Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Materiais Manipulaveis PDF
Materiais Manipulaveis PDF
Materiais Manipuláveis
Isabel Vale
Outubro de 2002
1ª edição-2ª tiragem - 100 exemplares
Edição do Laboratório de Educação Matemática
(LEM)
Isabel Vale- ESEVC
2
Materiais Manipuláveis
Materiais Manipuláveis
Os Materiais Didácticos
inegável o seu valor educativo (APM, 1988; Papert, 1989; Ponte, 1997;
NCTM,1980; Waits, 1997).
Como se pode constatar, os materiais didácticos são bastante diferentes uns
dos outros. Entre eles iremos dar atenção especial aos materiais do tipo:
geoplano, material multibase e barras cuisenaire que fazem parte de um conjunto
chamado materiais manipuláveis. Estes materiais são os mais referidos na
literatura da educação matemática sobretudo para os níveis mais elementares.
Comecemos por identificar o que é um material manipulável. As definições
revistas não diferem muito umas das outras. Vejamos algumas.
Serrazina (1991) refere que são objectos, instrumentos ou outros media que
podem ajudar os alunos a descobrir, entender ou consolidar conceitos
fundamentais nas diversas fases de aprendizagem. Para Jacobs (1998) são
objectos usados pelos alunos que lhes permitem aprender activamente
determinado conceito. Nas definições anteriores confunde-se o conceito de
material manipulável com o de material didáctico, nas que se seguem é
acrescentado a estas um aspecto que é o de “objectos que podem ser tocados”.
Para Reys (1982) materiais manipuláveis são objectos ou coisas que o aluno seja
capaz de sentir, tocar, manipular e movimentar. Podem ser objectos reais que têm
aplicação nos afazeres do dia-a-dia ou podem ser objectos que são usados para
representar uma ideia. Assim, nem todos os materiais didácticos são
manipuláveis. Para Fernandes et al. (1985) são objectos que o aluno é capaz de
sentir, tocar, mexer, moldar. Hynes (1986) refere que são modelos concretos que
envolvem conceitos matemáticos, apelam aos vários sentidos e podem ser tocados
e movimentados pelos alunos. Para Ribeiro (1995) os materiais manipuláveis são
objectos concretos que incorporam conceitos matemáticos, apelam a diferentes
sentidos e podem ser tocados, movidos, rearranjados e manipulados pelas
crianças.
Isabel Vale- ESEVC
5
Materiais Manipuláveis
Materiais didácticos
Concreto
Simbólicos
Pictoriais
jogo não a percepção tácita, mas a percepção visual e/ou auditiva, e nesse sentido
chama-lhes manipuláveis gráfico-textuales-verbais.
Materiais
Materiais Concretos
Manipuláv
eis
Materiais Manipuláveis
Materiais Materiais
Comuns Educacionais
Jogos
Calculadoras
e
computadores
No Passado
No Nosso Século
discutir e avaliar as suas próprias ideias e as dos outros promove na criança uma
visão mais crítica e realista de si mesmo e dos outros. Apesar de ser verdade,
segundo Piaget, que na adolescência a necessidade de experiências concretas é de
algum modo reduzida devido à evolução de novos e mais sofisticados sistemas de
conceitos, já não é verdade que essa dependência seja eliminada.
Os materiais manipuláveis são ajudas significativas para a aprendizagem em
qualquer dos estádios. As imagens mentais e as ideias abstractas dos alunos são
baseadas nas suas experiências. Assim os alunos que vêem e manipulam vários
tipos de objectos têm imagens mentais mais claras e podem representar ideias
abstractas mais completamente do que aqueles cujas experiências são mais
pobres. De acordo com Piaget, a maioria das crianças do ensino básico está no
estádio das operações concretas. Quer isto dizer que necessitam de se apoiar em
objectos concretos que lhes facilitam a elaboração de raciocínios lógico-
matemáticos. Isto significa que os conceitos matemáticos devem ser aprendidos
com apoio de modelos concretos e simbólicos.
Dienes (1975) estudou e expandiu largamente as ideias de Piaget e
contribuiu para o desenvolvimento das perspectivas cognitivistas da
aprendizagem matemática. A sua maior preocupação—assim como a de Piaget—
tinha a ver com o envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem, através
do uso de material concreto, defendendo o uso de materiais manipuláveis pela
criança. Recordemos os princípios de Dienes em relação ao ensino da
matemática: (a) o princípio dinâmico—sugere que a verdadeira compreensão de
um novo conceito é um processo evolutivo envolvendo a criança em três fases.
Preconiza actividades informais e estruturadas, manipulação e experimentação;
(b) o princípio de variabilidade perceptual—sugere que um conceito que é
aprendido é maximizado quando é apresentado à criança através de uma
variedade de contextos e envolvimentos físicos. Defende a apresentação de um
Isabel Vale- ESEVC
14
Materiais Manipuláveis
Simboliza
Materiais Simbolos
Manipuláveis escritos
Concretiza
Desenhos
menos tempo para ensinar com materiais comuns; (4) ao usar os materiais
educacionais o professor está a cortar o possível feedback que os alunos lhe
poderiam dar se usassem materiais comuns onde todos são peritos naturais.
Fennema (1982) refere que as crianças preferem o uso de materiais
concretos por causa da novidade e porque dão significado às ideias matemáticas.
meio, depois com os materiais concretos até chegar aos conceitos matemáticos.
Os materiais não só mostram o caminho para a compreensão conceptual, como
providenciam experiências nas quais as crianças podem transferir as suas
compreensões de um conceito para outro. A construção de conceitos matemáticos
é um processo longo que requer envolvimento activo do aluno e vai progredindo
do concreto para o abstracto.
Não é suficiente para os alunos observar a demonstração do uso dos
materiais em determinado contexto. O acto de manipular permite ao aluno
experienciar padrões e relações que são o foco da matemática. Há muito pouca
discordância, entre os educadores matemáticos, em relação à importância das
experiências no nível concreto para a aprendizagem da matemática, visto que a
matemática trata com abstracções. Um grande objectivo do ensino da matemática
é ajudar os alunos a aprender a operar eficientemente no nível simbólico-
abstracto com uma compreensão dos conceitos ou destrezas em questão. O
propósito dos manipuláveis é ajudar os alunos a passar a ponte entre o concreto e
o abstracto da matemática. Muitos alunos têm dificuldade na compreensão de
determinados conceitos porque são incapazes de fazer a ligação entre o mundo
físico e abstracto, ou seja não conseguem passar a “ponte”. Esta “ponte” mental é
bastante complexa. Contudo é necessário clarificar “a ponte” entre o uso do
material concreto e o conceito e o professor tem que estar atento para ajudar o
aluno a fazer essa passagem. Analisemos um exemplo dado por Szendrei (1996).
No tema das Simetrias (axiais) podemos pedir aos alunos que construam com a
ajuda de um espelho ou Mira as imagens de cada um dos triângulos (Figura 4)
A B C D
Pode-se constatar que as quatro situações não são o mesmo para todos os
alunos. Muitos dos alunos que conseguem resolver a questão A, terão alguma
dificuldade em resolver a situação B e dificilmente resolverão a situação C, pois é
complicado de perceber quando o espelho ou a linha do Mira corta a figura. A
questão D também suscita problemas aos alunos pois o espelho não está em frente
ao triângulo. Na situação A e B o espelho “matemático” comporta-se quase como
um espelho “real”. Nas situações C e D já não acontece isso. Mesmo usando um
Mira só podemos obter uma parte da imagem do espelho “matemático” . Na
situação D o espelho “real” tem comprimento mas o espelho “matemático” não
tem. Partindo das propriedades do espelho real o professor deve levar o aluno às
propriedades do espelho matemático. Os alunos devem conseguir ver as
diferenças existentes entre os dois.
Como Usá-los
O Jogo
Quando Usá-los
Algumas reflexões
A Investigação em Portugal
qualquer nível de escolaridade. Como refere Alsina (1990) que o uso de materiais
não é uma questão de idade mas sim de uma eficaz utilização docente, e por este
motivo estes podem ter sentido em qualquer nível de escolaridade.
Síntese
Bibliografia
Alsina, C. e Trillas, E. (1990). Leccionaes de Algebra y Geometria. Curso para estudiantes de
Arquitectura. Barcelona: Ediciones Gustavo Gil.
APM (1988). Renovação do curriculo de Matemática. Lisboa:APM.
APM (1998). Matemática 2001.Diagonóstico e recomendações para o ensino e aprendizagem da
Matematica:Lisboa: APM.
Behr, M., Harel, G., Post, T. e Lesh, R. (1992). Rational Number, Ratio and Proportion. Em Douglas A.
Grouws (ed.). Handbook of Research on Mathematics Teaching and Learning. New York:
Macmillan Publishing Company.
Bezuk, N. e Cramer, K. (1989). Teaching about Fractions: What, When and How?. Em New Directions
for Elementary School Mathematics.. Reston: NCTM:
Castelnuovo, E. (1978). Didáctica de la Matemática Moderna. México: Editorial Trillas.
Costa, F. (1985). An assessment of a mathematics curriculum and of the curricular needs of portuguese
teachers (tese de mestrado, Universidade de Boston).
Crowley, M. (1988). The van Hiele Model of the Development of Geometric Thought. Em NCTM (ed.).
Learning and Teaching Geometry , K-12. Reston: NCTM.
Dienes, Z. (1975). As seis etapas do processo de aprendizagem em Matemática. S. Paulo: EPU.
Fernandes, D. et al. (1985a). Materiais Manipulativos no Ensino da Matemática. Actas do Profmat, 1,
40-51.
Fernandes, D. (1985b). Avaliação das Necessidades de Formação em Matemática dos Professores do
Ensino Primário. Actas do Profmat, 1, 167-194.
Fernandes, H. (1990). Efeitos de três métodos de ensino na aprendizagem do conceito de número
racional no segundo ciclo do ensino básico. Tese de Mestrado. Lisboa:APM.
Fennema, E. (1972). Manipulatives in the classroom. The Arithmetic Teacher, 18(5), 635-640.
Fennema, E. (1982). Models and Mathematics. Em Teaching made aids for elementary school
mathematics. Reston: NCTM.
Fennema, E. e Franke, M. L. (1992). Teachers’ Knowledge and its impact. Em Douglas A. Grouws
(ed.). Handbook of Research on Mathematics Teaching and Learning. New York: Macmillan
Publishing Company.
Guzmán, M. (1991). Jogos Matemáticos no Ensino. Em Actas do Profmat 91, 167-176.
Hart, K. et al. (1981) Children’s Understanding of Mathematics:11-16. London: John Murray