Você está na página 1de 3

Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Avaliação a Distância – AP1


Período - 2013/1º
Disciplina: Introdução ao Agronegócio
Coordenador: Luiz Carlos de Oliveira Lima

Data para entrega:

Aluno (a): ...........................................................................................................................


Pólo: ...................................................................................................................................
 Só serão aceitas resposta feitas a caneta esferográfica azul ou preta;
 Não será feita revisão da questão quando respondida a lápis.

Boa sorte!
1. Explique o processo de modernização da agropecuária brasileira como um
processo integrado ao processo de industrialização por meio da substituição de
importações e da intensificação das relações intersetoriais (3 pontos).

Resposta:

O processo de industrialização avançou no Brasil em meados da década de 1940, com


a expansão de fábricas do segmento têxtil, seguido da produção de gêneros alimentícios e
de vestuário. Interessante notar que tais indústrias têm na agropecuária a principal fonte de
matéria-prima. A indústria têxtil, por exemplo, demanda o algodão do setor agropecuário,
bem como a indústria alimentícia demanda diversos produtos agrícolas tais como leite,
legumes, carnes e verduras para o processamento de derivados (queijos, iogurte, pastas),
massas, enlatados, congelados, entre outros produtos.
Um fator que explica o estímulo dado à industrialização a partir da segunda grande guerra é
o processo de SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES, que motivou a produção interna
de bens de consumo e bens intermediários (energia, aço, cimento e outros).
A agropecuária também acompanhou esse processo de industrialização
modernizando-se, o que implicou profundas modificações tecnológicas e sociais na
estrutura agrária brasileira desde a década de 1960.
A industrialização da agropecuária gerou ganhos de produtividade a partir da
introdução de todo tipo de maquinário, de implementos e insumos modernos no campo.
Surgiram as indústrias de processamento de produtos agropecuários, de arados, de
máquinas de semear, que além de propiciarem a descaracterização do setor agrícola, como
polo hegemônico da economia, instigou a adaptação dos processos produtivos da indústria
aos processos produtivos da agropecuária. Acentuou-se, portanto, a conexão entre a
agricultura e a indústria.
A expansão da agropecuária e sua modernização criaram mercado para produtos
industriais (aumento da demanda do setor agropecuário por equipamentos e insumos), os
quais foram crescentemente produzidos no Brasil.
Inicialmente, a transformação dos meios de produção agrícolas estava condicionada à
capacidade de importar insumos e equipamentos agrícolas, tendo em vista que a
industrialização da agropecuária começou nos segmentos de processamento e de
comercialização da produção.
Com a institucionalização do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND),
a partir de 1967, ocorreu o redirecionamento do investimento, o que permitiu o
estreitamento das relações entre a agricultura e a indústria. Esse plano contemplava o
programa de substituição de importações para insumos modernos, de investimentos na
infraestrutura rural, de reorganização dos serviços de extensão e pesquisa e principalmente
de crédito subsidiado para promover a industrialização da agricultura, isto é, promover a
implantação e o crescimento da indústria fornecedora de insumos para o setor agrícola.
Romperam-se, portanto, os limites da forma tradicional de produzir no campo e impôs-se a
dinâmica da economia industrial, com a agricultura comprando insumos da indústria e
vendendo matérias-primas para as agroindústrias, aprofundando as RELAÇÕES
INTERSETORIAIS do chamado complexo agroindustrial brasileiro.

2. Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU, a alta nos preços dos alimentos já se
configura em uma crise global e ameaça o crescimento e a segurança mundiais. Apresente uma
argumentação lógica e empírica para fundamentar essa preocupação da ONU (3 pontos).

Resposta:

Somente em 2008, os preços do arroz praticamente triplicaram na Ásia, enquanto a


insatisfação com os altos custos dos alimentos e dos combustíveis desencadeou violentos
protestos em várias partes do mundo. As causas são crescimento da demanda mundial por
alimentos sem crescimento similar da oferta e menores estoques de produtos agrícolas dos
últimos 30 anos. A desvalorização da moeda americana ainda provocou a migração dos
investimentos para a compra de commodities agrícolas. Do ponto de vista conjuntural,
especuladores financeiros passaram a investir em commodities agrícolas por causa das
incertezas relacionadas a outros ativos. Houve aumento na demanda por parte de países em
desenvolvimento, aumento do preço do petróleo, expansão do cultivo para biocombustíveis
e enchentes e secas em países produtores. Estas estão entre as razões apontadas para o
aumento dos preços. A crise mundial de alimentos também é fruto de ataque especulativo.
De acordo com estimativas da ONU, cerca de 100 milhões de pessoas entre as mais pobres,
que antes não precisavam de ajuda humanitária, agora não têm condições de arcar sozinhas
com os preços de alimentos. Os governos e comerciantes de grãos faziam grandes estoques
em tempos normais, caso uma colheita ruim criasse uma escassez repentina. Ao longo dos
anos, no entanto, esses estoques acabaram encolhendo, principalmente porque todos
passaram a acreditar que os países com falta de produtos agrícolas pudessem sempre
importar a comida que precisassem. A situação de elevação dos preços dos alimentos
deixou o equilíbrio alimentício mundial vulnerável.
Outros fatores causam a elevação das cotações dos alimentos. Devido à alta do diesel
e dos fertilizantes, os custos de produção também aumentam, exigindo medidas necessárias
para resolver a questão dos crescentes custos dos alimentos e o seu impacto nos países mais
pobres. É necessário mais ajuda em alimentos para combater a fome mundial, sementes e
fertilizantes adicionais para os agricultores mais pobres. Além disso, menos barreiras e
tarifas de exportação restringem o fluxo comercial e mais pesquisas para aprimorar o
rendimento das colheitas.
Os preços do trigo, do milho da soja e do arroz dispararam para patamares recordes em
meio a safras ruins em várias partes do planeta e à demanda crescente de economias
emergentes por produtos alimentícios. Em todo o mundo, houve cancelamento de
exportações e aumento das filas para obter alimentos gratuitamente e distúrbios violentos
provocados pela falta de comida. Os países pobres mostram-se especialmente suscetíveis à
elevação do preço dos alimentos, porque grande parte do orçamento familiar nessas
economias costuma estar comprometida. Mas a crise traz oportunidades ao setor de
agronegócios da América Latina. Com a alta dos preços, as pressões para a redução dos
subsídios concedidos pelos países ricos aos seus produtores locais ganharam força. Além
disso, investimentos para o aumento do valor agregado dos produtos agrícolas serão mais
importantes. Mas os países da região terão de aumentar sua produtividade e melhorar sua
infraestrutura.

3. Classificar a agricultura em dois grupos de acordo com o desenvolvimento tecnológico e


organizacional (4,0).

A economia rural, no caso brasileiro, tem apresentado desenvolvimento desigual, com


diferentes níveis tecnológicos e de inserção no mercado nacional e global. Por essa razão,
podemos classificar a agricultura em dois grupos de desenvolvimento, como a seguir:
a) Agricultura comercial, “moderna” e de “mercado”. Explique.
Polo dinâmico que incorpora tecnologias avançadas, ganhos sistemáticos de produtividade
e articula a produção agroindustrial com o desenvolvimento urbano. O problema crucial
está no estreitamento da margem de rentabilidade, medida pela relação preço-custo. Este
fenômeno condiciona o nível de renda e a vida das famílias rurais e afeta a taxa de
formação de capital do setor.
b) Agricultura de baixa renda ou “tradicional”. Explique.
Núcleo estagnado que utiliza tecnologia tradicional e produz a base de unidades familiares
independentes ou, às vezes, articuladas com propriedade latifundiária. A produção
centraliza-se na terra e no trabalho. A produção é dirigida para a própria suficiência e sua
articulação com o CAI é incipiente. Ainda ressente o agricultor tradicional, de informação,
conhecimento de mercado e de produtos e processos de produção. Isso faz com que a
tomada de decisão leve em consideração muito mais aspectos de dentro da porteira, ligados
à própria suficiência, do que de mercado e renda. O investimento na educação do homem
do campo é questão chave na agricultura. O desempenho do setor agropecuário depende de
investimentos em pesquisas e desenvolvimento, bem como em infraestrutura das médias
aglomerações urbanas.

Você também pode gostar