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Sim...

Você pode mensurar


o valor de um treinamento

Mesmo um treinamento de competências interpessoais pode ser avaliado em termos financeiros. Mas
você tem que começar pelo começo.

SIM ... VOCÊ PODE MENSURAR O VALOR DE UM TREINAMENTO


por Jac Fitz-enz

A velha crença de que não se pode ração pelo treinamento e outros Telecommunications e da Du Pont
quantificar os benefícios de um fatores causais. Merck Farmacêutica, na cidade de
programa de treinamento de uma Miles, nos Estados Unidos.
empresa vem sendo constantemen- A metodologia pode ser usada para
te desmentida nos últimos anos. identificar valores específicos,
Mesmo assim, o mito persiste. atuais e potenciais, antes do treina- Discutimos pela enésima vez, as
Ainda ouvimos incessantemente mento ser conduzido. Também barreiras à avaliação objetiva e
que os efeitos das intervenções de mede o valor obtido após o quantitativa de treinamento rela-
treinamento – especialmente refe- treinamento. Se o treinamento não cionado à execução de um
rente a competências interpessoais atingir os valores projetados, o trabalho. Concordamos que em seu
– não podem ser relacionados método ajuda a identificar as termo mais básico, o “velho
objetiva e quantitativamente aos razões. demônio” das avaliações em trei-
resultados de uma empresa. namento continuava sendo a
À primeira vista, o processo é inabilidade em ligar o resultado de
Uma vez mais, o mito foi implo- ilusoriamente simples. Há muito treinamento às mudanças na
dido. E desta vez, a evidência não pouco nele que pareça novo ou empresa, em termos de qualidade,
aparece somente sob o formato de seja surpreendente para alguém produtividade, vendas ou serviços.
um simples projeto de avaliação, familiarizado com a literatura
que documenta o valor monetário voltada para o desenvolvimento de A questão continua sendo sempre:
de um programa de treinamento, de recursos humanos, ou com o Quando as pessoas adquirem uma
uma única empresa. trabalho de Bob Mager, Thomas nova habilidade, ou aprimoram
Gilbert ou Joe Harles - membros uma pré-existente através de um
No outono de 1992, 26 empresas do HRD Hall of Fame. programa de treinamento, como
juntaram forças para pesquisar um relacionamos essa mudança com
método universal para avaliação de Mas as soluções mais elegantes são um ou mais indicadores-chave de
treinamento. Depois de mais de um as mais simples, e a chave para desempenho da empresa?
ano de desenvolvimento, refi- esta abordagem é o relacionamento
namento e teste prático, surgiu um que se desenvolve entre o Naquele outono, 23 outras empre-
modelo padronizado, o “Sistema profissional de T&D e o cliente – sas juntaram-se à discussão. O
de Avaliação de Treinamento – geralmente um gestor de linha – método subsequëntemente de-
Training Value System”. Este como resultado da análise senvolvido e testado neste projeto
sistema foi criado em torno de um situacional. O fortalecimento seguiu o estilo clássico: Analise o
conjunto de ferramen-tas analíticas desse relacionamento também é problema de desempenho – a
relativamente sim-ples, e tem sido um benefício-chave, que poderá lacuna entre os resultados que
testado através de várias ser tão importante quanto a própria estamos obtendo e os que
intervenções de treina-mento. avaliação. queremos obter; se parecer que o
treinamento resolve o problema,
O TVS emprega um processo de A idéia do que passou a ser desenvolva e realize o treinamen-
quatro fases, começando com uma chamado “Projeto de Avaliação de to; descubra se o comportamento
análise situacional profunda (simi- Treinamento” surgiu das mudou na volta ao trabalho, como
lar a um levantamento de neces- conversações ocorridas durante o conseqüência do treinamento e,
sidades) e terminando com o valor verão de 1992, com profissionais finalmente, deter-mine o valor da
monetário agregado a uma ope- da área de treinamento da MCI mudança desse comportamento,
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para a empresa. O que tornou essa E o profissional de T&D precisa de linha têm um tesouro em dados
iniciativa um sucesso, onde outros saber como auxiliar o gestor a operacionais guardado em suas
tinham fracassado, foi o buscar e especificar o valor que o gavetas sem, entretanto, ser usado.
relacionamento que se formou com treinamento pretende agregar às Quando questionados da maneira
os clientes – gestores de linha e suas operações. Aqui deparamos correta, eles são capazes de
altos executivos – e a maneira com três objeções: encontrar dados relacionados ao
como foram estrutu-radas as processo e aos resultados em
questões de análise do problema. Objeção A Alega que a maioria questão. A frase eficaz, nestes
Esses dois fatores foram críticos; dos gestores não pode ser per- casos, é “da maneira correta”.
um não teria sido suficiente sem o suadida a tomar parte em um
outro. levantamento de necessidades – o Estas objeções não fazem justiça
que chamamos de “análise aos profissionais de T&D.
situacional” do problema de Gestores e executivos fazem
OBJEÇÕES desempenho. Isto é na realidade, julgamento de valor todos os dias,
O velho “monstro” que nos apenas a constatação da inabi- sobretudo, com muito menos
impedia de realizar o tipo de lidade do profissional de T&D para análise, desde remuneração por
avaliação que queríamos era a trabalhar em parceria com seu desempenho (Quanto vale o
questão da “prova”: com tantas cliente. Nenhuma das 26 empresas desempenho da Judite em
variáveis afetando o desempenho participantes considerou isso como comparação ao do José?) até se o
global de uma empresa, como um impedimento potencial ao aumento das vendas no trimestre
provar que um ganho específico nosso projeto. Na verdade, em deveu-se ao resultado do novo
resultou inteiramente de um pro- muitos casos, eram os clientes que plano de marketing ou a apenas um
grama de treinamento e nada mais? proporcionavam “evidências” do feliz acaso sazonal. Pode-se
Começamos a concordar que este sucesso ou fracasso dos programas apenas concluir que as objeções
tão falado obstáculo nada mais era experimentais, que essas empresas são idéias confusas lançadas por
do que uma “cortina de fumaça” ministravam e avaliavam. pessoas que não têm energia,
(ver quadro na página 7). imaginação ou comrpomisso de
Objeção B Constata que o gestor avaliar seus programas de
Portanto, a questão não é “Como vai naturalmente querer justificar treinamento.
podemos provar sem sombra de sua decisão de investir em
dúvidas que um determinado treinamento. Portanto, conti- Concordando que essas barreiras
treinamento produziu um deter- nuando o argumento, ele será um são auto-impostas, os participantes
minado resultado?”, mas “O que co-participante interessado em do nosso grupo saíram para testar o
aceitaremos como notória evidên- trabalhar com o profissional de modelo TVS. Nos oitos meses
cia de que o programa produziu T&D na missão de provar que o seguintes, apenas 11 empresas
aquele resultado?” programa de treinamento foi comprometeram-se a implantar por
válido. Francamente, isto é mais completo o sistema experimental
A resposta é: Aceitaremos o julga- uma desculpa do que um de avaliação e, todas as 11 tiveram
mento consubstanciado do gestor argumento sensato. Mas, mesmo pleno sucesso. Isto é, elas
de linha. Somente ele conhece as que fosse uma crítica razoável, concluíram que o modelo atingiu
especificidades do ambiente de seria simples demais trazer uma os resultados que elas esperavam:
trabalho. Se assumirmos que o terceira pessoa – auditor – para “um método para mensurar e
gestor é competente e honesto, intermediar a discussão e conferir avaliar quantitativamente o valor
então seu depoimento deve ser os resultados. agregado – ou não agregado –
aceito. pelos seus programas de treina-
Objeção C Afirma que mesmo mento.”
O ponto crítico é que, obter o “jul- que o gestor seja responsável e
gamento consubstanciado”, requer confiável, ele estaria estimando POR EXEMPLO ...
que o gestor de linha esteja somente o valor final produzido
pelo programa de treinamento. O Será que você não pode mesmo,
intimamente envolvido no proces-
fato é que quase todos os gestores avaliar o sucesso do treinamento
so de treinamento desde o início.
de competências interpessoais?
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Através do processo, a
questão fundamental é:
“Que diferença isto faria?
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Não faça tal pergunta a Vicki monetário das “habilidades de Segundo é a projeção e posterior
Brown, Joan Shaughnessy e coaching/monitoramento”. verificação do valor monetário
Priscilla Smith. Brown e tangível que advém daqueles
Shaughnessy são especialistas em Então, pelo acompanhamento de resultados específicos. Durante to-
treinamento, e Smith é Vice casos de retrabalho, perda de do o processo, a questão funda-
Presidente de Recursos Humanos compromissos e outros itens, os mental é: “Que diferença isto
da Prudential Insurance and gestores puderam, após o pro- faria?” Se um supervisor fosse
Financial Corpor-ation, em South grama de treinamento, coletar melhor ouvinte – e daí? Se os
Plainfield, Nova Jersey, EUA. dados que confirmassem ou con- operadores de produção traba-
Eles escolheram como projeto tradissessem as previsões iniciais lhassem melhor em equipe – e daí?
piloto, um curso que ensinava do valor do programa de As respostas dos gestores são
“habilidades de monitoramento. continuamente testadas até que
coaching/monitoramento” para algum resultado visível, tangível
Esta linha de raciocínio funda-
gestores de nível médio. seja revelado – um resultado que
menta-se em questões específicas e
tenha relação com qualidade,
planejadas, compiladas à partir de
Começaram dirigindo alguns produtividade, vendas ou serviços.
técnicas estruturadas. As questões
questionamentos mais profundos Uma vez descoberto o resultado, é
eram focadas no processo de
aos gestores de alto nível da muito fácil atribuir um valor a seus
trabalho, não em treinamento. À
Prudential – os futuros chefes dos efeitos.
medida em que a conversa evoluía
treinandos. “Quais habilidades
do geral para o específico, relações
vocês consideram essenciais para É tão importante identificar a razão
precisas eram estabelecidas entre
um bom coaching?”, perguntaram dos fracassos quanto avaliar os
processos e resultados. Isto, even-
os profissionais de T&D. Os sucessos e, por isso, uma meto-
tualmente, resultava em descrições
gestores responderam em termos dologia de avaliação confiável,
dos valores esperados. Quando os
gerais, falando sobre aspectos deveria ser aplicada a ambas as
programas eram ministrados e os
motivacionais, habilidades de situações. Isto foi, de fato, o caso
resultados obtidos, os gestores-
análise e de comunicação, e ser um do empenho da Prudential. O
clientes percebiam por eles
bom ouvinte. Os profissionais de estudo inicial concluiu que se os
mesmos, os efeitos do treinamento.
T&D anotaram conscienciosamen- treinandos adquirissem habilida-
A diferença crítica entre este
te todas estas observações. Então, des de monitoramento ensinadas
método e os métodos típicos de
começaram a avaliar individual- através do treinamento, e se
questionamento ocorrem em dois
mente as habilidades mencionadas, aplicassem essas habilidades ao
níveis:
tentando relacionar os valores trabalho diário, o valor agregado
tangíveis obtidos pela utilização da seria equivalente a três vezes mais
Primeiro é a conexão criada entre
habilidade, com as prováveis o valor do investimento. Avalia-
ações específicas e resultados
conseqüências da sua não utili- ções feitas após o treinamento
específicos. Muito frequentemen-
zação. Por exemplo, os gestores determinaram que o workshop não
te, quando os profissionais de
concordaram que um “mal estava atendendo às expectativas.
T&D questionam os gestores
ouvinte” poderia ocasionar perda Somente 55% do grupo piloto
durante o processo de
de compromissos ou a necessidade realmente aplicou os ensinamentos
levantamento de necessidades, eles
de se refazer um trabalho. Os pro- ao trabalho diário, enquanto 45%
estabelecem conexões vagas, com
fissionais de T&D insistiram ainda não o fizeram. Analisando o caso
resultados indefinidos, entre certos
mais, solicitando exemplos espe- juntamente com o gerente da uni-
comporta-mentos e certos
cíficos de perda de compromissos dade, os profissionais de T&D
resultados empre-sariais. Quando
ou retrabalhos: Com que freqüên- revisaram os dados (que eram
isso acontece, qualquer esperança
cia essas coisas acontecem? Qual claros, específicos e detalhados,
de se atribuir um valor concreto a
é o custo de quando acontecem? A graças ao trabalho preparatório) e
um problema de desempenho – ou
partir daí, concordaram que um foram capazes de identificar o
ao programa de treinamento que o
determinado valor/hora poderia ser problema, o que fez com que eles
resolva – é perdido para sempre.
utilizado para se estimar o valor tentassem achar uma solução para
corrigir o problema identificado.

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US$ 50,000 para a empresa, A “situação” é o problema ou a


Se os comportamentos e técnicas representados pela perda de oportunidade com a qual estamos
ensinados em um curso não estão produtividade durante as primeiras preocupados, ou seja, é status do
sendo transferidos para o trabalho, seis semanas de trabalho. Além desempenho de alguém (ou de um
é bom que se saiba disso. O ponto- disso, o custo da perda de grupo), antes do treinamento.
chave neste caso, entretanto, não é qualidade, devido ao aumento de
se o treinamento deixou ou não de erros, aumento do contas a receber Começamos a análise da situação
atingir os resultados esperados, e no índice de erros em ordens de fazendo aos gestores uma série de
mas que, mesmo se tratando de serviço, excederam a quantia perguntas, que revela e esclarece o
desenvolvimento de habilidades perdida devido a redução de pro- tipo de valor dentro da função e os
pessoais, o programa tinha uma dutividade. Então, o custo para a processos-chave para obtenção
meta expressa em termos mone- AGT, por reduzir o tempo de desses valores. Em outras
tários: ele daria um retorno equi- treinamento, foi de mais de US$ palavras, o que é que essas pessoas
valente a três vezes o valor do 100,000. A administração decidiu, fazem de importante para a
investimento feito pela empresa. rapidamente, restabelecer o empresa e como o fazem ? Uma
programa de treinamento para duas vez tendo esse conhecimento,
Um mesmo processo que possa ser semanas. E agora também estão podemos estabelecer definições de
utilizado para se avaliar o valor do pensando em expandi-lo ainda níveis de desempenhos atuais e
treinamento pode também ser mais. aceitáveis. Finalmente, estabe-
usado para se estabelecer o custo lecemos o valor do ganho que
da falta deste. Como parte do A próxima meta de Nieuwendyk é teremos se o nível de desempenho
processo de redução de pessoal e a aplicação do método padroniza- atual for elevado ao nível
de custos, a Alberta General do de avaliação de treinamento esperado. A análise situacional
Telephone Ltd. (AGT) de (TVS) no programa de qualidade mostra como o problema se
Edmonton, Alberta, Canadá, da empresa. apresenta estrategicamente, como
decidiu cortar despesas de treina- funciona taticamente, como afeta a
mento, reduzindo o treinamento “ Realizamos muitos treinamentos empresa e, quanto custa. Esta é a
inicial para novos representantes sobre qualidade num período de etapa mais importante do processo.
de vendas, de duas para uma quatro anos”, ele comenta. “Teria Ela requer considerável nível de
semana. Rudy Nieuwendyk, sido heresia questionar o valor do deta-lhamento e precisão. Começa
Gerente de Educação e treinamento sobre qualidade. Mas, e termina focada em valor.
Desenvolvimento de RH, resolveu depois que o treinamento foi Quando executada apropria-
analisar o efeito dessa decisão. realizado, compreendemos que não dament
tínhamos identificado claramente o e, o
Utilizando índices já implantados e que ele teria que afetar. Não valor Fase 3: Impacto
concentrando-se em variáveis que tínhamos método confiável para potenci
independentemente de treina- determinar quem necessitava de al
mento causam impactos em treinamento, sobre o que afetaria, mensur
desempenho, ele notou que os que comportamentos deveriam ser ável do treinamento (ou alguma
representantes de vendas que obtidos e que resultados mensurar. outra intervenção) torna-se
fizeram as duas semanas de O que estamos começando a fazer evidente.
treinamento estabeleciam contato agora é determinar o que, quem,
telefônico com o cliente em um por quê e como, antes de investir Esta etapa tem dois componentes:
tempo médio de 11,4 minutos, ao algum dinheiro em treinamento. diagnóstico do problema e descri-
passo que os que fizeram o pro- ção do treinamento. No diagnós-
grama de uma semana levavam tico do problema, estudamos a
14,5 minutos. O MODELO razão da queda do desempenho,
para identificar sua causa e
A abordagem do TVS está
A conclusão dessa análise é que o provável solução. A solução pode
subdividida em quatro fases
tempo extra necessário para com- ou não ser treinamento. Uma lista
básicas:
pletar as ligações custava mais de de itens baseada no trabalho

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Fase 1: Situação
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original de Bob Mager sobre • De que forma o comportamen- pelo programa de certificação –
análise de problemas de desem- to do empregado, como resul- seu retorno depois das despesas –
penho, aponta a verdadeira origem tado de treinamento, mudou soma U$ 318,422 ao ano.
do problema. ou afetou o desempenho
(como no exemplo da AGT); Tipicamente as fases do “impacto”
Seguindo a orientação de Mager, • Por que o treinamento afetou e do “valor” são os elos perdidos
nós fizemos uma série de questões ou não o desempenho? (como nas tentativas de determinar o
inter-relacionadas: Há uma discre- no caso da Prudential). valor concreto dos programas de
pância no desempenho? Se a “Valor” é o valor monetário dos treinamento. É onde aqueles que
resposta for afirmativa, é efeitos da mudança de desem- repudiam a tese do valor agregado
importante? Se é importante, a penho. É uma medida de diferen- manifestam-se, e todos começam a
pessoa poderia executar o trabalho retroceder sobre qualquer declara-
se necessário fosse? Se não, seria ção definitiva a este. Mas quando o
porque ela não tem determinadas elo é solidamente estabelecido
habilidades? Se afirmativo, o Fase 4: Valor desde o começo; na fase da
treinamento poderia resolver a “situação”, o “impacto” e o “valor”
situação? Se não é uma questão de são normalmente fáceis de serem
habilidade, o que poderia ser? E ças em qualidade, produtividade, identificados.
daí para frente. serviço ou vendas, todas as quais
podem ser expressas em termos PARCEIROS
Baseado no resultado desse financeiros. Às vezes o valor
diagnóstico, decidimos se monetário é imediatamente evi- Veteranos em treinamento podem
solucionamos o problema com dente, tanto quanto o aumento da dizer que eles não enxergam nada
treinamento ou procuramos um participação de mercado ou de novo no processo. Tudo o que
recursos diferente. Se decidirmos margem de lucro em vendas. ele faz afinal é identificar um
treinar, naturalmente queremos Outros resultados desejáveis, tais problema organizacional, sugerir
desenvol-ver um curso que como redução no tempo de uma solução, e estimar o valor do
construa as habilidades específicas comercialização ou aumento da resultado. Verdadeiro, mas não
que as pessoas vão precisar, a fim satisfação do cliente, podem ser completo. Eu argumentaria que
de que fechem a lacuna entre o convertidos em dinheiro. dois fatores fizeram esta abor-
nível de desempenho atual e o dagem ser digna de nota.
nível aceitável. Uma empresa no nosso grupo -
Suponhamos que nós decidimos uma rede de farmácias – desen-
que o treinamento é o remédio. O primeiro é metodológico. Bem
volveu um curso de 240 horas, no princípio, na fase da situação, o
Desig reconhecido pelo órgão de fiscali-
Fase 2: Intervenção namo profissional de T&D emprega um
zação estadual, para certificar método analítico focalizado, com
s e técnicos farmacêuticos, ampliando
minis um conjunto de perguntas
seu papel na avaliação e aviamento dirigidas. Isto auxilia os gestores a
tramos o trei-namento. A questão de receitas. Uma mudança nos
agora seria, que diferença nós buscarem respostas fora dos seus
regulamentos estatais, que previa- resultados operacionais – respostas
observamos no comportamento e mente tinha reservado estas tarefas
desempenho dos treinandos depois à perguntas como: o que ou como é
para farmacêuticos registrados, um bom desempenho e porque tal
que eles comple-taram o curso? tornou possível estender a habilidade é importante.
atividade a técnicos. Visto que os
Um relatório sobre impacto des- técnicos recebem menos que os
creve: Segundo, a abordagem forma uma
farmacêuticos, a empresa economi- forte parceria entre o profissional
• As variáveis que podem ter za dinheiro toda vez que uma de T&D/ analista de desempenho e
causado a diferença de desem- prescrição é processada por um o cliente /gestor. E uma vez que
penho; técnico. Com alguns cálculos um foco bem centrado em valor é
• O efeito relativo de cada matemáticos simples, a empresa mantido através do processo, a
variável; determina que o valor agregado
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parceria é baseada na preocupação


central do gerente: o desempenho.

Valores mensuráveis são


identificados para cada habilidade
a ser desenvolvida. Não há
incerteza ou objeção que consiga
contrapor-se a evidência
quantitativa. O resultado pode ser
uma aliança poderosa entre o
profissional de T&D e o cliente –
uma aliança que existe muito rara-
mente nas empresas hoje em dia.

É claro, ao menos para todos os


envolvidos neste projeto, que a
porta está aberta para a avaliação
de treinamento. Tudo o que temos
a fazer é caminhar através dela.

Aqueles que dizem que o mundo é


dinâmico e complexo demais para
mensurar mudanças, devem ser
lembrados que, apesar de nem tudo
ser previsível, tudo é projetável.

Temos a metodologia para


mensurar e avaliar as nossas
projeções.

Esta é a única maneira para,


ativamente, gerir e melhorar o
desempenho das áreas de staff, no
mercado competitivo da
atualidade.

JAC FITZ-ENZ é fundador do


Saratoga Institute EUA,
considerado “pai” do
Benchmarking em Capital Humano

Saratoga Institute Brasil


Rua Sampaio Viana, 277
1° andar - Cjs. 11/13 - Paraíso
04004-000 - São Paulo – SP
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O ÔNUS DA PROVA
Uma das barreiras auto-impostas na procura de valores concretos de programas de treinamento é a errônea noção de que o
profissional de T&D precisa apresentar prova, com “P” maiúsculo, de que o treinamento produziu um efeito específico na conta de
resultados da empresa. Comenta-se que tantos fatores afetam o desempenho humano e financeiro de uma empresa, que isolar a
contribuição pura de um programa de treinamento é impossível.
Em termos laboratoriais, isso é verdadeiro. Em termos de mundo real, é um grande contra-senso. Demonstrar causalidade daquele
tipo é impossível para qualquer pessoa no mundo dos negócios, não somente para profissionais de T&D. Falando na prática, no
mundo dos negócios, quase não há oportunidades de se provar relações causais entre dadas atividades e efeitos específicos. Provar
causalidade requer controle de todas as variáveis. No mundo real, não existe um fenômeno como o controle.
Mas muitas funções de linha têm estabelecido “acordos não verbais” através dos quais são aceitas algumas correlações entre certas
ações e resultados subseqüentes. Isto tem se mantido durante tantos anos, que as pessoas falam dessas relações como se elas
pudessem ser provadas. O exemplo mais óbvio é de vendas. Se um vendedor atinge a sua cota, presume-se que ele seja um
vendedor competente. Não há prova disso. Os consumidores compram por muitas razões que não têm nada a ver com o vendedor.
Vendedores não controlam clientes. Da mesma maneira, gestores de produção não controlam fornecedores de material e
equipamento, nem mesmo seus próprios empregados. O Diretor de Finanças não controla o custo de capital. Controle é um
conceito, não uma realidade.
Todos nós nos esforçamos para influenciar positivamente nosso ambiente, mas nenhum de nós controla coisa alguma. O controle só
pode ser demonstrado em laboratório e, mesmo assim, somente em um campo de investigação muito restrito.
“Prova estatística” é um conceito errôneo. Estatística tenta somente demonstrar que a hipótese nula era provável, mas não que a
hipótese em questão foi provada.
Então, antes dos profissionais de T&D debruçarem-se sobre futilidades, precisam entender que em se tratando de negócios, não há
lugar para a palavra “prova”.
O objetivo de um esforço de avaliação, válido e confiável, que atribua um valor específico ao resultado de um programa de
treinamento é simplesmente este: demonstrar que há uma provável correlação entre o evento de treinamento e uma subseqüente
mudança em qualidade, produtividade, vendas ou serviço.
A metodologia deveria implicar no seguinte: “Dadas as condições estabelecidas, e assumindo que os outros fatores são iguais, o
efeito observado é muito provavelmente, resultado do treinamento”.
Antes de começar a censurar previamente o assunto, note que o princípio de “ceteris paribus” (todo o resto sendo igual) é a
fundamentação básica para todas as tentativas de “prova”. E é precisamente a pressuposição, que sustenta todos os planejamentos de
negócios e sua conseqüente avaliação. Como gestores, fazemos os orçamentos para o próximo exercício, baseados exatamente
nesses mesmos pressupostos. Depois de findo o ano orçamentário, sabemos quais foram os resultados, mas muito raramente
conseguimos “provar” o que nos fez ficar acima ou abaixo do orçado em nossas projeções.
O velho argumento sustenta que os profissionais de T&D não deveriam tentar determinar o valor agregado em dinheiro por seus
programas à empresa, porque eles não conseguem “provar” que o treinamento, e nada mais que o treinamento, produziu um
resultado específico ao negócio. Essa argumentação é falsa.

“AQUELES QUE DIZEM QUE O MUNDO É DINÂMICO E COMPLEXO DEMAIS


PARA MENSURAR MUDANÇAS, DEVEM SER LEMBRADOS QUE,
APESAR DE NEM TUDO SER PREVISÍVEL,
TUDO É PROJETÁVEL.”

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