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PROVA-MODELO N.

º 2

Prova-Modelo de Português
12.º Ano de Escolaridade
Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 4 Páginas

GRUPO I Cotações

A
Leia atentamente os textos que se seguem.

A B
“Ó Progne1 crua! Ó mágica Medeia2! D. Tareja1
Se em vossos próprios filhos vos vingais
As nações todas são mistérios.
Da maldade dos pais, da culpa alheia,
Cada uma é todo o mundo a sós.
Olhai que inda Teresa peca mais!
Ó mãe de reis e avó de impérios,
5 Incontinência má, cobiça feia,
Vela por nós!
São as causas deste erro principais:
Cila3, por uma, mata o velho pai;
5 Teu seio augusto amamentou
Esta, por ambas, contra o filho vai.
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
“Mas já o príncipe claro o vencimento
Por ele reza!
10 Do padrasto e da iníqua4 mãe levava;
Já lhe obedece a terra, num momento,
Dê tua prece outro destino
Que primeiro contra ele pelejava;
10 A quem fadou o instinto teu!
Porém, vencido de ira o entendimento,
O homem que foi o teu menino
A mãe em ferros ásperos atava;
Envelheceu.
15 Mas de Deus foi vingada em tempo breve;
Tanta veneração aos pais se deve!
Mas todo vivo é eterno infante
Onde está e não há o dia.
Os Lusíadas, Luís de Camões (III, 32-33)
15 No antigo seio, vigilante,
Notas:
1. Filha de Pandéon, rei de Atenas. De novo o cria!
2. Filha do rei da Cólquida.
3. Filha de Niso, rei Mégara.
4. injusta, malévola. Mensagem, Fernando Pessoa
Nota: 1. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Identifique, em cada um dos textos, dois traços caracterizadores da personagem histórica des-
15
tacada. (9+6)

20
2. D. Afonso Henriques surge também referenciado tanto na obra camoniana como na pessoana. (12+8)

2.1. Refira em qual delas, e de que modo, essa personagem histórica assume um estatuto divino.
20
3. Justifique a alusão a “Progne”, “Medeia” e “Cila”. (12+8)

15
4. Apresente uma possível interpretação para a apóstrofe “Ó mãe de reis e avó de impérios, / Vela (9+6)
por nós!” (vv. 3-4 do texto B).

12
Cotações
B

“Propõe-se Camões, no seu canto épico, exaltar o valor dos seus conterrâneos, muito princi- 30
(18+12)
palmente na grande empresa dos Descobrimentos e das Conquistas, que constitui o tema fun-
damental do poema; mas, por outro lado, dá-nos como modelo de uma sabedoria magnânima,
de grande experiência, de elevada honradez, o venerabilíssimo Velho do Restelo, o qual condena
aquele próprio feito que a epopeia camoniana se propõe cantar. Cabe que perguntemos, por isso
mesmo, qual é verdadeiramente o seu juízo: o da exaltação, ou de condenação?”

António Sérgio, Os Lusíadas, Sá da Costa, s/d

Num texto coerente, entre oitenta a cento e trinta palavras, responda à questão colocada
pelo autor, apoiando-se nos conhecimentos que possui da epopeia camoniana.

GRUPO II

Leia com atenção o texto.

O prazer de aprender a ler

Jorge Branquinho Lopes

A leitura só faz sentido se for feita com prazer. Contudo, aprender a ler não é um processo
simples nem natural, como aprender a andar. No caminho dessa aprendizagem erguem-se
por vezes algumas barreiras que chegam a desanimar aqueles que nela se iniciam e lhes não
permitem descobrir o gosto de ler. Como, pois, despertar este gosto pela leitura e facilitar a
05 sua aprendizagem?
Poderemos pensar que esta é uma área muito técnica e, por isso, reservada a pedagogos
e outros especialistas. Nada há de mais errado! É em casa, e mesmo muito antes da entrada
na escola, que a aprendizagem da leitura se inicia. Mas aprofundemos um pouco este tema.
Conceito de Leitura
10 Durante muito tempo a leitura foi concebida como um conjunto de habilidades que se de-
viam ensinar de forma sucessiva e hierarquizada, na qual os mecanismos de descodificação
assumiam grande importância. Defendia-se então que era promovendo o domínio das tais ha-
bilidades que se formavam leitores competentes. Nesta linha de pensamento poderíamos de-
fender que alguém que aprendeu, separadamente, a meter mudanças, a dominar os pedais
15 do travão e do acelerador, bem como a rodar o volante, é um bom condutor. Ora todos con-
cordamos que não é assim. Do mesmo modo, ainda que as habilidades de leitura não sejam
de desprezar, devemos conceber a leitura como um processo uno e global, no qual as dife-
rentes habilidades, as expectativas da criança, o contexto e demais variáveis interagem entre
si.
20 Como promover a aprendizagem da Leitura
Proponho agora ao leitor que pense numa qualquer aprendizagem que tenha feito fora do
contexto escolar (andar de bicicleta, nadar, trabalhar com o computador, ou qualquer outra).
A que atribui o sucesso dessa aprendizagem?
Raros são aqueles que o não atribuirão a uma necessidade (pessoal) e/ou à motivação

13
25 sentida naquele momento que tornou a aprendizagem um projeto a ser então realizado. Cotações

Semelhantemente, se queremos estimular e facilitar a leitura, temos de fazer com que ela se
torne um projeto pessoal, isto é, um projeto significativo para a criança, adaptado às suas ne-
cessidades e possibilidades. (...)
Pode, então, afirmar-se que para se conseguir uma aprendizagem da leitura tão sólida
30 quanto prazerosa é fundamental que a criança perceba não apenas para que serve a leitura,
mas também porque é que ela própria quer aprender a ler. É imperioso que tal esteja conso-
lidado à entrada da escola. Mas isso não é inato nem se ensina; nasce e consolida-se na prá-
tica quotidiana. Neste sentido, um contributo muito importante está nas mãos da família,
materializado na possibilidade de proporcionar à criança um meio rico e estimulante no que
respeita a uma utilização real, natural e utilitária da leitura.

in Saúde & Lar, n.º 767 (setembro de 2011) [texto adaptado e com supressões]

1. Selecione, em cada um dos itens de 1.1 a 1.7., a única alternativa que permite obter uma afir-
mação adequada ao sentido do texto.
5

1.1. Ao longo do texto, o enunciador defende a ideia de que


(A) é imprescindível que quem inicia o processo da leitura tenha consciência por que
razão a quer aprender.
(B) os professores são os responsáveis pelo (des)interesse pela leitura nas camadas mais
jovens.
(C) é necessário repensar a forma como se desenvolve o processo de aprendizagem da
leitura.
(D) é fundamental investir no treino da leitura, tal como acontece noutros tipos de apren-
dizagem.
5
o
1.2. Com o recurso à interrogação no final do 1. parágrafo, o enunciador
(A) pretende expor uma dúvida.
(B) interpela diretamente o leitor.
(C) lança uma questão para a qual não obtém respostas.
(D) pretende abrir o tema de reflexão.
5

1.3. O segmento “um processo simples nem natural” (linhas 1-2) corresponde ao
(A) complemento direto.
(B) predicativo do sujeito.
(C) complemento agente da passiva.
(D) modificador no nome restritivo.
5

1.4. O segmento “No caminho dessa aprendizagem” (linha 2) assume, sintaticamente, a fun-
ção de
(A) complemento oblíquo.
(B) modificador da frase.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) complemento do nome.

14
1.5. A expressão “reservada a” (linha 6) exemplifica um mecanismo de coesão Cotações

(A) referencial. 5

(B) frásica.
(C) interfrásica.
(D) lexical.

1.6. O articulador sublinhado em “que era promovendo o domínio das tais habilidades” (linhas 5
12-13) apresenta um valor lógico
(A) consecutivo.
(B) de retoma.
(C) completivo.
(D) causal.

1.7. A forma verbal “tenha feito” (linha 20) encontra-se 5

(A) no pretérito perfeito composto do conjuntivo.


(B) no pretérito mais que perfeito composto do indicativo.
(C) no pretérito perfeito composto do indicativo.
(D) no pretérito mais que perfeito composto do conjuntivo.

2. Responda de forma correta aos itens que se seguem.

2.1. Identifique o referente da palavra sublinhada em “e lhes não permitem descobrir o gosto 5
de ler.” (linhas 3-4).
2.2. Classifique a oração “na qual os mecanismos de descodificação assumiam grande impor- 5
tância.” (linhas 11-12).
2.3. Identifique a função sintática do segmento “numa qualquer aprendizagem.” (linhas 20-21). 5

GRUPO III

Em determinadas situações, a autodisciplina é um exercício fundamental para o ser humano.


50
Momentos de excessos devem ser controlados como forma de se prevenir o futuro. (30+20)

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas pala-
vras, redija uma reflexão sobre a necessidade de o ser humano se controlar, decorrente da afir-
mação anterior.

Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mínimo, a dois argumentos, ilustrando
cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

FIM

200
pontos

15

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