Você está na página 1de 71

U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

TÓPICOS ESPECIAIS EM
GERONTOLOGIA

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03

UNIDADE 2 – GERIATRIA X GERONTOLOGIA.................................................... 08


2.1 Abstraindo os conceitos .................................................................................... 08
2.2 Gerontologia biomédica..................................................................................... 09
2.3 Geriatria............................................................................................................. 10
2.4 Geriatria preventiva ........................................................................................... 11
2.4.1 Geriatria preventiva primária .......................................................................... 11
2.4.2 Geriatria preventiva secundária ...................................................................... 13
2.4.3 Geriatria preventiva terciária .......................................................................... 14

UNIDADE 3 – GERONTOLOGIA SOCIAL ............................................................. 15


3.1 Conceitos e abrangência ................................................................................... 16
3.2 Teorias sociológicas do envelhecimento ........................................................... 18

UNIDADE 4 – BIOÉTICA E ENVELHECIMENTO .................................................. 24

UNIDADE 5 – IDOSO, FAMÍLIA E SOCIEDADE ................................................... 34


5.1 A chegada da aposentadoria............................................................................. 36
5.2 Ambiente familiar ............................................................................................... 37
5.3 Relações sociais ............................................................................................... 39
5.4 Violência ............................................................................................................ 41

UNIDADE 6 – RELACIONAMENTO CUIDADOR-IDOSO ...................................... 48


6.1 O cuidador e o cuidado ..................................................................................... 48
6.2 O ato de cuidar .................................................................................................. 50
6.3 A qualidade de vida dos cuidadores .................................................................. 53
6.4 As necessidades dos cuidadores ...................................................................... 56
6.5 Os desafios para enfermagem gerontológica na saúde pública ........................ 58

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 61

ANEXOS ................................................................................................................. 68

Site: www.ucamprominas.com.br
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas
3

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

A Sabedoria da Velhice:

“Aquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá


observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de
serem as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até ao fim,
ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e
interdependências, e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada
daquilo que é transitório e já passou se perde.”

Hermann Hesse em Elogio da Velhice

Ao prefaciar o livro “Geriatria e Gerontologia Básicas” de Jacob Filho e


Kikuchi, o prof. Dr. José Otávio Costa Auler Junior apresenta de maneira sucinta,
mas bem clara a questão do envelhecimento populacional, como uma dos maiores
desafios da saúde pública contemporânea. Fato irreversível no âmbito mundial, essa
transição demográfica indica uma situação em que se passa de altos níveis de
mortalidade e fecundidade, para uma nova situação, marcada pela redução desses
níveis, ao mesmo tempo em que as taxas de expectativa de vida aumentam
gradativamente. E no Brasil esse fato já é indicado nas estatísticas. As estimativas
dão conta de que o país terá em 2025, 34 milhões de idosos. Nossa expectativa de
vida que era de 66,3 anos para homens e 73,9 para mulheres em 1999, 10 anos
depois em 2009, já atingia expectativa de 73,17 anos em média, ou 69,4 para
homens e 77 anos para mulheres.

Na Região Sul, onde estão os maiores índices de expectativa de vida, a


média já é de 75,2 anos, sendo 71,9 anos para os homens e 78,7 anos para as
mulheres. Além disso, a Organização Mundial de Saúde estima que em 2025, o
Brasil já deverá ser o sexto país do mundo em número de idosos1.

1
Atentem-se que por uma questão de autores referenciados, os números mudam nos diversos
módulos, mas a essência é a mesma.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
4

O novo quadro já traz reflexos em todas as áreas e, em particular, na saúde.


Essa crescente massa de população idosa indica o imprescindível desenvolvimento
de técnicas de atendimento diferenciadas, aliadas à organização correta da rede de
atendimento, permitindo a utilização mais intensiva dos serviços e equipamentos de
saúde. Na vertente epidemiológica, coloca as doenças crônico-degenerativas entre
as principais posições de ocorrência e também de causas de mortalidade.

O nosso país ainda está longe de considerar o idoso uma prioridade e as


políticas públicas são tímidas. Associado a isso temos o fato de que o país ainda
apresenta diversos fatores de subdesenvolvimento. E a abordagem da saúde não
pode ser apenas a da prevenção às enfermidades e do tratamento adequado das
doenças. Há que se pensar em políticas para transformar nossos ambientes em
locais amigáveis ao idoso e ao mesmo tempo em que procuramos adaptá-los a uma
sociedade em constante modificação.

Essa adequada inserção é que poderá determinar o sucesso de nossa


sociedade. Uma pessoa que chegue ao envelhecimento sem alterações funcionais
nem doenças graves e permaneça inserido na sociedade representa um ganho
muito importante para o desenvolvimento desta. Através de sua experiência
acumulada, temos um olhar diferenciado sobre os problemas e temas em discussão.
Ademais, a convivência com os outros grupos etários é produtiva para todos.

Vale frisar ainda que pesquisas do IBGE indicam que, em 2008, a


contribuição da renda dos idosos representava mais da metade do total da renda
domiciliar em 53% dos domicílios com idosos, mostrando outra face da importância
desse segmento populacional.

Esse universo e sua realidade nos leva a repensar rapidamente na


adaptação que precisamos fazer: implantar políticas que criem condições para
afastarmos o preconceito e a marginalização, oferecendo adequada qualidade de
vida aos idosos e formatando um campo que será vivido por nós mesmos daqui
alguns anos.

Mas voltemos nossos olhares para esta apostila!

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
5

Nada como uma boa pitada de história para introduzirmos os temas desse
módulo, afinal ela, a história, é um dos caminhos que nos leva a entendermos como
uma disciplina nasceu ou porque se desenvolveu ou não.

Loguercio e Del Pino (2007) bem nos lembram que a ciência em sua
produção se constitui em diversas rupturas e descontinuidades e a história tem
também essa missão de alicerçar a memória de um mundo que não foi nosso, não
foi contínuo. Enfim, os excertos históricos ajudam a entender e contextualizar o
caminho traçado por uma ciência ou disciplina.

Pois bem, nosso ponto de partida está no século XI da era cristã, quando
Galeno, médico célebre da época, escreveu um tratado denominado Gerokomia
(higiene dos velhos) referente aos meios de se obter um bom envelhecimento.
Desde então, a ciência de preparação para a velhice tem essa denominação.
Galeno, partindo da ideia de Aristóteles de que a “velhice é o esfriamento da vida”,
aconselhava beber vinho, tomar banhos quentes e realizar atividades físicas e
mentais.

Mais tarde, a famosa Escola de Salermo resumiu, numa “décima”, a arte de


envelhecer:

 vida honesta e estruturada;

 tomar poucos remédios;

 empregar todos os meios para não se estressar por nada;

 a comida moderada;

 não ter apreensões;

 passar no campo por algum tempo;

 fazer pouco barulho;

 ter muito cuidado; e,

 manter-se sempre ocupado.

Se refletirmos nessa máxima, escrita há mil anos, constataremos que ela é


válida até os dias de hoje.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
6

Até a época medieval, a Medicina, ainda caminhava com muitas incertezas e


inquietações, por isso, sem alongarmos nessas eras e fazendo um longo recorte no
tempo, foi no fim do século XIX e início do século XX, num mundo em ebulição
científica, tanto no Ocidente como no Oriente, especialmente no período de 1904 a
1909, que começaram a surgir termos que teriam importância, não só na Medicina,
como também em outros campos: na Sociologia, na Antropologia, na Demografia, na
Economia, etc.

O primeiro termo, no campo do envelhecimento, apareceu em 1908 por meio


do Dr. Élie Metchnikoff, médico russo, emigrado da Rússia para a França e, nesse
ano, Prêmio Nobel da Medicina que estava muito interessado nos fenômenos do
envelhecimento. Idealizou uma teoria para explicar este processo, velho como o
mundo. Segundo ele “o envelhecimento é a consequência da intoxicação crônica do
organismo devido a micróbios que produzem putrefação crônica e progressiva do
intestino”.

Não só criou a teoria, mas, também, preocupou-se com o seu tratamento.


Ele havia observado que os búlgaros, especialmente os agricultores, viviam mais
anos que o resto da população e ao estudar possíveis causas desse fenômeno,
atribuiu-o ao consumo diário do iogurte. Como se sabe, o iogurte é um leite
coalhado, azedo, preparado com fermentos ou com o cultivo de bacilos láticos, que
são capazes de produzir ácido lático, à base de carboidratos. A história relata que
ele mesmo viveu alimentando-se de pães ázimos e de iogurtes. Morreu em 1916,
com 71 anos.

Em 1903, o Dr. Metchnikoff, criou o termo gerontologia, originado de duas


raízes gregas geron (= velho) e log(o) + ia (= estudo); portanto, “estudo da velhice”.
Hoje é considerada como a ciência que estuda o processo de envelhecimento dos
seres vivos: vegetais, animais e o homem.

Seis anos mais tarde, em 1909, Ignaz Leo Nascher, médico austríaco
emigrado para os Estados Unidos, criou o termo geriatria, composto também de
duas raízes gregas: ger(o)n (= velho) + iatrikos (= tratamento); logo, “tratamento do
velho”.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
7

Os fatos narrados acima indicam a que veio este módulo: conhecer alguns
aspectos do campo da Gerontologia para que as práticas voltadas à atenção ao
idoso sejam positivas e efetivas.

Veremos em maiores detalhes as diferenças entre gerontologia e geriatria;


apresentaremos algumas teorias propostas para o envelhecimento, assim como será
descrita a gerontologia social. Bioética, as relações do idoso com a família e
sociedade e certa ênfase no relacionamento entre idoso e cuidador e a atenção que
este último requer são outros dos temas aqui discutidos.

Fazemos uma ressalva quanto à contemporaneidade dos conteúdos


apresentados ao longo do curso, pois como na maioria das ciências e com mais
afinco na área de saúde, os conhecimentos estão em permanente mudança,
portanto, novas pesquisas a cada tempo ampliam, alargam nossos horizontes e
fazem surgir alterações em tratamentos e terapias, portanto fica o alerta para que o
cuidado e a responsabilidade prevaleçam quando os futuros especialistas em gestão
de práticas da atenção ao idoso depararem com o uso de fármacos e/ou outras
terapias, checando as informações mais atuais dos produtos, para verificar a dose
recomendada, o método e a duração da administração e as contraindicações.

Ressaltamos também que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
8

UNIDADE 2 – GERONTOLOGIA X GERIATRIA


2.1 Abstraindo conceitos

Vimos que foi no início do século XX o momento de criação dos termos


geriatria e gerontologia, consequência inevitável do interesse crescente dos
médicos, por essas matérias, durante o século XIX. Mas a Gerontologia como um
campo de estudos específicos, tem uma história bastante curta. Os estudos
realizados nas décadas de 1930 e 1940 sobre Biologia, Psicologia e Sociologia do
envelhecimento, tiveram grande impulso após a Segunda Guerra Mundial,
especialmente na década de 1950. Além disso, pesquisas e teorias começaram a
abrir caminho para investigações mais sistemáticas sobre o processo do
envelhecimento em geral. E do conjunto desses estudos, na área biológica,
psicológica e social, surge a gerontologia, que, para muitos, não é uma ciência
propriamente dita, mas um conjunto de disciplinas científicas que intervém num
mesmo campo – o campo da velhice.

Em 1950 foi fundada a Associação Internacional de Gerontologia com o


objetivo de: “promover a pesquisa gerontológica, em Biologia, Medicina e Ciências
Sociais, assim como a colaboração entre essas ciências”.

Quanto à definição de Gerontologia, encontramos, na bibliografia


especializada, algumas definições mais completas que aquela oriunda da
construção da palavra apresentada por Metchnikoff, significando “estudo da velhice”.
Essa bibliográfica defende a gerontologia como nova “disciplina científica” destinada
a esse estudo e que pode ser dividida em três grandes ramificações:

 Gerontologia Biomédica;

 Geriatria;

 Gerontologia Social.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
9

GERONTOLOGIA – CIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR

Fonte: Medeiros e Ramos (1992.)

2.2 Gerontologia Biomédica

A Gerontologia Biomédica estuda o fenômeno do envelhecimento do ponto


de vista molecular e celular, considerando aspectos biológicos, fisiológicos,
genéticos e imunológicos. Ela deu origem à Genética molecular, à Sociobiologia
molecular e oportunidade a pesquisas referentes à Embriologia e Fitologia modernas
(JACOB FILHO; KIKUCHI, 2011).

É uma especialidade que tenta responder basicamente duas questões: como


e por que envelhecemos?

Nessa seara, basta-nos perceber que os progressos científicos, técnicos e


terapêuticos nesses terrenos, conseguidos nestes últimos anos, levam-nos a um
mundo parecido com o da ciência ficção, muito além do que o ser humano pôde
imaginar, há cem anos. O que está ocorrendo, nestes dias, e o que está por
transformar-se, em realidade, para o bem da humanidade, num futuro próximo,
modificará certos pontos de vista em relação ao envelhecimento.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
10

2.3 Geriatria

Geriatria, termo criado em 1909, pode ser definido como o ramo da


Gerontologia e da Medicina que trata da saúde das pessoas de idade avançada, em
todos os seus aspectos: preventivo, clínico, terapêutico, de reabilitação e de
vigilância contínua (OMS, 1974).

O Royal College of Physicians, de Londres, em 1976, definiu a Geriatria


como o ramo da Medicina Geral que cuida dos fatores clínicos, sociais, preventivos
e de reabilitação, importantes na manutenção da saúde e da independência da
população idosa, bem como do tratamento de suas doenças e incapacidades.

No entendimento de Moriguchi (2002), podemos defini-la simplesmente


como “a ciência de prolongar a vida com saúde”, mas muitos a confundem com
instituições geriátricas ou residência geriátrica quando dizem: “Internei meu pai, ou
minha mãe, ou outro parente, numa geriatria” (JACOB FILHO; KIKUCHI, 2011).

Segundo Pereira, Schneider e Schwanke (2009), geriatria refere-se à


especialidade médica responsável pelos aspectos clínicos do envelhecimento e
pelos amplos cuidados de saúde necessários às pessoas idosas. É a área da
medicina que cuida da saúde e das doenças da velhice; que lida com os aspectos
físicos, mentais, funcionais e sociais nos cuidados agudos, crônicos, de reabilitação,
preventivos e paliativos dos idosos; e que ultrapassa a “medicina centrada em
órgãos e sistemas” oferecendo tratamento holístico, em equipes interdisciplinares e
com o objetivo principal de otimizar a capacidade funcional e melhorar a qualidade
de vida e a autonomia dos idosos.

Sobre Nascher, considerado o pai da geriatria, é importante ressaltar que,


em 1914, a publicação do seu livro sobre geriatria causou polêmica naquela época
ao enfatizar a ideia de que “a velhice é uma etapa da vida”, levantando-se, desta
maneira, contra a concepção grega, que havia dominado o pensamento médico
durante mais de 2000 mil anos, de que a velhice é uma doença.

Enfim, é uma especialidade instigante, desafiadora e contemporânea.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
11

2.4 Geriatria preventiva

Segundo Moriguchi e Nascimento (2008), não há dúvidas que a grande


finalidade da Geriatria e da Gerontologia é garantir maior longevidade com qualidade
de vida, portanto, vamos a algumas classificações recebidas pela geriatria.

2.4.1 Geriatria preventiva primária

Em termos práticos, a geriatria preventiva primária engloba o controle e a


adequação de variáveis relacionadas ao estilo de vida do indivíduo e da população:
nutrição, atividade física, repouso e controle da obesidade.

a) Nutrição

Evidências científicas, cada vez mais contundentes, mostram que o balanço


nutricional, tanto da ingesta (ou ingestão) calórica quanto da qualidade dos
nutrientes e dos tipos de alimentos, exerce uma influência fundamental na evolução
e estabelecimento de muitas doenças crônico-degenerativas.

Portanto, dieta saudável significa prevenção geriátrica primária. Os aspectos


a seguir sugerem os principais pontos nutricionais que devem ser seguidos para
garantir uma nutrição saudável.

 Verduras em abundância.

 Peixe em abundância.

 Restrição de carne e gema de ovo.

 Fibras em abundância.

 Sal: menos de 10g/dia.

 Açúcar: menos de 50g/dia.

 Consumo de alcoólico: menos de 30ml/dia (um copo de vinho ou uma garrafa


de cerveja).

 Balanço de ácidos graxos polissaturados/saturados: 1,0-2,0.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
12

 Alimentos de boa qualidade.

 Equilíbrio alimentar.

b) Atividade Física

Os principais benefícios da atividade física na manutenção da saúde


incluem:

 alterações hemodinâmicas – diminuição da frequência cardíaca (FC) em


repouso, diminuição da frequência e da pressão arterial sistólica durante a
sobrecarga submáxima de exercício, aumento do débito cardíaco máximo e
do consumo de oxigênio, normalização mais rápida da frequência cardíaca
após o exercício e diminuição da condução ventricular anormal;

 alterações morfológicas – aumento da relação vasos capilares/fibras


musculares do miocárdio, desenvolvimento das artérias coronárias;

 alterações bioquímicas – aumento da função das mitocôndrias das fibras


musculares lisas, ativação das enzimas antioxidativas, diminuição dos níveis
das catecolaminas, aumento da atividade fibrinolítica, diminuição da
coagulabilidade sanguínea, aumento dos níveis séricos do HDL-coIesterol e
aumento da atividade glicoliítica da insulina.

A eficácia das práticas de exercícios regulares para a saúde em geral se


relacionam com a diminuição dos fatores de risco à morbidade, como as doenças
cardiovasculares, neoplasias, etc.

Outros aspectos positivos: diminuição do número de cigarros fumados por


dia entre os tabagistas (diminuir a vontade/compulsão de fumar), melhora da
obesidade, afastamento do estresse da vida moderna.

Na prática, isso não significa fazer alguma atividade atlética diária de 60


minutos sem nenhum tipo de carga (bolsa ou outro tipo de material), que são
altamente preventivas para pessoas até 60 anos de idade. Entre 60 e 70 anos,
aconselham-se caminhadas de 50 minutos; de 70 a 80 anos, caminhadas de 40
minutos; de 80 a 90 anos, 30 minutos, e após 90 anos, 20 minutos. Esse tipo de
atividade deve ser feita durante sete dias por semana durante toda a vida
(MORIGUCHI; NASCIMENTO, 2008).
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
13

c) Repouso

O tempo de repouso é fundamental no processo de manutenção da saúde.


Em qualquer faixa etária, o ideal de horas de repouso no leito é entre 7 e 8 horas.
Tanto mais horas de repouso quanto menos estão associadas a um aumento de
mortalidade. Também é importante incorporar o hábito de descansar 30 minutos
após o almoço (sesta).

d) Controlar a obesidade.

2.4.2 Geriatria preventiva secundária

A ação principal para fazermos geriatria preventiva secundária é o


estabelecimento de revisões anuais (checkup) que contribuam para a detecção
precoce de doenças crônico-degenerativas.

Por exemplo, no Japão, foram estabelecidos programas de diagnóstico


precoce de câncer de estômago, através da realização de exames de endoscopia na
população, a partir dos 40 anos de idade, possibilitando a detecção de tumores até 1
mm de tamanho, facilitando, assim, o tratamento e a cura. Nesse caso, é possível a
retirada do tumor sem necessidade de cirurgia (através da própria endoscopia),
diminuindo, com essa intervenção ambulatorial, os riscos de mortalidade do paciente
e os custos para o sistema de saúde. A partir dos 30 anos de idade, a avaliação da
pressão sanguínea é feita pelo menos uma vez ao ano para prevenir Acidente
Vascular Cerebral (AVC). Nas mulheres após 40 anos de idade, foram estabelecidos
programas de prevenção do câncer de colo uterino e de mama. Nos homens após
50 anos de idade, são oferecidos programas de prevenção de câncer de próstata e,
a partir dos 30 anos, eletrocardiograma de esforço, anualmente, com a perspectiva
de diminuir riscos de doenças coronarianas.

Os programas de geriatria preventiva secundária têm um custo mais baixo


quando comparados com os custos de tratamento realizados nos indivíduos onde a
doença já se instalou. Estima-se que o custo da prevenção seja 1/10 do custo do
tratamento. Por esse motivo, a meta da geriatria preventiva é “prevenir para não

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
14

remediar”, válida tanto para a saúde pública (coletiva) quanto para a saúde pessoal
(individual).

2.4.3 Geriatria preventiva terciária

Na parcela da população afetada por doenças crônico-degenerativas e/ou


disfunções associadas, também é necessário fazermos geriatria preventiva. Desse
modo, para os indivíduos afetados por doenças, como neoplasias ou
coronariopatias, o médico e o sistema de saúde precisam adotar programas de
reeducação de estilo de vida e de prevenção que garantam a estabilização da saúde
do paciente. Por exemplo, uma mulher com câncer de mama ou de colo do útero
que sofreu intervenção cirúrgica deve seguir exames periódicos de prevenção para
prevenir a evolução dessas neoplasias ou o aparecimento de metástases. Em
indivíduos com AVC, a avaliação mensal da pressão arterial deve ser um
procedimento preventivo padrão a ser adotado, além da utilização de medicação.

Cada uma das três estratégias preventivas na geriatria é cumulativa, ou seja,


iniciamos durante a fase jovem com a geriatria preventiva, preventiva primária;
adotamos a geriatria preventiva secundária quando os indivíduos atingem idade de
risco; e utilizamos a geriatria preventiva terciária como estratégia de manutenção e
qualidade de vida quando os mesmos tornam-se doentes (MORIGUCHI;
NASCIMENTO, 2008).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
15

UNIDADE 3 – GERONTOLOGIA SOCIAL

Falar em gerontologia social requer um pouco de reflexões sobre política e


programas de saúde e claro, interdisciplinaridade, uma vez sabermos que a
progressiva procura por modelos de atuação que otimizem a relação
custo/efetividade tende a buscar equipamentos e serviços de maior complexidade e,
consequentemente, mais elitistas, ou seja, disponíveis para um número cada vez
menor de usuários. Sabemos, porém, que este é o caminho oposto daquele que
pretende propor ações realmente eficazes em prol da saúde de quem envelhece.

Tentaremos mostrar que uma atitude coordenada e contínua permite


resultados adequados para um grande número de beneficiários e, paralelamente, a
alocação correta dos recursos conforme a magnitude das demandas individuais e
coletivas.

A assistência à saúde do idoso vem evoluindo significativamente nas últimas


décadas por vários motivos, incluindo o aumento de demanda pelas alterações
demográficas, o maior conhecimento sobre o processo natural de envelhecimento e
o acesso às técnicas diagnósticas e terapêuticas, anteriormente reservadas aos
jovens. Nada, porém, foi tão importante para esse incremento qualitativo quanto a
progressiva associação de conhecimentos, previamente restrita a cada profissão ou
a cada especialidade profissional.

Essas aproximação e interação dos diferentes ramos do saber nas questões


gerontológicas e geriátricas não foi, como poder-se-ia supor, uma evolução natural
da atividade assistencial. Durante muito tempo, os idosos foram atendidos em
ambientes onde coexistiam representantes de diferentes áreas e especialidades,
sem que houvesse adequada interação entre eles. Infelizmente, muitos continuam
assim. Em outros, os profissionais sentiram a necessidade de aprender mais do que
os limites de sua própria formação, sem o objetivo específico de exercer novas
atividades, mas com o propósito de interagir com muito mais conhecimento nas
diferentes vertentes da questão.

Sob, essa ótica, portanto, deixa de ser apenas valorizado o profissional que
sabe muito e que, portanto, responsabiliza-se por tudo sozinho, abrindo-se espaço

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
16

para aqueles que atuam dentro dos seus limites técnicos, mas cujo conhecimento
nas outras áreas envolvidas facilita a atuação dos demais. Resume-se, assim, a
essência da interdisciplinaridade, na qual o conhecimento técnico se difunde não
apenas em direção ao cliente, mas também aos outros profissionais, com o intuito
de incrementar o somatório de conhecimento do grupo.

Jacob Filho (2011) reafirma que “seria impossível que um só profissional


reunisse todo o conhecimento e a habilitação necessários para atender
adequadamente às necessidades do idoso”.

Pois bem, buscar um caminho onde prevaleça a interdisciplinaridade, os


múltiplos conhecimentos e uma política que busque a promoção e prevenção da
saúde nos levam à gerontologia social.

3.1 Conceitos e abrangência

Gerontologia é a ciência que analisa o processo do envelhecimento em


todos os aspectos, tais como biológicos, psicológicos e sociais, caracterizando uma
área de análise multidisciplinar. As matérias como biomedicina, psicologia social,
história, ciências sociais, filosofia, cultura e sociologia são alguns dos campos de
pesquisa introduzidos na gerontologia.

Para Alkema e Alley (2006 apud LIMA; MEDEIROS; LIMA, 2012),


“gerontologia estuda os processos associados à idade, ao envelhecimento e à
velhice, sendo uma área de convergência entre a biologia, sociologia e a psicologia
do envelhecimento”.

O processo de envelhecer, nesse sentido, está associado a complexidade


da existência, não se limitando aos aspectos biológicos, mas se estendendo ao meio
em que o ser humano está inserido e suas atitudes em meio a vida individual e
social.

Gerontologia social é uma área que estuda o processo do envelhecer em


todos os tempos, estuda também a atuação política dentro da perspectiva da
gerontologia. A gerontologia social foca o andamento de uma velhice bem-sucedida.

Segundo Neri (1995, p. 34), velhice bem-sucedida é

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
17

uma condição individual e grupal de bem-estar físico e social, referenciada


aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no ambiente
em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história pessoal e
de seu grupo etário.

A verdade é que as possibilidades de uma velhice saudável só fazem


contribuir para uma melhoria de uma sociedade que ofereça um ambiente propício
para um processo de envelhecimento profícuo (LIMA; MEDEIROS; LIMA, 2012).

A Gerontologia Social estuda as mudanças que acompanham o processo de


envelhecimento do ponto de vista psicológico, sociológico e psico-comportamental, a
natureza e as modalidades de adaptação do indivíduo em suas transformações e,
enfim, a evolução da personalidade e da saúde mental num contexto social
concreto.

Estuda também, o papel do ambiente, da cultura e das mudanças sociais no


processo do envelhecimento, da mesma forma que as atitudes, o comportamento e
as condições de vida das pessoas idosas. Portanto, a Gerontologia Social
compreende os aspectos antropológicos, psicológicos, legais, sociais, ambientais,
econômicos, éticos, espirituais e políticos no processo do envelhecimento humano.

Foi em meados do século passado que começaram os estudos mais


aprofundados em relação a esse aspecto. Além deles, é importante considerar as
atitudes, o comportamento e as condições de vida dos idosos, o papel da cultura e
das mudanças socioeconômicas, cada vez mais rápidas, no contexto social em que
vivem. É necessário, ainda, considerar o lugar que lhes é destinado nesse ambiente
e qual a representação que fazemos dele, levando em conta o seu “hoje”. Tudo
muda em diferentes tempos e em diferentes lugares. E é fundamental ter isso
sempre presente para que possamos compreender a realidade e a significação da
velhice. Daí a importância da Gerontologia Social que é um campo científico muito
novo, portanto em constante crescimento.

Juntamente com a Geriatria, também com constantes descobertas, reforça,


cada vez mais, a concepção de multidimensionalidade do envelhecimento humano.
É extremamente importante termos sempre presente esse aspecto, que deve ser
considerado pelos gestores de Políticas Públicas, bem como pelos dirigentes de

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
18

Organizações não-Governamentais – ONGs – que organizam programas destinados


aos idosos, dirigem Instituições Sociais, criam redes de suporte social e incentivam e
incrementam as relações intergeracionais (RODRIGUES; RAUTH; TERRA, 2010).

3.2 Teorias Sociológicas do envelhecimento

Assim como surgiram, na Geriatria (que embora apresentadas algumas


ramificações, não é nosso foco de estudo) as Teorias Biológicas do Envelhecimento,
surgiram, também, na Gerontologia Social, as Teorias Sociológicas do
envelhecimento. Elas são mais ou menos recentes, devido ao fato de que a
Gerontologia Social é muito influenciada pelos fatores biológicos.

Até o momento, não existe uma teoria única e exclusiva referente à velhice,
sob o ponto de vista social. O interesse científico pelos assuntos sociais da velhice
surgiu há pouco tempo. Iniciou em meados do século passado e foi no fim da
década de 1950, princípio da década de 1960 que começaram a surgir essas
teorias, lançadas por cientistas sociais norte-americanos. Elas são muito variadas,
às vezes conflituosas entre si. Tentam explicar diversos aspectos da velhice, tais
como: as dificuldades individuais de adaptação dos indivíduos a essa etapa da vida;
as mudanças nas suas relações sociais, as perdas e os ganhos sob o ponto de vista
pessoal e social; a relação da velhice como última etapa do ciclo vital e as estruturas
sociais, etc. (RODRIGUES; RAUTH; TERRA, 2010).

Considerando o número um tanto significativo de teorias surgidas, até o fim


do século passado, os autores citam algumas, tais como: a Teoria da Atividade, da
Continuidade, do Colapso de Competência, da Troca Social, do Desengajamento, da
Modernização, do Desenvolvimento Psicológico, do Ciclo de Vida, da Estratificação
por Idade, da Subcultura, do Desenvolvimento do Ego, do Narcisismo e a Teoria
Marxista. Todas, evidentemente, têm seus prós e contras.

Falaremos em maiores detalhe somente acerca das Teorias da Atividade do


Desengajamento e a Teoria da Modernidade, sendo as duas primeiras as mais
comuns na prática gerontológica.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
19

Teoria da Atividade – surgida nos Estados Unidos, propiciou o


desenvolvimento do lazer e da educação não formal para a promoção do bem-estar
das pessoas idosas.

Esta teoria estabelece que a imagem da pessoa está vinculada às funções e


papéis sociais que ela desempenha. Ora, na velhice, essas funções e papéis
desaparecem ou quase desaparecem, como por exemplo: a saída do emprego,
devido à aposentadoria, tira-lhe o papel de trabalhador ativo. A perda de um dos
cônjuges, pela viuvez, contribui para a perda do papel de esposo ou esposa.
Durante a vida adulta, em que as pessoas, de ambos os sexos, estão envolvidas
nas suas atividades profissionais, ou mesmo as mulheres que não trabalham fora de
casa estão envolvidas com a criação e educação dos filhos, tendo seu tempo
totalmente ocupado. Seus papéis, tanto na família, sendo esposo(a), pai, mãe, como
no trabalho, sendo diretor(a), executivo(a), presidente, se perdem com a chegada da
velhice.

Dentre os autores que abordam a teoria da atividade, McClelland (1982 apud


DOLL et al., 2007) realizou trabalhos buscando ampliar a teoria, explicando a
adaptação ao processo de envelhecimento como uma integração com a teoria da
subcultura do envelhecimento, já afirmada por Arnold Rose nos anos 60. Nessa
perspectiva, o conceito da autoconcepção teria um papel importante no
entendimento da atividade social, na adequação social e em outros prognósticos da
satisfação de vida necessária ao envelhecimento bem sucedido.

Com relação à conceituação da teoria da atividade propriamente dita, ela


procura explicar como os indivíduos se ajustam às mudanças relacionadas à idade.
Ela é baseada em duas hipóteses: a primeira aponta que as pessoas mais velhas e
ativas são mais satisfeitas e mais bem ajustadas do que aquelas que são passivas.
Já a segunda hipótese estaria vinculada ao fato de que pessoas mais velhas podem
vir a substituir perdas de papéis por novos papéis, para manterem seu lugar na
sociedade (HOOYMAN; KIYAK, 2002 apud DOLL et al., 2007). Assim, à medida que
as pessoas vão saindo do mercado de trabalho, ou mesmo que vão deixando de
ocupar papéis sociais, as pessoas mais velhas buscariam atividades

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
20

compensatórias àquelas anteriores. Tais atividades têm como finalidade trazer maior
satisfação à vida das pessoas adultas maduras e idosas, tornando-as mais ativas.

A teoria da atividade, a partir da sua formulação, influenciou


comportamentos de pessoas mais velhas e também contribuiu para o surgimento de
políticas públicas nos idos de 1970, permitindo maior flexibilidade para o surgimento
de movimentos sociais, centros de lazer e da educação não-formal para adultos
maduros e idosos (SIQUEIRA, 2002; BEARON, 1996 apud DOLL et al., 2007).

Atualmente, a teoria na sua forma restrita tem sido questionada pelos


gerontologistas em função de defender um único estilo de vida como o ideal para as
pessoas. E embora tenha impulsionado movimentos para a promoção do bem-estar
na velhice, ela possui limitações em diferentes aspectos, a saber:

- o uso indiscriminado do conceito atividade. Estudos de Lemon, Bengtson e


Peterson (1972 apud DOLL et al., 2007) e Longino e Kart (1982 apud DOLL et al.,
2007) demonstraram que são principalmente as atividades informais com amigos
que contribuem para uma maior satisfação de vida;

- o grau de adesão na realização de atividades que preencham o tempo das


pessoas aposentadas ou mesmo idosas. Em muitos casos, as pessoas investirão
seus interesses conforme sua motivação, suas vivências passadas, ou mesmo de
acordo com seu estilo de vida ou nível socioeconômico;

- outra limitação estaria no enfocar a relação entre atividade e satisfação,


não levando em consideração a escolha por um estilo de vida menos ativo, as
condições de saúde, de bem-estar ou do status social e econômico (BEARON, 1996;
HOOYMAN; KIYAK, 2002, apud DOLL et al., 2007; SIQUEIRA; 2002);

- a ênfase na ação, preconizada pela teoria, pode encobrir a diversidade de


indivíduos do processo de envelhecimento, uma vez que nesta heterogeneidade
podem existir pessoas que prefiram um envelhecimento menos ativo, e mesmo
aquelas que não possuem condições de vida saudáveis para a realização de tarefas
que preencham seu tempo ocioso. Um olhar mais analítico sobre esta teoria poderia
revelar um pensamento reducionista, uma vez que há a “proposição de que o idoso
controla as atividades e o cenário necessário ao desempenho de novas atividades”.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
21

No entanto, existem fatores como o “Declínio físico e mental que podem


impossibilitar a compensação de seus antigos papéis” (SIQUEIRA; 2002, p. 49);

- outro aspecto se refere ao enfoque no idoso ativo e no bem-estar que


muitas vezes acaba por criar uma perspectiva de “antienvelhecimento” (SIQUEIRA;
2002, p. 49), relegando ao segundo plano a abordagem de assuntos como a morte,
que dificilmente encontra espaço de debate nessa teoria.

Como última limitação, a teoria é por vezes mal entendida quando aplicada
na prática com os idosos, pois pode levar à falsa impressão de ativismo. Isto é, na
maioria das vezes, a teoria pode passar a ideia de que para se envelhecer bem é
preciso que a pessoa esteja engajada constantemente em alguma atividade, o que
não é verdade (DOLL et al., 2007).

A Teoria do Desengajamento Social também surgiu nos Estados Unidos,


como a anterior, quando foi feito, em 1961, o primeiro, o maior e mais amplo estudo
sobre o desengajamento, numa tentativa de explicar o processo de envelhecimento
e as mudanças nas relações entre o indivíduo e a sociedade. Isto porque o
engajamento é, exatamente, a inter-relação da pessoa com a sociedade à qual
pertence. O desengajamento é a retirada progressiva, das pessoas envelhecidas, do
sistema social. Elas por si mesmas diminuem a sua interação social e esta opção é
funcionalmente vantajosa para elas e a sociedade. Esta é a tese principal da teoria
do desengajamento. Seus criadores teorizam que, embora não necessariamente, o
desengajamento é, muitas vezes, um processo voluntário e satisfatório para a
pessoa, porque aumenta sua autonomia e as oportunidades para seu tempo de
lazer. Por outro lado, teoriza-se que o desengajamento é, também, funcional para a
sociedade, já que a pessoa idosa libera as posições que ocupava no sistema
econômico social para a colocação de jovens, quiçá mais eficientes (JACOB FILHO;
KIKUCHI, 2011).

A teoria do desengajamento questionou quase todos os pressupostos


gerontológicos sobre os desejos das pessoas idosas em relação ao trabalho, ao
afirmar que as pessoas idosas desejam reduzir seus contatos sociais, e que com
isso se sentem mais felizes e contentes. A atividade continuada, um valor da meia
idade, é questionada como um valor necessário para os idosos, pois isso leva em

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
22

algum momento no processo do envelhecimento a um conflito entre a continuidade


da atividade e da expansão, de um lado, e o enfrentamento subliminar com o final da
vida de outro lado. Cumming e Henry (1961) põem em dúvida a contribuição à
satisfação das pessoas idosas ao “possuírem uma função” e “serem úteis” (LEHR;
THOMAE, 2003 apud DOLL et al., 2007).

Os seguidores desta teoria pregam o afastamento gradativo do indivíduo do


processo social, podendo a iniciativa ser tomada por ele mesmo ou pelo próprio
Sistema, “o qual tem na aposentadoria o instrumento de retirada consentido pela
própria sociedade” (SALGADO, 1996 apud RODRIGUES; RAUTH; TERRA, 2010).
Esse afastamento deve começar na idade madura, quando a pessoa toma
consciência das transformações que ocorrem no seu íntimo, do ponto de vista
biológico, psicológico e social. Em estudos realizados na década de 1970 e 1980,
comprovou-se que, muitas vezes, o desengajamento se processa por certos fatores,
como: saúde precária, aposentadoria, perda de familiares ou empobrecimento.

O fato de as pessoas se desengajarem da atividade social não representa,


necessariamente, uma preferência pessoal, pois pode ser uma consequência do
fracasso da sociedade em proporcionar-lhes oportunidades para continuarem ativos
socialmente (SALGADO, 2000 apud RODRIGUES; RAUTH; TERRA, 2010).

A Teoria do Desengajamento, como a anterior, sofreu muitas críticas por


parte de estudiosos das questões do envelhecimento, entre as quais podemos citar
algumas.

- A principal é de que o desengajamento não é um fenômeno universal,


inevitável e intrínseco à idade. Há fatores como a personalidade, tipo de interação,
situação de vida e papéis sociais que o determinam (SALGADO, 2000 apud
RODRIGUES; RAUTH; TERRA, 2010).

- Outra crítica diz respeito ao fato de que nessa fase do desengajamento, há


dificuldade em se encontrar um novo quadro de compensação que proporcione às
mesmas as satisfações, ou satisfações semelhantes às da vida anterior.

- Contesta-se, ainda, o que diz respeito à liberdade defendida pela posição


do desengajamento, quando afirma que o homem engajado é preso às suas
obrigações e o desengajado é livre. Até que ponto ele é livre, se continua vivendo
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
23

em sociedade e sujeito às sanções e interações que a regulam? (RODRIGUES;


RAUTH; TERRA, 2010).

Quanto à Teoria da Modernidade, vamos primeiro definir modernização,


como sendo a transformação de uma sociedade inteira de um estilo de vida
dominantemente rural, baseado na força dos animais, com uma tecnologia limitada,
com instituições pouco diferenciadas, pontos de vista e valores tradicionais em
direção a um estilo de vida predominantemente urbano, baseado em fontes de
energia sem recursos animais, uma tecnologia científica altamente desenvolvida,
instituições altamente diferenciadas, interligadas com papéis individuais
segmentados e com perspectivas cosmopolitas com ênfase em eficiência e
progresso.

No senso comum, pessoas idosas são resistentes à inovação e possuem


uma certa desconfiança em relação às coisas técnicas e modernas. Um reflexo disso
é que no mundo moderno da tecnologia, as pessoas idosas não dispõem de grande
prestígio. Em um mundo marcado pela mudança acelerada, o idoso ganha a
conotação de antigo e ultrapassado. A teoria da modernização elabora suas
reflexões exatamente a respeito desta ideia, do status e do prestígio da pessoa
idosa nas sociedades modernas. Ao contrário das teorias anteriores, que abordam a
relação entre bem-estar e atividade dos idosos na sociedade, a teoria da
modernização trabalha com a imagem do idoso e com as representações que
influenciam essa imagem (DOLL et al, 2007).

Dentre os vários campos e as variáveis que os estudiosos trabalham nessa


teoria, o papel das pessoas idosas avança além da família, pois em muitas
sociedades, ele exerce grande poder político como conselheiro, chefe de tribo, etc.

Essa possibilidade de exercer papel político nos lembra poder, respeito,


monopólio, mas, por outro lado, como a modernização, ocorre um declínio desse
poder, o que mostra a diferença em relação às duas outras teorias: elas focam no
comportamento da pessoa idosa, esta foca no seu status social.

De todo modo, fazem parte de um grupo de grandes teorias e ainda são


estudadas, aplicadas mesmo que veladamente.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
24

UNIDADE 4 – BIOÉTICA E ENVELHECIMENTO

As questões éticas relativas ao processo de envelhecimento sempre


despertaram interesse. Prova disto são as obras antigas que abordam estas
questões, como a ‘De Senectude’ (Saber envelhecer) de Cícero. As situações que
hoje chamam a atenção da sociedade sobre possíveis atitudes abusivas para com
os velhos também já foram descritas e discutidas no passado. Shakespeare, em Rei
Lear, aborda este tema de forma ampla e contundente. O aumento do número de
pessoas na faixa etária acima dos 60 anos e a sua maior participação ativa em
diferentes segmentos sociais tem estimulado a retomada das reflexões sobre
diferentes questões éticas e morais que envolvem os idosos (GOLDIM, 2004).

Mas o que é Bioética?

Bioética é um neologismo criado em 1970 por Van Rensselaer Potter, na


obra ‘Bioethics: Bridge to the future’. Essa nova palavra deriva de “bios” que
representa o conhecimento biológico e a ciência dos sistemas viventes e “ética”,
representativa do conhecimento dos sistemas de valores humanos (PESSINI;
BARCHIFONTAINE, 2002).

A bioética pode ser definida como “o estudo sistemático das dimensões


morais das ciências da vida e do cuidado da saúde, utilizando uma variedade de
metodologias éticas num contexto interdisciplinar” (REICH, 1995 apud SECHINATO,
2009).

Rapidamente veremos que foram vários os fatos históricos que acabaram


marcando o surgimento da bioética na década de 1970. Entre eles estão novos
procedimentos médicos limitados, por várias razões, somente a algumas pessoas e
pesquisas científicas nas quais as pessoas não deram o seu consentimento para a
sua participação. As limitações ao acesso e os abusos praticados, numa época em
que os direitos humanos estavam em discussão, acabaram fazendo com que
surgissem as discussões e de tais debates se criou a bioética.

Uma reportagem da revista americana Life, publicada em 1962, trouxe à


tona a existência de procedimentos médicos limitados a algumas pessoas. Esse
artigo se referia a um grupo de pessoas de Seattle, das mais diferentes áreas do
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
25

saber, que se reuniam para determinar que pacientes com doenças renais poderiam
ser submetidos ao procedimento de hemodiálise recentemente criado, daí o título da
reportagem: “Eles decidem quem vive e quem morre”. Na época, o procedimento da
hemodiálise era novo, a capacidade de filtração do sangue era limitada e o custo do
procedimento muito alto, bem como a disponibilidade de aparelhos, daí ser
necessária a reunião de um grupo que avaliasse as necessidades dos candidatos ao
procedimento, baseados em critérios de mérito social como o sexo, a idade, o
estado civil, o número de dependentes, a escolaridade, a ocupação e o potencial
futuro desses pacientes (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2002).

As pesquisas científicas realizadas durante a Segunda Guerra Mundial são


também um dos elementos que levaram ao surgimento da bioética. Prisioneiros de
guerra foram submetidos a pesquisas científicas sem que houvessem dado o seu
consentimento. Os prisioneiros têm redução na sua capacidade de
autodeterminação, pois dependem sobremaneira daqueles que os mantêm em
cárcere, não sendo diferente durante uma guerra com os prisioneiros de guerra ou
com as pessoas que cumprem penas privativas de liberdade por terem cometido
algum crime na sociedade contemporânea (SECHINATO, 2009).

Além das pesquisas nazistas realizadas em alguns campos de


concentração, três casos mobilizaram a opinião pública americana e acabaram por
gerar grande discussão na sociedade e que ajudou a dar origem à bioética. Em
1932, no condado de Tuskegee, Estado do Alabama, 400 negros com sífilis foram
recrutados para participarem de uma pesquisa sobre a história natural da doença e
foram intencionalmente deixados sem tratamento. Em 1972, essa pesquisa foi
interrompida restando somente 74 pessoas vivas. Entre 1950 e 1970, no Hospital
Estadual de Willowbrook, em Nova York, foi injetado o vírus da hepatite em crianças
com deficiência mental e, em 1963, no Hospital Israelita de Doenças Crônicas, em
Nova York, foram injetadas células neoplásicas vivas em idosos doentes com o
intuito de verificar a possibilidade de um organismo identificar tais células e produzir
anticorpos. Em 1972, o jornal “The New York Times” denunciou esses três estudos e
os que ainda estavam sendo feitos foram interrompidos (JONSEN, 1998 apud
SECHINATO, 2009).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
26

A questão sobre hemodiálise em Seattle e as experimentações envolvendo


seres humanos, sem que eles pudessem efetivamente se colocar contra tais estudos
exemplificam a percepção que começava a surgir sobre as interferências que o
desenvolvimento poderia trazer ao ser humano. As interferências podiam ser
benéficas ou maléficas e essa avaliação dependia e depende ainda hoje do ponto de
vista que se adote. É necessário que faça a devida reflexão no processo de tomada
de decisão sobre tais ações.

A denúncia do jornal “The New York Times” foi importante para as Ciências
da Saúde, pois foi a partir dela que o governo norte-americano constituiu a
Comissão Nacional para a Proteção dos Sujeitos Humanos da Pesquisa Biomédica
e Comportamental (National Commission for the Protection of Human Subjects of
Biomedical and Behavioral Research). Essa comissão fez um estudo que
identificasse os princípios éticos básicos que deveriam nortear a experimentação em
seres humanos, a despeito da existência do Código de Nuremberg de 1947 e da
Declaração de Helsinque de 1964, que versavam justamente sobre tais princípios,
mas considerados de difícil operacionalização pelos membros da comissão. Os
trabalhos se iniciaram em 1974 e, após quatro anos, foi apresentado no Centro de
Convenções Belmont em Elkridge (Maryland) um relatório (Relatório Belmont)
contendo os princípios fundamentais que norteariam a conduta e serviriam de base
para a formulação, crítica e interpretação de regras específicas (JONSEN, 1998
apud SECHINATO, 2009).

A comissão criada pelo governo norte-americano não tinha a preocupação


com a prática clínica e assistencial, somente com as pesquisas científicas. Nesse
contexto, Tom L. Beauchamp e James F.Childress publicaram, em 1977, uma obra
que utilizava os princípios fundamentais do Relatório Belmont, mas aplicados à
prática clínico-assistencialista intitulada “Principles of Biomedical Ethics”. Nesse livro,
os autores colocam os três princípios fundamentais (Autonomia, Beneficência e
Justiça) e acrescentam um quarto princípio (Não-Maleficência) que deveriam ser
aplicados às Ciências da Saúde (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).

Atualmente se considera, a despeito da consideração ter sido feita pelos


autores originais, que não existe uma ordem de importância entre os quatro

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
27

princípios nem são os únicos princípios existentes, havendo outros que possam ser
aplicados na Área da Saúde. O grau de importância de cada princípio deve ser
avaliado caso a caso e existem situações em que dois ou mais princípios estarão
discordantes, dificultando a análise de uma determinada situação. Não há como
estabelecer uma regra geral em que o princípio da Autonomia venha antes da Não-
Maleficência, antes da Beneficência e antes da Justiça, pois os quatro são
fundamentais no processo de tomada de decisão pelo profissional da área da saúde
(BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).

Também na atualidade, o contínuo desenvolvimento tecnológico continua a


ser elemento de reflexão para a bioética. As novas tecnologias vão interferir de
alguma forma na vida das pessoas e é função dos profissionais da área da saúde
discutir essas interferências de modo que a integridade do ser humano seja
preservada. Assuntos como as tecnologias de reprodução assistida, os métodos
contraceptivos, o momento do início da vida, aborto, transplantes de órgão e tecidos,
as questões sobre a terminalidade da vida e muitas outras se fazem presentes na
reflexão bioética. A abrangência de temas para discussão é tão grande que também
se consideram as questões relacionadas à proteção da natureza como temas da
bioética. Da mesma forma, o envelhecimento humano é preocupação dos
profissionais da área da saúde e estão entre tais temas (SECHINATO, 2009).

Do ponto de vista puramente biológico, pode-se considerar que o


envelhecimento se inicia a partir do momento que ocorre a respiração celular com o
oxigênio e a consequente produção dos radicais livres. Um zigoto recém-fecundado
necessita do oxigênio para sua sobrevivência e no momento em que se utiliza desse
elemento há a produção de tais radicais que iniciam o processo de dano tissular que
perdura por toda a vida do ser humano num processo denominado de
envelhecimento celular. Mas a própria evolução do ser humano impede de
considerar envelhecimento somente do ponto de vista biológico ou tecnológico. É
necessário considerar também que o envelhecimento pode ser caracterizado por
determinadas alterações psíquicas e sociais, ou seja, o sentimento que advém com
essa nova fase humana, quer sejam da própria pessoa que passa pelo processo,
quer sejam das pessoas em torno daquela que envelhece e a função da bioética,

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
28

entre outras, é discutir tais percepções desse processo humano (SECHINATO,


2009).

Um aspecto importante da relação entre a bioética e o envelhecimento se


relaciona com a vulnerabilidade, que é definida como o estado de pessoas ou
grupos, que por quaisquer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de
autodeterminação reduzida, sobretudo no que se refere à capacidade de dar um
determinado consentimento livre, consciente, sem coação física, psíquica ou moral
ou por meio de simulações ou práticas enganosas a respeito de algo conhecido
(BRASIL, 1998).

Hoje se reconhece que todos os seres humanos são vulneráveis em maior


ou em menor grau. As muitas decisões que as pessoas tomam recebem influências
externas significativas, principalmente econômicas, e influenciam-nas algumas
vezes até de forma subjetiva e é necessário que se reconheça o fato de os idosos
no Brasil constituírem um grupo populacional frequentemente vulnerabilizado não só
pelas questões econômicas, mas também pelas relações com os familiares e
profissionais, pelo processo de envelhecimento e morte, pela perda da capacidade
de autonomia, pelos abusos que sofrem e até mesmo pelas pesquisas a que são
submetidos.

A vulnerabilização do idoso pelas questões econômicas é um fato e uma das


explicações que se encontra na teoria de Thomas Malthus (1799), quando alertou a
sociedade para o fato de que o aumento da produção de alimentos não
acompanharia o crescimento populacional. A ciência moderna conseguiu resolver
parcialmente a questão dos alimentos, mas não foi capaz ainda de resolver a
questão da seguridade social, principalmente no Brasil. Com o desenvolvimento do
País, percebe-se claramente uma modificação no padrão de crescimento
populacional, em que se reduz o número de jovens através das tecnologias
educacionais e contraceptivas e são os jovens, no modelo econômico atual, que
contribuem financeiramente para o sustento daqueles que já contribuíram durante
toda a vida e se aposentam, dependendo dessa fonte de renda nos dias atuais. Com
a diminuição dos recursos, fica óbvio que faltará dinheiro para o sustento daqueles
que envelheceram.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
29

Além disso, a tecnologia em saúde tem conseguido aumentar a expectativa


de vida e se antes havia idosos, aposentados, que sobreviviam alguns poucos anos,
dependendo dos recursos do seguro social, hoje existe uma população deles que
praticamente viverá o mesmo período de tempo que contribuiu para a seguridade
social. Do ponto de vista econômico não existe sistema que resista a esse modelo,
sendo necessária a substituição da forma de gerenciamento dos recursos
previdenciários. Enquanto essa reforma não ocorre, resta aos idosos a necessária
complementação da renda através do trabalho.

Com o envelhecimento, as funções orgânicas começam a decair, bem como


a capacidade de trabalho, e torna-se difícil aos idosos, principalmente aqueles que
exercem atividades predominantemente físicas, conseguirem fazer a devida
complementação de renda pelo fato de haver a concorrência no mercado de
trabalho e as empresas preferirem indivíduos com alta capacidade produtiva, a
despeito da experiência profissional adquirida ao longo dos anos de trabalho. Com
isso, o grupo dos idosos acaba se vulnerabilizando ao aceitar valores de salários
mais baixos que os pagos aos jovens.

Com o decréscimo da capacidade para atividades físico-intelectuais o idoso


começa a sofrer o processo de discriminação pelos próprios familiares e não
raramente pelos profissionais da área da saúde. A pessoa não tem mais a agilidade
característica do jovem e, consequentemente, não consegue mais acompanhar o
ritmo de atividades dos familiares e os sistemas orgânicos, como a audição, visão e
fala, também sofre degeneração, sendo necessário que o idoso e os jovens a sua
volta modifiquem totalmente o ritmo de vida. Além disso, as dificuldades de
relacionamento, fruto da capacidade dificultada de se adaptar às mudanças sociais
fazem com que os jovens considerem o idoso uma pessoa difícil de lidar;
popularmente fala-se que os idosos tornam-se chatos.

A forma mais comum de os familiares, as pessoas mais próximas do idoso,


lidarem com esses problemas é discriminá-lo e não raro as famílias tentam se livrar
do peso social dessa pessoa através da internação em instituições asilares, e desta
forma transferir o fardo a determinados profissionais da área da saúde que atuam
nessas instituições. Esse processo discriminatório também é observado nos

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
30

profissionais da área da saúde nas diversas unidades de atendimento existentes,


tanto no sistema público quanto no privado.

O envelhecimento envolve a perda natural de algumas capacidades e a


pessoa que sofre o processo, muitas vezes tem dificuldade em aceitar tal fato,
recorrendo, com razão, à ajuda dos profissionais que, por lidarem com uma situação
muito mais fisiológica do que patológica, acabam considerando que o idoso não tem
nenhuma doença, portanto não devem recorrer à sua ajuda.

Familiares e profissionais da saúde devem reconhecer que o processo de


envelhecimento é natural, sendo necessária a aceitação de que a perda de algumas
capacidades físicas ou intelectuais deva ser aceita e compreendida.

A incapacidade de uma pessoa se aceitar por perda das capacidades


constitui-se num problema que deve ser levado aos profissionais da saúde e estes
devem compreender o fenômeno e atuar da melhor forma possível no processo de
aconselhamento da família e consolo daquele que sofre os efeitos da velhice, mas
sem a considerar como uma doença, e sim uma situação marcada por muitas
doenças.

Os problemas financeiros por que passam e as discriminações que sofrem


em casa e nas unidades de saúde fazem com que o idoso perca gradativamente a
capacidade de se autodeterminar e tomar as suas próprias decisões, mas esse
fenômeno não ocorre por vontade da pessoa, mas porque as pessoas ao seu redor
a impedem de agir de forma autônoma.

Costuma-se dizer que a autonomia não é uma prerrogativa que se obtém,


mas sim que se dá; uma pessoa não pode exigir a autonomia, as outras é que
devem permitir que ela seja autônoma. Esse processo acaba ocorrendo com o idoso
e, frequentemente, se exige dele uma procuração para que um familiar realize as
movimentações financeiras, ou no momento da prescrição médica numa consulta
ambulatorial, as orientações sobre as medicações e os cuidados necessários são
repassados a um familiar como se o idoso não tivesse a capacidade de se
responsabilizar ou não fosse capaz de entender o que está sendo dito.

Existem pessoas, algumas delas envelhecidas, que realmente se


enquadram nessas categorias, não podem se responsabilizar em tomar as
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
31

medicações nos horários determinados ou não entendem o que está sendo dito, a
despeito do profissional não esforçar-se em fazer entender, mas são poucos e não
se pode, portanto, agir como se isso fosse regra.

Existem muitos idosos com dificuldades auditivas que são totalmente lúcidos
e se o profissional ou familiar for claro e paciente na sua fala, essa pessoa tem
capacidade de compreensão da mensagem e atua de forma totalmente autônoma.

A maior parte dos membros da sociedade moderna é honesta, mas é


necessário que se leve em consideração a existência dos desonestos que se
aproveitam da perda de capacidade de autonomia dos idosos para cometerem atos
ilícitos contra eles. Não raro, têm-se notícias de pessoas que se utilizando do
argumento da incapacidade do idoso fazem movimentações financeiras com os
recursos financeiros que deveriam ser disponibilizados para o aposentado em
benefício próprio.

Existem ainda situações em que os idosos são explorados não só


financeiramente, mas socialmente também. No trânsito, por exemplo, diz-se que os
idosos não deveriam dirigir automóveis, pois são muito lentos na velocidade com
que dirigem. Outros dizem que essas pessoas não deveriam sair às ruas, pois não
conseguem atravessá-las na velocidade com que o trânsito de pessoas e
automóveis circula. Há jovens que dizem que os idosos não deveriam ir aos caixas
eletrônicos dos bancos, pois não têm a agilidade para manipularem os teclados dos
equipamentos bancários. Todos estes exemplos e outros mais que existem são a
perfeita tradução da exploração social que o idoso sofre no dia-a-dia. De repente a
senilidade se transforma numa espécie de doença contagiosa cujo doente deve ficar
recluso em seu domicílio, ou em muitos casos, numa instituição que possa mantê-lo
longe do convívio social dos jovens (SECHINATO, 2009).

O caso da experimentação em idosos ocorrido no Hospital Israelita de


Doenças Crônicas em New York, entre 1963, demonstra claramente a
vulnerabilidade a que as pessoas, em particular os idosos, podem estar submetidos
quando institucionalizados. A institucionalização tira grande parte do poder de
autonomia de uma pessoa e ela não tem as condições de se colocar contrária a
determinados procedimentos que são realizados nas instituições. O clássico

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
32

exemplo reside no horário do banho de muitos hospitais brasileiros em que, a


despeito dos hábitos da pessoa, o banho sempre ocorre no período da manhã. Os
idosos se submetem a essa norma por não terem condições de exigir o contrário e
não há a discussão se a norma infringe ou não o direito da pessoa manter o seu
ritmo diário.

No processo de vulnerabilização do idoso, eles acabam se submetendo


também às pesquisas científicas, principalmente se o pesquisador não toma o
cuidado de garantir o respeito à autonomia do indivíduo em decidir se participará ou
não do estudo. O envelhecimento na atualidade é encarado como um problema
sério e se estimula um modo de postergar esse fenômeno natural através do
financiamento de pesquisas nesse campo. Não raramente, utilizam-se idosos como
sujeitos da pesquisa para que se possa compreender esse fenômeno e assim propor
terapêuticas de tal modo que os grupos de idosos são incluídos nos estudos
experimentais.

Em 1996, o Conselho Nacional de Saúde, preocupado com as pesquisas


envolvendo não somente os idosos, mas todos os seres humanos, emitiu a
resolução nº 196/96 que normalizou a pesquisa científica envolvendo seres
humanos e criou a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e os Comitês
de Ética em Pesquisa (CEP). Por esse documento, toda pesquisa que se faça com
seres humanos deve ser precedida pela análise do projeto por um CEP ou, em
casos específicos, pela análise da CONEP. Tais instituições acabaram se
transformando em guardiões dos sujeitos da pesquisa ao exigirem que os indivíduos
que participem de pesquisas deem seu consentimento de forma livre e após os
devidos esclarecimentos pertinentes à pesquisa, além de protegerem os grupos
vulneráveis e os legalmente incapazes, tratando-os dignamente, respeitando a sua
autonomia e defendendo sua vulnerabilidade. Ocorre que os idosos, com bastante
frequência, constituem um grupo vulnerável e cabe aos CEPs e à CONEP a defesa
de tais indivíduos.

Sardenberg et al. (1999; 2002) confirmam o dito: que durante muito tempo
questionou-se como exigir do pesquisador a submissão de seu projeto a um CEP e
desta forma propiciar a defesa dos vulneráveis. A solução veio através da

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
33

fundamentação da resolução CNS nº 196/96 em leis já existentes no Brasil e


internacionalmente e mais recentemente um grande número de periódicos (número
que cresce com o passar do tempo) tem exigido a declaração dos comitês de que o
projeto foi previamente analisado e aprovado para a publicação dos artigos
científicos.

Desta forma, a ponderação sobre os riscos e benefícios de uma pesquisa


envolvendo idosos e a avaliação prévia do projeto de pesquisa por um comitê
independente se tornaram obrigatórias.

Deve-se admitir que o envelhecimento é um fato da história natural do ser


humano e a população nessa faixa etária tende a crescer cada vez mais. Torna-se
necessário identificar a vulnerabilidade a que esse grupo está sujeito, informá-lo
devidamente sobre essa característica e propiciar a eles o direito de serem
protegidos e viverem condignamente.

Não se pode, em nome da proteção contra a vulnerabilidade, vulnerabilizar o


indivíduo agindo por ele e retirando o seu poder de autonomia, daí a necessidade da
comunicação e do consentimento dessa pessoa para que possa agir. É necessário
que se transforme a imagem do idoso como aquele velho doente, acamado,
semimorto ou morto socialmente muitas vezes, necessitando de auxílio, na imagem
de uma pessoa viva, com muita experiência de vida e que pode adoecer e
necessitará de cuidados específicos para o alívio do sofrimento, sendo possível até
a cura em determinadas doenças que o acometa, mas que invariavelmente
encontra-se bastante próximo do fim inexorável de todo ser humano, a morte.

É necessário que os profissionais da saúde se conscientizem da função


primordial de sua profissão, aliviar sofrimentos, não somente dos jovens, mas
também dos idosos, e desempenhem o papel de protetores da dignidade da vida em
um mundo em que se desconsidera cada vez mais esse valor naqueles que já
viveram toda uma vida (SECHINATO, 2009).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
34

UNIDADE 5 – IDOSO, FAMÍLIA E SOCIEDADE

A todo o momento vemos a constatação de que o envelhecimento da


população é um fenômeno mundial que teve início nos países em desenvolvimento,
em decorrência do aumento da expectativa de vida e diminuição dos índices de
mortalidade da população, o que foi devido por unanimidade dos pesquisadores
consultados, ao desenvolvimento do conhecimento científico de saúde, saneamento
básico adequado, melhoria das condições nutricionais, elevação dos níveis de
higiene pessoal e ambiental tanto em residências como no trabalho, assim como em
decorrência dos avanços tecnológicos.

Em países em desenvolvimento como o Brasil, o aumento da expectativa de


vida tem sido evidenciado pelos avanços tecnológicos relacionados à área de saúde.
O surgimento dos imunobiológicos, o uso de antibióticos e quimioterápicos tornou
possível a prevenção ou cura de muitas doenças (MENICALLI et al., 2009).

Concomitante a esses fatores, a queda de fecundidade, a partir da década


de 1960, permitiu a ocorrência de uma grande explosão demográfica da população
idosa em todo país.

No Brasil, estima-se que nas próximas duas décadas, a população de idosos


poderá alcançar e até mesmo ultrapassar a cifra dos 30 milhões de pessoas, o que
representará aproximadamente 13% de toda a população brasileira. Mais uma vez
encontramos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informações
de que a população com essa faixa etária deve passar de 14,9 milhões (7,4% do
total), em 2013, para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060. No período, a
expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75 anos para 81
anos.

De acordo com o IBGE, as mulheres continuarão vivendo mais do que os


homens. Em 2060, a expectativa de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,03 dos
homens. Hoje, elas vivem, em média, até os 78,5 anos, enquanto eles, até os 71,5
anos.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
35

Com o aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade, o


cenário epidemiológico demográfico brasileiro mudou-se rapidamente; deixamos de
ser um “país de jovens” e não obstante, o crescimento do quantitativo de idosos e de
sua sobrevida traga a consciência da existência da velhice como uma questão
social, que deve ser relevante, está diretamente relacionada com a crise de
identidade, mudança de papéis, aposentadoria, perdas diversas e diminuição dos
contatos sociais.

Todos os seres vivos são regidos por um determinismo biológico e sendo


assim, o envelhecimento está relacionado a processos que implicam na diminuição
gradativa da possibilidade de sobrevivência, acompanhada por alterações na
aparência, no comportamento, na experiência e nos papéis sociais.

Diante dessa visão, o envelhecimento deve ser entendido como parte


integrante e fundamental no curso de vida de cada pessoa, sendo durante essa fase
que surgem experiências e características próprias e peculiares, resultantes da
trajetória de vida, na qual umas têm maior dimensão e complexidade que outras,
integrando assim a formação do indivíduo idoso. As tensões psicológicas e sociais
podem antecipar as deteriorações associadas ao processo de envelhecimento.

É nesse contexto de mudanças que o idoso vive e convive. É dentro dessa


realidade que ele terá de adaptar-se. O binômio longevidade e aumento da
população idosa estabelecerá, em breve, que a maneira como o ser idoso tem sido
tratado terá de sofrer profundas modificações. Porém, é necessário que
conheçamos as alterações sociais que comprometem o idoso e como ele tem sido
considerado hoje, no contexto social, para nos conscientizarmos, cada vez mais, da
necessidade e importância de uma mudança radical da sociedade quanto à visão e
postura em relação a ele.

Para cumprir com esse propósito, cabe discussão sobre os aspectos


relacionados com a aposentadoria, ambiente familiar, relações sociais, violência,
política do idoso no Brasil, assim como a morte e o morrer por serem temas que
fazem parte da realidade do dia-a-dia da vida do idoso.

Todas essas questões podem ser didaticamente agrupadas nas suas


relações com a família e com a sociedade.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
36

5.1 A chegada da aposentadoria

Um dos fatores que podem deteriorar tensões psicológicas e sociais no


idoso é a chegada da aposentadoria, momento em que o indivíduo se afasta da vida
produtiva. O afastamento do trabalho, muitas vezes, acontece como uma
descontinuidade. Há uma ruptura com o passado, portanto, o idoso deve ajustar-se
a uma nova condição que lhe traz certas vantagens, como o descanso, lazer, mas
também graves desvantagens como desvalorização e desqualificação (MENICALLI
et al., 2009).

Com a aposentadoria, frequentemente se percebe um rompimento das


relações sociais com outras pessoas com as quais o indivíduo conviveu durante
muitos anos. Ocorrem, ainda, na maioria das vezes, uma redução salarial
considerável e a falta de atividades alternativas fora do ambiente de trabalho.

Considera-se a aposentadoria um rito de passagem para a velhice,


acentuando sua vinculação à terceira idade, numa sociedade de consumo, na qual
apenas o novo é cultuado como fonte da renovação, do desejo, da posse
(PACHECO, 2005).

Socialmente, pode-se inferir, portanto, que a pessoa é definida como idosa a


partir do momento em que deixa o mercado de trabalho, isto é, quando se aposenta
e deixa de ser economicamente ativa. A sociedade atribui aos aposentados o rótulo
de improdutivos e inativos.

Como se pode perceber, o processo de aposentadoria é complexo e


envolvente, pois pode levar a pessoa à condição de “sujeito inábil”, improdutivo,
comprometendo sua saúde física, mental, emocional e social (OLIVEIRA,
FARINELLI, 2008).

Nos dias atuais, um maior número de idosos aposentados permanece


desenvolvendo suas atividades produtivas. Não deixam de exercer seu trabalho,
mesmo após a aposentadoria.

Em termos de população economicamente ativa, os idosos ainda hoje


contribuem em muito para a renda familiar, o que pode ser uma via de mão dupla,

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
37

pois alguns que esperavam descansar ou usar esse momento para lazer precisam
contribuir para o sustento das famílias.

Apresentar uma conclusão sobre a participação do aposentado no mercado


de trabalho é uma tarefa complexa, porém percebe-se que é inexorável a presença
do idoso no mercado de trabalho, sendo ele aposentado ou não. Nos dias atuais,
sua contribuição no rendimento familiar é significativa, contribuindo na alimentação,
saúde, educação e lazer para as gerações vindouras.

5.2 Ambiente familiar

O bem-estar psicológico desse grupo etário está muito associado a sua


satisfação em relação ao seu ambiente familiar. De maneira geral, os idosos sentem
a necessidade da família.

Ao longo do tempo, eles se apegam de uma forma muito especial a sua


casa, criando um sistema de espaço que é essencial ao seu cotidiano. É o ambiente
onde se forma o conceito de família que tem sofrido grandes alterações.

Antigamente, a família era extensa, na qual convivia no mesmo espaço


várias gerações, tais como os avôs, filhos e netos. O idoso não era completamente
afastado do trabalho permanecendo útil e ativo. Eram o idoso e a família. Durante
muito tempo, as famílias ocuparam-se dos seus familiares idosos, sem apoio por
parte das entidades ou instituições públicas.

Apesar de a velhice ser um processo fisiológico e não uma doença,


essencialmente nos idosos mais velhos, a necessidade de ajuda começa a ser uma
constante. A rede familiar, desde que existe, é a primeira à qual se recorre, pois
continua a ter um papel importante como suporte no apoio às pessoas idosas. É no
próprio cônjuge e na família que os idosos procuram apoio para resolver as suas
necessidades e problemas.

Como principal grupo social, a família surge como suporte social, sendo
primordial na satisfação das necessidades do idoso e local privilegiado de
solidariedade, acolhimento, de troca afetiva e material.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
38

Com a evolução das sociedades, a família também está mudando os seus


hábitos diários, não tendo muito tempo para dedicar aos idosos, os quais estão
conscientes de que os seus familiares não têm disponibilidade para lhes prestar
apoio, tentando mesmo desculpá-los, justificando que não é por falta de vontade ou
afeto, mas pela exigência da atividade profissional.

Em todas as fases da vida, a família exerce uma importância fundamental no


fortalecimento das relações, embora muitas vezes, a família tenha dificuldades de
aceitar e entender o envelhecimento de um ente, tornando o relacionamento familiar
mais difícil (MENDES et al., 2005).

Com a chegada da terceira idade, o idoso perde a posição de comando e


decisão que estava acostumado a exercer. As relações entre pais e filhos
modificam-se de forma acentuada e, consequentemente, as pessoas idosas tornam-
se cada vez mais dependentes, ocorre uma inversão de papéis. Os filhos
geralmente passam a ter responsabilidade pelos pais, mas em algumas vezes se
esquecem de uma das mais importantes necessidades dos idosos: a de serem
ouvidos.

Os pais, muitas vezes, quando manifestam a vontade de dialogar, percebem


que os filhos não têm tempo de escutar as suas preocupações.

O ambiente familiar pode determinar, portanto, as características e o


comportamento do idoso. Assim, a família suficientemente equilibrada, na qual
predomina uma atmosfera saudável e harmoniosa entre as pessoas, possibilita o
crescimento de todos, inclusive do idoso, pois todos possuem funções, papéis,
lugares e posições, assim como as diferenças de cada um são respeitadas e
levadas em consideração. Contudo, as famílias que convivem em um ambiente de
desarmonia, com falta de respeito entre seus membros e não reconhecimento de
seus limites, o relacionamento é conturbado e com frustrações, com indivíduos
deprimidos e agressivos.

Essas características promovem retrocesso na vida das pessoas. O idoso


torna-se isolado socialmente e com medo de cometer erros e ser punido.

Reconhece-se que para cada família o envelhecimento assume diferentes


valores que, dentro de suas peculiaridades, pode apresentar tanto aspectos de
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
39

satisfação como de insatisfação. Diante de todos esses aspectos, pode-se inferir


que a família representa um fator que influencia significativamente a segurança
emocional dos idosos, podendo, portanto, contribuir ou não para um envelhecer
saudável (MENDES et al., 2005). A família deve ser fonte de apoio afetivo e social
no envelhecimento de seus membros.

Na realidade brasileira, embora esteja diminuindo, tem-se a convivência de


várias gerações compartilhando o mesmo espaço do lar. Há famílias que convivem
com seus idosos, os quais se tornaram cuidadores de seus netos e a sua
aposentadoria é fonte de sustento e manutenção do sistema familiar.

Esse contexto familiar mencionado anteriormente reflete o sentido de


pertencimento que deve permear a relação do idoso com os demais membros da
família, por meio do respeito às diferenças, otimizando o tempo presente.

É preciso que a família construa espaços de diálogos entre seus membros


pertencentes, criando redes de acolhimento dentro do seu sistema. Esses pontos
são importantes no processo de envelhecimento, pois produzirão sentidos que são
legitimados por meio das conversações dentro da família e na sociedade como um
todo.

5.3 Relações sociais

As sociedades ricas, de primeiro mundo, encaram o idoso de maneira


bastante prática e objetiva. Ele recebe nessas sociedades todos os seus direitos, e
têm bem nítidos os seus limites. Em determinados países há clara tendência em
aproveitá-lo inclusive do ponto de vista profissional.

Infelizmente, sociedades pobres como a nossa tendem a isolar o idoso, não


sendo rara a ideia de considerá-lo inútil, um verdadeiro peso morto. A exagerada
valorização da juventude, tão própria da sociedade moderna, contribui muito para
piorar o conceito de idoso em nosso meio. A Saúde Pública e a Previdência Social
não estão estruturadas para cuidar de maneira eficiente dele (MENICALLI et al.,
2009).

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
40

A pobreza e a miséria colocam grande parte de nossa sociedade muito


afastada de qualquer benefício trazido pelo mundo moderno. Tudo isso coloca uma
carga muito negativa sobre o idoso em nosso meio, dificultando muito a sua
situação.

A sociedade brasileira ainda não teve tempo de se adaptar às grandes


mudanças ocorridas, e o idoso ainda está longe de se sentir integrado a tais
mudanças.

A nossa autoapreciação recebe então influências das características


psicológicas individuais e, evidentemente, das pressões sociais: como se sentir
diante de si mesmo, ou diante da apreciação dos outros? Qual a repercussão sobre
uma pessoa saudável e ativa, com 75 anos de idade, que se vê absolutamente
rejeitada? Se essa situação ocorre com indivíduo já com tendência a ser triste,
deprimido e que possui poucos conhecimentos sobre suas características
psicológicas, a resposta a esta pergunta é negativa, com provável piora de seu
sofrimento.

Essa mesma situação diante de pessoa que possua espírito alegre gera,
sem dúvida, menores repercussões negativas. Se ocorrer uma doença em uma
pessoa com tendência à tristeza, esta, sem dúvida, irá sofrer muito mais.

O convívio em sociedade permite a troca de carinho, experiências, ideias,


sentimentos, conhecimentos, dúvidas, além de uma troca permanente de afeto.
Outros aspectos importantes consistem na estimulação do pensar, fazer, dar, trocar,
reformular e aprender. Os idosos necessitam estar inserido em atividades que os
façam sentirem-se úteis.

Mesmo quando possuem boas condições financeiras, eles devem estar


envolvidos em atividades que lhe proporcionem prazer e felicidade. A atividade em
grupo é uma forma de manter os indivíduos engajados socialmente, na qual a
relação com outras pessoas contribui significativamente em sua qualidade de vida.
Ter vontade de participar do grupo para usufruir dele também ajuda a tornar sua vida
mais satisfatória e, nesse sentido, a capacidade de interagir socialmente é de
extrema relevância para o desenvolvimento saudável do idoso, a fim de que ele
possa conquistar e manter apoio social e garantir melhor qualidade de vida.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
41

5.4 A violência

Vamos entrar num campo extremamente delicado e, digamos, que sucinta


muito além de pena e tristeza. Nos remete a respeito, algo que buscamos a todo
momento, portanto, que os idosos sejam sempre, muito respeitados por todos nós.
Se não for por merecimento, porque nós todos um dia, se a saúde permitir, seremos
idosos, estaremos exatamente no lugar deles.

Um dos grandes desafios na década de 1990, quando se iniciaram os


estudos internacionais mais sistematizados sobre violência contra os idosos, foi a
questão da terminologia.

Podemos encontrar na literatura várias definições, mas adotamos a definição


da organização inglesa Action on Elder Abuse (1995), que vem sendo utilizada
atualmente por consenso internacional de todos os países participantes da Rede
Internacional de Prevenção contra os Maus-Tratos em Idosos (INPEA), e endossada
pela Organização Mundial de Saúde.

Segundo a OMS, maus-tratos e negligência constituem uma ação única ou


repetida, ou ainda a ausência de uma ação devida, que causa sofrimento ou
angústia, e que ocorre em uma relação em que haja expectativa de confiança.

Segundo Bennet et al. (1997 apud MENICALLI et al., 2009) a maior parte
dos autores classifica a violência contra os idosos em maus-tratos físicos,
psicológicos, financeiros, abuso sexual e negligência:

1. Maus-tratos físicos: uso de força física que pode produzir lesão, ferida, dor
ou incapacidade.

2. Maus-tratos psicológicos: ação de infligir pena, dor ou angústia através de


expressões verbais ou não verbais.

3. Abuso financeiro ou material: exploração imprópria ou ilegal e/ou uso não


consentido de recursos financeiros de um idoso.

4. Abuso sexual: contrato sexual não consentido.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
42

5. Negligências: recusa ou falha em exercer responsabilidades no ato de


cuidar do idoso. A negligência pode ser ativa (intencional) ou passiva (sem
intencionalidade).

A violência pode se dar também pelo abandono e o autoabandono:

1. Abandono: ausência ou deserção da pessoa responsável pelo idoso à


prestação dos cuidados necessários.

2. Autoabandono ou autonegligência: conduta de uma pessoa idosa que


ameaça a sua própria saúde ou segurança, com recusa ou fracasso de prover a si
próprio o cuidado adequado.

Ainda, na tentativa de estabelecer consenso, Bennett et al. (1997 apud


MENICALLI et al., 2009) sugerem a proposta de se considerarem os níveis de
violência contra idosos segundo a dimensão de seu alcance:

1. O nível macro refere-se a atitudes abusivas no contexto social. Contempla


a violência estrutural, que vai desde a discriminação contra a idade até pensões e
aposentadorias inadequadas, dificuldade de acesso a serviços sociais e de saúde e
desrespeito em geral aos direitos constitucionais e legais do idoso.

2. O nível médio refere-se a atitudes, condutas e políticas que afetam o


idoso na comunidade, incluindo-se condutas antissociais e o preconceito contra a
velhice, que levam a população idosa a viver situações de marginalização e de
discriminação. Contempla o modo pelo qual o idoso é tratado em geral pela
comunidade, como, por exemplo, os motoristas de ônibus que não param nos
pontos e a violência que ocorre nas instituições de longa permanência.

3. O nível micro diz respeito aos conflitos que ocorrem no âmbito doméstico
entre idosos, seus familiares e cuidadores.

Os maus-tratos manifestam-se em um ou mais níveis, são independentes de


raça, gênero ou classe social e ocorrem nos ambientes onde se encontram os
idosos: em casa, na comunidade, nos centros de convivência, nos centros-dia e nas
instituições de longa permanência. É frequente a ocorrência de várias formas de
maus-tratos concomitantemente, por exemplo, a maus-tratos físicos e psicológicos e
negligência.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
43

A violência contra os idosos é um fenômeno evidente dentro do atual


processo de envelhecimento populacional mundial. Percebe-se que a questão da
violência contra os idosos é pouco considerada pela sociedade em geral e pelos
profissionais de saúde. No Brasil já existe uma política de promoção da saúde dos
idosos e de prevenção à violência, porém ainda não está implementada em sua
totalidade como deveria.

Apesar de o aumento do número de idosos no Brasil ter-se iniciado por volta


dos anos de 1980, a violência contra eles não é um fenômeno recente. Através dos
anos, a sociedade brasileira assimilou uma cultura que tende a separar os indivíduos
velhos, discriminá-los e, real ou simbolicamente, desejar sua morte, considerando-os
ainda descartáveis e um peso para a sociedade (MINAYO, 2000).

Em geral, o idoso, vítima de violência, sente-se permanentemente


ameaçado, sendo incapaz de se defender e garantir sua segurança. Além disso,
muitos desses idosos desconhecem os serviços de assistência e proteção contra
violência e não têm quem os ajude na busca de socorro e, por isso, hesitam em
denunciar seus agressores.

A violência contra os idosos configura-se, portanto, como um grave


problema social e histórico, e que deveria ser foco de atenção para a saúde pública
e demais setores, exigindo destes, maior esforço, no sentido de criar estratégias
para seu enfrentamento.

A violência praticada contra o idoso é inaceitável e os fatores que colaboram


para o crescimento desse fenômeno devem ser combatidos, por meio de políticas
públicas eficientes que visem a desconstruir esse processo no seio da sociedade.

Apesar da complexidade do assunto, qualquer processo de intervenção deve


abranger questões macroestruturais, conjunturais, relacionais e subjetivas, bem
como focalizar a especificidade dos problemas, dos fatores de risco e das
possibilidades de mudança.

Assim, a complexidade da violência, suas diferentes causalidades e formas


de expressão tornam seu enfrentamento um grande desafio, pois exige o
desenvolvimento de ações múltiplas e em diversos planos e espaços da sociedade.
Sendo o ambiente familiar identificado como local privilegiado para a expressão da
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
44

violência contra idosos, ações estratégicas do Programa de Saúde da Família


podem facilitar a identificação e combate da violência no ambiente familiar.

A questão da violência entre os idosos não é um fenômeno novo. Entretanto,


só agora estamos nos despertando e uma das maiores dificuldades ao se trabalhar
com o fenômeno da violência é a sua etiologia e a sua pluricausalidade. O que se
observa, na explosão de violência dos dias atuais em todos os grupos etários e
classes sociais, é a influência de fatores relacionados a problemas macroestruturais,
institucionais, relacionais, políticos e de classe, acarretando um forte sentimento de
insegurança que tende a exacerbar o individualismo, promovendo a exclusão social
e dificultando sentimentos de solidariedade.

Particularmente, no que diz respeito à questão da violência contra idoso,


esses fatores se expressam pela pequena presença de políticas públicas de
assistência social e saúde que atendam às necessidades de uma população idosa
que cresce cada vez mais e que vive número cada vez maior de anos, pelos
problemas sociais e econômicos que afetam a grande maioria das famílias
brasileiras, para as quais os membros mais velhos constituem mais um peso que
uma satisfação, e pelo despreparo dos profissionais da saúde e do social para lidar
com situações de abusos contra idosos (MACHADO; QUEIRÓZ, 2006).

Para o equacionamento dessa difícil situação, torna-se necessária uma ação


conjugada do Estado, da sociedade civil e das comunidades, a partir da sua
sensibilização para gravidade do problema.

No Brasil, em 1994, após longos anos de cobrança de instituições da


sociedade civil, o governo federal promulgou a Lei Federal nº 8.842/94, que dispõe
sobre a Política Nacional do Idoso, política essa que foi regulamentada em 1996.

Por essa lei ficam definidos os direitos do idoso e as responsabilidades dos


governos em níveis federal, estadual e municipal, no seu atendimento. É ressalvada
também a responsabilidade da família e da sociedade no cumprimento da
legislação.

Segundo Machado e Queiróz (2006), lamentavelmente, embora tenha sido


aprovada e regulamentada, poucas mudanças foram efetivamente promovidas. Por
exemplo, a despeito do documento que lhes dá direito ao transporte gratuito, eles
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
45

passaram a ser vítima de abusos por parte dos motoristas de ônibus e mesmo de
passageiros mais jovens. Com certeza, sem um trabalho educativo de divulgação,
discussão e interpretação, uma lei não chega a mudar comportamentos. Denúncias
de violência contra idosos, formuladas por alguns órgãos de direitos humanos e
veiculadas pela mídia determinaram o surgimento de organizações governamentais
e não governamentais com o propósito de prevenir os abusos contra idosos. Foram
criadas assim Delegacias do Idoso, Promotorias de Defesa dos Direitos do Idoso,
núcleo e grupos de estudo sobre a questão da violência contra idosos, com objetivos
comuns de:

1. Informar e conscientizar a sociedade sobre a questão dos maus-tratos.

2. Promover treinamentos para profissionais que atuam na área da


gerontologia, para identificação, tratamento e prevenção da violência.

3. Defender idosos que sofreram maus-tratos.

4. Estimular pesquisas sobre a questão da violência, para conhecer melhor a


extensão e a natureza da violência contra idosos, definindo necessidades e
avaliando a eficácia de modelo de prevenção.

5. Desenvolver programas educativos para idosos que possibilitem o


desenvolvimento de sua capacidade de autocuidado, ajuda mútua, bem como a
defesa do direito de autodeterminação.

6. Estimular políticas públicas de prevenção de violência que competem


serviços adequados para dar apoio a adultos vulneráveis, promovendo a coesão
familiar e a solidariedade intergeracional.

É importante destacar um passo significativo que foi dado em 2003, com a


aprovação do Estatuto do Idoso, cujo objetivo é garantir o respeito aos direitos dos
idosos. Além de reforçar os direitos garantidos pela Lei nº 8.842, o estatuto
determina sanções e penalidades em caso de não cumprimento da legislação.

Objetivamente, é bastante importante que sejam constatadas as situações


de maus-tratos. Temos abaixo alguns indicadores que caracterizam maus-tratos ou
negligência:

 perda de peso;

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
46

 desnutrição;

 desidratação;

 palidez;

 olheiras;

 marcas, hematomas, queimaduras;

 lacerações, escaras, feridas;

 presença de úlceras de pressão;

 pouca higiene;

 falta ou má conservação de próteses (afastada a hipótese de ausência de


condição financeira);

 vestimenta descuidada;

 administração incorreta de medicamentos;

 acidentes inexplicáveis;

 lesões recorrentes e inexplicáveis;

 uso errado de medicação;

 demora entre o aparecimento da lesão/doença e a busca de assistência


médica;

 história do idoso diferente da história do cuidador.

Indicadores no comportamento dos idosos:

 passividade, retraimento;

 tristeza, desesperança;

 depressão;

 ansiedade, agitação, medo;

 medo de falar livremente;

 imposição de isolamento físico ou social;

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
47

 afastamento e evitação de contato físico e verbal com o cuidador.

Finalmente, é preciso mencionar que os estudos até agora realizados já


apontam a violência no Brasil como um novo problema de saúde pública. Nesse
quadro geral, os maus-tratos e a negligência contra os idosos constituem um grave
problema, ainda não evidenciado e diagnosticado em toda a sua extensão,
sobretudo no âmbito familiar e institucional, merecendo, portanto, maior atenção dos
órgãos governamentais e não governamentais.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
48

UNIDADE 6 – RELACIONAMENTO CUIDADOR-IDOSO

Manter os idosos menos dependentes e ter familiares que possam cuidar


dos seus idosos parece ser uma boa estratégia para lidar com o custo do
envelhecimento. Segundo Caldas (2005), a dependência de um indivíduo é
caracterizada pela incapacidade de realizar as atividades básicas da vida. A
dependência é constituída por um somatório de incapacidades e necessidades dos
indivíduos, sendo que estes podem ser modificados se houver condições e
assistência adequadas.

As atividades básicas de vida diária são representadas por alimentar-se,


vestir-se, controlar os esfíncteres, banhar-se e locomover-se por conta própria. As
atividades instrumentais de vida diária são realizar compras, tarefas domésticas,
administrar medicações ou manusear dinheiro. As atividades avançadas de vida
diária referem-se à automotivação para o trabalho, atividades de lazer, contatos
sociais e exercícios físicos. A não realização dessas atividades pelo idoso pode ser
representada por diversos graus de dependência, como independente, leve, parcial
ou total.

Duca, Silva & Hallal (2009) constataram que 26,8% dos idosos de uma
pesquisa realizada no município de Pelotas (RS) necessitavam de cuidados para
atividades básicas de vida diária, ou seja, tinham um grau de dependência parcial e,
portanto, os cuidadores os ajudavam a realizar tais atividades. O cuidador de idoso é
alguém, familiar ou não, que oferece assistência e tem a responsabilidade pelo
cuidado regular ao idoso.

Ainda segundo Leme (2006), o cuidador pode ser formal (profissional) ou


informal (familiares e amigos).

6.1 O cuidador e o cuidado

O “cuidar” é uma dimensão ontológica do ser humano. Para entender o ser


humano e suas ações, é necessário nos basearmos no indivíduo cuidador do idoso,
pois seus valores, atitudes e comportamentos no cotidiano expressam

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
49

constantemente a preocupação com o (idoso) cuidado (ALBUQUERQUE, 2001).


Nesse sentido, o cuidado é uma forma de “ser-no-mundo” (BOFF, 1999). Como tal, o
cuidar implica não apenas uma função, tarefa ou atividade, mas possui valor
substantivo que traz em si uma alteridade que envolve respeito, sacralidade,
reciprocidade e complementaridade.

Este ato, cuidar, é comum a todas as culturas, embora suas formas de


expressão possam ser as mais variadas. Se buscarmos um ponto em comum a
todos os povos, quanto ao contexto em que ocorre o cuidar, verificaremos que este
parece ser a família. Esta instituição é quem tem se colocado de forma mais efetiva
para executar o cuidado com o (seu) idoso, ou quando não o faz diretamente,
assumindo a responsabilidade pela decisão do ato de institucionalizar este cuidado,
repassa a tarefa a outro agente social, diante desta dificuldade e/ou impossibilidade
de fazê-lo.

Constatado o aumento da população idosa, por conseguinte, é possível


verificar também uma aceleração da dependência do idoso, com considerável
proporção destes indivíduos demandando ajuda para realizar as tarefas diárias
ligadas a sua sobrevivência, implicando necessidade de companhia para os arranjos
domiciliares. Isso demanda a presença de um acompanhante, seja ele da família ou
não, para garantir sua integridade física e/ou, psíquica.

Embora o cuidar, ao longo da história do ser humano e nas diversas culturas


tenha esteio na família, nem sempre estas estão aptas para esse cuidado, assim, é
preciso instrumentalizar as famílias para assumir tais responsabilidades.

Em sua essência, o ato do cuidar está contido em uma relação de obrigação


e de responsabilidade para com a pessoa dependente e nas relações de
proximidade e intimidade que a situação envolve. Esse papel se baseia em questões
sociais de parentesco, gênero e idade, sendo o ato de desempenhar o papel de
cuidador uma norma social influenciada pelos eventos socioculturais vivenciados.
Assim, o sentimento de cumprimento de normas sociais – tais como reciprocidade e
dever moral – e a necessidade de autopreservação, na busca por se evitar
sentimentos de culpa, além da relação de empatia e ligação afetiva entre os

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
50

indivíduos, são alguns dos fatores que levam um adulto a cuidar de alguém idoso
(ASSIS; HARTZ; VALLA, 2004).

Estando a tarefa do cuidar baseada em expectativas sociais, desempenhá-la


bem pode significar reconhecimento social, melhora na autoestima e no senso de
realização pessoal do cuidador. Esta afirmativa fica evidenciada quando a reflexão
se dá num contexto que considera os arranjos domiciliares que se instituem no
sentido de referendar a necessidade em realizar o que se espera da família no
cuidado com seu idoso.

Em outras palavras, como a família, como um todo, cuida do seu idoso?


Como ocorrem os arranjos intergeracionais visando a atender a esta demanda? A
qual(is) membro(s) da família cabe, ou por qual(is) membro(s) da família é assumida
essa incumbência? Numa resposta geral a essas questões, verificamos em vários
estudos a participação, única ou coletiva, de filho(a) e/ou, neto(a) nessa atividade.

Cumprindo a tarefa do cuidar, o cuidador passa, ou poderia passar, a sentir-


se bem porque consegue fazer aquilo que se esperava dele em determinado
momento de sua vida. No entanto, quando a tarefa perdura por muito tempo ou
exige recursos de que ele, cuidador, não dispõe, este passa a sentir-se
sobrecarregado. O indivíduo começa então a não mais perceber os aspectos
positivos envolvidos nessa relação, na atividade de cuidar, e passa a achar que está
somente “dando” e nada recebendo em “troca”, ou mesmo que aquilo que “recebe” é
pouco se comparado à “doação” que realiza (NERI, 1993).

Esses sentimentos de sobrecarregamento e, ao mesmo tempo, sentir-se


pouco recompensado podem instaurar conflitos no grupo social, distanciando o
compromisso familiar do cuidar e das necessidades individuais de cada membro
familiar, pois nem sempre o ato de cuidar permeia ou permite a liberdade de decidir
como, quando e quem é o responsável por fazê-lo.

6.2 O ato de cuidar

Dentre as diferentes tarefas de cuidados, têm-se grande variação quanto ao


que se exige do cuidador, considerando o esforço físico e mental exigido para sua

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
51

execução. Algumas dessas tarefas podem ser exercidas apenas por uma única
pessoa, enquanto outras podem requerer a ajuda de terceiros ou mesmo de
equipamentos específicos.

De acordo com a periodicidade, tarefas também podem ser classificadas


dentre as que são realizadas diariamente, por exemplo, as relativas a cuidados
pessoais, e as que são realizadas esporadicamente, como o ato de levar o idoso a
um médico (MAFRA, 2011).

Deve-se considerar, ainda, que para cada tipo de tarefa há uma demanda
específica e, consequentemente, uma diferente percepção quanto ao ônus, a qual
pode ser conflituosa devido ao exercício concomitante de papéis familiares e
profissionais pelo cuidador (LEBRÃO; DUARTE, 2006).

Em um estudo realizado pelo município de São Paulo, Estudo Longitudinal


das Condições de Vida e Saúde das Pessoas Idosas do Município de São Paulo
(SABE), verificou-se que a cada atividade instrumental ou básica da vida diária,
evidenciava-se claramente a ausência de autonomia que a família ou o indivíduo
cuidador tem para decidir como, quando e quem subsidiará a realização de cada
atividade para com o idoso.

Por isso se faz premente realizar estudos na busca pela geração de


informações concisas sobre como os envolvidos nesse processo podem administrar
seu cotidiano individual e familiar no exercício do cuidar ou na decisão do transferir a
responsabilidade do cuidado do idoso.

Quatro elementos percebidos como dificuldades inerentes à tarefa do cuidar


são evidenciados como a seguir:

a) acarretam ônus físico e financeiro, o que tende a se agravar com a


evolução da doença do idoso.

b) não disponibilidade de informações suficientes para exercer o ato do


cuidar, além da existência de poucos recursos sociais de apoio e da escassez de
profissionais especializados para dar suporte e poucas fontes de apoio emocional.

c) a tarefa de cuidar rivaliza com o trabalho profissional ou mesmo com o


papel familiar desempenhado anteriormente pelos cuidadores.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
52

d) a dinâmica “cuidar-ser-cuidado” pode fazer aflorar sentimentos negativos


antigos que estavam guardados, tornando a situação de difícil manejo (NERI;
SOMMERHALDER, 2002).

A percepção do cuidador sobre o quanto estas tarefas estão afetando sua


vida e sua rotina diária impõe consequências diretas sobre estas atividades, visto as
avaliações subjetivas serem importantes determinantes da qualidade do cuidado
proporcionado ao idoso. Por exemplo, cuidadores que se sentem sobrecarregados,
injustiçados e/ou acumulando funções de mãe/pai, profissional e esposa/esposo
tendem a desempenhar funções aquém de suas capacidades.

Percebe-se que as demandas do cuidado atravessam os limites do esforço


físico, mental, psicológico, social e econômico. Quando a família e o indivíduo não
conseguem encontrar alternativas viáveis, ou quando as habilidades e os recursos
pessoais e familiares são insuficientes para o manejo desta situação, há uma forte
tendência para que ocorra desorganização, desestruturação, trazendo
consequências negativas para todas as partes envolvidas – cuidador, idoso e
família.

A forma como a família e o cuidador em particular avaliam e manejam essa


situação potencialmente conflituosa depende de muitos fatores. Dentre esses
fatores, evidencia-se a existência de redes de apoio formais e informais e os
recursos pessoais do cuidador. Nesses fatores também se incluem os
conhecimentos e as habilidades para cuidar, as estratégias de enfrentamento, o
significado do cuidar, a capacidade de manejo de situações estressantes, a forma de
buscar conforto emocional, a religiosidade, a história do relacionamento com o idoso
e a forma de encarar desafios e situações novas (VIEIRA, 1996).

Como se pode observar, o contexto do “cuidar” é bastante complexo,


envolvendo diversas variáveis, incluindo os aspectos positivos associados ao
cumprimento das tarefas e da execução do papel de cuidar. Para poder prestar uma
assistência efetiva e adequada aos cuidadores, tem-se a necessidade de considerar
todos os componentes envolvidos, incluindo as diferentes variáveis associadas a
este processo e sua elevada importância, de maneira a não criar distorções que

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
53

possam estabelecer preconceitos sobre a velhice e o cuidar neste novo campo da


pesquisa científica.

Dentre as distorções a serem evitadas, é preciso inicialmente desconsiderar


do contexto das pesquisas a visão errônea apontando a relação “cuidador-cuidado”
somente como fonte de experiências negativas na dimensão física e emocional do
cuidador e de que tais vivências sejam uma consequência direta e necessária da
dependência do idoso (MAFRA, 2011).

6.3 A qualidade de vida dos cuidadores

As tarefas atribuídas ao cuidador do idoso – muitas vezes sem orientação


adequada e o suporte das instituições de saúde – e alterações das rotinas e o tempo
despendido no cuidado podem afetar sua qualidade de vida (KARSCH, 2004).

Em 1999, quando da promulgação da Política Nacional de Saúde do Idoso


(PNSI), foi recomendado que os cuidadores também deveriam receber cuidados
especiais, considerando que a tarefa de cuidar de um idoso dependente é
desgastante e implica riscos de tornar doente e igualmente dependente o cuidador
(BRASIL, 2001).

Tendo em vista os impactos que o cuidar de um idoso dependente acarreta


sobre o cuidador, é de se esperar que a qualidade de vida deste seja afetada
negativamente por tais circunstâncias. No entanto, essas necessidades de saúde
dos cuidadores, mesmo reconhecidas pelos programas de saúde do idoso, são
frequentemente negligenciadas pelos serviços de saúde (VITALINO; YOUNG;
RUSSO, 1991 apud MAFRA, 2011).

Avaliando estas questões, temos como causas do cenário do cuidador


doméstico modificações decorrentes de mudanças sociais, históricas e políticas, tais
como:

a) aumento no número de separações, divórcios e novas uniões, o que


poderá acarretar, no futuro, um grande número de idosos sozinhos ou com
estruturas familiares complexas que dificultem a identificação do cuidador e a
organização do cuidado por este prestado.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
54

b) instabilidade do mercado de trabalho e movimentos migratórios nacionais


e internacionais em busca de oportunidades de trabalho, levando muitas pessoas a
envelhecerem sem a presença de seus filhos por perto.

c) participação crescente da mulher no mercado de trabalho, o que modifica


sua condição de cuidadora em razão dos serviços que habitualmente realiza no
domicílio (KARSCH, 2004).

Neste sentido, diferentes estudos evidenciam que mais pesquisas precisam


ser desenvolvidas para compreender de forma mais clara o contexto e o cotidiano do
indivíduo cuidado e do seu cuidador, a fim de se reduzir o estresse dentro do
processo de tomada de decisão na família diante do processo do envelhecimento
(MAFRA, 2011).

Em se tratando da questão do cuidador de idosos na saúde pública essa é


mais séria ainda, tanto que a saúde do idoso despertou interesse mundial nas
Assembleias Mundiais de Envelhecimento em Viena (1992) e em Madri. Nesta
última, a Organização Mundial de Saúde propôs a Política de Envelhecimento Ativo,
que preconizou, entre outras medidas, a oferta de treinamento e educação para
acompanhantes de idosos. Seguindo a proposta de Envelhecimento Ativo da OMS,
o Ministério da Saúde lançou, em julho de 2009, o Programa Nacional de Formação
de Cuidadores, tendo como meta treinar uma média de 65 mil cuidadores por 36
escolas técnicas do SUS em todo o país (MOTTA, 2003; BRASIL, 2009).

O reconhecimento do cuidador-familiar é uma forma de gratidão ao idoso


pela dedicação prévia deste à família. Montezuma, Freitas & Monteiro (2008)
apontam que o crescimento pessoal, o senso de autorrealização e o sentimento de
gratificação são benefícios decorrentes do ato de cuidar. Contudo, os cuidadores
podem apresentar sintomas de estresse e menor nível de satisfação em viver,
comparados à população em geral (KARSCH, 2003).

Os sintomas de estresse podem ser representados pela sobrecarga de


trabalho do cuidador em relação ao idoso. Essa sobrecarga é considerada por
Pearlin et al. (1990 apud CARNEIRO; FRANÇA, 2011) como um tipo de estressor
primário, assim como os conflitos familiares e os conflitos entre o cuidado e o
trabalho do cuidador são considerados estressores secundários. Apesar de os

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
55

sentimentos negativos existirem na relação cuidador-idoso, estes podem gerar um


ônus ou não para o cuidador. Este ônus pode acontecer caso o cuidador apresente
baixa resiliência, conflitos e desfuncionalidade em relação ao idoso. Além disso,
fatores como gênero, idade, saúde, ocupação, personalidade do cuidador e a
história do relacionamento cuidador-idoso podem ser considerados como
estressores e interferir também no relacionamento (KARSCH, 2003).

Na tentativa de solucionar a sobrecarga de cuidado, alguns cuidadores


familiares estabelecem uma escala de plantão, na qual aqueles que moram
próximos quanto os que moram longe assumem tarefas para com os idosos
dependentes. Nessa redefinição de papéis e estabelecimento de tempo de
dedicação entre os cuidadores familiares, podem ocorrer conflitos intensos de
relacionamento (BRASIL, 2009).

De acordo com Bengtson et al. (2002 apud CARNEIRO; FRANÇA, 2011), o


conflito faz parte da relação de solidariedade entre pais e filhos, como se fosse sua
extensão. Para esses autores, a solidariedade compreende as dimensões do
relacionamento que podem ser organizadas de forma que exista uma dialética entre
os opostos, tais como intimidade e distância; dependência ou autonomia; integração
e isolamento, havendo a formação de diferentes arranjos de relacionamento
derivados dessas dimensões. Esses conflitos também são observáveis não apenas
entre pais e filhos, mas entre os idosos e seus parceiros cuidadores, que tenham ou
não algum grau de parentesco.

Após o falecimento do cônjuge do idoso, os filhos têm um sentimento de


obrigação filial pelo idoso, com base em sentimentos de amor. Isto é bastante
observado nos países de culturas coletivistas, como os asiáticos e os latinos. Além
disso, existe uma relação de reciprocidade entre o filho e o idoso, mais do que
propriamente solidariedade. Quando o cuidador filho apresenta dependência
econômica e vive na mesma casa que o idoso, pode ficar estressado,
desencadeando um tipo de conflito como o mau-trato ao idoso. As mulheres
cuidadoras relatam mais ônus no cuidado e quando não assumem o cuidado, podem
ser alvo de conflitos familiares.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
56

Os estudos sobre conflitos interpessoais entre idosos e cuidadores abrem


possibilidades para a adoção de posturas a serem introduzidas na educação
escolar, no trabalho, na família, de forma a reduzir os conflitos. Sobretudo, podem
fornecer dados para estimular uma relação mais harmoniosa entre cuidadores e
idosos.

Dentre esses estudos, destacam-se a pesquisa de Silverstein, Chen & Heller


(1996 apud CARNEIRO; FRANÇA, 2011), revelando que o estado civil do idoso e o
apoio em excesso recebido por ele estavam correlacionados à maior predisposição
para conflitos com seus cuidadores.

Kalmijn (2007 apud CARNEIRO; FRANÇA, 2011) ressaltou que os idosos


que não tinham companheiros recebiam menor apoio dos cuidadores. Ainda
segundo o autor, além do estado civil do idoso, o nível educacional dos cuidadores
poderia influenciar o conflito entre eles.

6.4 As necessidades dos cuidadores


Segundo Portella (2010), quando se pensa na atenção integral ao cuidador
familiar do idoso, é imprescindível o diagnóstico das necessidades dos cuidadores, o
que requer levar em conta que, na identificação das mesmas, há algumas
dificuldades a serem superadas, quais seja:

a) Reconhecimento das necessidades veladas

Muitos cuidadores demonstram certa relutância em comunicar as suas


necessidades aos profissionais, por pensarem não ser aceitável fazê-lo.

Em alguns, podemos observar o constrangimento, pois diante do sofrimento


alheio não querem colocar suas necessidades à frente das necessidades da pessoa
cuidada. Por outro lado, há aqueles que se sentem receosos, pois tais colocações
poderão ser objeto de julgamento, e sua condição de cuidador pode ser interpretada
de modo inadequado. Outros entendem que isto faz parte da vida; é uma situação
“sem saída”, na qual os desgastes e as preocupações são contingências do acaso,
portanto, não podem ser minimizados. Há ainda casos em que as dificuldades ficam
veladas pelo fato de os profissionais de saúde não mencionarem questões

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
57

relevantes acerca do cuidado, como forma de orientação deste cuidador


(PORTELLA; PASQUALOTTI; FORTES, 2006).

b) Variabilidade das necessidades ao longo do continuum do processo


cuidativo

Em circunstância de cronicidade, o processo cuidativo é prolongado e os


cuidadores, ao longo do continuum, enfrentam diferentes momentos de acordo com
o curso da evolução da enfermidade da pessoa cuidada, vivenciando situações em
que ora estão cuidando no domicílio, ora acompanhando o idoso nos períodos de
hospitalização. Acompanhar/cuidar no hospital difere muito no que diz respeito ao
cuidado no domicílio frente às condições estruturais.

Nas instituições hospitalares, mesmo que seja um transtorno para o cuidador


coordenar o andamento doméstico e familiar concomitante ao cuidado, ele tem a
vantagem de contar com a estrutura dos serviços de saúde; por outro lado, no
domicílio, são frequentes os casos em que há indisponibilidade de suporte de apoio,
da parte dos serviços de saúde, da escassez de recursos que advém com o
tratamento prolongado, ou até mesmo da insuficiência ou ausência de familiares
(PORTELLA; PASQUALOTTI; FORTES, 2006; CATTANI; GIRARDON-PERLINI,
2004).

Assim, como principais necessidades dos cuidadores, estudos de Portella


(2010) apontaram necessidades relacionadas à tarefa cuidativa e relacionadas ao
cuidado de si.

a) Relacionadas à tarefa cuidativa

Cuidar de um familiar idoso, mesmo que seja ação entendida como extensão
das atividades domésticas, requer da parte dos cuidadores um planejamento, visto
que a rotina, aos poucos ou bruscamente, é alterada.

O grande desafio neste momento é estar preparado para tal. Os cuidadores


necessitam de treinamento voltado para a realidade de cada caso; carecem de
noções de gestão/administração do cuidado, pois, na maioria das vezes, nem
sequer recebem informações elementares sobre os cuidados ao doente e orientação
sobre o uso da medicação, quiçá contar com o apoio dos profissionais de saúde

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
58

(PORTELLA; PASQUALOTTI; FORTES, 2006; CATTANI; GIRARDON-PERLINI,


2004; AGICH, 2008).

A tarefa de cuidar é vista como uma continuidade da tradição familiar


(PORTELLA; PASQUALOTTI; FORTES, 2006), como retribuição e gratidão; para
alguns pode ser motivos de satisfação, para outros, obrigação (SILVEIRA; CALDAS;
CARNEIRO, 2006; CATTANI; GIRARDON-PERLINI, 2004; AGICH, 2008); e quando
há disfuncionalidade familiar os cuidadores necessitam de apoio na gestão da
comunicação e funcionamento familiar.

b) Relacionadas ao cuidado de si

O tempo absorvido com o cuidado do idoso provoca redução do lazer, do


convívio com a família e os amigos, afeta a vida particular dos cuidadores, assim
uma necessidade imprescindível é o reconhecimento do abandono de si em razão
da sobrecarga de atividade. Estudos confirmam que a exaustão e a doença se
tornam uma incidência inevitável na vida dos cuidadores.

Ter consciência dos seus limites é imperioso para os cuidadores; reconhecer


o momento de pedir ajuda é cogente na relação cuidativa, todavia a interpretação de
tal necessidade, na maioria das vezes, não acontece de modo espontâneo, não é
algo fácil para os mesmos. Coerente com o cuidado de si, trabalhar a sobrecarga
emocional trata-se de uma necessidade elencada nos estudos sobre os cuidadores
de pessoas portadoras de sofrimento psíquico e, na atenção básica, no que diz
respeito aos cuidadores de idosos, estamos falando de uma ocorrência comum
(AGICH, 2008; BORBA et al., 2008).

6.5 Os desafios para enfermagem gerontológica na saúde pública

Sabemos que o fortalecimento da atenção básica tem como finalidade


principal a consolidação e qualificação da Estratégia Saúde da Família (ESF) como
modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das redes de atenção à
saúde do SUS, o que exige profissionais aptos a desenvolver atitudes efetivas e de
impacto na atenção à saúde do idoso (SILVA; BORGES, 2008). Tais atitudes
pressupõem o cuidado integral e humanizado, mas encontramos realidades em que

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
59

o constrangimento avassala as pessoas idosas e/ou seus cuidadores, devido à


cobrança (implícita ou explícita) quanto aos cuidados, não só de membros da família
ou da comunidade, como também dos próprios profissionais de saúde (BRETAS;
YOSHITOME, 2000).

A ESF tem sido de fundamental importância na promoção da saúde familiar,


em especial dos idosos, porque auxilia no controle de uma série de enfermidades, e
também contribui substancialmente na melhoria da qualidade de vida daqueles com
quem interage de forma efetiva.

Apesar dos avanços no que se refere aos princípios norteadores do SUS e


às estratégias propostas, percebemos que ainda se enfrenta uma série de
dificuldades, destacando-se a fragmentação do processo de trabalho e das relações
entre os diferentes profissionais; falta de complementaridade entre rede básica e o
sistema de referência; precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a
dimensão subjetiva nas práticas de atenção.

É fato que a ESF se operacionaliza a partir de uma Unidade Básica de


Saúde cuja localização é o espaço urbano. O contexto rural conta apenas com
suporte dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) nas visitas domiciliares
regulares, que percorrem grandes distâncias geográficas na micro área de atuação
e, muitas vezes, estão despreparados para identificar as situações de risco. Essa
realidade revela maior demanda de tempo – exigência além da capacitação em
função das amplas solicitações demandadas pelo usuário e do confronto com as
misérias humanas cuja solução excede sua compreensão e atuação (PORTELLA,
2010). A convivência com os mais variados problemas da população gera desgaste
do ACS, por vezes, incorrendo no seu adoecimento (WAI; CARVALHO, 2009).

Se pensarmos na enfermagem gerontológica em relação à atenção integral


ao cuidador familiar teremos muitos desafios pela frente, visto ao longo deste
módulo, a complexidade e multidimensionalidade do processo de envelhecimento.

Além de refletir sobre a situação do idoso e seu cuidador, é preciso agir e


implementar propostas educativas/cuidativas a cada contexto e cada região desse
país de dimensões continentais, culturas diferentes e situações econômico-
financeiras muitas vezes indignas.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
60

Fica então a dica para que os futuros gestores de atenção à pessoa idosa
favoreçam a capacitação dos cuidadores, seja no âmbito da saúde pública ou
privada, pois em ambos os campos, eles são extremamente necessários para que
nossos idosos tenham uma vida digna.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
61

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

FREITAS, Elizabete Viana et al. (Org.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

JACOB FILHO, Wilson; KIKUCHI, Elina Lika. Geriatria e Gerontologia Básicas. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2011.

RODRIGUES, Nara Costa; TERRA, Newton Luiz. Gerontologia social para leigos.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.

SILVA, José Vítor da (org.). Saúde do Idoso: processo de envelhecimento sob


múltiplos aspectos. São Paulo: Iátria, 2009.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
AGICH, G.J. Dependência e autonomia na velhice: um modelo ético para o cuidado
de longo prazo. São Paulo: Loyola, Centro Universitário São Camilo; 2008.

ALBUQUERQUE, S.M.R.L. Assistência domiciliar: diferencial na qualidade de vida


do idoso portador de doença crônica. São Paulo: USP, 2001. Dissertação de
Mestrado em Medicina Social.

ASSIS, M.; HARTZ, Z.M.A, VALLA, V.V. Programas de promoção da saúde do


idoso: uma revisão de literatura científica no período de 1990 a 2002. Ciênc Saúd
Coletiva 2004; 3( 9):557-81.

BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Princípios de Ética Biomédica. São Paulo:


Loyola, 2002.

BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano: compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes;
1999.

BORBA, L.O, SCHWARTZ, E, KANTORSKI, L.P. A sobrecarga da família que


convive com a realidade do transtorno mental. Acta paul. enferm. [periódico na
Internet]. 2008. 21(4):588-594. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010321002008000400009&l
ng=pt. doi: 10.1590/S0103-21002008000400009.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196/96, de 10 de outubro de


1996. Cadernos de Ética em pesquisa, Brasília, v.1, n.1, p.34-42, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Promoção da Saúde: Adelaide, Sundsvall, Santa Fé


de Bogotá, declaração de Jacarta, dede de megapaíses e declaração do México.
Brasília: Ministério de Saúde; 2001.
Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
62

BRASIL. Ministério da Saúde. Regulamento do Sistema Único de Saúde. Portaria n.


2.048 abr. 2009. Disponível em:
http://www.revistajuridica.com.br/content/legislacao.asp?id=94151.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Subsecretaria de Assuntos


Administrativos. Coordenação-Geral de Documentação e Informação. Estatuto do
idoso. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

BRÊTAS, A.C.P, YOSHITOME, A.Y. Conversando com quem gosta de cuidar do


idoso no domicilio. In: DUARTE, Y.A.O, DIOGO, M.J.D (org). Atendimento domiciliar:
um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000.

CALDAS, C.P. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas


na família. Cad Saud Públic 2005; 19(3): 733-781.

CAMACHO, Alessandra Conceição Leite Funchal. A gerontologia e a


interdisciplinaridade: aspectos relevantes para a enfermagem. Rev Latino-am
Enfermagem 2002 março-abril; 10(2):229-33. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v10n2/10519.pdf

CAMARANO, A.M. O idoso brasileiro no mercado de trabalho. Texto para discussão


nº 830. Brasília: Oficial, 2001.

CARNEIRO, R.S. et al. Qualidade de vida, apoio social e depressão em idosos:


relação com habilidades sociais. Psicol. Reflex. Crit. vol. 20, n.2f p. 229-237. 2007.

CARNEIRO, Verônica Lopes; FRANCA, Lucia Helena de Freitas Pinho e FRANCA,


Lucia Helena de Freitas Pinho. Conflitos no relacionamento entre cuidadores e
idosos: o olhar do cuidador. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. [online]. 2011, vol.14, n.4,
pp. 647-661. Disponível em: http://revista.unati.uerj.br/pdf/rbgg/v14n4/v14n4a05.pdf

CATTANI, R.B.; GIRARDON-PERLINI, N.M.O. Cuidar do idoso doente no domicílio


na voz de cuidadores familiares. Rev. Eletrônica. Enferm 2004; 06(02): 254-271.

DOLL, Johannes et al. Atividade, desengajamento, modernização: teorias


sociológicas clássicas sobre o envelhecimento. Estud. interdiscip. envelhec, Porto
Alegre, v. 12, p. 7-33, 2007. Disponível em:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/27274/000677539.pdf?sequence=1

DUCA, G.F.D; SILVA, M.C.; HALLAL, P.C. Incapacidade funcional para atividades
básicas e instrumentais da vida diária em idosos. Rev Saud Pública, 2009, 43(5):
796-805.

FLORÊNCIO, M.V.L.; FERREIRA FILHA, M.O.; SÁ, L.D. A violência contra o idoso:
dimensão ética e política de uma problemática em ascensão. Rev. Eletrônica
enferm; 9(3):847-857, set. dez. 2007.

FRANCO, C. A crise criativa no morrer: a morte passa apressada na pós-


modernidade. Rev. Kairós;10 (1):109-120, jun. 2007.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
63

GOLDIM, J. R. Bioética e envelhecimento. In: FREITAS, E. V. et al. Tratado de


Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2002.

GOLDIM, José Roberto. Bioética e envelhecimento (2004). Disponível em:


http://www.bioetica.ufrgs.br/velho.htm

GONCALVES, Lúcia Hisako Takase. A complexidade do cuidado na prática


cotidiana da enfermagem gerontogeriátrica. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. [online].
2010, vol.13, n.3, pp. 507-518. Disponível em:
http://revista.unati.uerj.br/pdf/rbgg/v13n3/v13n3a16.pdf

IBGE. Número de idosos no Brasil vai quadruplicar até 2060, diz IBGE (29 de agosto
de 2013. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/08/130829_demografia_ibge_populac
ao_brasil_lgb.shtml

JACOB FILHO. Interdisciplinaridade. In: JACOB FILHO, Wilson; KIKUCHI, Elina


Lika. Geriatria e Gerontologia Básicas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

KARSCH, U.M. Idosos dependentes: famílias e cuidadores. Cad Saúde Pública


2003; 19(3): 861-866.

KARSCH, U.M. Envelhecimento com dependência: revelando cuidadores. São


Paulo: Educ, 2004.

KUBLER-ROSS, E. Perguntas e respostas sobre a morte e morrer. São Paulo:


Martins Fontes, 1979.

LEBRÃO, M.L, DUARTE, Y.A.O. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o projeto


SABE no município de São Paulo. Brasília: OPAS; 2006.

LEITE, R.C.B.O. O idoso dependente em domicílio. Salvador: Escola de


Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, 1995.

LEME, M.D. Treinamento de cuidadores de idosos: impacto na sua qualidade de


vida e saúde. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. Tese Doutorado em
Medicina.

LIMA, Carmem Tassiany Alves de; MEDEIROS, Francisca Késia Nogueira de; LIMA,
Jhéssica Luara Alves de. Gerontologia social e direitos humanos da pessoa idosa: o
bem-estar da terceira idade se dá através da dignidade. In: Âmbito Jurídico, Rio
Grande, XV, n. 98, fev 2012. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11168

LOGUERCIO, Rochele de Quadros; DEL PINO, José Cláudio. Em defesa do filosofar


e do historicizar conceitos científicos. História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel,
Pelotas, n. 23, p. 67-96 Set/Dez 2007. Disponível em: http//fae.ufpel.edu.br/asphe

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
64

MACHADO, L.; QUEIROZ, Z.F. Negligência e maus-tratos. In: FREITAS, E.V.F. et al


Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
Cap. 121, p.1152-1159.

MAFRA, Simone Caldas Tavares. A tarefa do cuidar e as expectativas sociais diante


de um envelhecimento demográfico: a importância de ressignificar o papel da
família. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. [online]. 2011, vol.14, n.2, pp. 353-364.
Disponível em: http://revista.unati.uerj.br/pdf/rbgg/v14n2/v14n2a15.pdf

MARTINS, A.A. Consciência de finitude, sofrimento e espiritualidade. In: PESSINI L.,


BARCHIFONTAINE, C. de Paul de. Buscar sentido c plenitude de vida. São Paulo:
Paulinas, 2008. Páginas 99-107.

MEDEIROS, J. C. R; RAMOS, O. P. Gerontologia. Cuba: Ciudade de Cuba,1992.

MENDES, M. R. S. S. B. et al. A situação social do idoso no Brasil: uma breve


consideração. Acta paul.enferm. v. 18, n. 4, p. 422-426, 2005.

MENDONÇA, J.M.B.; ABIGALIL, A.P.C. Processo de Construção e Implementação


da Política do Idoso no Brasil. In: PAPALÉO NETTO, M. Tratado de Gerontologia. 2
ed. Revisada e ampliada. São Paulo: Atheneu, 2007. Cap. 50, p. 637-644.

MENEZES, M.R. Da violência revelada à violência silenciada: um estudo etnográfico


sobre a violência doméstica contra o idoso. Ribeirão Preto, SP: Universidade de São
Paulo, Escola de Enfermagem; 1999.

MENICALLI, Ana Maria Faria et al. O idoso na sociedade. In: SILVA, José Vítor da
(org.). Saúde do Idoso: processo de envelhecimento sob múltiplos aspectos. São
Paulo: Iátria, 2009.

MINAYO, M.C.S. Violência como indicador de qualidade de vida. Rev. Acta Paulista
de Enfermagem. São Paulo, v. 11, n. especial, p. 159-165, 2000.

MONTEZUMA, C.A; FREITAS, M.C; MONTEIRO, A.R.M. A família e o cuidado ao


idoso dependente: estudo de caso. Rev Eletrônica de Enfermagem 2008; 10 (2):
395-404.

MORAES, Edgar Nunes. Atenção a saúde do Idoso: Aspectos Conceituais. / Edgar


Nunes de Moraes. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012.

MORIGUCHI, Y. Aspectos práticos e objetivos da medicina preventiva em geriatria.


In: FREITAS, E.V.; et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002.

MORIGUCHI, Yukio; NASCIMENTO, Nair Mônica Ribascik. Geriatria preventiva. In:


SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; SCHWANKE, Carla Helena Augustin (orgs.).
Atualizações em geriatria e gerontologia: da pesquisa básica à prática clínica. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2008.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
65

MOTTA, L.B. Treinamento Interdisciplinar em Saúde do Idoso: um modelo de


programa adaptado às especificidades do envelhecimento. Rio de Janeiro: UNATI;
2003.

NERI, Anita L.; SOMMERHALDER, C. As várias faces do cuidado e do bem-estar do


cuidador. In: NERI, A.L. et al. Cuidar de idosos no contexto da família: questões
psicológicas e sociais. São Paulo: Alínea; 2002. p. 9-63.

NERI, Anita L. Bem-estar e estresse em familiares que cuidam de idosos fragilizados


e de alta dependência. In: NERI, A.L. (org.). Qualidade de vida e idade madura.
Campinas: Papirus; 1993. p. 237-85.

NERI, Anita L. Palavras-chave em Gerontologia. 3 ed. Campinas: Alínea, 2008.

NERI, Anita L.(org.) Psicologia do envelhecimento. Campinas: Papirus, 1995.

OLIVEIRA, F.M.; FARINELLI, M.R. Empregados aposentáveis: construindo um


projeto para a qualidade de vida. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São
Paulo;18(4,supl.A):22-25, out.-dez. 2008.

PACHECO, J.L. Sobre a aposentadoria e envelhecimento. In: PACHECO, J.L.M., SÁ


L., PY & S.N. GOLDMAN. (Orgs.). Tempo rio que arrebata, p.59-73. Holambra: Set,
2005.

PEREIRA, Adriane Miró Vianna Benke; SCHNEIDER, Rodolfo Herberto;


SCHWANKE, Carla Helea Augustin. Geriatria, uma especialidade centenária.
Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 154-161, out./dez. 2009. Disponível em:
www.researchgate.net/publication/...a.../e0b49517e5782ec373.pdf

PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C. P. Problemas atuais de bioética. São Paulo:


Loyola, 2002.

PORTELLA, Marilene Rodrigues et al. Cuidar de um familiar idoso: repercussões no


curso da vida. In: PORTELLA, M.R, PASQUALOTTI, A, GAGLIETTI, M. (Org.).
Envelhecimento humano: saberes e fazeres. Passo Fundo/RS: UPF Editora,
2006:19-31.

PORTELLA, Marilene Rodrigues. Atenção integral no cuidado familiar do idoso:


desafios para a enfermagem gerontológica no contexto da estratégia de saúde da
família. REV. BRAS. GERIATR. GERONTOL., RIO DE JANEIRO, 2010; 13(3):501-
506. Disponível em: http://revista.unati.uerj.br/pdf/rbgg/v13n3/v13n3a15.pdf

PY, L; OLIVEIRA, J.F.P. Envelhecimento e morte. In: INCONTRI, D., SANTOS, F.S.
(orgs.). A arte de morrer. Bragança Paulista: Comenius, p. 172-178. 2007.

RODRIGUES, Nara Costa; RAUTH, Jussara; TERRA, Newton Luiz. Gerontologia


social. In: RODRIGUES, Nara Costa; RAUTH, Jussara; TERRA, Newton Luiz.
Gerontologia social: para leigos. 2 ed. rev. e atual. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
66

SALDANHA, Assuero Luiz; CALDAS, Célia Pereira (orgs.). Saúde do Idoso: a arte
de cuidar. 2 ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

SANTOS, A.C.P.O. et al. A construção da violência contra idosos. Rev. Bras. Geriatr.
Gerontol, v.10 n.1 Rio de Janeiro, 2007.

SANTOS, Silvana Sidney Costa. Gerontologia e os pressupostos de Edgar Morin.


Textos Envelhecimento, 2003, vol.6, no.2, p.77-91. Disponível em:
http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
59282003000200006&lng=pt&nrm=iso

SARDENBERG, T. et al. Análise dos aspectos éticos da pesquisa em seres


humanos contidos na Instrução aos autores de 139 revistas científicas brasileiras.
Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 45, n.4, p. 295-302, 1999.

SARDENBERG, T. et al. Análise dos aspectos éticos da pesquisa em seres


humanos contidos na Instrução aos autores de 38 revistas de ortopedia e
traumatologia. Acta Ortopédica Brasileira, São Paulo, v. 10, n.2, p. 15-18, 2002.

SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; IRIGARAY,T.Q. O envelhecimento na atualidade:


aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estud. psicol. (Campinas)
vol.25, n.4,p. 585-593. 2008.

SCHNEIDER, Rodolfo Herberto; SCHWANKE, Carla Helena Augustin (orgs.).


Atualizações em geriatria e gerontologia: da pesquisa básica à prática clínica. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2008.

SECHINATO, Marcelo da Silva. Bioética e envelhecimento. In: SILVA, José Vítor da


(org.). Saúde do Idoso: processo de envelhecimento sob múltiplos aspectos. São
Paulo: Iátria, 2009.

SILVA, A.A; BORGES, M.M.M.C. Humanização da assistência de enfermagem ao


idoso em uma unidade de saúde da família. Revista Enfermagem Integrada. 2008;
1(1): Disponível em:
http://www.unilestemg.br/enfermagemintegrada/artigo/v1/andreia_silva_e_marta_bor
ges.pdf

SILVEIRA, T.M.; CALDAS, C.P.; CARNEIRO, T.F. Cuidando de idosos altamente


dependentes na comunidade: um estudo sobre cuidadores familiares principais.
Cad. Saúde Pública 2006; 22 (8):1629-38.

SIQUEIRA, Maria Eliane Catunda. Teorias Sociológicas do Envelhecimento. In:


FREITAS, Elizabete Viana et al. (Org.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

VIEIRA, E.B. Manual de Gerontologia: um guia teórico prático para profissionais,


cuidadores e familiares. Rio de Janeiro: Revinter; 1996.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
67

WAI, M.F.P.; CARVALHO, A.M.P. O trabalho do Agente Comunitário de Saúde:


fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev. enferm. UERJ. 2009;
17(4): 563-8.

ZIMERMAN, G.l. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artes Médicas


Sul; 2000.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
68

ANEXOS

MARCOS LEGAIS PARA PROTEÇÃO DO IDOSO

A Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8742/93) inclui benefícios,


serviços, programas e projetos de atenção ao idoso, com a corresponsabilidade das
três esferas de governo, e a concessão do benefício de prestação continuada ao
idoso a partir de 70 anos de idade, com uma renda mensal per capita de um quarto
do salário mínimo. Assinale-se que a idade prevista de 70 anos foi revogada pela Lei
nº 9.720 de 30/11/1998, alterando-a para 67 anos.

A Política Nacional do Idoso, aprovada em 4 de janeiro de 1994 (Lei


8.942/94), assegurou direitos sociais promovendo autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade.

É necessário ressaltar que essa lei foi elaborada e reivindicada pela


sociedade, tendo como suporte a Associação Nacional de Gerontologia, que
promoveu discussões em diversos estados. Depois de uma série de debates e
consultas das quais participaram idosos, aposentados, professores, universitários,
profissionais da área de geriatria e gerontologia, voluntários e interessados, foi
entregue ao Exmo. Presidente da República o documento “Recomendações sobre
Políticas Sociais para o Idoso nos anos 1990”. Esse documento foi amplamente
discutido na área governamental e não governamental. Essa estratégia possibilitou a
aprovação da Lei nº 8842/94, que trata da Política Nacional do Idoso e o Decreto nº
1948/96 que a regulamenta.

Princípios que fundamentam a Lei nº 8842/94:

I. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos


os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;

Il. O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral,


devendo ser objeto de conhecimento e informações para todos;

III. O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
69

IV. O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a


serem efetivadas através desta política; as diferenças econômicas, sociais, regionais
e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão
ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação
desta Lei.

Segundo determinação legal, coube à Secretaria de Assistência Social a


coordenação da Política de Assistência Social, assim como da Política Nacional do
Idoso e do Plano de Ação Governamental para o Desenvolvimento da Política
Nacional do Idoso. São os Órgãos que compõem este Plano: Ministério da
Previdência e Assistência Social, Educação, Justiça, Cultura, Trabalho e Emprego,
Saúde, Esporte e Turismo, e Secretaria de Desenvolvimento Urbano.

O Plano de Ação Governamental para o Desenvolvimento da Política


Nacional é um avanço na integração das políticas setoriais e propõe uma gestão em
rede, efetivando a ação do governo de forma intersetorial integrada, considerando o
idoso um cidadão com direitos. O Plano estabelece as principais competências e
ações dos ministérios, define estratégias e mecanismos de implementação das
ações da Política Nacional do Idoso nas três esferas de governo, e ainda estabelece
mecanismos de acompanhamento, controle e avaliação das ações.

O referido Plano normatiza as seguintes diretrizes:

I. Proporcionar a integração dos idosos às demais gerações;

II. Promover a participação e a integração do idoso, por intermédio de


organizações representativas do seu segmento, na formulação, implementação e
avaliação das formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso,
políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos;

III. Priorizar o atendimento ao idoso por intermédio de suas próprias famílias,


em detrimento do atendimento asilar, a exceção dos idosos que não possuam
condições de garantir sua sobrevivência;

IV. Descentralizar as ações político-administrativas;

V. Capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geriatria e


gerontologia;

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
70

VI. Implementar o sistema de informação que permita a divulgação da


política dos serviços oferecidos, dos planos e programas em cada nível de governo,
buscando obter um sistema de rede;

VII. Estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgação de informação de


caráter educativo sobre os aspectos biopsicossocial do envelhecimento;

VIII. Priorizar o atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados


prestadores de serviços, e;

IX. Apoiar estudos e pesquisas sobre as questões do envelhecimento.

Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento

Após vinte anos da realização da Assembleia Mundial sobre o


Envelhecimento, realizada em agosto de 1982, em Viena, a Organização das
Nações Unidas promoveu, no período de 8 a 12 de abril de 2002, em Madri, a II
Assembleia Mundial.

Estiveram presentes representantes de 159 países, que fizeram uma


avaliação do Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento e constataram
que não houve avanços uniformes em todos os países. A falta de infraestrutura, a
política econômica, a AIDS e os conflitos armados têm sido as causas que levaram
muitos governos a não terem condições de efetivar melhorias.

A Assembleia concluiu por unanimidade dois documentos: o Plano de Ação


Internacional de Madri sobre o Envelhecimento (2002) e a Declaração Política. O
objetivo é garantir a plena proteção e promoção dos direitos e liberdades
fundamentais dos idosos em todo o mundo. Nos dois textos estão as seguintes
recomendações:

 avançar na saúde e bem-estar do idoso;

 assegurar meios de apoio;

 reconhecer a vinculação entre envelhecimento e desenvolvimento;

 fomentar a participação dos idosos na sociedade em que vivem e não sejam


considerados como uma carga;

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas
71

 incluir os idosos na economia produtiva;

 flexibilizar a idade de trabalho sempre que seja possível e a pessoa queira


fazê-lo;

 considerar a relevância do contingente de mulheres idosas que em meados


do século serão agentes de mudança e desenvolvimento no mundo produtivo;

 buscar recomendações para atuar contra os maus-tratos aos idosos;

 denunciar a situação vulnerável dos idosos em conflitos bélicos e territórios


ocupados;

 estimular a valorização do idoso, especialmente entre os mais jovens;

 estimular a transmissão de informações aos idosos sobre seus direitos para


que sejam capazes de lutar por si mesmos e conquistar esses direitos.

Foram reafirmados os Princípios e as Recomendações contidas no Plano de


Ação Internacional para o Envelhecimento, que as Nações Unidas elaboraram em
1982, e os princípios das Nações Unidas em favor dos idosos, aprovados na
Assembleia Geral em 1991, dando orientações sobre as questões da independência,
participação, cuidados, auto realização e dignidade.

Por ocasião da Assembleia também foram realizados outros eventos que


abordaram o tema envelhecimento: o Fórum Mundial das ONGs sobre o
Envelhecimento: Diálogo 2020 – “O futuro do Envelhecimento”, organizado pelo
governo espanhol, e o Fórum de Valência, organizado pela Associação Internacional
de Gerontologia.

O processo político ocorrido no Brasil, desde 1988 até o presente momento,


demonstra a força política dos idosos e aposentados, assim como evidencia o
avanço significativo do Brasil no tocante à conquista da legislação vigente para a
defesa dos direitos de atenção à pessoa idosa.

Site: www.ucamprominas.com.br
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br
Telefone: (0xx31) 3865-1400
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas

Você também pode gostar