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05 - Sursis - Concurso de Crimes
05 - Sursis - Concurso de Crimes
O que falta ver a respeito do sursis? Quase tudo. Tenho que analisar com
vocês quais as espécies de sursis. Temos quatro.
ESPÉCIES DE SURSIS
SURSIS SURSIS SURSIS
SURSIS ETÁRIO
SIMPLES ESPECIAL HUMANITÁRIO
Previsão legal: art. Previsão legal: art. Previsão legal: art.
Previsão legal: art.
77, c/c art. 78, § 1º, 77, c/c art. 78, § 2º, 77, § 2º, in fine do
77, § 2º, do CP.
do CP do CP CP.
Pressuposto: Pressupostos: Pressupostos: Pressuposto:
Pena imposta não a) Pena imposta não a) Pena imposta não a) Pena imposta não
superior a 2 anos, superior a 2 anos. superior a 4 anos, superior a 4 anos,
considerando-se o Deve ser considerando-se o considerando-se
concurso de delitos considerado-se o concurso de delitos. concurso de delitos.
concurso de delitos. b) Ser idoso com b) Condições de
b) reparação do mais de 70 anos. saúde do
dano ou condenado.
impossibilidade de
fazê-lo
Período de Prova: Período de Prova:
varia 2 a 4 anos. varia de 2 a 4 anos Período de Prova: Período de Prova:
varia de 4 a 6 anos varia de 4 a 6 anos
No primeiro ano No primeiro ano
da suspensão : da suspensão: No primeiro ano No primeiro ano da
a) prestação de a) proibição de da suspensão: suspensão:
serviços à frequentar
comunidade ou determinados Se reparou o dano Se reparou o dano
b) limitação de fim- lugares e ou mostrou ou mostrou
de-semana. b) proibição de se impossibilidade de impossibilidade de
ausentar da comarca fazê-lo: art. 78, § 2º fazê-lo: art. 78, § 2º
sem autorização do
juiz e Se não reparou o Se não reparou o
c) comparecimento dano ou mostrou dano ou mostrou
mensal em juízo impossibilidade de impossibilidade de
para comprovar fazê-lo: art. 78, § 1º fazê-lo: art. 78, § 1º
atividades.
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a) Sursis SIMPES
Cumulando o art. 77 com o art. 78, § 1º, você tem o sursis simples.
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SURSIS E CONCURSO DE CRIMES
vai coincidir com o máximo da pena a ser suspensa. A pena não pode suplantar 2
anos! 2 anos é o prazo mínimo do período de prova. Guardem isso! Nos outros
sursis, você vai ver que, mudando o prazo máximo da pena, muda também o
período de prova. Guardaram essa dica? Observação: No primeiro ano do período
de prova, ele vai prestar serviços à comunidade, ou ficar o fim-de-semana limitado.
Requisitos:
Esta é a base. Daqui para frente, muda uma coisa ou outra. Você decorou a
primeira coluna, acabou. O resto sai naturalmente.
b) Sursis ESPECIAL
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c) Sursis ETÁRIO
O que não está grifado, é sursis que vamos ver em seguida (sursis
humanitário).
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Mudou a pena imposta. Era de 2 e agora pode ser de até 4. Se mudou a pena
imposta, o que muda, automaticamente? O período de prova! Aqui, será de 4 anos.
d) Sursis HUMANITÁRIO
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É isso que você tem que saber. O quadro despenca em primeira fase de
concurso! Tranquilo!
Será que isso é possível? Essa pergunta tem que ser analisada antes e
depois da Lei 11.464/9007:
Então, havia duas correntes em claro embate! No meio dessa discussão, veio
a Lei de Drogas, a Lei 11.343/06 que, no seu art. 44, proíbe expressamente
sursis. Então, no meio dessa briga, isso aconteceu.
E qual foi o problema? Depois disso, veio a Lei 11.464/07 e aboliu o regime
integral fechado. Isso significa que a tal da proibição implícita desapareceu. Isso
significa que o sursis não está proibido nem implícita e nem explicitamente na Lei
dos Crimes Hediondos. Preenchidos os requisitos, o juiz deve suspender. Então,
não existe vedação expressa. Preenchidos os requisitos, o juiz tem que conceder.
Agora, eu quero saber o seguinte: o que eu faço com a Lei 11.343/06? o que
eu faço, já que ela continua proibindo expressamente? Vocês têm que lembrar que
essa lei nasceu durante a discussão e, claramente, adotou a primeira corrente.
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O benefício pode ser revogado? Pode! O sursis pode ser revogado nas
seguintes hipóteses. Prestem atenção porque revogação cai muito! Ele pode ser
revogado de duas formas:
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Obrigatoriamente
Facultativamente
Isso persiste? Foi ou não revogado? A pessoa que não paga a multa merece
ter contra ela o sursis revogado? O que vimos na última aula? Que o não
pagamento da multa, hoje, não gera mais conversão. Deve ser executado como
dívida ativa. Se a multa não pode mais ser convertida em privativa de liberdade, a
multa, gerando revogação do sursis, indiretamente, isso é uma conversão. Então, o
que aconteceu? Isso foi revogado pela Lei 9.268/96. Essa segunda hipótese de
revogação, da 1ª parte do inciso II foi tacitamente revogada pela Lei 9.268/96
porque gera uma conversão indireta. O que interessa, pois, é a segunda parte.
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Então, na verdade, o legislador está dizendo: você que tinha que reparar o
dano depois, antecipou? Merece um sursis especial. Você que deixou para reparar
só depois da condenação, seu sursis é simples, mas de qualquer modo o sursis vai
estar atrelado à reparação do dano. Ou antes ou depois.
Uma observação: a lei colocou que revoga o sursis sem motivo justificado.
Então, a revogação aqui, no inciso II, não é automática. O condenado precisa ser
ouvido para justificar. No inciso I é automática. No inciso II ele tem que ser ouvido
porque pode justifica por que razão não reparou o dano.
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Por exemplo, as condições do art. 78, § 2º. São revogações que não estejam
no art. 78, § 1º, porque se estiverem no art. 78, §1º, a revogação é obrigatória. Art.
78, § 2º: você não comparece mensalmente em juízo. Você se ausenta da comarca
sem autorização do juiz e por aí vai.
Rogério, você falou que aqui é revogação facultativa, quer dizer, o juiz pode
revogar ou não. E se ele resolve não revogar, o que ele pode fazer? Então, vamos
lá: opções do magistrado. Qual magistrado? O da execução, obviamente.
Opções do magistrado:
1ª Opção – revogação
2ª Opção – nova advertência (ele pode advertir novamente o
condenado)
3ª Opção – prorrogar o período de prova até o máximo.
4ª Opção – exacerbar as condições impostas (se eu falei que você
tinha que voltar para casa todos os dias às 8 horas da noite, agora vai
ter que voltar às 6, se eu falei que você podia ficar em bar até as 8,
agora você não pode ficar em bar, por exemplo).
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Então, tem previsão legal. Agora, preste atenção: veja se você concorda com
essa doutrina: “essa é a maior prova de que multa não gera reincidência.” Vocês
concordam com isso? Eu acho que é exatamente o contrário. É a maior prova de
que multa gera reincidência, porque se multa não gerasse reincidência, não
haveria a necessidade do art. 77, § 1º alertando que não impede o sursis. Eu tenho
o art. 77, § 1º exatamente porque multa gera reincidência, mas é uma reincidência
que não impede sursis. É uma reincidência diferente! Tem doutrina querendo
justificar multa não gerar reincidência com base nesse parágrafo. Tiro no pé! Esse
parágrafo é a maior prova de que a multa gera reincidência, mas é uma
reincidência que não impede o sursis. É diferente.
Você está na prova do MP: O juiz concedeu o sursis para uma pessoa que
não merece. Você vai recorrer. Qual o recurso? Carta testemunhável, protesto por
novo júri? Ele foi condenado, mas o juiz suspendeu a execução (sursis). E não
poderia ter feito isso. Você, MP, vai recorrer. Qual é o recurso? Apelação! O que
você vai pedir para o tribunal? O juiz errou. Você vai pedir para o tribunal fazer o
quê com o sursis? 99% vão dizer assim: “ante o exposto, requeiro seja revogado o
sursis.” Nada disso! Você tem que dizer: cassado o sursis. Na próxima etapa da
aula, vamos ver a diferença entre revogação e cassação.
(Intervalo)
c) Revogação vs. Cassação
Fato superveniente extingue benefício.
Fato anterior impede o início do cumprimento.
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revogação. O pedido é impossível. Não começou o benefício, como é que você está
pedindo revogação?
O sursis pode ser prorrogado se, eventualmente, está sendo decidida uma
causa de revogação. Vamos ao art. 81, § 2º:
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CONCURSO DE CRIMES
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1. CONCEITO E ESPÉCIES
Concurso Material
Concurso Formal
Continuidade Delitiva
Concurso de crimes é um dos assuntos mais importantes que tem. Chato pra
dedéu, mas importante. Importante por que? Despenca em dissertação. Eu nunca
vi! Concurso aparente de normas e concurso de crimes. O examinador tem fetiche
com esses dois temas. Despencam! Conflito aparente nós vimos no Intensivo I.
Concurso Material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-
se primeiro aquela.
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Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão (...), então vejam
que é possível concurso material até em crimes omissivos (não tem restrição
quanto a crimes).
2.1. REQUISITOS
Vamos trabalhar com roubo e estupro, lembrando que hoje, o estupro deve
ser encarado em sentido amplo, abrangendo o atentado violento ao pudor.. Você,
juiz, como vai fixar a pena? Concurso de crimes tem que ensinar assim mesmo,
bem “beabazinho”.
Você juiz, vai aplicar a pena para o roubo e depois vai aplicar a pena para o
estupro.
1º) Vai aplicar a primeira, segunda, terceira fase para o roubo, chega
numa pena definitiva, vai fixar regime e analisar a possibilidade de
substituição ou não. Vamos supor que você chegue numa pena X.
O que você vai fazer em seguida? Somar as duas penas. Vai somar X com Y.
Pronto. Então, quer dizer que o juiz vai fixar cada uma pena individualizadamente?
Sim. Princípio da individualização da pena. Haverá um tópico na fixação da pena
para cada crime. Se eu sou candidato, eu coloco: “do roubo” e fixo a pena. “Do
estupro” e fixo a pena. E no dispositivo eu aplico o concurso material. Pronto,
acabou. Simples, vai cumprir as penas somadas.
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execução penal! É o art. 66, III, a), da LEP. É que no nosso exemplo, os dois crimes
estão no mesmo processo. Mas pode não acontecer isso. Quem vai fazer a soma
das penas é o juiz da execução penal. Art. 66, III, a), da LEP.
O que ele está querendo dizer? Se você aplicar a privativa de liberdade para
um, você não vai poder aplicar a restritiva para outro, salvo se esta privativa
estiver suspensa nos termos do art. 77, do Código Penal (sursis). Você, juiz, se num
dos crimes, impõe privativa de liberdade, você não vai poder substituir os demais
por restritivas de direito, salvo se você conseguiu suspender a execução da
privativa de liberdade (sursis). Senão, esqueça! Jamais haverá privativa de
liberdade com restritiva de direitos! Jamais! Só se a privativa for suspensa!
Agora, prestem atenção! O art. 69, § 2º, resolve o problema quando o juiz
eventualmente tenha que aplicar restritiva de direitos no X e restritiva de direitos
no Y. E se o juiz conseguir aplicar nos dois casos? Aí o art. 69, §2º, diz o seguinte:
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Eu quero saber o seguinte: o concurso material deve ser analisado pelo juiz
no momento de conceder uma fiança?
Quem adota isso? STJ! E o Supremo vem seguindo a posição do STJ. É que
essa questão é mais corrente no STJ (interpretação de lei federal).
Eu não estou falando mais de sursis! O sursis, vocês já viram que ter que ser
considerado mesmo! “Rogério, então eu já entendi: concurso material eu vou
somar sempre!” Quase sempre! Há só um caso que você não soma. Foi nossa
última ou penúltima aula, no intensivo I. Você só não vai considerar a soma na
eventualidade de analisar a prescrição. Art. 119, do Código Penal. A prescrição de
cada crime é individualizada:
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3.1. REQUISITOS
a) Conduta única
b) Pluralidade de Crimes
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Então, vamos supor que eu esteja diante de dois homicídios. O que o juiz vai
fazer? Vai pegar a pena de 1 homicídio só, vai aplicar o critério trifásico e, na
terceira fase, vai aumentar a pena de 1/6 à metade.
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conduta, mais próximo de 1/6. é a posição do STF. 1/6 à metade varia conforme
o número de infrações. Posição do Supremo.
Sempre que vocês estiverem diante de concurso formal próprio, vocês vão
ter que fazer a exasperação da pena e depois perguntar: e se tivesse somado, seria
melhor ou pior? Entenderam? Fácil?
Guardem isso!
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Então, esse marido que pegou a mulher com o Ricardão, vai responder por
concurso formal impróprio, somando as penas. No ônibus, ele tem desígnios
autônomos (concurso formal, mas impróprio), soma as penas.
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