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Universidade Presbiteriana Mackenzie

ALBUMINA, UM TRANSPORTADOR DE LIPÍDEOS OU UMA FERRAMENTA


PARA O EMAGRECIMENTO?
Mayara Sakamoto (IC) e Érico Chagas Caperuto (Orientador)
Apoio: PIBIC Mackenzie/MackPesquisa

Resumo

A obtenção de energia a partir dos lipídeos armazenados nos adipócitos segue algumas etapas até
que ocorra degradação completa. Objetivo: Investigar os efeitos da suplementação aguda de
albumina na composição corporal e relação com o transporte e oxidação de lipídios. Avaliamos 5
homens com idade média de 21,8 ± 2,17 em dois dias: Primeiro dia, o Grupo Albumina – GA, ingeriu
solução de 20 g de albumina em 250mL de água, após jejum de 4 horas, 60 minutos antes do teste;
Segundo dia, o Grupo Controle- GC, ingeriu solução semelhante com proteína do soro do leite.
Durante o teste de 1 hora de corrida a 65% da Fc Max houve ingestão de 500 mL de água.
Coletamos peso, circunferências e dobras cutâneas (antes e depois), Lactato e Glicemia no repouso,
aos 20, 40 e 60 minutos após o início. O GA apresentou média de peso 77,14±5,32 (pré-teste) e
76,4±5,03 (pós-teste), e o GC 77,04±5,0 (pré-teste) e 76,68±5,02 (pós-teste), o somatório de dobras
cutâneas do GA foi 88,80±2,22 (pré-teste) e 83,86±2,39 (pós-teste) e do GC foi 99,52±2,92 (pré-teste)
e 93,05±2,63 (pós-teste), sendo p<0,05. Somente o GA apresentou (p<0,05) para percentual de
gordura, 11,65±2,96 (pré-teste) e 10,82±2,85 (pós-teste), o GC teve 14,42±7,42 (pré-teste) e
12,34±3,96 (pós-teste). O perfil de glicemia e lactato observados sugerem maior participação dos
lipídios, especialmente no final do teste, como descrito na literatura. O grupo suplementado com
albumina demonstrou perda significativa de gordura, evidenciando os efeitos da suplementação
aguda na redução de gordura corporal quando associada ao exercício moderado.

Palavras-chaves: albumina, exercício aeróbio, emagrecimento

Abstract

Lipid deriving energy from the adipocytes go trough some steps before turning completely into energy.
FFA bond to albumin to be transported to the muscle to be burned. Our aim was to investigate the
effects of acute albumin supplementation on body composition lipid transport and utilization. We had 5
males with average 21.8±2.17 years in two experimental days. In the first day albumin group (AG)
subjects ingested 20g of albumin in 250mL of water after a 4hour fast, 60 minutes before the test. In
the second day control group (CG) subjects ingested whey protein with the same protocol. Test
consisted of 1hour running at 65% of max FC with 500mL of water ingestion during the test. We
evaluated weight, circumferences and skinfolds (before and after) we also measured blood lactate and
glucose on rest, 20, 40 and 60 minutes within the test. AG had an average weight of 77.14 ± 5.32 (pre
test) and 76.4±5.03 (post test), CG had 77.04±5.0 (pre test) and 76.68±5.02 (post test), sum of
skinfolds from AG was 88.80±2.22 (pre test) and 83.86±2.39 (post test) and CG had 99.52±2.92 (pre
test) and 93.05±2.63 (post test), p<0.05. Body fat percentage from AG was 11.65±2.96 (pre test) and
10.82±2.85 (post test), with a signifcant reduction (p<0.05) when compared to CG 14.42 ± 7.42 (pre
test) and 12.34 ± 3.96 (post test). We conclude that AG showed significant fat loss, evidencing the
effects of acute albumin supplementation on reducing body fat when combined with moderate
exercise.

Key-words: albumin, aerobic exercise, fat loss

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INTRODUÇÃO

A prática de exercícios físicos por pessoas sem compromisso com o esporte, tem
aumentado a procura e a freqüência nas academias de ginásticas. Sendo assim, a
disseminação dos padrões estéticos neste ambiente, favorece a utilização de diversos
recursos com fins emagrecedores, como dietas, suplementos alimentares e até
medicamentos moderadores de apetite. Desta forma, o surgimento acelerado de
suplementos e sua popularidade entre praticantes de exercícios físicos e atletas vêm,
sobretudo atingindo jovens, que treinam por razões estéticas ao invés de buscar um bom
condicionamento físico. SABA (1999 apud HIRSCHBRUCH et al, 2008)

Em 1999, as Sociedades Brasileiras de Medicina do Esporte (SBME) e a de Geriatria e


Gerontologia (SBGG), afirmam que a prática regular de atividade física promove adaptações
ao treinamento e que estas vão além da manutenção do peso corporal e aumento de massa
magra, auxiliando o controle glicêmico e melhora do perfil lipídico.

A energia necessária para a realização de exercícios prolongados, de baixa a moderada


intensidade, é originária do metabolismo aeróbio. Neste aspecto, vários fatores podem
determinar a predominância de substrato no organismo: dietas, intensidade e duração do
exercício (POWERS e HOWLEY, 2000).

Os lipídios são substratos predominantes para o músculo durante exercícios de baixa


intensidade, a partir de 30% do Vo2 máx.SALTIN (1988 e BOOKS, 1994 apud POWERS e
HOWLEY, 2000)

O fornecimento de energia a órgãos e células, através da hidrólise dos lipídios é função


exclusiva dos adipócitos pela lipólise (AHMADIAN et al. 2007). A regulação deste processo
ocorre pela demanda de nutrientes, emissão de sinais aferentes pelo sistema nervoso
(simpático e parassimpático) e ação hormonal.

Sendo assim, a obtenção de energia a partir dos lipídeos armazenados nos adipócitos deve
ultrapassar algumas etapas, sendo elas: mobilização dos ácidos graxos dos adipócitos,
seguido do transporte até as células musculares, mobilização dos ácidos graxos dos
estoques intramusculares de triglicerídeos (TG), transporte para dentro da mitocôndria e, por
fim, a β-oxidação. (JEUKENDRUP et al. 1998 e ANDRADE et al., 2006).

A β-oxidação consiste na oxidação completa de ácidos graxos, que são submetidos a uma
seqüência de reações de oxidação, hidratação, oxidação e tiólise, fazendo com que sejam
liberados dois carbonos. Este processo resulta na formação de acetilCoA, que será
metabolizada no ciclo de Krebs, via comum do metabolismo. (JEUKENDRUP et. al. 1998 e
ANDRADE et al., 2006).

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Com o início do exercício, o sistema nervoso simpático inicia a degradação do substrato


liberando descarga adrenérgica, uma vez liberada a adrenalina, receptores específicos
contidos no tecido adiposo (receptores β - adrenérgicos), se ligaram e darão inicio a
ativação de outras enzimas.

A ligação da adrenalina aos receptores β adrenérgicos resulta no aumento da atividade


enzimática da adenilato ciclase, e da adenosina monofosfato (AMP). Esta reação promove
ativação da proteína quinase A (PKA, protein kinase A), AMP cíclico dependente,
responsável pela ativação da enzima lipase hormônio sensível (LHS) que cataboliza o TAG
no tecido adiposo. Segundo Franz et al. (1983 apud Lima- SILVA et al., 2006), outros
hormônios parecem contribuir para esta reação, dentre eles o hormônio do crescimento
(GH), tireóide estimulante (TSH) e adrenocorticotrófica (ACTH), entretanto as catecolaminas
são as principais ativadoras.

Ao final da reação, Lima- Silva et al. (2006) acrescenta que a enzima monoacilglicerol
lipase, juntamente com a LHS são responsáveis pela degradação do triacilglicerol (TAG) em
uma molécula de glicerol e três de ácidos graxos livres (AGL). O glicerol é liberado e
transportado livremente pelo sangue até o fígado, onde pode ser utilizado na
gliconeogênese ou servir como intermediário da glicólise, na forma de gliceraldeido-3-
fosfato.

Uma vez separado dos AGLs, o glicerol obrigatoriamente cairá na corrente sanguínea, não
podendo ser utilizado para a ressíntese de novos TGs, devido a ausência da enzima
glicerolquinase, nos tecidos adiposos e musculares. Dando seqüência ao processo
fisiológico, os AGLs, ligam-se à albumina, pois esta proteína apresenta características
lipossolúveis e sem esta ligação, os AGLs, não conseguem circular livremente pelo plasma,
sendo levados posteriormente até o músculo esquelético para serem utilizados como fonte
energética.

Lima-Silva et al. (2006) ressalta que o uso de lipídios como fonte de energia pode poupar o
glicogênio muscular. Desta forma, a maneira mais efetiva de “economizar” o glicogênio
muscular é aumentando a utilização das gorduras como principal substrato energético.
ACHTEN e JEUKENDRUP (2004 apud CAPUTO et al., 2009).

Desta forma, o presente estudo teve como objetivo, investigar os efeitos da suplementação
aguda de albumina, sua relação com o transporte e oxidação de lipídios e as possíveis
alterações consequentes no percentual de gordura.

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METODOLOGIA

AMOSTRA

A pesquisa analisou 5 indivíduos do sexo masculino, na faixa etária que compreende de 20


a 25 anos, estudantes universitários, com experiência em corrida. Estes indivíduos
estiveram presentes para a realização do estudo em dois dias diferentes, pertencendo no
primeiro dia ao grupo albumina (GA) e no segundo dia ao grupo controle (GC), este
procedimento foi adotado com a finalidade de parear os experimentos, ou seja, os sujeitos
serem controle de si mesmos, minimizando assim a variação entre os componentes dos
grupos. Em dia antecedente à realização dos testes, os indivíduos foram orientados a
seguir sua dieta normalmente, evitando apenas excessos em gorduras e açúcares, este
cuidado foi estabelecido a fim de evitar que a alimentação interferisse nas variáveis
analisadas. Os grupos foram orientados, para não que consumissem qualquer outro tipo de
suplemento alimentar uma semana antes da realização dos testes, a fim de evitar que estes
produtos interferissem na ação do suplemento a ser utilizado no dia do teste (albumina).

Desta forma, os dados foram coletados no LACEF – Laboratório do Curso de Educação


Física, da Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM, no período de Agosto a Outubro, e
registrados em uma ficha de coleta desenvolvida pela própria pesquisadora. A escolha dos
sujeitos ocorreu de forma voluntária e aleatória, desde que fossem respeitadas as
características especificas da amostra relatada.

PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS E INSTRUMENTAÇÃO

A primeira parte da coleta consistiu no preenchimento de uma anamnese, com questões


abertas e fechadas, contendo dados pessoais, aspectos sobre saúde (tratamento médico,
ocorrência de cirurgia, utilização de medicamento, patologias, histórico familiar, convênio
médico, se é fumante ou consome bebidas alcoólicas), aspectos sobre atividade física
(atividades praticadas, freqüência, duração, intensidade, se tem experiência na esteira e
com corrida, objetivos com a prática, se segue e tem orientação no programa de
treinamento) e aspectos nutricionais (número de refeições, intervalo em horas, local para
refeição, hábitos alimentares, utilização de suplementos alimentares, freqüência de
consumo, resultados obtidos com o uso de suplementos, possibilidade de uso de albumina
como suplemento e quis objetivos com este uso).

Desta forma será descrito de forma detalhada as etapas estabelecidas para o presente
estudo:

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• Suplementação e teste

O grupo albumina fez ingestão de uma solução de 20g de albumina, diluída em 250mL de
água, 60 minutos antes do início do teste. O grupo placebo seguiu o mesmo protocolo,
sendo ingerida uma solução semelhante contendo proteína do soro do leite (em média 8%
de albumina) pela semelhança na textura, palatabilidade e sabor.

O teste compreendeu em 1 hora de corrida a 65% da freqüência cardíaca máxima,


determinada pela equação de Karvonen et al (1957), (FC65% = FCrep + Intensidade (0,65)
x (FCmáx – FCrep). A verificação da freqüência cardíaca de repouso (FCrep) ocorreu com o
indivíduo sentado se movendo o menos possível por meio de um frequencímetro, sendo
que o cálculo da FC a 65%, foi realizado de forma manual. O individuo permaneceu com o
monitor cardíaco durante o teste, a fim de que fosse monitorado o limite de sua freqüência
cardíaca.

Durante o teste cada indivíduo teve que consumir 500 mL de água, a fim de repor os
eletrólitos perdidos durante a atividade física, este procedimento teve como objetivo
minimizar as possibilidades de desidratação.

• Variáveis analisadas

As medidas de peso foram aferidas em uma balança mecânica, da marca Filizola, de


precisão de 1Kg, com indivíduo posicionado em pé, descalço, sem camiseta, sem objetos
nos bolsos e de costas para balança. As circunferências de cintura (utilizando como
referência a cicatriz umbilical) e tórax foram medidas em centímetros, por uma fita métrica,
como o avaliado em pé e com o avaliador posicionado atrás do sujeito, necessitando de
auxilio para o posicionamento correto do instrumento. As circunferências de abdômen,
quadril e coxa também foram medidas por uma fita métrica, em centímetros, posicionada no
maior perímetro das regiões.

As dobras cutâneas foram mensuradas no hemi-corpo direito do avaliado, através de um


compasso de dobras, da marca Lange. O individuo foi posicionado em pé, sem camiseta,
apenas de bermuda e tênis. Consideramos para a determinação das medidas, a maior
circunferência aparente (entre origem e inserção do músculo), sendo realizadas três
medidas consecutivas no mesmo local e considerada a média entre elas para cálculo final
de densidade corporal. O protocolo utilizado foi o proposto por Pollock e Jackson (1984),
considerando as sete dobras (peitoral, axilar média, tríceps, subescapular, abdominal,
supra-ilíaca, coxa). O cálculo para densidade corporal (DC) foi obtida através da equação
proposta por Jackson e Pollock (1978) considerando a equação desenvolvida para o sexo
masculino.

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O cálculo utilizado para conversão da densidade corporal em percentual de gordura foi o


proposto por Heyward (2001), considerando o grupo como população branca, de faixa etária
entre 20-80 anos, do sexo masculino. Devemos lembrar que o resultado final foi multiplicado
por 100. Vale ressaltar que estas variáveis foram coletadas antes da suplementação e teste
e logo após o teste de 1 hora de corrida na esteira.

Durante o teste na esteira, foram coletados 35µL de sangue do dedo indicador, da mão
direita dos sujeitos, para análise da glicemia e lactato, foram utilizadas lancetas, luvas
cirúrgicas e materiais para coleta (algodão, álcool, recipientes adequados para material
contaminante e perfuro cortante). Essas coletas ocorreram antes do inicio do teste, após 20
minutos do início do teste, após 40 minutos do início do teste e no final do teste. Colocamos
uma gota de sangue no medidor de glicemia Accu-chek performa- Roche, para serem
verificados os valores de glicemia, o restante da amostra foi utilizada para análise do lactato
sendo utilizado o Lactímetro Yellow Springs 1500.

No momento da coleta de sangue dos indivíduos, avaliou-se a percepção subjetiva de


esforço, medida através da escala de percepção subjetiva de esforço proposta por Borg
(2000).

O conjunto das variáveis descritas nos permitiu inferir a predominância do metabolismo


utilizado no teste, bem como seus efeitos agudos sobre a composição corporal.

COLETA DE DADOS

A seleção dos participantes ocorreu em períodos aleatórios, a pesquisadora contou com o


auxílio dos responsáveis pelo LACEF e também com a divulgação feita no campus da
Universidade, para identificação e inscrição dos sujeitos interessados em participar da
pesquisa.

O presente projeto de pesquisa foi encaminhado para apreciação e parecer do Comitê de


Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie – CEP-UPM e foi aprovado
pelo departamento sob registro CEP/UPM nº 1225/04/2010 e CAAE nº 0034.0.272.000-10.
Sendo assim, a coleta dos dados foi realizada pela própria pesquisadora e a anamnese
distribuída aos participantes, teve que ser preenchida na sua presença, em momento
antecedente aos testes para esclarecimento de quaisquer dúvidas.

Os sujeitos que decidiram participar do estudo receberam por meio da Carta de Informação
ao Sujeito de Pesquisa, informações sobre o estudo, e após a leitura todos assinaram de
forma voluntária o Termo de Consentimento Livre esclarecido.

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TRATAMENTO DE DADOS

Os dados coletados foram dispostos em forma de planilha no programa Excel da Microsoft,


versão Home e Student 2010. Inicialmente foram calculadas as médias e desvio padrão pelo
mesmo programa. Os dados obtidos foram analisados segundo um teste de análise de
variância de duas vias (Two Way – ANOVA), sendo consideradas as influências das duas
variáveis (tempo – momento Pré e momento Pós e suplementação).

Após a verificação do teste de variância, foram realizados testes T de Student, pareados


(medidas repetidas) para análise intragrupos com significância estabelecida a 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O exercício aeróbio pode ser considerado um dos fatores mais eficazes, quando o assunto é
manutenção do peso corporal ou emagrecimento. Segundo McArdle et al. (2007), este tipo
de exercício aprimora principalmente os mecanismos de oxidação dos AG de cadeia longa,
provenientes do músculo ativo durante um exercício de intensidade leve ou moderada.

Os fatores que regulam tal fenômeno estão relacionados, ao aumento da atividade do SNS
(sistema nervoso simpático) durante o exercício e provavelmente às variáveis que controlam
a taxa de oxidação das gorduras (lipólise), mais especificamente à ação dos hormônios
adrenalina, noradrenalina e glucagon. HOLLOSZY (1990 apud SANTOS, 2007).

Além disso, Bronstein (1996 apud Hauser et al, 2004) demonstrou em um de seus estudos
que após atividade física a incorporação dos ácidos graxos no tecido adiposo e sua
estratificação para TAG diminuem, pois ocorre aumento na concentração plasmática de
AGL, favorecendo a oxidação.

As médias de peso obtidas para o GA foram 77,14 ± 5,32 Kg (pré-teste) e 76,4 ± 5,03 Kg
(pós-teste), com diferença significativa (p<0,05) entre os períodos de avaliação da
composição corporal, o GC também apresentou diferença significativa, sendo 77,04 ± 5,00
(pré-teste) e 76,68 ± 5,02 (pós-teste).

Os grupos analisados demonstraram perda significativa no peso corporal, conforme ilustrado


no Gráfico 1. Segundo McArdle et al (2007), as modificações no peso corporal podem
indicar a perda de água e a necessidade de adequação na reidratação durante e após a
participação nos exercícios, porém ressalta que quando é realizada a ingestão de água
durante a atividade há prevenção na depleção hídrica. Desta forma, os sujeitos registraram
perda significativa do peso corporal, apesar de terem ingerido 500 mL de água durante o
teste de corrida, este procedimento foi adotado a fim de minimizar as possíveis
interferências da desidratação.

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85,00
* *
80,00

75,00

70,00

65,00
PRÉ-TESTE PÓS-TESTE
GC GA

GRÁFICO 1: PESO CORPORAL PRÉ E PÓS DOS GRUPOS GC E GA *p<0,05, EM COMPARAÇÃO AO PRÉ-
TESTE.

A análise das circunferências levou em consideração cinco medidas (tórax, cintura,


abdômen, quadril e coxa). Desta forma registramos para o GA no pré-teste 93±1,58 (tórax);
79,9±2,46 (cintura); 85,40±2,61 (abdômen); 97,60±1,95 (quadril) e 54,8±2,28 (coxa), e no
pós-teste 92,60±1,95 (tórax); 79,30±2,54 (cintura); 84,30±2,86 (abdômen); 96,80±1,48
(quadril) e 54,8±2,28 (coxa). O GC apresentou no pré-teste 95,30±3,05 (tórax); 80,06±1,45
(cintura); 88,10±1,47 (abdômen); 96,6±4,34 (quadril) e 56,2±1,04 (coxa) e no pó-teste
94,70±3,75 (tórax); 79,3±1,10 (cintura); 86,80±1,10 (abdômen); 94,2±3,90 (quadril) e
55±1,41 (coxa). Os grupos analisados apresentaram diferença significativa, p<0,05, apenas
na medida de abdômen.

Analisando os dados obtidos nas circunferências de ambos os grupos, pudemos observar


reduções estatísticas apenas no abdômen. Essas diferenças provavelmente se devem a
perda de água, registrada pela redução de volume do local avaliado. Não acreditamos que
estas reduções reflitam diferença de percentual de gordura, pois, embora tenham sido
tomados cuidados para evitar a alteração das medidas atribuídas à desidratação, esta
região pode ser considerada mais propensa a sofrer alterações no volume por conta da
variação hídrica conforme demonstrado no Gráfico 2.

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120
100
* *
80
60
40
20
0
GC GA GC GA GC GA GC GA GC GA
TÓRAX CINTURA ABDÔMEN QUADRIL COXA
PRÉ PÓS

GRÁFICO 2: CIRCUNFERÊNCIAS PRÉ E PÓS DOS GRUPOS GA E GC *p<0,05, EM COMPARAÇÃO


AO PRÉ-TESTE.

A média do somatório de dobras cutâneas para o GA foi de 88,80 ± 2,22 (pré-teste) e de


83,86 ± 2,39 (pós-teste), representando uma diminuição significativa (p<0,05). Assim
também foi observado para o GC entre os períodos de avaliação da composição corporal,
sendo 99,52 ± 2,92 (pré-teste) e 93,05 ± 2,63 (pós-teste).

Quando observamos o comportamento de cada dobra individualmente, notamos diferenças


significativas em apenas uma delas (coxa) e ausência de diferença em todas as outras
(peitoral, axilar média, tríceps, subescapular, abdominal e supra-ilíaca). A análise feita sobre
o somatório de dobras leva em consideração os valores médios de cada dobra, assim,
obtivemos uma diferença significativa quando consideramos o somatório de todas elas em
ambos os momentos (pré e pós) de ambos os grupos.

Analisando os dados obtidos nas dobras cutâneas de ambos os grupos, pudemos observar
reduções estatísticas, conforme demonstrado no Gráfico 3. Essas diferenças podem ser
atribuídas aos efeitos classicamente descritos no exercício aeróbio, de longa duração,
semelhante ao protocolo utilizado, no tangente ao substrato energético predominante, os
lipídeos. Até mesmo a utilização do glicogênio como combustível acessório, pode contribuir
para a diminuição na espessura das dobras cutâneas, uma vez que a utilização de
glicogênio é acompanhada por uma diminuição de medidas. Embora a predominância do
fornecimento de energia do protocolo utilizado tenha sido os lipídeos, quando consideramos
a espessura das dobras, obtidas em milímetros, uma pequena variação pode ser fator de
influência para determinadas medidas, especialmente as que se referem a maiores
depósitos de glicogênio, os músculos.

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120

* *
100

80

60
40

20

0
PRÉ-TESTE GC GA PÓS-TESTE

GRÁFICO 3: DOBRAS CUTÂNEAS PRÉ E PÓS DOS GRUPOS GC E GA *p<0,05 EM


COMPARAÇÃO AO PRÉ-TESTE.

A média das glicemias para o GA no repouso foi 85 ± 15,57 mg/dl; aos 20 minutos foi 90 ±
25,01 mg/dl; aos 40 minutos foi 92 ± 23,03 mg/dl e ao término do teste o valor foi 75 ± 5,27
mg/dl, não apresentando diferença significativa. Ainda para o mesmo grupo, os valores
médios de lactato registrados foram: repouso 2,0 ± 1,05 mmol/l; 20 minutos 3,6 ± 1,49
mmol/l; 40 minutos 3,1 ± 0,75 mmol/l e ao término do teste o valor foi 2,5 ±1,30 mmol/l.

O GC obteve para glicemia, médias no repouso 86 ± 14,92 mg/dl; aos 20 minutos foi 74 ±
6,83 mg/dl; aos 40 minutos foi 86 ± 10,76 mg/dl e ao término do teste foi 79,0 ± 4,30 mg/dl,
não apresentando diferença significativa. Ainda para o mesmo grupo, os valores médios de
lactato registrados no repouso foram 0,92 ± 0,19 mmol/l; 20 minutos foi 1,38 ± 0,22 mmol/l;
aos 40 minutos foi 1,49 ± 0,71 mmol/l; e ao término do teste 1,41 ± 0,74 mmol/l.

Embora existam variações nos valores de glicemia dos sujeitos nos diferentes dias de teste,
as diferenças podem ser atribuídas a diversos fatores, desde elementos psicológicos até o
tempo de jejum realizado antes do teste, no entanto, essas diferenças não foram
significativas entre os grupos,conforme demonstrado no Gráfico 4.

100
90
80
70
60 GLIWHEY
50
40 GLIALB
30
20
10
0
0 20 40 60

GRÁFICO 4: GLICEMIA (GC) e (GA).

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O perfil de lactato observado sugere maior participação dos lipídios, como substrato
energético predominante, especialmente no final do teste, corroborando dados da literatura
que demonstram uma maior participação dos lipídios em exercícios dessa duração e
intensidade, conforme Gráfico 5. Achten et al. (2002, Achten e Jeukendrup, 2003 apud Lima-
Silva et al., 2006), comprovam este fato afirmando que a curva do metabolismo de gordura
em função da intensidade de esforço tem um comportamento quadrático, com maior
utilização desse substrato próximo a 60-65% VO2max. Powers et al. (1980, Gollnick e Saltin
1988, Ball-Burnett et al. 1991 apud Powers e Howley, 2000), acrescentam ainda, que
durante o exercício prolongado de baixa intensidade (acima de 30 minutos de prática) ocorre
um desvio do metabolismo de carboidratos em direção a uma maior dependência da
utilização de gordura como substrato principal. Pruett (1970, Romijn et al., 1955 apud Lima-
Silva et al. 2006) acrescentam que apenas em intensidades elevadas (85% VO2 máx.),
ocorre diminuição significativa no uso de gordura como fonte de energia, devido
parcialmente à menor concentração de AGL plasmático circulante.

5,00
4,50
4,00
3,50
3,00 LACWHEY
2,50
2,00 LACALB
1,50
1,00
0,50
0,00
0 20 40 60

GRÁFICO 5: LACTATO (GC) e (GA).

O percentual de gordura apresentado pelo GA foi de 11,65 ± 2,96 (pré-teste) e 10,82 ± 2,85
(pós-teste), apresentando diferença significativa (p<0,05), na redução de gordura corporal
após a associação da suplementação de albumina com exercício de uma hora. O GC
apresentou 14,43 ± 7,42 (pré-teste) e 12,34 ± 3,96 (pós-teste), não apresentando diferenças
significativas.

Acreditamos que a suplementação ministrada agudamente otimizou a redução do percentual


de gordura por ser a albumina uma proteína de transporte considerada elemento-chave no
que se refere à capacidade de utilização de gordura como substrato energético pelo
organismo. Sendo assim, nossos resultados evidenciam que uma maior disponibilidade

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desta proteína de transporte favorece o emagrecimento, como pode ser observado no


Gráfico 6.

25,00

20,00

15,00 *
10,00

5,00

0,00
PRÉ-TESTE PÓS-TESTE
GC GA

GRÁFICO 6: PERCENTUAL DE GORDURA PRÉ E PÓS DOS GRUPOS GC E GA *p<0,05 EM


COMPARAÇÃO AO PRÉ-TESTE

Além da observação de uma amplificação no papel fisiológico da suplementação,


conseguida pelo fornecimento agudo da proteína. Quando analisamos a diminuição
significativa registrada apenas para o grupo suplementado com albumina, podemos
considerar alguns elementos.

O cálculo de densidade corporal proposto por Jackson e Pollock (1978), computa todas as
sete dobras mensuradas em cada sujeito sendo, portanto, uma medida mais integrativa ou
generalizada, relevando diferenças menores ou localizadas. Desta forma, a conversão da
densidade corporal (DC) em percentual de gordura que foi obtida através da utilização da
equação proposta por Heyward (2001) mostra um comportamento da variável percentual de
gordura, para o grupo albumina, mais homogêneo, revelando uma diminuição significativa.
No entanto, para o grupo controle, o mesmo cálculo não apontou diferenças estatísticas.

Analisando os resultados em conjunto, pudemos observar diferenças estatísticas entre as


variáveis, peso e dobras cutâneas de ambos os grupos, bem como a ausência de diferenças
na variável circunferência e na variável somatório de dobras cutâneas, dos dois grupos
experimentais.

Os comportamentos de glicemia e lactato observados, também estão de acordo com o


quadro fisiológico demonstrado pelos grupos, pois demonstram maior participação dos
lipídeos como combustível, conforme aumento gradativo da duração do exercício.

Os resultados obtidos mostraram que os efeitos do protocolo de exercício adotado, quando


analisado com os grupos pareados, promoveu efeitos muito similares em relação às
variáveis mencionadas. No entanto, quando tomamos o percentual de gordura como

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Universidade Presbiteriana Mackenzie

variável, pudemos observar o efeito da suplementação aguda de albumina associada ao


protocolo de exercício. De posse dos dados gerais e também fazendo uma análise individual
de cada variável, pudemos inferir que os efeitos da suplementação aguda de albumina,
podem influenciar positivamente a perda de gordura em exercícios prolongados e de
intensidade baixa a moderada, confirmando seu papel fisiológico e sugerindo novas
aplicações para a suplementação com a proteína, como por exemplo a utilização crônica ou
maior utilização da albumina natural, e não de forma suplementar, no contexto nutricional.

CONCLUSÃO

Pudemos concluir que a suplementação aguda de albumina tem efeitos positivos sobre a
oxidação de lipídeos, promovendo uma diminuição no percentual de gordura, provavelmente
influenciando também sua dinâmica de transporte para o músculo esquelético.

Esperamos que esse estudo tenha contribuído para o estabelecimento de um novo


paradigma para essa já tão descrita e versátil proteína, que atua em diversas áreas do
nosso organismo.

Novos estudos são sempre necessários, especialmente em um tema atual como esse e que
dá espaço a novas perguntas e sempre, maiores aprofundamentos.

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