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Elaboração:
Profª Drª Vivian Susi de Assis Canizares
I. Introdução
Provavelmente a preocupação com o cuidar de uma ferida ocorreu já com o primeiro homem,
na história da humanidade, que tenha se machucado. Há evidências de que na pré-história
eram utilizadas plantas ou seus extratos como cataplasmas e umidificantes de feridas abertas,
e muitos eram ingeridos para atuação por via sistêmica. Ainda nesta época alguns autores
descrevem o uso da água, neve, gelo, frutas e lama em feridas com o objetivo de melhorar os
resultados cicatriciais em menor tempo possível.
A civilização egípcia, há mais de três mil anos, era repleta de realizações arquitetônicas e
artísticas, mas também marcada pela opressão e violência; foi brilhante por criações científicas
e técnicas, mas também por discórdias e homicídios; foi enegrecida pelo medo do demônio,
mas iluminada pela sua fé. Naturalmente esses fatos influenciaram a medicina egípcia,
especialmente rica em relatos de produtos tópicos para utilização em feridas.
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Por volta de 2700 a.C., os egípcios utilizavam produtos que atualmente denominamos “
Farmácia da Sujeira”. Para o tratamento de feridas eram utilizados excrementos de mosca e
lagartixa, urina humana, fezes de crianças recém-nascidas, pão mofado, e outros produtos que
aparentemente absurdo, na realidade representavam a busca empírica de substâncias
antimicrobianas para o tratamento ou prevenção de infecções.
Por volta de 1550 a.C., os papiros egípcios de Erbs e Smith registravam inúmeras poções e
drogas utilizadas para os mais diversos tipos de enfermidades e, embora já tivessem descrito
mais de um terço dos remédios da farmacopéia atual, tinham associados às suas fórmulas,
magias, orações e sacrifícios. Nesses papiros, há relatos de que ferimentos eram amarrados
em tiras de linho impregnadas com resina ou atadas com carne fresca. Há também relatos do
uso do salgueiro como antiinflamatório para feridas infectadas e da cauterização para
hemostasia. Há relatos de outros povos, como os da Mesopotâmia (2000 a.C.) que faziam uso
do salgueiro e do zimbro para o tratamento de feridas; os indús (2000 a.C.), tinham uma vasta
farmacopéia com mais de 500 fórmulas medicamentosas de uso tópico e sistêmico. Os
chineses (2800 a.C.) foram os primeiros a relatar o uso do mercúrio;os mexicanos e peruanos
utilizavam o mactellu como antisséptico para feridas.
Hipócrates (300 a.C.), célebre médico na história da medicina grega foi o primeiro a sugerir o
tratamento de feridas com calor, uso de pomadas e remoção de material necrosado. Nesta
mesma época, surgem recomendações de lavagem de feridas com vinho ou vinagre e
manutenção do local seco.
O histórico do tratamento de feridas revela uma enorme preocupação dos povos da
Antiguidade com as complicações infecciosas. Entretanto esses povos não sabiam o que era o
processo infeccioso, pois a Teoria dos Germes iria surgir apenas no século XIX.
Conseqüentemente, na ausência de recursos científicos, os homens buscavam a salvação
através de milagres junto a deuses e santos. Ainda hoje encontramos junto à população
devotos a santos protetores de doenças. No caso das feridas, são invocados em orações São
Bartolomeu, São Sebastião e São Cosme e Damião.
No início da era cristã, com as influências da medicina hipocrática, a filosofia e a medicina se
separaram e os deuses foram excluídos do tratamento. Hipócrates concentrava-se muito mais
no doente do que na doença, e relacionava à saúde como um estado de equilíbrio físico e
mental. Enfatizava os poderes curativos da natureza, a importância da alimentação, exercícios,
banhos de mar e massagens. Os ensinamentos de Hipócrates deram início aos códigos morais
e éticos da prática profissional.
Nesse mesmo período começaram a ser descritos os princípios básicos dos procedimentos
cirúrgicos. Aulus Cornélius Celsus descreve as características dos processos inflamatórios
(edema, rubor, calor e dor). Gy de Chauliac (século XIV) diferencia as escolas médicas no
tratamento de feridas: as que utilizavam os princípios cirúrgicos de fechamento por primeira
intenção, as que estimulavam a formação do exsudato purulento; as que utilizavam substâncias
leves sobre as feridas e as que ainda eram dependentes de milagres e encantamentos para
auxiliar no tratamento.
Ambóise Pare (1510-1590) consagrou-se como notável cirurgião francês, tendo sido
responsável por consideráveis mudanças no tratamento de feridas. Paré aboliu a cauterização
de feridas com óleos quentes, técnica que foi amplamente utilizada durante a guerra entre
Francis I e Charles V na Europa. Pare substitui a cauterização por curativos realizados com
solução feita à base de gema de ovo, óleo e solvente.
No final do século XIX, com o desenvolvimento da Teoria dos Germes por Pasteur, surge o
conceito de que as feridas deveriam ser mantidas secas e tratadas com substâncias
antibacterianas para prevenção da contaminação e infecção.
Somente no final da década de 1950 começaram a surgir os primeiros estudos sobre
cicatrização de feridas em ambientes úmidos, despertando o interesse da comunidade
científica.
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sofrimento e a dor, quanta “frieza” temos que exercitar para os curativos e outros
procedimentos, e quantas vezes nos percebemos que estamos nos tornando realmente “frios”
no contato com as pessoas e os doentes? Não queríamos de modo algum, consciente ou
inconscientemente estar “na pele” daqueles que nos procuram. Somos tentados a nos afastar
cada vez mais do doente, das suas dificuldades. Evitamos a todo custo, tocar nas nossas
próprias “feridas” e nas dos outros. As pressões frente à necessidade de atualização frente às
rápidas evoluções científicas, as pressões econômicas e comerciais tanto dos custos do
tratamento quanto dos fabricantes de novos produtos, sem falar das cobranças jurídicas que a
sociedade nos impõe, tudo parece favorecer o distanciamento entre o profissional e o doente.
Apesar de todas as influências contrárias devemos resgatar o sentido humanitário, a
compaixão e a solidariedade no contato com todos os nossos semelhantes, principalmente com
àqueles mais desprotegidos e doentes. A crescente tendência e necessidade da formação de
profissionais especializados no tratamento de feridas nas diversas instituições, com funções
específicas de orientar práticas diferenciadas de tratamento, coibir tratamentos empíricos e
comprovadamente prejudiciais, além de adequar os custos conforme a situação econômica
vigente, pode gerar situações de confronto entre os profissionais e os doentes e mesmo entre
os profissionais, caso essas tendências não se realizem dentro de um razoável respeito entre
os representantes dessa nova e científica mentalidade e os representantes da mentalidade
tradicional, com base muito mais na benevolência e na “boa intenção” na assistência.
Lembramos também que em qualquer parte dos casos o tratamento de feridas não se realiza
dentro do ambiente hospitalar, ou não termina com a saída do doente do hospital. Os grupos
de estudo e orientação do tratamento de feridas devem se responsabilizar pelo
encaminhamento e orientação de todos os doentes, garantindo a continuidade do tratamento
prestado. A documentação de todo o processo de tratamento deve estar presente no
prontuário, bem como deve acompanhar o doente, no caso de encaminhamentos.
Mais uma vez ressaltamos que, mesmo com todas essas e outras perspectivas, muitas vezes
pensadas de forma fragmentária e reducionista, não devemos, em qualquer que seja a
situação, perder de vista a fundamentação teleológica e deontológica da bioética no que diz
respeito à salvaguarda integral da vida.
Sabe-se que são muitos os fatores que interferem no processo cicatricial de uma ferida,
portanto é indiscutível a importância de uma assistência multiprofissional ao seu portador.
Contudo, deve-se destacar o papel do enfermeiro e da equipe de enfermagem neste contexto.
Segundo a Lei 7.498 de 1986, em seu artigo 11, o enfermeiro exerce todas as atividades de
enfermagem cabendo-lhe: “cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que
exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas, prevenção
e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de
enfermagem”. Reforçando a descrição acima, Zarpão et al. (2005) relatam que “...sabe-se hoje
que algumas lesões são decorrentes de fatores inerentes à doença e ao estado do cliente de
alto risco, no entanto parte do problema pode ser evitado através do uso de materiais
adequados para o alívio da pressão, cuidados da pele e considerações nutricionais”.
O tratamento de feridas envolve procedimentos de alta complexidade técnica e o enfermeiro só
poderá tomar decisões imediatas se tiver preparado cientificamente. Esse fato criou a
necessidade da busca do aperfeiçoamento profissional, através de cursos de especialização e
atualização. É importante salientar que a Resolução COFEN nº 240/2000 artigo 18, reforça que
“é obrigação do enfermeiro manter-se atualizado, ampliando seus conhecimentos técnicos,
científicos e culturais, em benefício da clientela, da coletividade e do desenvolvimento da
profissão”.
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Baseado na Resolução COFEN nº 240/2000, capítulo II, artigo 11, o enfermeiro “...deve
suspender suas atividades, individual ou coletivamente quando a instituição pública ou privada
para qual trabalhe não oferecer condições mínimas para o exercício profissional”.
Ressaltando a autonomia do enfermeiro nesta área, Silva, Figueiredo e Meireles (2007),
destacam que “com relação à recuperação da saúde ou da reabilitação, especificamente no
tratamento de feridas, o enfermeiro pode prescrever (utilizar) qualquer tipo de cobertura que se
enquadra na descrição de produtos para a saúde, segundo a classificação da ANVISA (Lei
7.498 de 1986 e Decreto 94.406 de 1997). O enfermeiro é o profissional mais capacitado para
identificar, avaliar, executar e acompanhar o tratamento dos diversos tipos de feridas.
O homem sempre enfrenta crises, mudanças e instabilidades, sejam elas quais forem. Há uma
tendência natural de nos sentirmos ameaçados e achamos que nossos alicerces estão ruindo.
Tendemos a achar tudo ruim e muitas vezes nos sentimos impotentes e incapazes de
transformar essas situações em algo bom e produtivo. Sempre tornamos tais situações em
sofrimentos e nos esquecemos de que, na verdade, elas representam crescimento que nos
impulsiona à vida.
Quando ficamos presos a este tipo de relação distorcida, ao invés de nos integrarmos e
traçarmos objetivos, nos dividimos entre razão e sentimento e isto contribui para
desenvolvermos uma baixa auto-estima.
A auto-imagem interfere diretamente na auto-estima. Ela é a imagem que cada um cria de si
mesmo e que julga ser ideal para si, direciona e norteia nossas ações, nossos gestos em todos
os momentos. Se a nossa auto-imagem for positiva, a nossa auto-estima também será. Porém
nas situações diversas que vivemos no nosso dia-a-dia, precisamos ter maturidade e equilíbrio
emocional para que não ocorra a baixa auto-estima.
Outro fator que interfere na nossa auto-estima são nossas crenças, porque nossa tendência é
achar que só as nossas são corretas. Falta imparcialidade aos nossos julgamentos. Com esses
desequilíbrios, deixamos de buscar a nossa transformação interior, de melhorar a nossa
percepção, a nossa auto-imagem e, conseqüentemente, a nossa auto-estima, criando ou
desenvolvendo então as doenças.
Segundo Requenha (1990) “os textos mais antigos da acupuntura chinesa afirmam que, se o
psiquismo estiver em paz, equilibrado, o ser estará menos sujeito, até mesmo isento, de
doenças, mesmo de origem externa, como por exemplo a influência das energias cósmicas ou
climáticas, e ele não contrairá nenhuma doença, mesmo infecciosa, porque o psiquismo
desempenha um papel importante na vulnerabilidade às doenças”.
Para Dethlefsen (1997), “a doença significa a perda relativa da harmonia, ou o questionamento
de uma ordem até então equilibrada. Essa perda de equilíbrio interior se manifesta no corpo
como um sintoma. O sintoma nos informa que está faltando alguma coisa. A cura acontece
exclusivamente pela transmutação da doença e nunca pela vitória sobre um sintoma, pois a
cura pressupõe a compreensão de que o ser humano se tornou mais sadio, um todo se tornou
mais perfeito. Como seres humanos estamos predispostos a conflitos, e por isso mesmo,
também ficamos doentes”.
Se observarmos as queixas de um doente, sempre o ouviremos dizer que, além das dores que
sente, está triste, desanimado, irritado. A linguagem do nosso corpo é psicossomática, e muitas
vezes não atentamos a ela; nossa tendência é dar somente explicações clínicas para os
nossos sintomas e doenças.
As relações que mantemos com as outras pessoas são de fundamental importância para o bem
estar físico e mental e para a saúde do ser humano; assim, a saúde ou a doença seria o
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A pele é o maior órgão do corpo, representando 15% de seu peso. Trata-se do manto de
revestimento do organismo, que isola os componentes orgânicos do ambiente externo. Sua
complexa estrutura de tecidos de várias naturezas está adaptada a exercer diferentes funções,
tais como, proteção de estruturas internas (impede a agressão de órgãos e tecidos por agentes
físicos e biológicos), manutenção da homeostase (glândulas sudoríparas regulam a
temperatura e o equilíbrio hidroeletrolítico) e percepção (na pele estão instalados os receptores
neurais para a percepção do meio externo, tato, pressão, calor, frio, dor), entre outras.
A pele é também chamada de tegumento e constitui-se em três camadas distintas: epiderme,
ou camada externa; derme ou córion (intermediária) e hipoderme ou tecido celular subcutâneo
ou adiposo (camada interna).
Epiderme
A epiderme é uma camada superficial e bem fina. Sua espessura varia de 0,04mm nas
pálpebras a 1,6mm nas regiões palmares e plantares. Tem como principal função a proteção. É
formada por um epitélio queratinizado, escamoso e estratificado, sem vascularização mas cuja
nutrição se efetua por difusão através dos capilares situados na derme. Compõe-se de duas
subcamadas, denominadas camada córnea, mais externa, e extrato germinativo ou camada
basal, mais interna. Esta última é constituída por cinco extratos ou planos visíveis pela
microscopia eletrônica ou eletroforese. A constituição essencial da epiderme é determinada
pelas células denominadas queratinócitos, as quais perfazem 80% do total de células
existentes. A camada morta superficial é formada por queratina que exerce uma barreira para
germes patogênicos, além de ser quase impermeável à água. Outras células presentes na
epiderme são os melanócitos. Têm coloração clara e acham-se localizados na camada basal
entre os queratinócitos basais da pele e a matriz do pelo. Possuem organelas citoplasmáticas
denominadas melanossomas responsáveis pela síntese de melanina, a qual exerce papel
importante na coloração da pele e na sua proteção contra os raios ultravioletas excessivos,
através de pigmentos escuros de melanina. A produção de melanina pelos melanossomas é
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Derme
Camada um pouco mais profunda e espessa, de 1 a 4mm variando de espessura conforme o
local do organismo. É constituída por tecido conjuntivo, subdividindo-se em duas camadas: a
papilar e a reticular. A diferença entre ambas reside no fato de a camada reticular ser composta
por fibras colágenas e fibroblastos, enquanto a papilar situa-se entre a linha divisória da derme
e epiderme formando evaginações na forma de papilas (cristas interpapilares). Essa junção
ancora a epiderme na derme e permite a livre troca de nutrientes essenciais entre as duas
camadas. Possuem vascularização sanguínea e linfática, nervos e receptores sensitivos,
terminações nervosas responsáveis pela percepção de diferentes tipos de sensibilidade: tátil,
térmica e dolorosa. Nesta camada acham-se os folículos pilosos, os músculos eretores dos
pelos e as glândulas sebáceas. Esse entrelaço entre a derme e a epiderme produz pequenas
ondulações na superfície da pele. Nas polpas digitais essas ondulações são denominadas
impressões digitais. A camada reticular possui três porções: derme papilar, derme perianexial e
derme reticular. As duas primeiras camadas são idênticas, formando uma unidade denominada
derme adventicial. Essa camada é composta por um gel, rico em mucopolissacarídeos,
denominada substância fundamental e por um material fibrilar constituído por três tipos de
fibras: colágenas, elásticas e reticulares. Esse gel confere resistência à pele nos traumas
mecânicos tais como compressão e estiramento. As fibras colágenas totalizam 95% dos
tecidos da derme.
Hipoderme
Denominada também panículo adiposo ou tecido areolar ou tecido subcutâneo. É constituída
por tecido adiposo. Efetua a união dos tecidos vizinhos com a camada reticular da derme. Na
junção derme-hipoderme encontra-se localizadas as glândulas sudoríparas. A característica
deste tecido é ser frouxo o que lhe confere maleabilidade e elasticidade, com exceção das
regiões palmares, plantares e dedos, permitindo amplitude de movimentos. A variação de sua
espessura e sua distribuição no organismo está relacionada ao sexo e à idade.
Funções da Pele
Proteção: a pele protege o organismo contra lesões externas, entre elas destacam-
se as mecânicas (capacidade moldável e elástica), físicas (impedindo a absorção
das radiações ultravioletas), físico-químicas (mantendo o ph ácido da camada
córnea), química (pelo manto lipídico que possui atividade antimicrobiana),
imunológicas (células de Langerhans presentes na epiderme, e dos macrófagos,
linfócitos e mastócitos) e mantém o equilíbrio hídrico e eletrolítico (através de sua
impermeabilidade relativa à água e aos eletrólitos);
Previne a penetração: é uma barreira que impede a penetração por
microorganismos e a perda de água e eletrólitos originados do interior do corpo;
Percepção: é uma vasta superfície sensitiva que contém órgãos neurosensoriais
para tato, dor, temperatura e pressão;
Regulação da temperatura: permite a dissipação de calor pelas glândulas
sudoríparas e o armazenamento de calor pelo tecido subcutâneo;
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Fáscia: é branca, brilhante e fina, porém pode ser mais espessa em algumas partes
do corpo. É considerada um plano cirúrgico e é a camada do “pare e pense” por ser
facilmente sujeita, não somente ao ressecamento e conseqüentemente necrose,
mas principalmente à infecção. Deve ser mantida em meio úmido para permanecer
viável;
Articulação: contém fluido lubrificante no seu interior, nela não existe fluxo
sanguíneo e também apresenta facilidade de se infectar;
O tecido morto de acordo com o tipo de tecido acometido apresenta-se da seguinte forma:
As características mais importantes desses tecidos, que facilitam a retirada segura dos
mesmos com instrumentos cortantes e sem uso de anestésicos são:
Para descrição das alterações de cor da pele sem relevo (manchas ou máculas):
Manchas Pigmentares
1. Relacionadas à melanina
Hipercrômica (aumento)
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Hipocrômica (diminuição)
Acrômica (ausência)
2. Relacionadas a pigmentos anormais
Bilirrubina (icterícia)
Alimentar (caroteno)
3. Relacionadas a pigmentos exógenos
Medicamentos
Tatuagens
1. Pápula: lesão superficial, dura, medindo geralmente menos de 5 mm, não deixa
cicatriz após involução.
2. Placa: lesão elevada em platô. Pode ser o resultado da confluência de várias
pápulas.
3. Tubérculo: lesão elevada, dura, medindo geralmente mais de 5 mm, deixando
cicatriz após involução.
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Seroso
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Hemático
Purulento
As feridas possuem várias classificações que podem variar segundo o autor ou pesquisador e
segundo algumas características específicas. Desta forma, abaixo destacamos um dos tipos
de classificação mais utilizados:
Esta fase tem como objetivo interromper o sangramento, sendo composta sequencialmente, de
vasoconstrição reflexa dos vasos seccionados, formação do tampão hemostático provisório
(formado pelas plaquetas) e substituição desse tampão pelo coágulo formado pela rede de
fibrina e pelas células sanguíneas nele encarceradas. A formação deste coágulo ocorre
mediante ativação da cascata dos fatores de coagulação por “deflagradores”, antes escondidos
pela barreira endotelial íntegra. Pode-se dizer que a hemostasia antecede a inflamação, pois a
ruptura dos vasos no local da lesão, expõe o colágeno subendotelial às plaquetas, resultando à
adesão, ativação e agregação plaquetária, com liberação concomitante de substâncias pró-
inflamatórias. As plaquetas formam tampões hemostáticos, liberam fatores de crescimento e
fibronectina, substâncias que atraem células importantes no processo. O coágulo formado
nesta região funciona como uma ponte para estas células invasoras, como os neutrófilos,
monócitos, fibroblastos e células endoteliais, dando início à fase inflamatória. Clinicamente vê-
se a interrupção do sangramento com formação de crostas hemáticas aderidas ao tecido, o que
começa a ocorrer poucos minutos após a produção da ferida. É possível identificar o tipo de
sangramento presente pela simples inspeção da ferida, sendo ele arterial quando se faz de
modo pulsátil, venoso quando “vaza” lentamente de vasos visíveis (veias) e capilar quando
“mina” da ferida, sem identificação dos vasos seccionados a olho nu. A interrupção do
sangramento pode ser auxiliada muitas vezes pela simples compressão da ferida por alguns
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minutos ou pela realização de um curativo compressivo no local. Vasos de maior calibre podem
ser ligados ou eletrocoagulados para hemostasia adequada.
Esta fase prepara a ferida para o processo cicatricial, removendo os restos celulares e tecidos
desvitalizados.
É caracterizada pelos sinais típicos do processo inflamatório localizado como dor, rubor, calor,
tumor (edema) e, freqüentemente perda da função local. Nesta fase ocorre o processo de
coagulação com a formação do “tampão” e ativação da cascata coagulante. Como resultado de
uma lesão nas células, os capilares dilatam-se na área afetada. O volume sanguíneo aumenta,
mas a velocidade do fluxo diminui. O sangue traz leucócitos e plasma que formam um exsudato
na área lesada. Nesta ocasião as células lesadas desintegram-se e verifica-se algum edema
devido ao tamponamento dos linfáticos pela fibrina. Durante esta fase a ferida torna-se
normalmente coberta por uma leve crosta, ou rede de fibrina, que depois é absorvida. Dura em
média 72 horas. A ferida pode apresentar-se com edema, vermelhidão e dor.
Nesta fase em que a ferida é considerada “limpa” (pelos leucócitos), o reparo do dano tecidual
continua.
Ocorre formação de capilares novos e brotos endoteliais linfáticos na área afetada. A
fibroplasia resulta na formação de tecido de granulação, a seguir ocorre a epitelização. Nesta
fase o colágeno é o principal componente do tecido conjuntivo reposto, por isso a vitamina C
auxilia muito nesse processo metabólico da cicatrização. A ferida apresenta-se cor de rosa,
devido aos novos capilares no tecido de granulação, e a área é frágil e sensível. Pode durar de
1 a 14 dias.
Fase de remodelação.
Ocorre cicatrização pelos fibroblastos após o término da fibroplasia. Os capilares e brotos
endoteliais linfáticos no tecido novo desaparecem, há maturação das fibras colágenas. Nessa
fase ocorre uma remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. O alinhamento das
fibras é reorganizado a fim de aumentar a resistência do tecido e diminuir a espessura da
cicatriz, reduzindo a deformidade. Esta fase tem início no terceiro dia e pode durar até seis
meses.
É a situação ideal para o fechamento das lesões e está associada a feridas limpas, ocorrendo
quando há perda mínima de tecido, quando é possível fazer a junção das bordas da lesão por
meio de suturas ou qualquer outro tipo de aproximação e com reduzido potencial para infecção.
O processo cicatricial ocorre dentro do tempo fisiológico esperado, e como conseqüência deixa
uma cicatriz mínima.
Está relacionada a ferimentos infectados e a lesões com perda acentuada de tecido, onde não
é possível realizar a junção das bordas, acarretando um desvio da seqüência esperada de
reparo tecidual. Este processo envolve uma produção mais extensa de tecido de granulação e
também requer maior tempo para a contração e epitelização da ferida, produzindo uma cicatriz
significativa.
As feridas cicatrizam por terceira intenção quando há fatores que retardam a cicatrização de
uma lesão inicialmente submetida a um fechamento por primeira intenção. Esta situação ocorre
quando uma incisão é deixada aberta para uma drenagem e posteriormente fechada, ou na
deiscência da sutura inicial.
Em decorrência de sua permanente exposição ao meio externo, a pele está sujeita a intensa
contaminação microbiana.
Os microorganismos mais encontrados nas infecções de feridas são:
Sthaphylococcus epidermidis;
Estreptococos alfa-hemolíticos;
Sthaphylococcus aureus;
Corynebacterium sp;
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Escherichia coli;
Klebsiella sp;
Proteus sp;
Acinetobacter sp.
A localização de uma ferida deve ser observada como parte da avaliação. Ela pode indicar
problemas potenciais como risco de contaminação nas feridas na região sacra ou problemas de
mobilidade, causados por feridas nos pés. Outro aspecto é o fato de que um curativo
permanece no lugar em certas partes do corpo, mas não necessariamente em outras.
XII. Curativos
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Curativos são os cuidados dispensados a uma área do corpo que sofreu solução de
continuidade. É todo material colocado diretamente sobre uma lesão a fim de prevenir uma
contaminação. Para que se faça a escolha de um curativo adequado é essencial uma avaliação
criteriosa da ferida. Essa análise deve incluir: condições físicas, idade e medicamentos,
localização anatômica da ferida, forma, tamanho, profundidade, bordas, presença de tecido de
granulação, presença e quantidade de tecido necrótico e presença de drenagem na ferida.
Para realizar o curativo de uma ferida ou qualquer outro procedimento invasivo, o profissional
de saúde deve ser cuidadoso no manuseio de materiais estéreis, evitando assim a
contaminação destes e também da ferida. O fato de uma ferida já estar contaminada não quer
dizer que não sejam necessários materiais estéreis e uso de técnica asséptica, visto que é
indesejável que haja aumento da carga de contaminantes no local e consequentemente retardo
no processo cicatricial.
Embora a reparação tecidual tanto por regeneração quanto por substituição de tecido, seja
sistêmica, é absolutamente necessário favorecer condições locais através de terapia tópica
adequada para dar suporte e viabilizar o processo fisiológico. Entre os diversos princípios da
terapia tópica, a remoção não somente da necrose como também de corpo/partículas
estranhas do leito da ferida constitui um dos primeiros e mais importantes componentes a
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Solução de Papaína
Além da solução salina e da água, a solução de papaína em concentrações adequadas
constitui, também, um excelente agente de limpeza a ser utilizado praticamente para todos os
tipos de feridas, não somente para o debridamento mas também para limpeza, tanto de feridas
infectadas quanto limpas, sem intervir no tecido viável, com resultados comprovados na
bibliografia brasileira. As concentrações utilizadas são 1%, 2%, 4%, 10%, dependendo das
características da ferida, recomendando-se maior concentração quanto maior a necessidade de
limpeza. Para obter uma concentração a 2% diluem-se dois gramas de pó de papaína em
100ml de água destilada ou soro fisiológico a 0,9%. De acordo com a rotina do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP), a concentração de papaína utilizada é
de 2% e a diluição é feita em almotolias limpas mantendo a diluição por um período de até 24
horas.
Antissépticos
O antisséptico tópico ideal deveria preencher as seguintes características: ter ampla atividade
antimicrobiana e persistente, toxicidade mínima e sem efeitos adversos. Infelizmente a maioria
das soluções antissépticas falha nesse conceito.
Os antissépticos são usados primariamente para diminuir o crescimento bacteriano em objetos
inanimados. Quando são usados em feridas têm propriedades antibacterianas, mas inibem a
cicatrização por destruírem as estruturas celulares mesmo em concentrações clínicas normais.
Por esta razão devem ser evitados no interior de feridas.
Conforme Malagutt & Kakihara (2010), nos removedores de gordura comerciais, as
concentrações de clorexidina maiores que 0,05% e o hipoclorito de sódio parecem eficazes na
remoção de bactérias e tecidos desvitalizados, mas a cicatrização pode ser prejudicada quando
eles são utilizados.
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A utilização de antissépticos deve ser criteriosa. Algumas feridas infectadas podem necessitar
do seu uso, entretanto estes produtos só devem ser utilizados no contexto de um plano de
tratamento, através de avaliação sistemática e rotineira da ferida por profissional qualificado
para tal. É importante lembrar que o antisséptico não deve ser utilizado indefinidamente e nem
como rotina.
Desbridamento
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Alginatos – são sais de polímero natural de cálcio, ou sódio ou ácido algínico, derivados da
alga marrom. Suas fibras têm capacidade de absorver a exsudação de feridas e convertê-las
em gel.
Características: conseguem absorver até 20 vezes o seu peso em fluídos – uma gaze
absorve 3 a 4 vezes o seu peso; promovem ambientes úmidos favoráveis à
cicatrização, o gel se amolda ao contorno da ferida; auxiliam no desbridamento e
ajudam a proteger o tecido novo; fazem o desbridamento autolítico do tecido macio ou
crosta, mas não desbridam a ferida com excesso de tecido necrótico; propiciam a
hemostase em feridas hemorrágicas; reduzem as trocas de curativos, são fáceis de
aplicar e remover e preenchem o espaço morto.
Indicações: úlceras de pressão estágios II a IV; úlceras venosas; feridas cirúrgicas;
úlceras de diabetes; queimaduras; escoriações e lacerações.
Observações: antes de aplicar o curativo com alginatos, deve-se lavar a ferida com
soro fisiológico, secar a pele ao redor, mas não secar o leito da ferida; adequar o
curativo ao tamanho da ferida e aparar quando necessário; cobrir o alginato com
curativo adequado e fixar no local; não deixar mais de sete dias; trocar quando o
exsudato atingir o curativo secundário; podem ser utilizados em feridas infectadas
desde que sejam trocados uma vez ao dia enquanto a infecção estiver presente.
Hidrocolóide – foram desenvolvidos a partir de produtos para ostomias. São formados por
uma placa de espuma de poliuretano e/ou partículas de polímero que vão constituir os grânulos
ou pasta e uma matriz adesiva de polímeros elastoméricos na qual estão imersos hidrocolóides
(gelatina, pectina e carboximetil celulose sódica). Apresenta-se sob forma de placas, pasta e
grânulos. Estas coberturas agem como barreira oclusiva frente aos gases, líquidos e bactérias.
Promovem proteção mecânica à ferida. Ao entrarem em contato com o exsudato da ferida,
absorvem e convertem a estrutura em gel. Esse gel apresenta ph ligeiramente ácido, com
caráter bacteriostático. A presença do hidrocolóide cria um meio úmido que facilita a
cicatrização e o umedecimento das terminações nervosas levando a um alívio da dor. Acelera a
reepitelização e evita as possíveis lesões dos tecidos nas trocas de curativos. Também
estimula ação de enzimas desbridantes do organismo e facilita o desenvolvimento do tecido de
granulação.
Colagenase 10% - possui ação desbridante e fibrinolítica, porém não tem ação bactericida. É
indicada para lesões isquêmicas e feridas necróticas.
Carvão ativado com prata – possui ação bactericida, com alto grau de absorção do exsudato.
Sua ação de limpeza do leito da ferida se dá pela remoção de moléculas do exsudato e das
bactérias. Não é aderente à pele, preserva o tecido epitelial e elimina o odor de feridas
infectadas. O carvão ativado com prata deve ser utilizado em feridas infectadas. Pode ser
usado de três a cinco dias. A cicatrização da ferida torna-se acelerada pela função bactericida
exercida pela prata, complementando a ação do carvão como estimulante do tecido de
granulação.
Açúcar – o açúcar como agente tópico em feridas infectadas, tem sido usado para qualquer
tipo de lesão de pele, desde pequenas perdas de substâncias à gangrena. É contra-indicado
em lesões isquêmicas, devido a irritação dos terminais nervosos. O uso do açúcar parece
superar todos os agentes tópicos no tratamento de feridas, considerando-se eficácia,
inocuidade, tempo de tratamento, tolerância, baixo custo, técnica de fácil assimilação e
execução em ambiente domiciliar. O uso deve ser criterioso com relação à freqüência de troca
do curativo, de 6/6 horas ou de 8/8 horas até que as feridas não sejam mais secretantes,
aumentando-se os intervalos de troca para 12/12 horas ou de 24/24 horas. A troca mais
freqüente do curativo visa manter a osmolaridade elevada na superfície da lesão, o que é
fundamental para que ocorram seus efeitos terapêuticos. Tem ação bactericida quando usado
puro ou em pasta, porém não atua sobre bactérias esporuladas. O mecanismo mais aceito é o
da hiperosmolaridade.
Características – diminui o edema local; reduz a congestão vascular dos tecidos
perilesionais, melhorando sua oxigenação e irrigação; desbrida os tecidos mortos e
desvitalizados através da degradação de fibrinas; desenvolve a maturação do tecido de
granulação (mecanismo desconhecido); não tem ação residual; não é absorvido pela
lesão.
Observação – primeiramente a ferida deve ser lavada com soro fisiológico, após a
limpeza cobre-se a mesma com uma camada de açúcar até que não se visualize mais o
leito da ferida, ocluir com gaze e esparadrapo de acordo com a necessidade.
Biofill – trata-se de uma película de celulose, pura, microfibrilar biossintética, não oriunda de
árvores ou plantas, obtida pela biossíntese de bactérias do gênero Acetobacter. Biofill é
utilizado na substituição de peles com lesão e é o único biossintético produzido no mundo. É
um ideal substituto temporário de pele porque sua estrutura fisiológica é semelhantes à pele
humana. O material foi descoberto em 1984, contando com a tecnologia puramente nacional.
Através de pesquisas com celulose bacteriana, chegou-se a um produto final semelhante á
pele humana. Em 1988 o Biofill foi patenteado no Brasil e em mais 19 países. Em 1995
recebeu o certificado de liberação do FDA (Food and Drug Administration) órgão americano
que após testes rigorosos autoriza a venda de novos medicamentos em solo americano. No
Brasil o Biofill é produzido pela Fibrocel Prod. Biotecnológicos Ltda, em Londrina- Pr.
Características – hipoalergênico, não tóxico, não causa irritação, não pirogênico,
biodegradável, biocompatível, adere firmemente ao local do ferimento, cria um
microambiente que proporciona condições fisiológicas para uma rápida cura,
permeabilidade seletiva, permite transpiração, permite troca de gases, proporciona
termo regulação, protege o local lesionado, protege os terminais nervosos, reduz
rapidamente a dor, é uma barreira contra bactérias, acelera a granulação, fácil
aplicação, aplicação única (na maioria dos casos), não requer proteção adicional, sua
forma transparente permite uma fácil observação da evolução do tratamento, reduz a
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Biocirurgia - ou terapia larval. Seu uso já foi reconhecido há séculos e voltou a ser
utilizado. As larvas utilizadas devem ser produzidas por laboratórios (larvas estéreis). A pele
ao redor deve ser protegida com um curativo hidrocolóide. Depois as larvas são
introduzidas na ferida e mantidas no local por um curativo protetor e selado pelo
hidrocolóide à sua volta. Um chumaço absorvente proporciona cobertura exterior. As larvas
só devem ser usadas em feridas necróticas ou com esfacelos para debridamento. Antes de
se iniciar o tratamento o paciente deve ser informado e consentir em seu uso. Seu custo é
relativamente baixo.
O estado nutricional é primordial para que se tenha êxito em todo tratamento instituído para
acelerar processos de cicatrização e até mesmo na prevenção de lesões.
Muitas vezes o comprometimento nutricional do paciente não é identificado visualmente, até
mesmo o obeso pode ter carências importantes. Dessa forma, evidencia-se a importância de se
instituir uma avaliação nutricional criteriosa, analisando parâmetros antropométricos (peso,
altura, dobras cutâneas), bioquímicos e clínicos, devendo ser realizado por profissional
especializado (nutricionista). Na ausência deste, o enfermeiro deve realizar as orientações
principais sobre correção ou suplementação alimentar durante o processo de tratamento.
A desnutrição é um dos principais fatores de comprometimento no processo cicatricial,
aparecimento de lesões de pele e favorecimento de deiscência em incisões cirúrgicas.
A desidratação também favorece a demora no processo cicatricial, desta forma recomenda-se
a ingestão de 1ml/cal/dia ou 30ml/Kg peso/dia.
Dados obtidos de literatura estrangeira indicam que entre 3 a 14% de todos os pacientes
hospitalizados desenvolvem lesões de pele. Muitas delas são decorrentes de fatores inerentes
à doença e às condições clínicas do doente, mas podem ser, na grande maioria das vezes,
evitadas com o emprego de materiais, equipamentos e técnicas adequadas para o alívio da
pressão. A prevenção e o tratamento das úlceras de pressão constitui um grande desafio para
a equipe de saúde, e principalmente para a equipe de enfermagem, principalmente porque a
ocorrência de lesões aumenta a propensão do cliente a apresentar infecções, interfere na
qualidade de vida, eleva o índice de permanência nos leitos hospitalares e, conseqüentemente,
interfere no custo hospitalar.
15.1 Conceito
São lesões decorrentes de hipoxia celular levando à necrose tecidual. Geralmente estão
localizadas em áreas de proeminências ósseas e ocorrem quando a pressão aplicada à pele,
por algum tempo, é maior que a pressão capilar normal (32 mmhg/arteríola e 12
mmhg/vênulas). Podem ser ocasionadas por fatores externos (pressão, cisalhamento, fricção)
ou internos (condições nutricionais, nível de consciência, idade avançada, incontinência
urinária ou fecal, mobilidade reduzida ou ausente, peso corporal, doenças, uso de
medicamentos).
Para avaliação das úlceras é preciso incluir uma anamnese que focalize os fatores causais,
predisponentes ou de risco, subjacentes e cofatores. Faz-se necessário também um exame
físico detalhado que inclua o exame geral das condições clínicas fornecidas pela aparência da
ferida e de sua pele circunjacente: profundidade ou gravidade, presença de eritema, diminuição
de toda parte mais espessa da pele, necrose de tecido, além de verificar se há
comprometimento muscular, do tecido ósseo ou das estruturas de suporte. Os exames
laboratoriais ou biópsias de tecidos podem ser necessários para um diagnóstico mais completo
das complicações.
De modo geral, os sitemas de classificação das úlceras de pressão utilizam os critérios
adotados pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), entidade norte-americana,
que define quatro estágios para evolução das úlceras de pressão:
A classificação das feridas por cores foi adaptada para uso em feridas que cicatrizem por
segunda intenção, da seguinte maneira:
Vermelha: refere-se a tecido limpo e de granulação;
Amarela: indica presença de exsudato podendo ser também amarelo-claro, amarelo-
cremoso, amarelo-esverdeado e bege.
Preta: indica presença de necrose.
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15.3 Tratamento
Limpeza da Ferida
Limpar a ferida a cada troca de curativo;
Utilizar técnica menos traumática possível, buscando utilizar pouca força mecânica
quando estiver limpando a úlcera com gaze, compressas ou esponjas;
Evitar o uso de anti-sépticos. Não se deve limpar ferimentos de úlceras com soluções
anti-sépticas próprias para pele íntegra, tais como povidine e iodóforos em geral,
solução de hipoclorito de sódio, água oxigenada e ácido acético, pois tratam-se de
substâncias citotóxicas;
Utilizar soro fisiológico a 0,9%;
Utilizar uma pressão suficiente para melhorar a limpeza sem causar trauma no leito da
ferida. As pressões seguras e eficazes para a irrigação da úlcera variam de 4 a 15 libras
por polegada quadrada (psi). Irrigações com pressão abaixo de 4 psi podem não limpar
o ferimento e acima de 15 psi pode causar traumas e levar bactérias para o leito da
ferida.
Um curativo ideal deve proteger a ferida, deve ser biocompatível e fornecer uma
hidratação ideal. Nesse campo a regra é manter o tecido da úlcera úmido e a pele ao
seu redor intacta e seca.
O tipo de cobertura utilizada deve estar de acordo com as características da lesão e do
quadro clínico do paciente.
Estágio I
Estágio II
Estágio III e IV
As feridas cirúrgicas são, por sua própria natureza, premeditadas. Isso permite à equipe de
saúde reduzir ao mínimo quaisquer riscos de complicações. Mas a medida que se realizam
cirurgias cada vez mais sofisticadas, muitas vezes em pacientes relativamente idosos, as
complicações continuam a ser um risco. Um aspecto dos cuidados de enfermagem é monitorar
o progresso da ferida, para que haja uma identificação precoce de qualquer problema.
É essencial para identificar qualquer fator que possa afetar a cicatrização. As áreas com
problemas potenciais incluem:
Manutenção de um ambiente seguro;
Comunicação;
Oxigenação;
Alimentação e hidratação;
Controle da temperatura corporal;
Mobilização;
Expressão da sexualidade;
Sono;
Cuidados psicológicos;
Cuidados espirituais
Na avaliação da ferida o enfermeiro identifica o método de fechamento, observa o uso de
drenos e procura qualquer indício de complicação. Westaby (1985) descreve a principal meta
do fechamento da ferida cirúrgica como: restaurar a função e a integridade física com o mínimo
de deformidade e sem infecção. O método de fechamento da ferida é selecionado a fim de
atingir a meta variando de acordo com a cirurgia realizada.
O tratamento de feridas que estão cicatrizando por primeira intenção geralmente é claro e
direto. Um curativo simples tipo “ilha”, costuma ser usado para cobrir a ferida no final da
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cirurgia. Esse curativo pode ser removido após 24-48 horas e não precisa ser substituído.
Alguns cirurgiões preferem cobrir a ferida com um curativo de filme e deixá-lo no local até as
suturas serem removidas.
Nas feridas cirúrgicas onde houve contaminação bacteriana a meta do tratamento é permitir a
livre drenagem de todo o pus. Quando se usa compressa de gaze ela deve ser mantida úmida
e trocada regularmente. O alginato também pode ser usado.
Os enxertos podem ser fixados por suturas ou grampos ou apenas colocados no local. Pode
ser deixado exposto ou coberto com um curativo para ajudá-lo a “ancorar” no lugar. O enxerto
deve ser observado cuidadosamente, em busca de indícios de infecção, edema ou hematoma.
Talvez também seja necessário imobilizar a área para que o enxerto não saia do lugar. Deve-
se evitar tensão sobre o local pois ela danifica o ainda vulnerável suprimento sanguíneo. Em
geral usa-se curativo de gaze para cobrir o enxerto. Sua remoção deve ser feita com extremo
cuidado. À medida que vai ocorrendo a vascularização do enxerto, este adquire mais ou menos
a mesma cor da região doadora. O enxerto deve ser protegido contra extremos de temperatura
e luz solar. Depois de cicatrizado a pele deve ser massageada duas vezes por dia com um
creme umectante suave. Isso ajuda a melhorar a flexibilidade da pele, que provavelmente
estará menos lubrificada do que o normal.
As regiões doadoras costumam ser descritas como mais doloridas do que o enxerto no qual foi
utilizada a pele removida. Talvez seja verdade em parte pelo grande número de terminações
nervosas expostas e em parte devido à maneira tradicional de lidar com as regiões doadoras.
De início uma região doadora é uma área hemorrágica “em carne viva”. É preciso pressão para
deter o sangramento e a ferida deve ser checada regularmente no período pós-operatório
imediato. Tradicionalmente as regiões doadoras recebem curativos de gaze parafinada,
cobertos com gaze comum, envoltos em rolos de lã ou algodão absorvente e mantidos no lugar
com bandagens. O curativo é conservado por dez dias e então removido. As coberturas mais
modernas são melhores para as áreas doadoras (hidrocolóides, Biofill, alginato de cálcio). Uma
vez cicatrizada a área doadora a pele deve ser mantida hidratada. O uso de emolientes é útil e
deve ser aplicado duas vezes ao dia. Os mesmos cuidados citados para o enxerto quanto a
temperatura e luz solar devem ser aplicados.
Drenos de feridas são utilizados para proporcionar ao fluido um canal até a superfície do corpo,
evitando que ele se acumule na ferida. Há vários tipos de drenos que podem ser classificados
em abertos e fechados. Drenos abertos podem ser tubos, borracha ou plástico. Os drenos
fechados consistem em dreno, tubo conector e receptáculo coletor. Geralmente proporciona
vácuo e por isso tem efeito de sucção.
Os drenos são úteis quando há risco de formação de hematomas, mas devem ser removidos
após 24-48 horas para reduzir o risco de infecção. No local da inserção do dreno devem ser
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realizados curativos periódicos para evitar lesões na pele perilesão pelas substâncias
drenadas.
O atendimento domiciliar vem sendo uma alternativa cada vez mais evidente na assistência à
saúde. A experiência mundial mostra que esta modalidade pode atender a demanda de
pacientes portadores de doenças crônicas, diminuindo o risco de infecção hospitalar, evitando
a perda do convívio familiar e reinternações, além de apresentar a vantagem econômica da
redução dos custos. No atendimento domiciliar o profissional penetra no ambiente do paciente,
com seus familiares, parentes e vizinhos. Com isso, o atendimento precisa ser individualizado e
situado dentro desse contexto, com seus hábitos, crenças e recursos, assim como responder
aos questionamentos e dúvidas dos diferentes membros da família. A equipe profissional que
assiste o paciente precisa ter muito mais coerência e consenso de ações e decisões, para não
criar temores e confusões.
Na iminência da alta hospitalar, quando o paciente continuará tendo necessidade de
assistência de enfermagem a ser prestada em domicílio, já começa a atuação do enfermeiro no
planejamento dessa alta. O planejamento da alta começa com a avaliação do paciente pelo
enfermeiro. Dessa avaliação emerge o processo de gerenciamento, a adequação da casa do
paciente, o perfil do profissional a ser designado para a prestação dos serviços e o número de
horas diárias de permanência desse profissional na casa do paciente. A previsão e provisão de
equipamentos, medicamentos e materiais, assim como a adaptação da casa para receber o
paciente são estudadas antes da alta hospitalar. No ambiente hospitalar nem sempre é
possível perceber todos os aspectos que envolvem a doença. Já no atendimento residencial, a
participação e a observação do cotidiano da família enriquecem as condições para o
tratamento, especialmente na obtenção de resultados mais eficazes.
Para alcançar melhores resultados no tratamento a domicílio é imprescindível a sistematização
da assistência de enfermagem, que deve ser realiza de acordo com o que preconiza o
Programa Saúde da Família.
No caso específico de assistência domiciliar no Tratamento de Feridas, a avaliação do
enfermeiro e elaboração do Plano Assistencial Domiciliar é imprescindível, assim como seu
acompanhamento rotineiro, auxiliando, orientando e supervisionando os outros profissionais de
enfermagem na execução dos curativos. Nos casos mais complexos a realização da técnica do
curativo deve ser feita pelo próprio enfermeiro.
Material
Bandeja ou carrinho de curativo contendo:
- Frascos de anti-sépticos;
- Éter ou benzina;
- Soro fisiológico;
- Gaze;
- Esparadrapo;
- Pacote de curativo;
- Cuba rim;
- Saco plástico para lixo;
- Cuba retangular com solução desinfetante.
Procedimento
1. Lavar as mãos.
2. Preparar a bandeja ou o carrinho com o material necessário.
3. Levar à bandeja na unidade do paciente.
4. Fechar as janelas para evitar correntes de ar e poeira.
5. Cercar a cama com biombos.
6. Expor a área e colocar a cuba rim forrada próxima ao local do curativo.
7. Lavar as mãos.
8. Cortar o esparadrapo em tiras e prendê-las numa das bordas da bandeja.
9. Abrir o pacote de pinças e dispor sobre o campo com os
Cabos voltados para fora e colocar as gazes na quantidade suficiente próximas
a cada conjunto de pinças.
10. Pegar a pinça Kocher e dente de rato.
11. Montar a pinça Kocher com tampão e embebê-lo em benzina sobre a cuba rim.
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12. Segurar o esparadrapo com a pinça dente de rato e desprendê-lo com o auxílio
da pinça Kocher montada.
13. Desprezar o curativo retirado e remover as marcas do esparadrapo ao redor da
ferida com outro tampão de gaze embebido em benzina.
14. Colocar as pinças Kocher e dente de rato em solução.
15. Pegar outro par de pinças. Usar a pinça anatômica para retirar o material do
campo e auxiliar na dobra das gazes e, a pinça Kelly montada com tampão de gaze
embebido em soro fisiológico, para limpar a ferida. Posteriormente tratar a ferida
com outro produto se for indicado, com as mesmas pinças.
16. Repetir o processo tantas vezes quantas forem necessárias.
17. Cobrir a ferida com gaze.
18. Colocar as pinças em solução desinfetante.
19.Fixar as gazes com esparadrapo.
20.Cobrir o paciente e deixá-lo confortável.
21.Deixar a unidade em ordem.
22.Desprezar o lixo, lavar o material e colocá-lo em local apropriado.
23. Lavar as mãos.
24. Anotar no prontuário:horário, tipo de curativo e soluções utilizadas, região do
ferimento, aspecto da ferida, fase de cicatrização, quantidade e características da
secreção, retirada de pontos, drenos, etc.
Considerações gerais
Estudos atuais mostram que os anti-sépticos comumente usados no tratamento de
feridas podem retardar o processo de cicatrização e o efeito destes é insignificante no
controle do processo infeccioso. Niedner, estudando histologicamente o efeito das
tinturas e outras substâncias de uso tópico sobre o tecido de granulação, constatou que
elas não favorecem e tampouco estimulam a formação de tecido de granulação,
prejudicando-a. Outros estudos sobre efeitos de soluções tópicas no tratamento de
feridas constatam que a ação de limpeza não reduz a quantidade de bactérias na
superfície e que as diversas substâncias utilizadas para este fim e outros agentes
antimicrobianos tópicos, perdem ou diminuem sua atividade diante a da matéria
orgânica existente no local da ferida, além de alterarem o processo de cicatrização, seja
por ação citotóxica aos fibroblastos ou por inibição da formação do tecido de
granulação.
A técnica de limpeza empregada deve respeitar a viabilidade do tecido de granulação,
preservar o potencial de regeneração da ferida e minimizar a ocorrência de trauma. Por
isso, nos últimos anos surgiram vários questionamentos a respeito da limpeza das
feridas, em relação tanto ao uso de anti-sépticos quanto à técnica empregada. A
manipulação da ferida consiste em sua limpeza cuidadosa e rigorosa, em toda extensão
e profundidade. A melhor técnica de limpeza do delicado leito da ferida compreende a
irrigação com jatos de solução salina (0,9%) que serão suficientes para remover os
corpos estranhos e os tecidos frouxamente aderidos, além de preservar o tecido de
granulação neoformado, que é frágil. Deve-se evitar a agressiva esfregação da pele
íntegra ao redor da área, pois pode traumatizá-la, destruindo assim a barreira protetora,
o que propiciaria a penetração de bactérias.
Técnica
1. Lavar as mãos.
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1. Lavar as mãos.
2. Preparar a bandeja com o material necessário (neste caso não se utiliza o pacote de
curativo e sim dois pares de luvas estéreis).
3. Levar à bandeja na unidade do paciente.
4. Fechar as janelas para evitar correntes de ar e poeira.
5. Cercar a cama com biombos.
6. Expor a área e colocar cuba rim forrada próxima ao local do curativo.
7. Lavar as mãos.
8. Cortar o esparadrapo em tiras e prendê-las numa das bordas da bandeja.
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9. Abrir o primeiro para de luvas (se não tiver luvas estéreis pode-se utilizar a de
procedimento tomando o cuidado para que a luva não entre em contato com a pele
ou ferimento do paciente) e calçá-las tomando cuidado para não tocar com as mãos
ou contaminar a parte interna do invólucro da luva, pois ele será utilizado como
campo para a realização do curativo.
10.Pedir para um auxiliar oferecer a gaze.
11.Dispor as gazes para o primeiro e para o segundo, terceiro e quarto tempos.
12.Fazer a trouxinha de gaze com uma mão (mão que trabalhará no campo), passá-la
para outra mão (mão que trabalhará no ferimento), pedir para o auxiliar embeber a gaze
com éter ou benzina, umedecer a ponta do esparadrapo e, com a outra mão tracionar o
esparadrapo fazendo uma dobra na ponta para que o esparadrapo não grude na luva.
Retirar delicadamente o esparadrapo. Repetir o procedimento até retirar todo o
esparadrapo e o excesso de cola.
13.Retirar o primeiro par de luvas e desprezá-las.
14.Calçar o segundo par de luvas (devem ser obrigatoriamente estéreis).
15.Fazer a trouxinha de gaze com uma mão, passá-la para outra e proceder a limpeza
do ferimento obedecendo critérios já mencionados anteriormente. A mão que trabalha
no campo não deve entrar em contato com o ferimento.
16.Após o término do segundo tempo, realizar o mesmo esquema descrito no item
anterior para o tratamento da ferida.
17.Ocluir o ferimento se assim necessário, retirar as luvas, desprezá-las e fixar o
esparadrapo tomando cuidado para não tocar na gaze ou na pele do paciente.
18.Cobrir o paciente e deixá-lo confortável.
19.Deixar a unidade em ordem.
20.Desprezar o lixo, lavar o material e colocá-lo em local apropriado.
21.Lavar as mãos.
22.Fazer anotações no prontuário.
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