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O IOGA

de
TARA MICHAEL

Elaborar 10 perguntas e transcrição integral das respostas com


indicação da página, parágrafo e linha.

Helena Maria Rodrigues Caridade Batista – Centro Prakriti Aveiro 1


1. Explique o significado de Tapas e as suas manifestações

“ A palavra traduz-se por «ascese»; temos porém de a interpretar no sentido grego de


exercício, disciplina, esforço sobre si mesmo. A palavra tapas deriva de uma raiz
TAP, que significa aquecer, tornar-se escaldante, que tem como conotação a ideia de
uma irradiação de calor associada ao esforço.
As manifestações do tapas são muitas: superar, por um esforço da vontade, certas
limitações corporais, jejuando, mantendo-se imóvel sobre uma perna ou com os
braços no ar, sob o sol tórrido, ou sentado entre quatro fogueiras; suportar grandes
frios ou grandes calores; defrontar certas provas; guardar silêncio, observar diversos
votos, controlar a respiração… Todas estas práticas têm por objectivo acumular uma
certa energia interior. O «ardor», a intensidade do esforço engendram uma força que
é comparada a um fogo, purificador e luminoso. O tapas não é de modo algum uma
mortificação derivada da depreciação do corpo, como o é por vezes a ascese em
certas religiões, visando antes à produção de um «calor psíquico» que permite
atingir um nível de existência superior. “

( Pag. 25, 2º parágrafo, 2ª linha)

2. Explique o que é Samkhya e o seu ponto de partida

“O Samkhya estabelece os princípios, nos quais assenta a prática do ioga e define a


finalidade para a qual este tende, de tal maneira que as disciplinas propostas pelo
ioga não fazem sentido para quem não conheça a cosmologia, a psicologia e a
estereologia do Samkhya. O Samkhya e o Ioga, considerados como as duas
doutrinas mais antigas ( o Mahâbhârata chama-lhes «as duas doutrinas eternas,
sanâtane dve), são frequentemente interpretados como os dois aspectos , o teórico e
o prático, da mesma doutrina. “

(Pag.31, 2º parágrafo, 1ª linha)

“ O ponto de partida do Samkhya, tal como no budismo, situa-se numa tomada de


consciência do carácter insatisfatório da condição humana tal como esta é
habitualmente vivida. O inquérito levado a cabo procede do desejo de acabar
definitiva e absolutamente com o «triplo infortúnio existencial».”

( Pag.32, 5º parágrafo, 1ª linha )

3. Samkhya estuda a relação de causa a efeito ou teoria da causação.


Explique.

“A primeira evidência que parece impor-se é a de que o Universo manifestado, na


sua totalidade se caracteriza por uma mudança incessante. (…)”

( Pag.38, Parágrafo 4º, 1ª linha )

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“A fim de conhecer a natureza dessas transformações contínuas, o Samkhya estuda
a relação de causa a efeito.
Qual é ao certo a natureza de uma transformação? Chega à conclusão de que o efeito
não é o aparecimento de uma substância completamente nova, diferente e sem
relação com a causa, mas que, pelo contrário, tem de preexistir em forma latente na
sua causa. O leite coalhado está potencialmente presente no leite, se bem que ainda
indiferenciado. Não pode haver nenhum efeito, que não tenha existido anteriormente
em estado não manifestado na sua causa, pois nada pode sair do nada e os mesmos
efeitos são produzidos pelas mesmas causas.”

( Pag. 38, parágrafo último, 1ª linha e continua na pag. 39 da 1º linha até 8ª)

4. A Substância Primordial é a Pradhâna também designada por


Mula – Prakrti ou só Prakrti. Explique o que é essa “Substância”.

“ A Substância Primordial é a Pradhâna, palavra que significa à letra «o que está


posto antes de todas as coisas», o Fundamento. Contém em potência todas as
determinações. É também designada pelo termo de Mula – Prakrti, a Natureza
Primordial, raiz de todas as manifestações, e depois, por abreviatura, por Prakrti. É
avyakta, o não manifestado. Não pode ser conhecida, mas apenas inferida a partir
dos seus efeitos, que constituem o universo manifestado.”

(Pag.40, 2º parág. 1ª linha)

5. Explique o que são os guna da Prakrti

“A Prakrti emite o universo manifestado através da acção e da alteração das três


qualidades primordiais das três «modalidades» (guna) que a constituem. Esta teoria
dos três guna é fundamental em todo o pensamento indiano, permitindo uma
classificação tripartida indefinidamente repetida e aplicada a todas as coisas. De
acordo com esta concepção, a infinita diversidade do universo é devida a
combinações, em proporções variadas, dos três guna que se dominam, apoiam,
activam e contrabalançam mutuamente. Encontramos a acção destes três factores
antagónicos em todas os fenómenos, mas essa observação torna-se mais fácil no
plano psicológico.
O guna sattva tem por função manifestar, o guna rajas activar, e o guna tamas
limitar e obscurecer.
O guna sattva tende para a iluminação, a manifestação consciente.
Psicologicamente, traduz-se em compreensão, alegria e paz, fisicamente em
ligeireza e pureza. O guna rajas engendra a actividade e o movimento. Factor de
energia, está na base de todo o esforço, de todo o trabalho, assim como da agitação e
instabilidade, encontrando-se frequentemente associado ao sofrimento. O
sofrimento, a necessidade e a carência incitam ao esforço, e todo o esforço se
acompanha de uma certa dor ou impressão de dificuldade. O guna tamas é o factor
de resistência ou obstrução, tanto à luz da comprensão (sattva) como ao dinamismo
do movimento (rajas). Objectivamente, manifesta-se como peso, densidade,
obscuridade, inércia; subjectivamente, como apatia indiferença, ignorância ou
inconsciência.”

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(Pag.41, 3º parág. 1ª linha )

6. “Para além do dinamismo do universo, para além da própria


Substância Primordial, ou seja, para além do manifestado e do não-
manifestado está o Principio que se opõe aos dois primeiros, na
medida em que não é causa , nem efeito, nem Produtor, nem
Produto - diríamos: nem criador nem criado. É o Purusha (…)”
Explique

A palavra Purusha, que à letra significa «o Homem» designa a essência última do


homem. Trata-se de um termo muito antigo, que encontramos já num mito
cosmogónico do Veda, designando o ser Universal, o Uno original, cujo
desmembramento sacrificial, in tempore deu origem à multiplicidade do cosmos
manifestado. Nos Upanishad, a palavra Purusha é usada nessa perspectiva cósmica,
no sentido de Divindade suprema, na qual toda a criação tem o seu ser. É o eu
Universal, simultaneamente imanente e transcendente (…)

(Pag.44 e 45, 5º parág. 1ª linha )

Infinito, omnipresente e não actuante, penetra todas as coisas e reside em todos os


seres como o seu próprio Eu, vendo todas as obras, recebendo todas as impressões.
O Purusha é a Consciência – testemunho (sâkshin), o Observador imóvel, que
contempla em silêncio o movimento da Prakrti. Nunca entra em acção mas nunca
deixa de ser. A acção pertence aos guna da Prakrti, de que é inteiramente distinto e
independente. Não afectado por nenhum desejo, não empenhado, não maculado,
assiste a tudo, sem estar implicado, «como um asceta errante vê, ao passar, os
trabalhos agrícolas dos camponeses». È o espectador «que está no centro»,
equânime, imparcial, desinteressado, impassível. Desprovido de todo o atributo,
isento de toda a qualidade, pois está para além dos guna, não pode ser nunca objecto
da experiência.
(Pag. 45, 3º parág. 1ª linha )

7. “Apesar de o Purusha não ser nem produção nem produtor, é a


sua «influência», a sua actividade não actuante que no início de um
ciclo criador, põe em movimento a Prakrti e a leva emitir Mundos.”
Comente

“ Anteriormente à manifestação, a Prakrti repousa na sua indiferenciação


primordial, na qual os três guna se mantém em equilíbrio perfeito, neutralizando-se
mutuamente. Esse estado de «suspensão», de união de contrários, é o estado natural
da Prakrti, o estado no qual o universo desaparece no momento de uma dissolução,
e do qual o universo emerge de uma nova criação. Pois a evolução é concebida
como cíclica alternando os períodos de manifestação com os de reabsorção, e não
como um desenvolvimento contínuo numa mesma direcção. No início de um
período cósmico, a simples presença de Purusha agindo como o «motor imóvel» de
Aristóteles quebra o equilíbrio dos guna da Prakrti e provoca as manifestações a
que preside e anima, permanecendo-lhes no entanto essencialmente transcendente.

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Da proximidade do contacto entre o Purusha e a Prakrti, brota a manifestação,
assim como a união do homem e da mulher engendra uma descendência. A
influência misteriosa exercida pelo Purusha é comparada à de um íman que
permanecendo imóvel, põe em movimento as partículas de ferro.

(Pag. 47, 5º parág. 4ª linha )


(Pag. 48, 1º parág. completo )

8. Pode-se falar de uma multiplicidade de Purusha?

“ A este nível podemos falar de uma multiplicidade de Purusha, sendo cada um


desses Purusha essa «porção » (amça) do Eu universal que toma conhecimento de
um campo de experiência ( kshetrajña), ou seja o principio de uma consciência que
ilumina com a sua luz um domínio de percepção e de acção individualmente
determinado.”

(Pag. 56 e 57, último parágrafo e 1º parág. Respectivamente)

“ No entanto, na medida em que reside nos seres manifestados, o Purusha parece


estar submetido à sua ignorância, e participa da sua natureza passiva. O
conhecimento da sua identidade está-lhe oculto e, esquecendo aquilo que é na
realidade, toma-se por aquela individualidade limitada determinada pelas
modalidades de Prakrti. Do ponto de vista da manifestação, há vários Purusha, na
medida em que o princípio de consciência absoluto e eterno preside separadamente à
experiência individual de milhares de seres particulares, estando encerrado nesses
seres , condicionado e sujeito às suas peregrinações.

(Pag. 58, 2º parág. Linha 10 )

9. “ Todos os gestos, todos os pensamentos, todas as palavras são


germes de experiências, e toda as experiências são germes de acções,
de tal maneira que nos mantemos incessantemente dentro da
engrenagem das experiências condicionadas, que é aquilo a que se
dá o nome de samsâra. “
Comente

Samsâra é a roda da existência, o ciclo das vida e das mortes, o movimento contínuo
em que nos mantém a nossa ignorância do Principio. A Libertação (moksha) consiste
em interromper este ciclo. Pois «quer se seja um deus, quer um minúsculo insecto, o
facto de existir no tempo, de ter uma duração, implica a dor».

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10. Refira as 8 etapas do Ioga

“ I. YAMA : OS REFREAMENTOS

Os «refreamentos» (yama), palavra que deriva de uma raiz YAM, que significa
refrear, domar, dominar, referem-se ao domínio dos impulsos naturais inerentes a
todos os seres vivos comuns ao homem e ao animal. Os refreamentos não são
exclusivos do yogin, pois todo o homem os tem de praticar em certa medida; mas o
yogin deve conduzi-los à perfeição, o que exige uma coragem heróica. Os
refreamentos assim praticados conferem poderes extraordinários (siddhi). Os yama
são em número de cinco:

1. Não querer infligir nenhum mal a nenhum ser vivo (ahimsã)


2. Não se afastar da verdade (satya)
3. Não se apoderar ilegalmente de nada que vos não pertença (asteya)
4. A continência ( brahmacarya)
5. Não ser possessivo (aparigraha) ”

(Pag. 86, 5º e último parág. )


(Pag. 88, 1º e 2º parág. linha 1 )
(Pag. 92, 3º parág. )
(Pag. 95, 1º parág. )
(Pag. 95 4º parág. linha 1 )
Pag. 96 3º parág. linha 1 )

“ II. NIYAMA: AS OBSERVÂNCIAS:

As «observâncias» (niyama) constituem a segunda etapa do Ioga. Enquanto os yama


eram de carácter negativo e incidiam principalmente no aspecto da harmonização
das relações do homem com a sociedade e o mundo dos seres vivos em geral, os
niyama são de carácter positivo e construtivo e visam à organização da vida interior,
pessoal. Não basta impor limites ao comportamento exterior, é também necessário
reestruturar a personalidade profunda por intermédio de cinco «observâncias», que
devem ser praticadas com regularidade, dias após dia.”

1. “Purificação (çauca)”
2. “Contentamento (samtosha)”
3. “Esforço sobre si mesmo (tapas)”
4. “O estudo ( svâdhyiâya)”
5. “A consagração a Deus ( Içvara- pranidhâna)”

(Pag. 96, 6º e último parág. )


(Pag. 97 1º e 2ºº parág. linha 1)
(Pag. 99, 1º parág. Linha 1 )
(Pag. 100, 3º parág. Linha 1 )
(Pag. 101, 3º parág. Linha 1 )

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“ III. ASANA: A POSTURA

A adopção de uma postura (âsana) constitui a terceira etapa do Ioga. A postura deve
satisfazer duas exigências: « Ser estável e agradável.» Quando a prática de uma
postura permite ao yogin mantê-la com firmeza e simultaneamente sentir-se nela à
vontade, a finalidade foi atingida. A postura elimina a agitação corporal e concentra
as energias dispersas “
(Pag. 105, 4º e 5º parág. Linha 1 )

“ IV. PRÂNÂYÂMA: A DISCIPLINA DO SOPRO

Depois de se ter dominado o asâna, vem a disciplina do sopro ( prânâyâma). A


prânâyâma é mais do que o controlo do sopro respiratório; é o controlo da energia
vital (prâna), conseguido através do controlo respiratório. Prâna ou Vâyu é «aquilo
que se move» , «aquilo que circula» (yat samcarati), «aquilo que vibra»(spandate
yat) e refere-se às correntes de energia que animam o corpo; o movimento
respiratório é apenas uma delas mas a mais evidente, estando em estreita correlação
com todas as outras. Através da regulação do sopro respiratório, alcança-se o
domínio de todos os outros «sopros vitais» ou correntes de energia subtil.”

(Pag. 107, 6º parág. Linha 1, continua na pag.108 )

“ V. PRATYÂHÂRA: A RETRAÇÃO DOS SENTIDOS

O yogin tem de conseguir abstrair completamente do mundo exterior: é a «retracção


dos sentidos» (pratyâhâra). As 5 faculdades de percepção, as cinco faculdades de
acção e a faculdade mental (manas) têm de deixar de funcionar nos seus respectivos
campos de acção: som, contacto, forma, sabor, cheiro, palavra, preensão,
ambulação, excreção, gozo e pensamento. Todas estas faculdades têm de se
concentrar na sua base, isto é, de ser mantidas em união com o espírito.”

(Pag. 112, 2º e 3º parág. linha 1 )

VI. DHÂRÂNA: A CONCENTRAÇÃO

«A fixação da actividade mental num lugar circunscrito é a concentração (dhârâna ).


«Ao espírito vagabundo, inquieto, do homem que pretende sondar os segredos da
terra e analisar os mistérios dos céus, o Ioga ensina que a verdade só pode ser
conhecida se o espírito se concentrar num único ponto». Esse ponto não pode ser um
ponto qualquer, mas sim um «suporte apropriado»(çubhâçraya). Vyasa apresenta
com exemplos: «na região do umbigo, no lótus do coração, na luz da cabeça, na
ponta do nariz, na ponta da língua, noutros pontos análogos do corpo, ou ainda num
objecto exterior».

(Pag. 115, 1º e 2º parág. linha 1 )

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“ VII. DHYÂNA: A MEDITAÇÃO

O problema consiste agora em prolongar essa concentração que, de início, só é


atingida durante alguns instantes, vacilando depois. « Um fluxo contínuo de
cognição centrado num ponto chama-se meditação (dhyâna)».”

(Pag. 116, 2º e 3º parág. linha 1 )

“ VIII. SAMÂDHI

« Quando só o objecto meditado resplandece na consciência, que parece ter sido


esvaziada da sua forma própria, é o samâdhi».A concentração é tão perfeita que só o
objecto meditado fica presente no espírito, o qual perde toda a consciência reflexiva
( consciência de si mesmo tal como se apreende habitualmente e consciência do
processo de meditação, como fenómenos distintos). “

Aveiro, 13.08.2004

Helena M. R. C. Batista

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