Você está na página 1de 70

ENGENHARIA TERMOTÉCNICA

3ºANO

AULA 07
DATA – 16/08/2019

CAPÍTULO IV – GERADOR DE VAPOR


IV – GERADOR DE VAPOR

4.1 INTRODUÇÃO

Geradores de Vapor (GV´s) podem ser considerados como sendo


trocadores de calor complexos que produzem vapor de água sob
pressões superiores a atmosférica a partir da energia de um
combustível e de um elemento comburente (Ar).

2
IV – GERADOR DE VAPOR
4.2 DEFINIÇÃO

Estes equipamentos, são constituídos por diversos dispositivos


associados estando estes perfeitamente integrados para permitir a
obtenção do maior rendimento térmico possível. Estes equipamentos
são conhecidos popularmente como caldeiras de vapor.

Caldeiras de vapor são essencialmente recipientes


pressurizados no qual a água é introduzida e pela
aplicação continua de energia é evaporada. A água
evaporada é chamada de vapor, consistindo um
dos fluídos de trabalho mais empregues na
industria. 3
IV

G
E
R D
A E
D
O V
R A
P
O
R
4
IV – GERADOR DE VAPOR
4.2.1 VAPOR

Fisicamente, vapor é a água no estado gasoso.

5
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR
O vapor é gerado em uma caldeira ou em um gerador de vapor pela
transferência do calor dos gases quentes para a água. Quando a
água absorve quantidade suficiente de calor, muda da fase líquida
para a de vapor. A energia para gerar o vapor pode ser obtida da
combustão de combustíveis ou da recuperação de calor residual de
processo.

Na caldeira, a transferência de calor entre os gases quentes e a água


é efectuada nas superfícies de troca térmica (geralmente um
conjunto de tubos). Após a geração do vapor, o efeito da pressão faz
o vapor fluir da caldeira para o sistema de distribuição.

6
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR
APLICAÇÃO DO VAPOR

Há diferentes aplicações de uso final para o vapor, incluindo


aplicações em processos de aquecimento, movimentação mecânica,
produção de reacções químicas, limpeza, esterilização e
fraccionamento de componentes de hidrocarboneto em misturas. Os
equipamentos mais comuns de sistema de uso final de vapor são:
trocadores de calor, turbinas, torres de fraccionamento e tanques de
reacção química.
7
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR

Processos são dimensionados


para a utilização de:

Vapor saturado,
Vapor superaquecido.

8
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR
A figura ao
lado ilustra o
diagrama e
processo de
geração de
vapor.

9
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR
VAPOR SATURADO

Amplamente utilizado na grande maioria das industrias e processos,


pois o vapor saturado tem a grande vantagem em manter
temperatura constante durante a condensação a pressão constante.

A temperatura pode variar entre 130 ºC a 350 ºC, porém a faixa de


temperatura até 170 ºC com 8 kgf/cm² (Mpa), corresponde a grande
maioria de pequenos e médios consumidores de vapor.
10
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR SATURADO

Maiores temperaturas são possíveis a custa do aumento da pressão

de saturação, o que implica num maior custo de investimento devido

a necessidade de aumento da resistência mecânica e requisitos de

fabricação e inspeção do gerador de vapor.

11
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR
VAPOR SUPERAQUECIDO

Utilizado em grandes complexos industriais e na geração de energia


eléctrica ou mecânica em ciclos termodinâmicos. Vapor
superaquecido é aquele que possui temperatura mais elevada
geralmente na faixa de 400 ºC a 560 ºC. Para obtê-lo, é necessário
aquecer o vapor saturado, mantendo inalterada a sua pressão.

12
IV – GERADOR DE VAPOR
VAPOR SUPERAQUECIDO

O vapor passa a condição de superaquecimento quando ultrapassa


temperaturas de saturação de uma determinada pressão. O vapor
superaquecido é isento de humidade e comporta-se nas tubulações
como gás. Na geração do vapor superaquecido a limitação de
temperaturas de trabalho fica por conta dos materiais de construção
empregados.

13
IV – GERADOR DE VAPOR

4.2.2 COMPONENTES DE GERADOR DE VAPOR

O gerador de vapor é constituído de:


– Fornalha;
– Caldeira;
– Superaquecedor;
– Economizador;
– Aquecedor de ar;
– Sistema de tiragem.
14
IV – GERADOR DE VAPOR
Fig. 4.1 Diagrama esquemático da caldeira

(1) Caldeira (1) Motor


(2) Cinza (2) Economisador
(3) Vapor (3) Bomba de água
(4) Gases (4) pré aquecedor de ar
(5) Água (5) chaminé
(6) Ar (6) Ar
(7) Super aquecedor
15
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
i. FORNALHA

Definição:

Região do gerador de vapor (GV) onde ocorre a queima de


combustível. E deve garantir:
 A evaporação de toda a humidade do combustível;
 a destilação das substâncias voláteis do combustível;
 a elevação a T do combustão até a combustão espontânea;
 combustão completa;
 turbulência para misturar o ar e o combustível; e
 que não haja troca de calor entre os gases quentes
produzidos e o ambiente externo.
16
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
A maioria das fornalhas trabalham com pressões abaixo da
atmosfera. Isso evita superaquecimento nos locais devido a
vazamentos, permite a abertura de portas de observação sem perigo.
Porém, quando a perda de carga aumenta, deve-se usar um
ventilador de exaustão – sujeito aos gases quentes – ou trabalhar
com ar pressurizado.

17
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
ii. CALDEIRA

Definição:
Superfície de troca de calor
entre os gases de combustão e
o fluido de trabalho a ser
vaporizado – geralmente água.
O vapor produzido é saturado.

18
IV – GERADOR DE VAPOR

4.2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS GERADORES DE VAPOR

 Por fonte de aquecimento:


 Eléctricas (Electrodo submerso);
 Combustíveis: Sólidos (Carvão, Biomassa);
Líquidos (Óleo combustível);
Gasosos (GN e GLP);
Reatores nucleares.

19
IV – GERADOR DE VAPOR
CLASSIFICAÇÃO

 Industrialmente, pode-se arbitrar uma classificação de geradores


de vapor em relação a pressão de trabalho:
o Baixa pressão: até 10 kgf/cm²
o Média pressão: de 11 a 40 kgf/cm²
o Alta pressão: maior que 40 kgf/cm²

 Quanto a natureza da aplicação:


o Fixas,
o Portáteis,
o Locomóveis (geração de força e energia),
o Marítimas. 20
IV – GERADOR DE VAPOR
CLASSIFICAÇÃO

 Quanto a posição dos gases quentes:


o Flamotubulares,
o Aquatubulares,
o Mistas.

 Quanto a posição dos tubos:


o Verticais,
o Horizontais,
o Inclinados.
21
IV – GERADOR DE VAPOR
CALDEIRA FLAMOTUBULAR

Constituem-se da grande
maioria das caldeiras, utilizada
para pequenas capacidades de
produção de vapor ( da ordem
de até 10 ton/h) e baixas
pressões (até 10 bar), chegando
algumas vezes a 15 ou 20 bar.

22
IV – GERADOR DE VAPOR
CALDEIRA AQUATUBULAR

Constituem-se de caldeiras,
utilizada para a aplicação
industrial, as capacidades variam
da ordem de 15 a 150 ton/h, com
pressões até 90 - 100 bar.

23
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
iii. SUPERAQUCEDORES

Usa-se nos casos em que se


necessita de vapor superaquecido e
num compartimento separada por
uma superfície de troca de calor
para aumentar a temperatura do
vapor acima de temperatura de
saturação.

24
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES

Vantagens: aumenta a entalpia do vapor, obtendo vapor seco para o


uso em turbinas, temperaturas mais altas

Desvantagens: aumenta a perda de carga dos gases de combustão,


aumenta os custos de manutenção.

25
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
iv. ECONOMIZADOR

Definição:
É uma tubulação onde a água de alimentação do
Gerador de Vapor é pré aquecido antes de entrar
na caldeira. Este pré aquecimento da água de
alimentação da caldeira com o uso da energia
dos gases de exaustão representa uma
considerável economia de combustível.

26
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
Tipos de Economizador
- usam gases de combustão regenerador; e
- usam vapor de extração.

Vantagens: menor gradiente de temperatura na região de


alimentação de caldeira, menor tempo de permanência da água
dentro do GV, aumento de rendimento do GV.

Desvantagens: aumenta a perda de carga da água de alimentação,


complica a manutenção.
27
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
v. PRÉ AQUECEDORES DE AR DE COMBUSTÃO

Utiliza parte de energia dos gases de exaustão para pré-aquecer o ar


que irá participar da combustão.

Vantagens: melhora o rendimento térmico


do GV, auxilia uma boa combustão.

Desvantagens: ocupa espaço, preço de


instalação e manutenção.
28
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
vi. SISTEMA DE TIRAGEM

A fim de manter a sucção de ar para a combustão e retirar os gases


queimados do GV, é sempre necessário um sistema de exaustão ou
de tiragem. Para isso, usa-se:
Chaminé – utiliza a diferença de densidade entre
o ar atmosférico e os gases de combustão. A
utilização de chaminé implica chaminés
bastantes altas (20 a 60 metros a fim de se ter a
diferença de pressão suficiente. 29
IV – GERADOR DE VAPOR
COMPONENTES
Exaustor de gases de combustão – succiona os
gases do GV e os expele. Usado em combinação
com uma chaminé reduz bastante a altura
necessária desta;

Ventilador de insuflamento de ar – dá ao ar de
combustão uma pressão necessária para vencer
as resistências ao escoamento dentro do GV.

30
IV – GERADOR DE VAPOR

4.2.3. TRATAMENTO DA ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO

Existem quatro finalidade principais para se fazer tratamento de


água de alimentação de uma caldeira:
- Prevenção contra depósitos nas paredes dos tubos, que podem
causar superaquecimento localizado na estrutura da caldeira;
- Evitar corrosão na caldeira, pela presença de O2;
- Evitar endurecimento cáustico;
- Redução da percentagem de sólidos de arraste, pela formação de
espuma e nata.

31
IV – GERADOR DE VAPOR
4.2.4 PERDA DE CALOR

As perdas de energia que ocorrem num gerador de vapor acarrectam


um conssumo de combustível maior que o esperado pela simples
análise do Poder Calorífico do Combustível (PCI). As principais
perdas são:
a) Perdas por combustível não queimado nas cinzas – apenas para
combustíveis sólidos;
b) Perdas devido à combustão interna;
c) Perdas por calor sensível nos gases de exaustão;
d) Perdas de energia para o ambiente por radiação e convecção;
e) Perdas por mudanças de regime de operação, partida e parada.
32
IV – GERADOR DE VAPOR
4.3 BALANÇO TÉRMICO

O calor absorvido pelo vapor provém do calor libertado pela


combustão do combustível. Por uma variedade de razões, o
combustível não queima completamente, e também o calor libertado
não chega a ser totalmente utilizado. A perda de calor é inevitável.
Um equilíbrio térmico mostra o quanto de calor é efectivamente
utilizado e quanto é desperdiçado.

O propósito de balanço de calor é identificar as fontes de perda de


calor e de encontrar meios para reduzi-los e, assim, melhorar a
eficiência da caldeira.
33
IV – CALDEIRA
BALANÇO DE ENERGIA
O balanço térmico estabelece a igualdade entre o calor disponível
Qdisp e as perdas, e é composto para 1 kg ou 1m³ de combustíveis
sólidos e líquidos ou gasosos.
𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝑄𝑖 + 𝑄𝑓𝑖𝑠,𝑎𝑟 + 𝑄𝑓𝑖𝑠,𝑐𝑜𝑚𝑏 𝑘𝐽/kg

Onde:

Qi – é o poder calorífico do combustível;

Qfis,ar – calores físico do ar;

Qfis,comb – calor físicos do combustível. 34


IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
4.3.1 MÉTODO DO BALANÇO DIRECTO

O cálculo do rendimento da caldeira baseado na medida directa da


energia útil, é chamado cálculo do rendimento pelo Método do
Balanço Directo. Este método é somente empregue em instalações de
caldeira em operação, não sendo aplicável ao projecto de novas
instalações uma vez que a equação contem duas variáveis
interrelacionadas ηb e B. Além disto como as medições de vazões de
vapor, ar e combustível são sujeitas a erros significativos, ele não
permite o cálculo do rendimento térmico com precisão suficiente nas
grandes caldeiras. 35
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Método do Balanço Directo
Ele só é recomendável no cálculo do balanço térmico de pequenas
caldeiras, e particularmente nas que são operadas
intermitentemente.
calor consumido
𝜂𝑏 = × 100
calor admitido
Ou de outra forma:
𝐺ሶ ℎ𝑔 − ℎ𝑓
𝜂𝑏 =
ሶ 𝑑𝑖𝑠𝑝
𝐵𝑄
Onde: Ġ - é a quantidade de vapor gerado em kg/h
hg - é a entalpia do vapor saturado em kJ/kg
hf - é a entalpia da água saturada em kJ/kg
Ḃ - é o consumo de combustível em kg/h
Qdisp - é o calor disponível.
36
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
4.3.2 MÉTODO DO BALANÇO INDIRECTO

O Método do Balanço Inverso, consiste em determinar o rendimento


bruto da caldeira pela soma das perdas de energia; produz um
resultado mais preciso que o balanço directo, uma vez que a soma
das perdas de energia constituem aproximadamente 10% do Calor
Disponível Qdisp e todos estes itens podem ser medidos de maneira
fiável. Este é o único método disponível para estimar o rendimento
térmico da caldeira nova, durante o estágio do projecto. As perdas q3,
q4, q5 e q6 são estimadas, calcula-se então a perda q2 e determina-se
o rendimento por:
𝑄1
𝜂𝑏 = 100 = 100 − 𝑞2 + 𝑞3 + 𝑞4 + 𝑞5 + 𝑞6
𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝
Conhecido o rendimento pode-se determinar o consumo de
37
combustível.
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO

4.3.3 - PERDAS DE CALOR

A energia térmica libertada pela reacção de combustão na fornalha é


aproveitada para a vaporização da água na caldeira, porém, não na
sua totalidade. Uma parte da energia produzida é perdida pelas
paredes para o ambiente, outra é transportada com os gases de
escape e nem todo o combustível que teoricamente devia entrar em
combustão queima, dai haver também perdas resultantes da
combustão química e mecânica incompletas, razão pela qual não é
possível encontrar uma instalação com o rendimento de 100%,
38
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas de Calor
Ou seja, as perdas podem ter duas origens:
• Perdas ocasionais: decorrentes da má operação ou deficiência do
projecto ou e do equipamento. Estas perdas devem ser
sistematicamente atenuadas ou eliminadas;
• Perdas normais: constantes de cada gerador, pré fixadas pelo
projecto, fazendo parte da operação do equipamento.

Na maioria dos casos, as perdas ocasionais procedem da fornalha,


seja por má combustão ou por queda de combustível no cinzeiro e
outras. 39
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas de Calor
Uma parte do calor disponível é utilizado para gerar vapor (Q1) e o
restante transforma-se em perdas

𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + 𝑄4 + 𝑄5 + 𝑄6

O somatório do calor utilizado e das perdas resulta em 100%, daí:


100 = 𝑞1 + 𝑞2 + 𝑞3 + 𝑞4 + 𝑞5 + 𝑞6
Onde:
q1 - é o calor utilizado para a vaporização da água
q2 - São as perdas com gases efluentes (de escape)
q3 - São as perdas por combustão incompleta química
q4 - São as perdas por combustão incompleta mecânica
q5 - São as perdas para o meio ambiente
q6 - São as perdas de calor por escória. 40
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
Onde:
q1 - é o calor utilizado
para a vaporização da
água
q2 - São as perdas
com gases efluentes
(de escape)
q3 - São as perdas por
combustão incompleta
química
q4 - São as perdas por
combustão incompleta
mecânica
q5 - São as perdas
para o meio ambiente
q6 - São as perdas de
calor por escória.
41
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
Exemplicação das
perdas de calor

42
IV Tabela 4.1

Características
G das fornalhas
de queima em
E camada
R
D
A
E
D
O
V
R
A
P
O
R
43
I Tabela 4.2
V Temperaturas
recomendadas
do pré-
G aquecimento do
E ar

R D
A E
D
O V
R A
P
O
R
44
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO

4.3.4 Coeficiente de Excesso de Ar

Para determinar os volumes reais dos produtos de combustão nos


elementos do gerador de vapor, é necessário conhecer o valor do
excesso de ar nos gasodutos.

Os coeficientes de excesso de ar na entrada da fornalha escolhe-se


das Tabelas 4.3, 4.4 e 4.5 ou com base na prática, como função do
tipo de combustível e construção dos queimadores.
45
Tabela 4.3.
Características das Fornalhas com extracção de cinzas sólidas

46
Tabela 4.4
Características das Fornalhas com extracção de cinzas líquidas

47
Tabela 4.5
Características das Fornalhas para a queima de gazes e mazute

48
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Coeficiente de Excesso de Ar

O excesso de ar ao longo da passagem dos gases de combustão pelas


condutas do gerador de vapor, aumenta por causa das infiltrações do
ar ambiente pelas fendas do revestimento, por diferentes janelas e
portinholas existentes na construção. O valor da infiltração do ar nos
elementos do gerador de vapor avalia-se de dados extraídos da Tabela
4.6.
O valor do coeficiente de excesso de ar na saída de determinada
secção do gerador de vapor, determina-se somando ao coeficiente de
excesso de ar na fornalha os valores da infiltração do ar nas
condutas entre a fornalha e a secção considerada.
49
Tabela 4.6
Excesso de ar
em fornalhas
e gasedutos

50
Tabela 4.6 cont…
Excesso de ar em fornalhas e gasedutos

51
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
4.3.5 Calor consumido no processo (Q1)

O calor consumido no processo depende da quantidade de vapor e da


temperatura (entalpias) do vapor a entrada e a saída do referido
processo. Ele determina-se pela expressão:

𝐺ሶ ℎ𝑔 − ℎ𝑓
𝑄1 =
𝐵ሶ

Onde: Ġ - é a quantidade de vapor gerado em kg/h


hg - é a entalpia do vapor saturado em kJ/kg
hf - é a entalpia da água saturada em kJ/kg 52
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO

4.3.6 Temperaturas recomendadas do gás de escape

A eficácia do funcionamento do gerador de vapor depende


essencialmente da temperatura dos gases de escape e da
temperatura do ar introduzido na fornalha.

A temperatura dos gases de escape depende do combustível


queimado e da quantidade de vapor que o gerador produz e ela
encontra-se recomendada na Tabela 4.7 que a seguir se apresenta:
53
Tabela 4.7
Temperaturas recomendadas para gás de escape

54
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO

4.3.6 Perdas com Gases Efluentes (Q2)

A perda de energia dos gases efluentes é o item mais importante do


balanço térmico atingindo 4 - 7% nas caldeiras de grande
capacidade, e 10 - 20% nas caldeiras de pequena capacidade. Esta
perda de energia ocorre devido ao facto dos produtos da combustão
deixarem a caldeira a alta temperatura (115 - 150ºC) nas caldeiras de
grande capacidade ou mais nas de pequena capacidade.

O cálculo é baseado nas leis de Hess e Kirchhoff para as reacções


químicas.
55
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas com Gases Efluentes

𝑄2 = 𝑉g 𝑐𝑝g 𝑇𝑤g − 𝑇𝑎𝑚𝑏 𝑘𝐽/kg

Onde:
Vg - volume dos produtos da combustão (m³/kg),
cpg - calor específico médio destes produtos,
Twg - temperatura de saída da caldeira dos produtos (ºC), e
Tamb - temperatura externa (ºC)
(a temperatura a que se avaliou o poder calorífico).

56
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas com Gases Efluentes

Fazendo o balanço térmico em referência a 0ºC, leva-se em


consideração a variação da entalpia dos produtos de combustão em
relação ao ar introduzido na caldeira (tanto o controlado como o
infiltrado)
100 − 𝑞4
𝑄2 = 𝐻𝑤𝑔 − 𝛼𝑤𝑔 𝐻𝑎𝑚𝑏 𝑘𝐽/kg
100
Logo
𝑄2
𝑞2 = 100 %
𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝
Onde:
Hwg - é a entalpia dos gases efluentes (kJ/kg),
(100-q4) - é a taxa de conversão de combustível (%), e
Hamb - é a temperatura do ar de combustão a temperatura atmosférica (kJ/kg).
Assim a perda de energia Q2 é função da temperatura Twg e do excesso de ar na saída da
caldeira αwg = α+∆α (sendo α o excesso de ar na fornalha e ∆α o factor de infiltração através
dos diversos elementos da fornalha. 57
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
4.3.7 Perdas Devido a Combustão Incompleta (Q3)

Os produtos da combustão podem conter certos elementos gasosos


combustíveis tais como o CO, H2 ou CH4. A queima destes
componentes após a saída da fornalha é praticamente impossível,
uma vez que a temperatura dos gases e a concentração destes
elementos combustíveis é muito baixa. A energia que pode ser
produzida pela pós-queima destes componentes constitui a perda de
energia pela combustão incompleta, Q3, calculada pela seguinte
expressão:
𝑄3 = 126,4𝐶𝑂 + 108𝐻2 + 358,2𝐶𝐻4 𝑉𝑑g 1 − 0,01 𝑘𝐽/kg
Onde:
CO, H2 e CH4 - são as concentrações volumétricas dos produtos
da combustão incompleta nos gases secos (%),
Vdg - é o volume dos gases secos em (m³/kg). 58
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
4.3.8 Perdas devido ao Combustível não queimado (Q4)

A perda de energia com o combustível não queimado, Q4 é


determinada pela presença de matéria combustível não queimada
nas escórias ou cinzas retiradas das fornalhas e as cinzas volantes
arrastadas pelos gases. Na queima de combustíveis sólidos esta
queima é essencialmente devido a partículas de coque retiradas da
zona de combustão com escória cinzas ou cinzas volantes. Na queima
de combustíveis líquidos ou gasosos, essa perda de energia
apresenta-se na forma de partículas sólidas ou de partículas de
fuligem, que podem ser formadas nas zonas de combustão de alta
temperatura, com deficiência de oxigénio (α < 0,6).
59
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas devido ao Combustível
não Queimado

𝐶𝑒𝑠𝑐+𝑐𝑖𝑛𝑧 𝐶𝑣𝑜𝑙
𝑄4 = 3,21𝐴 𝑎𝑒𝑠𝑐+𝑐𝑖𝑛𝑧 + 𝑎𝑣𝑜𝑙 𝑘𝐽/kg
100𝐶𝑒𝑠𝑐+𝑐𝑖𝑛𝑧 100𝐶𝑣𝑜𝑙

Onde:
aesc+cin e avol - são respectivamente as fracções de cinza do
combustível presente nas escórias+cinzas e cinzas volantes (%) e
Cesc+cin e Cvol - são o teor de matéria combustível presente na escória +
cinzas e nas cinzas volantes em (%),
A - o teor de cinzas no combustível (%).
60
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO
4.3.9 Perdas de energia pelo costado (Q5)

Uma vez que a temperatura do costado da caldeira e de outros


elementos (tambor, aquecedor, dutos de vapor) é superior a
temperatura do ar ambiente, existe uma dissipação térmica para o
meio ambiente, que consiste na perda de energia, Q5:
𝑆𝑏𝑤
𝑄5 = ℎ𝑐 + ℎ𝑟 𝑇𝑏𝑤 + 𝑇𝑒𝑠𝑐 𝑘𝐽/kg
𝐵𝑟
Onde:
Sbw - é a área da superfície do costado e demais elementos da
caldeira (m²),
hc e hr - são os coeficientes de transmissão de calor por convecção e
radiação (kW/m²K), e
Tbw e Texc - são respectivamente as temperaturas médias do costado
e meio ambiente da sala de caldeiras ºC. 61
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas de energia pelo costado

Gráfico 4.1
q5 para G até 20 ton/h

62
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas de energia pelo costado

Gráfico 4.2
q5 para
20 ton/h < G ≤ 100 ton/h
63
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas de energia pelo costado

Gráfico 4.3
q5 para
100 ton/h< G ≤600 ton/h
64
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO

4.3.10 Perdas devido a entalpia da escória etc… (Q6)

A perda térmica Q6 inclui a perda devido a entalpia da escória e ao


resfriamento de painéis, dutos vigas e chaminé que não pertencem
ao sistema de circulação da caldeira. As escórias líquidas retiradas
do fundo da fornalha encontram-se a uma alta temperatura, no
mínimo 100 ºC superiores a temperatura do início de fusão das
cinzas. Assim uma quantidade de calor é transferida, de modo
irreversível, para a água de resfriamento no banho da escória.
65
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas devido a entalpia da escória etc…
(Q 6 )
Esta constitui a perda de energia devido ao calor sensível da escória
Q6, que para caldeiras de fornalha fechada, com qualquer tipo de
remoção de escória, é calculada por:

100 − 𝑎𝑣𝑜𝑙 𝐴 𝐻𝑒𝑠𝑐


𝑄6 = 𝑘𝐽/kg
100 𝑄𝑑𝑖𝑠𝑝
Onde :
(100-avol) - é a fracção total das cinzas que são removidas com
as escórias da fornalha,
Hesc - é a entalpia da escória (kJ/kg) e
A – é o teor de cinzas no combustível
66
IV – GERADOR DE VAPOR
BALANÇO TÉRMICO - Perdas devido a entalpia da escória etc…
(Q 6 )

A perda de calor q6 depende principalmente do método de remoção


de escórias da fornalha. Para caldeiras de câmara fechada e fundo
seco, q6 é levado em consideração somente com combustíveis de
alto teor de cinzas:
𝐴𝑟 ≥ 2,5. 10−3 𝑄𝑖
Pois com combustíveis de baixo teor de cinzas q6 é insignificante.
A perda de energia devido ao resfriamento de painéis e vigas que
não pertencem ao sistema de circulação da caldeira (dutos,
chaminés), raramente é levada em consideração. Por exemplo, para
caldeiras de capacidade 320-100 ton/h, é cerca de 0,1 – 0,35%.
67
IV – GERADOR DE VAPOR
MARCHA DE CÁLCULO

1. Escolhe-se o tipo de fornalha.


2. Escolhe-se o tipo de combustível.
3. Escolhe-se o coeficiente de excesso de ar Tabelas 4.1, 4.3, 4.4,
4.5 e 4.6.
4. Calcula-se o volume dos gases de combustão.
5. Faz-se o balanço de entalpias para determinar a temperatura dos
gases de combustão.
6. Escolhe-se a temperatura dos gases de escape (Tabela 4.7).
7. Calcula-se o calor disponível.
8. Calcula-se Q1, calor utilizado para a vaporização do vapor. 68
IV – GERADOR DE VAPOR
MARCHA DE CÁLCULO – Cont…

9. Calcula-se as perdas com os gases de escape Q2.


10. Calcula-se o calor perdido Q3 e Q4 pelas Tabelas 4.3, 4.4, e 4.5.
11. Calcula-se o calor perdido Q5 (Gráfico 1).
12. Testa-se a condição 𝐴𝑟 ≥ 2,5. 10−3 𝑄𝑖 , se verificar-se, calcula-se
Q6.
13. Calcula-se ηb o rendimento térmico (método de balanço inverso).
14. Calcula-se Ḃ o consumo de combustível.

69
IV – GERADOR DE VAPOR

Contínua….

70

Você também pode gostar