Se a função for composta por apenas um termo
 como F() = 0, implica que o termo  é uma constante, o que
permite escrever a função anterior como:  = C (constante).

3.1. RELAÇÕES ÚTEIS PARA O TEOREMA DOS 

Relação a. Se uma grandeza é adimensional, ela é um


temo , sem precisar seguir o processo acima.
Relação b. Se duas grandezas físicas quaisquer tiverem
as mesmas dimensões e se uma delas constituir a base do
sistema
206

a sua relação será um dos termos . Por exemplo, se L e H


fizerem parte de um fenômeno, L/H é um termo  desde que H
(ou L) seja a base do sistema.
Relação c. Qualquer termo  pode ser substituído por
qualquer potência deste termo, incluindo -1. Por exemplo, 3
pode ser substituído por 32, ou 2 por 1/2.
Relação d. Qualquer termo  pode ser multiplicado por
uma constante numérica. Por exemplo, 1 pode substituído por
31.

3.2. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

Exercício a: O número de Reynolds é uma função da


massa especifica (), da viscosidade dinâmica (), da velocidade
do fluido (V) e de um comprimento característico (D).
Estabeleça o número de Reynolds pelo Teorema dos .

Solução:
Levando em conta as regras e as relações apresentadas
anteriormente, tem-se:
Regra 1:
Grandezas Físicas Símbolos Dimensões
Número de Reynolds Rey 1
Massa específica  ML-3
207

Velocidade V LT-1
Viscosidade dinâmica  ML-1T-1
Comprimento característico D L

n = 5 (número de grandezas físicas)


k = 3 (número de grandezas fundamentais)
n - k = 5 - 3 = 2 (número de termos )
A função a ser encontrada é do tipo:
F (1; 2) = 0 eq. 5c
Regra 2:
Número de grandezas de base = k = 3
Grandeza geométrica = D
Grandeza cinemática = V
Grandeza dinâmica = 
As grandezas de base (ou sistema probásico) são: , V, D
Regras 3, 4 e 5: (Determinação dos termos 1 e 2)
1 = x1 Vy1 Dz1 -1 eq.6c
1 = (ML-3)x1(LT-1)y1 Lz1 (ML-1T-1)-1
1 = M x1 1 L3x1  y1  z1 1T  y1 1  M 0 L0T 0
 x1  1  0

 y 1  1  0
 3 x  y  z  1  0
 1 1 1

Resolvendo o sistema de equaçõees, tem-se:


x1 = 1; y1 = 1; z1 =1
208

Levando os valores de x1,y1 e z1 até a equação 6c, tem-se


VD
1 =  VD-1 = eq.7c

b) 2 =  x2 V y2 D z2 Re y 1 eq.8c

2 = (ML-3)x2 (LT-1)y2 Lz2 1-1


2 = Mx2L-3x2 + y2 + z2 T-y2 = M0L0T0
x2 = y2 = z2 =0
A equação 8c pode ser escrita como:
2 =  0 V 0 D 0 Rey-1, ou

Re y  1 /  2
A relação útil (c), vista atrás, permite escrever:
2 = Rey eq.9c
0bservacão: Como Rey é um adimensional, não há necessidade
de se proceder como anteriormente; basta usar a relação útil (a).
Regra 6:
Substituindo 1 e 2 das equações 7c e 9c na equação 5c, tem-se:
 VD 
F  ; Re y   0 , ou
  
 VD 
Rey = f   eq.10c
  
A análise dimensional só consegue chegar até a equação
10c; daí para frente lança-se mão da análise experimental. Para o
caso, a experiência evidencia que:
209

VD
Re y  eq.11c

Exercício b: Estabelecer uma fórmula para o cálculo da


vazão (Q), através de vertedor retangular, em função da
aceleração da gravidade (g), do comprimento da soleira do
vertedor (L) e da sua carga hidráulica (H).

Solução:
Regra 1:
Grandezas físicas Símbolos Dimensões
Vazão (grandeza dependente) Q L3T-1
Aceleração da gravidade g LT-2
Soleira L L
Carga hidráulica H L

Regra 2:
Definição das grandezas de base.
Número de termos  = n – k = 4 – 2 = 2
Número de grandezas de base, igual ao número de
dimensões ou seja: k = 2. Não escolher Q e L como grandezas
de base para que não figurem em mais de um termo .
As grandezas de base são, portanto, H e g, sendo uma de
natureza geométrica e a outra, de natureza cinemática.
210

Regras 3, 4 e 5:
Determinação dos termos 1 e 2, para obtenção da
função:
F(1;2) = 0 eq. 12c
1 = Hx gy Q eq. 13c
L0 T0 = Lx (LT-2 )y L3 T-1 = Lx+y+3 T-2y -1
x  y  3  0

 2 y  1  0
A solução do sistema de equações conduz aos valores:
y = -1/2 e x = -5/2, que levados à equação 7c conduz a:
1 = H-5/2 g -1/2 Q = Q/g1/2 H5/2 eq.14c
2 = Hx gy L eq.15c
L0 T0 = Lx (LT-2 )y L = Lx+y+1 T-2y
x  y  1  0

 2 y  0
a solução do sistema de equações leva a:
y = 0 e x = -1, que substituídos na equação 9c permite
escrever:
2 = H-1 g0 L = L/H eq. 16c
Substituido-se as equações 14c e 16c na equação 12c,
tem-se:
F(Q/g1/2H5/2 ; L/H) = 0 ou
Q/g1/2H5/2 = F1(L/H) eq. 17c
211

A qual representa a solução do problema usando os


recursos da análise dimensional.
Valendo-se da experimentação conclui-se que o
adimensional (1) é diretamente proporcinal a (2), o que
permite escrever a equação 17c como:
Q/g1/2H5/2 = CL/H
Onde C é o coeficiente de proporcionalidade determinado
experimentalmente (C = 0,565). Daí tira-se que:
Q = 0,565 Cg1/2LH3/2 eq. 18c

Nota: este exercício ilustra a observação anteriormente feita (na


regra 2) de que, em geral, o comprimento L não deve compor a
base do sistema. Se isto fosse feito, os dois termos  conteriam o
comprimento L, o que dificultaria o equacionamento do
problema. Se por exemplo, fosse escolhido L e g para compor a
base do sistema, os termos  seriam: 1 = Q/g1/2L5/2 e 2 = H/L e
a equação, após a explicitação do termo que contém Q ficaria
representada na forma: Q/g1/2L5/2 = F1(H/L). Esta equação é
diferente da eq.17c obtida anteriormente o que traria dificultades
na obtenção do coeficiente experimental (notar que o
comprimento L aparece nos dois membros da equação).
212

Exercício c: Estabelecer uma fórmula para o cálculo da


energia cinética (EC), sabendo-se que ela é função da massa (m)
e da velocidade (V).

Solução:
As dimensões, nesta aplicação, serão usadas no sistema FLT.
Regra 1:
Grandezas físicas Símbolos Dimensões
Energia cinética EC FL
Massa m FL-1T2
Velocidade V LT-1

Regra 2: Definição das grandezas de base.


Número de grandezas físicas: n = 3
Número de dimensões: k = 3 (comprimento, tempo e força)
Número de grandezas de base: k = 3
Número de termos  = n – k = 3 – 3 = 0; para esse caso
particular, tendo-se em vista a regra 1, o número de termos  =
1.
Grandezas de base: m e V
Regras 3,4 e 5:
F () = 0 eq.19c
 = mx Vy EC eq.20c
213

 = F0L0T0 = mx Vy EC = (FL-1T2)x (LT-1)y FL = Fx+1L-x+y+1T2x-y

x  1  0

 x  y  1  0
2 x  y  0

Notar que o número de equações supera o número de incógnitas.
A solução do sistema de equações conduz a: x = -1 e y = -2,
valores estes que levados à equação 20c, levam a:
 = m-1V-2EC = EC/mV2 eq.21c
Substituindo-se a eq. 21c em 19c, tem-se:
F(EC/mV2) = 0
Tendo-se em vista a regra 7, a função anterior se escreve como:
EC/mV2 = C
EC = CmV2 eq.22c
A qual representa a solução do problema usando os
recursos da análise dimensional.
Valendo-se da experimentação conclui-se que C =1/2, o
que leva à conhecida equação da energia cinética:
1
EC  mV 2 eq.23c
2

Exercício d: Um projétil é lançado sob um ângulo 


com velocidade inicial V. Determinar a distância (R) percorrida
pelo projétil no plano horizontal em função de V,  e g
(aceleração da gravidade).
214

Solução:
O ângulo  é um adimensional e por isso não deve figurar na
análise inicial (ver Regra 2). Nesse caso, o problema pode ser
solucionado substituindo-se  e V por Vx (velocidade do
projétil na direção x) e Vy (velocidade do projétil na direção y),
conforme esquema seguinte:

Figura 1c – Trajetória descrita pelo projétil


Então, a função se escreve como:
F(R, Vx , Vy , g) = 0 eq. 24c
Da Figura 1c obtem-se as equações:
Vx = Vcos  eq. 25c
Vy = Vsen  eq. 26c
Como a trajetória descrita pelo projétil (equação 24c) está
representada por quatro grandezas físicas (n = 4) e envolve duas
215

dimensões (k =2), o número de termos  é igual a dois (n – k =


2). Sendo a grandeza R (distância percorrida no plano
horizontal) a única de naturaza geométrica, ela deve compor a
base do sistema, mesmo sendo a grandeza dependente do
problema (ver Regra 2). Das grandezas cinemáticas escolhe-se
Vx para compor a base do sistema, ficando a função
representada como:
F(1 ;2) = 0 eq. 27c
Determinação de 1:

 1  R x Vx y g
1 1
eq. 28c

1 = L0 T0 = Lx1 (LT-1)y1LT-2 = Lx1+y1+1 T-y1-2

 x1  y1  1  0

 y1  2  0
Do sistema de equações, tem-se: x1 = 1 e y1 = -2, que levados à
equação 28c, conduzem a:
1 = RVx-2g = Rg/Vx2 eq. 29c
Detewrminação de 2:

 2  R x Vx y V y
2 2
eq. 30c

2 = L0 T0 = Lx2 (LT-1)y2LT-1 = Lx2+y2+1 T-y2-1

x2  y 2  1  0

 y 2  1  0
216

Do sistema de equações, tem-se: x2 = 0 e y2 = -1, que levados à


equação 30c, conduzem a:
2 = Vy/Vx eq. 31c
Substituido as equações 29c e 31c na equação 27c, tem-se:
F(1 ;2) = F(Rg/Vx2 ; Vy/Vx) = 0
Rg/Vx2 = F1 (Vy/Vx) eq. 32c
A qual representa a solução do problema usando os
recursos da análise dimensional.
Tendo em vista que, experimentalmente, 1 = C2 , pode-
se escrever a equação 32c como:
Rg/Vx2 = CVy/Vx ou
R = CVxVy/g eq.33c
Multiplicando entre si as equações 25c e 26c, e lembrando da
trigonometría que sen  cos  = sen2  /2, tem-se:
VxVy = V2sen  cos  = V2sen2  /2 eq. 34c
Substituindo a equação 34c na 33c, e lembrando que da
mecânica C = 2, chega-se, finalmente que:
R = V2 sen2  /g eq.35c
Observação: Caso fosse considerada a aceleração da
gravidade (g) como grandeza de base no lugar de Vx (ou Vy), os
termos 1 e 2 seriam: 1 = R-1/2 g -1/2 Vx e 2 = R-1/2 g -1/2 Vy ,
o que complicaria a solução do problema, visto a grandeza
dependente estar presente nos dois termo  .
217

3.3. EQUAÇÕES DIMENSIONAIS PARA DIVERSAS


GRANDEZAS FÍSICAS

SISTEMAS DE UNIDADES
MECÂNICAS
GRANDEZAS FÍSICAS SÍMBOLOS FLT MLT
EQUAÇÕES DIMENSIONAIS
Área A L2 L2
Volume Vol L3 L3
Velocidade linear V LT-1 LT-1
-2
Aceleração da gravidade g LT LT-2
Energia cinética EC FL ML-2T-2
-1
Velocidade angular ω T T-1
Força F F MLT-2
-1 2
Massa m FL T M

-3 -2 -2
Peso específico FL ML T

-4 2
Massa específica FL T ML-3
Pressão P FL-2 ML-1T-2

-2
Viscosidade absoluta FL T ML-1T-1
Viscosidade cinemática  L2T-1 L2T-1
Módulo de elasticidade E FL-2 ML-1T-2
-1
Potência mecânica Pot FLT ML2T-3
Potência nominal N FLT-1 ML2T-3
-1
Potência hidráulica NH FLT ML2T-3
Potência elétrica NE FLT-1 ML2T-3
Torque T FL ML2T-2
3 -1
Vazão volumétrica Q LT L-3T-1
Vazão em peso QP FT-1 MLT-3
-1
Vazão em massa Qm FL T MT-1
Tensão cisalhante  FL-2 ML-1T-2
Tensão superficial  FL-1 MT-2
218

Peso P F MLT-2

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

a) GILES, V.R. Mecânica dos Fluidos e Hidráu1ica. Ed.


McGrawHill do Brasil Ltda., São Paulo, 1978, 400 p.

b)McDONALD, T.A.& FOX, R.W. Introdução à Mecânica


dos Fluidos. 2a ed. Ed. Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1981,
561 p.
c)VIEIRA, R.C.C. & ZAMBEL, A.R. Aplicação da Análise
Dimensional e Semelhança na Mecânica dos Fluidos. São
Carlos, Editora EESC - USP, 1969, 43 p.
219

Apêndice D:
Revisão Sobre
Viscosidade
220

1. Conceituação de viscosidade
Viscosidade é a propriedade que possuem os fluidos reais
de resistirem a sua mudança de forma qundo submetidos a
forças tangenciais ou de atrito.
Fluidos reais são substâncias que se deformam
continuamente quando submetidas a forças tangenciais, por
menores que elas sejam.
Sólidos reais são substâncias que se deformam até um
certo limite (chamado limite elástico) quando submetidos a
forças tangenciais, retornando a sua forma original quando
cessada essa força; aumentando-se a força tangencial, o sólido
pode atingir a chamada deformação plástica, não mais
retornando a sua forma original, podendo se romper caso essa
força atinja valores elevaddos.
Em alguns tratamentos da mecânica dos fluidos, para
tornar o estudo mais simples, costuma-se omitir o efeito da
viscosidade e da compressibilidade, sendo nesse caso, o fluido
denominado ideal ou teórico.
A definição matemática de viscosidade é apresentada
usualmente supondo-se um escoamento entre duas placas planas
paralelas, sendo o escoamento ocasionado pelo deslocamento de
uma delas relativamente à outra.
Suponham-se, portanto, duas placas planas e paralelas
(Figura 1D), ambas com área A e distantes de y. Admita-se que
221

a placa inferior é fixa e que a superior se movimente com uma


velocidade constante V, sob a ação de uma força F também
constante. Considere-se ainda que o espaço entre as duas placas
seja ocupado por um fluido.

V
(Placa móvel) F

v + dv
dy
v y

(Placa fixa)

Figura 1D – Placas planas paralelas (corte longitudinal)

Como a placa inferior é fixa, as partículas de fluido junto


a ela não têm movimento (velocidade nula). Ao contrário, junto
à placa superior que é móvel, as partículas junto a ela têm
velocidade V igual à da placa, à qual as partículas do fluido
aderiram.
Considerando que o espaçamento y entre as placas seja
pequeno pode-se afirmar que a variação da velocidade entre as
duas placas seja linear como mostrado na Figura 1.
Com essas considerações a experiência evidencia que a
força F (conhecida como força tangencial ou força de atrito ou
força de cisalhamento ou força de viscosidade ou força de
222

escorregamento) é diretamente proporcional à área A e à


velocidade V e inversamente proporcional a y, podendo-se
escrever que:

AV
F=  eq. 1D
y

sendo  o coeficiente de proporcionalidade conhecido como


coeficiente de viscosidade absoluta ou dinâmica.
Considerando ainda a Figura 1D, imagine-se no interior
da massa fluida duas camadas paralelas, de mesma área
separadas de dy, as quais têm velocidades: v e v + dv. Por
semelhança de triângulos, escreve-se que:

V dv
 eq. 2D
y dy

equação esta que após sua substituição na equação 1D permite


concluir que:

F dv
  eq.3D
A dy
223

em que  é a tensão tangencial (ou tensão de escorregamento ou


tensão de cisalhamento ou tensão de atrito) e dv/dy é o gradiente
de velocidade.
O simples ato de passar manteiga no pão é um bom
exemplo para ilustrar o conceito de viscosidade e o
entendimento dos termos da equação 3D. A espátula de área A
(exercendo o papel da placa móvel), espalha o fluido de
espessura y (que é a manteiga), sobre o pão (que exerce o papel
de placa fixa) com velocidade V, sob a ação de uma força F (que
é a força tangencial); essa ação dá origem a uma deformação na
manteiga chamada de gradiente de velocidade (dv/dy). A
resistência oferecida pela manteiga a essa deformação, resultante
da relação entre F/A e dV/dy, denomina-se viscosidade (  ).
Como a velocidade pode ser função de outras grandezas
além de y, é mais exato do ponto de vista conceitual representar
o gradiente de velocidade em termos de derivada parcial

( dV  v ), podendo a equação anterior ser reescrita


dy dy
como:
v
  eq.4D
y

Uma expressão mais genérica do que a apresentada pela


Equação 4D, pode ser obtida levando-se em conta o ângulo de
224

distorção (d) do fluido provocado pela viscosidade quando da


aplicação da força tangencial (F). Para isso, considere-se uma
porção fluida infinitesimal no interior da massa da Figura 1D
representada por ABCD, num instante qualquer (t).
Decorrido um pequeno intervalo de tempo (dt), a porção
fluida sofre uma distorção (d), adquirindo a forma A’B’CD
conforme mostra a Figura 2D. A distância AA’ = BB’
correspondente a distorção sofrida no tempo dt, pode ser
calculada, tendo-se em vista a equação da cinemática, por: AA’
= dvdt = dytg(d). Para o ângulo de distorção pequeno, tg(d) ~
d quando d é medido em radianos, de tal modo que a relação
anterior pode ser escrita como, já que dvdt = dyd:

d/dt = dv/dy = v/y eq.5D

onde d/dt =  é chamado de taxa de deformação angular ou


taxa de cisalhamento ou taxa de deformação de cisalhamento.

dv
A B A A’ B B’ (v + dv)

dy d dy

(v)
C tempo (t) D C tempo (t + dt) D
225

Figura 2D – Porção fluida infinitesimal nos tempos t e t + dt.

De modo mais amplo pode-se, definir o coeficiente de


viscosidade () como sendo a relação entre a tensão de
cisalhamento () e a taxa de deformação angular (  ), ou seja:

 eq. 6D

donde se conclui que:
d
     eq.7D
dt

Para o caso particular, em que   v , resulta a


y
equação 4D, conhecida como lei de viscosidade de Newton e os
fluidos que seguem essa lei são chamados de fluidos
newtonianos.
A tensão tangencial também pode ser escrita em função
da perda de carga unitária (J), para escoamento permanente e
uniforme, conforme apresentado a seguir.

(p + dp) A dz = desnível entre as seções


dx de entrada (1) e saída (2)
(2) F = força tangencial
F w = peso de fluido
dz = dx sen 
 dz
sen  =
dx
pA (1)  w sen  = componente do pes
na direção contrária do
w = A dx escoamento.
226

Figura 3D – Volume de controle elementar

Considere-se o volume de controle elementar (Figura


3D) de comprimento dx, área transversal A e escoamento da
seção 1 para a seção 2; as forças atuantes no volume de controle
estão assinaladas na figura. Como o escoamento é considerado
permanente e uniforme (V1 = V2), a aplicação da equação da
quantidade de movimento ao volume de controle elementar
conduz a:

pA – (p + dp) A – F – Adx sen  = 0 eq.8D

Como F = Pdx, sendo P o perímetro molhado e Pdx a


área lateral do volume de controle, pode-se escrever a equação
anterior como:
dz
–Adp – Pdx – Adx =0 eq. 9D
dx

equação esta que dividida por Adx (sendo A, a área molhada) e


lembrando que o raio hidráulico é R = A/P, pode ser
simplificada para:
227

1 dp dz 
  eq.10D
 dx dx R

Por outro lado, a equação da energia aplicada entre a


seção (1) e uma seção genérica do escoamento situada após a
seção (1) pode ser escrita como:

2
p1V p V2
 1  z1    z  h f  cte eq. 11D
 2g  2g

sendo , o peso específico do fluido circulante, hf a perda de


carga contínua existente entre essas seções e V a velocidade
(que no caso é constante), pois as seções são iguais. Derivando
os dois últimos membros desta equação em relação ao
comprimento (dx) do volume de controle elementar, resulta:

1 dp dz dh f
  0 eq .12D
 dx dx dx

Como dhf/dx = J (perda de carga unitária), a equação


anterior se simplifica para, depois de se substituir a equação
(10D) na equação (12D):
228

 = JR eq. 13D

A equação (13D) é válida para escoamento de fluidos


tanto para condutos livres quanto para condutos forçados.
A viscosidade dinâmica de maneira geral é função da
pressão, da taxa de deformação angular, da temperatura, da
concentração do soluto da matéria em suspensão e do pH,
conforme discutido a seguir.
a) Pressão: só interfere na viscosidade dinâmica em condições
excepcionais. Para a maioria dos fluidos a viscosidade é
constante na faixa de pressão de 0 a 100 atm. Como
exemplo, a viscosidade de certos óleos somente é afetada
para pressões superiores a 200 atm.
Nos casos práticos de aplicação na Engenharia pode-se
afirmar que a viscosidade independe da pressão.
b) Taxa de deformação angular: os fluidos newtonianos
independem dessa taxa de deformação, dependendo apenas
do gradiente de velocidade (v/dy). Por outro lado, muitos
outros fluidos apresentam viscosidade dinâmica dependente
da taxa de deformação angular, sendo conhecidos como
fluidos não newtonianos.
c) Temperatura: exerce papel de grande importância na
viscosidade dinâmica de um fluido. A viscosidade diminui
229

com o aumento da temperatura para os líquidos e aumenta


no caso dos gases.
d) Concentração do soluto: apresenta uma relação não linear
com a viscosidade dinâmica podendo a viscosidade
aumentar ou diminuir conforme o tipo de soluto.
e) Matéria em suspensão: a viscosidade dinâmica aumenta
levemente em baixas concentrações da matéria em
suspensão.
f) pH: sabe-se pouco a respeito de seu efeito sobre a
viscosidade dinâmica, sendo maior no regime de escoamento
laminar.

Para fluidos newtonianos, é usual a introdução do


conceito de viscosidade cinemática (), definida como a relação
entre a viscosidade dinâmica e a massa específica () do fluido,
ou seja:


 eq. 14D

Tomando para grandezas fundamentais o comprimento


(L), a massa (M) ou força (F) e o tempo (T), as equações
dimensionais para as viscosidades dinâmica e cinemática são:
[] = ML-1T-1 = FL-2T (viscosidade dinâmica)
230

[] = L2T-1 (viscosidade cinemática)

Em homenagem a Poiseuille, estudioso do assunto,


define-se 1g . cm-1 . s-1 como “poise” e em homenagem a
Stokes, define-se 1 cm2 . s-1 , como “stokes”.
No sistema técnico a viscosidade dinâmica é
representada pela unidade kgf . m-2 . s, sendo 1 kgf . m-2 . s =
98,1 poise e a viscosidade cinemática por m2 . s-1, sendo 1 m2 . s-
1
= 104 stokes.

2. Classificação dos fluidos em relação à viscosidade


As relações existentes entre a tensão de cizalhamento () e a
taxa de deformação angular (  ) permitem classificar os fluidos
em (Figura 4D):

a) Fluido não viscoso ou invíscido


b) Fluido viscoso:
 Independente do tempo:
- Fluido newtoniano
- Plástico ideal ou plástico de Bingham
- Fluido não newtoniano: pseudoplástico e dilatante
 Dependente do tempo:
- Fluido não newtoniano: tixotrópico e reopético
231

a) Fluido não viscoso ou invíscido: aquele para o qual a


viscosidade é desprezada ( = 0) e, portanto a tensão de
cisalhamento é nula ( = 0) qualquer que seja o gradiente de
velocidade ou a taxa de deformação angular. Esses fluidos
não existem em a natureza, mais em certas regiões do
escoamento aproximam-se bastante das condições ideais e
são assim tratados para simplificar o estudo. Em outros
casos, também para simplificar o estudo, os escoamentos são
tratados como não viscosos mesmo não o sendo; nesse caso
há necessidade de se corrigir os resultados (equações)
encontrados mediante a inclusão de coeficientes geralmente
obtidos experimentalmente (cita-se como exemplo os
medidores de vazão como: vertedores, orifícios, bocais,
diafragmas etc).
Se o fluido não viscoso for também considerado
incompressível, ele é conhecido como fluido ideal ou teórico
ou perfeito (está representado pela letra A, na Figura 4D).
b) Fluido newtoniano: aquele que obedece à função linear  =
 v/y. Sua representação gráfica é uma reta passando pela
origem; está representado pela letra B, na Figura 4D. Como
exemplos desse fluido pode-se citar: o ar, a água, o óleo
diesel, a gasolina, o leite, o café, a cerveja, o chá etc.
c) Plástico ideal ou plástico de Bingham: aquele que
apresenta uma “tensão de escoamento” (e) com taxa de
232

cisalhamento nula; ao atingir a tensão e, o fluido inicia o


escoamento, comportando-se como fluido newtoniano; está
representado pela letra C, na Figura 4D.São exemplos desse
fluido: o creme dental, a maionese, o “catchup”, as lamas de
esgoto, a argila suspensa em água, a mistura de óleo cru e
água etc.
Obedecem, portanto, a equação:

 = e + e v/y eq. 15D

sendo e chamada de viscosidade plástica.


Alguns estudiosos do assunto preferem classificar esse
fluido como não newtoniano.
d) Fluido não newtoniano: aquele que obedece a função  =
 ( ) , não havendo relação linear entre  e  , exceto para
baixos valores de  . Por isso a curva desse tipo de fluido
começa com um pequeno segmento aproximadamente reto e
se transforma em uma curva acentuada para valores altos de
 . São exemplos desses fluidos as pastas derivadas de
celulose, o sangue, a areia movediça, a clara de ovos, as
águas residuárias, o piche, as polpas e sucos de frutas, etc.
Nos fluidos não newtonianos a viscosidade é chamada de
“viscosidade aparente”; eles se classificam em:
233

– Independentes do tempo: nesse caso, a taxa de


deformação angular ( ) segue a relação:  =  ().
Essa categoria de fluidos está representada por:
fluidos pseudoplásticos e fluidos dilatantes.
– Dependentes do tempo: são mais complexos do que
os anteriores, sendo a viscosidade dependente
também do tempo de aplicação da força de
cisalhamento. Existem duas classes gerais de tais
fluidos: os tixotrópicos e os reopéticos.
A dependência do fluido não newtoniano com o tempo é
altamente complexa sendo praticamente impossível sua
caracterização matemática.
A Figura 4D, conhecida como diagrama reológico,
estabelece as relações típicas entre a tensão de cisalhamente ()
e a taxa de deformação angular ( ) para: sólidos (ideais e reais)
, fluidos ideais, fluidos reais: newtonianos e plástico de
Bingham e fluidos reais não newtonianos independentes do
tempo.
234

Figura 4D - Relações típicas entre a tensão de


cisalhamento versus taxa de deformação angular (a) e a
viscosidade versus taxa de deformação angular (b) para
fluidos e sólidos.

Nesta figura, define-se que:


A – fluido ideal (não viscoso e incompressível):  = 0
B – fluido newtoniano (  v / y)
C – plástico de Bingham (e < )
D – fluido pseudoplástico (n < 1), sendo n uma constante
E – fluido dilatante (n > 1)
F – sólido real (apresenta deformação elástica, retornando a sua
forma original cessada a força tangencial ou deformação plástica
onde o sólido não retorna a sua forma original cessada a força
tangencial)
G – sólido ideal (não apresenta deformação em qualquer
situação)
235

e) Fluido pseudoplástico: está representado pela letra D da


Figura 4D. Analiticamente a função  =  ( ) pode ser
expressa como:

 = k ( ) n eq.16D

sendo n < 1 e k constantes que dependem da natureza do fluido.


Nesse tipo de fluido a curva é progressivamente
decrescente, sendo a inclinação definida como viscosidade
aparente (o) e representada matematicamente por:


o   k (  ) n 1 eq.17D


É interessante observar que para fluidos newtonianos k =


 e n = 1 e a equação 17D transforma-se na equação 4D.
A constante k é uma medida da consistência do fluido de
tal modo que quanto maior o seu valor, tanto mais viscoso é o
fluido. A constante n é indicativa do grau de afastamento do
comportamento do fluido pseudoplástico relativamente ao fluido
newtoniano. A maioria dos fluidos não newtonianos enquadra-se
nessa categoria.
236

Como exemplos de fluidos pseudoplásticos podem-se


citar as pastas derivadas de celulose, polpas e sucos de frutas e
águas residuárias da: bovinocultura, suinocultura e avicultura.
A adição de 4% de polpa de papel em água, reduz n de 1
para n = 0,6.

f) Fluido dilatante: está representado pela letra E da Figura


4D. Esse fluido difere do pseudoplástico por apresentar a
viscosidade aparente (o) crescente com o aumento da taxa
de deformação ( ) . À semelhança do fluido pseudoplástico,
matematicamente a função  =  ( ) é escrita para esse tipo
de fluido como:

 = k ( ) n eq.18D
sendo n > 1 e k, constantes que dependem da natureza do
fluido. Também, à semelhança do fluido pseudoplástico
a viscosidade aparente (o) para o fluido dilatante é expressa
por:

o   k (  ) n 1 eq.19D

Nesse caso, como n > 1, a curva é progressivamente
crescente como pode ser observado na Figura 4D. As soluções
de goma-arábica se encaixam nessa categoria.
237

Esse tipo de aumenta de volume quando em escoamento,


sendo uma característica dos líquidos que contém alta
concentração de partículas sólidas e insolúveis em suspensão (da
ordem de 40 a 70%) como é o caso de areia e amido.
g) Fluido tixotrópico: caracteriza-se pelo decréscimo da
viscosidade aparente com o tempo, sob tensão tangencial e
temperatura constantes, podendo essa mudança ser
reversível, ou seja: o fluido consegue retornar ao seu estado
de viscosidade inicial, cessada a tensão tangencial. O yogurt
e muitas tintas estão nessa categoria como as tintas de
impressão e tintas a óleo. Nas tintas a óleo, o
comportamento tixotrópico é desejável porque durante a
operação de pintura, o pincel cobre facilmente a superfície a
pintar (a viscosidade diminui) e terminada a ação do pincel,
retornam a condição de viscosidade inicial (que é mais alta)
e não escorrem na superfície.
Quando a mudança é irreversível, cessada a tensão
tangencial o fluido é denominado “viscoelástico fino”, como
soluções de látex e gomas.
A Figura 5D estabelece as relações típicas entre a tensão
de cisalhamento com a taxa de deformação angular e a
viscosidade com a taxa de deformação angular para fluidos
tixotrópicos.
238

Figura 5D - Relações típicas para fluidos tixotrópicos:


tensão de cisalhamento versus a taxa de deformação angular
(a); viscosidade versus a taxa de deformação angular (b).

h) Fluido reopético: caracteriza-se pelo aumento da


viscosidade aparente com o tempo, sob tensão tangencial e
temperatura constantes, podendo a viscosidade voltar ao seu
valor inicial, quando cessada a tensão tangencial. Certas
argamassas de argila enquadram-se nessa categoria de
fluido.
Quando a mudança é irreversível, cessada a tensão
tangencial, o fluido é denominado de “viscoelástico espesso”.
Um exemplo típico para esse caso é a clara de ovos que, quando
submetida a uma tensão tangencial constante, aumenta sua
239

viscosidade aparente e não volta ao seu estado inicial cessada a


tensão tangencial.

A Figura 6D estabelece as relações típicas entre a tensão de


cisalhamento com a taxa de deformação angular e a
viscosidade com a taxa de deformação angular para fluidos
reopéticos.

Figura 6D - Relações típicas para fluidos reopéticos: tensão


de cisalhamento versus a taxa de deformação angular (a);
viscosidade versus a taxa de deformação angular (b).

3. Outros modelos de equações


Outras equações foram propostas por diversos autores,
para os casos em que o comportamento do fluido não se ajusta
aos modelos anteriormente descritos, podendo-se citar, entre
outras:
240

– Casson:

  e   o  eq.20D

– Prandtl:
  
  A sen1   eq.21D
C

– Eyring:
 
A  C sen  eq.22D
B A
– Williamson:
A
  C  eq.23D
B  

Onde o representa a viscosidade aparente e A, B e C,


constantes do fluido.

4. Método generalizado para o cálculo da perda de carga


contínua em tubulações conduzindo fluidos não newtonianos

a) Para regime de escoamento laminar:


Estudiosos do assunto propuseram a conhecida fórmula
universal (válida para o cálculo da perda de carga contínua em
241

condutos forçados conduzindo fluidos newtonianos), para o


cálculo da perda de carga contínua em condutos fprçados
conduzindo fluidos pseudoplásticos em regime laminar
substituindo-se, na referida fórmula, o coeficiente de atrito (f)
pelo coeficiente de Fanning (fn) definido por: f = 4 fn, o que leva
a:
16 2 0
fn   eq. 24D
Re y V 2

onde  0 representa a tensão de cizalhamento junto as paredes do


tubo e Rey = ρVD/μ, o número de Reynolds para fluidos
newtonianos.

b) Para regime de escoamento turbulento de parede lisa:


A introdução do conceito de número de Reynolds
generalizado para o estudo de fluidos não-newtonianos é
necessário, o que pode ser expresso pela equação:
n 2 n
 4n   V Dn
Reg =   eq. 25D
 1  3n  8 n 1 k
onde:
Reg = número de Reynolds generalizado, adimensional;
n= constante que depende da natureza fluido, adimensional;
para fluidos newtonianos (onde n = 1 e k = μ), Reg = Rey.
k = constante que depende da natureza fluido, ML-1Tn-2;
242

V = velocidade média do escoamento, LT-1;


D = diâmetro interno da tubulação, L; e
 = massa específica do fluido, ML-3.
A proposta apresentada para o cálculo do fator de atrito
em casos de escoamento turbulento de parede lisa para fluidos
não newtonianos, foi baseada na fórmula de von Karman válida
para o escoamento turbulento de parede lisa de fluidos
newtonianos, ou seja:

1 4  1 
n
0,4
 0,75 log10 Re g(f ) 2   1, 2 eq. 26D
f n   n
sendo os parâmetros desta equação já definidos na equação 25D.

5. Escoamento de águas residuárias sob pressão


Este tópico tem o objetivo de reunir algumas pesquisas
desenvolvidas sobre águas residuárias da: suinocultura (ARS)
bovinocultura (ARB) e aves (ARA). Como já discutido
anteriormente, estes fluidos são classificados como
pseudoplásticos.
A) Para ARS, ARB e ARA, Chen e Hashimoto sugerem as
seguintes faixas para caracterização dos regimes de
escoamento em condutos forçados:
a) Regime laminar: Reg < 3100
243

b) Regime de transição entre o laminar e o turbulento: 3100


< Reg < 4300
c) Regime turbulento: Reg > 4300
B) Estudo realizado por Oliveira envolvendo o bombeamento
de ARB nas concentrações de sólidos totais variando,
aproximadamente, de 1% a 9%, recomenda que a seleção de
bombas para a referida água residuária pode ser feita à
semelhança do que se faz para água, exceto que, no cálculo
da potência do motor, deve-se acrescentar 20% para
compensar o efeito da queda no rendimento da bomba
operando com ARB.
C) O mesmo estudo anterior realizado por Soccol, mas usando
ARS, nas concentrações de sólidos totais variando,
aproximadamente, de 1% a 8%, permitiu ao autor fazer a
mesma recomendação que Oliveira.
D) Sampaio, estudando a perda de carga contínua em
tubulações comerciais, conduzindo ARB e ARS, nas
concentrações de sólidos totais (ST) aproximadamente de
1% a 10% para ambos os casos, obteve equações de grande
importância, como destacadas a seguir:
a) Seguindo a metodologia de Duffy e Tichener:
– Águas residuárias de bovinos (ARB):
a.1) Aço zincado (D = 3 a 6”):
J = 0,000836 V1,698 ST0,196 D-1,011 eq. 27D
244

a.2) Ferro galvanizado (D = 2 a 6”):


J = 0,000723 V1,787 ST0,092 D-1,111 eq.28D
a.3) PVC (D = 2 a 6”):
J = 0,000834 V1,778 ST0,081 D-1,024 eq. 29D
– Águas residuárias de suínos (ARS):
a.4) Aço zincado (D = 3 a 6”):
J = 0,000680 V1,804 ST0,240 D-1,104 eq. 30D
a.5) Ferro galvanizado (D = 2 a 6”):
J = 0,000965 V1,841 ST0,181 D-0,996 eq. 31D
a.6) PVC (D = 3 a 6”):
J = 0,000773 V1,781 ST0,116 D-1,082 eq. 32D
b) Metodologia de Hazen-Williams modificada:
b.1) Águas residuárias de bovinos (ARB):

8,173 ST 0,100 Q1,760


J= eq. 33D
C1,704 D 4,520
b.2) Águas residuárias de suínos (ARS):

0,540 ST 0,173 Q1,789


J= eq. 34D
C1,172 D 4,589
E) Tagliaferre, estudando a perda de carga contínua em
tubulações de polietileno (diâmetros variando de ½” a 1”)
conduzindo águas residuárias de suínos (ARA) nas
concentrações de 1,15% a 1,75%’obteve as equações:
a) Metodologia de Duffy e Tichener:
245

J = 0,00038 V1,649 ST0,100 D-1,311 eq. 35D

b) Metodologia de Hazen-Williams modificada:


0,000777 ST 0,118 Q1,774
J= eq. 36D
D 4,784
Onde C foi substituído pelo valor médio de 146,5 obtido
experimentalmente por Tagliaferre.
E) Zinnato, pesquizando a perda de carga contínua em
tubulações comerciais conduzindo águas residuárias de aves
(ARS), nas concentrações de 0,25% a 2,89%, obteve as
seguintes equações:
a) Metodologia de Duffy e Tichener:
a.1) Ferro Galvanizado:
J = 0,000495V1,895 ST0,053 D-1,414 eq. 37D
a.2) Aço Zincado:
J = 0,00371V1,704 ST0,018 D-0,554 eq.38D
a.3) PVC:
J = 0,000695V1,713 ST0,031 D-1,144 eq. 39D

b) Metodologia de Hazen-Williams modificada:


10,649 ST 0,0000167 Q1,852
J= eq. 40D
C 1,852D 4,871

Equação esta que pode ser substituída pela seguinte, já que o


expoente de ST é praticamente nulo:
246

10,649Q1,852
J= eq.41D
C 1,852D 4,871

Para as equações de (27) a (41), define-se que:


J = perda de carga unitária, mm-1;
V = velocidade média da água residuária, ms-1;
ST = concentração de sólidos totais, resultado da divisão entre
cem vezes a massa de uma amostra de água residuária,após
submetida a uma temperatura de 105oC por 24 horas, e a massa
da amostra, %;
D = diâmetro interno da tubulação, m;
Q = vazão, m3s-1; e
C = coeficiente que depende do material usado na fabricação do
tubo e do seu estado de conservação, podendo-se usar os
seguintes valores médios para tubos novos, independentes da
água residuária.
– Aço zincado: C = 165;
– Ferro galvanizado: C = 150
– PVC: C = 160

6. Medida da viscosidade - viscosímetros ou viscômetros


A viscosidade dos fluidos pode ser medida de diversos
modos, a saber:
247

a) usando a lei de viscosidade de Newton;


b) usando a equação de Hagen-Poiseuilli;
c) usando métodos empíricos que exigem aferição com
líquidos de viscosidade conhecida; e
d) usando a lei de Stokes.
A operação dos viscosímetros é feita somente para
escoamentos laminares onde a viscosidade produz ação
predominante. A temperatura deve ser sempre controlada para
assegurar-se da sua constância.

a) Usando a lei de viscosidade de Newton


O viscosímetro rotacional (Figura 7D) baseia-se na lei
de viscosidade de Newton. Consiste de um recipiente
cilíndrico fixo (a) no interior do qual gira outro cilindro
concêntrico (b), com pequena folga anular (y = R2 – R1), a
qual é preenchida com o líquido cuja viscosidade se deseja
determinar.
r vp

R2
R1 v

b a vp


m g =P

vp
H = vp t
248

Fig 7D – Viscosímetro rotacional


Sendo F a força tangencial necessária para manter constante a
velocidade periférica (V) do cilindro interno assim como a
velocidade do líquido junto a ele, pode-se escrever que:

Fy
 eq. 41D
AV
onde:
 = coeficiente de viscosidade dinâmica ou absoluta,
ML– 1 T– 1;
F = força tangencial ou de atrito, MLT–2;
y = R2 – R1 = folga entre os dois cilindros de raios R1
e R2, L;
A = área lateral do cilindro interno, L2; e
V = velocidade tangencial ou periférica do cilindro
interno, LT–1.
A área lateral do cilindro interno pode ser calculada por:

A = 2R1 h eq. 42D


sendo:
R1 = raio do cilindro interno, L; e
249

R2 = altura do cilindro interno, L.

A polia do viscosímetro tem velocidade tangencial ou


periférica calculada por:
H
Vp  eq. 43D
t
sendo:
Vp = velocidade tangencial ou periférica da polia, LT –1
H = deslocamento do peso P para um determinado tempo ( t),
L; e
 t = tempo de deslocamento do peso P, T –1.
A velocidade tangencial da polia também pode ser
calculada por:
Vp = r eq.44D
sendo:
 = velocidade angular, T-1; e
r = raio da polia, L.
O cilindro interno e a polia têm velocidades
tangenciais diferentes (por terem raios diferentes), mas as
velocidades angulares são iguais, podendo-se escrever que:
V = R1 eq. 45D
250

A velocidade tangencial do cilindro interno é transmitida


ao fluido que preenche a folga (y) entre os dois cilindros
como apresentado na Figura 8D:

y cilindro externo
V

cilindro interno
R1 R2

Figura 8D – Perfil de velocidades formado entre dois cilindros


sendo o externo fixo.

A força tangencial sobre o cilindro móvel exerce um


torque de igual intensidade àquele exercido pela força peso
sobre a polia de raio r. Os dois torques se equilibram, pois
observa-se que o peso cai com velocidade Vp constante.
Os torques, ou momentos exercidos pela força peso sobre
a polia (Mp) e pela força de atrito (M) podem ser calculados por:

Mp = Pr = mgr eq.46D

M = FR1 eq.47D
251

Igualando-se as duas equações anteriores, tem-se:


mgr
F eq.48D
R1

onde:
P = peso do corpo utilizado para imprimir a rotação
angular (), MTL–2; e
g = aceleração da gravidade, LT–2.
Substituindo-se as equações (42D), (45D) e (48D) na
equação (41D) e, em seguida, o valor de , obtido da equação
(44D), chega-se a:

mgr 2 y
 eq. 49D
2R 13 hVp

b) usando a equação de Hagen-Poiseuille


A medida de todas as grandezas da equação de Hagen-
Poiseuille (exceto ) por meio de um equipamento
experimental adequado constitui outro método básico na
determinação da viscosidade. Pode-se usar o arranjo como o
da Figura 9D. Necessita-se de uma distância  = 0,05 D Rey
para que o escoamento atinja o regime plenamente
estabelecido no tubo capilar de diâmetro D. para efeitos
práticos, e tomando Rey = 2000 como limite superior do
regime laminar, pode-se usar  = 100 D para a medida da
carga hidráulica (H), por meio de um piezômetro. A vazão
252

(Q) pode ser medida pelo método direto, tendo-se o cuidado


de manter constante o nível do reservatório de alimentação do
tubo capilar.
Conhecendo-se o peso específico () do fluido,
calcula-se facilmente a viscosidade dinâmica pela equação de
Hagen-Poiseuille, ou seja:

  H D4
 eq.50D
128 Q L
sendo esta equação válida apenas para fluidos newtonianos.
Observações:
a) Para o plástico de Bigham a equação utilizada
(conhecida como equação de Bucknigham) é:

HD 4  1  4 L  1  4 e 
4
L 
e  1   e     q.51D
128 Q L  4  D H  3  D H  

b) Para fluidos pseudoplásticos e dilatantes, a equação


utilizada é:
1
nD3  D H  n
Q   eq. 52D
8 (3n  1)  4k L 
com a qual se determinam n e k, que levados às equações 16D e

17D, permitem determinar 0 para cada valor de  , já que o
comportamento desses fluidos não é linear.
253

Piezômetro
H


D

Fig. 9D – Esquema utilizado para determinação da viscosidade


usando a equação de Hagen-Poiseuille

Uma adaptação, para fins industriais, do tubo capilar da


Figura 9D é o viscosímetro Saybolt Universal, muito utilizado
para medidas de viscosidade de derivados de petróleo, onde a
viscosidade cinemática é expressa pelo número de segundos
necessários para escoar 60 cm3 do líquido à determinada
temperatura e carga decrescente. Esse viscosímetro (Figura
10D) é constituído por uma recipiente cilíndrico (a), com
dimensões pré-fixadas, provido em sua parte inferior de um tubo
capilar (b) sendo o recipiente (a) envolvido por um reservatório
(c) determinado a manter constante a temperatura de ensaio.
254

Para líquidos muito viscosos, adota-se o viscosímetro


Saybolt Furol, semelhante ao viscosímetro Saybolt Universal,
cujo tubo capilar tem maior seção, o que permite escoar o
mesmo volume (60 cm3) em um tempo 10 vezes menor que o
viscosímetro Saybolt Universal.


Niv. max.

b
Figura 10D – Viscosímetro Saybolt Universal
255

A relação aproximada entre a viscosidade cinemática,


medida em m2/s e a viscosidade medida em segundos Saybolt
Universal (SSU) é expressa por:
106  = 0,226 t – 195 t–1 eq. 53D
para t < 100 s , e
106  = 0,22 t – 135t–1 eq. 54D
Quando se usa o viscosímetro Saybolt Furol (SSF), a
relação envolvendo as mesmas unidades é expressa por:
106  = 2,20t – 203t–1 eq.55D
para t < 60s.

c) Usando métodos empíricos que exigem aferição com


líquidos de viscosidade conhecida.
Semelhantemente aos viscosímetros Saybolt Universal e
Saybolt Furol, o viscosímetro de Engler, é dada pelo quociente
entre o tempo de escoamento de um volume fixo de um
determinado fluido (a uma dada temperatura) e o tempo
necessário para escoar um mesmo volume de água a 20 ºC. Tal
medida é expressa em graus Engler (E) e se relaciona com a
viscosidade cinemática em m2/s pela expressão:
3
(1 E )
106  = 7,6 E eq. 56D
256

para valores de E < 35 graus Engler, ou por meio da


fórmula:
106  = 7,31 E – 6,31 E– 1 eq.57D
para valores de E > 35 graus Engler.
Ainda dentro dessa mesma categoria de viscosímetros
pode-se citar o viscosímetro de Redwood Standart (para óleos
leves) e o viscosímetro de Redwood Admiralt (para óleos
pesados), muito usados na Inglaterra.
Para óleo lubrificantes também usa-se expressar a
viscosidade em graus S.A.E. (Society of Automotive Engineers).

d) Usando a lei de Stokes


O viscosímetro baseado na queda livre de uma esfera
(definida pela lei de Stokes) está indicado na Figura 11D. Neste
tipo de viscosímetro, o tempo (t) necessário para que uma
pequena esfera caia com velocidade constante através de uma
distância () num fluido, é suficiente para o cálculo da
viscosidade do fluido.
De acordo com a lei de Stokes, a força de arraste (Fa) sobre uma
esfera de diâmetro (d), movendo em condições laminares
(Rey = vd/  < 0,1), com velocidade constante (V) através de um
fluido que se estende ao infinito (sem barreiras sólidas), é dada
por:
Fa = 3  Vd eq.58D
257

O peso da esfera (W) em função do seu peso


específico (s) e diâmetro é dado por:

d 3  s
W eq.59D
6
A força de empuxo (FE) pode se calculada pela equação:

d 3  e
FE  eq.60D
6
Depois que a esfera atinge a velocidade
constante (velocidade terminal), as três forças anteriores se
equilibram, de tal modo que:

dt W

Vt Fa

 
FE

Banho
termostático
s
Vt
258

Figura 11D – Viscosímetro com esfera em queda livre

Fa – w + FE = 0 eq. 61D
Substituindo-se as equações (358D), (59D) e (60D) na equação
(61D) e simplificando, chega-se a:

d 2 ( s   e )
 eq.62D
18 V
Na prática, a equação (62D) necessita de grandes
correções, porque a extensão do fluido no recipiente (Figura
11D) não é infinita e o efeito parede sobre a medida da
velocidade é muito grande. Verifica-se experimentalmente que a
velocidade (V) da equação (62D) pode ser corrigida por:
2
V 9d  9d 
 1   eq.63D
Vt 4d   4d  
onde Vt = /t é a velocidade de queda observada no
viscosímetro e d  é o diâmetro do tubo (Figura 8).
259

7. Exercícios de aplicação:

a) Um óleo ( = 4524 x 10-6 kgf . m-2 . s) escoa sob regime


laminar em uma tubulação de raio interno igual a 90 mm.
Supondo que a distribuição de velocidades seja linear e que
a velocidade no centro do tubo é V = 1,08 m/s, determinar: o
gradiente de velocidade (v/r) e a tensão de cizalhamento
().
SOLUÇÃO:

 V
r

v
0

y = r (0 < r < 90 mm) e 0 < v < 1,80 m . s-1


v
tg =  = (para  pequeno)
r
v 1,08 m . s 1
    12 s 1 (gradiente de velocidade)
r 0,090 m
260

v v
 
y r
 = 4524 x 10-6 kgf . m-2 . s . 12 s-1
 = 0,0543 kgf . m-2 (tensão de cizalhamento)
b) Duas grandes superfícies fixas (S1 e S2) então separadas de 55
mm. O espaço entre elas está cheio de óleo ( = 550 x 10-4 kgf .
m-2 . s). Uma placa plana P (distanciada 35 mm de S2 e 20 mm
de S1) de espessura desprezível desloca-se com acréscimo de
velocidade dV = 0,44 m s-1 em relação a S1 e S2. A área de P é
igual a 1,20 m2.
Determinar: a força total capaz de provocar o deslocamento
de P em relação a S1 e S2 e a tensão de cizalhamento

SOLUÇÃO:

S1
dy1 = 35 mm
P V
dy2 = 20 mm
S2
261

F v
 
A y
Força provocada pelo deslocamento da placa P em
relação a S1 (F1):
v 0,44
F1 =  A = 550 x 10-4 x 1,20 x = 0,83 kgf
y1 0,035
Força provocada pelo deslocamento da placa P em
relação a S2 (F2):

v 0,44
F2 =  A = 550 x 10-4 x 1,20 x = 1,45 kgf
y 2 0,020
Força total (F):
F = F1 + F2 = 2,28 kgf
Tensão de cizalhamento ():
F 2,28
=  = 1,90 kgf . m-2
A 1,20

c) Um fluido tem uma viscosidade absoluta de 0,0048 kgf.


m-2. s e densidade igual a 0,913. Calcular o gradiente de
velocidade e a tensão de cisalhamento na base e nos
pontos a 25 mm, 50 mm e 75 mm da base, considerando
a distribuição de velocidade linear e parabólica. A
parábola tem origem em B e vértice em A e sua equação
é dada por (Figura apresentada a seguir):
262

v = 1,125 – 200 (0,075 – y)2, sendo y em m e v em m.s-1.

y
1,125 m . s-1 A

v
75 mm v

SOLUÇÃO:
c.1) Considerando distribuição de velocidades linear:
Pela semelhança de triângulos, tem-se:
v v 1,125
  = 15 s-1 (constante)
y y 0,075
v
= = 0,0048 x 15 = 0,072 kgf . m-2 (constante)
y
c.2) Considerando distribuição de velocidades parabólica:
v = 1,125 – 200 (0,075 – y)2
Derivando-se a equação anterior em relação a y, tem-se:
v
= 400 (0,075 – y)
y
O quadro apresentado a seguir elucida a questão:
263

y (m) V (ms-1) dv/dy (s-1)  =  v/y (kgf) . m-2)


0 0 30 0,144
0,025 0,125 20 0,096
0,050 1 10 0,048
0,075 1,125 0 0

Nota-se pelo quadro anterior que, onde o gradiente de


velocidade é nulo (o que ocorre para y = 0,075 m) a tensão de
cizalhamento é nula; esta situação ocorre no escoamento em
condutos forçados onde a tensão cizalhante no centro do tubo é
nula e a velocidade do escoamento é máxima. Nota-se também
que a velocidade é nula junto à parede onde o gradiente de
velocidade e a tensão de cizalhamento são máximos.

d) Calcular a perda de carga contínua para uma tubulação de


aço zincado, com 1000 m de comprimento, diâmetro interno de
100 mm, conduzindo uma vazão de 13,3 l/s de água residuária
de bovinos, cuja concentração de sólidos totais é 5,6%.
SOLUÇÃO:

Q 4Q 4 x 0,0133
V=   = 1,69 ms-1
A D 2
3,14 x 0,12
264

d.1) Metodologia de Duffy e Titchenner:


J = 0,000836 V1,698 ST0,092 D-1,024
J = 0,000836 x 1,691,698 x 5,60,092 (0,1)-1,024
J = 0,029 m . m-1
hf = JL = 0,029 x 1000 = 29 m
d.2) Metodologia de Hazen-Williams modificada:
C = 165

8,173 ST 0,1 Q1,76 8,173 x 5,6 0,1 x 0,0133 1,76


J 
C1,704 D 4,52 165 1,704 x 0,14,52
J = 0,027 m . m-1
hf = JL = 0,027 x 1000 = 27 m

e) Calcular a perda de carga contínua para uma tubulação de


PVC, com 1000 m de comprimento, diâmetro interno de 100
mm, conduzindo uma vazão de 13,3 l/s de água residuária de
suinos, cuja concentração de sólidos totais é 5,6%

SOLUÇÃO:

Q 4Q 4 x 0,0133
V=   = 1,69 ms-1
A D 2
3,14 x 0,12

e.1) Metodologia de Duffy e Titchenner:


J = 0,000773 V1,781 ST0,116 D-1,082
265

J = 0,000773 x 1,691,781 x 5,60,116 0,1-1,082


J = 0,029 m . m-1
hf = JL = 0,029 x 1000 = 29 m

e.2) Metodologia de Hazen-Williams modificada:


C = 160

0,540 ST 0,173 Q1,789


J
C1,172 D 4,589

0,540 x 5,6 0,173 x 0,0133 1,789


J 1,172 4,589
= 0,032 m . m-1
160 x 0,1
hf = JL = 0,032 x 1000 = 32 m

f) Um cilindro de raio r1 = 120 mm gira concentricamente dentro


de um cilindro fixo de raio r2= 126 mm. Ambos os cilindros têm
300 mm de comprimento. Determinar a viscosidade dinâmica do
líquido newtoniano que enche o espaço entre os dois cilindros,
se um torque de 0,1 kgf . m é necessário para manter o número
de rotações em 60 rpm.
Converter a viscosidade dinâmica em
f.1) viscosidade cinemática ( = 800 kgf/m3), no sistema
técnico; e
f.2) viscosidade em Stokes, poise, SSU, SSF e graus Engler.
SOLUÇÃO:
266

2 x 60 x 0,120
V = R1 = 2NR1 = = 0,24 m/s
60
A = 2R1h = 2 x 0,120 x 0,300 = 0,072 m2
y = R2 – R1 = 0,006 m
R 1AV
M = FR1 =
y
 x 0,120 x 0,072  x 0,24 
0,1 
0,006
 = 0,029 kgf. m–2. s

f.1)Viscosidade cinemática
 g 0,029 x 9,81
  
  800
 = 3,56 x 10–4 m2s–1

f.2.1) Viscosidade em Stokes


1 Stokes = cm2s–1
 = 3,56 cm2s–1 = 3,56 Stokes

f.2.2) Viscosidade em poise:


1 kgf . m–2 . s = 98,1 poise
 = 0,029 x 98,1 = 2,84 poises
f.2.3) Viscosidade em SSU:
106  = 0,22t – 135t–1
267

106 x 3,56 x 10–4 = 0,22 t – 135 t–1


0,22t2 – 356 t – 135 = 0
t = 1619 SSU
f.2.4) Viscosidade em SSF
106  = 2,20t – 203t–1
106 x 3,56 x 10–4 = 2,20t – 203 t–1
2,20t2 – 356t – 203 = 0
t = 162 SSF
f.2.5) Viscosidade em graus Engler:
106  = 7,31E – 6,31E–1
106 x 3,56 x 10-4 = 7,31E – 6,31E–1
7,31E2 – 356E – 6,31 = 0
E = 48,7 graus Engler.
Observação: a conversão de viscosidade poderia ter sido obtida
mais rapidamente com o uso do diagrama apresentado na Figura
12D.

g) Resolver o exercício anterior, usando cálculo integral.


SOLUÇÃO:

Escrevendo a equação 47D na forma diferencial, com o


auxílio da equação 3D, tem-se:
dV dV
M = Fr = rA = rA
dy dr
A = 2rh = 2r x 0,3 = 0,6r
268

dV
0,1 = r (0,6r)
dr
0,1 dr r 2 dr
dV  
0,6 r 2 6
0,24

   
0,126
1 1 0,126
dV  r 2 dr   r 1 0,120
6 6
0 0,120

1
0,24= (–0,126–1 + 0,120–1)
6
Resolvendo a integral, tem-se:
 = 0,029 kgf.m-2.s
Este resultado demonstra a validade da equação 47D,
onde se toma r como a média aritmética de r1 e r2 tendo em vista
que o espaço entre os dois cilindros é muito pequeno.

h) No dispositivo da Figura 9D, D = 0,5mm, L = 91,4 cm,


H = 0,73m,  = 833kgf/m3. Qual a viscosidade em Poises,
sabendo-se que um volume de 60 cm3 foi descarregado em
1h e 30 min?
SOLUÇÃO:

vol 60
Q=   40 cm3 / h
t 1,5
269


 HD 4

 4
3,14 x 833 x 0,73 x 0,5 x 10 3 x 3600
128 QL 128 x 40 x 10 6 x 0,914

 = 91,8 x 10-6 kgf . m–2 . s


 = 91,8 x 10-6 x 98,1 poises
 = 0,009 poises

8. REFERÊNCIAS bIBLIOGRÁFICAS:

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562p.

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358p.

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Agrícola.

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Conduzindo Águas Residuárias de Bovinocultura e
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com Esterco Suíno Líquido. Viçosa, MG. UFV, 1996. 70p.
Tese de Mestrado em Engenharia Agrícola.
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Polietileno e Avaliação da Susceptibilidade ao Entupimento
de Microaspersor Operando com Água Residuária da
Suinocultura. Viçosa, MG. UFV, 2003, 75p. Tese de Mestrado
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Fluidos. Editora Guanabara Dois. Rio de Janeiro, 1978.
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Conduzindo Águas Residuárias de Aves. Viçosa, MG. UFV,
2003, 136p. Tese de Mestrado em engenharia Agrícola.

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