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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E SAÚDE


UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
ENFERMAGEM CIRÚRGICA II

ASPECTOS HISTÓRICOS DA CIRURGIA

Profª Esp. Clara Araújo


“Devemos tomar conhecimento
dos primórdios quando
quisermos dizer que entendemos
de algo.”
Aristóteles
A HISTÓRIA DA CIRURGIA

✓ Definição:
Cirurgia provém do latim chirurgia, que o tomou do grego kheirourgia, de kheír,
mão + érgon = trabalho manual, arte, ofício, no qual se empregam as mãos para a sua
execução;

✓ CIRURGIA como o ramo da medicina que se dedica ao tratamento das doenças,


lesões, ou deformidades, por processos manuais
denominados operações ou intervenções cirúrgicas.
A HISTÓRIA DA CIRURGIA

✓ Em épocas passadas a cirurgia era considerada o último recurso aplicável a


doentes para os quais não havia mais remédios que lhe restabelecessem a
normalidade;
✓ Antes do século XVI os próprios médicos praticavam as poucas operações que as
urgências exigiam. Mais tarde passaram a deixá-las para pessoas menos
qualificadas, os barbeiros.

OBJETIVOS DA CIRURGIA
❑Obter tecidos para exames (biópsias);
❑Estabelecer diagnósticos (laparotomia exploradora);
❑Curar doenças (retirada de tumores, úlceras, miomas, etc.);
❑Restaurar estruturas danificadas (cirurgia plástica). (Rezende, 2005)
A HISTÓRIA DA CIRURGIA
✓ Eram realizadas em
ambientes abertos e por
pessoas leigas;
A HISTÓRIA DA CIRURGIA
A CIRURGIA NA PRÉ-HISTÓRIA
✓ Atos médicos e cirúrgicos eram feitos por feiticeiros. Ex.:
trepanação, subincisão uretral, circuncisão.
✓ A trepanação é a primeira operação conhecida. A remoção de
pequeno fragmento ósseo, geralmente arredondado, é conhecida
desde os tempos neolíticos e era feita por razões religiosas, mas
também médicas, tais como:
✓ Alívio da pressão intracraniana;
✓ Dores de cabeça;
✓ Correção de fraturas;
✓ Liberação de espíritos.
A HISTÓRIA DA CIRURGIA
A CIRURGIA NA PRÉ-HISTÓRIA

Subincisão uretral: Mutilação genital


Circuncisão: retirada cirúrgica do
prepúcio
A CIRURGIA NA PRÉ-HISTÓRIA

Na antiguidade, o papiro cirúrgico de Edwin Smith é um dos mais


importantes documentos da medicina antiga do Vale do Nilo. Foi escrito
por volta de 1700 a.C., e era descrito tipos de feridas e como tratá-las.
A HISTÓRIA DA CIRURGIA

✓ Entre 460 e 377 a.C., foi formulado o Juramento de Hipócrates. Sob essa
influência, em 150 a.C., foi proibido que médicos, educados e respeitados usassem
bisturis e cortassem pacientes. Tais tarefas, consideradas selvagens, ficavam para
artesãos menos educados, que mais tarde seriam denominados barbeiros.

✓ Somente no século XIII é que os médicos e os cirurgiões começaram a ser


igualmente respeitados, através do “Pai da Medicina”.
A CIRURGIA NA PRÉ-HISTÓRIA
✓ Séc. 2500 A.C. – Egípcios: Foram relatadas operações em tumbas de faraós que se
refere, principalmente, às feridas e a como tratá-las. Os egípcios conseguiam
realizar circuncisão e cirurgias oftalmológicas.
✓ Séc. IV A.C. – Índia: os conhecimentos eram mais adiantados. Conheciam os
ligamentos, vasos linfáticos, músculos, nervos e plexos.
✓ Séc. 2242 A.C. – Babilônia: o rei Hamurabi instituiu honorários e deveres aos
cirurgiões. O cirurgião que fosse incapaz tinha uma de suas mãos amputadas.
✓ Séc. VI/V – Grécia: surgimento das escolas médicas - Na Grécia, Hipócrates
lançou as bases da medicina científica. A era pré-Hipocrática se limitava à
mitologia.

❑ Escola de Cós de Hipócrates- (↑ importante) – defendia o uso de água fervida


para irrigar as feridas. O corpo humano era formado a partir de quatro fluidos:
sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. De acordo com o tratado, a saúde seria
mantida por um equilíbrio entre esses quatro humores.
❑ Galeno (130-200a.c.) - utilizou técnicas avançadas para a época, fervia
instrumental antes de usa-lo.
IDADE MÉDIA

✓ Na Idade Média, o homem era totalmente religioso e via em


tudo o que lhe acontecia, um gesto direto de Deus. A igreja,
cuja autoridade era incontestada, impediu todo o espírito de
pesquisa. A cirurgia foi considerada uma prática bárbara.
✓ A igreja assinou um decreto proibindo a realização de cirurgias
e dissecação de cadáveres. Fazendo com que a medicina caísse
em total desprestigio.
✓ Crença na cura pela oração.
✓ Disseminação de grandes epidemias.
IDADE MÉDIA

✓ No século XIII apareceram as primeiras escolas de medicina. A


primeira foi a de Salerno e a Escola de Bolonha (1158),
segunda a aparecer;
✓ No fim do século XIII e início do Século XIV, a França se
destaca. O cirurgião Mondeville (1260-1320) preconizava que
as feridas limpas cicatrizam melhor;
✓ Nas feridas não se deveriam usar ungüentos e bálsamos. Os
corpos estranhos eram removidos e o sangramento, estancado.
Recomendavam curativos com compressas embebidas em
vinho quente.
RENASCIMENTO
✓ Século XV. Período de grande efervescência cultural e
intelectual, caracterizada pela busca do conhecimento e da
visão do homem como um todo;
✓ Deixou-se de lado a visão Teocêntrica tão pregada na Idade
Média e voltou-se para o Antropocentrismo;
✓ Foi caracterizada pela “Mudança de Mentalidade”. Os
tratamentos passaram a ser determinados por observações,
experimentos e conclusões embasadas pela pesquisa científica.
✓ Desenvolvimento da anatomia e da fisiologia.
RENASCIMENTO
RENASCIMENTO
✓ Os séculos XVII e XVIII foram marcados por grandes saltos nos
métodos de diagnóstico. Nessa época, foi inventado o estetoscópio, e o
desenvolvimento de um método de aferição da pressão sanguínea
permitiu o estudo da dinâmica da circulação.
✓ No século XIX, avanços em diversas áreas levaram inovação à
medicina. Um exemplo foi a teoria dos germes desenvolvida por Louis
Pasteur. Foi a partir dela que a prática da antissepsia foi introduzida,
reduzindo a mortalidade por complicações infecciosas após cirurgias.
RENASCIMENTO – MEDICINA ÁRABE
✓ Inclinação para ética profissional, pilar básico para seu desenvolvimento.
✓ Desenvolveram o conceito de hospital, ou seja, um lugar onde se reuniam
especialistas empenhados no tratamento de doentes, na prática e no ensino da
medicina.
✓ Desenvolveram as farmácias onde se reuniam os agentes terapêuticos diversos.
✓ Desenvolvimento de instrumentos cirúrgicos e de técnicas cirúrgicas sofisticadas
para a época - Primeiro catálogo de instrumentos cirúrgicos.
✓ Proteção ao paciente de possíveis charlatões, como também garantir que o
médico cumprisse determinadas obrigações.
✓ Utilizavam muito as plantas, na alquimia e farmacologia.
A CIRURGIA EVOLUIU DENTRO DE TRÊS
PRINCÍPIOS:

✓No controle de infecções;


✓No controle da dor;
✓No controle da hemorragia.
CONTROLE DE INFECÇÕES
✓ 1818-1865 (Semmelweis): Instituiu como medida preventiva a lavagem das mãos,
embora nada soubesse sobre microrganismos patogênicos – *NEGACIONISMO*
✓ 1854 (Louis Pasteur): Consolidou definitivamente a ideia de putrefação e
fermentação e demonstrou que as bactérias eram patogênicas - filtração, exposição
ao calor ou exposição a antissépticos.
✓ 1877 (Lister): Uso de substâncias antissépticas para prevenir infecção - a lavar as
mãos antes das cirurgias com uma solução de ácido carbólico a 5%.
✓ 1890 (Halsted): Introduziu luvas de borracha para o ato cirúrgico.
✓ 1891 (Schimmelbusch): Padronizou a antissepsia das mãos. O uso de máscara,
avental e padronização da degermação das mãos contribuíram para prevenção de
infecção.
CONTROLE DA DOR
✓ 3000 A.C - Mesopotâmia, se “narcotizava” o paciente comprimindo-lhes as
carótidas para que perdesse a consciência.
✓ Nas Américas a coca era um importante anestésico usado nas trepanações.
✓ China, onde se usava a milenar acupuntura, os recursos utilizados para
amenizar a dor no ato cirúrgico consistiam de extratos de plantas dotadas de
ação sedativa e analgésica, além da hipnose e bebidas alcoólicas, o que não
dispensava, evidentemente, a contenção do paciente.
✓ Jean Larrey (1766-1842) - constatou que o frio intenso atenuava a dor dos
operados e por muito tempo usou o método para amputar membros
gangrenados.
✓ Alquimistas árabes empregavam técnicas como a esponja soporífera, que era
uma esponja embebida em haxixe, ópio e ervas aromáticas.
CONTROLE DA DOR
✓ Priestley (1776): descobre o Óxido Nitroso.
✓ 1846: Evolução da cirurgia com a descoberta da anestesia, narcose através da
inalação de éter.
✓ William Thomas Green Morton (1819-1868) e John Collins Warren (1778-1856)
- anestesiou um paciente com Éter Dietílico, foi o primeiro uso reconhecido da
anestesia para a cirurgia.
✓ Em novembro de 1847, James Young Simpson, obstetra em Edimburgo
(Escócia), usou clorofórmio para alívio da dor do parto vaginal, o que suscitou
diversos debates médicos e religiosos já que a dor do parto era então considerada
um castigo divino.
✓ John Snow, médico e epidemiologista inglês, administrou clorofórmio à Rainha
Vitória quando ela deu à luz ao seu quarto filho homem, o príncipe Leopoldo, em
1857. Tal fato levou a uma ampla discussão pública da anestesia obstétrica.
CONTROLE DA HEMORRAGIA

✓ Ambroise Paré (pai da medicina militar): substituiu o uso do óleo fervente


pela mistura de água de rosas, gema de ovo e terebintina.
✓ Recomendava ligar as veias e artérias, no lugar da cauterização com o ferro
quente.
✓ Paré, demonstrando humildade e espírito religioso dizia sempre, referindo-se a
seus pacientes: “Eu o tratei, Deus o curou”.
ENFERMAGEM

✓ Desde as primeiras intervenções cirúrgicas, a enfermagem


esteve presente provendo auxílio, cuidado aos pacientes,
limpeza e manutenção do ambiente.
• Século XIX:
- Instrumentos precários, ambiente inadequado;
- 1846 com a descoberta da anestesia e procedimentos
cirúrgicos mais complexos, havia alto índice de mortes pós
cirúrgicas;
- Sem ventilador mecânico, sem dosagem, sem peso...
CONTROLE DA HEMORRAGIA

✓ As primeiras cirurgias foram marcadas por vários


obstáculos:
✓ Instrumentos inadequados.
✓ Inexistência de antibióticos e de anestesia endotraqueal.
✓ Incapacidade para transfusões sanguíneas.
• Século XX:
- Evolução das técnicas cirúrgicas e ligadura vascular;
- Criação de instrumentos próprios;
- Introdução da anestesia geral e técnicas assépticas.
• Desde os primórdios os enfermeiros eram responsáveis pelo
ambiente seguro, confortável e limpo para o transcorrer do
procedimento.
REFERÊNCIAS
• CARVALHO, R.; BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em centro cirúrgico e
recuperação. São Paulo: Manole, 2007.
• GOFFI, F. S. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da
cirurgia. Atheneu: São Paulo, 2007.
• MARQUES, R. G. (Org.). Técnica operatória e cirurgia experimental. Rio de
Janeiro; Guanabara Koogan, 2005
VIVA A ENFERMAGEM

OBRIGADA
ATÉ A PRÓXIMA AULA ☺

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