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Equanimidade
Agora leve sua atenção a alguém que conhece bem ou com quem se encon-
tra com frequência, mas que tem pouca importância para você. Alguém cujo
sucesso ou adversidade provavelmente não teriam muito efeito sobre você.
Deixe esse sentimento de indiferença surgir. Experimente-o e reconheça-o.
Então, preste bastante atenção a essa pessoa, não como um objeto, mas
como um sujeito, um ser senciente como você. Imagine-se sendo essa pes-
soa e experimentando as suas esperanças e temores, alegrias e tristezas. Sa-
bendo que, apesar de todas as diferenças superficiais, ele ou ela é funda-
mentalmente como você, aspire que os desejos mais íntimos dessa pessoa
se realizem, com empatia, como se fossem seus. Indo e vindo, veja essa pes-
soa como “o outro” a partir de sua própria perspectiva e, a partir da pers-
pectiva dela, veja a si mesmo como “o outro”, deseje que essa pessoa encon-
tre a felicidade e se livre do sofrimento e de suas causas.
Agora, traga à mente uma pessoa por quem você sente um forte apego. Tal-
vez alguém que tenha provado ser um grande amigo, que o tenha apoiado,
ou ajudado a ter sucesso, ou trazido muita alegria e conforto. Talvez você
simplesmente admire essa pessoa por suas próprias qualidades encantado-
CULTIVANDO O EQUILÍBRIO EMOCIONAL
ras, físicas ou mentais, e sinta alegria em estar com ela. Essa pessoa é um
objeto que lhe traz felicidade, e você reage com apego. Deixe surgir esse
sentimento de apego, esse desejo egocêntrico, notando o quanto essa pes-
soa significa para você como um suporte para o seu próprio bem-estar.
Agora, troque a sua perspectiva pela perspectiva dessa pessoa: imagine-se
sendo ela e experimentando as suas esperanças e medos, sucessos e fracas-
sos. Imagine o seu desejo por felicidade e segurança, e empaticamente tome
esse desejo como se fosse seu. Depois, volte para a sua própria perspectiva,
vendo essa pessoa como um ser humano como você, e aspire que ela encon-
tre bem-estar, independente de seus próprios desejos autocentrados.
Por fim, leve sua atenção a alguém que tenha prejudicado você, que tenha
lhe desejado mal, ou que tenha qualidades que você considera repugnantes.
Essa pessoa parece ser um impedimento para a sua própria felicidade, e é
desagradável até mesmo estar em sua presença. Ela parece uma fonte da
sua infelicidade, e pode ser que você sinta que o mundo como um todo seria
melhor sem ela. Deixe que o medo, a aversão ou o ódio por essa pessoa se
manifestem enquanto está silenciosamente sentado em meditação. Agora,
troque a sua perspectiva pela perspectiva dessa pessoa, imaginando ser co-
mo ela, com as suas esperanças e medos e suas ideias sobre como encontrar
felicidade e segurança. Algumas dessas ideias podem ser deludidas, mas, se
assim for, a pessoa ainda não sabe e está convencida de que é a melhor ma-
neira de encontrar o que procura, não importando quantas outras pessoas
sejam prejudicadas nesse processo. Sem concordar com as suas atitudes,
comportamento ou ideias, observe os seus anseios básicos por felicidade e
por se libertar do sofrimento. Essencialmente, eles não são diferentes dos
seus. Então, experimente-os como se fossem seus e deseje que ela possa ser
feliz. Cultive o desejo de que ela alcance a clareza quanto às verdadeiras
causas da felicidade e do sofrimento e tenha uma vida de acordo. Que ela
fique bem e feliz, livre do medo e do sofrimento, assim como deseja a si
mesmo. Novamente, observe essa pessoa a partir de sua própria perspecti-
va, vendo-a agora não como um ser tão desagradável, um objeto ameaça-
dor, mas como um ser senciente assim como você, digno de felicidade.
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CULTIVANDO O EQUILÍBRIO EMOCIONAL