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CUSTEIO “ABC”
Índice
O que se pretende ......................................................................................................................2
CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................2
DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO SIMPLIFICADO DE “ABC” ...............................................4
Descrição do modelo ...............................................................................................................4
1. Factores de análise ..............................................................................................................5
2. Factor de nivelamento .........................................................................................................7
EXEMPLO PRÁCTICO ...................................................................................................................7
Custeio Tradicional ..................................................................................................................8
Custeio ABC..............................................................................................................................9
Ponderação entre os factores de análise ..............................................................................10
CONSIDERAÇÕES GERAIS
As pequenas empresas, por não possuírem meios estruturais ou de suporte que lhes
permita desenvolver uma sistemática ABC mais detalhada, podem, através do modelo que a
Pág.
seguir desenvolvemos, se utilizar das vantagens dessa nova forma de custeio, conforme já
vem ocorrendo com as demais empresas. Isso não impede que esse modelo expedito
também possa ser utilizado por empresas de maior porte.
Ainda hoje em muitas empresas e em especial nas de menor porte observa-se uma
determinação empírica dos preços dos produtos. Não está longe o tempo em que o
empresário determinava o preço de venda dos seus produtos através de um número - factor
com o qual multiplicava o preço do insumo de maior peso nos custos, como por exemplo a
madeira no caso da indústria moveleira, o papel em relação à indústria gráfica, etc. Acredita-
se que isso ainda hoje ocorre, embora possivelmente em menor escala.
Considerando-se a equação singela R=C+L (Receita = Custo + Lucro), que está sempre
presente do dia-a-dia da empresa, com maior ou menor precisão, existe a preocupação de
todos na determinação dos custos. Uma vez obtido, simplesmente se adicionava ao valor
apurado a margem de lucro considerado justo, para a formação do preço final de venda.
Eventuais desperdícios ou incorrecções de apuração de custos costumavam ser reflectidos
nos preços de venda. Tudo era pois transferido para o cliente/consumidor. Os novos tempos,
contudo, são marcados pela imperiosa necessidade da competitividade empresarial, onde
não é mais possível pensar-se na simplicidade de se reflectir os desperdícios aos
consumidores – eles hoje exigem cada vez mais, preço, qualidade e serviços. Assim, caso a
companhia não conheça os seus custos, provavelmente irá ficar em situação desconfortável,
pois no regime de competição sadia o preço de venda é determinado pelo mercado, e caso a
empresa não possua custos competitivos irremediavelmente não conseguiria o retorno do
seu investimento traduzido pela lucratividade do seu negócio.
Para a formação dos preços dos produtos (bens e serviços), parte-se dos custos
directos da operação e adicionam-se despesas indirectas. As práticas contabilisticas
tradicionalmente aceites calculam com precisão os custos directos, usualmente mão de obra
e material directos, que são aqueles directamente relacionados aos produtos. Ora, se um
determinado componente é constituído de seiscentos gramas de um certo material, cujo o
preço é de duzentos dólares por quilo, obviamente a parcela de material directo do citado
componente será de cento e vinte dólares. Igualmente se o componente exigir trinta
minutos de mão de obra directa para sua confecção, e supondo-se que seu custo horário
total ( incluindo os encargos sociais) seja de trezentos dólares, a parcela de mão de obra
directa que cabe ao componente será de cento e cinquenta dólares.
No que se refere às parcelas de despesas indirectas, que são as que não se
relacionam directamente aos produtos, como combustíveis, impostos, fretes, despesas com
aluguer, com equipamentos, pessoal da administração, honorários da direcção, etc.,
também o custeio tradicional os calcula com precisão, porém falha claramente quando
providencia rateio dessas despesas aos produtos, baseadas em critérios simplistas de
utilização de uma base única, como a mão-de-obra directa ou o material directo.
O custeio convencional acompanha a estrutura funcional vertical das organizações e
apura as despesas por função – os gastos de cada sigla referem-se aos totais de cada
departamento, como por exemplo as despesas em salários, telefones, viagens, etc. Sem se
preocupar que parcela de consumo de cada um desses recursos se relaciona à actividade X,
ou à Y ou à Z, actividades essas que se referem aos produtos em tela.
O paradigma representado pela organização vertical funcional está se a esgotar – no
seu lugar surge um novo paradigma, o mapa horizontal de processos de negócios. A
organização é cortada transversalmente pelos seus processos/subprocessos de negócios,
cada um deles constituído por uma série de actividades, que por seu turno são compostos
Pág.
por grupos de tarefas. a única forma de se determinar com precisão os custos de cada
processo de negócios é o de custear as actividades que compõem esse processo. Por outro
lado, o custeio convencional, com as práticas contabilisticas tradicionalmente aceites há
dezenas de anos, não oferece condições de apurar os custos dos produtos, mormente nos
tempos atuais onde as despesas indirectas respondem por ponderável parcela dos custos
totais dos produtos. Para gáudio das organizações com clara visão do amanhã, nos anos
muito recentes vem sendo desenvolvida, nos grandes centros, uma sistemática de custeio
baseada em actividades, conhecida como ABC – Activity Based Costing. No exemplo
referenciado, ao invés de se ter as siglas, salários, viagens, telefone, por totais
departamentais, o ABC providencia esses valores, pelas actividades X, Y e Z, que cortam
horizontalmente um ou mais departamentos.
O ABC intervém no custeio das despesas indirectas, distribuindo–as pelas actividades
que consomem esses recursos. O ABC naturalmente não contesta a apuração das despesas
directas, uma vez que as práticas tradicionais as promove com absoluta precisão. O ABC é
pois uma tentativa de transformar as despesas indirectas em despesas directas, incidentes
em cada actividade. Indubitavelmente, ele exige um preciosismo maior que as práticas
tradicionais de custeio. Contudo, em cada caso ter–se–à que proceder a uma avaliação tipo
custo – benefício a fim de que não ocorra o facto patético do benefício dessa nova forma de
custeio ser esmagada pelos custos indirectos na execução da sistemática proposta. Assim,
simplificações adequadas são bem vistas, sempre tendo em mente que a estimativa do ABC,
qualquer que seja, é superior às práticas tradicionais, pois estas executam com “exactidão“,
rateios “errados“.
Todas as empresas precisam conhecer com adequada precisão os seus custos. Ledo
engano se comete quando se crê que o ABC é privilégio tão somente das grandes empresas
pelo facto de exigir que a companhia possua uma estrutura suporte para apuramento dos
custos de cada actividade que seria então alocada a cada um de seus produtos. Conforme
explicado, o ABC na sua versão mais completa pode ser inviável de adopção na prática pois
uma empresa pode inclusive ter mais de cem actividades custeáveis. E quando se imagina
aplicar o ABC nas empresas que não podem arcar com suporte estrutural nessa área como
acontece com as empresas de menor porte, tende–se a desanimar à primeira vista. Contudo
simplificações são viáveis e reconhecidas mesmo quando se utiliza uma metodologia
baseada no sistema ABC nas grandes empresas. Porque então não se poderia modelar uma
aplicação que também viabilize essa forma de custeio para os casos das pequenas empresas
ou mesmo uma estimativa razoável e de baixo custo para as demais empresas? Isto é
basicamente o que propõe o modelo a ser apresentado nesse documento.
A estimativa de ABC que esse modelo oferece pode representar uma simplificação
aceitável se comparada com uma metodologia mais complexa.
Descrição do modelo
1. Factores de análise
Os seguintes factores serão analisados pelo grupo de trabalho para cada produto:
complexidade, numero de componentes, tamanho, volume de produção e tempo de
processamento, que nesse modelo representa o tempo necessário para a fabricação de cada
um dos produtos. Além desse, outros factores, se forem pertinentes, poderão também ser
considerados, como tipo de acabamento, área da superfície, fluxo de operação, etc.
É óbvio que se a empresa apenas possuir um único produto, nenhuma contestação
pode ser feita com relação à metodologia tradicional. O problema surge justamente quando
se necessita repartir as despesas com mais de um produto que é o que ocorre usualmente
na prática. Será aqui considerado o caso maios geral, em que a empresa produz diversos
Pág.
produtos/componentes/peças, alguns padronizados, outros especiais; com volumes diversos
de produção, tamanho/peso também diversos; com tempo de processamento diferentes;
complexidades e número de componentes diversos. Evidente que, caso alguns desses
factores não forem relevantes, simplesmente não deverão ser considerados nos cálculos
feitos a partir do modelo genérico que está a ser apresentado.
Caberá pois ao grupo de trabalho sugerido anteriormente determinar de que forma
os custos indirectos serão distribuídos, levando em conta os recursos consumidos nas
diversas actividades. Caso se utilize a metodologia de custeio tradicional, pequenas serão as
diferenças de custos entre os produtos “padrão” e “especial”.
Apesar disso, salta aos olhos de todos que os “especiais”, em função dos seus abaixo
volumes/complexidades/características especificas, consomem na realidade mais recursos
por unidade de produto. Contudo, o grupo de trabalho se utilizará da metodologia a seguir
descrita:
a) Complexidade
Torna-se claro para todos o entendimento de que quanto mais complexa for a
confecção de um produto, tanto maiores serão os gastos indirectos incorridos - ou seja,
maiores recursos serão consumidos nas respectivas actividades de fabricação desse produto.
O grupo de trabalho, reunido na companhia, deverá atribuir pontos a cada produto
dentro de uma escala que varia de 1 a 5. A complexidade se refere à maior ou menor
dificuldade no processo produtivo. É natural que um produto com um processo de trabalho
simples demande pequena necessidade de acompanhamento; em consequência disso,
menores despesas serão incorridas. Ao contrário, um processamento complexo de produção
demandará uma atenção de várias áreas ou pessoas na empresa, acarretando consumo
maior de despesas indirectas. Caso por exemplo sejam produzidos três tipos de produtos e
se os factores decididos tenham sido respectivamente 5, 2,5, e 1; representa dizer que o
primeiro produto é cinco vezes mais complexo do que o terceiro e o segundo duas vezes e
meia mais complexo que o terceiro.
b) Número de componentes
c) Tamanho ou peso
d) Volume de produção
Pág.
Os volumes de produção são proporcionais ao consumo dos recursos,
evidentemente. Produtos de elevada produção no período consomem mais recursos que
outros com menor volume de produção; embora, é importante que se frise, que por unidade
de produção o inverso normalmente ocorra. Também esse factor deverá ser pontuado com
valores compreendidos de 1 a 5, a exemplo do exposto anteriormente.
e) Tempo de processamento
Esse factor reafirma o que a frase, muito vezes repetida, “Tempo é dinheiro” costuma
significar. Assim, quanto maior for o tempo que um produto leva no seu processo produtivo,
maior será a quantidade de recursos a serem consumidos por esse produto. Se um produto
permanece na fábrica cinco dias até sua finalização, ele consumirá cinco vezes mais recursos
fabris indirectos do que se passasse apenas um dia em produção. Igualmente esse factor
será pontuado com valores de 1 a 5.
Obs.:* Como foi dito, outros factores dependendo de serem relevantes ou mesmo
alguns destes que acabaram de ser descritos, poderão ser eliminados dependendo do caso e
em função da simplificação do custeio.
* A fim de se permitir uma analise que compare os diversos factores numa mesma
base providenciar-se-à para cada um, por si, as percentagens respectivas.
2. Factor de nivelamento
EXEMPLO PRÁCTICO
Considera-se como exemplo uma pequena empresa que fabrica bens duráveis, que
atendem basicamente a quatro tipos de produtos:
O produto CP1 possui tamanho grande, pesa 50 gramas é de linha “standard” da
empresa, e é constituído de 100 componentes por unidade. O volume de produção anual é
de 1000 unidades. O tempo de processamento de cada produto é de 15 dias.
Pág.
O produto CP2 possui tamanho pequeno, pesa 20 gramas, é de linha “standard” da
empresa, é constituído de 80 componentes por unidade. O volume de produção anual é de
1500 unidades. O tempo de processamento é de 10 dias.
O produto CP3 possui tamanho grande, pesa 50 gramas, é considerado especial,
fabricado somente sob encomenda, é constituído de 200 componentes. O volume de
produção anual é de 500 unidades. O tempo de processamento é de 25 dias.
O produto CP4 possui tamanho pequeno, pesa 20 gramas, é considerado especial,
igualmente só produzido sob encomendas. é constituído de 150 componentes. O volume de
produção é de 600 unidades anuais. O tempo de processamento é de 20 dias.
Custeio Tradicional
As informações prestadas anteriormente podem ser arrumadas conforme quadro abaixo:
Onde
S – produto “standard”
E – produto “especial”
G – produto tamanho grande
P – produto tamanho pequeno
Custeio ABC
OS SERVIÇOS
Usualmente o termo produto se aplica quando se foca um bem de fabricação – na
realidade produto pode representar um bem ou um serviço. Por outro lado os produtos
manufacturados das indústrias podem ser entendidos como serviços prestados sob a forma
de produtos. Numa outra visão, nas empresas que prestam serviços, estes são os seus
produtos.
Semanticamente à parte, alguma confusão às vezes ocorre quando se adaptam, aos
serviços, as diversas técnicas usadas na manufactura. De uma maneira geral costuma-se
considerar como serviços os trabalhos relacionados com o atendimento “on line” como
cliente externo, que é o atendimento directo a eles – ou seja, o serviço de “interface” com o
cliente. Esquece-se que também são serviços os trabalhos de apoio interno das empresas do
sector serviço – os serviços “off line”. Em muitas prestadoras de serviços, essas funções
representam a quase totalidade dos trabalhos.
De facto, todas as empresas (mesmo as industriais) prestam estes dois tipos de
serviços. Evidentemente nas empresas do sector serviço, as funções de contrato directo com
clientes são mais amplas que nas do sector industrial. Por outro lado as empresas de
serviços e as áreas de apoio das fábricas empregam a grande maioria da força de trabalho
(na ordem de dois terços), o que justifica os esforços de a elas se aplicarem as técnicas
historicamente desenvolvidas para as indústrias e nelas utilizadas tão somente pelas suas
áreas de manufacturas.
Os serviços de “interface” como os consumidores revestem–se de características
muita próprias:
Como não é desconhecido, existem outras despesas que se agregam aos custos fabris
para a obtenção do preço de vendas. Essas despesas não fabris são as despesas de VG&A -
Vendas, Gerais e Administrativas (como por exemplo, as despesas administrativas de
vendas, depósitos de produtos acabados, embalagem/expedição, promoção/publicidade,
portes e despesas de administração).
Actualmente, em função dos altos investimentos em vendas, armazenagem,
publicidade e outras despesas, não raro esses custos podem alcançar cinquenta por cento ou
mais dos custos fabris das companhias. No sector de alta tecnologia, inclusivamente, podem
facilmente beirar o patamar de cem por cento dos custos fabris.
Também no passado, as despesas fabris preponderavam sobre as demais, a fábrica
era o ponto central de todos os investimentos - a evolução das estratégias do “product out”
para o “market in”, contudo, distribuiu de maneira mais equilibrada os gastos da
organização. Assim, igualmente ao que ainda ocorre com os custos indirectos de fabricação,
tradicionalmente as empresas também rateiam as despesas de VG&A pelas diversas linhas
de produtos utilizando sistemáticas simplistas, como a da percentagem - sobre - as - vendas.
Se, por exemplo, as despesas de VG&A representam dez por cento do total das vendas da
empresa, esse é o percentual de VG&A a ser aplicado a cada produto. Essa prática também
pode conduzir a distorções nos custos finais; alguns produtos tenderiam a receber uma
contribuição de despesas VG&A maior do que deveria, mascarando os seus resultados,
resultados, superestimando pois tais despesas, enquanto que outros produtos teriam a
parcela que lhes cabe dessas despesas, subestimadas.
vendas, os custos anuais da folha de pagamento para cada linha de produto puderam então
ser calculadas. O restante de despesas, 10% dos custos, foi aplicado na mesma base obtida
para os 90% anteriores.
No que se referia às despesas de economato concluiu-se que elas poderiam ser distribuídas a cada
linha de produto, baseando-se no número de estantes utilizadas para armazenar cada produto. Percentagens
de utilização de espaços foram então calculados por linhas de produto.
Quanto às despesas de publicidade, elas continuaram a ser aplicadas na base
tradicional das percentagens-de-vendas, porque as campanhas de publicidade eram
usualmente promovidas pela corporação para a sua linha completa de produtos como um
todo. A aplicação de custos promocionais também não representava maiores problemas,
pois foram sempre carregados em cada linha individual de produtos.
O especialista de serviços de apoio à fabricação, seu turno, recomendou que o
departamento de compras da corporação distribuísse essas despesas conforme o total do
material realmente usado por cada linha de produto. Anteriormente o departamento
corporativo de compras já havia consolidado a compra de materiais de grande volume
usados em todas as linhas de produtos.
Ele recomendou, ainda que o departamento de relações industriais carregasse cada
linha de produto de acordo com sua participação percentual no número total de
empregados. Sugeriu finalmente que os custos de contabilidade corporativa e de
processamento de dados fossem atribuídos às várias linhas de produtos de acordo com as
seguintes bases:
apontavam como sendo de 3.9%, caiu para 1.4%. O novo método também conduziu a quase
o dobro no lucro de uma outra divisão, a de raio-catado, cujo lucro reportado que era de
5.4% foi alterado para 9.1%. Não é necessário dizer que houve divisões que passaram a
mostrar valores inferiores aos que costumavam ser reportados pelos relatórios periódicos.
Assim como ocorre com todos os segmentos de negócios, quer se trate de produção
de bens ou de serviços, também a área hospitalar pode utilizar os conceitos do custeio
baseado em actividades. Este sector, de forma geral até de sistemáticas de custeio se
ressente, por simples que sejam. No Brasil, inclusive, pode-se facilmente perceber que
significativa parcela dos hospitais sequer possuem uma forma de apurar custos, e para
facturar os seus serviços se utilizam das tabelas de preços fornecidas pelas associações da
classe, para os diversos serviços hospitalares.
Mesmo os que possuem uma sistemática própria de custos, fazem-no segundo a
metodologia tradicional onde prevalecem os “inconvenientes rateios” tão questionados
neste livro. Tais rateios conduzem a um custo tradicional de “paciente/dia”, enquanto que
uma forma de custeio levando em contas as actividades que consomem recursos pode ser
Pág.
a) Custos de hospitalização
Correspondem aos gastos com a admissão e a alta do paciente. Inclui programação
para a admissão, o processo de admissão, e outras actividades que ocorrem uma única vez
por paciente, tais como manutenção de registos médicos, preparação da conta, e várias
actividades relacionadas à alta. Inclui ainda uma distribuição por paciente, das despesas de
instalações e das despesas indirectas administrativas. O custo de hospitalização é uma
despesa gerada a partir do registo do paciente – independente pois do tempo de
permanência no hospital.
# Serviços tais como salas de operação, testes de laboratórios, e outros auxiliares são
facturados separadamente de tal forma que o sistema focaliza somente os componentes dos
cuidados aplicados durante a estadia do paciente.
# No actual sistema tradicional por dia, inesperado declínio em pacientes/dia pode
levar a sérias perdas de receita. Nesse sistema é extremamente difícil colocar o dedo onde
estão os problemas, e quando são indicados ajustes existe o risco de que serão feitos em
áreas erradas.
# No sistema proposto, todavia, com suas três áreas claramente identificadas, pode–se
ver que áreas são afectadas pelas mudanças em volume, e em consequência disso ajustes
necessários podem então ser feitos.
# O novo sistema tem um impacto maior nos pacientes de curta estadia. Contudo é
mais justo, pois no actual sistema tradicional os pacientes de longa estadia (usualmente
pacientes mais idosos e mais doentes, e provavelmente economicamente menos dotados)
estão pagando proporcionalmente uma grande parcela das despesas de admissão/alta,
subsidiando a hospitalização dos pacientes de curta estadia.
# No actual sistema de rateio por paciente/dia, se o paciente precisa de menos
cuidados médicos acaba pagando o mesmo que os de doenças criticas, no que se refere aos
custos dos serviços rotineiros.
Pág.
GESTÃO BASEADA EM ACTIVIDADES
Propósito deste tema
Processos de Negócios
ocorrência de “conflitos” de diversas ordens, que, uma vez ocorrendo, deverão ser
enfrentados e administrados. O mapa de processos é ainda muito dinâmico, em função da
frequência de mudanças operadas nos negócios das empresas.
Cada processo tem o seu “dono”, que tem como objectivo precípuo determinar e atender as
necessidades/requisitos dos clientes (que pode ser um outro processo cliente, ou mesmo o
cliente, ou mesmo o cliente externo). Existe uma tendência natural de se designar, para
proprietário do processo, o gerente/director que na organização actual detém a maior parte
das funções (o director/gerente do departamento de compras, no caso do processo de
compras, que envolve inclusive outras áreas funcionais). Todavia, eles costumam carregar
alguns vícios dos paradigmas anteriores (o gerente funcional actual está habituado a lidar
com seus objectivos funcionais, em detrimento dos objectivos do processo como um todo).
Uma recomendação seria a de designar para “ dono” não necessariamente quem conheça a
maior parte do processo, e sim quem possua características personalistas, um pouco
conservadoras, e voltadas para mudanças. Uma boa opção seria escolher o actual usuário do
citado processo.
Talvez a maior dificuldade a ser enfrentada nesta nova organização seja a de
conseguir e obter o comportamento da gerência, uma vez que podem surgir resistência às
mudanças.
O modelo matricial de estrutura organizacional é aquele em que interagem
concomitantemente a actual estrutura vertical e o mapa horizontal de processos. Embora
conflituoso, esse modelo representa uma adaptação mais conservadora às novas práticas.
Uma outra possibilidade organizacional é a de abandonar a organização funcional e
se utilizar tão somente do mapa horizontal dos processos de negócios. É mais traumática e
arriscada porém aparenta ser um estágio mais avançado neste novo paradigma.
A organização voltada para processos deverá desenvolver novas habilidades de
gestão. Os gerentes tentarão mudar o comportamento dos empregados que não trabalham
directamente para eles. Deverão, pois aprender a “persuadir” ao invés de “instruir”,
“convencer” ao invés de “impor”. Isso gerará a necessidade de se desenvolver habilidades,
através de programas que enfatizem menos a hierarquia, e mais, a comunicação e a
cooperação transversal/funcional, bem como maior tomada de decisão pelos níveis de
gerência, médios e baixos.
Entre os aspectos complexos pode-se citar os que se relacionam aos temas da
avaliação de desempenho e o progresso funcional/carreira. O que deveria o “dono do
processo“ fazer para motivar os seus colaboradores, uma vez que, na nova organização, os
degraus verticais se reduzirão sensivelmente? Na estrutura funcional actual, um indivíduo
que consiga um melhoramento significativo no seu trabalho, provavelmente isso reflectir-se-
á na sua evolução funcional. Na sua nova organização, contudo, não haverá como hoje, as
oportunidades de destaques individuais – os processos dependem, para seu sucesso, do
desempenho de toda a equipa multifuncional. Mudanças fortes certamente deverão
ocorrer; no que se refere à fixação dos ganhos por exemplo é de se supor que uma parcela
significativa dos rendimentos estará atrelada aos resultados do processo.
FORNECEDORES
ENTRADA
Pág.
B F
A
C Necessidade e Z
medidas do cliente
D
E
SAIDA
CLIENTES
Legenda:
Produto
Informação
b. Qualidade
Por outro lado, no esquema funcional actual, cada indivíduo executa/interage numa
mesma actividade específica com grande quantidade de clientes – não tem conhecimento
dos factos antecedentes. É como se no final do dia se deparasse com uma série de
fotografias que representam serviços semelhantes realizados para clientes diversos. O maus
atendimentos são consequência, muitas vezes, da falta de determinada informação do
processo que envolve esse cliente.
c. Espaço ocupado
Como nas células as operações/tarefas se realizam uma após a outra, não existe
necessidade de espaços para stocks intermediários, filas de esperas, etc., e, em
consequência, substancial economia é obtida nos espaços ocupados.
d. Funcionários necessários
f. Custeio do produto/serviço
Pág.
Os procedimentos e práticas de custeio tradicionalmente aceites projectam custos de
forma funcional não provendo os dados e informações necessárias para a determinação dos
custos que ocorrem em cada actividade que consome recursos no processo de negócios.
Somente o custeio ABC permite calcular o custo do processo, através da terminação dos
custos de cada actividade. Assim, caso existam diversas alternativas igualmente eficazes para
a melhoria de um processo, o ABC permite que se escolha a mais eficiente.
g. Avaliação de desempenho
h. Descentralização
métodos usados na melhoria incremental são úteis para superar problemas e aumentar a velocidade das
operações. Costuma–se utilizar como vantagens as técnicas de melhoria em processos suportes encontrados
na contabilidade, administração etc., para os quais os processos configurados não são o porte a se
enquadrarem nos projectos de BPR. Durante a implementação do BPR, problemas específicos podem surgir,
para os quais equipas de melhoria incremental muito poderia ajudar a resolver. Os programas de melhoria
gradual servem ainda para consolidar as melhorias radicais obtidas através da reengenharia, impedindo que
haja um retrocesso nas melhorias radicais obtidas.
Entre as abordagens de valor de cada processo, conjugando com o custeio ABC de cada actividade.
Não se pode deixar de mencionar, também pela sua importância, a abordagem representada pela melhoria
incremental baseada na qualidade “Kaizen”, cuja implementação vem se alastrando pelas empresas desde a
década de oitenta no mundo, e em especial no Brasil, na década de noventa. Essas abordagens em alguns casos
podem levar a melhorias radicais, razão pela qual devem ter lugar assegurado no esforço da reengenharia dos
processos.
O Movimento da Reengenharia
Processo de pedido de
144.846
vendas
Fontes de fornecimento 136.320
590.345
Direccionadores de Custos
necessários.
* Grau de diversidade de produtos - Quanto maior o grau de diversificação dos
produtos, maior será o número de direccionadores de custos necessários.
* Custos relativos de actividades diferentes - Quanto maior o número de
actividades que representa uma proporção significativa do total dos custos dos
produtos, maior o número de direccionadores de custos necessários.
* Grau de diversificação de volume - Quanto maior a variação dos tamanhos dos
lotes, maior o número de direccionadores de custos necessários.
* Uso de direccionadores de custos correlacionados imperfeitamente - Quanto
menor a correlação do direccionador de custos correlacionados imperfeitamente -
Quanto menor a correlação do direccionador de custos com o consumo real da
actividade, maior o número de direccionadores de custos necessários.
Uma actividade que não contribui para entender às necessidades dos clientes pode
ser considerada uma actividade que não agrega valor. Alguns costumam classificar as
actividades em função de como o cliente as valoriza. Assim existem actividades valorizadas
pelos clientes pagantes; actividades valorizadas somente pelos clientes internos; actividades
que apenas adicionam valor aos clientes externos não pagantes (impostos, etc.); e actividade
não valorizadas por cliente nenhum. O processamento de uma folha de pagamento, por
exemplo, é constituído de actividades que agregam valor somente aos clientes internos (diz-
se que somente agregam ao valor ao negócio). Stockagem/movimentação de materiais, em
outro exemplo, são actividades que não adicionam valor a nenhum dos clientes (nem ao
cliente externo e nem ao negócio).
Alguns ainda questionam se as actividades que não agregam valor a nenhum cliente
deveriam ser sumariamente eliminadas. Se elas não agregam valor será que as pessoas são
tão ignorantes que continuam a executá-las? Alegam que se uma actividade que não agrega
valor está sendo realizada é devido à alguma razão:
Como já comentado, cada uma das pequenas tarefas realizadas pode e deve ser
custeada, usando as técnicas do ABC. Desdobrando as actividades em suas tarefas
componentes significa que os custos dos elementos individuais serão cada um de grandeza
muito pequena. Isso pode levar os gerentes a uma conclusão natural de julgar de pequenas
economias não compensam o esforço despendido - muito esforço para pouco resultado.
Pág.
Outro argumento diametralmente oposto é o que o Controller da empresa faz
quando pergunta onde está em termos de dinheiro que efectivamente possa aparecer nos
resultados financeiros da empresa a contrapartida das economias feitas no processo? Na
realidade, ocorrerá excesso de capacidade se actividades que não agregam valor forem
eliminadas. Todavia, reduções de custo apenas ocorrerão quando esses “custo”
evidenciados forem totalmente removidos. A eliminação de actividades que não agregam
valor libera recursos que se tornam disponíveis para qualquer outra actividade. Caso isso
não ocorra, a eliminação aluída no processo tão somente irá adicionar mais tempo
disponível ou ocioso. Desde que a curto prazo essa eliminação evidencie uma contrapartida
pequena na economia de caixa da empresa, o que se deve fazer é reestruturar a descrição
do cargo do empregado que realizava aquelas actividades que não agregavam valor,
adicionando-lhe novos serviços.
Conforme enfatiza o Instituto Juran (1993), muitos estão familiarizados com decisões
de redução de custos de forma linear, expedidos pela direcção da empresa, ao primeiro sinal
de crise, como por exemplo: “A fim de atender à necessidades orçamentárias, todas as
despesas deverão ser cortadas em 10%”.
Essa não é a maneira de atender às operações com eficácia e eficiência, muito menos
cortar custos sem ferir a organização. Feito dessa forma por toda a organização os cortes
serão contraproducentes. A moral do grupo será abalada, as necessidades dos clientes não
serão atendidas, e muito brevemente é de esperar que as despesas novamente irão crescer.
A pergunta que deve ser feita é se existem actividades significativas que não agregam valor e
que podem ser eliminadas. E em caso positivo deve-se providenciar de imediato o início de
acções de análise e melhorias do processo em referência. por outro lado é improvável que
10% de todos os custos sejam relacionados a actividades que não agregam o valor, o que
significa que para atender ao objecto fixado, pela alta direcção, nesse exemplo, algumas
actividades que agregam valor serão eliminadas. A razão pela qual programas de reduções
arbitrária de custos não funcionam é de que eles atacam os sintomas e não as causas dos
problemas. Sem um trabalho de melhoria nos processos, alguns cortes irão afectar e talvez
com prejuízos maiores directa ou indirectamente os clientes.
Segundo ainda esse Instituto, quando ocorre uma necessidade real de cortar custos
e se utilizar o critério ilustrado, as pessoas devem levar em conta o que pode acontecer com
o corte indiscriminado de actividades.
A firma pode eliminar a publicidade. Nos primeiros 60 dias, as vendas podem não ser
afectadas. Após o curso de uma no qual poderá ser o resultado?
A empresa pode reduzir o dispêndio em formação. Nos primeiros 60 dias, nada irá
mudar. Num ano quais são, de entre os empregados que permaneceram na empresa,
aqueles que se espera estejam aptos a realizar as novas tarefas sem formação?
A empresa pode dispensar seus poucos vendedores eficazes. Quem irá visitar seus
clientes?
A empresas pode dispensar 10% de seu departamento de engenharia. O que irá
acontecer com os novos produtos que deverão ser desenvolvidos para as vendas do próximo
ano?
Naturalmente que decisões duras muitas vezes precisam ser tomadas. Para evitar
surpresas desagradáveis é necessário que se analise a redução de despesas propostas, em
termos de actividades, escolhendo-se as actividades que podem ou devem ser cortadas.
Pág.
Contudo, deve-se estar preparado para conviver com as consequências. Pelos menos, seria
uma forma menos arriscada de actuação.
Sistema próprio
O Desafio da Implementação
Resistência Cultural
Essa é talvez a mais forte barreira à implementação. Segundo Shield & Young (1989)
focalizar inicialmente a cultura da corporação é importante por duas razões. Primeiro,
porque pesquisas mostram que a cultura da organização afecta o seu desempenho.
Segundo, porque através do favorecimento da cultura mais apropriada acelera a taxa de
melhoramento contínuo. Diz ainda que definições de cultura variam do abstracto ao senso
comum, e para ilustrar isso, ele cita Stanley Davis que define cultura como “o padrão de
crenças e valores compartilhados que dão aos membros de uma instituição um propósito, e
lhes supre com regras de comportamentos em sua organização”.
Já Martin Bower coloca que cultura é simplesmente “o meio como fazemos as coisas
aqui por aqui”. Baseado nessas definições Shields et al. apresentam a seguinte definição:
“Cultura da organização é o conjunto intelectual dos empregados, incluindo-se aí seus
Pág.
Suporte da alta administração: Esse deve ser o primeiro passo para uma bem
sucedida implementação de programas dessa natureza como o da gestão total de custos
baseados em actividades. Sem esse suporte, os agentes da mudança podem ser bloqueados
pela burocracia, como por exemplo terem de percorrer os canais “certos”, que inclusive
podem estar “entupidos” por interesse da resistência (funcionários tentando defender seus
interesses próprios). Se por acaso a mudança proposta significativa a redução do poder de
Pág.
um gerente, o suporte da alta administração tenderia a arrefecer o conflito entre o líder do
novo projecto e o gerente.
Prover participação: consiste em envolver todos os gerentes e empregados que
sofrerão impacto, e tão longo quanto possível. Deve-se realizar levantamentos/entrevistas
para obter ideias e opiniões dos empregados envolvidos. O dono do sistema deverá fazer
análise crítica da sistemática com cada um dos gerentes nesses casos.
Ambiente livre de surpresas: Deve-se manter todos os impactados (se assim lhes
podermos chamar) informados e envolvidos. A equipa de trabalho deve adoptar a táctica de
“nenhuma surpresa” sempre que alguma comunicação tiver de ser emitida.
Prover tempo para as mudanças: Isso pode ser feito “começando”. A implementação
por pequenos pedaços pode fazer com que as pessoas mais rapidamente aceitem as
mudanças.
Trabalhar com liderança reconhecida: Encontre o gerente mais favorável às novas
práticas e implemente o novo sistema naquele grupo primeiro, em caso de ser possível.
Como regra geral, identifique “líderes políticos” nas áreas de mudanças críticas. Assegure-se
de que eles estão envolvidos em todas as discussões da implementação. Uma forma
conveniente de ultrapassar a resistência é se os impactados pelas mudanças se
considerarem os donos das mudanças, ou seja, fazer com que o novo sistema aparente ter
as mesmas ideias que eles estão desejando promover.
Tratar as pessoas com dignidade: Independentemente de como se dê a participação,
as pessoas impactadas devem sentir que são consideradas importantes e que suas ideias são
valorizadas.
Inverter posições: Os membros da equipa de implementação numa simulação se
colocam na posição dos que recebem a nova proposta, o que lhes dará mais condições de
perceberem e identificarem os interesses expressos pelos afectados com a nova sistemática.
Lidar directamente com a resistência: Consiste em colocar alguém para negociar
directamente com a resistência. Se for impossível de se ganhar a aceitação desejada, a
equipa de trabalho deve lançar mão dos seguintes instrumentos:
Persuasão e educação
Mudança de proposta
Remoção do que pode causar consequências sociais adversas
Simplesmente “esquecer”
Este documento foi efectuado com base no livro “Activity-Based Costing (ABC)
– A poderosa Estratégia Empresarial” de Samuel Cogan