A obra América Latina no Século XIX: Tramas telas e textos trata sobre as articulações e a
formação da mentalidade dos americanos no transcorrer de um ideal de independência. Esse ideal de
liberdade, segundo Prado, vem profundamente marcado pela nova conscientização francesa do qual a revolução foi articulada, liberdade, igualdade e fraternidade. Mas não só dela, a transformação da mentalidade foi incentivada por outros meios, dos quais a coroa incentivara sem saber. O pensamento Frances adentrou os espaços das Américas de maneira “ilegal”, quase sempre escondida no meio das embarcações que atravessavam o atlântico, esses conhecimentos logo ganharam adeptos nas novas terras, letrados como Bolívar e Francisco José de Caldas exerceram na prática a busca por uma libertação na colônia. Espaços como as universidades e templos católicos eram amplamente utilizados para difusão societária. Embora alguns autores questionem a qualificação intelectual de alguns padres e sacerdotes que aqui viveram, Prado mostra claramente a existência de indivíduos que conduziram sua vida regrada aos estudos, mostrando a quantidade de Universidades já existentes na América espanhola, bem como os intelectuais que se destacaram no processo de independência. A autora percorre caminhos até então conhecidos, descrevendo a adesão do americano as ideias de libertação europeia e as práticas de guerrilha adotadas pelos rebeldes na busca da independência. Momento interessante de seus escritos parte da observação minuciosa sobre as outras formas de conhecimento que penetravam o novo mundo, estudos que trouxeram a “libertação” da filosofia tomista, voltado ao conhecimento da natureza a partir do dogma católico. Um novo conhecimento racional na forma de compreender o espaço ganhou força na colônia americana, agora as forças e características do universo poderiam ser inteligíveis de maneira racional e livre dos conceitos religiosos. José Celestino Mutis foi o responsável por trazer para a América esse tipo de conhecimento antagônico ao modelo de mundo escolástico. Revelação do mundo através das novas formas de conhecimento laicas como a astronomia, botânica e outras “ciências” que emergiam na Europa. Vários letrados aderiram aos conhecimentos que tornaram os homens das novas terras mais seculares nas interpretações do mundo. Exemplo dessa adesão se destaca Francisco José de Caldas, no qual em seus pensamentos coexistiam a doutrinação escolástica e o novo método experimental da ciência, aliadas a uma firme defesa da independência política colonial. Já que o pensamento dogmático poderia ser questionado, a forma de política praticada na América logo entraria em questão. A Igreja como instituição religiosa e profundamente ligada ao monarquismo da metrópole esteve atrelada na luta contra a independência colonial. No entanto, a autora observa que o corpo da igreja divide-se quanto ao apoio à nova ideia de independência, clérigos que estão mais próximos do povo aderem ao ideal de liberdade, a exemplo de padres e sacerdotes como Miguel Hidalgo, profundo revolucionário que marcou seu tempo. Letrados influenciados pelas cartilhas que vinham da Europa e que disseminavam em seus cultos as palavras de liberdade. Essa posição eclesiástica reflete bem o caráter da propagação das ideias revolucionárias, uma vez que, os padres representavam o contato maior da igreja com os fieis, dessa forma, a maioria dos sacerdotes que almejaram a independência conseguiram reunir um numero considerável de contingente humano para as lutas de emancipação política. Ao amanhecer da independência na América espanhola, os progressos e ressurgimentos propostos pelos rebeldes no âmbito econômico, social e político não foram sentidos de imediato pelas classes. As constantes batalhas acabaram esfacelando uma estrutura comercial, social e de agricultura. Seria necessário reestruturar o que foi desmoronado. Muitos dos letrados que incentivaram a independência acabaram com “tom” de desolação, as respostas e resultados não vinham da classe administrativa, havia um ressentimento enorme quanto aos problemas sociais, político e econômicos que ainda persistiam. Talvez, a única resposta frente à desolação social com a independência tenha sido a aspiração dos letrados na busca constante da liberdade, ou seja, foi um ideal planejado para trouxesse rápidas respostas a sociedade, o que não aconteceu de imediato. Os lideres da independência não consideraram a lentidão do processo de transformação social.
O Iluminismo Foi Um Movimento Intelectual e Cultural Que Surgiu Na Europa Durante Os Séculos XVII e XVIII. Seus Pensadores, Conhecidos Como Filósofos Iluministas, Defendiam A Razão, A Ciência e A