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XXV Encuentro

RECIFE | BRASIL

Paisagem Teimosa: a construção social da Brasília recifense e a


(r)existência do seu amanhã
Raissa Gomes de SALES (1)
(1) Universidade Federal de Pernambuco, Mestranda em desenvolvimento Urbano

Eixo D: O reconhecimento, análise e debate em torno de conflitos


urbanos e novas formas de viver

RESUMEN:
La lógica neoliberal que ha estado guiando hegemonícamente la construcción de las ciudades
brasileñas trata el territorio urbano como una mercancía, creando paisajes neutros, sin significado
objetivo y subjetivo para los que habitan las urbes. En Recife, contrariamente a este proceso, la
comunidad de Brasília Teimosa, que desde el início de su historia ha estado sufriendo amenazas a su
permanencia, logra seguir siendo un lugar particular, que posee valores que lo hacen único, permitiendo
que su territorio sea apropriado afectivamente, simbólica y físicamente por sus residentes. La
resistencia del pueblo da lugar a un paisaje obstinado, con tercos, o sea, valores, que serán explorados
siguiendo como claves de un proceso de conservacción paisajística de la Brasília Recifense. Como se
verá a continuación, la reflexión sobre este caso de estudio puede servir de ejemplo a aquellos que
buscan, por la lucha practicada en el día a día o por el estudio realizado académicamente, asegurar la
existencia de una ciudad que tenga la capacidad de abrigar la vida de aquellos que la habitan.
Palabras Clave: Brasília Teimosa. Paisaje. Construcción del paisaje social.

RESUMO:
A lógica neoliberal que vem norteando hegemonicamente a construção das cidades brasileiras trata o
território urbano como mercadoria, criando paisagens neutras, sem significado objetivo e subjetivo para
aqueles que habitam as urbes. Em Recife, na contramão desse processo, a comunidade de Brasília
Teimosa, que desde o início da sua história vem sofrendo ameaças à sua permanência, consegue se
manter como um lugar particular, que guarda valores que a tornam única, permitindo que seu território
seja habitado e apropriado afetivamente, simbolicamente e fisicamente pelos seus moradores. A
persistência do povo dá origem a uma paisagem Teimosa, com teimosias, ou seja, valores, que serão
explorados a seguir como chaves para um processo de conservação paisagística da Brasília Recifense.
Como se verá adiante, a reflexão sobre esse estudo de caso poderá servir de exemplo àqueles que
buscam, pela luta praticada no dia-a-dia ou pelo estudo feito academicamente, assegurar a existência
de uma cidade que tenha a capacidade de abrigar a vida daqueles que a habitam.
Palavras chave: Brasília Teimosa. Paisagem. Construção Social da Paisagem.
ABSTRACT:
The neoliberal logic that has hegemonically guiding the construction of Brazilian cities treats the urban
territory as a commodity, creating neutral landscapes, without objective and subjective meaning for
those who inhabit the cities. In Recife, going in the opposite direction of this process, the community
Brasilia Teimosa, which since the beginning of its history has been suffering threats to its permanence,
manages to maintain itself as a singular place, that holds values that makes it unique, allowing its
territory to be inhabited and appropriated effectively, symbolically and physically by its residents.
People's resistance originates a "Stubborn" landscape, with "stubbornness", which means values, that
will be explored below as keys to a landscape conservation process of the Recifense Brasília. As will
be seen later, the reflection upon this case of study, may serve as an example for those who seek,
through the daily struggle or through academic studies, to ensure the existence of a city that has the
capacity to shelter the lives of those who inhabit it.
Key Words: Brasília Teimosa. Landscape. Social construction of the landscape.

/1/ DAS PAISAGENS À TEIMOSA1:


A criação das cidades é um reflexo da necessidade física e subjetiva humana de
pertencer a um lugar e com ele se relacionar. Com a criação do espaço urbano também se
formam as paisagens, que refletem economicamente, socialmente, politicamente,
historicamente, artisticamente, culturalmente e simbolicamente os grupos que a constroem,
sendo a sua representação cultural e social2 (BESSE, 2014). Quando uma sociedade e seus
indivíduos habitam um lugar, ou seja, criam hábitos, ritos sociais3, associados a ele, valores
físicos e simbólicos são atribuídos à paisagem que o forma (CONAN, 1994).
O fato é que a paisagem é um território fabricado e habitado (BESSE, 2014). Diferentes
atores sociais podem criar, transformar e vivenciar uma paisagem a partir de identificações,
simbologias e interesses diversos, convergentes ou divergentes entre si, que variam de
acordo com as vivências histórias e culturais dos grupos aos quais pertencem. Assim, pela
variedade de fatores que permeiam o habitar, dentro de uma paisagem, podem existir várias
outras (CONAN, 1994). Porém, apesar de vários grupos sociais construírem as paisagens a
partir de ações conscientes e inconscientes, historicamente, os extratos dominantes, ou seja,
aqueles detém maior poder político e financeiro na sociedade, é que comandam os seus
processos de criação, imponto os seus sistemas morais e simbólicos às demais classes
sociais (BESSE, 2014; COSGROVE, 2012).
Sobre isso, dentro do contexto brasileiro, percebe-se que as elites, aliadas ao mercado
imobiliário4 e com a conivência do poder público, dominam os processos de construção das
paisagens através de mecanismos que culminam em situações urbanas conflituosas
(VILLAÇA, 2001). Nesse contexto, não somente as ocupações físicas dos demais grupos da
sociedade são invisibilizadas, mas também os seus desejos, as suas relações pessoais e
territoriais, e as suas necessidades físicas, emocionais e simbólicas. Dessa forma, os lugares

1 O presente artigo se baseia em um Trabalho de Conclusão de Curso homônimo, apresentado pela autora.
SALES, Raissa Gomes de. Paisagem Teimosa: a construção social da Brasília recifense e a (r)existência do seu
amanhã. 2017. TCC (Graduação) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017.
2 Jean-Marc Besse institui 5 caminhos (portas) pelas quais se pode olhar a paisagem e defini-la: (i) a Paisagem é

uma Representação Cultural e Social; (ii) a Paisagem é um Território Fabricado e Habitado; (iii) a Paisagem é o
Meio Ambiente Material e Vivo das Sociedades Humanas; (iv) A Paisagem é uma Experiência Fenomenológica; e
(v) a Paisagem como Projeto. Nesse estudo, pela sua natureza ligada às ciências sociais e ao planejamento urbano
e paisagístico, escolheu-se abordar a paisagem a partir das três primeiras portas elencadas. A terceira se evidencia
ao se estudar a ligação da construção social de Brasília Teimosa com o substrato natural que deu origem ao seu
território e paisagem atuais.
3 Ritos sociais é um termo utilizado por Michel Conan (1994) para designar hábitos e práticas sociais.
4 Nesse caso, mais especificamente o mercado imobiliário formal.
são neutralizados, despidos da pluralidade de significados que conferem a sua singularidade
(BERQUE, 2010). Esse conflito socioespacial dá origem a paisagens também conflituosas.
A cidade do Recife, capital de Pernambuco, estado situado no Nordeste do Brasil,
também vem sendo construída a partir dessa lógica neutralizadora. A sua formação e
transformação segue padrões também vistos recorrentemente em outras cidades do país,
contando com: a concentração das elites em áreas centrais ou ambientalmente e
paisagisticamente privilegiadas; o rechaço da população de baixa renda para áreas mais
distantes do centro ou impróprias para a apropriação imobiliária formal; a dilatação sistemática
do sistema viário voltado para o transporte individual; e o provimento desigual de infraestrutura
e serviços ao longo do espaço urbano, os concentrando nas áreas mais abastadas da cidade
(ALVES, 2009; TÂNGARI, 2013); fatores que beneficiam às classes sociais mais altas.
Apesar de a construção social do espaço e da paisagem recifense obedecer a essa
lógica desigual, algumas comunidades pobres existentes no seu território conseguem lutar
contra essas tendências
dominantes. É o caso de
Brasília Teimosa,
considerada a primeira
ocupação pobre
consolidada da cidade
(SILVA, 2011). Situada na
zona sul, entre dois dos
bairros mais valorizados da
cidade, Pina e Boa Viagem5
(Mapa 1), ela vem sofrendo
pressões para se
transformar aos moldes de
seus vizinhos elitizados,
com um padrão
paisagístico-morfológico
neutro, de edifícios
altamente verticalizados
que não tem relação com a
rua, com o mar e com a
história e os aspectos
naturais primeiros do lugar,
e mais do que isso: que se
distancia das pessoas, de
seus desejos, significados e
necessidades. Frente as
ameaças sofridas desde o Mapa 1 - Brasília Teimosa e a Zona Sul do Recife.
Fonte: Google Earth, 2017 (modificado).
início da sua existência, a
Brasília Recifense vem travando ao longo de sua vida uma luta em defesa de seu território
vivido, do seu povo e de sua paisagem.

/2/ A CONSTRUÇÃO SOCIAL DE BRASÍLIA TEIMOSA:

5“Em fevereiro de 2017, o valor médio do metro quadrado no Pina era de R$8172,00, e em Boa Viagem, de
R$6739,00, enquanto a médio do Recife era de R$6090,00” (SALES, 2017, p.192).
Originalmente, a área ocupada por Brasília Teimosa não existia como território, sendo
criada a partir de um aterro feito nos anos de 1930 com o intuito inicial de se tornar um parque
de inflamáveis e, posteriormente, um aeroporto, o que não ocorreu (BOTLER, 1994).
Ambientalmente e paisagisticamente privilegiada, o território do bairro se localiza em uma
península que fica entre o Rio Capibaribe e o mar.
Até a década de 1920, a região ocupada pelo bairro do Pina e Boa Viagem, situada
em uma área de planície alagadiça, ainda era de difícil acesso. A sua ocupação ocorria em
simbiose com a paisagem existente, e as construções eram feitas rudimentarmente pelos
próprios moradores, ocupando o território de maneira esparsa e anfíbia. A população que ali
habitava era marginalizada e se constituía, predominantemente, por pescadores (SILVA,
2008). Grandes mudanças ocorrem nesses bairros somente em 1926, quando da inauguração
da Avenida Beira-Mar. Com a sua construção, Boa Viagem passa a ser um bairro valorizado,
enquanto o Pina é considerado apenas como um local de passagem que precisava passar
por uma “limpeza” social (BARRETO, 1990).
A população que habitava a Brasília no início da sua história era pesqueira e subsistia
física e afetivamente pelo mar, estabelecendo relações de trabalho e de fruição com ele. A
Colônia de Pescadores que dá origem ao bairro consegue, em 1953, o aforamento para a
utilização do aterro que viria a constituir o seu território. Com a sua suspensão, para assegurar
a ocupação da área, a colônia se organiza junto aos moradores e loteia toda a península
(FORTIN, 1987). A ocupação massiva da área se deu somente a partir da década de 1950.
As primeiras ocupações sofreram
bastante repressão, sendo retiradas
dia após dia pela polícia, que a cada
visita encontrava mais barracos
construídos. Com o tempo, não se
pôde mais deter o povo e a sua
vontade, e a população permaneceu
no local (BRASÍLIA, 2014). Na década
de 1970, Brasília Teimosa, já loteada,
era horizontal e tinha ocupações
ainda precárias (SILVA, 2011)
(Imagem 1). Enquanto isso, nesse
mesmo período, Boa Viagem, Imagem 1 - Foto Aérea de Brasília Teimosa tirada em
moderna e já verticalizada, começa a 28/12/1979. Foto de Sidney Waismann. Ao fundo, o
se expandir para o bairro do Pina Iate Clube do Recife. Pode-se ver a força da linha dos
(ALVES, 2009). arrecifes na paisagem. Fonte: Biblioteca da URB.
Com a valorização de seus vizinhos, Brasília se torna cada vez mais valorizada e
começa a sofrer tentativas ferrenhas de expulsão nos anos 70. Os projetos que queriam se
impor a ela tinham um viés turístico e elitista, o que diferia muito da sua realidade como
território e como paisagem, não tendo ligação nenhuma com os moradores que ali estavam.
Foi em meio a essa conjuntura conflituosa que acontece a criação do Projeto Teimosinho. A
partir de um engajamento social e afetivo intenso, ele foi feito de forma comunitária entre os
próprios moradores, contendo propostas para o estabelecimento de melhorias para o bairro e
visando a sua regularização fundiária. A arte e a Igreja foram chaves fundamentais nesse
processo, ajudando a população a se agregar e a expressar os seus desejos. Nessa época,
as habitações ainda eram muito precárias e havia uma falta generalizada de infraestrutura e
saneamento. Ainda assim, a sua população mantinha sua relação com o mar, o rio e a rua,
continuando a se caracterizar como pesqueira (CONSELHO DE MORADORES DE BRASÍLIA
TEIMOSA, 1979). Na década de 1980, por conta do Teimosinho, o bairro passou por
melhorias infraestruturais, o que ajudou na sua consolidação. Vilas e casas também foram
construídas. Em 1983, através da LUOS recifense (Lei de Uso e Ocupação do Solo), a
comunidade se torna ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), o que lhe dá o mínimo de
segurança em relação as tentativas de expulsão (BOTLER, 1994).
Dos anos 90 até 2006 o bairro passa por seu período de consolidação final. Mais
melhorias de infraestrutura e
saneamento foram feitas, o que não
modificou o tipo de relação direta que
as casas mantinham com a rua. Essa
relação também foi mantida frente ao
adensamento construtivo e à
verticalização em pequena escala
ocorrida no período. Um passo muito
importante na consolidação do bairro
foi a requalificação de sua orla, feita
em 2004 (imagem 2). No local, onde
antes existiam precárias palafitas,
criou-se a Avenida Brasília Formosa Imagem 2 - Brasília Teimosa, sua orla e a Praia do
(SILVA, 2008). Posteriormente, em Buraco da Véia após a abertura da Avenida Brasília
Formosa. Fonte: Site Patrimônio de Todos.gov, 2009.
2006, criou-se o Conjunto Disponível em:
Habitacional Brasília Teimosa <https://gestao.patrimoniodetodos.gov.br/pastaimagem.2009-07-
(FERNANDES, 2010), uma tipologia 02.4357058635/brasiliateimosa-hoje/image_view_fullscreen>.
Acesso em: 15 jun. 2016.
inexistente na história do bairro, que
rompe com as relações e hábitos tradicionais dos edifícios com a rua, com o rio e com o mar.
Apesar dos avanços conquistados, a pendência fundiária ainda permanecia.
O mercado imobiliário atua ferozmente na região, gerando cada vez mais pressões
sobre a Brasília. Desde a década de 2000 até os dias atuais, Boa Viagem já vem sendo um
bairro bastante elitizado, fortemente verticalizado, que passa por um processo violento de
renovação urbana, sendo o Pina a sua continuação (imagem 3). Ainda que a Paisagem dos
dois bairros se confunda, sobretudo nas suas orlas, o Pina ainda atua como uma paisagem
de transição por não poder ser totalmente apropriada pelo mercado formal, dado a grande
ZEIS Encanta Moça e o Parque dos Manguezais existentes no seu interior. A paisagem
desses bairros é
neutra, seu
território é hostil
e os edifícios
que nele se
situam dão as
costas para o
mar e para
aqueles que Imagem 3 – Em primeiro plano, Brasília Teimosa e sua Unidade de
Paisagem; ao fundo, Pina e Boa Viagem com seus edifícios verticalizados.
transitam pelo
Foto de Maurício F. Pinho. Fonte: Panoramio Google Maps, 2010.
espaço urbano.
O território mercadoria do Pina e de Boa Viagem encontram a sua contraposição em Brasília
Teimosa, que possui um território vivido.
Hoje, apesar de persistirem alguns problemas de infraestrutura e saneamento, a
Brasília está completamente consolidada. Ela conta com uma alta densidade construtiva,
conseguida por meio de verticalizações e “puxadas”. No entanto, as melhorias feitas nas
casas, muitas vezes desobedecem o que dita o PREZEIS6 no que toca o número máximo de
quatro pavimentos autorizados para esse tipo de zona (BRITO; MARGARITA, 2016).
As principais centralidades do bairro, locais de maior movimentação de pessoas,
sociabilidade e comércio, são o anel viário da Rua Arabaiana, que fica no coração do seu
território, e a sua orla marítima. O anel viário de Brasília é onde também se concentra uma
grande quantidade de comércios, em grande parte voltados para o ramo alimentício, que dão
autossuficiência ao bairro. Já na orla, se encontram predominantemente bares e
equipamentos de lazer. A Praia do Buraco da Véia é um ponto nodal, importante na história e
no cotidiano da Brasília (imagem 3).
Hoje, a ZEIS Brasília Teimosa ainda possui poucos imóveis regularizados, o que
demonstra uma certa fragilidade do local em relação às crescentes investidas do mercado em
seu território (BRITO; MARGARITA, 2016). Ameaças latentes, em geral, de caráter elitizado
e turístico, vem sendo colocadas sobre ela, indo contra a sua permanência. Temos como
exemplo disso a construção, em 2006, do Edifício JCPM em sua borda, que utilizou como
terreno uma parte de sua ZEIS (BRITO; MARGARITA, 2016), e o Hotel e Resort Renaissance,
edifício de 44 pavimentos que tenta se implantar no local onde hoje existe o Iate Clube do
Recife (CÂMARA MUNICIPAL DO RECIFE, 2015). Junta-se a essas pressões a existência de
um mercado clandestino de imóveis dentro da comunidade, que conta também com a
construção de edificações que claramente destoam das que são características do local
(SILVA, 2011). Há ainda uma falta de conscientização dos moradores acerca desse tipo de
comercialização, que ameaça o futuro do bairro, o que pode ser reflexo da dispersão dos seus
líderes comunitários.
Apesar de a luta do bairro pela sua existência estar desarticulada, há um claro desejo
de sua população em permanecer habitando o local7. O projeto de paisagem que se deseja
impor à Brasília trata o seu território como mercadoria, assim como trata os seus vizinhos,
ignorando as suas particularidades físicas e subjetivas e as relações objetivas, emocionais e
simbólicas dos seus moradores com o lugar onde vivem e realizam as suas práticas sociais.

/3/ OS VALORES TEIMOSOS: A CONSERVAÇÃO DA PAISAGEM PELA PROPRIEDADE


AFETIVO-SIMBÓLICA
Frente as constantes ameaças sofridas pela comunidade, é necessário se pensar na
conservação da Paisagem Teimosa, que deve se dá não pela idade histórica dos objetos
arquitetônicos e urbanísticos que a compõem, mas pela história que ela conta. Não se trata
de somente assegurar a perpetuação da existência do bairro, mas sim de proteger o seu
caráter de território vivido, habitado, garantindo que seus moradores continuem se
apropriando simbolicamente, fisicamente e afetivamente dele.
Além de ser a ocupação pobre consolidada mais antiga da cidade, Brasília teimosa
possui o Conselho de Moradores mais antigo do Estado (BRASÍLIA, 1998). Além disso, ela
também se destaca em importância não somente à nível local, mas, até mesmo, internacional,
ao ter um traçado geométrico, planejado8, que a difere da grande maioria das comunidades
de baixa renda encontradas nas urbes brasileiras. A utilização da arte pela população em seu
processo de luta pela conquista e melhoria do território teimoso também é crucial para se
entender o pioneirismo da Brasília dentro do Recife.Um outro fato importante foi a criação
comunitária do Projeto Teimosinho, que mais tarde veio inspirar o PREZEIS (ASSIES, 1991).

6 Plano de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social.


7 O que pôde ser captado através das entrevistas realizadas com os moradores locais.
8 Graças ao loteamento do bairro, feito pela população, quando houve a suspensão do aforamento do seu terreno.
Claramente, para assegurar a propriedade afetiva da comunidade pelos seus
moradores, é necessário se ter atenção ao que concerne aos aspectos da propriedade legal
do bairro. Nesse sentido, algumas indicações se fazem necessárias. É fundamental que a
comunidade permaneça sendo uma ZEIS, sem nenhuma diminuição do seu perímetro, o que
contrária as vontades do mercado imobiliário. Ao contrário disso, deve-se fazer o possível
para que haja a extensão dessa área protegida para os terrenos que vão até a Avenida
Antônio de Goes, na fronteira com o bairro do Pina. Também é imprescindível que todas as
edificações do bairro sejam legalizadas, dado que há um mercado clandestino presente no
local. Por fim, recomenda-se que haja um trabalho de conscientização da população sobre a
obediência às diretrizes previstas pelo PREZEIS para o bairro9 e a venda dos seus imóveis.
No que toca diretamente à propriedade simbólico-afetiva de Brasília Teimosa por parte
daqueles que nela vivem, foram identificados nove valores, ou seja, nove “Teimosias”, que,
juntas, devem ser mantidas para que o território vivido desse lugar resista e se perpetue. Aqui,
pretende-se levantar os aspectos que garantam a conservação da essência do lugar, do seu
habitar, físico e afetivo, daquilo que é “algo que já estava aí. (...) O que já está presente e que
não se vê (BESSE, 2014, p.61).
As teimosias são de três tipos: a
Teimosia das Águas, que fala dos hábitos e
práticas sociais objetivas e subjetivas com o mar
e com o rio; a Teimosia da Subsistência pelas
águas, onde vê-se a Subsistência física e afetiva
pelo mar e pelo rio; e a Teimosia Vivenciada,
pela qual são identificados os elementos que
permitem a existência da dinâmica e da
convivência típicos do bairro. A Teimosia das
Águas se divide em três: a Teimosia das Rochas, Imagem 4 - Os arrecifes da cidade
a Teimosia dos Banhos Salgados e a Teimosia atualmente (2014). Em primeiro plano, o
da Celebração das águas. Bairro do recife; em segundo, a Ilha de
A Teimosia das Rochas pode começar a Santo Antônio e São José; em terceiro,
ser explanada por uma permanência marcante Brasília Teimosa. Fonte: Brasilina Teimosina
(Perfil do Facebook), 201-. Disponível em:
na paisagem da Brasília, um substrato que existe <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=277107
desde antes do aterro que deu origem ao seu 806005644&set=a.205200899863002.1073741843.
território: a linha de força formada pelos 100011192807604&type=3&theater>.
15 mar. 2017.
Acesso em:

arrecifes, que liga visualmente toda a sua orla ao


centro histórico da cidade, onde também existe o parque das esculturas (imagem 4). Mas
esses arrecifes também são apropriados afetivamente pela população. Na praia do Buraco da
Véia, importante ponto da comunidade, essas rochas constituem seis piscinas naturais
utilizadas para o banho recreativo da população. A pesca também é realizada tendo os
arrecifes que perpassam todo o bairro como ponto de apoio para barcos e pescadores.
Sobre a Teimosia dos banhos salgados, sabe-se que o bairro tem três pontos de
concentração de banhistas: a praia do Pina, a praia de Brasília Teimosa e o Buraco da Véia,
sendo o primeiro e, principalmente, o último os mais importantes. Os dois primeiros locais
constituem uma praia popular, amplamente utilizada pelo público da cidade como um todo. Já
o Buraco da Véia é emblemático por ser um símbolo forte de Brasília Teimosa, sendo utilizada
predominantemente pelos seus moradores (imagem 5). Pelos arrecifes que a permeiam, as

9Que é o de ter lotes máximos de 250m², a proibição de remembramento de terrenos e a construção máxima de
quatro pavimentos. A não obediência desses critérios, além de comprometer a habitabilidade local pode acabar
por criar uma brecha legal que viabilize a entrada do mercado imobiliário formal na comunidade.
suas águas são calmas e muito utilizada para o banho de todas as faixas etárias. Além disso,
essa praia agrega em torno de si bares, restaurantes, ambulantes, a prática de esportes, e
toda uma gama de outros usos diversos. Uma particularidade do bairro é o “banho de choque”,
onde a população toma o banho de mar pelo impacto que as ondas fazem na mureta de
contenção que existe ao longo de toda orla da comunidade.
A Teimosia da Celebração das Águas pode ser vista para além do banho do mar. Pela
falta de áreas livres no interior do bairro e pela relação afetiva que os seus moradores
possuem com as águas, o mar e o rio, as orlas da Brasília são locais de sociabilidade,
vivenciados. Nelas, principalmente na orla marítima, a população pratica esportes, faz
caminhadas, brincadeiras e contempla a paisagem. Com a abertura da Avenida Brasília
Formosa, criou-se uma faixa de areia livre e equipamentos diversos para a área, como
ciclovias, parques infantis, sanitários públicos e uma
Academia da Cidade. Desde o início da ocupação da
Brasília, as suas orlas permanecem vivas. Mesmo
antes da reforma da sua orla marítima, ali também
se praticava esportes, caminhadas, brincadeiras e a
contemplação, ainda que de forma mais precária. É
também desde o início da história da comunidade
que o mar agrega em torno de si bares e
restaurantes (sempre concentrados no Buraco da
Véia), sendo um lugar de concentração de pessoas, Imagem 5 - Praia do Buraco da Véia e
som e festa. A orla fluvial também agrega pessoas. os seus Banhistas, 2016. Fonte: Brasilina
A festa de Santo Antônio, tradicional no bairro, se Teimosina (Perfil do Facebook), 2016.
Disponível em:
passa ali. <https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1
A Teimosia da Subsistência pelas Águas 99019523814473&set=a.199019467147812.1
pode ser vista a partir da Teimosia Pesqueira, a 073741841.100011192807604&type=3&theat
er>. Acesso em: 15 mar. 2017.
Teimosia Gastronômica e a Teimosia do Burburinho
Comercial. Sobre a Teimosia Pesqueira, cabe lembrar que o bairro foi criado a partir de uma
Colônia de Pescadores. A pesca tem conduzido a criação do seu território e da sua paisagem.
A luta por habitar Brasília Teimosa tem sido também, para os seus moradores, a luta por poder
viver do mar, fisicamente e afetivamente. Ainda hoje, apesar da diminuição da quantidade de
pescadores, o bairro ainda se caracteriza como pesqueiro, sendo a atividade da pesca a que
fundamenta a economia local. A comercialização dos pescados é feita, em grande parte,
dentro do próprio bairro. A pesca, como atividade profissional e sentimental, é praticada
profissionalmente e por lazer pelos seus moradores.
Dessa realidade, nasce a Teimosia
Gastronômica. A pesca favoreceu a criação de um
polo gastronômico local já na década de 1990. Hoje,
existe na Brasília uma grande quantidade de bares,
quiosques, botecos e restaurantes simples que
atraem tanto os próprios moradores quanto o público
externo. Apesar de estarem pulverizados por todo o
bairro, eles se concentram na sua orla marítima.
Como se pode imaginar, as especialidades desses
estabelecimentos são crustáceos, pescados e comida Imagem 6 - Bar nas proximidades da
local. Assim, a sobrevivência pelo mar e pelo rio se Praia do Buraco da Véia. Fonte: acervo
pessoal da autora.
estende à questão comercial (imagem 6).
A Teimosia do Burburinho Comercial deriva da teimosia anterior, que, por sua vez,
deriva das águas. Através do comércio gastronômico nasce um comércio diversificado no
bairro, que o torna autossuficiente. Ali, principalmente na sua centralidade do Anel Viário da
Rua Arabaiana e no Mercado do Bairro, podem ser encontrados negócios diversos como
boutiques, armazéns de construção, mercadinhos, farmácias, movelarias, depósitos de
bebida, frutarias e casas de bolo, além de uma
grande diversidade de serviços (imagem 7).
A Teimosia Vivenciada se divide em a
Teimosia das Casas que Beiram a Rua e
sentem as águas, a Teimosia da (com)vivência
e a Teimosia da Simplicidade. A Teimosia das
Casas que Beiram a Rua e Sentem as Águas
fala de como as ruas e as águas são uma
extensão das casas, tendo uma relação direta
ou quase direta com elas, desde o início da Imagem 7 - Comércio variado na Rua
ocupação do bairro até a atual fase de Arabaiana. Fonte: FABRÍCIO, 2014.
adensamento em que ele se encontra (imagem
8). Isso ocorre tanto no interior do seu território
quanto nas suas orlas. A única exceção a essa
relação íntima traçada com a rua é o caso do
Conjunto Habitacional Brasília Teimosa, que
em nada se assemelha às tipologias edilícias
praticadas tradicionalmente no local.
A Brasília é um local extremamente
vivo, dinâmico, habitado (imagem 9). É desse
fato que nasce a Teimosia da (com)vivência. A
comunidade não dorme. As suas ruas são Imagem 8 - Casas da Rua Estrela do Mar,
vivas, verdadeiras salas de estar. Dos fatores 2017. Fonte: acervo pessoal da autora.
físicos que ajudam a explicar esse
fenômeno, temos os três polos abrangentes
geradores de movimentação no local: a orla
marítima, a orla fluvial e o anel viário da Rua
Arabaiana. Como dito, as orlas, além de
agregar as atividades de pesca, congregam
pessoas em torno das águas, dos
equipamentos de lazer e dos comércios e
restaurantes (no caso da marítima). Além
disso, apesar da movimentação frenética Imagem 9 - Meninos jogando bola na Brasília
concentrada nesses pontos, a grande de hoje. Fonte: BRASÍLIA, 2014. Disponível em:
quantidade de comércios e serviços <https://www.youtube.com/watch?v=ZIgImbH_hRo>.
Acesso em: 24 maio 2017.
espalhados por todo o bairro gera um uso
misto que permite que as ruas estejam movimentadas em vários horários do dia. Como um
fator afetivo que explica a vivência intensa do bairro pela população, tem-se o sentimento de
pertencimento e identificação que se criou com ele a partir do processo de luta pela sua
resistência e construção, o que explica a forte ligação com o território em si e a força das
relações de vizinhança entre moradores, já que as batalhas traçadas na construção da história
da Brasília foram coletivas.
Por fim, há a Teimosia da Simplicidade. Se atentar à escala do bairro, de seus objetos
arquitetônicos e urbanísticos, é fundamental para conservar a “essência” da sua paisagem e
do seu território. Todas as casas e edificações da comunidade são simples, feitas com
materiais e tipologias populares, são térreas ou de baixo gabarito. Os seus bairros vizinhos
possuem edificações altamente verticalizadas, feitas em materiais robustos, caros, e não
mantem uma relação íntima com a rua e com o mar como acontece em Brasília Teimosa. O
comércio da comunidade também ocorre em pequena escala, diferente dos grandes
equipamentos construídos para esse fim nas suas vizinhanças. As suas vias principais
também não têm um tamanho expressivo quando comparadas com as do Pina e Boa Viagem.
As orlas da Teimosa, com a Praia do Buraco da Véia, por exemplo, e a dos seus vizinhos tem
uma diferença de escala enorme. Enquanto aquela é uma praia de pequeno porte, com uma
pequena faixa de areia, as Praias do Pina e Boa Viagem possuem uma escala e uma faixa de
areia muito maior. O fato é que, a grandeza das relações que se passam na Brasília ocorre
na sua simplicidade, que dentro dessa humildade abriga os hábitos e as práticas sociais de
seus moradores.
A análise da construção social da comunidade estudada e das nove Teimosias
identificadas como valores fundamentais na conservação de sua paisagem traz algumas
conclusões. No início, antes de existir, Brasília Teimosa era água. Hoje, ela continua sendo.
Desde o começo da história desse lugar, ela vem sendo a fonte principal de subsistência física
e subjetiva de seus moradores. Seja por uma relação direta, pelos banhos e pela pesca, ou
pela consequência que essas atividades trazem, como o comércio de pescados, alimentícios
e tantos outros produtos, o mar e rio cadenciam o ritmo do bairro e apadrinham as relações
que a população tem entre si e com ele. Tudo parte das águas e tudo volta pra elas. As
teimosias, também ligadas direta ou indiretamente às águas, demonstram a essência física,
simbólica e afetiva do bairro. Conservar a paisagem teimosa levando em consideração esses
valores é conservar o “habitar”, o caráter vivido de seu território.

\4\ A TEIMOSIA E A UNIVERSIDADE: RELAÇÕES, APRENDIZADOS E CONCLUSÕES


O exemplo de Brasília Teimosa leva a uma reflexão sobre os desafios das cidades em
se manter habitáveis, passíveis de abrigar as práticas sociais e os desejos de presente e
futuro daqueles que a constroem e nela vivem. Esse caso também mostra a necessidade de
se defender um território urbano vivenciado, que se contraponha ao território mercadoria que
dá origem a paisagens urbanas neutras e sem significado.
A luta para transformar esse estado ideal em realidade é de todos. É nesse contexto
que o papel da universidade, como entidade representativa da sociedade, é de fundamental
importância. Em pontos estratégicos da história de Brasília Teimosa, a Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) apoiou o movimento de resistência da comunidade de várias formas,
muitas vezes, se opondo as ações do governo local, que, em tantos casos, agiu em
favorecimento dos empreiteiros imobiliários (ALVES, 2009).
Durante a década de 1970, período em que projetos voltados para a elite e o turismo
foram propostos para a comunidade ameaçando a sua existência, a UFPE auxiliou a
população na realização de um recenseamento local. Essa assistência foi fundamental para
a formulação do Projeto Teimosinho e na reivindicação dos moradores exigindo melhores
condições de habitabilidade ao poder público. Além disso, alguns docentes também estiveram
diretamente presentes nas ações para a formulação desse projeto e em sua defesa, como foi
o caso do Professor Luis De La Mora10.
É importante perceber que a atuação da universidade não pode se dar de forma
bancária11, colonizadora e vertical. A construção do conhecimento deve ser dialógica, feita
junto à população das comunidades e aos movimentos sociais envolvidos. Ao mesmo tempo
em que a universidade pode atuar com o seu arcabouço teórico e técnico, que deve ser
deixado à disposição da comunidade e apreendido por ela (na medida do possível), ela
também deve beber dos conhecimentos, práticas sociais, hábitos e história desses lugares e
das pessoas que os habitam. Para estabelecer essa sistemática, uma atitude importante, que
pode partir da iniciativa da própria universidade ou por demanda social, seria a criação de
projetos de extensão que liguem a academia ao povo.
No caso das cidades brasileiras e, em especial, do Recife, muitas são as comunidades
pobres e ZEIS que sofrem pressões do mercado imobiliário, tendo a sua existência
cotidianamente ameaçada. Nesse sentido, projetos universitários podem ser feitos, quando
há a possibilidade de permanência legal e a vontade popular de resistir, para auxiliar a
população desses locais a encontrar saídas e ferramentas para a luta pelos seus territórios.
Nesse sentido, a exemplo do presente estudo desenvolvido em Brasília Teimosa, projetos
feitos conjuntamente por discentes, docentes, pesquisadores e a população local podem se
propor a indicar os valores físicos, subjetivos e afetivos desses lugares, visando a
conservação de suas paisagens. Além disso, é importante que as ações não parem por aí: é
necessária a elaboração formal de garantias legais que deem suporte, junto com às instâncias
competentes e o poder público, à perpetuação desses valores encontrados, preservando de
maneira mais objetiva o território das comunidades. Um exemplo disso é o apoio que pode
ser dado aos moradores para a legalização de seus imóveis ou o auxílio para que determinada
área pobre consiga lograr o título de ZEIS. Há ainda a importância de desenvolver, junto às
comunidades, projetos arquitetônicos e urbanísticos diversos que melhorem a qualidade de
vida da população e os níveis de habitabilidades locais.
O papel da universidade não pode ser negligenciado. Ela é feita pelo povo e para o
povo, não podendo se afastar dele. O ensino e, principalmente, a pesquisa e a extensão,
juntos, devem confluir para restituir à universidade o seu papel de agente motriz da sociedade.

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10 De La Mora foi Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE por mais de 40 anos. Ele tinha
uma linha de atuação militante, representando a universidade junto aos movimentos sociais da cidade.
11 Termo utilizado por Paulo Freire em seu livro “Pedagogia do Oprimido”. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.

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