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UNIARA

Pós-Graduação em Literatura Brasileira


Aluno: Nilson Matias de Santana
Módulo IV – Semana 4– 24/2/2020
Módulo: A Literatura de um país independente

Atividade Tarefa nº5 (Fevereiro/2020)

Leia o poema "Profissão de fé”, de Olavo Bilac transcrito a seguir e elabore um


texto de análise do poema, levando em consideração as características
parnasianas estudadas.

ANÁLISE

O poema “Profissão de fé” composto por Olavo Bilac, um dos


componentes da chamada “tríade parnasiana” (os outros dos são: Alberto de
Oliveira e Raimundo Correia), apresenta várias das características atribuídas
ao Parnasianismo, a começar pelo título, que é a expressão utilizada quando
se quer descrever publicamente a fé em alguma divindade, e continuando com
citações à mitologia greco-latina já na primeira estrofe, outra característica do
parnasianismo.

No texto, fica evidente que a a divindade cultuada pelo poeta é a


forma:

Assim procedo. Minha pena

Segue esta norma,

Por te servir, Deusa serena,

Serena Forma!
Eis aí, na estrofe acima transcrita, o principal dogma parnasiano,
o culto à forma, a busca da expressão da beleza, a arte pela arte.

Note-se que, já na primeira estrofe, fica evidenciada a admiração


pelo ofício do ourives, cuja habilidade manual trabalha a peça até, por meio do
seu ofício, obter a beleza desejada. Nesse sentido, a preferência não recai
sobre a escultura, embora também tal ofício exija habilidade. No entanto,
enquanto o escultor transmuda a pedra bruta em outra coisa completamente
diferente, o ourives transforma o belo em algo mais belo ainda e com trabalho
mais delicado do que o do escultor, que trabalha às marteladas.

Entende-se, portanto, a escolha do ourives, com seu meticuloso


e delicado ofício, como modelo do poeta parnasiano. Por isso, diz o poema:

Mais que esse vulto extraordinário,

Que assombra a vista,

Seduz-me um leve relicário

De fino artista.

Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor

Com que ele, em ouro, o alto relevo

Faz de uma flor

Assim, o poeta parnasiano busca com esmero a forma no


escrever assim como o ourives no seu ofício:

Por isso, corre, por servir-me,

Sobre o papel
A pena, como em prata firme

Corre o cinzel.

O excessivo esmero com a forma do poema se expressa na


escolha de rimas ricas e raras, bem como na manutenção do esquema abab
em todas as estrofes, assim como no cuidado com a métrica.

Na estrofe abaixo, a fim de buscar a rima perfeita, o poeta


substitui o vocábulo “rubi”, mais comum e corriqueiro, pelo raríssimo
equivalente “rubim”, fechando com sofisticação a estrofe:

Torce, aprimora, alteia, lima

A frase; e, enfim,

No verso de ouro engasta a rima,

Como um rubim.

Por sinal, essa estrofe exemplifica com perfeição a analogia


proposta pelo credo parnasiano entre o ofício do ourives e o trabalho do poeta.
Além da escolha do vocábulo raro, denotando preocupação com o eruditismo, percebe-se,
assim como em outros estrofes, a utilização do enjambement, que é a divisão
da frase entre o final de um verso e início do outro, mais um traço do
parnasianismo.

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