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MOVIMENTO DE ÁGUA NOS

SOLOS

TRAÇADO DE REDES DE FLUXO

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Movimento de Água nos Solos

O estudo do fluxo de água em obras de engenharia é de grande


importância:

• visa quantificar a vazão que percola no maciço;

• controlar o movimento da água através do solo e proporcionar


uma proteção contra os efeitos nocivos deste movimento
(liquefação em fundos de valas, erosão, piping, etc).

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FLUXO BIDIMENSIONAL
Quando o fluxo de água ocorre sempre na mesma direção, como no caso dos
permeâmetros, diz-se que o fluxo é unidimensional. Sendo uniforme a
areia, a direção do fluxo e o gradiente são constantes em qualquer ponto.

Nos fluxos unidirecionais (vertical ou horizontal), para calcular a vazão de


percolação através de um solo aplica-se diretamente a lei de Darcy:
Q = v ×A = k × i × A

Quando as partículas de água se deslocam segundo qualquer direção, o fluxo é


tridimensional. A migração de água para um poço é um exemplo de fluxo
tridimensional de interesse para a engenharia.

Quando as partículas de água seguem caminhos curvos, mas contidos em


planos paralelos, o fluxo é bidimensional (caso da percolação pelas
fundações de uma barragem).
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PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO
Linha de fluxo (ou de corrente): linha que define a trajetória ao longo da qual
se desloca uma partícula de água através do meio poroso.
Linha equipotencial: linha (perpendicular às linhas de fluxo) que une pontos
com igual carga hidráulica (energia).

Teorema de Bernoulli:

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v u
H =Z+ +
γ w 2g
H: carga hidráulica (m) relativa a um dado N.R.
Z: representa a cota geométrica (m) em relação a um plano horizontal de
referência.

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PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO
u
hw = altura piezométrica (m) (altura de água num tubo piezométeico)
γw
v2 altura cinética (m)
2g

Como a velocidade do fluxo (percolação) nos solos é muito pequena


v2
0
2g
Assim, a carga hidráulica total num determinado será:

u
H =Z+
γw

(a carga hidráulica total é igual à cota piezométrica)

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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

(a) caminho real das partículas de água; (b) linhas de fluxo idealizadas.
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Perda de carga hidráulica ao longo de uma linha de fluxo

u
H =Z+
γw
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Perda de carga hidráulica ao longo de uma linha de fluxo

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PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO

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PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO

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PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO

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PERMEABILIDADE E PERCOLAÇÃO

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FLUXO BIDIMENSIONAL
O estudo do fluxo bidimensional é facilitado pela representação
gráfica dos caminhos percorridos pela água e da
correspondente dissipação da carga. Esta representação é
conhecida como Rede de Fluxo.
O conceito de rede de fluxo baseia-se na Equação da
Continuidade, que rege as condições de fluxo uniforme para
um dado ponto do maciço terroso.

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Equação Diferencial de Fluxos Tridimensionais

Consideremos um elemento de solo


submetido a um fluxo tridimensional. O
fluxo tridimensional pode ser decomposto
nas três, direções ortogonais e considerado
como a somatória dos três. Numa situação
genérica, consideremos que o coeficiente
de permeabilidade seja diferente para cada
uma das direções. Seja h a carga total no
centro do elemento de dimensões dx, dy e
dz.
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Equação Diferencial de Fluxos Tridimensionais

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Redes de Fluxo
Uma rede de fluxo ou de percolação representa duas famílias de
curvas ortogonais entre si, as linhas de fluxo e as linhas
equipotenciais, que, respeitando as condições de fronteira,
constitui a solução gráfica para um problema de percolação
bidimensional.
As linhas de fluxo traduzem a trajetória das partículas de água no
maciço terroso, quando estas se deslocam de montante (nível
de energia mais alto) para jusante (nível de energia mais
baixo).
As linhas equipotenciais são linhas ao longo das quais a carga
hidráulica é constante. Se for colocado um piezômetro em
qualquer ponto de uma dada linha equipotencial, a coluna de
água no piezômetro sobe sempre até ao mesmo nível.

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Rede de Fluxo

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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

• A fundamentação teórica para resolução de problemas de fluxo


de água foi desenvolvida pelo físico alemão Forchheimer e
difundida por Casagrande (1937).

• O fluxo de água através do meio poroso é descrito por uma


equação diferencial (equação de Laplace), bastante conhecida
e estudada, pois se aplica a outros fenômenos físicos, como
exemplo, fluxo elétrico.

• O processo consiste em traçar, na região em que ocorre o


fluxo, dois conjuntos de curvas conhecidas como Linhas de
Fluxo e Linhas Equipotenciais.

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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

Seja o problema simples de


uma amostra de areia em um
permeâmetro.

O corpo de prova representado


tem 12cm de altura, 8cm de
largura e l cm na direção
perpendicular ao desenho.

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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo
• na face inferior, a carga
altimétrica é nula, a carga
piezométrica é 20 cm e a carga
total é de 20 cm;
• na face superior, a carga
altimétrica é de 12 cm, a carga
piezométrica é de 2 cm e a carga
total é de 14 cm;
• a diferença de carga, de 6 cm,
dissipa-se ao longo de 12 cm. O
gradiente hidráulico, portanto, é
de 0,5,
• a vazão, dada pela Lei de Darcy,
q = k . I . A, é igual a 0,2 cm3/s
(0,05 . 0,5 . 8), sendo k = 0,05
cm/s.
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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo
• Seja agora o mesmo problema,
sob o prisma de redes de fluxo.
Qualquer gota de água que
penetra na face inferior da areia
se dirige à face superior segundo
uma linha reta.
• A esta linha chamamos Linha de
Fluxo As próprias paredes
verticais do permeâmetro são
linhas de fluxo. Traçando
algumas linhas de fluxo, por
exemplo, a cada 2 cm de largura,
formam-se 4 faixas limitadas por
linhas de fluxo, que recebem o
nome de Canais de Fluxo.
• A vazão por cada canal de fluxo é
igual à demais, pois todos têm a
mesma largura.
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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo
• Em qualquer ponto da superfície
inferior as cargas totais são iguais.
Pode-se dizer, portanto, que a linha
que a represesenta é uma Linha
Equipotencial.
• Da mesma forma, a linha superior é
uma linha equipotencial. A diferença
de carga, de 6 cm dissipa-se
linearmente ao longo da linha de
percolação. Em todos os pontos, a 2
cm face inferior, já ocorreu uma
dissipação de l cm de carga, pois,
sendo o gradiente igual a 0,5, a cada
l cm de percurso corresponde uma
perda potencial de 0,5 cm. 22
Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo
• No caso deste permeâmetro com
fluxo vertical, qualquer linha
horizontal indica uma equipotencial.

• Se traçarmos linhas equipotenciais a


cada 3 cm a distância total de
percolação fica dividida em 4 faixas
de perda de potencial iguais, sendo
que a perda de potencial em cada
faixa é de 6/4 = 1,5 cm.

• Estas linhas equipotenciais formam


com as linhas de fluxo anteriormente
traçadas retângulos com 2 x 3 cm.
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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

• A definição básica de que as linhas


de fluxo devem, determinar canais
de igual vazão e que as
equipotenciais devem determinar
faixas de perda potencial de igual
valor leva ao fato que, no fluxo
unidimensional, a rede resultante
seja constituída de retângulos.

• Entretanto, tanto para o traçado da


rede como para os cálculos, é
conveniente escolher espaçamentos
iguais entre as linhas, formando
quadrados. No exemplo, isto se
obtém com o traçado de linhas
equipotenciais a cada 2 cm.
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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo
A Rede de Fluxo define portanto:

• Número de canais de fluxo: NF

• Número de faixas de perda de


potencial: NEQ

• Dimensões de um quadrado
genérico: b = largura do canal de
fluxo e l = distância entre
equipotenciais.

• No exemplo NF = 4, NEQ = 6 e b= l
= 2 cm para todos quadrados.
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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

Traçada a rede de fluxo, as seguintes informações são obtidas:

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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

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Movimento de Água nos Solos – Redes de Fluxo

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DETERMINAÇÃO GRÁFICA DAS REDES DE FLUXO

• O método consiste no traçado, à mão livre, de diversas


possíveis linhas de escoamento e equipotenciais, respeitando-
se a condição de que elas se interceptem ortogonalmente e que
formem figuras “quadradas”.

• Há que se atender também às “condições limites”, isto é, às


condições de carga e de fluxo que, em cada caso, limitam a
rede de percolação.

• O método exige experiência e prática de quem o utiliza.


Geralmente, o traçado baseia-se em outras redes semelhantes
obtidas por outros métodos.

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Sugestões de Casagrande para o traçado das Redes de Fluxo

• observar o aspecto das redes de fluxo bem desenhadas;


quando a figura estiver bem gravada, tentar reproduzi-la de
memória;
• para uma primeira tentativa, não traçar mais que 4 ou 5
vias de fluxo, pois a preocupação com maior número
poderá desviar a atenção de outros detalhes importantes;
• não tentar acertar detalhes antes que a rede, como um todo,
se apresente aproximadamente correta;
• notar sempre que todas as transições, entre trechos retos e
curvos das linhas, são suaves e de forma elíptica ou
parabólica. os “quadrados”, em cada via de fluxo, mudam
gradativamente de tamanho.

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Exemplo de Rede de Fluxo em Cortina de Estacas

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Exemplo de Rede de Fluxo sob Barragem de Concreto

32
Exemplo de Rede de Fluxo em Barragem de Concreto

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Exemplo de Rede de Fluxo em Barragem de Concreto

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Exemplo de Rede de Fluxo em Barragem Solo

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EXEMPLOS DE REDES DE FLUXO:
PERCOLAÇÃO EM FUNDAÇÕES PERMEÁVEIS

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Redes de Fluxo - Exercícios
Determinar a vazão diária de água que ocorre através da
fundação da barragem abaixo considerando k = 10-4 m/s.

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Redes de Fluxo - Exercícios
• Canais e linhas de fluxo

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Cálculo da Vazão
Q = k . h . Nf /Nd
Q = 10-4 x 15,4 x 5/14 = 5,5 x 10-4 m3/s (2 m3/hora) ou
(48 m3/dia) por metro de barragem

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Instabilidade hidráulica

A instabilidade hidráulica pode assumir 2 formas distintas:


• erosão interna (“piping”);
• ruptura hidráulica (ou levantamento hidráulico).

Erosão interna (“piping”): afeta as partículas individuais do solo,


as quais tendem a ser arrastadas em função da força de
percolação, inicialmente, a partir da zona de saída da água.

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Instabilidade Hidráulica
Ruptura hidráulica (ou levantamento hidráulico): envolve uma
massa de solo grande, na zona onde a percolação é ascendente.
A sua ocorrência depende da relação entre o peso submerso da
massa de solo (P`) e as forças de percolação (FP) que nela
atuam.

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Análise de estabilidade à ruptura hidráulica para o fluxo
bidimensional ascendente em torno de uma cortina

Obs.: o volume de solo a considerar é a largura igual a metade da respectiva


altura enterrada. 42
Exemplo

γ´ γ´ γ´⋅D γ´⋅D 7, 7 × 6, 0
FS = = = = = = 1, 7
imédio ⋅ γ w ΔH médio ΔH médio ⋅ γ w 3ΔH + 1, 6ΔH 3 × 1, 25 + 1, 6 × 1, 25
⋅γ w ⋅γ w ⋅10 43
D 2 2
Utilização de filtros para aumentar os coeficientes de segurança à
instabilidade de origem hidráulica

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Critérios para a seleção de filtros

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Exemplo

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Exemplo de aplicação de filtro

47
Exemplo de aplicação de filtro

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