Você está na página 1de 24

LCB208 – BIOQUÍMICA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

BIOENERGÉTICA
+  (CO2, Esq. C, NH4+, H2O)
NH4+
ATP – A moeda Energética das Células
INTRODUÇÃO

Os organismos vivos, para manterem sua intrincada estrutura, reproduzirem‐se,
adaptarem‐se, e realizarem trabalho mecânico, químico e osmótico, entre outras
funções, necessitam de energia. Essa energia nos seres autotróficos é proveniente da luz 
(fotossíntese) e nos heterotróficos provem da oxidaçãode  compostos químicos.

Seres autotróficos Energia


6CO2 + 6H2O
Luminosa C H O + 6O
6 12 6 2
Processo endergônico

Seres heterotróficos
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + E
onde E = -680 Kcal
Processo Exergônico

Um conceito temodinamico particularmente útil para a bioquímica é o da 
Energia Livre (G). É sempre preferido falar da quantidade de energia livre de 
uma substância A, mas este valor não pode ser medido experimentalmente. 
Entretanto, se:  A          B é possível falar da Variação de Energia Livre (ΔG) na 
reação
BIOENERGÉTICA DE REAÇÕES

REAÇÃO: A B
A A* B

A*

Energia de ativação s/ catalisador

Variação de Energia Livre


Energia de ativação c/ catalisador
A
(estágio inicial)

∆G

B
(estágio final)

Progresso da Reação

ENDERGÔNICA EXERGÔNICA
Variação de Energia Livre

Variação de Energia Livre

B A
(estágio final) (estágio
inicial)

∆G>0 ∆G<0
A B
(estágio inicial) (estágio final)

Progresso da Reação Progresso da Reação


Metabolismo:- Produz e consome energia,
- Proporciona a síntese de metabólitos celulares,
- Ocorre em “mão dupla”: catabolismo (oxidação) e anabolismo (redução)

Variação de Energia Livre de Reações Químicas

Areag Bprod
(EnergiaA) (EnergiaB)

A energia de A e de B não podem ser medidas experimentalmente, Mas, a variação da quantidade de


energia (∆E) do sistema pode ser facilmente quantificada experimentalmente.

∆E = Eprod - Ereag

Se ∆E < 0, portanto EB < EA e a reação ocorre com decréscimo de energia = EXERGÔNICA.


Se ∆E > 0, portanto EB > EA e a reação ocorre com demanda de energia = ENDERGÔNICA

Foi estudada por GIBBS - denominação é ∆G


Gibbs estudou Variação de Energia Livre Padrão (∆G°)
Condições: Reagentes Puros
Temperatura = 25°C
Pressão = 1 atm
Conc. = 1 molal (1mol de soluto/kg de solvente).
A energia livre de Gibbs(G) de um sistema é a parte da energia total do
sistema que está disponível para realizar trabalho útil, sob temperatura e
pressão constantes. Para a maioria dos casos, o valor de ∆G é obtido
medindo-se avariação de energia livre dos estados inicial e final do processo:

∆G = G(produtos) – G(reagentes)

O mecanismo de reação não afeta a ∆G, ou seja, a variação de energia


independe da via pela qual ocorre a transformação. A velocidade de uma
reação depende do mecanismo da reação e está relacionada com a
energia livre de ativação (∆G≠) e não com a variação de energia livre (∆G). Ou
seja,a ∆G não fornece informações sobre a velocidade da reação.

Variação de Energia Livre Padrão (∆G°)

∆G° é a variação de energia livre padrão,quando todos os reagentes e


produtos da reação estão no estado-padrão: concentração inicial de 1,0 M,
temperatura de 25°C e pressão de 1,0 atm. OR
é aconstante dos gases (8,315 J⋅mol−1K −1), T é a temperatura absoluta em
graus Kelvin (°C + 273) e 1n é o logaritmo natural. ∆G°é uma constante com
valor característico e invariável para cada reação.

.
Embora Gibbs tenha estudado variação de energia em condições padrões (∆G°), nas células in vivo dificilmente
ocorrem tais condições. Portanto no metabolismo celular o que realmente se avalia é a variação de energia
livre(∆G) fora das condições padrões e é feita no equilíbrio.

A + B C + D
[C] . [D]
Keq = -------------
[A] . [B]
_____________________
∆G = ∆G° + R.T. ℓnKeq
_____________________

∆G = ∆G° + 2,303. R.T.logKeq

[C] . [D]
∆G = ∆G° + 2,303. R.T.log -------------
[A] . [B]

Onde R = Cte dos Gases = 1.987 cal/mol


T = temp à 25°C em K° = 273 + 25 = 278°K

Portanto, ∆G = ∆G° + 1,363.logKeq, sendo sòmente f(Keq) que é facilmente determinada experimentalmente.

Como no equilíbrio nenhuma variação de energia é observada, send portanto ∆G = 0

∆G = ∆G° + 2,303. R.T.logKeq


0 = ∆G° + 2,303. R.T.logKeq
_______________________________
∆G° = -2,303.R.T. logKeq Cal/mol
_______________________________
TIPOS DE REAÇÕES QUANTO AO USO DE ENERGIA

Reações de equilíbrio.
Os processos que apresentam  ∆G igual 0,(∆G = 0,  Keq = 1,0), não há fluxo 
em nenhuma direção de reação(as reações nos dois sentidos são iguais).
•Reações exergônicas.
São os processos que apresentam ∆G negativo (∆G < 0,  K eq> 1,0) indicando 
que são energeticamentefavoráveis e procederão  espontaneamente
até que o equilíbrioseja alcançado.
• Reações endergônicas.
São os processos que apresentam ∆G positivo (∆G > 0,  Keq< 1,0) o que 
significa que há absorção deenergia e são não‐espontâneos
(energeticamente não‐favoráveis).O processo ocorrerá espontaneamente na 
direção inversa à escrita.

∆G° é a variação de energia livre padrão,quando todos os reagentes e produtos da 
reação estão no estado‐padrão: concentração inicial de 1,0 M, temperatura de 25°C e 
pressão de 1,0 atm. OR
é aconstante dos gases (8,315 J⋅mol−1K −1), T é a temperatura absoluta em graus 
Kelvin (°C + 273) e 1n é o logaritmo natural.  ∆G°é uma constante com valor 
característico e invariável para cada reação
RELAÇÃO ENTRE Keq E VARIAÇÃO DE ENERGIA LIVRE
Exemplo:

A reação Glicose-1-P Glicose-6-P foi iniciada com 0,02M e no equilíbrio obteve-se a formação de 0,019M de
Glicose-6-P. Qual é o valor de ∆G° em ambas direções da reação?

a) Na direção para a direita (formação de glicose-6-P):

∆G = ∆G° + 2,303.R.T.logKeq
0 = ∆G° + 2,303.R.T. logKeq
∆G° = - 2,303.R.T. logKeq
[prod] 0,019
Keq = ----------- = -------------- = 19
[reag] 0,001

∆G° = - 2,303 . 1,987 . 298 . log19


Nota: Número>1 tem-se log valor +
∆G° = - 2,303 . 1,987 . 298 . (+1,3677687)
∆G° = - 1.865 kcal/mol

b) Na direção para esquerda (formação de glicose-1-P)


∆G = ∆G° + 2,303.R.T.logKeq
0 = ∆G° + 2,303.R.T. logKeq
∆G° = - 2,303.R.T. logKeq
[prod] 0,001
Keq = ----------- = -------------- = 0,0526
[reag] 0,019

∆G° = - 2,303 . 1,987 . 298 . log0,0526 Nota; Número<1, tem-se log (-)
∆G° = - 2,303 . 1,987 . 298 . (-1,379)

∆G° = + 1,869 kcal/mol


Variação de Energia Livre de Reações de Oxido-Redução

As rotas metabólicas são constituídas por reações químicas nas quais estão envolvidos metabólitos, que
muitas vezes não tem a natureza química e nem as concentrações conhecidas e ocorrem geralmente em baixas
concentrações nas células. Portanto fica impossibilitado o uso da fórmula ∆G = ∆G° + 2,303.R.T.logKeq para se
calcular a variação de energia livre das reações, pois envolve o conhecimento das concentrações de reagente e
produtos das reações .
Neste caso, a variação de energia livre é calculada com base em outra fórmula que envolve os valores de
concentrações, mas sim do potencial de oxido-redução (E°) das reações envolvidas na formação ou consumo de
energia.

∆G° = -n.ƒ.∆E° n = nº de elétrons envolvidos na reação


ƒ = constante de Faraday = 23.063 cal/V
∆E° = diferença do potencial de oxido-reduçaõ (E°) entre as reações oxidantes e
redutoras

∆E° = E°reação oxidante – Eºreação redutora

Ou pela “Regra do dedão”

∆E° = E°menos negativo – Eºmais negativo


As reações de oxi‐redução (redox)

‐ Um composto se torna oxidado quando:

1. Perde elétrons
2. Se liga a um átomo mais eletronegativo 
3. Isto geralmente ocorre quando se liga ao oxigênio 

‐ Um composto se torna reduzido quando:

1. Ganha elétrons
2. Se liga a um átomo menos eletronegativo 
3. E geralmente isto ocorre quando se liga ao hidrogênio 

Formas reduzidas de C (carboidratos, metano, lipídios, álcoois) são importantes 
estoques de energia  em suas ligações.

Formas oxidadas de C (cetonas, aldeídos, ácidos carboxílicos e CO2) 
dispõem de pequeno potencial energético em suas ligações.
Exemplo 1:

Calcular a quantidade de energia livre gerada durante a oxidação do etanol no organismo

NAD NADH

Etanol Acetaldeido

Etanol Acetaldeido + 2H+ + 2e- E° = -0,16 V

NAD + 2H+ + 2e- NADH E° = -0,32V


Etanol = NAD NADH + Acetaldeido ∆E° = +0,16V

∆G° = -n.ƒ.∆E°
∆G° = 2x23.063x(+0,16)

∆G° = -7.400 cal/mol de etanol


Exemplo 2:

Durante a oxidação de moléculas energéticas os elétrons destas substancias são transferidos e


armazenados no NAD que é reduzido para NADH. Pela fosforilação oxidativa na cadeia respiratória o
NADH é então oxidado para NAD. Calcular o valor da Energia Livre gerada neste processo. É possível
a formação de ATP? Quantos?

NADH NAD + 2H+ = 2e- E° = - 0,32 V


½O2 + 2H+ + 2e- H2O E° = + 0,82 V
NADH + ½O2 NAD + H2O ∆E° = +1,14 V

∆G° = -n.ƒ.∆E°
∆G° = -2x23.063x(+1,14)
____________________________
∆G° = -52.583 cal/mol de NADH
____________________________
Reações Acopladas

Utilização da energia liberada por uma reação exotérmica para realização


de uma reação endotérmica, realizada pela utilizãção de compostos
intermediários de energia como por exemplo o ATP, que acumula energia na
forma de ligações fosfato.
COMPOSTOS RICOS EM ENERGIA
COMPOSTOS RICOS EM ENERGIA

Sao compostos que apresentam alta energia de hidrolise, acima de 5Kcal.


Normalmente fosforilados

Composto ΔG a pH 7,0

Fosfoenolpiruvato ‐ 14.800
Amp ciclico ‐12.000
fosfocreatina ‐10.300
Acetil‐fosfato ‐10.100
AcetilcoA ‐7.500
ATP para ADP e Pi                                                        ‐7.300
ATP para AMP e Pi                                                      ‐ 8.600
ADP                                                                              ‐ 6.500
Glicose ‐1 ‐fosfato                                                        ‐ 5.000
Frutose‐6‐fosfato                                                         ‐3.800
Glicose‐6‐fosfato                                                         ‐ 3.300
Glicerol‐3‐fosfato                                                        ‐ 2.200
Inibidores
Substancias que inibem o transporte de 
eletrons:
Monoxido de carbono e cianeto: cit C
Raticidona rotenona: complexo I
Antimicina A: complexo III
Oligomicina: ATP sintase
Fornecimento de precursores de aminoácidos

(Madigan et al., 2004)

Você também pode gostar