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HAENDEL MOTTA
CONCEITOS DA
´
PSICANALISE
PARA O MUNDO
CORPORATIVO
Um olhar renovado sobre o mundo
do trabalho para você inovar no seu
CONCEITOS DA
´
PSICANALISE
PARA O MUNDO
CORPORATIVO
Um olhar renovado sobre o mundo
do trabalho para você inovar no seu
Juliana
Índice
Prefácio................................................................. 6
Introdução............................................................. 8
Quatro conceitos fundamentais.. ............................................................. 10
Capítulo 1 . REPETIÇÃO................................... 12
NARRATIVA EM ABISMO . Sobre a tendência imprevistade repetir nos-
sas condutas............................................................................................. 13
O CAMPO DA LINGUAGEM....................................................................... 16
NOSSO MINDSET EM LOOP. . .................................................................... 18
VIA DE PÔR, VIA DE RETIRAR.. ................................................................20
GROUNDHOG DAY.................................................................................... 23
Capítulo 4 . PULSÃO........................................66
MOTIVAÇÃO - Eros e Tanatos.................................................................. 67
Pulsão de vida........................................................................................... 76
Maslow, Herzberg, Lacan: indicações para a Satisfação 4.0................77
Referências bibliográficas..............................84
Sobre o autor.....................................................88
www.haendelmotta.com.br
/haendelmotta
6
Prefácio
Aproveite a leitura!
André Souza
CEO da FUTURO S/A
8
Introdução
E
m um mundo hiperconectado como o nosso, causa surpresa
que o nome de Jacques Lacan circule tanto pelo meio aca-
dêmico e tão pouco pelo corporativo.
INCONSCIENTE REPETIÇÃO
TRANSFERÊNCIA PULSÃO
Boa leitura!
H.M.
12
Capítulo 1
REPETIÇÃO
Keywords do capítulo:
- Narrativa em abismo
- Aparelho linguístico
- Algoritmo
- Mindset fixed/mindset grownth
- Via de pôr/via de retirar
1
13
NARRATIVA EM ABISMO
SOBRE A TENDÊNCIA IMPREVISTA
DE REPETIR NOSSAS CONDUTAS
A
ntenor, 47 anos, vinte de experiência em sua área, foi recém
contratado por uma empresa e informado de que receberá,
a cada seis meses, turmas de jovens-aprendizes na faixa
dos 18 anos de idade. Ao longo do semestre, Antenor consta-
ta que um problema x ocorre em sua primeira turma. “Bem, que
venham novos aprendizes”, pensa ele. Acontece que em sua se-
gunda turma o mesmo x se apresenta. E também em sua ter-
ceira turma. Então ele conclui, num desabafo a outro colega da
empresa: “Essa juventude é toda igual”.
O CAMPO DA LINGUAGEM
U
m dos maiores avanços oferecidos por Lacan, em contri-
buição à clínica de Freud, consiste na observação do cam-
po da linguagem nesse contexto em que não paramos de
nos repetir.
S
e programamos um vídeo para que recomece toda vez que
termine, nos termos da informática diz-se que esse algo-
ritmo entrou em loop, ou dead-lock. Grandes e complexos
algoritmos podem também entrar em loop e ficar girando em
torno deles mesmos, reproduzindo uma longa rotina de procedi-
mentos numa infinita narrativa em abismo.
mesmo tempo em que sua nova função lhe indica que irá, se-
mestralmente, atuar como preceptor de novos jovens-aprendi-
zes, isso não significa que terá de repetir os mesmos equívocos
(e padecer do mesmo x) ao longo de toda sua permanência na
empresa - e, aqui o mais grave, ou clinicamente dramático: caso
Antenor não venha a se submeter a qualquer tipo de dispositivo
capaz de estremecer seu mindset/enquadre, até que algo de sua
própria responsabilidade apareça, estará fadado, por estrutura,
a repetir sempre a mesma conduta, e padecer do mesmo x, por
anos a fio.
F
reud, citando Leonardo da Vinci, toma como exemplo a pin-
tura, que opera pela via de pôr (tinta sobre a tela), em com-
paração à escultura, que opera pela via de retirar (lascas da
pedra bruta). Nesse sentido, os meios de produzir alguma bre-
cha na estrutura narrativa de Antenor estariam referidos
Bônus do capítulo:
GROUNDHOG DAY
N
ão passe incólume pelo filme Feitiço do Tempo (1993). Se
já o assistiu, dê uma olhada nessa resenha. Caso não o co-
nheça e não goste de spoilers, assista-o e depois volte aqui.
Capítulo 2
INCONSCIENTE
Keywords do capítulo:
- Resumo inconsciente
- Saber-lidar emocional
- Lógica do sintoma
- Sujeito moebiano
2
26
U
m século depois de Freud - e agora com a neurociência
-, onde está o inconsciente? Sistema límbico! Reptiliano!
Não e não. O presente artigo procura esclarecer um pouco
a questão com base na psicanálise de Jacques Lacan.
27
PRIMEIRA PARTE
O INCONSCIENTE LÓGICO
A
informática nos ajuda aqui: imagine detectar o funciona-
mento de um software observando apenas o que acende
e apaga no hardware - eis o empenho neurocientífico; con-
tudo, para a psicanálise, uma das localizações do inconsciente
só se revela quando examinamos a lógica de funcionamento do
software em si.
SEGUNDA PARTE
O INCONSCIENTE ILÓGICO
G
ozamos da sensação de ocupar nosso centro de controle,
e outro modo de localizar o inconsciente é perceber onde
isso nos escapa. Além dos conhecidos atos-falhos e da for-
ma com que nossos sonhos (eventualmente pesadelos) esta-
belecem um roteiro próprio, destaca-se aqui a incapacidade de
nos apaixonarmos por autoconvencimento racional (bem como
nos desapaixonarmos pelo mesmo método).
“Nem sempre consigo sentir aquilo que sei que devo sentir”.
TERCEIRA PARTE
O INCONSCIENTE SINTOMA
L
ocalizar o inconsciente enquanto causa de afetos e predi-
leções que não escolhemos não significa abdicar de nosso
edifício moral/racional.
PARTE FINAL
O INCONSCIENTE EXTIMIDADE
L
acan complexifica nossa linearidade a ponto de dizer que
nosso software repertorial se organiza nos moldes de uma
fita de Moebius - já ouviu falar dessa fita?
Além disso, uma prática cuja direção será “saber lidar com os
sintomas”, conforme o caráter inextinguível do inconsciente na
formação dos mesmos.
Bônus do capítulo:
CONTROLE EMOCIONAL
EXISTE MESMO ISSO?
C
omecemos com um artigo publicado na Harvard Business
Review em 2013, Emotional Agility, que trata de como líde-
res eficazes lidam com pensamentos e sentimentos nega-
tivos. O artigo menciona um experimento, realizado por um pro-
fessor de Harvard, em que indivíduos são convidados a evitar
pensar em um urso branco, concluindo que tentativas de mini-
mizar ou ignorar pensamentos ou sentimentos tendem apenas
a amplificá-los.
38
Dessa maneira, uma vez que não nos será possível contro-
lar diretamente as emoções, cabe, pela via psicanalítica, atentar
para nossas condutas a fim de que possamos nos responsabi-
lizar pela repetição de episódios que, em grande medida, tem a
ver com nossa teimosia resiliente.
Capítulo 3
TRANSFERÊNCIA
Keywords do capítulo:
- Liderança
- Poder de influência
- Chefiar
- Manipular
- Motivação intrínseca
- Relacionamento e escuta
3
- Modernidade líquida
46
O LAÇO DE LIDERANÇA
CHEFIAR, MANIPULAR OU LIDERAR?
P
ublicado na Harvard Business Review em 2004, o artigo “Why
People Follow the Leader: The Power of Transference”, de
Michael Maccoby, aponta a correspondência entre um dos
conceitos fundamentais da psicanálise, a transferência, e o fe-
nômeno da liderança.
A LIDERANÇA EM ESPECTRO
V
amos deixar de lado a transferência em termos clínicos, e
nos concentrar no que Lacan definiu como transferência de
trabalho. Dispostos em espectro, os sentimentos associa-
dos a esse tipo de transferência podem variar de um pequeno a
um elevado grau de intensidade.
C
oloquemos agora sobre os pratos de uma balança, de um
lado o conceito de transferência, e, do outro, o cumprimento
das regras que devem reger o funcionamento de qualquer
organização.
CHEFIA E RECOMPENSA,
LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO
M
as, enfim, qual a necessidade do vínculo de transferência
para fazer girar a engrenagem de uma instituição, desde
que ela esteja bem regrada? Para avançar nesse questio-
namento, relembro aqui a distinção, celebrada por Herzberg, en-
tre motivadores extrínsecos e intrínsecos.
RELACIONAMENTO E ESCUTA
S
e, por uma via, o fenômeno da liderança abrange um poder
de influência do líder sobre um grupo, pela via inversa, diz-
-se que um líder só possui o poder que lhe é concedido por
seus liderados. Esse consentimento, como vimos, é transferen-
cial.
Bônus do capítulo:
MODERNIDADE LÍQUIDA
DESAFIO AOS MILLENNIALS
M
arço de 2000. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman pu-
blica seu livro-conceito: vivemos agora, nos diz ele, em
uma modernidade líquida.
MODERNIDADE MODERNIDADE
SÓLIDA LÍQUIDA
TRANSIÇÃO ENTRE
PLANO DE CARREIRA
ÁREAS E EMPREGOS
SOCIEDADE VERTICAL/ SOCIEDADE HORIZONTAL/
PATRIARCAL PATRIARCAL
Capítulo 4
PULSÃO
Keywords do capítulo:
4
- Estado de fluxo (flow)
- Ética a serviço dos bens /ética do desejo
67
P
ara tratar da motivação pelo olhar da psicanálise, podemos
partir de uma metáfora que descreva nosso dinamismo: ima-
gine sermos um tipo inusitado de máquina, cujo motor vital
girasse em frequências variadas. Dispondo isso como em um
painel automotivo, poderíamos então, com a psicanálise, apon-
tar três aspectos distintos de uma mesma energia: inibição, pul-
são de vida e pulsão de morte.
Ora, convenhamos, não foi preciso esperar por Freud para sa-
bermos que não comandamos aquilo que atiça nossas paixões.
A literatura, repleta de personagens que se apaixonam pelo não
escolhido, revela essa verdade desde muito cedo na história hu-
mana. Nesse sentido, coube a Freud apenas formalizar uma prá-
tica voltada a movimentar nossas disposições intrínsecas – se
valendo para tanto de conceitos como a pulsão, que ele difere
do instinto animal.
PULSÃO DE VIDA
M
as nos concentremos agora, para encerrar, no melhor de
tudo isso, afirmando o vetor de construtividade e inventivi-
dade das motivações humanas. Se os animais selvagens
não se excedem, por outro lado estão condenados a permane-
cer sempre os mesmos durante seu curto tempo de vida; seus
instintos estão atrelados apenas ao biológico. No nosso caso,
fomos dotados de um algoritmo linguístico que um dia nos fez
sapiens e, por conta disso, nos abriu a um campo inteiramente
outro de possibilidades. Freud chama a pulsão de vida de Eros,
em ressonância, sim, ao erótico e ao sexual. Mas, reparem, o ins-
tinto sexual dos bichos visa tão somente a procriação; já nossa
dinâmica pulsional, entremeada à linguagem, nos permite gerar
também filhos simbólicos, isto é, um legado: “notem a energia
de trabalho daquele sujeito; sua passagem por aqui contribuiu
com mudanças que ficarão para os que o sucederem”.
Bônus do capítulo:
P
ouca gente sabe, mas o próprio Maslow relativiza sua pirâmi-
de anos mais tarde.
Referências bibliográficas
• BAUMAN, Z.(2001) Modernidade Líquida.Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor.
• http://veja.abril.com.br/ciencia/amigues--para-sempre
• https://hbr.org/2013/11/emotional-agility
87
• https://www.agoramt.com.br/2014/02/entendendo-direito-fami-
lia-mosaico-ou--reconstituida-um-novo-modelo-de-familia/
• https://www.ted.com/talks/daniel_kahneman_the_riddle_of_ ex-
perience_vs_memory
• https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_on_fl
ow?language=pt-br
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Sobre o autor
No currículo formal, psicólogo e especialista em clínica psi-
canalítica pela UFF, mestre em psicologia clínica pela PUC-RJ.