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Planos de aula / História / 8º ano / O Brasil no século XIX

A Balaiada (1838) - Versões sobre o conflito


Por: João Carlos De Melo Silva / 24 de Março de 2019

Código: HIS8_16UND01

Sobre o Plano

Este plano de aula foi produzido pelo Time de Autores de Nova Escola

Professor: João Carlos de Melo Silva

Mentor: Aleteia Silva

Especialista: Sherol dos Santos

Assessor pedagógico: Oldimar Cardoso

Ano: 8º ano do Ensino Fundamental

Unidade temática: O Brasil do século XIX

Objeto (s) de conhecimento: O poder regencial e a contestações ao poder central

Habilidade(s) da BNCC: EF08HI16) Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder centralizado

Palavras Chave: Balaiada, regência, revolta

Materiais complementares

Documento
Fonte 1 da problematização
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/Y2MVuEZrdufFCnguzPrsSGBBVseDdNYfxwaGWbWmcHKWze268y2w3ktnEeT3/his8-16und01-fonte-1-da-problematizacao.pdf

Documento
Fonte 2 da problematização
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/FsMzUB7wwU3aUYBZWUCcKgaVuSVtW54cmy6ZaxPnYBne2kGxkuY59NKXDcbF/his8-16und01-fonte-2-da-problematizacao.pdf

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Plano de aula

A Balaiada (1838) - Versões sobre o conflito

Slide 1 Sobre este plano

Este slide em específico não deve ser apresentado


para os alunos, ele apenas resume o conteúdo da
aula para que você, professor, possa se planejar.
Este plano está previsto para ser realizado em uma
aula de 50 minutos. Serão abordados aspectos que
fazem parte do trabalho com a habilidade EF08H16
de História, que consta na BNCC. Como a
habilidade deve ser desenvolvida ao longo de todo
o ano, você observará que ela não será
contemplada em sua totalidade aqui e que as
propostas podem ter continuidade em aulas
subsequentes.
Materiais necessários: Quadro, giz ou piloto,
cópias impressas das fontes da problematização
Fonte 1 https://nova-escola-
producao.s3.amazonaws.com/Y2MVuEZrdufFCnguzPrsSGBBVseDdNYfxwaGWbWmcHKWze268y2w3ktnEeT3/his8-
16und01-fonte-1-da-problematizacao.pdf
Fonte 2 https://nova-escola-
producao.s3.amazonaws.com/FsMzUB7wwU3aUYBZWUCcKgaVuSVtW54cmy6ZaxPnYBne2kGxkuY59NKXDcbF/his8-
16und01-fonte-2-da-problematizacao.pdf
Para você saber mais:
A Balaiada foi uma revolta popular que aconteceu
no Maranhão em 1838, no contexto do governo
regencial. Uma das principais causas do início da
revolta foi o recrutamento violento forçado pelas
autoridades locais, que estavam realizando prisões
arbitrárias para recrutar homens para a guarda. O
vaqueiro Raimundo Gomes, em 1838, atacou o
quartel para libertar seu irmão, o que desencadeou
uma onda de retaliações que aumentaram ainda
mais a pressão sobre uma sociedade já bastante
marcada pela violência, desigualdade e pobreza
extrema do Brasil do século XIX e seu sistema
escravista. Em pouco tempo a revolta tomou
proporções muito grandes, agregando também
escravizados liderados por Preto Cosme que já
vinham envolvidos em lutas de resistência
quilombola. Também contou com muitos negros
livres, como Manoel Balaio, trabalhadores rurais,
pescadores, vaqueiros e outras variedades de
indivíduos desprivilegiados daquela sociedade. O
levante, que se iniciou por uma causa bastante
específica, cresceu até se tornar uma imensa
rebelião que ameaçou diretamente o governo
imperial.
Alguns vídeos podem ajudar a esmiuçar os eventos
e personagens da Balaiada:
https://www.youtube.com/watch?v=ZQ5zsjbUl8M
(Acesso em: 10 de Novembro de 2018). Uma Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados.
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A Balaiada (1838) - Versões sobre o conflito

(Acesso em: 10 de Novembro de 2018). Uma


História de Amor e Fúria. Trecho do filme
brasileiro lançado em 2013. Esse vídeo é centrado
na figura de Manoel Balaio. O vídeo mostra de
maneira eficiente a diversidade de participantes,
as motivações de Balaio e, principalmente, a
crueldade da repressão empreendida por Duque de
Caxias.
https://www.youtube.com/watch?v=A7B-
ExplAvg&t=45s (Acesso em: 10 de Novembro de
2018). Balaiada - A guerra do Maranhão . Neste
outro vídeo, vemos uma produção realizada pelo
governo do estado do Maranhão. Um pouco menos
chamativo que o vídeo anterior, entretanto, mais
eficiente ao relatar as motivações de cada um dos
líderes.

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A Balaiada (1838) - Versões sobre o conflito

Slide 2 Objetivo
Tempo sugerido: 2 minutos
Orientação: Projete ou escreva o objetivo e leia
junto com os alunos, de maneira que todos
entendam a proposta a ser desenvolvida.

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Slide 3 Contexto
Tempo sugerido: 8 minutos
Orientações : Divida a turma em grupos de 3 ou 4
alunos. Escreva no quadro ou projete a frase para
que todos os alunos vejam. Proponha uma
discussão sobre a frase.
Por ser um animal feroz, há o risco do leão não ser
a metáfora perfeita de espécie desfavorecida que o
sentido do provérbio precisa transmitir. Altere esse
detalhe do provérbio, se achar necessário.
A intenção ao utilizar esse provérbio é fazer o aluno
perceber que é preciso ouvir as versões de todos os
envolvidos num fato, pois, só assim, é possível
remontá-lo e chegar o mais próximo do ocorrido.
Caso contrário, existirá apenas a versão daquele
que conta a história, nesse caso o caçador,
representando os “vencedores” , aqueles que tem
voz e poder para se fazer representado. Já os leões,
que não sabem ou não podem falar, representam os
“vencidos”, os não letrados da História, os
desprovidos de voz e poder. A tendência acaba
sendo “glorificar o feito do caçador” e esquecer ou
não se importar com os motivos do leão.

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Slide 4 Problematização
Tempo sugerido: 30 minutos
Orientações (fonte 1): Distribua cópias da
reportagem acima entre metade dos grupos de
alunos. A matéria pode ser encontrada na íntegra
no link
(http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/05/em-
caxias-memorial-reconta-historia-da-
balaiada.html) - Acesso em: 10 de Novembro de
2018.
Os demais alunos receberão, ao mesmo tempo,
outro documento histórico que será apresentado
no slide seguinte. Após 15 minutos de análise do
texto recebido, os grupos deverão trocar de fonte.
Essa reportagem faz um breve apanhado sobre os
eventos da Balaiada e conta um pouco do contexto
da construção do Memorial da Balaiada em 1997.
Entregue impresso em outra folha ou copie no
quadro algumas questões que irão assegurar que
pontos importantes não passem despercebidos
pela leitura desses alunos.
Quais foram os atores históricos da Balaiada e qual
era a classe social deles?
De que forma o governo imperial tratou a rebelião?
Quantos foram mortos?
Como o responsável por essas mortes, o Duque de
Caxias, passou a ser reconhecido depois disso?
Como o historiador entrevistado se refere aos
balaios?
Qual a versão da História que o historiador
defende?
Para você saber mais: A Balaiada foi uma revolta
popular que aconteceu no Maranhão em 1838, no
contexto do governo regencial. Uma das principais
causas do início da revolta foi o recrutamento
violento forçado pelas autoridades locais, que
estavam realizando prisões arbitrárias para
recrutar homens para a guarda. O vaqueiro
Raimundo Gomes, em 1838, atacou o quartel para
libertar seu irmão, o que desencadeou uma onda de
retaliações que aumentaram ainda mais a pressão
sobre uma sociedade já bastante marcada pela
violência, desigualdade e pobreza extrema do Brasil
do século XIX e de sistema escravista. Em pouco
tempo a revolta tomou proporções muito grandes,
agregando também escravizados liderados por
Preto Cosme que já vinham envolvidos em lutas de
resistência quilombola. Também contou com
muitos negros livres, como Manoel Balaio,
trabalhadores rurais, pescadores, vaqueiros e Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados.
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A Balaiada (1838) - Versões sobre o conflito

trabalhadores rurais, pescadores, vaqueiros e


outras variedades de indivíduos desprivilegiados
daquela sociedade. O levante, que se iniciou por
uma causa bastante específica, cresceu até se
tornar uma imensa rebelião que ameaçou
diretamente o governo imperial.
Alguns vídeos podem ajudar a esmiuçar os eventos
e personagens da Balaiada:
https://www.youtube.com/watch?v=ZQ5zsjbUl8M
(Acesso em: 10 de Novembro de 2018). Uma
História de Amor e Fúria. Trecho do filme
brasileiro lançado em 2013. Esse vídeo é centrado
na figura de Manoel Balaio. O vídeo mostra de
maneira eficiente a diversidade de participantes,
as motivações de Balaio e, principalmente, a
crueldade da repressão empreendida por Duque de
Caxias.
https://www.youtube.com/watch?v=A7B-
ExplAvg&t=45s (Acesso em: 10 de Novembro de
2018). Balaiada - A guerra do Maranhão . Este outro
vídeo é uma produção realizada pelo governo do
estado do Maranhão. Um pouco menos chamativo
que o vídeo anterior, entretanto, mais eficiente ao
relatar as motivações de cada um dos líderes.

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Slide 5 Problematização

Orientações (fonte 2): Os demais grupos receberão


cópias do relato do jornal Chronica Maranhense
que foram escritos em 1839, pouco depois do início
da revolta. https://nova-escola-
producao.s3.amazonaws.com/FsMzUB7wwU3aUYBZWUCcKgaVuSVtW54cmy6ZaxPnYBne2kGxkuY59NKXDcbF/his8-
16und01-fonte-2-da-problematizacao.pdf
Esses grupos estarão realizando a atividade AO
MESMO TEMPO em que os demais grupos estarão
com a fonte 1. Após 15 minutos de análise do texto
recebido, os grupos deverão trocar de fonte.
A fonte original pode ser encontrada aqui:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?
bib=749990&pasta=ano%20183&pesq= Acesso
em: 10 de novembro de 2018.
Essa reportagem de época fala sobre os ainda
recentes acontecimentos da revolta, explicando
quais foram as motivações, quem eram os
envolvidos, se referindo aos revoltosos como
homens perigosos e criminosos. A exemplo da
atividade da fonte 1, entregue impresso ou escreva
questões no quadro para guiar a leitura da fonte.
As questões são:
Qual foi o motivo atribuído pelo jornalista ao
levante?
A visão apresentada pelo jornalista representa qual
grupo social da época?
De que forma o jornalista se refere ao levante e aos
revoltosos?

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Slide 6 Sistematização

Tempo sugerido: 10 minutos


Orientações: Antes de iniciar a atividade de
sistematização, destaque novamente o objetivo da
aula. Estimule os alunos a perceber e expressar
oralmente que as fontes são de épocas distintas e
trazem visões diferentes sobre o mesmo
acontecimento, e que essa pluralidade de visões
sobre os fatos faz parte da ciência histórica.
Também é bom ressaltar que é importante que os
alunos compreendam que nenhuma das fontes
“mentiu” ou está errada, são apenas discursos que
partem de pessoas diferentes, em tempos
diferentes, de classes sociais diferentes e com
objetivos diferentes.
Para finalizar a aula e verificar o aprendizado dos
alunos, projete no quadro a tabela acima. Os
grupos receberão cópias dessa mesma tabela para
completá-la em conjunto.
Na primeira linha os alunos precisarão apenas
escrever em que ano cada reportagem foi publicada,
sendo 2013 para a fonte 1 e 1839 para a fonte 2.
Na segunda linha os alunos devem encontrar quais
palavras são usadas em cada texto para se referir
àqueles amotinados. A fonte 1 se refere à eles como
“escravos*, camponeses e brancos pobres” no
primeiro parágrafo e como “heróis” e “vencidos”
no terceiro. A fonte 2 se refere aos balaios como
“cabras”, “homens grosseiros” e “criminosos”,
“classes inferiores”, “baixas de cauda curta” ,
“facinoroso audaz e turbulento”.
Na terceira e última linha os alunos devem
conversar sobre a resposta e a justificativa. A
expectativa é que os alunos percebam que na fonte
1 os balaios são favorecidos, ou seja, o lado dos
rebeldes. Para justificar o aluno pode afirmar que
chegou a essa conclusão porque no terceiro
parágrafo o texto faz várias referências positivas
aos balaios e critica a maneira que a história era
contada antes. Já a fonte 2 favorece os
governantes, pois ao chamar os rebeldes de
criminosos e grosseiros o autor da reportagem cria
uma imagem negativa sobre eles, o que pode
inclusive ser usado como justificativa para
reprimi-los.
*Apesar do texto da fonte 1 utilizar a palavra
escravo, é importante, no momento da correção,
rever com os alunos o uso desse termo. Faça com
que eles percebam que, de acordo com a
historiografia contemporânea, o termo mais Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados.
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historiografia contemporânea, o termo mais


adequado seria escravizado (aquele que foi forçado
a essa situação), pois remete a um processo de
violência com caráter histórico e social, além de ser
uma forma de denúncia à arbitrariedades e abuso
de força dos opressores.
Perceba que as duas primeiras linhas da tabela são
respostas bastante objetivas que devem ser
extraídas diretamente do texto, portanto não há
necessidade de dedicar tempo demais a elas. A
última linha é a mais importante e mais complexa.
É possível também realizá-la em forma de
atividade oral, pedindo para que um representante
de cada grupo fale o que concluiu. Assim poderá
também agilizar a tarefa. Se desejar, escreva no
quadro as respostas dadas pelos alunos.
Como adequar à sua realidade: Se não for possível
projetar a tabela no quadro, copie-a com piloto ou
giz. Na impossibilidade de entregar cópias para
cada grupo, peça para que eles usem o caderno e
reproduzam o quadro proposto para a atividade.

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Os canhões simbolizam o poder dos militares na Revolta da Balaiada, acontecida entre
1838 e 1840. Eles cercam o busto de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, o
‘marechal de ferro’. O duque foi enviado para acabar com o conflito, que acabou com mais
de 10 mil mortos. A maioria, escravos, camponeses e brancos pobres, que se uniram contra
a exploração dos ricos da época. Os revoltosos eram liderados por Cosme Bento dos
Santos, o Negro Cosme, e eram chamados de 'balaios'.

Foi uma das batalhas mais sangrentas do Brasil Império. E a morte de Negro Cosme foi um
troféu das chamadas forças legalista. Caxias se tornaria patrono do Exército brasileiro, por
ter acabado com um movimento que desestabilizava a província do Maranhão. Essa é a
história oficial.

Mas na década de 1990 um grupo de estudantes universitários e historiadores, liderados


por um arqueólogo, resolveu recontar a história da Balaiada. Para isso se instalaram no
Morro do Alecrim, palco final da revolta. Eles trabalharam durante meses, atrás dos
vestígios do conflito. "Hoje historiadores já escrevem sobre essa nova versão. A versão dos
vencidos, dos balaios como verdadeiros heróis na batalha contra os opressores", disse o
pesquisador Wilson Carvalho.

O resultado das buscas arqueológicas fez surgir o Memorial da Balaiada. No acervo de 350
peças, restos de armamentos, balas de chumbo, projéteis, botões e fivelas dos militares e
dos homens e mulheres que fizeram a revolta. As escavações encontraram até fragmentos
de ossos humanos. A coleção do museu tem também instrumentos de castigo dos
escravos, como correntes utilizadas em castigos dos escravos, como correntes e
gargalheiras.

Disponível em:
http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/05/em-caxias-memorial-reconta-historia-da-b
alaiada.html
Maranhão, 1 de Janeiro de 1839

Ficam acima estampadas algumas peças oficiais que dão notícias do motim que houve em
13 do passado na Manga e do estado que actualmente se encontra aquele município. Por razões
particulares, confirmadas em partes pelas mesmas peças oficiais, podemos vir no conhecimento das
origens da origem desses tumultos: o recrutamento violento. [...]
Este só facto podia explicar tudo: mas cumpre acrescentar que por causa do recrutamento
indistinto e ilegal a maior parte da população de diversos pontos conhecida sob o nome de Forros (e
que S. Exe1. chama cabras2, à moda de Pernambuco) tem abandonado as suas casas e roças
deixando ao desamparo as famílias: no Rosario, por exemplo, a gente pobre está passando por
todos os inconvenientes da miséria e da fome, por haver fugido a maior parte dos pescadores. Outro
motivo de descontentamento há sido o serviço para que se tem chamado por todo esse interior os
[...] guardas nacionaes, e assim vimos os 23 que compunham o destacamento da Manga uniram-se
com tamanha facilidade aos 10 amotinados com [...] Raimundo Gomes.
[...] Dizem que que o tal Raimundo Gomes achara ali um seu irmão a ferros3 [...] ora
similhantes perseguições hão por força fazer descontentes, e o descontentamento nos homens
grosseiros, entre os quaes há alguns criminosos, que não pode deixar de prodosir resultados iguaes
aos da Manga, que tam fataes4 podem ser [...]
[...] Não deixaremos sem observação uma tendência que domina em todas as participações
que fizeram o prefeito, e vem a ser a quererem atribuir o desaguisado da Manga à influencia do
partido da opposição; é verdade que o prefeito apenas contenta-se de diser que esses sucessos sao
sem duvida formentados pela raiva de partidistas descabidos que o coronel Coqueiro só diz que a
camara e os juízes de paz são bemléveis, e que na camara ha um mulato prejudicial que influe muito
com os da sua cor [...]
[...] O presidente da provincia despresou essas acusações, de que nem ao menos trata em
suas respostas; e o Publicador em um artigo, não oficial foi mais explicito, pois declara positivamente
que as desordens de Manga nenhuma relação tem com a política; porem lastimamos que S. exe. não
fizesse sentir aos seus agentes a falsidade e incongruência das suas accusações, em uma ocasião
em que bem fora semear a intriga entre os cidadãos amigos da ordem, deviara todos procurar unir-se
para de commum accordo combaterem a desordem [...]
Mas será bom que o sr presidente se convença que a gloria do governo não consiste
somente em empregar a força armada, em repelir com energia os sedicioso, em puni-los finalmente
com todo o rigor das leis; tudo isso ja é um grande mal, e muito mais glorioso seria te-lo evitado.
Ponha S. Exe. temo desde ja as violências e illegalidades que diariamente se estão vendo por
occasião do recrutamento [...] que se assim proceder S. Exe. [...] se removerão todas as occasiões
de desordem; e as classes inferiores, cuja força numerica é imensa na nossa provincia, bem que
embrutecidas pela [...] ignorância, sem motivos para odear as autoreidades, não cederão facilmente
às sugestões criminosas de qualquer facinoroso audaz e turbulento.
Seria duro na verdade que a tranquilidade de que gosa o Maranhão ha mais de 6 anos,
houvesse de agora ser perturbada pelos despotismos e imprudencias de alguns baixas de cauda
curta; e nós fallamos assim a primeira autoridade, porque amamos sinceramente essa tranquilidade,
em cuja sustentação temos tanto interesse quanto outro qualquer. [...]

NOTÍCIAS do Iguará. ​Chronica Maranhense. S


​ ão Luís, p. 3-4. 1 jan. 1839.

1
​S. Exe: ​abreviação para Sua Excelência.
2
​Cabras ​é um termo racista muito utilizado pelas elites do século XIX. Ele é usado para se referir
pejorativamente à pessoas negras e mestiças.

3
A ferros: ​Preso, atrás das grades.
4
​Tam fataes​: Tão fatais.

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