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MORAIS, Carlos Alexandre. Introdução Ao Direito Públic e Privado PDF
MORAIS, Carlos Alexandre. Introdução Ao Direito Públic e Privado PDF
PÚBLICO E PRIVADO
Professor Dr. Carlos Alexandre Morais
Atualização: Professora Esp. Monica Cameron Lavor Francischini
graduação
ADMINISTRAçãO E
PROCESSOS GERENCIAIS
MARINGÁ-pr
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
a distância:
C397 Introdução ao direito público e privado / Carlos Alexandre
Morais , Mônica Cameron Lavor Francischini. Maringá - PR,
2012.
191 p.
1. Direito público 2. Direito privado. 3.EaD. I. Título.
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.
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INTRODUÇÃO AO DIREITO
PÚBLICO E PRIVADO
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.
Olá, amigo aluno. Este é o livro de INTRODUÇÃO AO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO que foi
desenvolvido especialmente para você, de forma a instruí-lo sobre o universo jurídico existente.
Meu nome é Monica Cameron Lavor Francischini e atualizei-o para você. Antes de falarmos
sobre o Direito em si, vou contar um pouquinho da minha vida profissional a você.
Cursei a faculdade de Direito na cidade de São Paulo/SP, tendo me graduado no ano de 2000.
Fui inscrita na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no ano seguinte, quando então me tornei
advogada das áreas empresarial, tributária e atualmente também previdenciária.
Sou especialista em Direito Público pelo Cesumar e docente desde o ano de 2006, tanto no
ensino presencial quanto no ensino a distância (este último comecei em 2009).
Pois bem. Como não estamos estudando a minha vida pessoal, vamos passar ao Direito.
Nosso livro está dividido em 05 UNIDADES e o estudo do conteúdo deste livro é de suma
importância, pois tem o objetivo de fornecer as bases necessárias para que você possam
entender as matérias que serão estudadas e que servirão de alicerce para o exercício da sua
futura profissão.
Apesar de não percebemos, o Direito faz parte do cotidiano como, por exemplo, quando ligamos
a torneira para escovar os dentes pela manhã, estamos utilizando um objeto de um contrato de
prestação de serviços fornecido pela companhia hidráulica, ou então quando ligamos o abajur
antes de dormir para estudar para a prova do dia seguinte, estamos utilizando um objeto de um
contrato de prestação de serviços fornecido pela companhia de energia elétrica.
Até a leitura deste livro faz parte do Direito, afinal ele foi elaborado e entregue a vocês,
acadêmico, em consequência de um contrato de prestação de serviços que você assinou com
a instituição de ensino.
UNIDADE I
Noções de Direito
CONCEITO 19
O ORDENAMENTO JURÍDICO 24
DIREITO E MORAL 31
DIVISÃO DO DIREITO 31
FONTES DO DIREITO 34
LEI 34
VIGÊNCIA DA LEI 35
OBRIGATORIEDADE DA LEI 37
COSTUME (USOS) 41
DOUTRINA 42
JURISPRUDÊNCIA 43
UNIDADE II
FORMAS DE GOVERNO 50
SISTEMAS DE GOVERNO 51
FORMAS DE ESTADO 53
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO 56
A COMPOSIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 58
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 60
ENTIDADES ESTATAIS 64
ATOS ADMINISTRATIVOS 68
PODERES ADMINISTRATIVOS 72
SERVIÇOS PÚBLICOS 74
LICITAÇÕES E CONTRATOS 76
ESTADO DE DIREITO 85
CONCEITO DE TRIBUTO 92
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 95
UNIDADE IV
CAPACIDADE 117
DOMICÍLIO 129
BENS 131
UNIDADE V
CONCLUSÃO 186
REFERÊNCIAS 188
UNIDADE I
Noções de Direito
Professor Dr. Carlos Alexandre Moraes
Atualização: Professora Esp. Monica Cameron Lavor Francischini
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Direito e Estado
• Fontes do Direito
INTRODUÇÃO
Olá, aluno! Seja bem-vindo ao estudo do Direito. Nesta unidade, iremos trabalhar as bases
necessárias para que você possa entender e estudar, nas próximas unidades, os principais
ramos do Direito.
Conforme já mencionado anteriormente, o Direito faz parte das nossas vidas, regula a
sociedade desde o nascimento das pessoas até a sua morte e diariamente nos envolvemos
em relações jurídicas, por isso é necessário conhecer o seu funcionamento para as tomada
de decisão.
Para isso, estudaremos aqui alguns conceitos e aspectos históricos do Direito, de uma
forma especialmente preparada para o acadêmico de Administração de Empresas, por isso
procuramos fugir de termos técnicos e, quando não possível, estaremos apresentando os
conceitos para facilitar a compreensão do conteúdo.
Podemos afirmar que o Direito nasceu junto com o agrupamento humano. A partir do momento
em que o homem começa a viver em sociedade, as normas de condutas passam a existir,
pois é impossível imaginar alguém vivendo em sociedade sem a existência de normas para
regulamentarem as relações.
A primeira teoria, ou seja, que o Direito tem sua origem na sociedade é a mais aceita, como
afirmavam os antigos romanos: ubi societas, ibi jus (onde houver sociedade, aí estará o Direito).
Como o Direito é uma norma de conduta, que regulamenta a sociedade e que traz com ela
uma sanção, sua finalidade é estabelecer a ordem em sociedade.
Dessa forma, podemos resumir a origem e finalidade do Direito em: o Direito nasce com a vida
em sociedade e sua finalidade é manter a paz social. Vamos refletir mais sobre isso.
Todos nós temos uma noção do significado do termo Direito, e esse pode ser utilizado de
diversas maneiras: “eu tenho direito de viajar”, “meu patrão não me pagou direito”, “o professor
não tinha o direito de cobrar essa questão na prova”. Para nós, Direito é norma de conduta que
rege a sociedade e tem sanção.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Do conceito apresentado, vamos acrescentar “traz uma sanção”, pois se a norma não tiver
sanção, a sociedade não poderá ser punida por desrespeitá-la.
O Direito é um “conjunto de normas”, pois são inúmeras as leis existentes, o Direito não é
representado por uma única norma, mas sim por normais “gerais e positivas”, uma vez que
compreendem todos os casos e são escritas, “ditadas por um poder soberano”. Entende-se
por Poder Soberano o Estado, por meio do Poder Legislativo, que tem a competência para
formular as leis, “que disciplinam a vida social”, estabelecem os direitos e deveres de cada
um, e, por fim, “traz uma sanção”, pois a norma precisa de uma sanção (pena), caso contrário,
a sociedade não vai cumpri-la. A ausência de sanção na norma transforma esta em uma lei
morta, sem eficácia, pois não existe punição para quem não cumpri-la.
Assim, de forma simples, podemos elaborar o seguinte conceito: Direito é o conjunto de regras
obrigatórias dirigidas à sociedade e que estabelece uma pena para quem não cumpri-lo.
É difícil precisar o momento exato do surgimento do Estado. Basicamente, existem três teorias
acerca da sua formação. Para a primeira teoria o Estado sempre existiu, desde o momento
que o homem se reuniu e passou a viver em comunidade; já a segunda teoria define que no
início não havia Estado, mas as necessidades de regular a convivência entre as pessoas o fez
surgir, e o terceiro grupo que define que o Estado é uma sociedade política dotada de certas
características bem definidas, que se fundam na soberania e passam a existir a partir do
século XVII (DALLARI, 1998).
Evolutivamente, pode-se falar na história do Estado passando pelas seguintes fases: Estado
Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado Medieval e Estado Moderno.
O Estado Antigo tinha como fundamento a religião, sendo o poder dos governantes explicado
pela ordem divina, por escolha dos deuses. Já o Estado Grego caracterizou-se pela presença
das cidades-estados, que era a sociedade política de maior expressão. Neste Estado a divisão
de classes era visível, e apenas uma pequena parte participava das decisões do Estado.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
O Estado Romano tem uma base familiar forte e demarcada, sendo que apenas uma pequena
parcela, considerada os patrícios, tinha direito de participar do governo. Neste período,
diversos códigos foram criados, por exemplo, a codificação de Justiniano, conhecida como
O Estado Medieval foi marcado por alguns fatores, entre eles o cristianismo, as invasões
bárbaras e o feudalismo. O cristianismo fortalece o poder da Igreja, que com o passar do
tempo fez entrar em choque os poderes do Imperador e do Papa. Com esse esfacelamento,
inicia-se uma série de invasões com base religiosa pela busca de territórios feita pelos povos
vizinhos dos romanos, os chamados bárbaros. Assim, para se proteger, as pessoas passaram
a viver em feudos. É a sociedade feudal, onde cada feudo tinha suas próprias regras, sendo
que a centralização era feita basicamente pela Igreja que se utilizava da Bíblia para exercer
coerção e justificar seu poder, foi o auge do chamado Direito Eclesiástico.
No século XII tem-se um dos fatos mais marcantes para as mudanças que viriam a seguir:
é o renascimento do comércio, a formação dos burgos, chegando à Revolução Industrial e
finalmente à Revolução Francesa, com seus princípios de liberdade, igualdade e fraternidade,
que podem ser vistos como o estopim da eclosão do Estado Moderno, que se define como
laico, ou seja, não se vincula a uma religião. Seu poder é fundado na vontade da coletividade
que delega a seus representantes as prerrogativas para o exercício do poder, que é definido e
limitado por uma Constituição que passa a ser a base do ordenamento do Estado.
Ou seja, por essa pequena incursão histórica, chega-se ao conceito que hoje define o Estado
Moderno como um ente que possui organização própria, estrutura administrativa e aparato
jurídico, que se funda em uma Constituição, que é o mecanismo legal que garante e legitima
sua própria criação. Assim, define-se Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por
fim o bem comum de um povo situado em um determinado território” (DALLARI, 1998, p. 104).
O governo é a organização necessária para o exercício do poder político, ou seja, aquele que
tem capacidade de impor aos outros determinados tipos de comportamento.
Mas qual a finalidade da existência do Estado? O Estado exerce esse poder com a finalidade
principal da realização do bem comum, atendendo as necessidades públicas, por meio da
prestação de serviços e construção de obras públicas que assegurem a estrutura básica para
que a sociedade civil atinja seus objetivos.
Assim, diante de todo exposto, vê-se que Direito e Estado são indissociáveis, é um ciclo posto
que o Estado cria o Direito que, por sua vez, o legitima e regula.
A citada soberania do Estado é una e indivisível, porém, existe a separação de poderes para
melhor consecução dos fins almejados e para manutenção da liberdade, que não consegue se
efetivar quando todos os poderes encontram-se nas mãos de apenas uma pessoa.
Esta separação propugnada por Montesquieu no século XVIII divide o poder do Estado
em Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo o Legislativo o responsável por fazer as leis,
o Executivo por executá-las e administrar a organização, e o Judiciário a quem incumbe a
aplicação do Direito, dirimindo litígios e controvérsias que lhe são trazidos para apreciação.
Diante disto e do que foi analisado anteriormente, constata-se que o Direito sempre existiu
para regular a vida humana em coletividade. Ele pode ser expresso de diversas formas, como
a moral, a religião, os costumes. Mas após a instituição do Estado como poder central detentor
da soberania de instituir as leis e regras para aquele povo e território, o Direito passa a ser
visto dentro da separação entre Direito Natural e Direito Positivo. Vejamos, a seguir, estas
concepções.
Dentro da doutrina jurídica é comum a definição da dicotomia entre Direito Natural e Direito
Positivo.
O Direito Natural, ou Jusnaturalismo, não é aceito por todos os doutrinadores. Para os que
o aceitam e o definem, ele é o conjunto de regras universais, inerentes ao homem, que não
O seu mais famoso expositor é Santo Agostinho (354-430 D.C.), que define que a Lei divina
sempre existiu e é anterior à lei dos homens, é imutável, não se corrompe e se aplica a todos.
Para alguns doutrinadores, o Direito Natural é visto como a base dos direitos fundamentais
hoje fixados na Constituição, como direito à vida, à liberdade de ir e vir, liberdade religiosa,
liberdade de expressão dentre outros.
Já o Direito Positivo é o direito posto pelo Estado, são as regras que estão em vigor em um
determinado país, regras que foram feitas pelo poder público, são as leis, códigos, tratados
internacionais, decretos e regulamentos.
O ORDENAMENTO JURÍDICO
Quanto mais complexa e evoluída a sociedade, mais normas existem para regulá-la. Essas
normas, dentro do Direito Positivo, são expressas como leis, sendo que o conjunto dessas leis
impostas pelo Estado aos seus indivíduos forma o seu ordenamento jurídico.
No Brasil, o Ordenamento Jurídico é imenso e composto pela Constituição Federal (CF), por
milhares de leis, códigos, decretos etc.
Sempre que você quiser consultar legislações federais, inclusive códigos e a própria Constituição
Federal, a fonte mais confi ável e atualizada é o site do Palácio do Planalto. Para acessar, use o link
<www.planalto.gov.br>.
No artigo 60, § 4 da nossa Constituição Federal, estão elencadas as cláusulas pétreas. A palavra pé-
trea vem de pedra, signifi cando “duro como pedra”. Trasladando a etimologia da palavra para o campo
constitucional, cláusula pétrea é aquela imodifi cável, irreformável, insuscetível de mudança formal.
Tais cláusulas consignam o núcleo irreformável da Constituição.
Assim, a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos
poderes e os direitos e garantias individuais não podem sofrer mudanças (nem por emendas constitu-
cionais), porquanto são imodifi cáveis.
Emendas Constitucionais
São diplomas legais com capacidade de modificar a Constituição Federal (exceto as cláusulas
pétreas), por meio de um procedimento específico.
Esse procedimento específico diz respeito a sua elaboração, ou seja, as emendas constitucionais
somente podem ser propostas ao Congresso Nacional por um terço, no mínimo, dos membros
da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República; ou por mais
da metade das Assembleias Legislativas das Unidades da Federação, pela manifestação da
maioria relativa de seus membros.
Lei Complementar
Lei Ordinária
Lei Delegada
Medida Provisória
Decreto Legislativo
Resoluções
São normas jurídicas editadas pelo Chefe do Poder Executivo (Presidente da República,
Governador ou Prefeito) com o objetivo de interpretar e detalhar a aplicação prática da lei.
Estes diplomas legais não podem inovar a ordem jurídica, ou seja, criar direitos ou obrigações
não previstas em lei. Admite-se, no entanto, a instituição de obrigações instrumentais,
viabilizadoras daquelas já previstas em lei, por parte de normas infralegais.
Assim, podemos dizer que de forma simplificada estes são os elementos do nosso ordenamento
jurídico. Diante de tantas leis, é necessário que se tenha estabelecida uma forma para que
estas não se contradigam ou se excluam. Ou seja, dentro do ordenamento jurídico deve existir
uma hierarquia entre as leis, partindo da lei base que é a Constituição Federal, a ela devem se
adequar todas as demais leis.
Esta hierarquia do ordenamento jurídico tem a forma de uma pirâmide elaborada por um jurista
austríaco chamado Hans Kelsen:
Ainda neste aspecto, as leis também podem ser classificadas de acordo com seu campo de
atuação.
Um nível abaixo estão as leis estaduais, que têm eficácia dentro do espaço geográfico de
cada um dos estados brasileiros (por isso, a alíquota do IPVA, por exemplo, é diferente de um
estado para outro). E, por último, a lei municipal, que só é válida dentro do Município e dos seus
Distritos (por isso, ocorre da alíquota do IPTU ser menor em uma cidade do que em outra).
Podemos representar a hierarquia das leis conforme o gráfico abaixo:
Constituição Federal
Leis Federais
Leis Estaduais
Leis Municipais
O Direito objetivo é a lei, é a norma estabelecida à sociedade. Podemos citar como exemplos:
o Código Civil, o Código Penal, o Código de Defesa do Consumidor, a Constituição Federal.
Por sua vez, o Direito Subjetivo é a faculdade de agir, é a vontade do indivíduo de agir, de
buscar no Direito Objetivo o seu próprio direito. Por exemplo, o empresário que aceita um
cheque pré-datado de um cliente e deposita o cheque antes do prazo pactuado, causando
a inscrição indevida do nome do cliente no SCPC. Dessa forma, a lei (Código Civil) prevê a
possibilidade de o cliente mover uma ação de indenização por danos morais. Nesse caso, o
Código Civil é o Direito Objetivo, para que isso ocorra é necessário que o cliente mova a ação
indenizatória em face do empresário. Assim procedendo, aquele estará fazendo uso do Direito
Subjetivo. O Direito Subjetivo, segundo Maximilianus Cláudio Führer é:
DIREITO E MORAL
Existe uma relação muito estreita entre o Direito e a Moral, uma vez que os dois são normas
de conduta que regem a sociedade, porém o primeiro pode privar o indivíduo que transgride
a norma da própria liberdade, por exemplo, a pessoa que mata a outra pode ser condenada
à prisão.
Por seu turno, as normas morais que são desrespeitadas não trazem consequências maiores, a
não ser excluir o transgressor de um determinado grupo de pessoas, por exemplo, a prostituta,
que normalmente é discriminada pela sociedade, apesar da prostituição não ser considerada
crime pela lei brasileira. Max e Édis (2002, p. 29) sobre o Direito e a moral ensinam que:
A vida só é possível uma vez presentes regras determinadas para o procedimento dos
homens. Essas regras, de cunho ético, emanam da Moral e do Direito, que procuram
ditar como deve ser o comportamento de cada um. Sendo ambos – Moral e Direito –
repositórios de normas de conduta, evidentemente apresentam um campo em comum.
Assim, aquele que estupra uma donzela viola, a um tempo, normas jurídica (art. 213 do
CP) e moral (neminem laedere = não prejudicar ninguém).
Quanto ao campo de atuação, o campo da moral é maior que o campo do Direito, porque
questões morais vão variar de pessoa para pessoa, dependendo, muitas vezes, do meio em
que vive, da religião a que pertence, da educação recebida dos pais, sendo que o campo do
Direito é único, uma vez que é posto pelo Estado à sociedade. O que é considerado crime para
uma pessoa é crime para qualquer pessoa, pois é a lei que determina.
DIVISÃO DO DIREITO
O Direito é único, todavia, para uma melhor compreensão, ele pode ser dividido em 02
Direito Público - É o ramo do Direito que trata das coisas do Estado, que tem o Estado como
sujeito principal da relação jurídica e representante dos interesses coletivos. Para Max e Edis
(2002, p. 34), “O Direito Público disciplina os interesses gerais da coletividade, e se caracteriza
pela imperatividade de suas normas, que não podem nunca ser afastadas por convenção dos
particulares”.
Direito Privado – É o ramo do Direito que trata das relações entre os privados (pessoas físicas
e jurídicas), tal como a produção e aplicação das normas jurídicas, mas sem deixar de ter
como diretrizes máximas primeiro a Constituição Federal, e depois as demais normas criadas
pelo Estado. O núcleo dessas relações é sempre o interesse individual ou, no máximo, o de
uma pequena parcela da sociedade.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Os ramos do Direito Público Nacional, em regra geral, são classificados da seguinte forma:
Direito Penal: é o conjunto de normas jurídicas que definem as condutas criminosas e fixa as
punições para quem praticá-las.
Direito Tributário: é o conjunto de leis que determinam a forma do Estado arrecadar tributos
dos contribuintes.
Direito Processual Civil e Direito Processual Penal: fixam a forma pela qual o Poder Judiciário
deve dar andamento nos processos, por exemplo, estabelece os prazos que as partes têm
para se manifestar, fixa o fórum competente para julgar o processo, indica os tipos de recursos
que podem ser utilizados entre outros.
Direito do Trabalho: é o conjunto de normas jurídicas e princípios que trata da relação entre
empregado e o empregador. Alguns doutrinadores classificam o Direito do Trabalho como ramo
do Direito Privado, todavia, entendo que aquele está inserido no campo do Direito Público.
O Direito Internacional Público rege as normas que regulam a relação entre os países, por
exemplo, na construção do Canal da Mancha (Inglaterra-França), se tivesse ocorrido alguma
divergência entre eles, não seria aplicada nem a legislação inglesa nem a francesa, mas as
normas de Direito Público Internacional.
Direito Civil: é ramo do Direito privado que estuda a relação entre as pessoas e pessoas
(casamento, separação, divórcio, adoção, obrigações, responsabilidade civil, inventário etc.),
a relação entre as pessoas e bens (propriedade, posse, usucapião, enfiteuse, desapropriação
etc.) e a relação entre pessoas, bens e pessoas (compra e venda, empréstimo, locação,
arrendamento etc.).
FONTES DO DIREITO
Fonte significa nascente de água ou origem, ou seja, de onde alguma coisa nasce ou se
origina, e no Direito se classifica em:
Fontes formais – São as formas como se exteriorizam, ou seja, aquelas diversas maneiras
pelas quais se manifesta o direito, são os meios pelos quais o direito aparece nos diversos
sistemas jurídicos, sendo por meio das leis, jurisprudências, doutrina, costumes, analogia,
equidade e princípios gerais do Direito.
LEI
A lei é a principal fonte de Direito que o juiz tem para dirimir os conflitos existentes. Como já
Para que uma lei exista, são necessários 04 (quatro) elementos: a) dispositivo, que é o conteúdo
da lei, ou seja, o texto da lei; b) sanção que é a concordância do Presidente da República, com
o dispositivo, em caso contrário, quando o Presidente da República não concorda, ocorre
o veto; c) promulgação após a sanção o Presidente da República determina que a lei seja
cumprida; d) publicação, é a forma que o Estado encontrou para dar conhecimento a todos de
que a lei existe.
VIGÊNCIA DA LEI
O fato de a lei existir não significa que a mesma esteja em vigência, ou seja, que somos
obrigados a cumpri-la, pois o fato de a lei ter sido publicada no Diário Oficial é para dar
conhecimento de sua existência.
O Decreto-Lei nº. 4.657, de 04 de setembro de 1942, também conhecido como LICC – Lei de
Introdução ao Código Civil é o que determina a vigência de uma lei no país, apesar do nome
(Lei de Introdução ao Código Civil), essa é uma lei de introdução a todas as leis existentes, pois
é uma norma que regulamenta as demais normas.
O Brasil optou pela publicação da lei no Diário Oficial para que as pessoas tenham conhecimento
que uma lei existe e para que a mesma possa entrar em vigência. A sociedade brasileira só
está obrigada a cumprir a lei após a mesma estar em vigor.
a) De acordo com o art. 1.º da LICC, uma lei passa a ter vigência após quarenta e cinco dias
de sua publicação oficial, salvo disposição em contrário, dessa forma, se no próprio corpo
b) A lei também pode entrar em vigência no ato de sua publicação, isso ocorre quando na
própria lei vem estabelecido que “esta lei entra em vigor na data de sua publicação”, isso
significa que se a lei foi publicada hoje, a partir desta data todos devem cumpri-la.
c) A lei determina um período maior ou menor para sua entrada em vigência, esse prazo
vai depender da complexidade da norma, da mesma forma, no próprio corpo da lei vem
estabelecido “Essa lei entra em vigência 10 dias após sua publicação”, ou, “Essa lei entra em
vigência 90 dias após sua publicação”. Como exemplo, o atual Código Civil que entrou em
vigência 365 dias após sua publicação.
Esse período, compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigência, é denominado
vacatio legis, ou seja, vacância da lei. Esse período é necessário e utilizado para que as
pessoas tenham conhecimento que determinada lei existe.
Da mesma forma, o art. 1.º, §§ 3.º e 4.º, estabelece que, se antes de entrar a lei em vigor,
ocorrer nova publicação de seu texto para correções, o prazo para que a lei entre em vigência
começará a correr novamente. Todavia, se a lei a ser corrigida já estiver em vigor, considera-
-se lei nova.
A partir do momento em que uma lei é publicada no Diário Oficial, ninguém pode alegar que não
a conhece; subentende-se que todos tiveram conhecimento que a lei existe. Como exemplo:
Todavia, a regra não é absoluta, existem exceções, por exemplo, o art. 65, inciso II, do Código
Penal: “Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena II – o desconhecimento da lei”.
OBRIGATORIEDADE DA LEI
Uma lei tem vigência até que outra lei a modifique ou a revogue, com exceção das leis
temporárias, que têm um prazo de validade estabelecido no próprio texto. Dessa forma, uma
lei não pode ser revogada (perder seu efeito) pelo desuso, ou seja, pelo fato de uma determina
lei ou dispositivo de lei não ser mais utilizado, não significa que o mesmo foi revogado.
O Código Civil de 1916, Lei nº. 3.071, de 1.º de janeiro de 1916, teve vigência até 10 de janeiro
de 2003, e constava em seu art. 178, § 1.º que:
“Art. 178. Prescreve: §. 1.º Em 10 (dez) dias, contados do casamento, a ação do marido para
anular o matrimônio contraído com a mulher já deflorada”.
Assim sendo, até o dia 10 de janeiro de 2003, um dia antes de o Código Civil atual entrar
em vigência, o marido poderia pedir a anulabilidade do casamento, caso sua esposa não
fosse virgem. Esse artigo da lei há muito tempo tinha caído no desuso, ou seja, ninguém mais
utilizava, todavia, a lei ainda estava em vigência, a lei não tinha sido revogada, qualquer pessoa
que casasse e a mulher não fosse mais virgem poderia solicitar judicialmente a anulação do
casamento.
Revogar uma lei significa tornar nula, é tirar a sua eficácia, é dizer que a lei não existe e por
isso não é preciso mais obedecê-la. O art. 2. º da LICC estabelece que a revogação ocorre:
Art. 2.º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1.º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja
com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.
§ 2.º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior.
Também não podemos esquecer que uma lei só revoga lei que for hierarquicamente igual
ou superior. Por exemplo, uma lei municipal nunca vai revogar uma lei estadual, mas uma lei
municipal pode revogar outra lei municipal (do mesmo município). Por sua vez, a lei federal
pode revogar lei estadual e lei municipal.
A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Ocorre ab-rogação quando a
lei nova revoga toda lei a anterior, como ocorreu com o Código Civil de 1916, que foi revogado
pelo Código Civil de 2002, a Lei n.10.406 de 10 de janeiro de 2002, que dispõe no art. 2.045
que “Revoga-se a Lei n.º 3.071 de 1.º de janeiro de 1916 – Código Civil [...]”.
Por sua vez, derrogação é a revogação parcial de uma lei, como aconteceu com a Parte
Primeira do Código Comercial que foi revogada pela Lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002,
que no art. 2.045 determina que “Revogam-se [...] e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei
n.º 556 de 25 de junho de 1850”.
Irretroatividade Da Lei
Retroagir significa voltar no tempo. As leis são elaboradas para regular fatos no futuro, não
para alcançar fatos que já aconteceram. Por exemplo, hoje entra em vigência uma lei que
estabelece que é proibido sair de casa (toque de recolher) após as 24h, sob pena de uma
multa. Quem saiu de casa ontem depois das 24h não será obrigado a pagar a multa, porque a
lei é feita para alcançar fatos futuros, e não fatos passados.
Conforme o dispositivo da Constituição Federal, art. 5.º, inciso XXXVI, “a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. No mesmo sentido, o art. 6.º, §§§ 1.º,
2.º e 3.º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que:
O Direito Adquirido é o que já foi incorporado ao patrimônio moral ou material de uma pessoa
qualquer, desde que ela tenha satisfeito todas as condições legais para a sua obtenção, mesmo
que ainda não tenha exigido o seu cumprimento pela parte que lhe tem um “dever subjetivo”.
Por exemplo: cumprido o tempo de recolhimento previdenciário mínimo estipulado pela lei e
completando 65 anos, o homem pode pedir aposentadoria. Este é um direito adquirido, mas
a lei diz que ele “pode”, e não que “deve”, sendo assim, por opção própria e por conveniência,
esse cidadão pode continuar trabalhando mais alguns meses, ou anos, e somente depois
exercer o seu direito. Se nesse tempo a lei mudar, ele terá a sua aposentadoria garantida.
O ato jurídico perfeito “é aquele já praticado e que surtiu os conseqüentes efeitos. Um contrato
elaborado sob Lei que o autorize não pode ser invalidado porque lei posterior considera esse
contrato ilegal” (VENOSA, 2006, p. 109). Outro exemplo seria o do trabalhador que já tendo
atendido às exigências legais para a sua aposentadoria e, tendo solicitado à Previdência
Social, teve atendido o seu pedido, iniciasse o recebimento da mesma. As mudanças na lei
que surgirem após a devida concordância da Previdência Social não podem fazer com que o
mesmo retorne ao trabalho, salvo no caso em que houve eventual ilicitude no processo.
A coisa julgada ou transitada em julgado é o processo ao qual não cabem mais recursos em
nenhuma instância jurídica. É a decisão jurídica a qual não tem mais provimento de reforma, de
alteração, sendo que o único a ser realizado pelas partes é o cumprimento dessa decisão. Mas
temos que apresentar uma ressalva ao Direito Público Internacional que, por meio de diversos
Em resumo. Ato jurídico perfeito é o ato já acabado, aquele que já cumpriu todas as exigências
estabelecidas pela lei vigente à época do ato. Direito adquirido é aquele que já faz parte do
patrimônio da pessoa, do qual esta pode dispor a qualquer momento. E coisa julgada é uma
decisão judicial que não mais cabe recurso, uma vez que a questão já foi decidida.
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Assim sendo, a nova lei deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada. Todavia, existe exceção para a irretroatividade da lei, desde que exista disposição
expressa da lei, isso é possível, como ocorre no Direito Penal, a lei pode retroagir, desde que
seja para beneficiar o réu. Por exemplo, o indivíduo foi condenado à prisão pela prática de um
crime que previa pena de 10 (dez) anos, com a publicação de uma nova lei, fica estabelecido
que aquela conduta preveja, agora, pena de 3 (três) anos, o indivíduo terá que cumprir apenas
3 (três) anos. Se por acaso, ele já cumpriu mais do que os 3 (três) anos, deve ser solto.
“Art. 7.º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim
da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”.
Dessa forma, tanto os brasileiros quanto os estrangeiros residentes (ou não) no país devem
respeitar as leis brasileiras.
COSTUME (USOS)
É uma prática reiterada da sociedade, por não ser lei não nasce do Poder Legislativo, mas
sim da sociedade. As pessoas cumprem acreditando que aquilo seja obrigatório. Pablo Stolze
Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2007, p. 15) ensinam que “trata-se de uma fonte do direito,
com objetividade evidentemente menor, uma vez que sua formulação exige um procedimento
difuso, que não se reduz a um procedimento formal, como se verifica na elaboração das leis”.
Podemos citar a fila como um costume da sociedade, que não foi estabelecido por lei, mas
todos respeitam. Outro exemplo é a figura do cheque pré-datado, todos sabem que cheque
é “ordem de pagamento à vista”, contudo, se o comerciante aceitar receber um cheque pré-
-datado ele não poderá depositar o cheque antes, sob pena de pagar uma indenização por
danos morais, conforme a Súmula do STJ n. 370, que determina: “caracteriza dano moral a
apresentação antecipada do cheque pré-datado”.
No começo, foi muito utilizado, mas hoje é considerado uma fonte secundária frente à lei,
todavia, não é ignorado, tanto que pode ser utilizado em alguns casos:
b) Quando não existir lei: o art. 4 da Lei de Introdução ao Código Civil ordena que “Quando a
lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito”, em casos que não existe lei tratando do caso, o juiz deve utilizar o costume
para decidir.
c) Contra a lei: o costume não deve ser utilizado para fundamentar uma decisão judicial se este
estiver em contradição com a lei, porém, existem pessoas que defendem o uso do costume
mesmo que seja contrário à lei.
Como já vimos, a lei só é revogada por outra lei de igual ou superior hierarquia, dessa forma, o
costume não revoga lei. Se existir uma lei sobre determinado assunto e um costume contrário
à legislação, o juiz deverá seguir a lei e não os costumes.
DOUTRINA
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JURISPRUDÊNCIA
É a interpretação dos juízes e tribunais a respeito de algum assunto, ou seja, são as decisões
judiciais repetidas sobre determinado assunto e para as quais não cabem mais recursos. A
jurisprudência, normalmente, vai mudando ao longo do tempo. Por exemplo, há alguns anos
o empregado que fosse despedido, ou que tivesse pedido dispensa do trabalho, tinha 02
(dois) anos para cobrar os últimos 05 (cinco) anos do contrato de trabalho, uma vez que a
Constituição Federal determina que:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXIX - Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho.
Existem casos em que o juiz encontrará situações que não estão previstas em lei, e mesmo
assim deverá decidir o caso, não podendo deixar de julgar por não existirem leis a respeito do
assunto. Ocorrendo tal situação, a Lei de Introdução ao Código Civil determina que o juiz deva
utilizar a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito, conforme o dispositivo do art.
4º, “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito”.
O juiz deverá aplicar a analogia por meio do art. 981 do Código Civil, que trata sociedade de
fato.
a) Costume: como já vimos, costume é uma prática reiterada da sociedade, em que todos
a cumprem acreditando que aquilo seja obrigatório; exemplo clássico é a fila de um banco.
Assim, se ocorrer uma situação não prevista em lei, o juiz pode buscar auxílio nos costumes
da região.
b) Os princípios gerais do Direito: por fim, se não existir lei que prevê o fato real, não sendo
possível o uso da analogia ou do costume, deve o juiz se socorrer nos princípios gerais do
Direito, ou seja, “são estes constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos
e são universalmente aceitas, mesmo não escritas” (GONÇALVEZ, 2003, p. 53).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após estudada esta primeira unidade, podemos afirmar que o Direito existe desde que o
homem vive em sociedade, sendo impossível a vida em sociedade sem normas de condutas
para estabelecer direitos e deveres para cada indivíduo.
Por este motivo, esta unidade é de importância fundamental para que você se familiarize com
os conceitos jurídicos necessários para o posterior entendimento das demais leis relativas aos
principais ramos do Direito.
Além do mais, entender o Direito não é importante apenas para a sua vida profissional, mas
também é essencial para a vida pessoal, para saber como agir frente a situações em que se
tenha um direito ferido ou na eminência de um dever jurídico.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. O Direito pode ser dividido em Direito Objetivo e Direito Subjetivo. Em que eles se diferem?
Explique.
3. O que é o Direito, tomando como referência a existência de uma Constituição Federal, que
é a norma máxima de um país?
5. Explique jurisprudência.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. 22. ed. São Paulo: Editora
Saraiva.
IHERING, Rudolf Von. A Luta pelo Direito. Trad. J. Cretella JR e Agnes Cretella. 6. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Direito Constitucional
• Da Organização do Estado
• Direito Administrativo
INTRODUÇÃO
Olá, aluno! Nesta unidade, iremos estudar os principais pontos de dois ramos do Direito que
pertencem ao Direito Público: o Direito Constitucional e o Direito Administrativo.
Historicamente, a Constituição não é um elemento jurídico tão novo assim, pois Aristóteles em
sua época, segundo relato, teria realizado estudos de mais de 100 Constituições das cidades
gregas de sua época, mas pouca coisa chegou até nossos dias.
Com relação à significação e importância que a mesma assume nos dias atuais, é fruto e
resultado da criação do Estado Moderno depois da Revolução Francesa. E, de forma mais
enfática ainda, após a Segunda Guerra Mundial, em que se introduzem fatos novos no mundo
jurídico, como o pacto de não agressão entre os países que compõem a ONU (Organização
das Nações Unidas), ainda que isso possa estar situado no campo teórico, pois a política,
conforme nos ensina Maquiavel na obra “O Príncipe”, traz consigo razões próprias as quais
fogem às regras estabelecidas entre os homens comuns, são o que se chama de “razão de
Estado”.
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Na atualidade, podemos classificá-las em:
SISTEMAS DE GOVERNO
Regime Político
O regime político está associado com o grau de participação da vontade do povo na condução
e realização das ações políticas necessárias à administração do Estado como um todo. Sendo
assim, uma das classificações possíveis (a mais comum) é a seguinte:
Democracia – tem a sua origem no mundo grego, e é o governo do povo e para o povo. É o
regime de governo em que o povo tem a maior participação e, consequentemente, a maior
responsabilidade também. Os graus de exercício dessa democracia são os seguintes:
Direta – as decisões são tomadas pelo povo em praça pública. Era assim na Grécia Antiga, mas
nos dias atuais é inviável, dada a grande concentração de pessoas nas cidades e aextensão
da participação democrática, pois na Grécia essa participação era muito limitada.
Semidireta – parte do poder é exercido diretamente pelo povo, por meio de plebiscito, referendo
e iniciativas populares, e parte pelo parlamento eleito pelo povo. A Constituição de 1988 prevê
esse tipo de participação em seu artigo 14 e incisos I, II e III. É um sistema interessante de
participação do povo, mas a nossa cultura parece que ainda não assimilou essa possibilidade,
principalmente por ser necessária uma mobilização prévia do povo, e, lamentavelmente,
lembramo-nos do exercício da nossa cidadania apenas de 4 em 4 anos.
Teocracia – é o regime de governo em que a religião exerce fortes influências e temos uma
relação um tanto complexa de poder, pois o líder deve representar os interesses do povo,
mas sem esquecer sua subordinação aos líderes religiosos. Um exemplo é o Irã, onde o seu
Presidente tem grande parte de seus poderes limitados por uma junta de Aiatolás. Admitindo,
como já é pacífico nos países ocidentais, que o Vaticano é um Estado, podemos dizer que o
seu regime é Teocrático.
FORMAS DE ESTADO
Está associada à composição geográfica que deu origem ao Estado, com consequência no
campo político e social. Pode ser classificada em:
Composto – quando é formado por mais de um estado, cada qual com características de
poderes iguais à estrutura de poder maior, mas que, ao estabelecerem uma ligação de interesse
comum a todos, concedem parte de seus poderes a uma estrutura central. Na realidade,
internamente, temos uma pluralidade de poderes, mas existe uma Norma Fundamental
(Constituição), que dispõe de normas jurídicas capazes de garantir a coesão desses estados.
A subdivisão clássica dessa forma de governo é a seguinte:
União Real – os diversos territórios que formam esse estado submetem-se ao poder de um rei
ou rainha e, embora possa ser concedida uma autonomia relativa a determinadas regiões, o
Poder Real expressa a relação de interesse máximo entre esses territórios. Um exemplo é o
Reino Unido, mais conhecido como Grã-Bretanha, ou ainda, Inglaterra.
Federação – é resultado da união livre e espontânea de dois ou mais estados, o que resultará
na formação de um novo estado, no entanto com força política, militar, territorial, econômica
e outras unidas, com o objetivo máximo de constituir-se em um estado forte que tem uma
série de afinidades, tais como: cultura, língua, territórios agrupados (existem casos de ilhas
agrupadas em federação). Na Federação, os Estados que aderirem a essa forma de governo
concedem parte de sua Soberania ao Estado Central e, normalmente, como no Brasil e nos
Estados Unidos da América, existe um dispositivo Constitucional que impede a retirada de um
estado da Federação, para se declarar independente. A nossa Constituição Federal em seu
artigo 1º nos diz que: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal [...]”, deixando bem claro a nossa forma de governo.
Os Estados Unidos da América também têm como forma de governo o sistema Federativo.
Será que o Estado Brasileiro cumpre todos os dispositivos do artigo 5º de nossa Constituição Federal?
Você já leu este artigo na sua íntegra e refl etiu sobre o mesmo?
Com a instituição do Estado Moderno, o Direito Constitucional passou a ser a coluna mestre
do amplo campo do Direito chamado de Direito Público Interno, uma vez que temos também o
Direito Público Internacional.
A Constituição surge como manifestação de uma vontade da sociedade, e deve, no seu corpo,
expressar essa intenção. Nesse sentido, ela assume uma função sociológica e resultante
de uma conquista histórica e cultural da humanidade como um todo, embora uma parte
significativa dessa Carta Magna (outro nome que damos à Constituição) não seja cumprida na
prática, ficando no que chamamos de campo ideológico do legislador, não podemos deixar de
reconhecer a importância desse instrumento jurídico. Nesse sentido, ela deve estabelecer uma
relação clara entre o poder do povo e aquele concedido aos seus representantes.
Conforme já estudado, ao conjunto de todas as leis jurídicas que compõem um Estado damos o
nome de Ordenamento Jurídico e esse possui uma hierarquia na qual a Constituição Federal é
a Lei Maior, de expressão máxima, e nenhuma outra lei produzida pelo Estado pode entrar em
conflito ou desrespeitar a Constituição. Com base nesse pressuposto, o Direito Constitucional
é aquele que prevalece sobre todos os demais, embora a especificidade, em outras palavras o
detalhamento das leis, fique a cargo das diversas divisões existentes no Direito.
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO
Fonte: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/principal.htm>
Preâmbulo – apresentam quais são os ideais norteadores do Estado Brasileiro, assim como a
finalidade da criação da Constituição. Embora existam discordâncias doutrinárias, a maioria dos
estudiosos entende que o Legislador conseguiu de forma sintética, e até poética, demonstrar
os ideais que devem orientar a leitura e aplicação da Constituição.
Parte Transitória – não podemos nos esquecer que entre uma Constituição e outra, existe de
forma natural uma passagem do “velho” para o “novo.” Um período necessário para que não
apenas o Legislador, o Executivo e o Judiciário se preparem melhor, mas o Estado e o povo
como um todo possam se adequar às inovações e mesmo às restrições que a Constituição
mais recente traz à vida do cidadão.
O primeiro momento é quando o povo decide, por vontade própria, elaborar uma nova
Constituição, nesse caso, os princípios democráticos e suas teorias dizem que é necessário
ao “povo” eleger uma Assembleia Constituinte, ao que alguns autores chamam de Poder
Constituinte Originário (GALANTE, 2005). A finalidade nobre e exclusiva desse suposto seleto
grupo de representantes da sociedade é elaborar a Constituição e, tão logo a mesma seja
Promulgada, em outras palavras, terminada e publicada, é dissolvida a Assembleia Constituinte
para que o povo tenha novamente a liberdade de escolher os seus representantes, inclusive
com a permanência dos Constituintes, se o povo assim o desejar.
Mas como a Constituição pode ser alterada? A previsão consta na Subseção II – Da emenda
à Constituição, artigo 60. A alteração pode ser necessária a partir do momento em que a
sociedade, diante de sua dinâmica e complexidade, exija leis adequadas ao seu momento
histórico e necessidades sociais. No entanto, às vezes, esse processo é utilizado para que,
silenciosamente, o “espírito social” da Constituição sofra uma diluição, e o pior é que nem
sempre essa representa a vontade do povo, mas sim os interesses da classe política para
garantir a sua manutenção no poder.
A COMPOSIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Título I – Dos Princípios Fundamentais – nos apresenta os princípios máximos que deverão
não apenas compor a Constituição, mas uma diretriz para a sua interpretação, ou seja, qual foi
o espírito do Legislador no momento de sua criação. Aqui, manifesta-se de forma mais intensa,
o espírito inovador de uma Constituição moderna em um país liberal, em outras palavras, a
nossa Constituição atual tem uma forte predominância de um Estado socialista, voltado para
os interesses e vontades do povo (ao menos no papel).
Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais – o legislador expõe o que de mais elementar
tem que existir na República, com a finalidade de dar ao “homem” condições não apenas para
a sua existência física, mas também a sua participação na vida política e também a existência
Título III – Da Organização do Estado – não existe res publica sem que o Estado se organize e
promova uma articulação adequada entre os seus componentes, inclusive a criação de regiões
especiais dentro de seu território. É o Título que apresenta a articulação entre União, Estados
e Municípios, estabelecendo competências gerais.
Título IV – Da Organização dos Poderes – todo Estado Moderno exige a composição interna de
Poderes e, como o Brasil é uma República Federativa e se constitui em um Estado Democrático
de Direito (Constituição Federal, Art. 1º), partilhamos da Teoria Tripartite de Montesquieu, ou
seja, temos o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário. Nesse Título, o Legislador trata das
relações entre esses Poderes, assim como as suas Competências Constitucionais, ou seja,
o que cada Poder pode ou não fazer. A finalidade é de que os Poderes possam ter campos
de atuação distintos, mas necessários à manutenção da ordem e do bem-estar da República,
com reflexos diretos na vida dos cidadãos, que é a sua razão maior de existir. Os Poderes são
distintos, mas a harmonia deve ser o elemento que os une em prol da construção social que
toda a nação espera de seus homens públicos.
Título VIII – Da Ordem Social – com certeza, uma das partes mais socialistas de nossa
Constituição e que, pelo menos na intencionalidade, procura resguardar o cidadão cumpridor
de seus deveres, tanto do infortúnio resultante da velhice própria da natureza humana,
quanto ao meio ambiente, cultura e outros elementos imprescindíveis para a sua condição de
hominidade.
Título IX – Das Disposições Constitucionais Gerais – são apenas 17 artigos com normas
gerais, nada de especial, mas o Legislador compreendeu como necessárias à Constituição.
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
O Legislador deixou explícito que o Estado é laico, ou seja, não está diretamente ou
indiretamente submetido a qualquer poder espiritual específico, embora também não oseja
ateu, pois, no Preâmbulo da Carta Magna, pede a “proteção de Deus”. No artigo 19, o
Legislador reforça essa independência e a possibilidade de que a mesma venha a ser criada
por artifícios jurídicos quaisquer, pois nos diz que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Outra preocupação com a organização do Estado e explícita nos artigos 21, 22 e 23 é com
relação à competência para legislar, ou seja, como o Brasil é uma República Federativa,
algumas matérias legislativas são de competência exclusiva da União e esta tem por “dever
imperativo” (não deve se furtar a essa atividade) exercer o que determina a Constituição,
pois essas matérias têm por finalidade estabelecer normas jurídicas gerais, cujos efeitos são
estendidos a todos os entes federativos. Um exemplo está no artigo 21, inciso VII, em que o
legislador diz ser de competência exclusiva da União “emitir moeda”, assim como regular o
mercado monetário.
Existem as chamadas “competências comuns”, estabelecidas pelo artigo 23, em que a “União,
os Estados, Distrito Federal e Municípios” devem exercer uma vigilância comum para impedir
Para manter a harmonia em torno da União, que no ponto de vista do legislador é o bem
máximo que os seus componentes devem buscar, construir e fortalecer (estabelecendo um
paralelo sobre a teoria aristotélica da importância da pólis), a Constituição Federal estabelece
os direitos e deveres dos Estados (artigos 25, 26, 27 e 28), dos Municípios (artigos 29, 29-
A, 30 e 31), do Distrito Federal (artigo 32) e dos Territórios (artigo 33). Também, deixa claro
sua legitimidade e legalidade para realizar a Intervenção nos seus entes federativos quando
necessário, conforme exposto no artigo 34, principalmente no inciso I que dá a prerrogativa
de intervir para “manter a integridade nacional”. Nesse caso, não pode existir uma “pretensa”
vontade de alguma região se desligar da União, pois a Constituição Federal no artigo 1 deixou
clara a indissolubilidade de seu espaço territorial e unidade político-administrativa.
Não deixa dúvida de que o administrador público, além dos princípios que devem reger a vida
de todo e qualquer cidadão, deve carregar consigo uma responsabilidade maior, pois as suas
ações representam de forma direta para o povo. A conduta do Estado para com aqueles que
pelas suas lutas no passado, diárias e mesmo futuras, permitirão a continuidade do Estado,
ou melhor, da República Federativa do Brasil, que vive em um Estado Democrático de Direito.
Se a maioria dos homens públicos tivesse lido esse artigo, primeiro de acordo com as intenções
do Legislador e depois estabelecendo uma crítica em que o aspecto coletivo fosse o seu
agente norteador, saberia que o nepotismo e outros tipos de ações não representam o “espírito
que deve manter o homem público” nas suas funções. Não precisamos de mais leis em nosso
país, mas sim da exigência do cumprimento de princípios morais, éticos e mesmo aqueles
situados no campo da religião e que contribuem, de forma sólida, para regrar a conduta dos
homens, em que a construção do coletivo tenha prevalência máxima em relação ao privado.
Isso não representa abrirmos mão da nossa vida privada, mas estabelecer uma região de maior
influência da vida pública, não no sentido de exposição de nossas vidas, mas no campo das
realizações concretas. Essa influência pode amenizar as distorções sociais que se acentuam
a cada dia, abrindo espaço para a suposta existência de um “estado paralelo”, onde o “crime
organizado” sente-se à vontade para realizar as suas barbaridades e que, historicamente,
já sabemos quais serão essas consequências, caso a sociedade não recupere os valores
basilares da formação humana.
As chamadas Entidades Estatais são os locais públicos onde se manifesta a presença efetiva
de sua administração, compostas pela União, Estados e Municípios. O Estado (em todas as
suas esferas) precisa prestar serviços imprescindíveis a sua existência, como forma de retribuir
aos cidadãos uma das exigências para a perpetuação de sua existência.
Por exemplo: o Governo Federal precisa de um órgão para gerenciar a seguridade social,
prevista como dever do Estado. Temos então o INSS (Instituto Nacional de Seguridade
Social), que é uma Entidade Estatal, em que o Estado tem total controle sobre os seus gastos
e investimentos.
Para facilitar a execução de alguns serviços públicos, o Estado criou as autarquias, cujo
conceito foi definido pelo Decreto-lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967, no artigo 5º, inciso I
que nos diz que:
autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio
e receita próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada.
De acordo com Nascimento e Pinho (2006, p. 149), como resultado de uma análise de um
conjunto de leis que regulam os serviços públicos, para os doutrinadores a Administração
Pública Federal pode ser:
Outro tipo de sociedade é a chamada por Max e Élis (2005, p. 132) de entes de colaboração que
são “organizações que auxiliam o Estado, mas não se enquadram na administração direta, nem na
indireta. Exemplo são os serviços sociais autônomos, como o SENAI ou o SESI”. Mas como essas
instituições recebem verbas do poder público, encontram-se as suas administrações submetidas ao
mesmo rigor jurídico das empresas públicas.
Assim, o Estado de Direito acaba por dar origem ao Direito Administrativo, que é, segundo
José Cretela Jr. (1991, p. 31), “o ramo do Direito Público Interno que regula a atividade das
pessoas jurídicas públicas e a instituição de meios e órgãos relativos à ação dessas pessoas”.
A personalidade jurídica do Estado está classificada como pessoa jurídica de Direito público.
A Constituição Federal determina que a Administração Pública deve respeitar alguns princípios
fundamentais:
a) Legalidade (art. 5.º, II, art. 37, caput e art. 84, IV).
ATOS ADMINISTRATIVOS
Essa definição é clássica e, de forma direta ou indireta, permeia quase todas as obras sobre
Direito Administrativo.
Sendo assim, o Ato Administrativo só pode ser realizado por aquele que, investido da legalidade
e da legitimidade do exercício do poder, o faz tendo como objetivo único o bem coletivo, pois
é o cidadão que se destitui de sua personalidade enquanto condição privada e “se veste com
o manto invisível da coletividade”, não deixando que o mínimo de interesse pessoal e qualquer
ilicitude permeie as suas ações.
Imperatividade – é o exercício do poder de coação por parte do Estado a todo aquele que
recusar o cumprimento de uma norma legal. O Estado tem legitimidade e legalidade para o
exercício desse poder, inclusive com a utilização de toda a força proporcional à resistência da
execução de suas normas.
Presunção de Legitimidade – parte do princípio de que toda norma emanada pelo Estado tenha
primeiro legitimidade, ou seja, o povo concedeu o poder para o Estado legislar, mas precisa
fazê-lo de acordo com a legalidade, em outras palavras, o Estado não pode exigir que qualquer
cidadão contrarie os Princípios Constitucionais e aqueles emanados por outras normas.
Agente Capaz – são as condições determinadas pelo Código Civil, no artigo 104, inciso I, e
necessárias à existência da validade jurídica de qualquer contrato celebrado entre duas ou
mais partes.
Objeto Lícito – nenhum contrato, seja ele público ou privado, tem validade se o objeto do
contrato não for lícito. De valor jurídico e moral muito mais significante, tem os objetos que
envolvem os contratos públicos, pois o que é da res publica, não é de ninguém, mas pertence
a todos.
Forma Prescrita ou Não Proibida – a chamada positivação ou escrita do ato, como forma de
transparência e validade dos atos públicos.
Moralidade – são os princípios basilares, não somente do serviço e do agente público, mas
aqueles que regem a sociedade como um todo.
Finalidade de Atender ao Interesse Público e aos Objetivos da Lei – qualquer ato público visa
sempre ao interesse coletivo, o menor desvio desses interesses caracteriza desvio da função
pública e da razão do pedido do objeto.
Publicidade – os atos administrativos, assim como a maioria dos atos envolvendo coisa
Motivação, dada pela Lei Justificada pelo Agente – o fato gerador da necessidade do Ato
Administrativo e que produziu no agente o dever de tomar as medidas necessárias para a
solução ou amenização dos fatos que o Ato Administrativo visa realizar ou fazer realizar por
outros.
PODERES ADMINISTRATIVOS
Nem sempre o agente público realiza um Ato Administrativo por decisão própria, pois alguns
Atos já estão previstos em leis, e sendo assim, têm a imperatividade absoluta para a sua
realização. Poder vinculado ou regrado, segundo Edson Ricardo Saleme (2007, p. 45), é:
Aquele que, na realidade, não confere uma prerrogativa à Administração, mas, sim,
comete a ela, conforme prescrição legal, o poder-dever de praticar ato concreto diante
de determinada situação fática ou após a verificação do cumprimento de determinados
requisitos legais.
Da mesma forma, Edson Ricardo Saleme (2007, p. 42) conceitua como poder discricionário
o ato “que confere à Administração Pública a prerrogativa de praticar atos administrativos
com certa margem de liberdade de apreciação da convivência e oportunidade das soluções
possíveis previstas em lei”.
Não podemos nos esquecer de que a liberdade consiste na prática dos atos permitidos pela
No exemplo citado acima, se o Prefeito mantém a mesma posição para todas as Escolas do
seu município, mantém a coerência de seus Atos, no entanto, ainda que juridicamente as
coisas nem sempre sejam simples assim, se ele fizer essa concessão à outra Escola, poderá
ser interpretada como uma ação tendenciosa.
Poder de Polícia
É o poder que a administração pública tem de reprimir atos dos particulares que forem
contrários à lei e aos interesses públicos. A administração pública tem poderes para, por
exemplo, dispersar uma passeata que esteja atrapalhando o trânsito em uma cidade.
Serviço Público é todo serviço prestado pela Administração Pública (direta ou indiretamente),
de acordo com a lei, para satisfazer as necessidades da coletividade. Como exemplos
temos as empresas de serviço postal (Correios), as empresas de abastecimentos de água,
fornecimentos de energia elétrica etc.
Gilberto Cotrim (2008, p. 46) ensina que os serviços públicos devem obedecer aos seguintes
princípios:
Generalidade – o serviço deve ser oferecido ao público em geral, sem distinção de
pessoas. Todos devem ter acesso ao serviço em igualdade de condições;
Uniformidade – o preço do serviço deve ser igual para todos. É proibido conceder
privilégios econômicos para determinada classe de pessoas em prejuízo de outra.
Continuidade – o serviço deve ser prestado constantemente, sem interrupções, para
atender às necessidades coletivas permanentes.
Regularidade – o serviço público precisa manter, internamente, o mesmo nível de
qualidade e quantidade.
A Administração Pública não consegue prestar todos os serviços necessários, por isso ela
delega ao particular o direito de executar alguns serviços que seriam de responsabilidade do
Poder Público, isso ocorre por meio de concessão, da permissão ou da autorização.
Servidores Públicos
Servidores públicos são as pessoas físicas que mantêm com o Estado uma relação de trabalho,
de caráter habitual, mediante subordinação e mediante o recebimento de uma remuneração.
Esses podem ser classificados como estatutários, se regidos por um estatuto, ou celetistas,
quando contratados sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas.Normalmente são
contratados por meio de concurso público.
Sérgio Pinto Martins (2009, p. 122) explica que funcionário público e empregado público são,
respectivamente:
É o servidor estatutário, que não pode ser dispensado salvo mediante procedimento
administrativo, em que se confira ampla defesa ao servidor. Tem regime legal. Presta
concurso público para ser admitido.
É o servidor regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Seu regime é
contratual. Presta concurso público.
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A licitação constitui um dos sustentáculos do Estado Democrático de Direito, ao mesmo
tempo em que permite a participação da iniciativa privada na execução de serviços e obras de
interesse público. Na Constituição Federal, no artigo 37, inciso XXI, o Legislador deixou bem
claro quais eram as suas intenções fundamentais ao nos dizer que:
Ressalvados os casos específicos na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificações técnica e econômica
indispensável à garantia do cumprimento das obrigações.
A licitação, ao mesmo tempo em que procura garantir o princípio da isonomia, tem por objetivo
garantir ao Estado a obtenção de produtos ou serviços, com o menor preço possível e com
o máximo de qualidade. No entanto, as chamadas práticas predatórias de mercado poderão
ser coibidas como, por exemplo, quando uma empresa oferece ao Estado um produto ou
serviço, em que é possível provar tecnicamente e de acordo com as regras de mercado que os
mesmos estão abaixo do preço mínimo médio.
Mas o que o Estado entende por contrato? Segundo a Lei nº. 8.666 de 21 de junho de 1993,
que visa regulamentar o artigo 37, inciso XXI, no seu artigo 1º, parágrafo único, temos que:
No mundo jurídico, é quase impossível que uma única Lei possa ser suficiente para regular
todos os fatos jurídicos de seu objeto, sendo assim, a Lei 8.666/93, no artigo 54, estabelece
que “Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e
pelos preceitos de Direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria
geral dos contratos e as disposições de direito privado”. O Legislador nada mais fez do que
indicar as fontes do Direito onde poderão ser buscados subsídios para resolver os casos em
que a Lei, pela sua especificidade, não tem condições, e nem deseja as ter, em função de que
poderia ocorrer o que chamamos de “legislação paralela” sem funcionalidade.
É preciso ressaltar que alguns Contratos, dada a complexidade dos serviços a serem
executados e também em função do tempo para a sua execução, podem sofrer reajustes de
É o que ocorre, por exemplo, na construção de uma rodovia pública, em que a totalização da
obra pode demorar alguns anos e os inúmeros componentes para a realização delas podem
sofrer variações consideráveis de preços, o que poderá comprometer a “saúde financeira”
da empresa contratada. Isso poderia levar a empresa contratada à falência, o que seria
extremamente prejudicial tanto ao agente contratante, quanto ao contratado, uma vez que
todas as atividades econômicas e financeiras devem ter, de acordo com a Constituição
Federal, a construção do bem social (ao menos na teoria).
Ainda com relação à mesma Lei (nº. 8.666), o artigo 22 especifica as modalidades de licitação
e, segundo Max e Édis (2005, p. 137), podem ser assim sintetizadas:
Concorrência – realizada para a contratação de bens ou serviços que exijam um aporte maior
de capital, conhecimento técnico, assim como envolve maior risco econômico e social entre
todas as partes envolvidas.
Tomada de Preços – realizada para a contratação de bens ou serviços de médio valor que
exijam responsabilidades objetivas e subjetivas menores.
Leilão – é a modalidade de licitação utilizada para a venda de “Bens móveis inservíveis para a
Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para alienação de
imóveis” (artigo 22, inciso 5º).
Pregão – essa modalidade surge com o Decreto nº. 3.555, de 8 de agosto de 2000, que
em seu artigo 1º, nos diz que “Fica aprovado, na forma do Anexos I e II a este Decreto, o
Regulamento para a modalidade de licitação denominada de pregão, para a aquisição de
bens e serviços comuns, no âmbito da união”. No entanto, dado o avanço tecnológico e os
benefícios econômicos resultantes da utilização deste meio de licitação, a Lei nº. 10.520 de 17
de julho de 2002, ampliou o escopo da Lei anterior, onde no seu artigo 2º, parágrafo 1º diz que
Poderá ser realizado pregão por meio da utilização de recursos tecnológicos da
informação, nos termos de regulamentação específica. Os Hospitais Universitários,
dado a emergência e ao mesmo tempo, o prazo de validade dos medicamentos, tem
obtido grandes vantagens econômicas, com a utilização desta modalidade de licitação,
até mesmo porque ela pode ser realizada via internet, mediante cadastro antecipado
dos participantes.
Não importa a forma de licitação a ser utilizada, o essencial é que ela se atenha aos princípios
estabelecidos pelo artigo 37 da Constituição Federal, sendo a publicidade e a probidade
aspectos fundamentais para a sua realização.
Quanto à execução dos Contratos, a Lei n. 8.666/93, no artigo 66, diz que: “O contrato deverá
ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
desta Lei, respondendo cada uma delas pelas conseqüências de sua inexecução total ou
parcial”.
Sendo assim, a Lei deixa explícita a obrigação de reciprocidade entre as partes, podendo,
no caso da execução parcial ou inadequada do Contrato, tanto o Estado mover ações
administrativas, como o descredenciar a empresa para a celebração de contratos futuros, com
ainda indenizações pertinentes e mesmo ações no campo penal.
Com relação ao agente público, a Lei n. 8.666/93 foi mais criteriosa, quando no artigo 89
especifica que: “Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar
de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou inexigibilidade: Pena – detenção de 3
(três) a 5 (cinco) anos, e multa”.
De uma forma geral, uma leitura atenta da Seção III – Dos Crimes e das Penas nos mostrará que
as penas de detenção poderão variar de 6 meses a 6 anos, sendo dado às partes envolvidas
na relação ilícita o pleno exercício do direito de defesa, conforme previsto na Constituição
Federal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição Federal de 1988 nos apresenta de forma objetiva as suas intenções, porém,
apesar de ser uma Constituição voltada para os aspectos da construção social e da primazia
do trabalho, grande parte dessas intenções ainda constituem “promessas não cumpridas”. E,
muitas vezes, por questões políticas e pressões internas e externas, o Estado termina por não
cumprir o seu papel de agente fiscalizador e regulador da economia.
3. O que são Atos Administrativos e que lei os regula? Quem pode realizar um Ato
Administrativo?
LYRA FILHO, Roberto. O Que é o Direito. 17. ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.
SALEME, Edson Ricardo. Direito administrativo. 5. ed. São Paulo: Rideel, 2011.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Tributo
• Obrigação Tributária
• Crédito tributário
INTRODUÇÃO
Podemos afirmar que o Sistema Tributário Nacional é rígido quanto aos tributos em geral,
porque a Constituição Federal relaciona uma a uma todas as espécies tributárias que as
pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) podem criar e exigir nas suas
competências privativas.
Para entendermos isso, devemos primeiramente conhecer alguns conceitos básicos como “o
que é Tributo” e quais as “formas de Tributos”. Vamos lá?
ESTADO DE DIREITO
Como já estudamos nas unidades anteriores, para analisar a atividade financeira do Estado,
cabe, de início, relembrar o conceito adotado para Estado.
Sérgio Pinto Martins (2003, p. 32) define que Estado “é a sociedade política e juridicamente
organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, para a realização do
bem comum do povo”. Dentro deste conceito, podemos extrair os seguintes elementos:
• Governo – organização necessária para o exercício do poder político, ou seja, aquele que
tem capacidade de impor aos outros determinados tipos de comportamento.
Assim, o Estado exerce esse poder com a finalidade principal da realização do bem comum,
atendendo as necessidades públicas (algo que se busca satisfazer), por meio da prestação
de serviços e construção de obras públicas que assegurem a estrutura básica para que a
O Estado deve sempre fazer cumprir a Constituição Federal e as demais normas existentes.
Um dos dispositivos da nossa lei máxima elenca os direitos da sociedade que devem ser
cumpridos pelo Estado. São eles: paz; segurança; educação; saúde; previdência; alimentação;
obras sociais e públicas dentre outras.
Daí surge a necessidade de obtenção de recursos para suprir tais necessidades. Esses
recursos podem ser obtidos de forma direta/originária (exploração do próprio patrimônio –
exemplo: aluguel do Pacaembu/SP) ou de forma indireta/derivada (apropriação de parte do
patrimônio do contribuinte – exemplo: IPI).
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Com fundamento em sua soberania, o Estado exige que seus súditos transfiram para
ele parte de seus rendimentos, visando custear os fins de que necessita. O Estado tem
custos para a manutenção de seus fins, como na manutenção de repartições públicas,
da própria máquina de arrecadação, dos vencimentos dos funcionários públicos, da
limpeza das ruas, da segurança pública, etc. Assim, surge o tributo, como a necessidade
de obter receita de seus súditos para fazer frente aos gastos que lhe são inerentes. O
poder de tributar do Estado consiste justamente em uma parcela da soberania estatal,
de poder exigir tributos dentro de seu território (MARTINS, 2003, p. 34).
PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE (Art. 5º, II c/c o art. 150, I, ambos da CF/88): nenhuma
das pessoas políticas de Direito constitucional poderá instituir ou aumentar tributos sem lei que
o estabeleça.
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (Art. 150, III, “b” da CF/88): as pessoas políticas de Direito
constitucional não podem cobrar tributos do contribuinte no mesmo exercício financeiro em
que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Advém do princípio da anualidade
(até julho do ano anterior, pois necessitava de autorização do Tribunal de Contas).
Vale ressaltar que os impostos incidentes sobre o comércio exterior são exceções a este princípio (arti-
go 150, § 1 da CF), pois diante do caráter nitidamente regulatório que ostentam, podem ser majorados
no mesmo exercício fi nanceiro em que se efetuar a publicação da lei respectiva.
Nós já estudamos o conceito das fontes do Direito em unidade anterior. Vamos estudar as
fontes voltadas ao estudo dos tributos.
Grande parte dos dispositivos legais relacionados aos tributos está prevista na Constituição
Federal, que é a lei máxima do país.
Cuida a Constituição dos princípios que acabamos de estudar e dos limites do poder de tributar
(como, por exemplo, a imunidade dos templos religiosos).
O Sistema Tributário Nacional vem contemplado no Título VI, Capítulo I, da Magna Carta, que
trata dos princípios gerais (Seção I, arts. 145-149); das limitações do poder de tributar (Seção
II, arts. 150-152); dos impostos da União (Seção III, arts. 153-154); dos impostos dos Estados
e do Distrito Federal (Seção IV, art. 155); dos impostos dos Municípios (Seção V, art. 156); e
da repartição das receitas tributárias (Seção VI, arts. 157-161).
Assim, a Constituição não criou tributos, apenas atribuiu competências para que as pessoas
políticas, por meio de lei, venham a fazê-lo.
Outra fonte do Direito Tributário são as Leis Complementares, ou seja, diplomas legais com a
função de complementar dispositivos constitucionais, servem para complementar o que está
previsto na Constituição Federal.
A matéria que deve ser tratada por uma Lei Complementar vem descrita na própria Constituição
Federal. Um exemplo disso é o artigo 146 da CF que assim está escrito:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo
e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas;
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e
da contribuição a que se refere o art. 239.
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir
um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:
I - será opcional para o contribuinte;
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos
pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção
ou condicionamento;
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes
federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.
A Lei Ordinária também é fonte do Direito. Este tipo de lei estabelece a criação, modificação
e extinção da obrigação tributária, estabelecendo, inclusive, as punições pelo seu não
cumprimento.
Deverá a lei descrever o fato gerador da obrigação principal, determinar a alíquota e a base de
cálculo e os sujeitos (ativo e passivo) dos tributos. Estudaremos estes conceitos logo a seguir.
Por determinação da Constituição Federal, a lei ordinária não pode instituir certos tributos,
como os empréstimos compulsórios e parte das contribuições sociais.
Existem também, em matéria tributária, as Leis Delegadas que são diplomas legais de
competência do Presidente da República.
Este solicita ao Congresso Nacional uma delegação para elaborar aquela determinada lei.
E quem nunca ouviu falar da Medida Provisória? As MPs, como são conhecidas, são também
de competência do Presidente da República, e somente podem ser editadas quando a matéria
for de extrema relevância e urgência, tendo 60 (sessenta) dias para ser convertida em lei, sob
pena de perder sua validade/vigência.
Ela só deve ser utilizada no campo tributário para a criação de impostos extraordinários de
guerra e para a instituição de empréstimos compulsórios de emergência (guerra, sua iminência
e calamidade pública).
CONCEITO DE TRIBUTO
É certa quantia em dinheiro que os contribuintes (pessoas físicas ou jurídicas) são obrigados
a pagar ao Estado (União, Estados, DF e Municípios) quando praticam certos fatos geradores
previstos pelas leis tributárias. Representa o ponto central do Direito tributário.
Segundo o Código Tributário Nacional (art. 3º), tributo é “toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de
ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Em face dessa definição, podemos eleger os seguintes elementos indispensáveis para que a
exação seja caracterizada como de natureza tributária:
3 – que não constitua sanção de ato ilícito, porque nesta hipótese não se trata de tributo, mas
de penalidade;
5 – a lei não pode estabelecer competência tributária que não esteja prevista na CF.
QUANTO À COMPETÊNCIA:
Federais: são aqueles tributos de competência da União Federal como, por exemplo, o Imposto
de Renda e o Imposto Territorial Rural.
Estaduais: são aqueles tributos de competência dos Estados e do Distrito Federal, como, por
exemplo, o ICMS e o IPVA.
QUANTO À VINCULAÇÃO:
Vinculação direta: tributos nos quais seu fato gerador exige uma contraprestação do Estado.
Aqui se enquadram as taxas e as contribuições de melhoria.
As taxas, por sua vez, se subdividem em duas espécies: taxas cobradas pela prestação de
serviços públicos (aquelas que têm por hipótese de incidência uma prestação de serviço
público) e taxas cobradas em razão do exercício do poder de polícia (aquelas que têm por
hipótese de incidência o exercício do chamado “poder de polícia”).
Vinculação indireta: há uma atividade estatal, porém os fatos geradores não condicionam
diretamente. Aqui se enquadram as contribuições sociais e o empréstimo compulsório. Muito
embora a vinculação não esteja na hipótese de incidência destes tributos, o Estado se obriga a
atender a seguridade social por via de outras instituições, bem como fica obrigado a destinar a
arrecadação do empréstimo compulsório para atender a base de sua instituição, promovendo,
pois, sempre uma atividade vinculada de interesse social.
Não vinculada: aqueles tributos que têm por fato gerador uma situação independente de
qualquer atuação do Poder Público. Aqui se enquadram os impostos, ou seja, aqueles que
independem de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte.
QUANTO À FUNÇÃO:
Parafiscais – tributos cujos recursos são destinados para autarquias, fundações, pessoas de
Diretos – a carga econômica é suportada pelo próprio contribuinte (de direito) – ex.: IR.
Indiretos – a carga econômica é suportada por uma terceira pessoa que não o próprio
contribuinte, normalmente o consumidor final (contribuinte de fato) – ex.: ICMS.
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Existe uma grande divergência no entendimento dos estudiosos do direito sobre o número de
espécies tributárias.
A maioria da doutrina entende que existem 05 espécies de tributos, vejamos cada uma delas.
Impostos
O Imposto é definido pelo CTN nestes termos: “Art. 16 – Imposto é o tributo cuja obrigação tem
por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte”.
Os impostos podem ser divididos em: a) reais (sobre bens, por exemplo: IPTU); b) pessoais
(sobre pessoas, por exemplo: Imposto de Renda); c) (sobre a produção e a circulação, por
exemplo: ICMS); d) especiais.
As taxas, diferentemente dos Impostos, exigem uma contraprestação por parte do Estado em
benefício da coletividade.
Para entender melhor as possibilidades constitucionais que permitem a cobrança das taxas,
vamos utilizar as lições de Paulo de Barros Carvalho (apud RODRIGUES, 2010, p. 39):
O direito positivo vigente prevê duas espécies de taxas: a) taxas cobradas pela prestação
de serviços públicos; e b) taxas cobradas em razão do exercício do poder de polícia.
a) Taxas cobradas pela prestação de serviços públicos:
Sobre tal rubrica é necessário dizer que os serviços públicos ensejadores de taxa são
aqueles que se contiverem no âmbito de atribuições da pessoa política que institui
o gravame, segundo as regras constitucionais. Os serviços poderão ser efetiva ou
potencialmente prestados ao contribuinte, ou postos à sua disposição, conforme
anuncia o art. 77 do Código Tributário Nacional. E o parágrafo único desse dispositivo
adverte que, além de não poderem ter hipóteses de incidência e bases imponíveis
iguais às dos impostos, é vedado cobrá-las em função do capital das empresas, o que
é óbvio, porém oportuno consignar, porque se não fora desse modo estaríamos diante
de um imposto.
Acerca dos serviços públicos que habilitam a instituição de taxas, muito elucidativas
são as explicações do art. 79 da Lei n. 5.172/66:
Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se:
I — utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
Contribuições de Melhoria
São os tributos destinados a custear atividades específicas que não são inerentes à função
do Estado. Podem ser de intervenção no domínio econômico, de interesse de categoria
profissional ou para o custeio da seguridade social (salário-educação, FGTS).
Fonte: <www.mpas.gov.br/>.
Para entendermos um pouco mais sobre estas contribuições, novamente vamos estudar o
ensinamento de Paulo de Barros Carvalho (apud RODRIGUES, 2010, p. 42):
O art. 149, caput, do texto constitucional prescreve a possibilidade da União instituir
contribuições como instrumento de sua atuação no âmbito social, na intervenção no
domínio econômico e no interesse das categorias profissionais ou econômicas.
Três, portanto, são as espécies de contribuição: (i) social, (ii) interventiva e (iii)
corporativa, tendo o constituinte empregado, como critério classificatório, a finalidade
de cada uma delas, representada pela destinação legal do produto arrecadado.
As contribuições sociais, por sua vez, são subdivididas em duas categorias: (i) genéricas,
voltadas aos diversos setores compreendidos no conjunto da ordem social, como
educação, habitação etc. (art. 149, caput); e (ii) destinadas ao custeio da seguridade
social, compreendendo a saúde, previdência e assistência social (art. 149, caput, e §
1.º, conjugados com o art. 195).
As contribuições sociais e as de intervenção no domínio econômico poderão gravar a
importação de produtos e serviços, mas não incidirão sobre as receitas decorrentes de
exportação (art. 149, § 2.º, I e II). Poderão ter alíquota ad valorem, tendo por base de
cálculo o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação,
o valor aduaneiro (art. 149, § 2.º, III, a). Com apoio nesse dispositivo, a União instituiu
o PIS e a COFINS sobre a importação de produtos e serviços do exterior, elegendo o
valor aduaneiro como base de cálculo (Lei n. 10.865/2004). As contribuições sociais
e de intervenção no domínio econômico também poderão ter alíquotas específicas,
tendo por base de cálculo a unidade de medida adotada (art. 149, § 2.º, III, b). Serve
como exemplo a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico instituída pela
Lei n. 10.336/2001, cuja alíquota é um valor pecuniário específico para cada tipo de
Empréstimos Compulsórios
Alguns renomados juristas entendem que o pedágio também é uma espécie de tributo. Porém,
tal entendimento tem encontrado inúmeros opositores, motivo pelo qual esta suposta espécie
não será acrescentada ao rol acima.
FATO GERADOR - é a situação definida em lei como própria, necessária e suficiente a sua
ocorrência, ou seja, é o ato praticado no mundo real que faça com que incida a norma tributária.
É a situação de fato da hipótese de incidência, dando nascimento à obrigação tributária.
Assim, a regra matriz é a própria norma jurídica tributária, enquanto que a hipótese de
incidência é a hipótese de ato a ser praticado pelo contribuinte (fato gerador) que fará com que
este se torne sujeito passivo da obrigação tributária.
Sérgio Pinto Martins ensina que “a hipótese de incidência é a situação descrita na lei como, em
tese, o contribuinte poderá nela incidir e ser exigido o tributo. Já o fato gerador é a situação de
fato, é a concretização da hipótese de incidência” (MARTINS, 2003, p. 153).
Para a identificação do fato gerador é necessário reconhecer alguns elementos impostos pela
lei, que relacionará o fato ocorrido a uma determinada obrigação:
2. critério espacial - local que deve ocorrer o comportamento humano para que a norma em
questão produza seus efeitos, e
3. critério temporal - momento em que tal conduta deve se realizar para gerar os efeitos jurí-
dicos descritos na norma.
A lei tributária também reconhece outros dois elementos que identificam os sujeitos ativo
e passivo da relação obrigacional tributária, bem como os valores para a identificação dos
tributos, sendo eles:
O sujeito ativo é o arrecadador do tributo, sendo aquela pessoa jurídica de Direito público titular
da competência para exigir o cumprimento da obrigação de pagar o tributo.
O Contribuinte é aquele que dá causa ao fato jurídico tributário, ou seja, é a pessoa física
ou jurídica que tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato
gerador. É o sujeito passivo direto.
A sujeição passiva indireta pode existir por transferência ou por substituição. No primeiro caso,
o sujeito passivo existe por força de lei, porém esta atribui à outra pessoa a obrigação de pagar
o tributo.
BASE DE CÁLCULO – é o valor sobre o qual se aplica a alíquota. Sua alteração está sujeita
aos princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade já estudados.
ALÍQUOTA – é o percentual definido em lei que aplicado sobre a base de cálculo determina o
montante a ser pago. Segue os mesmos princípios citados acima e pode ser:
• Específi ca = valor expresso em moeda, estabelecido por lei, principalmente para a aplica-
ção de multas.
Obrigação Tributária
A relação jurídica tributária é obrigacional, onde a lei descreve, de forma hipotética, em qual
situação o contribuinte terá de pagar o tributo.
A Obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito – obrigação de dar.
A Obrigação acessória ou dever instrumental decorre da legislação tributária e tem por objetivo
as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos - obrigação de fazer/não fazer.
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
É o Direito subjetivo do sujeito ativo de uma obrigação tributária de exigir do sujeito passivo
o pagamento do tributo. É decorrente da obrigação tributária principal, formalizando assim a
relação jurídica entre o fisco e o contribuinte.
01) Moratória – dilação concedida pelo sujeito ativo competente pelo tributo para o adimplemento
do crédito tributário. É diferente do parcelamento, uma vez que na moratória não há o atraso
no pagamento do tributo, pois é concedido um novo prazo. Já no parcelamento o tributo já está
vencido, sendo devido com juro e multa moratória.
Ocorre somente em casos excepcionais (mediante lei ordinária) como, por exemplo, no caso
de terremoto, enchente, seca, frio excessivo, podendo ser concedida em caráter geral (quando
concedida de forma geral, sem solicitação) ou individual (necessidade de requerimento).
Segundo a Súmula 112 do STJ, apenas será suspenso o crédito tributário se a quantia
depositada for integral e em dinheiro.
05) Liminar ou tutela antecipada – mesma situação da hipótese de cima, porém em outro tipo
de ação que não seja o Mandado de Segurança.
01) Pagamento – é a maneira mais normal de extinção, ocorre quando o devedor salda sua
obrigação tributária principal.
A compensação pode ser de forma legal (decorrente de previsão legal); judicial (declarada no
processo) ou por declaração (quando se exige que a autoridade administrativa reconheça).
03) Transação – ato jurídico bilateral, onde as partes fazem concessões recíprocas.
04) Remissão – é o perdão da dívida, sendo diferente da anistia, pois esta última só diz respeito
às penalidades, sendo devido o tributo.
05) Decadência – é a extinção do direito pelo decurso do prazo fixado para seu exercício. Aqui
o sujeito ativo não constituiu o crédito tributário no prazo previsto pela lei, ou seja, 05 anos.
06) Prescrição – é o fenômeno extintivo de uma ação ajuizável pela inércia do seu titular, ou
seja, uma vez constituído o crédito tributário, a Fazenda Pública tem 05 anos para cobrá-lo
judicialmente ou administrativamente.
07) Conversão do depósito em renda – ocorre quando uma decisão (administrativa ou judicial)
é desfavorável ao contribuinte e o valor antes depositado é convertido em renda.
10) Decisão judicial transitada em julgado – é a decisão que não cabe mais qualquer recurso
judicial.
11) Dação em pagamento – ocorre quando o devedor entrega ao credor (Fisco) coisa diversa
de dinheiro, em substituição à prestação devida.
02) Anistia – é a exclusão das penalidades pecuniárias do crédito tributário. Atinge apenas as
infrações cometidas antes da vigência da lei que a concede.
Imunidade é uma norma jurídica constitucional, que estabelece a incompetência das pessoas
políticas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios de tributar situações específicas e
tipificadas. É uma limitação constitucional ao poder de tributar do Estado.
Sérgio Pinto Martins diz que “alguns autores conceituam a imunidade como não incidência
qualificada. Seria não incidência constitucionalmente qualificada por disposição expressa da
Lei Maior. Haveria uma regra negativa de competência” (2003, p. 138).
A imunidade diz respeito apenas aos impostos e estão descritos no artigo 150, VI da CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
Neste caso, a situação tributária fica fora do campo de tributação, ou seja, inexiste a ocorrência
do fato gerador por estar fora da hipótese de incidência.
A isenção tem natureza de norma jurídica e alíquota zero é um dos critérios quantitativos
do consequente de uma regra-matriz de incidência tributária. Na prática, possuem a mesma
aparência, pois inibem a operacionalidade da regra-matriz, mas a isenção a desconstitui e a
alíquota zero não. Ainda, a primeira é regra de estrutura e a segunda está inclusa em uma
regra de comportamento, além daquela ser uma norma própria, enquanto esta é um dos
critérios compositores de uma norma.
Justifica-se esta viabilidade de se variar a alíquota do I.I. visto que tal imposto é um regulador
do mercado interno com o externo, até mesmo para incentivar ao desenvolvimento industrial e
tecnológico, pois quanto menor a alíquota, maior a possibilidade de se importar um produto e,
quanto mais alta a alíquota, maior a dificuldade de tornar viável a importação.
Logo, quando se fala em alíquota “0”, estará havendo a incidência do imposto (ou outro tributo)
e, dessa forma, haverá o cumprimento de todas as obrigações relacionadas à exigência do
tributo. Contudo, o valor a ser pago pela incidência é “0” (zero). Não se confunde com a isenção,
pois não haverá a incidência do tributo, muito embora o resultado das duas situações jurídicas
seja o mesmo: não haverá o pagamento do tributo. Entretanto, suas naturezas jurídicas são
completamente distintas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bem, aqui terminamos esta unidade e esperamos que você tenha assimilado bem os conceitos
aqui abordados e toda a parte legal que envolve a tributação.
Entender este complexo jurídico de normas tributárias não é uma tarefa fácil, mas entender
seus conceitos e consequências é fundamental para compreender quando e onde podemos
economizar.
FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito Tributário para os cursos de Admi-
nistração e Ciências Contábeis. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
Objetivos de Aprendizagem
• Direito das Obrigações: quando e por que surge uma obrigação jurídica e quais as
suas consequências na nossa vida diária.
Plano de Estudo
Direito civil é um ramo do Direito Privado que trata das seguintes relações: a) pessoas e
pessoas, b) pessoas e bens, c) pessoas, bens e pessoas, estando o Código Civil dividido em
duas grandes partes: Parte Geral e Parte Especial.
A parte geral do Código Civil disciplina sobre os sujeitos de Direitos, os objetos do Direito e
sobre os fatos jurídicos.
Por sua vez, a parte especial está composta do Direito das Obrigações, Direito das Empresas,
Direito das Coisas, Direito de Família e Direito das Sucessões. Vamos estudar parte deste
ramo do Direito?
Sérgio Pinto Martins (2009, p. 219) ensina que “Direito Civil é o conjunto de princípios, de
regras e de instituições que regula as relações entre as pessoas e entre estas e os bens de
que se utilizam”.
Assim como todo ramo do Direito, o Direito Civil possui alguns princípios próprios, são eles:
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE: aceita a ideia de que todo ser humano é sujeito de direito
e obrigações.
DAS PESSOAS
O art. 1.º do Código Civil prescreve que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil”, assim, o artigo determina que apenas a pessoa tem capacidade para adquirir/exercer
direitos e contrair obrigações, quanto a essa capacidade, não existem diferenças entre a
pessoa física (homem e mulher) e a pessoa jurídica (corporações e fundações).
Os animais e as coisas não são sujeitos de direitos, apesar da proteção jurídica que possuem.
Estes são classificados como objetos do Direito, não sujeitos, ao adquirir a capacidade à
pessoa torna-se sujeito de direito. Para Fabrício Zamprogna Matiello (2007, p. 21): “Os animais
não são sujeitos de direito em hipótese alguma, embora desfrutem de proteção legal contra
atos de crueldade e extermínio, pois não possuem capacidade e nem adquirem personalidade”.
Pessoa física é o ser humano, a pessoa nascida de mulher. Todavia, para ser considerado
sujeito de direito, não é suficiente que a pessoa nasça, é indispensável que seu nascimento
ocorra com vida, caso contrário, a pessoa não adquire a capacidade de adquirir direitos e
contrair obrigações.
Apesar de não ser considerado pelo Código Civil sujeito de direito, o nascituro recebe proteção
jurídica e pode, por exemplo, receber doações, todavia, o seu direito fica condicionado ao seu
nascimento com vida. Determina o art. 2º do Código Civil que: “A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do
nascituro”.
Para uma melhor compreensão, podemos exemplificar o artigo 2.º da seguinte forma: João da
Silva, brasileiro, solteiro, empresário, tem um patrimônio no valor de R$ 25.000.000,00 (vinte e
cinco milhões de reais). Em uma viagem de negócio, o avião em que estava João da Silva cai,
ocasionando a morte do mesmo. Considerando que o empresário tem os pais vivos e que uma
amiga do empresário se apresenta dizendo que está grávida do mesmo, pergunta-se: quem
herdará o patrimônio deixado?
Resposta: se o nascituro que a amiga espera for realmente de João da Silva, e se aquele
nascer com vida, o patrimônio passa todo para o filho, se, por acaso, o nascituro nascer morto,
os bens deixados pertencem aos pais do empresário. E, por último, se o nascituro nascer
com vida e instantes depois for a óbito, o patrimônio do empresário passa todo para a mãe do
nascituro.
Então, o Código Civil (Lei 10.406/2002) admite duas categorias de pessoas: as naturais ou
físicas e as jurídicas. A pessoa física ou natural é o ser humano, independente de sexo, raça,
credo, nacionalidade etc.; a pessoa jurídica é o ente moral, o conjunto de pessoas e/ou bens
reunidos para determinado fim. Ex.: empresas, cooperativas, órgãos públicos, instituições etc.
Quando alguém é considerado “pessoa” pela Lei, passa a exercer inúmeros poderes. O
conjunto destes poderes forma o que chamamos de PERSONALIDADE.
No caso dos ausentes, a lei exige a publicação a cada dois meses em edital de convocação
do ausente, até completar um ano. Se não comparecer o juiz poderá declará-lo ausente
provisoriamente, podendo inclusive abrir a sucessão provisória. Se no prazo de dez anos do
trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória o ausente ainda continuar
calado ou em cinco anos para os ausentes com mais de 80 anos, será declarada sua morte
presumida e a sucessão será definitiva.
A pessoa jurídica também adquire personalidade com a sua origem, que se dá no momento da
inscrição dos seus atos constitutivos (contratos, estatutos, compromissos etc.) nos respectivos
órgãos de Registros, como o Cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas e Juntas
Comerciais, conforme estudaremos na próxima unidade.
CAPACIDADE
Sobre a capacidade estabelecida no art. 1.º, Maria Helena Diniz (2008, p. 33) ensina que:
Capacidade de direito e capacidade de exercício. Da análise do art. 1.º deste Código
surge a noção de capacidade, que é a maior ou menor extensão dos direitos de uma
pessoa. De modo que a essa aptidão, oriunda da personalidade para adquirir direitos
e assumir deveres na vida civil, dá-se o nome de capacidade de gozo ou de direito. A
capacidade de direito não pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de se negar sua
qualidade de pessoa, despindo-o dos atributos da personalidade. Assim sendo, uma
criança de dois anos pode ser proprietária de um apartamento, por exemplo. Entretanto,
tal capacidade pode sofrer restrições legais quanto ao seu exercício pela intercorrência
de um fator genérico, como tempo (maioridade ou menoridade), de uma insuficiência
somática (deficiência mental, surdo-mudez). Aos que assim são tratados por lei, o
direito denomina incapazes. Logo, a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão
Quando o Código enuncia, no seu art. 1.º, que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na
ordem civil, não dá a entender que possua concomitantemente o gozo e o exercício desses
direitos, pois nas disposições subsequentes faz referência àqueles que, tendo o gozo dos
Direitos civis, não podem exercê-los.
Os absolutamente incapazes são as pessoas que não têm capacidade de realizar os atos da
vida civil pessoalmente, essas dependem de que alguém realize os atos por elas, em razão da
idade, de enfermidade, de deficiência ou circunstâncias, conforme o art. 3.º do Código Civil:
Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Nos casos dos incisos deste artigo, as pessoas mencionadas não possuem capacidade de
fato ou de exercício, são titulares apenas da capacidade de Direito, uma vez que nasceram
com vida.
São aquelas pessoas que em razão da idade ou de uma situação ficam impedidas de,
pessoalmente, realizar qualquer negócio na vida civil, por mais simples que seja a relação
jurídica como, por exemplo, realizar a compra de um ingresso para assistir um filme no cinema.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
As pessoas consideradas absolutamente incapazes não podem realizar qualquer ato da vida
civil pessoalmente, o ato deve ser realizado por seu representante legal. É o que acontece em
Aos relativamente incapazes, a lei permite que realizem alguns atos pessoalmente e sozinhos,
e outros atos pessoalmente e assistidos por seus representantes legais. Os legisladores
conferiram certo discernimento a estes. São considerados relativamente incapazes:
Art. 4.º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de exercê-los:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham
o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Para as pessoas que são consideradas incapazes relativamente, a lei permite que elas
pessoalmente realizem os atos, todavia, para que os mesmos tenham validade, é necessário
que essas pessoas estejam sendo assistidas por seus representantes legais.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Desde que essa condição de estar sendo assistido seja cumprida, as pessoas mencionadas
Assim, a capacidade civil plena a pessoa adquire ao completar 18 (dezoito) anos, desde que
não esteja enquadrada nos casos tipificados nos art. 3 e 4 do Código Civil, conforme acima
mencionado. O art. 5 ensina que: “A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil”.
A pessoa, ao completar 18 (dezoito) anos, está apta para realizar todos os atos da vida civil,
não depende mais da assistência dos representantes legais. O Código Civil estipulou algumas
situações em que o menor com 16 (dezesseis) anos e menor de 18 (dezoito) anos também
adquirem a capacidade civil plena. Importante destacar que é a capacidade civil e não a
maioridade civil, essa só se adquire com 18 (dezoito) anos.
Determina o parágrafo único do art. 5. do Código Civil que “cessará, para os menores, a
incapacidade”:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.
A pessoa alcança a maioridade aos 18 anos de idade, dessa forma, adquire a capacidade
civil plena, não dependendo mais de representante legal para realizar os atos jurídicos. A
capacidade civil plena é adquirida desde que a pessoa não esteja enquadrada em nenhuma
das causas de incapacidade relativa ou absoluta.
O legislador brasileiro entendeu que, a partir dos 18 anos, a pessoa tem discernimento
Como se pôde perceber, a pessoa torna-se maior com 18 anos de idade e, como consequência,
cessa a incapacidade para ela. Mas o legislador previu situações em que, mesmo a pessoa
sendo ainda menor (apenas nos casos onde a pessoa é maior de 16 anos e menor de 18 anos),
tem condições de fazer cessar a incapacidade relativa.
Conforme mencionado, a personalidade civil da pessoa começa com a vida e se extingue com
a morte, assim a morte põe fim à existência da pessoa natural. Com a morte a pessoa deixa
de ser sujeito de direitos e deveres, todavia, a família de cujo (morto) possui a titularidade para
defender os Direitos do de cujus que, porventura, seja violado, por exemplo, uso indevido da
imagem. O art. 6.º do Código Civil estabelece que: “A existência da pessoa natural termina com
a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva”.
Mais uma vez, buscaremos auxílio da medicina para determinar o fim da pessoa natural, uma
vez que a morte determina o fim da existência da pessoa natural.
Apesar de a morte pôr fim à existência da pessoa natural, essa não é a única forma, pois o
Código Civil estabelece que será presumida a morte quanto aos ausentes, quando é autorizada
a abertura da sucessão definitiva.
No caso de terceiro usar a imagem do de cujus, seus familiares podem exigir que cesse o uso
indevido e ainda cobrar qualquer prejuízo gerado. A morte traz inúmeras consequências no
mundo jurídico como, por exemplo, a) põe fim ao pátrio poder, dissolve o casamento, extingue
a obrigação de pagar alimentos, extingue os contratos personalíssimos etc.
Morte Real – quando é possível provar, por diversos meios, a cessação da existência biológica
de qualquer ser humano como, por exemplo, num acidente aéreo, onde o corpo, ou partes
desse, podem ser identificados por exames de DNA ou ainda pela arcada dentária. Esta é
juridicamente a “morte” mais fácil de ser resolvida (se é que existe facilidade em aceitar a
morte de um ente querido), mas, nesse caso, existem provas materiais e reais, e que podem
ser conferidas por peritos estatais e mesmo particulares, ou pelo IML (Instituto Médico Legal),
nas regiões onde existirem. Neste caso, um Laudo do Médico é o suficiente para a emissão do
Atestado de Óbito pelo cartório competente. O problema referente à morte propriamente dita, e
juridicamente atestada, está resolvida, ainda que existam problemas que serão gerados após
a morte, como sucessão de bens e outros.
Morte Civil - ocorre em casos em que o herdeiro é excluído da sucessão, por ser considerado
indigno pelos pais, esse descendente para fins de herança, e só para fins de herança, é
tratado como se estivesse morto, sendo que os descendentes do indigno recebem a parte que
caberia àquele, conforme o art. 1816 do Código Civil:
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído
sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração
dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual
desses bens.
Presumir é imaginar, é partir de algo conhecido para chegar a algo desconhecido. Em algumas
situações, o legislador possibilitou considerar a morte de alguém sem que tenha que ser
decretada ausência daquele, conforme os casos dos incisos I e II transcritos.
Outro problema pode ser apresentado: durante a sucessão provisória, o que acontece com os
bens do ausente, se de repente ele retornar? Salvo a retirada das dívidas, que são obrigações
contraídas antes da ausência, ou ainda como resultado da ausência, como pagamento de
Outra possibilidade para a abertura do processo de posse definitiva é estabelecida pelo artigo
37, que nos diz: “dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura
de sucessão provisória, poderão os interessados requerer a posse definitiva e o levantamento
das cauções prestadas”. Existe outra hipótese para a abertura do processo de sucessão
definitiva, segundo o artigo 38, “provando-se que o ausente conta 80 (oitenta) anos de idade,
e que de 5 (cinco) datam as últimas notícias deles”, é o que chamamos de inexorabilidade do
tempo, ainda que algumas pessoas possam viver mais de 80 anos, essa é uma estimativa
acima da vida média do brasileiro.
PESSOA JURÍDICA
É formada por um conjunto de pessoas físicas, que por meio de um instrumento chamado
de Contrato, regido por normas jurídicas específicas e devidamente aceitas pelos órgãos
estatais específicos, como a Prefeitura Municipal, a Receita Estadual e Federal, amplia a sua
capacidade de contrair direitos e obrigações, mas essa sociedade, constituída de dois ou mais
cidadãos com capacidade para tal ato, passa a ter suas ações representadas pela Pessoa
Jurídica. Toda pessoa jurídica é constituída com o objetivo de realizar uma ou um conjunto de
atividades junto à sociedade. Essas atividades tanto podem visar à obtenção de lucro, quanto
à prestação de serviços à comunidade. Enquanto a Pessoa Física é caracterizada por uma
identificação própria como o seu Registro de Nascimento, Carteira de Identidade, Título de
Eleitor, Carteira Nacional de Habilitação e outros, as Pessoas Jurídicas são identificas pela
existência de um Cadastro Municipal, por um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (Receita
Federal) e pela Inscrição Estadual (Receita Estadual), estabelecendo com estas relações de
ordem tributária e de fiscalização. Embora, a Pessoa Jurídica seja uma criação do mundo
Pessoas Jurídicas de Direito Público - União, Estados e Municípios, pois estas também se
relacionam entre os privados, e mesmo entre órgãos da federação e internacionais.
O Código Civil no artigo 40 diz que: “As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou
externo, e de privado”. No artigo 41 estabelece que as pessoas jurídicas de Direito público
interno são as seguintes: a União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios,
as Autarquias, as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Interessa-nos, nesse momento, o estudo das pessoas jurídicas de Direito privado que são
aquelas definidas no artigo 44, sendo as seguintes:
As fundações – segundo o artigo 62, as fundações somente poderão constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência e, ainda,
Os partidos políticos – no parágrafo 3º, temos que: “Os partidos políticos serão organizados
e funcionarão conforme o disposto em lei específica. Mas os mesmos não têm fins lucrativos,
embora possam cobrar mensalidades e receber doações de seus afiliados”.
Quando, juridicamente, passa a existir a pessoa jurídica? O Código Civil estabelece que a
existência jurídica, de fato e de direito, só se inicia “com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”. É
o efetivo registro na Junta Comercial, ou no Cartório de Registro (quando for o caso), que dará
vida jurídica à pessoa.
Embora a pessoa jurídica de Direito privado seja uma criação de interesse dos cidadãos
envolvidos no seu ato constitutivo, o artigo 50 especifica que caso o Juiz seja provocado
por parte interessada, ou mesmo pelo Ministério Público, pode intervir na administração da
mesma, principalmente se observado confusão entre o patrimônio pessoal dos sócios e o da
empresa. Pode parecer absurdo, mas o Estado tem interesse na existência da pessoa jurídica,
desde que ela cumpra as finalidades para as quais fora criada, dentro da licitude e, mais
ainda, que ela cumpra a sua função social. Existe também o interesse por parte do Estado em
resguardar a parte do imposto que lhe pertence e, ainda, garantir que os funcionários tenham
os seus Direitos trabalhistas garantidos.
A pessoa jurídica pode encerrar as suas atividades a qualquer momento, por livre deliberação
dos seus sócios, resguardados os Direitos de terceiros. O artigo 51 nos diz que “nos casos de
DOMICÍLIO
Domicílio é o local onde a pessoa (física ou jurídica) deve ser encontrada para responder pelos
seus atos e exercer seus direitos. Para a pessoa física, é considerado seu domicílio “o lugar
onde ela estabelece sua residência com ânimo definitivo” (art. 70). Todavia, quando a pessoa
possui diversas residências, será considerada seu domicílio qualquer uma das residências
(art. 71). Por exemplo, o empresário que mora em um lugar com sua família e possui um
flat próximo de sua empresa, onde, alternadamente, vive, face as duas residências, será
considerado seu domicílio qualquer um dos locais.
Para as pessoas que não possuem residência fixa, como é o caso do caixeiro-viajante e do
circense (artista do circo), será considerado seu domicílio qualquer local em que eles forem
encontrados (art. 73).
O indivíduo possui liberdade para transferir seu domicílio, isso ocorre quando o indivíduo
simplesmente muda de um lugar para outro (art. 74).
BENS
Bens são todas as coisas materiais (corpóreas) ou imateriais (incorpóreas), as quais pode ser
atribuído um valor econômico e que possuem uma utilidade, podendo, dessa forma, ser objeto
de uma relação jurídica. São exemplos de bens materiais: um carro, um computador, uma
roupa, e exemplos de bens imateriais: uma marca, os Direitos autorais.
O art. 79 define como “bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente” como, por exemplo, o solo, uma árvore, uma casa, um viaduto, uma ponte, uma
estrada de ferro. Em síntese, podemos afirmar que são bens imóveis aqueles que não podem
ser deslocados de um local para outro, sem modificação de sua substância.
Os bens móveis são classificados em duas categorias: a) os que se locomovem com forças
próprias, que são os semoventes, por exemplo, os animais; e, b) os que se locomovem em
razão de força alheia, sem destruição de sua substância, sem diminuição de sua utilidade e
sem diminuição de seu valor econômico, por exemplo, carro, cadeira, mesa, cama, sofá.
São bens fungíveis aqueles que podem ser substituídos por outro de igual espécie, qualidade
e quantidade. Isso significa dizer que, se João emprestar uma bicicleta nova da marca Y para
Paulo, não exigindo que este devolva a bicicleta que fora pega emprestada, Paulo cumpre
com sua obrigação, desde que entregue uma bicicleta nova da marca Y, não precisa ser a
aquela bicicleta emprestada, apenas que seja da mesma espécie (bicicleta), qualidade (nova)
e quantidade (uma bicicleta). A fungibilidade é uma característica dos bens móveis, uma vez
que não existe bem imóvel fungível.
Por sua vez, infungíveis são os bens que não podem ser substituídos por outro de igual espécie,
qualidade e quantidade, são únicos, por exemplo, o quadro da Monalisa, não existe outro igual.
O art. 86 define como consumíveis “os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação”. Isso significa
dizer que os bens consumíveis desaparecem após o uso normal, é o que ocorre com os
alimentos.
Inconsumíveis são os bens móveis que podem ser utilizados mais de uma vez, dos quais
não ocorre destruição imediata de sua substância quando do primeiro uso, por exemplo,
uma calça jeans.
Sabemos que todos os bens inconsumíveis sofrem uma destruição gradativa de sua substância,
todavia, essa destruição não é imediata no primeiro uso.
O art. 87 fixa como bens divisíveis “os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam”. Os bens divisíveis
mantêm sua espécie e qualidade mesmo após a divisão, por exemplo, uma barra de chocolate,
por mais que você a divida em 10 partes, ela continua sendo uma barra de chocolate.
Diferentemente dos bens indivisíveis que não permitem uma divisão sem que ocorra uma
alteração de sua substância, a diminuição considerável de seu valor econômico e sua utilidade
é o caso de uma mesa, se você a dividir no meio ela perde sua espécie e qualidade.
Singulares são os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos
demais (art. 89), é o caso de uma biblioteca. Bens coletivos são aqueles que são considerados
em sua coletividade, por exemplo, uma biblioteca, você não considera cada um dos livros, mas
todos os livros juntos.
Buscamos os ensinamentos de Fábio Ulhoa Coelho (2006, pp. 273-274) para diferenciar o bem
principal do bem acessório:
O que existe sobre si, mesmo abstrato, é principal. Sua existência não depende da de
outro bem. O que existe em função de outro, do qual depende, é acessório. A existência
do bem acessório supõe a do principal. O direito ao crédito do aluguel decorrente de um
contrato de locação é exemplo de bem principal; o direito à multa, prevista no mesmo
contrato, pelo atraso no pagamento do aluguel é acessório. Enquanto o direito ao
crédito independe, para existir, do direito à multa moratória, este não existe sem aquele.
As árvores do pomar de um sítio são acessórias em relação ao imóvel, e este principal
em relação àquelas. As árvores não podem sobreviver separadas do solo, que, no
entanto, existe sem elas.
Essa classificação é referente à titularidade dos bens. Os bens particulares são aqueles
pertencentes à pessoa física ou à pessoa jurídica de Direito privado, e os bens públicos são
aqueles que pertencem ao Estado. A lei prevê 03 (três) espécies de bens públicos:
RELAÇÃO JURÍDICA
Fundamentada nas teorias de Kant, só existe relação jurídica entre os homens, ou seja, é
necessária a existência de duas ou mais pessoas, ainda que uma destas seja a figura abstrata
do Estado, então representado de forma concreta pelo agente que tem atribuições legais para o
exercício desse direito. A relação jurídica envolve outro pressuposto: o da vontade deliberativa
para a sua realização, embora em alguns casos ela não se manifeste de forma muito evidente,
na prática ela existe. Por exemplo: pelo menos em tese, ninguém tem vontade de sair de carro
e sofrer uma batida com seu carro, no entanto, ao dirigirmos um carro assumimos esse risco,
se bem que também assumimos o dever de evitá-lo ao máximo, dirigindo de forma cautelosa,
ou como diz o Código de Trânsito, a chamada “direção defensiva”.
A relação jurídica surge como resultante de um conflito, e o Direito entra como um dos
elementos possíveis para a solução desse conflito. Mas sempre será um conflito? De forma
geral sim, se entendermos o conflito como a mínima perturbação da ordem social. Mas vocês
podem me perguntar: e quando eu compro um produto com pagamento à vista em uma loja,
esse conflito não existe? Sim, existe, em primeiro lugar, até que você faça o devido pagamento.
Se for em dinheiro, o conflito parcialmente encerra quando o proprietário toma posse desse
dinheiro e, se for em cheque, quando o mesmo for compensado. Por que disse parcialmente?
Porque você poderá levar a mercadoria para casa e a mesma apresentar problemas, quando
ainda estiver no prazo de garantia, sendo assim, você irá fazer valer o seu Direito, assegurado
pelo Código de Defesa do Consumidor, em outras palavras, encerrou-se o conflito pertinente
Todas as vezes que existir uma relação jurídica, sempre existirá o que chamamos de “Sujeito
de direitos e deveres”. Os estudiosos e pesquisadores da Teoria do Direito são quase unânimes
em afirmar que os direitos e deveres existem para todos os sujeitos envolvidos na relação.
Sendo assim, a relação jurídica exige a existência de um sujeito ativo, um sujeito passivo
(cuja definição veremos a seguir), além do chamado “Vínculo de atributividade” que é o
elemento de ligação entre os dois sujeitos, a existência de materialidade necessária para a
existência da relação jurídica e, finalmente, um objeto, que nada mais é do que uma razão
necessária para a existência deste vínculo, ligada também por uma materialidade. A existência
de uma materialidade é necessária para o fenômeno jurídico, pois, caso contrário, não poderá
existir a invocação do direito. Vamos a um exemplo: como pode alguém dizer que deseja
processar o cidadão A, porque simplesmente teve um sonho onde este o agrediu fisicamente
ou moralmente? Só será possível existir uma relação jurídica nesse caso se a ofensa for
realizada dentro de um fenômeno real, em que possa ser provada, por diversos instrumentos
(cartas, vídeos, gravações e outros meios), ou ainda, a presença de testemunhas que tenham
credibilidade e certeza da veracidade dos fatos.
Quem compra tem o dever de pagar, mas também tem o direito de poder usufruir de todos
os benefícios prometidos por quem se dispôs a vender. Quem vende tem o direito de receber
o que foi combinado por livre vontade entre as partes, mas tem o dever de garantir o bom
funcionamento da mercadoria, dentro do prazo de garantia, desde que a mesma tenha sido
utilizada de forma adequada. Poderíamos analisar inúmeros exemplos, e sempre chegaríamos
à mesma conclusão: direitos e deveres caminham sempre juntos, independente de que tipo
de relações estabelece a vida em sociedade, aliás, quando falamos em vida em sociedade,
necessariamente estamos nos referindo à existência do Direito, pois é o conjunto de normas
Uma das características fundamentais da norma jurídica é que ela tem que ser lícita, em outras pa-
lavras, criada por um ordenamento jurídico de acordo com as leis legislativas existentes nesse orde-
namento.
Um exemplo contrário a este conceito, e que a sociedade confunde, é ao dizer que os pseudoesta-
tutos criados por quadrilhas de bandidos tenham o caráter de juridicidade, pois as mesmas realizam
justamente o oposto: enfrentam o Estado (inoperante e inefi ciente na maioria das vezes) para conter
verdadeiros grupos de para-milícias, um caos produzido pela própria estrutura corrompida do Estado,
entendendo-se, aqui, o termo corrompido no seu mais amplo sentido.
A relação jurídica só deixará de existir quando não houver mais a mínima possibilidade da
exigência de direitos entre as partes envolvidas.
FATO JURÍDICO
Fatos são todos os acontecimentos que ocorrem. Fatos jurídicos são aqueles acontecimentos
que trazem consequências no mundo jurídico. Os fatos jurídicos são fatos capazes de fazer
nascer, modificar, manter e extinguir direitos.
Mais uma vez, buscamos os conhecimentos de Fábio Ulhoa Coelho (2006, pp. 279-280): “Toda
norma jurídica, inclusive a de Direito civil, pode ser descrita como a indicação de um evento ao
qual liga uma consequência. O evento descrito como pressuposto é um fato jurídico”.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
O fato jurídico pode ser dividido em fatos naturais e atos humanos. Os fatos naturais são
aqueles em decorrência de fenômenos da natureza. Exemplo: terremoto, vendaval, inundação,
morte etc. E, por seu turno, os atos humanos são aqueles que nascem da atividade humana,
esses são classificados em: a) lícitos, que se subdividem em ato jurídico em sentido estrito e
negócio jurídico; e, b) atos ilícitos.
O ato jurídico em sentido estrito são os atos realizados de acordo com a lei, exemplo, o cidadão
que escolhe seu domicílio. O negócio jurídico é o ato realizado com a intenção de produzir
consequência jurídica, por exemplo, um contrato de compra e venda.
NEGÓCIOS JURÍDICOS
Segundo Nascimento e Pinho (2006, p. 227), negócios jurídicos “são todos os atos lícitos
unilaterais ou bilaterais, que tenham por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar
ou extinguir direitos”, no entanto, para que eles tenham validade é necessário, segundo o
Código Civil, no seu artigo 104, que eles atendam aos seguintes requisitos:
I – Agente Capaz – pessoa física ou jurídica com capacidade jurídica de adquirir direitos e
contrair obrigações.
III – Forma prescrita ou não defesa em lei – é necessário que tenha previsibilidade em lei, para
que o negócio jurídico seja realizado.
Um dos atos que constituem e dão legalidade ao negócio jurídico é a vontade expressa das
duas partes envolvidas, quando este se der no campo privado, pois na relação entre o público e
o privado nem sempre essa relação existe, ou seja, às vezes, o cidadão pode não ter “vontade”
de pagar impostos. A vida dentro de um Estado de Direito nos diz que o Estado tem o direito
de usar todos os argumentos e forças necessárias à cobrança desses impostos, desde que o
cidadão os tenha contraído, seja de forma lícita ou ilícita.
Como vimos anteriormente, os negócios jurídicos devem ser realizados de acordo com as
Dessa forma, para que o negócio jurídico seja válido, é necessário que a vontade (agente capaz)
seja expressa de forma livre, não podendo estar viciada, pois, assim ocorrendo, o negócio
jurídico pode ser anulado, conforme determina o art. 171. Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente.
No mesmo sentido, o art. 171 preceitua que o negócio jurídico pode ser anulado por vício
resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Segundo o Código Civil, no seu artigo 138, “são anuláveis os negócios jurídicos, quando as
declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa
de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. Mas o que vem a ser erro
substancial? Para Max e Édis (2005, p. 235), “só anula o ato jurídico o erro substancial ou
essencial (fazer uma doação, pensando-se tratar de venda; comprar um quadro de um pintor,
pensando que é de outro)”.
No artigo 145, temos que “são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua
causa”. O dolo é o engano proposital, com intenção e previsível pela parte interessada em tirar
vantagem como, por exemplo, vender um carro sabendo que o seu motor apresenta problema
grave, e existiu certo “arranjo” para disfarçar o defeito.
Outro elemento importante e capaz de anular o negócio jurídico é o que nos diz o artigo 151:
“A coação para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado
temor de dano imanente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens”. Por
Outra previsão legal é o chamado estado de perigo e que, segundo o artigo 156, “Configura-
-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou à pessoa
de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa”. Por exemplo, o pagamento exigido de forma ilícita por médico para que determinado
procedimento cirúrgico tenha maior possibilidade de êxito, diante de uma mãe ou pai de família
que vê um de seus entes queridos entrando neste procedimento.
Ainda temos a lesão prevista no artigo 157, sendo que “ocorre a lesão quando uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta”. Por exemplo, a venda de determinado produto
a uma pessoa de cultura visivelmente limitada, garantindo a realização de “algum milagre”,
para o qual nem a própria ciência ainda tem solução. A lesão pode ser resultado, inclusive, de
uma cerimônia religiosa em que a autoridade máxima promete e garante a cura contra câncer,
AIDS e outras doenças incuráveis, mediante doações significativas.
E, finalmente, a fraude contra credores pode ser motivo para anulação do negócio jurídico.
O artigo 158 provisiona que “os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando
o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos”.
Por exemplo, o empresário que ciente da alienação de parte de seu patrimônio para pagamento
de dívidas trabalhistas, resolve vendê-lo a terceiros, de boa-fé, por meio de um contrato de
compra e venda, com promessa futura de transmissão do bem em cartório competente.
Outra possibilidade é a chamada simulação, e nas palavras de Max e Édis, a simulação consiste
na realização de um negócio jurídico aparente, que não corresponde a real intenção das partes.
Regra geral, quem causar danos a outrem tem o dever de indenizar o prejuízo causado, seja
este material ou moral, segundo o artigo 186: “aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar Direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito”.
No mesmo sentido, Silvio Rodrigues (2002, p. 6), citando Savatier, define a responsabilidade
civil “como a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado à outra,
pelo fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam”.
Para Martins (2009, p. 278), “Direito das coisas é o conjunto de regras relativas às relações
jurídicas referentes aos bens”. Para o Código Civil, no seu artigo 1.196, “Considera-se possuidor
todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade”. Temos direito sobre as coisas que são reais, ainda que essa coisa seja resultado
da imagem de uma pessoa, como no caso dos artistas da mídia em geral. Neste caso, a coisa
que é o objeto do negócio jurídico é a sua “pessoa em si”.
Direta ou indireta – a posse direta implica na pessoa e na coisa em seu poder (artigo 1.197, do
Código Civil). A posse indireta caracteriza-se por “considerar detentor aquele que, achando-
-se em relação de dependência para com outro, conserva a coisa em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas” (artigo 1.198, do Código Civil).
Justa ou injusta – segundo o artigo 1.200: “é justa a posse que não for violenta, clandestina ou
precária”, atendendo qualquer uma dessas condições, a posse torna-se injusta.
Boa-fé e Má-fé – “é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede
a aquisição da coisa” (artigo 1.201, do Código Civil). Mas, segundo o artigo 1.202: “a posse
de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam
presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente”. Quando caracterizado o
possuidor de má-fé, esse responde “pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais,
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante”
(artigo 1.218, do Código Civil). Como, por exemplo, aquele que por má-fé adquire um imóvel
e não lhe produziu mudança nenhuma, foi zeloso na sua manutenção, mas assim mesmo o
imóvel se deteriorou em função do tempo.
O direito à propriedade é garantido pela Constituição Federal de 1988, e aquele que tem
No tocante à chamada propriedade móvel, ou seja, toda coisa que possa ser transportada de
um local para outro sem a perda de suas características essenciais, como o transporte de uma
mesa, a sua aquisição terá tempo diferenciado, conforme o artigo 1.260, em que “aquele que
possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante 3 (três) anos, com justo
título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”.
O Código Civil, no seu artigo 1.275, nos diz que “além das causas consideradas neste código,
I – por alienação – desde que realizada de livre e espontânea vontade, para oferecer como
garantia de algum direito de outrem como, por exemplo, um fi nanciamento em instituições
fi nanceiras, ou mesmo a compra de um veículo;
II – pela renúncia – o desejo manifesto de não mais possuir a propriedade, que poderá ser
vendida ou doada;
III – por abandono – desinteresse proposital em não mais possuir a coisa e nem manifestar
interesse na sua preservação;
IV – por perecimento da coisa – sendo uma coisa móvel, a sua deterioração natural ou artifi -
cial, quando utilizada em meio ambiente com alto grau de poluição;
No mesmo artigo, no seu parágrafo único, temos que: “nos casos dos incisos I e II, os efeitos
da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato
renunciativo no Registro de Imóveis”.
Outro tipo de propriedade é o Condomínio, que é a propriedade em comum compartilhada por mais
de uma pessoa e “Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer
todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear
a respectiva parte ideal, ou gravá-la” (artigo 1.314, Código Civil).
O Condomínio exige compartilhamento dentro de sua respectiva cota, tanto das receitas quanto
das possíveis despesas do mesmo, podendo recusar o seu pagamento, desde que renuncie a sua
parte ideal.
No caso de prédios residenciais ou comerciais, ou ainda com fi nalidade de lazer, podem existir as
partes que são de uso comum, e aquelas que são de usos restritos, preservando a cada um, uma
forma diferente de direito, pois existe o comportamento privado (quando encontrar-se no interior de
seu apartamento, por exemplo) e o comportamento público (quando encontrar-se nas áreas de uso
Temos ainda a Servidão, conforme definida no artigo 1.378 do Código Civil, sendo que: “A
servidão é o direito real sobre coisa alheia, em que é imposto ônus em proveito de outro imóvel.
O móvel que suporta a servidão é denominado serviente. Dominante é o imóvel beneficiado”
(MARTINS, 2009, p. 283). É o caso, por exemplo, de uma propriedade cercada por outras
propriedades e que não permite o acesso direto a uma estrada, isolando assim o acesso ao
imóvel. A estrada que permite o acesso deste imóvel, se ainda não existir para uso comum,
pode ser requerida pelo proprietário do imóvel beneficiado, para garantir o seu direito de “ir e
vir” para a sua propriedade.
O usufruto é definido, no artigo 1.394, como sendo o “direito à posse, uso, administração dos
frutos”, é o direito de uso temporário sobre todos os benefícios desta propriedade. No entanto,
o direito de usufruto deve ser registrado em Cartório, com a finalidade de não gerar o direito
por usucapião. Com relação ao uso, no artigo 1.412, temos que: “o usuário usará da coisa e
perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família”.
Com relação a outro tipo de propriedade, temos o penhor, e o artigo 1.431 nos diz que:
“constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor
ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de
alienação”. Um exemplo bastante próximo de nós é o penhor de joias pela Caixa Econômica, em
que, em troca da penhora de um bem móvel, a Caixa Econômica lhe concede um empréstimo
em dinheiro, a juros menores, porque a penhora diminui o risco de perda, mas o bem lhe será
devolvido desde que o débito seja resgatado no dia do vencimento, ou ainda, antes do leilão
oficial do bem.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
E, finalmente, o último tipo de posse sobre as coisas é a anticrese, e, no artigo 1.506, temos
que: “pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o direito
de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos”, sendo que na apuração
final desses rendimentos, dar-se-á também por quitada a respectiva dívida. O próprio Código
Civil também estabelece deveres para o credor anticrético, quando diz, no artigo 1.508, que
este:
responde pelas deteriorações que, por culpa sua, o imóvel vier a sofrer, e pelos frutos
e rendimentos que, por sua negligência, deixar de perceber. A parte diretamente
interessada na quitação da obrigação deverá aceitar os direitos e deveres surgidos
com esse novo incremento da relação jurídica.
Toda relação jurídica gera no sujeito ativo um Direito objetivo e subjetivo, assim como o sujeito
passivo terá um Direito objetivo, um dever subjetivo, e esse “dever” constitui-se na obrigação de
restituir ao sujeito ativo algo que, de comum acordo ou não, lhe foi tomado em um determinado
momento. As relações jurídicas nem sempre são geradas de forma espontânea como, por
exemplo, o sujeito que se encontra com o seu carro estacionado em local apropriado, e, de
repente, é atingido por outro veículo, não importando os motivos. Neste caso, pode até ser
que nenhuma das partes quisesse gerar a existência da obrigação jurídica, mas, de qualquer
modo, o sujeito que estava com seu veículo estacionado teve um direito que lhe foi retirado, ou
seja, antes ele tinha um veículo em perfeito estado de funcionamento e, depois do respectivo
acidente, o mesmo encontra-se com o seu estado alterado.
Para Nascimento e Pinho (2006, p. 268), as obrigações podem ser assim classificadas:
Obrigações alternativas – são aquelas em que o sujeito de obrigação pode optar por dispor de
um ou outro bem para a quitação da obrigação.
Obrigações solidárias – quando existem vários credores ou devedores que são os responsáveis
diretos pelos créditos ou débitos e cada um responde de acordo com a sua participação. No
entanto, só deixará de existir a obrigação quando todos os devedores pagarem o total da
obrigação, a menos que tenha sido pactuada a aceitação de pagamento parcial.
Quanto ao pagamento a ser efetuado ao credor, o Código Civil nos diz, no artigo 308, “que o
pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer
depois de por ele retificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos verificar que o Direito Civil estende-se à maioria das nossas ações do dia a dia.
Desde a definição de pessoa física, que pode ou não ter capacidade civil, até a pessoa jurídica,
constituída pela vontade de duas ou mais pessoas físicas, ou mesmo de duas ou mais pessoas
jurídicas, devidamente representadas pelos seus sócios.
A todo direito, temos uma obrigação correspondente, no entanto, as leis provisionam tantos
limites para a existência desses direitos quanto para o cumprimento ou não das obrigações.
O que deve prevalecer sempre é a cautela, assim como a disposição da realização do ato
lícito, ou seja, o ato que está de acordo com as leis. A prática da ilicitude (ato não lícito) pode
produzir efeitos jurídicos, e dependendo do seu grau de gravidade gerar o direito na parte de
obrigações, de cancelamento, ou ainda, quando for o caso, ter o pagamento de indenizações
proporcionais ao objeto da relação jurídica.
02) Quem pode decretar a chamada Morte Presumida e quais as condições para que isso
aconteça?
05) Segundo o Código Civil, quais são as três exigências fundamentais para a existência de
um negócio jurídico?
06) Dentro do conceito de Direito das Coisas, o que vem a ser o sujeito de “boa-fé”?
DINIZ, Maria Helena. Manual de Direito Civil. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil 1: parte geral. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Direito Societário
• Títulos de Crédito
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos trabalhar as bases necessárias para que você possa entender a
legislação voltada à atividade empresarial. Para isso, estudaremos aqui alguns conceitos
e aspectos históricos do Direito Comercial, bem como o Direito Societário (que engloba os
tipos societários) e o Cambiário (que trata dos títulos de crédito). Esse último são documentos
essenciais na realização da atividade empresarial.
As pessoas jurídicas e, mesmo nós pessoas físicas, nos deparamos por inúmeras vezes com
esses documentos que representam um crédito a favor de alguém.
Quantas vezes não emitimos um cheque na compra de uma mercadoria? Quantas vezes
as sociedades não emitem uma duplicata na venda de seus produtos a outras sociedades?
Vamos, então, estudá-las?
As normas jurídicas de controle da propriedade, dos empreendimentos e dos negócios são tão
antigas quanto o Direito, pois o comércio existe desde a Idade Antiga.
Durante a Idade Média o comércio já atingira um estágio mais avançado e não era mais uma
característica de apenas alguns povos, mas de todos eles. É justamente nesta época que se
costuma apontar o surgimento das raízes do Direito comercial.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Assim é que em 1804 e 1808, respectivamente, são editados, na França, o Código Civil e o
Código Comercial. O Direito comercial inaugura, então, sua segunda fase. Pode-se falar agora
em um sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as relações jurídico-comerciais.
O Direito comercial regulava as relações jurídicas que envolvessem a prática de alguns atos
definidos em lei como atos de comércio.
Apesar de existirem inúmeras críticas a esta teoria francesa, tais codificações foram adotadas
por vários países, inclusive o Brasil.
O Código Comercial Brasileiro de 1850 definiu o comerciante como aquele que exercia a
mercancia de forma habitual, como sua profissão.
Embora o próprio código não tenha dito o que considerava mercancia (atos de comércio), o
legislador logo cuidou de fazê-lo. O Regulamento 737, também de 1850, conceituou quem
Apesar de, em 1875, o Regulamento 737 ter sido revogado, o seu rol indicativo dos atos de
comércio continuou sendo considerado pelos estudiosos do Direito e nas decisões judiciais,
para a definição das relações jurídicas que mereceriam disciplina jurídico-comercial.
Essa estrutura jurídica tornou-se completamente obsoleta ao longo do século XX, com o
desenvolvimento da economia brasileira, pois os “atos do comércio” deixavam de fora uma
parcela significativa dos negócios econômicos.
Essa necessidade fez com que o Direito comercial entrasse em uma nova fase de sua etapa
evolutiva, superando o conceito de mercantilidade e adotando o da empresarialidade como
forma de delimitar o âmbito de incidência da legislação comercial.
Para a teoria da empresa, o Direito comercial não se limita a regular apenas as relações
jurídicas em que ocorra a prática de um determinado ato definido em lei como ato de comércio
(mercancia). A teoria da empresa faz com que o Direito comercial não se ocupe apenas com
alguns atos, mas com uma forma específica de exercer uma atividade econômica: a forma
empresarial.
A lei 10.406/02, que instituiu o atual Código Civil, completou a tão esperada transição do Direito
comercial para o Direito empresarial. Portanto, atualmente há outras atividades negociais além
do comércio, como a indústria, os bancos e a prestação de serviços, que também são objeto
do Direito empresarial.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
O Código Civil de 2002 trata, no seu Livro II, Título I, do “Direito de Empresa”, onde desaparece
a figura do comerciante, e surge a figura do empresário.
Existem três características principais que regem a atividade comercial que, segundo
Nascimento e Pinho (2006, p. 293), são: a mediação, a existência de uma pessoa que por força
do exercício de sua profissão (comerciante) exerce de forma reiterada a compra e revenda de
produtos; a habitualidade, ou seja, ele não o faz de forma esporádica, mas é uma atividade do
seu cotidiano e ele a realiza em local conhecido e dentro das regras e leis estabelecidas pelo
mercado; e, finalmente, a necessidade imperiosa de obtenção de lucros, que serão revertidos
aos titulares da relação comercial, ainda que esta seja exercida por terceiros denominados
representantes, funcionários ou outros.
CONCEITO DE EMPRESÁRIO
Como vimos, com o advento do novo Código Civil (vigência em 11/01/2003), o comércio passou
a representar apenas uma das várias atividades reguladas por um direito mais amplo, o Direito
Empresarial.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Pode ser empresário qualquer pessoa capaz (maior de 18 anos ou emancipado), que possa
exprimir validamente sua vontade (mentalmente são) e desde que não tenha impedimento
legal (ex.: juízes, certos funcionários públicos etc.).
O ordenamento jurídico prevê ainda alguns casos em que a pessoa física ou jurídica, em
decorrência da situação em que se encontra, está impedida de ser empresária, são elas:
f) Membros do alto escalão do Poder Executivo: Não podem exercer atividade empresária:
Os estrangeiros sem visto permanente, ou com visto permanente, mas naturais de países limí-
trofes, domiciliados em cidade contígua ao território nacional, não podem estabelecer-se com
firma individual ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade
comercial ou civil.
Concluindo, não é qualquer pessoa que pode exercer de forma lícita a atividade, pois segundo o
transcrito artigo 972, a pessoa que impedida legalmente, por meio de uma sentença transitada
em julgado ou, ainda, a negativa da Receita Federal, Estadual ou Municipal, em conceder
licença para que uma pessoa física que tenha débitos tributários pendentes continue a exercer
a profissão, pode impedi-la de ser empresária, produzindo assim, maiores danos ao Poder
Público, e mesmo à população em geral.
Para deixar bem claro as limitações impostas pelo artigo 972, o Código Civil nos diz que
“a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer,
responderá pelas obrigações contraídas” (artigo 973). Essas obrigações podem ocorrer,
inclusive, no campo penal.
O mundo moderno, face à dinâmica da própria sociedade e à extensão territorial das atividades
comerciais ou empresariais, pode exigir em determinados casos a designação de alguém que
represente a empresa nos seus negócios, nasce assim a figura do preposto que, segundo
Nascimento e Pinho (2006, p. 297):
É aquele autorizado pelo empresário, praticar atos negociais em seu nome. Preponente
A figura do preposto se tornou tão importante no mundo moderno que o Código Civil tem
um Capítulo para tratar destas relações e, no artigo 1.169, nos diz que “o preposto não pode,
sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena de
responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas”. Para
definir melhor essa relação entre preposto e empregado, temos o artigo 1.172 que ressalta:
“considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em
sucursal, filial ou agência”.
Os livros resultantes de todo o processo contábil devem estar de fácil acesso a toda autoridade
fiscal ou ainda judiciária, sempre que solicitados.
Alguns livros são obrigatórios e, segundo o artigo 1.180, “além dos demais livros exigidos
por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração
mecânica ou eletrônica”. Para Martins (2007, p. 343):
O Código Civil esclarece que “o juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis
de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou
sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência”. O conteúdo
do livro pode ser de acesso do fiscal competente ou a mando judicial, mas não tem o caráter
de publicidade, ainda que a empresa que exerça atividade lícita não tenha nada a esconder,
a própria Constituição Federal garante o direito à privacidade. Segundo Nascimento e Pinho
(2006, p. 299), são chamados de livros auxiliares ou facultativos:
Razão – funciona como um índice do Diário sem conter, no entanto, o histórico do lançamento.
Borrador – serve de borrão, para lançamento imediato a ser futuramente registrado nos livros.
Livro de Obrigações – que pode ser dividido em Livro de Obrigações a Pagar e Livro de
Obrigações a Receber, destinado ao assento das obrigações ativas e passivas do comerciante.
Ainda, e em síntese, podemos dizer que as pessoas jurídicas e os empresários estão sujeitos
às seguintes obrigações:
São obrigações formais, cujo descumprimento pode ocasionar penalidades civis e penais. A
razão da exigência legal dessas formalidades diz respeito ao controle da própria atividade,
que interessa não apenas aos sócios do empreendimento econômico, mas também aos seus
credores e parceiros, ao fisco e à própria comunidade.
O empresário que não cumpre com suas obrigações não consegue desenvolver negócios com em-
presas regulares, vender para a administração pública, contrair empréstimos fi nanceiros e bancários,
além do fato de sua empresa operar sempre na clandestinidade, de forma informal.
Este pedido de inscrição deverá ser feito nos 30 (trinta) dias subsequentes à constituição da
sociedade, sob pena dos efeitos do registro não retroagirem à data da assinatura do contrato.
O Registro Público de Empresas Mercantis está a cargo das Juntas Comerciais (que se
submetem ao Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC, órgão integrante do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Conheça o Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) por meio do site <www.dnrc.
gov.br>.
São três os atos compreendidos pelo registro de empresa: a matrícula (refere-se a algumas
atividades profissionais que estão sujeitas ao controle da Junta como, por exemplo, os
tradutores públicos e os leiloeiros), o arquivamento (constituição, alteração, dissolução e
extinção de sociedades) e a autenticação (relacionada aos instrumentos de escrituração como
os livros contábeis, fichas, balanços e outras demonstrações financeiras).
A Junta Comercial não aprecia o mérito do ato praticado, mas exclusivamente a observância
das formalidades exigidas por lei.
De acordo com o artigo 971 do Código Civil, o empresário, cuja atividade rural constitua sua
principal profissão, pode requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis de sua
sede, caso em que ficará equiparado ao empresário sujeito a registro.
Lembre-se que a lei menciona o termo “pode”, tornando claro que a empresa voltada ao
agronegócio não está obrigada ao citado registro.
Além de tal registro, a empresa deve se inscrever no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas
do Ministério da Fazenda (CNPJ), obter sua inscrição estadual e/ou municipal (dependendo do
ramo de atividade), além da matrícula no INSS.
Conforme já dito, a sociedade somente adquire personalidade jurídica após a inscrição do seu
ato constitutivo no órgão competente (que no caso das sociedades empresariais é a Junta
Comercial).
O principal tipo societário atualmente é a sociedade limitada que corresponde a mais de 50%
das empresas constituídas no ano de 2005, conforme último levantamento feito pelo DNRC1 .
As sociedades não personificadas previstas pelo Código Civil atual são as sociedades em
comum e as sociedades em conta de participação.
Isso porque o Código Civil exclui do conceito de empresário quem exerce profissão intelectual,
de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou
colaboradores.
1
Estatística disponível em: <http://www.dnrc.gov.br>. Acesso em: 10 abr. 2011.
As sociedades simples possuem previsão legal nos artigos 997 a 1038 da lei 10.406/2002 (Código
Civil) que você pode acessar por meio do site <www.planalto.gov.br>.
O Código Civil, em seu artigo 1.039, nos diz que “somente pessoas físicas podem tomar
parte na sociedade em nome coletivo, respondendo os sócios, solidária e ilimitadamente
pelas obrigações sociais”. Se a obrigação pertence a todos os sócios, o exercício de cargo
específico de gerente e demais administradores deverá constar no contrato constitutivo da
mesma, pois, segundo o artigo 1.043:
A administração da sociedade compete, exclusivamente a sócios, sendo o uso da
firma, nos limites do contrato, privativos dos que tenham necessários poderes. Aqueles
SOCIEDADES LIMITADAS
No Código Civil, no artigo 1.052, temos que “na sociedade limitada, a responsabilidade de cada
sócio é restrita a valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integração
do capital social”. Nesse tipo de sociedade, a divisão de quotas pode ser igual ou desigual,
segundo a vontade e disponibilidade dos sócios.
Nesse caso, segundo Martins (2009, p. 318), “os sócios serão obrigados à reposição dos
lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizado pelo contrato, quando
tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital”. É necessário primeiro suprir as
necessidades da empresa, uma vez que ela tem, além das obrigações normais de qualquer
pessoa, as chamadas obrigações tributárias, trabalhistas e, ainda, as obrigações com seus
credores que agiram de forma lícita quanto as suas relações comerciais.
Quanto à administração da sociedade limitada, o artigo 1.060 nos diz que “a sociedade limitada
é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado”.
Inúmeros são os casos em que os sócios, por exercerem atividades diversas, podem, de
comum acordo, eleger funcionários e outros para, a seu mando, administrarem a empresa,
sendo que os mesmos respondem pelos atos praticados em nome da mesma, ainda que
sejamfuncionários devidamente registrados.
Dependendo da dimensão econômica e do aporte de capital das sociedades, ela ainda poderá
criar conselho fiscal e outros instrumentos necessários a sua administração e gerenciamento,
atribuindo-lhes poderes especiais, mas com investidura definida.
01) Divisão do capital em partes de igual valor nominal, denominadas ações – e que podem ser
compradas e vendidas a qualquer momento em Bolsa de Mercadorias e Ações.
03) Transmissão de ações – sem necessidade de reuniões especiais, a não ser quando a
quantia de ações for de tal monta que possa produzir distúrbios nas ações. Mas, em regra
geral, qualquer acionista pode dispor de suas ações pela sua simples manifestação pública,
quando prever o estatuto da empresa ou, ainda, por meio de uma empresa que negocia ações.
Fonte: <www.petrobras.com.br/>.
SOCIEDADE COOPERATIVA
Embora possa acumular capital, a cooperativa não tem por objetivo principal a obtenção de
lucros e, quando isso ocorre, são descontados todos os passivos de vencimento de curto prazo.
Os cooperados poderão ter, no final do exercício fiscal, o excedente de capital gerado pelas
mesmas. Como exemplo, aquelas cooperativas de agricultores, quando bem administradas,
em determinada época do ano podem fazer uma distribuição em espécie do valor excedente.
Segundo o artigo 1.095 do Código Civil, “na sociedade cooperativa, a responsabilidade entre
os sócios pode ser limitada ou ilimitada”, sendo que na limitada o sócio responde somente
pela participação de seu capital, e na ilimitada, os sócios respondem solidariamente de
forma ilimitada, independente do capital aplicado. A Lei 5.764/71 estabelece as condições
necessárias e as obrigações para a constituição de uma cooperativa.
Por que razão as Cooperativas têm se mostrado empresas efi cientes que trazem grande desenvolvi-
mento às regiões onde exercem suas atividades?
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Ainda segundo o Código Civil, seu artigo 1.134 mostra que:
A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização
do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados,
podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade
anônima brasileira.
O artigo 1.137 diz que, ao ser autorizado o seu estabelecimento em território brasileiro, a
sociedade estrangeira fica subordinada às leis brasileiras, e às sentenças emitidas pelos seus
tribunais quanto aos atos ou operações praticadas no Brasil.
A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credores.
Na INCORPORAÇÃO, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede
em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os
respectivos tipos.
A incorporação deve ser aprovada por todas as sociedades envolvidas, na forma estabelecida
para os respectivos tipos.
A FUSÃO determina a extinção das sociedades que se unem para formar uma sociedade
nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações.
Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no registro próprio
da sede, os atos relativos à fusão.
A CISÃO ocorre quando uma sociedade cede parte de seu ativo para outra, cindindo-se em
uma parte que permanece como a sociedade originária e outra que passa a fazer parte de
uma segunda sociedade.
Até 90 (noventa) dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, o credor
anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente a anulação deles. A consignação
em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.
Assim, como a sociedade se inicia pela vontade dos sócios, sua extinção também pode se dar
por este motivo.
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não
entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios, ou seja, quando todos os sócios resolvem extinguir a
pessoa jurídica;
IV - a falta de pluralidade de sócios, ou seja, “se os sócios por qualquer motivo são reduzidos
a um só (unicidade social), rompe-se [...]” (MAMEDE, 2006, p.85).
Quanto ao inciso IV, é possível a reconstituição da sociedade no prazo de cento e oitenta dias,
caso o sócio remanescente encontre um novo parceiro.
Ainda deverá haver dissolução da sociedade, por iniciativa dos próprios sócios ou por
meio de ação civil pública se o seu objeto social se tornar ilícito em face de lei posterior.
O mesmo ocorrerá quando lei posterior expressamente determine a dissolução de
determinadas sociedades; seria a hipótese por exemplo de lei federal que determinasse
a dissolução de cooperativas de crédito, não obrigatoriamente pela ilicitude do objeto.
[...] A dissolução também poderá ser judicialmente pedida por meio de ação civil pública,
sempre que a atuação da sociedade se mostrar nociva ao interesse público; seria a
hipótese, por exemplo, de uma sociedade constituída para a importação e exportação
de bens, mas que se comprovasse atuar no contrabando ou descaminho de bens para
tráfico de substancias entorpecentes, etc., (MAMEDE, 2006, p.85).
O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas judicialmente quando
contestadas.
a – empresa pública e sociedade de economia mista, tais como a Petrobrás, o Banco do Brasil
e a Caixa Econômica Federal;
Para saber mais detalhes sobre o Direito falimentar, aconselhamos a leitura e análise da Lei
de Falências (Lei 11.101/2005).
Todos sabem que o cheque, a letra de câmbio, a duplicata e a nota promissória são documentos
denominados títulos de crédito. Mas o que significa o termo “título de crédito”? O Código Civil
conceitua como “o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e
autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.
Desse conceito, podemos tirar alguns elementos: documento, literalidade e a autonomia. Uma
vez que o título de crédito, necessariamente, é representado por um documento, que vale pelo
que conta nele e possui uma autonomia, pois o titular de um título de crédito não precisa provar
a origem do título para ter o direito de receber o valor.
O título de crédito deve conter, obrigatoriamente, a data da emissão, a indicação precisa dos
direitos que confere e a assinatura do emitente.(Art. 889).
Pode-se perceber, então, que existem algumas características comuns a todos os títulos de
crédito, as quais podemos citar:
Tipicidade
Só podem ser considerados títulos de crédito aqueles expressamente previstos em lei, ou seja,
o que for tipificado em lei.
Exemplificando, quando se compra uma geladeira para ser entregue em domicílio, o pedido
que é preenchido na loja é um documento que comprova a aquisição do bem, mas não é
considerado um título de crédito, pois não é tipificado e nem é um documento necessário
para o exercício do direito, pois posso exigir a entrega sem apresentá-lo. Porém, se eu pagar
a geladeira com cheque (título de crédito), o banco apenas entregará o dinheiro à empresa
vendedora se esta depositar ou apresentar no caixa o título.
Cartularidade
A expressão “documento necessário” citada no artigo 887 do Código Civil é a base desta
característica.
O título de crédito sempre será um documento, sendo necessária sua apresentação para o
exercício do direito que represente, ou seja, o exercício dos direitos representados por um título
de crédito pressupõe sua posse. Nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho:
Somente quem exibe a cártula pode pretender a satisfação de uma pretensão
relativamente ao direito documentado pelo título [...] Um exemplo concreto de
observância desse princípio é a exigência de exibição do original do título de crédito na
instrução da petição inicial da execução (COELHO, 2002, p.372).
Literalidade
O princípio da literalidade ensina que só vale aquilo que está escrito no próprio título (cártula),
sendo nulo (sem validade jurídica) qualquer adendo/instrumento apartado ou anexado,
somente produzindo efeitos jurídicos os atos lançados no próprio título.
Ou ainda, quem paga parcialmente um título de crédito deve pedir a quitação parcial na própria
cártula, pois caso contrário não poderá se negar a pagar o valor total, se o documento for
transferido a um terceiro de boa-fé.
Formalismo
O título de crédito é formal, devendo constar todas as palavras descritas na lei para que tenha
validade. Nesta unidade, estudaremos os requisitos básicos de cada título aqui estudado.
Autonomia
Para que o título de crédito possa circular, faz-se necessário que a obrigação representada
pelo título seja autônoma, isto é, deve haver uma desvinculação da causa do título em relação
a todos os coobrigados.
Tanto é que, quando um único título documenta mais de uma obrigação, a eventual invalidade
de qualquer delas não prejudica as demais.
Por esta característica, pode a circulabilidade do título ser garantida, pois o terceiro que
recebeu a cártula não precisa investigar as condições em que o crédito transacionado teve
origem, mesmo que haja irregularidade, invalidade ou ineficácia na relação originária, o seu
crédito estará protegido, afinal ninguém é obrigado a documentar sua obrigação.
Para exemplificar a observância do principio, imagine-se um negócio qualquer de
que tenha originado crédito, documentado numa nota promissória: Antonio vende a
Benedito o seu automóvel usado, consentindo receber metade do preço no prazo de
Abstração
A exceção é a duplicata que fica vinculada ao negócio mercantil que lhe deu origem, como
estudaremos adiante.
Assim, os direitos representados nos títulos são abstratos, não tendo vínculo com a causa
concreta motivadora do seu nascimento.
Solidariedade
A coobrigação é o atributo que tem por finalidade dar maior proteção ao portador do título.
Está prevista no artigo 47 da Lei Uniforme de Genebra, que estabelece que “os sacadores,
aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para
com o portador”.
Portanto, cada pessoa que coloca sua assinatura em um título, fica responsável por seu
pagamento tanto quanto o devedor principal, tornando os devedores de um título de crédito
solidários (o credor pode exigir o cumprimento da totalidade da obrigação de qualquer devedor).
Nossa lei processual estabeleceu que são considerados títulos executivos extrajudiciais: a
letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata e o cheque. Há ainda leis especiais que tratam
de outros títulos de crédito, e os consideram como sendo títulos executivos.
Circularidade
Um dos grandes benefícios que os títulos de crédito levaram ao mundo econômico foi a maior
rapidez na circulação de valores.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A circulabilidade é o atributo por meio do qual, por endosso ou simples tradição (entrega da
cártula), se transmitem todos os direitos inerentes ao título.
Gilberto Cotrim (2008, p. 186) determina que “os títulos de crédito podem ser classificados
segundo diversos critérios. Vejamos dois critérios principais, que se referem à estrutura formal
Assim, título ao portador é aquele que não indica o nome do beneficiário, por exemplo, o
bilhete da mega-sena e da loteria esportiva são títulos ao portador, quem apresentar o título na
Caixa Econômica Federal recebe o prêmio.
Título à ordem é aquele em que o beneficiário transfere para outro o seu crédito, por meio
do endosso, por exemplo, a nota promissória foi emitida constando como beneficiário o Sr.
José da Silva, mas este transfere esse crédito para o Sr. Paulo Santos, este passa a ser o
beneficiário.
E, por último, o título nominativo é aquele em que consta o nome do beneficiário no próprio
título, por exemplo, o cheque nominal.
Endosso
O endosso é a forma pela qual os títulos de créditos são transferidos para outra pessoa. O
beneficiário do título lança sua assinatura no verso daquele e, com isso, acaba por transferir
seu direito para outrem. O endosso pode ser: endosso em branco ou endosso em preto.
Aval
O aval é uma garantia em que o avalista se obriga a satisfazer a obrigação assumida por seu
avalizado, caso este não pague, o avalista é quem vai cumprir o dever de pagamento.
Protesto
A Lei nº 9.492/97 define protesto como sendo o “ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de
dívida”.
O protesto só será obrigatório quando o título servir para propor pedido de falência, ou quando
servir de instrumento de cobrança contra codevedores, como os endossantes, por exemplo.
O lugar do protesto é determinado pelo título que se pretenda protestar, assim, a Letra de
Câmbio deve ser protestada no lugar do aceite ou do pagamento, e na ausência destes, no
lugar do domicílio do sacado.
Temos dois instrumentos a favor dos devedores em relação ao uso nocivo do instituto do
protesto, sendo o primeiro a sustação do protesto (ação judicial que tem por finalidade afastar
o protesto pela inexigibilidade ou vício do título), e o seu cancelamento (por meio da via
administrativa ou judicial).
Prescrição
Prescrição é a perda do direito de ação. Os títulos de crédito perdem sua força executiva em
3 (três) anos, no caso da letra de câmbio, nota promissória e duplicata; o cheque perde em 6
(seis) meses, contados da apresentação.
Estudaremos, de forma breve aqui, os títulos de créditos mais utilizados, que são: a letra de
câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata. Vamos seguir em frente!
Letra de Câmbio
Lembrando que a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, que pode ser emitida à vista
ou a prazo.
Cheque
O costume criou a figura do cheque pré-datado ou pós-datado (como alguns preferem), esse
tipo de cheque tem validade entre o emitente e o beneficiário, se este aceitou o cheque nesta
condição tem que respeitar o que foi pactuado, sob pena de responder por indenização por
perdas e danos pelo não cumprimento do acordo.
Duplicata
Mais uma vez, buscamos os ensinamentos de Sérgio Pinto Martins (2009, pp. 364-365). Para
ele duplicata:
É o título de crédito decorrente da venda e compra mercantil ou de prestação de
serviços. Ao emitir a fatura de venda, o comerciante saca uma duplicata para circulação
como título de crédito. É emitida para ser o pagamento feito a prazo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
03) O que é “letra de câmbio” e qual a lei que criou essa fi gura jurídica?
ALMEIDA, Amador Paes de. Teoria e prática dos títulos de crédito. 28. ed. Editora Saraiva, 2009.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito comercial – Direito de empresa. 23. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2011.
GONçALVES, Victor Eduardo Rios. Títulos de crédito e contratos mercantis. 07. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2011.
PACKER, Amilcar Douglas. O empresário. Vol. II. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2007.
Após a leitura deste livro, você, acadêmico, deve ter percebido que no exercício de sua vida
profissional e pessoal existem inúmeros fatos praticados que repercutem na esfera jurídica.
Conhecendo as normas, você poderá agir cautelosamente e dentro dos limites legais, o que
minimiza erros, e, consequentemente, transtornos financeiros à empresa em que você atuará,
além de eventuais sanções penais que podem ser aplicadas.
Mas esta não é a única consequência trazida pelo descumprimento da legislação, a imagem
da empresa pode também não ser preservada, pois a publicidade “boca a boca” acaba por
ficar comprometida.
Com as aulas e com este livro, você não se tornará um advogado, até porque seu curso
superior não é Direito, mas se tornará uma pessoa capacitada para conhecer a base do nosso
ordenamento jurídico e contratar um advogado apenas quando for necessário.
Lembre-se que é de suma importância o estudo das disciplinas jurídicas no seu curso e que
as mesmas devem ter proporcionado um conhecimento holístico e bem atual da influência do
Direito no sucesso das suas ações, dotando-o de competências e habilidades para a atuação
frente às diversas situações jurídicas que lhe aparecerem.
Agora, você, acadêmico, deve estar se perguntado: são tantas leis e normas, como vou saber
qual aplicar? Sou capacitado para aplicar o Direito em minha profissão?
As respostas para estas perguntas não são exatas, até porque o Direito não é uma ciência
exata. A legislação está em constante mudança para atender a sua principal finalidade que
é acompanhar a evolução da própria sociedade, sua alteração de costumes, entendimentos,
conceitos e necessidades.
ALBUQUERQUE, Valéria Medeiros de. Curso de direito tributário. Belo Horizonte: Ed.
Inédita, 1997.
ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do trabalho: material, processual e legislação especial.
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