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Roger S CRUTON
1
Nem essa tradição est% morta !ara uma particularmente l6cida adaptação
dela para pro"lemas modernos, ve7a Timoth 5illiamson, The Philosophy o
Philosophy, !ord, "lac#well, $%%&'
B
Assim #ue terminei a graduação em 1DE ui direto para a $rança, pas
#ue era para mim a eptome do esorço de uni*cação das vidas intelectual e
artstica 0ois anos depois, voltei a Cam"ridge, mas mantive a minha
conexão com !aris, #ue visitaria constantemente durante a#ueles anos
tur"ulentos e, ao testemunhar os (v(nements de mai, dos #uais nunca me
recuperei de verdade, passei por uma extraordin%ria experi'ncia de
conversão
0e repente me vi *car nas "arricadas do lado oposto da#uele dos meus
conhecidos Não entendia direito o sentido de tudo a#uilo, mas #uando vi
adolescentes mimados de classe2m&dia "otar ogo nos carros comprados a
duras penas pelos seus ineriores na escala social, meu instinto era *car do
lado dos donos dos carros !erguntava aos meus colegas estudantes #ual era
o o"7etivo #ue pretendiam alcançar e em reposta todos me asseguravam #ue
a $rança havia entrado numa situação revolucion%ria e #ue a hora de
derru"ar a "urguesia e colocar o proletariado em seu lugar havia chegado
Fsso não se encaixava "em com a minha an%lise a respeito das classes
sociais a #ue eles ou suas vtimas pertenciam, no entanto, reconheci a
linguagem e pus2me a ler, com toda a dilig'ncia, todos os textos #ue me
deram como explicaçGes da agitação revolucion%ria
Os textos eram de tr's tipos !rimeiro, havia os ensaios #ue Sartre
escrevera no p(s2guerra, notavelmente a )riti*+e de la raison dialecti*+e e
Sit+ations 7unto com o amoso Le de+!ime se!e, de Simone de Heauvoir,
sua eterna alma g'mea >ou melhor, talve), soi-camarade? A )riti*+e me deu
a impressão de ser intelectualmente mori"unda .ra uma tentativa triste
#ue um homem #ue havia desistido de pensar *)era para retraçar a senda
longamente a"andonada dos argumentos es#uecidos Sua deesa da#uilo
#ue chamava de :totalisation; era apresentada numa prosa totalit%ria de
rigide) cadav&rica, não muito dierente dos slogans do !artido Comunista, e
assom"rava2me o ato
usar palavras desse de #ue
modo, um se
como grande escritor
ossem contasse re"aixasse
num %"aco e anão
ponto deem
"olas
um campo O Seg+ndo Se!o & um livro engenhoso, mas a visão das
mulheres #ue nele se apresentava era tão radicalmente enganosa #ue
ouscava todos os pan@etos eministas #ue 7% havia lido e, pensando "em,
todos os #ue viriam a ser escritos, pelo menos at& Le rire de la m(d+se de
I&lJne Cixous Contudo, assim como os ensaios de Sartre, o livro de
Simone de Heauvoir não passava de uma tentativa de argumentação, #ue se
esorçava para delinear os contornos de uma lastim%vel condição poltica,
apresentar ra)Ges para mud%2la e sugerir o #ue poderia vir em seu lugar
K
.xemplos
$&lix impressionantes
uattari desse
e 8ac#ues Macan, estilo
#ue são Mouis
pairava Althusser,
no segundo illes
plano, uma0eleu)e,
presença maca"ra #ue se a)ia conhecer so"retudo pelos relat(rios so"re
seus semin%rios e pelos rumores acerca dos eeitos de suas seduçGes
terap'uticas O livro de Althusser Po+r Mar! pretendia ser uma deesa do
:materialismo hist(rico; de 3arx na sua versão pura e srcinal e oi
rece"ido como prova de #ue o marxismo era o verdadeiro guia pra os
acontecimentos de 1D No entanto, não consegui desco"rir um s(
argumento, no livro inteiro, #ue osse convincente Po+r Mar! consistia de
sentenças >como as #ue virão a seguir? #ue se repetiam sem variação at& o
momento em #ue a colisão entre o livro e a parede >ou, em 1D, entre o
livro e o estudante revolucion%rio? não pudesse mais ser proteladoP
:.sta não & apenas sua situação em princpio >a#uela #ue ela ocupa na
hierar#uia das inst4ncias em relação / inst4ncia determinanteP na
sociedade, a inst4ncia econQmica? nem apenas sua situação de ato >se, na
ase em consideração, ela & dominante ou su"ordinada?, mas a relação dessa
situação de ato com essa situação em princpio, isto &, a relação mesma #ue
a) dessa situação de ato uma variante da estrutura invariante, em
dominação, da totalidade;
como
incluaMacan a descreveu,
revelaçGes e a conrontar
tão pertur"adoras coma averdade
de #ue,da sua
so" condição, o #ue
a condição
"urguesa, o p'nis ereto era o aparecimento, na hierar#uia dos signi*cantes,
da#uilo #ue, no mundo dos signi*cados, ocorre como a rai) #uadrada de
menos 1E
começou a pu"licar2se em revistas = das #uais Tel 6+el & o exemplo mais
proeminente = e a recrutar uma nova geração de produtores de "esteira,
incluindo rec&m2chegados como 8ac#ues 0errida, I&lJne Cixous e 8ac#ues
Attali, da Arg&lia, como 8ulia +risteva, da Hulg%ria, e, como Muce Fragara,
da H&lgica, encarei tudo isso como uma moda passageira #ue em seu devido
tempo morreria a morte / #ual toda escrita ruim est% condenada !arecia2
me, então, #ue era apenas uma #uestão de tempo para o #ue o alto padrão
#ue Sartre Camus,
por Al"ert *xara nos seus anos
Vladimir de 7uventude
8an-&l&vitch = o #ual
e 3ichel Meiristinha sido
e #ue mantido
a"riu espaço,
na perieria, at& mesmo para conservadores como Alain Hesançon e Ren&
irard=retornasse logo e "anisse todos os charlatães dos seus castelos em
!aris
opressiva,
em"ora ma#uinal
não possa sere, intelectualmente
num sentido proundo, estranha
decirado Segundo,
em termos o a"surdo,
de verdade ou
alsidade ou de validade ou invalidade, pode ser decirado do ponto de vista
poltico uer di)er, não & simplesmente a"surdo, & a"surdo direcionado
contra um inimigo, e não & simplesmente a exist'ncia do inimigo #ue est%
sendo atacada A investida visa a atingir primeiramente a linguagem atrav&s
da #ual o inimigo reivindica o mundo, a linguagem #ue conhecemos como
argumentação racional e "usca da verdade :O amor / verdade;, declara
8ac#ues Macan, :& o amor por essa ra#ue)a cu7o v&u aca"amos de levantarL
& o amor pelo #ue a verdade esconde, #ue & chamado de castração;D O
amor / verdade, portanto, não tem validade independente, não sendo nada
mais do #ue um disarce usado pela parte mais raca Não h% outra
mercadoria em disputa a não ser o poderP o inimigo dispara palavras e n(s
revidamos A vit(ria & con#uistada pela varinha m%gica, a rai) #uadrada de
menos um #ue, "randida na cara do inimigo, revela #ue ele não tem "olas
para atirareram
particular, nele, agentes
então era
dapor#ue policiais,
"urguesia Se um emlivro,
geral, e a#uele
uma imagememou uma
m6sica o oendia, então era prova su*ciente de suas srcens "urguesas, e se
voc' não pudesse passar por um padre sem ridiculari)%2lo e insult%2lo, isso
era um sinal claro de #ue a religião era uma instituição "urguesa Na &poca
da Rainha Ana, 0eoe escreveu #ue as ruas de Mondres :estavam repletas de
camaradas corpulentos preparados para lutar at& a morte contra o !apado,
sem sa"er se ele era um homem ou um cavalo; . isso era igualmente
verdade a respeito da !aris da minha 7uventudeP suas ruas estavam repletas
de 7ovens preparados para lutar at& a morte contra a "urguesia, sem sa"er
se ela era uma id&ia ou um uniorme, e certamente sem sa"er #ue, segundo
e transcendentes
mundo >incluindo
pr&2signi*cativo o mito de um
de codi*caçGes retorno / nature)a?
a2semi(ticas; e entrar
Os monstros deno
inintelig'ncia #ue assomam nessa prosa atraem nossa atenção por#ue estão
vestidos com pedaços de teorias coletados entre os resultados de "atalhas 7%
es#uecidas = a teoria marxista da produção, a teoria saussureana do
signi*cado, a teoria reudiana do complexo de dipo Todas elas, devo di)er,
oram completamente reutadas pela ci'ncia posterior, mas recuperadas, de
um 7eito ou de outro, pelos carniceiros parisienses #ue lhes deram uma vida
antasmal no vapor #ue su"ia do caldeirão revolucion%rio
versão
atrav&sdo
de:Outro;,
par%"olase com sua pr(pria
reveladoras !araam"ição de descrever
de Heauvoir, o homemo :Outro;
transormou a
mulher no Outro e era pelo conronto com sua :alterit(; #ue a mulher
poderia reapropriar2se de sua li"erdade rou"ada !ara o humano Mevinas, o
Outro & o rosto humano, em #ue encontro minha pr(pria ace re@etida e #ue
tanto esconde #uanto revela a lu) da personalidade !ara 3erleau2!ont o
Outro est% tanto ora #uanto dentro de mim, revelado na enomenologia da
minha pr(pria corpori*cação !ara Sartre o Outro & a intrusão estranha, a
#ual 7amais consigo con#uistar ou possuir, mas #ue escarnece de mim com
sua li"erdade inapreensvel, de maneira #ue, na#uela amosa sentença de
1+is )los, :o inerno são os outros;
O tratamento
recrutamento #ue +o7Jve
do !artido deu ao na
Comunista Outro in@uenciou
medida em #ue odeu
programa de
/ elite liter%ria
rancesa uma linguagem e um h%"ito de pensamento #ue poderiam
acilmente ser adaptados / guerra contra a sociedade "urguesa >Não nos
es#ueçamos de #ue oi a versão hegeliana dessa id&ia #ue serviu de
inspiração para o 7ovem 3arx desenvolver suas teorias so"re a alienação e
propriedade privada? Se +o7Jve tinha isso em mente ou não nunca
sa"eremosL1Y mas uma coisa & certa, #ue & o ato de #ue a id&ia do Outro se
tornou parte de um recrutamento em massa da intelligentsia rancesa para
as causas da es#uerda e de #ue, #uando essa id&ia oi ervida com
lng<stica saussureana, an%lise reudiana e economia marxista para ormar
a poção m%gica
literatura do deixou
#ue não Tel 6+el e do descontrucionismo,
espaço para nenhuma outraela deupoltica
visão srcem a#ue
umanão
osse o socialismo revolucion%rio 8% era ("vio na geração do p(s2guerra
#ue a literatura rancesa estava se alinhando politicamente e #ue isso era
uma esp&cie de su"stituto para o enga7amento #ue Sartre recomendou do
alto de seu trono em Les 9e+! Magots' A#ueles #ue não se adaptaram /s
ortodoxias de es#uerda não oram simplesmente relegados ao ostracismo,
mas oram ameaçados e perseguidos pelas patotas es#uerdistas, e nas
p%ginas de La no+velle rev+e ran=aise, esse tratamento levou /
9
illes 0eleu)e e $&lix uattari, >hat is Philosophy^, tr Iugh Tomlinson
and raham Hurchell, Ne[ \or-, Colum"ia Universit !ress, pp 121
10
+o7Jve oi postumamente identi*cado pela Fntelig'ncia $rancesa como um
agente sovi&tico No entanto, oi amigo pr(ximo de Meo Strauss, in@uente
te(rico poltico conservador >#uer di)er, in@uente nos .stados Unidos? $oi
tam"&m o propagador, atrav&s de suas palestras so"re Iegel, da id&ia do
:*m da hist(ria; #ue $rancis $u-uama depois comunicou numa orma #ue
pudesse ser mais acilmente engolida pelos conservadores li"erais
americanos !arece #ue +o7Jve usava uma m%scara me*sto&lica #ue
ningu&m 7amais decirou e o ato de #ue ele oi um dos ar#uitetos da União
.urop&ia e parte integrante das mendacidades pelas #uais ela oi inventada
e imposta so"re o continente est% pereitamente de acordo com seu car%ter
inescrut%vel
11
então a o"scuridade
circunst4ncias como de linguagem
essas, não erapoderia
a o"scuridade deeitoser
Ao lida
contr%rio, em de
como prova
uma proundidade e srcinalidade grandes demais para serem a"arcadas
por palavras comuns 0essa maneira, a o"scuridade servia para validar a
posição poltica, para mostrar #ue atirar pedras em policiais era a conclusão
de um silogismo pr%tico #ue go)ava da mais alta autoridade intelectual em
cada um dos seus passos l(gicos
!ara mim, o ato cultural de maior import4ncia & esse, e não #ue o
a"surdo so"revivesse e se propagasse, algo #ue não & novidade nenhuma,
conorme nos ensina a hist(ria da al#uimia e da :doutrina esot&rica; = a
hist(ria da o"tusidade, como !ope a chamou numa s%tira #ue & tão
pertinente ho7e como o oi h% mais de du)entos anos 3esmo se nos alta
uma epidemiologia plausvel do a"surdo 1B, não h% mist&rio no ato de #ue o
a"surdo, uma ve) introdu)ido, tenha uma capacidade natural de reprodu)ir2
se !ois, nas circunst4ncias certas, o a"surdo & poder Nas d&cadas #ue se
seguiram ao seu nascimento, a metaliteratura de 1D oi aceita em todo o
mundo acad'mico de ala inglesa não como uma onte de conhecimento,
mas como
0errida uma arma
tomaram poltica
o lugar O"ras
#ue na comoal#umica
tradição l.2nti-edipe e 9issemination
era ocupado de
pelos livros
de encantamentos Nas mãos de uma nova casta acad'mica dominante sem
nenhuma con*ança na possi"ilidade de #ue pudesse haver outro
undamento para estudos acad'micos nas humanidades #ue não osse um
programa poltico, essas o"ras oram instrumentos de um pacto %ustico !or
meio dos livros sagrados o proessor de humanidades poderia ad#uirir poder
so"re o Outro e tomar posse da cidadela acad'mica de onde o Outro estava
sendo orçado a ugir1K Na criação e imposição de ortodoxias o a"surdo &
preervel / argumentação racional 7% #ue ele não d% a"ertura para a
oposição, não deixa nenhum lugar por onde o Outro possa voltar raste7ando
e semear disc(rdia Talve) essa se7a a ra)ão da gratidão enorme com #ue a
geração de D oi rece"ida nos departamentos de humanidades na rã2
Hretanha e nos .UA 0errida, Cixous, +risteva e outros acumularam graus
acad'micos honor%rios por todo o mundo angl(ono, e aparentemente
por muitas ra)Ges, não menos por#ue não distingue sentido e a"surdoL o
mesmo se aplica a 0an Sper"er, A!plaining )+lt+re, a :at+ralistic
2pproach, Oxord, Hlac-[ell, 1D
Ver Ro"ert rant, :Fdoelog and 0econstruction;, em Anthon OIear, ed,
14
0eleu)e oi mais citado do #ue +ant em o"ras acad'micas de lngua inglesa
no ano de 9YYW
A cultura rancesa de ho7e não &, e raramente oi, apenas uma m%#uina
para a produção de mensagens su"versivas Não o"stante, o marxismo oi
dominante entre as guerras e serviu como um oco para o tipo de anti2
patriotismo #ue @oresceu entre a elite intelecual e #ue oi assim expresso
por Andr& Hreton no seu segundo 3aniesto Surrealista em 1BYP
:Tudo est% para ser eito, vale a pena tentar todos os meios para destruir
as id&ias de amlia, pas, religião`Os surrealistas pretendem sa"orear por
completo a prounda triste)a, tão "em encenada, com #ue o p6"lico "urgu's
acolhe a necessidade *rme e inexor%vel #ue eles demonstram de rir como
selvagens na presença da "andeira rancesa, de vomitar o seu desgosto na
cara de cada padre, de apontar contra a classe dos deveres "%sicos a arma
de longo alcance do cinismo sexual;
um uneral o*cialalemães
rancoatiradores e liderouTanto
o corte7o, apesar
Hernanos da presença
#uanto 3auriacdos
so"reviveram /
guerra, e 3auriac ganhou um pr'mio No"el de literatura em 1E9 uatro
grandes compositores = !oulenc, 3essiaen, 0uru@& e 0utilleux =
mantiveram vivo o esprito da $rança cat(lica em uma m6sica #ue desa*a as
ortodoxias modernistas A geração de Sarte oi tam"&m a geração de Camus
e Aron e de )ommentaire = a revista #ue cora7osamente se colocou contra o
terrorismo intelectual do !artido Comunista A $rança de Claudel e !&gu
continuou viva no pensamento de 3aritain e 3arcel, nos *lmes de Tru_aut,
no humor sardQnico de 8ac#ues !r&vert e Horis Vian e nas pinturas a"stratas
de 3anessier e 8ean le 3oal . no exato momento em #ue a m(tamerde
estava começando
$oucault declaravaa#ue7orrar das revistas
o s&culo da margem
vinte seria o s&culoes#uerda e em
de 0eleu)e, #ue
Alain
Hesançon estava escrevendo Les srcines intellect+elles d+ L(ninisme,
3essiaen palestrando so"re o cantochão e o canto dos p%ssaros e Ren&
irard em"arcando numa s&rie extraordin%ria de livros >começando com La
violence e le sacr(? #ue tiveram um impacto enorme na nossa concepção do
#ue o legado cristão signi*ca ou deveria signi*car para n(s ho7e Trinta anos
depois dos (v(nements de mai, St&phane Courtois pu"licou Le livre noir d+
comm+nisme, #ue convidava os intelectuais ranceses a repudiar o
movimento comunista de uma ve) por todas, ao mesmo tempo #ue Mouis
!au[els pu"licava seu romance Les orphelins, no #ual o v%cuo espiritual de
1D & apresentado em toda a sua negatividade assustadora Io7e, muitos
intelectuais ranceses importantes = Andr& luc-sman, Alain $in-iel-raut,
Muc $err, $rançoise Thom, Chantal 0elsol = estão satiseitos com ser
contados ente os inimigos do marxismo, ainda #ue não se7am inimigos da
es#uerda intelectual 0entre les intellect+elles m(diati*+es talve) apenas
Alain Hadiou ale na velha metalinguagem, mas ragmentos de sentido
assom"ram as p%ginas de seus escritos, tra)idos pelo vento atrav&s uma
7anela a"erta tardiamente para o pensamento de 5ittgenstein Os dias da
m(tamerde são, do ponto de vista ranc's, um momento dicil no declnio de
uma visão de mundo #ue não & mais capa) de ocupar senão um canto da
cultura nacional
1E
reconhecer o governo
teleQnica com re"elde M&v,
Hernard2Ienri da M"ia,
#ue ele
poroacaso
e) depois
estavadeem
uma conversa
Hengha)i
1E
na#ueles dias A identidade social dos intelectuais ranceses signi*ca #ue a
posição deles & mais glamorosa #ue a dos acad'micos angl(onos, mas
tam"&m mais insegura Contam mais com sua cele"ridade do #ue com a
aprovação dos colegas e o privil&gio da esta"ilidade do emprego acad'mico
A ascensão e #ueda das suas estrelas segue a velocidade da poltica e não a
das revistas acad'micas = as #uais, & importante recordar, estão sempre
apresentando intelectuais e acad'micos com tr's anos de atraso,
dierentemente da poltica, #ue não tem atraso nenhum, mas uma lista
utura de competidores perigosos
acad'mico, não & geralmente arte, ou literatura ou nada #ue possa elevar os
estudantes para ora das suas experi'ncias anteriores e dar2lhes uma visão
de mundo redentora, mas, com re#<'ncia, algo #ue & um pouco mais do
#ue simples senso comum Fsso não & toda a verdade, & claro Miteratura
genuna 7% surgiu da comunidade acad'mica angl(onaP ve7am, por exemplo,
Fris 3urdoch, Fsaiah Herlin e os :romancistas do campus; 0avid Modge e
3alcolm Hrad"ur . Hertrand Russell, o principal undador da *loso*a
analtica,
No entanto,com
aotoda a certe)a,
tentar mereceu
transormar ganhar
o senso o pr'mio
comum em umNo"el
ramode literatura
separado de
estudos, Russell engendrou a#ueles resultados tediosos dos #uais eu
reclamava no começo deste artigo Os departamentos de literatura, at& a
desco"erta dos soi!anteh+itards, assentavam2se na :crtica pr%tica; tal
como a conce"iam Richards e Meavis, na #ual os estudantes são convidados
a testar a#uilo #ue l'em de acordo com os decretos da consci'ncia do senso
comum Ou então eles enterravam o assunto de #ue tratavam em"aixo de
estudos acad'micos de tipo "iogr%*co e historiogr%*co, de modo #ue o seu
signi*cado, a#ui, agora, s( pode ser recuperado com di*culdade
Não duvido #ue esse tipo de estudo tenha produ)ido muitas
contri"uiçGes "oas A*nal de contas, a crtica acad'mica do perodo pr&2
"esteira exi"e uma so"revida pelo menos tão grande como as das produçGes
liter%rias da $rança do p(s2guerra Tenho em mente, por exemplo, os
crticos da escola de Chicago, $R Meavis na Fnglaterra e R! Hlac-mur e
Mionel Trilling nos .stados Unidos e o criticismo sha-esperiano de 8 0over
5ilson e MC +nights I% uma prousão de estudos acad'micos angl(onos
nas humanidades #ue podem ser lidos com pra)er e proveito e o ato de #ue
o #uociente de "esteira & de "aixo a #uase inexistente assegura #ue eles
serão lidos com pra)er e proveito por pessoas #ua ainda não nasceram 3as
h% algo #ue eles não nos deram e #ue a m(tamerde nos deu em seu lugarL
ademais, a disciplina intelectual #ue produ)iram não oi orte o su*ciente
para resistir aos charlatães #ue nos prometem a#uele algo ue &, portanto,
esse algo #ue os estudiosos angl(onos não oram capa)es de nos dar^
A resposta, acredito, & #ue eles não nos deram um grupo de reer'ncia
$alando em termos gerais, h% dois motivos para a"raçar um movimento
intelectualP um deles & o amor / verdade, o outro & a necessidade de
pertencer a um grupo de reer'ncia As religiGes *ngem dirigir2se ao
primeiro desses motivos, mas na verdade recrutam pessoas por causa do
segundo A ci'ncia ignora o segundo e promove o primeiro As humanidades,
por&m, sempre *caram presas numa posição estranha entre a ci'ncia e a
religião O currculo "aseado no senso comum molda o estudo da arte e da
!earson, ed, 9ele+4e and Philosophy3 The 9iDerence Angineer, Mondon, The
!scholog !ress, 1W, p 11E
1
17
:Simulations;, em Richard +earne e 0avid Rasmussen, eds, )ontinental
2esthetics3 Romanticism to Postmodernism, Oxord, OU!,9YY1, pK1
1