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https://novaescola.org.br/plano-de-aula/5098/a-balaiada-1838-versoes-sobre-o-conflito
Código: HIS8_16UND01
Sobre o Plano
Este plano de aula foi produzido pelo Time de Autores de Nova Escola
Habilidade(s) da BNCC: EF08HI16) Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder centralizado
Materiais complementares
Documento
Fonte 1 da problematização
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/Y2MVuEZrdufFCnguzPrsSGBBVseDdNYfxwaGWbWmcHKWze268y2w3ktnEeT3/his8-16und01-fonte-1-da-problematizacao.pdf
Documento
Fonte 2 da problematização
https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/FsMzUB7wwU3aUYBZWUCcKgaVuSVtW54cmy6ZaxPnYBne2kGxkuY59NKXDcbF/his8-16und01-fonte-2-da-problematizacao.pdf
Slide 2 Objetivo
Tempo sugerido: 2 minutos
Orientação: Projete ou escreva o objetivo e leia
junto com os alunos, de maneira que todos
entendam a proposta a ser desenvolvida.
Slide 3 Contexto
Tempo sugerido: 8 minutos
Orientações : Divida a turma em grupos de 3 ou 4
alunos. Escreva no quadro ou projete a frase para
que todos os alunos vejam. Proponha uma
discussão sobre a frase.
Por ser um animal feroz, há o risco do leão não ser
a metáfora perfeita de espécie desfavorecida que o
sentido do provérbio precisa transmitir. Altere esse
detalhe do provérbio, se achar necessário.
A intenção ao utilizar esse provérbio é fazer o aluno
perceber que é preciso ouvir as versões de todos os
envolvidos num fato, pois, só assim, é possível
remontá-lo e chegar o mais próximo do ocorrido.
Caso contrário, existirá apenas a versão daquele
que conta a história, nesse caso o caçador,
representando os “vencedores” , aqueles que tem
voz e poder para se fazer representado. Já os leões,
que não sabem ou não podem falar, representam os
“vencidos”, os não letrados da História, os
desprovidos de voz e poder. A tendência acaba
sendo “glorificar o feito do caçador” e esquecer ou
não se importar com os motivos do leão.
Slide 4 Problematização
Tempo sugerido: 30 minutos
Orientações (fonte 1): Distribua cópias da
reportagem acima entre metade dos grupos de
alunos. A matéria pode ser encontrada na íntegra
no link
(http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/05/em-
caxias-memorial-reconta-historia-da-
balaiada.html) - Acesso em: 10 de Novembro de
2018.
Os demais alunos receberão, ao mesmo tempo,
outro documento histórico que será apresentado
no slide seguinte. Após 15 minutos de análise do
texto recebido, os grupos deverão trocar de fonte.
Essa reportagem faz um breve apanhado sobre os
eventos da Balaiada e conta um pouco do contexto
da construção do Memorial da Balaiada em 1997.
Entregue impresso em outra folha ou copie no
quadro algumas questões que irão assegurar que
pontos importantes não passem despercebidos
pela leitura desses alunos.
Quais foram os atores históricos da Balaiada e qual
era a classe social deles?
De que forma o governo imperial tratou a rebelião?
Quantos foram mortos?
Como o responsável por essas mortes, o Duque de
Caxias, passou a ser reconhecido depois disso?
Como o historiador entrevistado se refere aos
balaios?
Qual a versão da História que o historiador
defende?
Para você saber mais: A Balaiada foi uma revolta
popular que aconteceu no Maranhão em 1838, no
contexto do governo regencial. Uma das principais
causas do início da revolta foi o recrutamento
violento forçado pelas autoridades locais, que
estavam realizando prisões arbitrárias para
recrutar homens para a guarda. O vaqueiro
Raimundo Gomes, em 1838, atacou o quartel para
libertar seu irmão, o que desencadeou uma onda de
retaliações que aumentaram ainda mais a pressão
sobre uma sociedade já bastante marcada pela
violência, desigualdade e pobreza extrema do Brasil
do século XIX e de sistema escravista. Em pouco
tempo a revolta tomou proporções muito grandes,
agregando também escravizados liderados por
Preto Cosme que já vinham envolvidos em lutas de
resistência quilombola. Também contou com
muitos negros livres, como Manoel Balaio,
trabalhadores rurais, pescadores, vaqueiros e Associação Nova Escola © - Todos os direitos reservados.
Plano de aula
Slide 5 Problematização
Slide 6 Sistematização
Foi uma das batalhas mais sangrentas do Brasil Império. E a morte de Negro Cosme foi um
troféu das chamadas forças legalista. Caxias se tornaria patrono do Exército brasileiro, por
ter acabado com um movimento que desestabilizava a província do Maranhão. Essa é a
história oficial.
O resultado das buscas arqueológicas fez surgir o Memorial da Balaiada. No acervo de 350
peças, restos de armamentos, balas de chumbo, projéteis, botões e fivelas dos militares e
dos homens e mulheres que fizeram a revolta. As escavações encontraram até fragmentos
de ossos humanos. A coleção do museu tem também instrumentos de castigo dos
escravos, como correntes utilizadas em castigos dos escravos, como correntes e
gargalheiras.
Disponível em:
http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/05/em-caxias-memorial-reconta-historia-da-b
alaiada.html
Maranhão, 1 de Janeiro de 1839
Ficam acima estampadas algumas peças oficiais que dão notícias do motim que houve em
13 do passado na Manga e do estado que actualmente se encontra aquele município. Por razões
particulares, confirmadas em partes pelas mesmas peças oficiais, podemos vir no conhecimento das
origens da origem desses tumultos: o recrutamento violento. [...]
Este só facto podia explicar tudo: mas cumpre acrescentar que por causa do recrutamento
indistinto e ilegal a maior parte da população de diversos pontos conhecida sob o nome de Forros (e
que S. Exe1. chama cabras2, à moda de Pernambuco) tem abandonado as suas casas e roças
deixando ao desamparo as famílias: no Rosario, por exemplo, a gente pobre está passando por
todos os inconvenientes da miséria e da fome, por haver fugido a maior parte dos pescadores. Outro
motivo de descontentamento há sido o serviço para que se tem chamado por todo esse interior os
[...] guardas nacionaes, e assim vimos os 23 que compunham o destacamento da Manga uniram-se
com tamanha facilidade aos 10 amotinados com [...] Raimundo Gomes.
[...] Dizem que que o tal Raimundo Gomes achara ali um seu irmão a ferros3 [...] ora
similhantes perseguições hão por força fazer descontentes, e o descontentamento nos homens
grosseiros, entre os quaes há alguns criminosos, que não pode deixar de prodosir resultados iguaes
aos da Manga, que tam fataes4 podem ser [...]
[...] Não deixaremos sem observação uma tendência que domina em todas as participações
que fizeram o prefeito, e vem a ser a quererem atribuir o desaguisado da Manga à influencia do
partido da opposição; é verdade que o prefeito apenas contenta-se de diser que esses sucessos sao
sem duvida formentados pela raiva de partidistas descabidos que o coronel Coqueiro só diz que a
camara e os juízes de paz são bemléveis, e que na camara ha um mulato prejudicial que influe muito
com os da sua cor [...]
[...] O presidente da provincia despresou essas acusações, de que nem ao menos trata em
suas respostas; e o Publicador em um artigo, não oficial foi mais explicito, pois declara positivamente
que as desordens de Manga nenhuma relação tem com a política; porem lastimamos que S. exe. não
fizesse sentir aos seus agentes a falsidade e incongruência das suas accusações, em uma ocasião
em que bem fora semear a intriga entre os cidadãos amigos da ordem, deviara todos procurar unir-se
para de commum accordo combaterem a desordem [...]
Mas será bom que o sr presidente se convença que a gloria do governo não consiste
somente em empregar a força armada, em repelir com energia os sedicioso, em puni-los finalmente
com todo o rigor das leis; tudo isso ja é um grande mal, e muito mais glorioso seria te-lo evitado.
Ponha S. Exe. temo desde ja as violências e illegalidades que diariamente se estão vendo por
occasião do recrutamento [...] que se assim proceder S. Exe. [...] se removerão todas as occasiões
de desordem; e as classes inferiores, cuja força numerica é imensa na nossa provincia, bem que
embrutecidas pela [...] ignorância, sem motivos para odear as autoreidades, não cederão facilmente
às sugestões criminosas de qualquer facinoroso audaz e turbulento.
Seria duro na verdade que a tranquilidade de que gosa o Maranhão ha mais de 6 anos,
houvesse de agora ser perturbada pelos despotismos e imprudencias de alguns baixas de cauda
curta; e nós fallamos assim a primeira autoridade, porque amamos sinceramente essa tranquilidade,
em cuja sustentação temos tanto interesse quanto outro qualquer. [...]
1
S. Exe: abreviação para Sua Excelência.
2
Cabras é um termo racista muito utilizado pelas elites do século XIX. Ele é usado para se referir
pejorativamente à pessoas negras e mestiças.
3
A ferros: Preso, atrás das grades.
4
Tam fataes: Tão fatais.