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ILiW SUPLEMENTO LITERÁRIO DE
"A MANHA"
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11/1/942 publicado semanalmente, sob a direção de Múcio '
Ano 11 Leão (Da Academia Brasileira de Letras) uum- '
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Tose Martiniano de Alencar crctaria, pediu que as remune- Diário do Rio", entre os meses
nasceu em 1 de maio de 1829. rações que lhe haviam de ser de fevereiro e abril de 1*67, é
Bra filho de José Martiniano de pagas fossem aplicadas no um livro conhecido de toda a
"Diário Oficial" á publicação gente, e suas edições ainda hoje
Mencar, político de brilhante esgotam uma a uma. De qua-
ttuacão na época da Indepen- dos seus pareceres exarados no se se todos os seus livros poderia-
Jência. revolucionário ativo no espaço de nove anos. mos dizer que encontram carl-
movimento pernambucano de No gabinete de 16 de julho de idêntico no espirito dos lei-
1817. Foi seu berço a cidade de 11168 ocupou a pasta da Justiça, nho sucede, por exem-
Mecejana, no Ceará, região que ali ficando até 1870. Entrou tores. fi o que"Iracema", com a
_le havia de imortalizar no mais numa lista tríplice para sena- "Patapio, com
da Gazela", com os três
formoso dos seus livros. dor. Achando-se enfermo do perfis da mulher, "Diva", "Lu-
Formou-se em direito pela realizou uma viagem à ciola" e "Senhora", com os
Faculdade de São Paulo e logo peito,
Europa, regressando bom. Mas "Sonhos de Ouro", com "Ubira-
depois iniciou a vida pública. sua aparência de saúde era ilu- etc.
Foi, com igual brilhantismo, sória, e pouco tempo depois, no jara", livre, dono de uma
advogado, jurista, jornalista, dia 12 de dezembro de 1877, ele Espiritoconciéncia de sua pá-
professor, parlamentar, homem falecia. grande
de letras. Foi lente de Direito tria, José de Alencar foi, em seu
Mercantil no Rio de Janeiro, José de Alencar é um dos es- tempo, um campeão Só estrénuo esse as-
brasileira.
diretor de secção da Secretaria critores mais populares do Bra- da lingua o TOSE' DE ALENCAR
tia Justiça, logo depois cônsul- sil, e talvez possamos, dizer que pecto de sua personalidade
tor da mesma Secretaria. Re- ele é o "Omais popular.escrito Seu ro- sagra definitivamente ao nosso
Guarani", dia respeito, à nossa veneração e ao
nunciando a esse lugar, que era mance "O nosso amor.
considerado como adido à Se- a dia para os folhetins de
SUM ÁRIO
Bibliografia de José de Alencar PAGINA l: A Agricultura
José de Alencar, orador. —
" Noticia sobre José de Alencar Discurso sobre a viagem Im-
(Orgõnizdda por Mario de Alencdr)
'Guerra dos mascates",
Bibliografia de José de Alen-
car (Organizada por Mário
perial.
ItU — "Ao correr da pena 1870, 1875. 1878, 1894, 1873 de Alencar) PAGINA 11:
1895, 1910. (Foi tradu- 2 vols., B L. Garnier; Sumário.
crônicas hebdoma-, 2* ed., 1896.
darias no "Correio Mer- lida para inglês por "Voto de graças"—Dis- José de Alencar no conceito —
cantil'' (Rio de Janel- Isabel Burton, London, PAGINA 2: dos seus contemporâneos.
1866; e por Norman curso que devia prufe- Apreciações de Francisco
ro); 1» edição 1874, São rir na sessão de 20 de
Paulo; 2» edição 1888, Bíddeli, 1921; e para — Três estudos de Joio Ribeiro . Otaviano, Pedro Luis,
Salda-
alemão, em verso, por maio — Tip. Pinheiro. nha Marinho, Quintino Bo-
Rio de Janeiro — B. L. "Alfarrábios" — 2 vols., sobre José de Alencar. l — O de Taunay,
Garnier, 2 vols.; 5* edi- Von During, Hamburg, iia ie Alencar; II — As Mi- caiuva. Visconde
B L. Garnier, 2* ed. Barão de Paranapiacaba, BI-
H. Garnier. 1896.
"As minas de prata" — 1874
•Á refprma eleitoral" naj de Prata; III -r José ie
tencourt Sampaio, Gusmão
MM — "Cartas de Ig" sobre a 1885
"Confederação dos Ta- 6 vols.; 2" ed. em 3 vol*. Discursos. Alencar e a linguagem iif»- Lobo, Fereira de Araujo, An-
"O novo cancioneiro" rendai io BrasiL
1877; 1896. dré Rebouças, José do Patro-
moios", nas colunas do "Cartas de Erasmo" — Cartas a um amigo cinio, Tito Franco, Emílio
"Diário do Rio", 1* edi- 1888
1», 2* e 3* ed. _ No jornal "A Repu PAGINA 8: Zaluar, Frederico -Rego,
ção 1858, Tip. do Dia- "Página de atualidade" blica". França Junior, Afonso Celso,
rio".
"O Marque» de Para- •Os partidos" — Pan,
"O vate bragantlno" -
— Po«t-scripfttm Mo romance Carlos de Laet, Lino da A»-
"A sunção, Machado de Assis.
íleto anônimo. Cartas no jornal Sonhos ie Ouro — José de
ná" — traços biografi- - "O juizo de Deus" — República".
oos — Rio de Janeiro 18*7 Panfleto anônimo. RI» "Til", em 4 vols., B. L. Alencar.
PAGINA lí:
— in. 18; 35 págs. Garnier; 2« ed. 1897. 3"
de Janeiro. PAGINA 4:
UR _ "O Guarani", em folhe- "A corte do leão" — ed. 1900. — José de Alencar, teatrtlog».
tiru do "Diário do Rio", Panfleto, Rio de Ja-
"Ublrajara" — Lenda Afãe (Cena final do ato
sem nome do autor; 1* neiro. „ tupi B. L. Garnier,—Algumas páginas do Guarani. terceiro).
edição, 4 vols., tip do "O Marquês de Caxias 2* ed., 1895; 1899. (Foi
"Diário"; 2* ed., B. L.
_ Biografia — Rio de traduzido para alemão PAGINA S: PAGINA 13:
Garnier, 2 vols.; 5* edi- Janeiro. por Hoffmann.)
ção, 1887, (Foi tradu- "Uma tese constitucio-
Il™!' - "Senhora" — 2 vols., — Algumas páginas de Iracema Henrique Rctne, de Muda
íido em francês, ale- nal — "A princesa im- B. L. Garnier; 4* ed. Uma página de O Sertanejo. Leão
mão e italiano).
"O — perial e o príncipe con- "Ò Jesuita" — Drama A seca no sertão. O Intermezzo, de Helne
1857 — Rio de Janeiro"
"Verso e reverso" — sorte no Conselho— de 1895; 1907. Efemérides da Academia.
Estado" _ in 4» 16 B. L. Garnier; 3.» ed. PAGINAS 6 e T:
Comédia em 2 atos — pp., Rio de janeiro. 1900. (Foi traduzido em
2* edição 1864. 1M, "O PAGINA 14;
"Cinco Minutos" — Ti- lw" _ " sistema representa- inglês por B. R. De Bri- —
tivo" — B. L. Garnier. to, 1921). José de Alencar, poeta. O» -Pensando em Dante, de D.
do "Diário"."A "A expiação" — Co- ¦Aos domingos" — Fo- Filho» ie Tupan. — A Guerra.
pografia
"Cinco Minutos" — Milano
média em 4 atos — RI" lhetins no "O Globo". A margem da critica do sr.
viuvinha" — Rio de de Janeiro — Crux "O sertanejo" — 2 vol*., PAGINA 8:
Janeiro — 2* ed. 1865, Álvaro Lins sobre Chotie nos
Cóutinho. .
"Relatório do Ministe- B. L. Garnier; 3.» ed Campos ie Cachoeira, io
B. L. Garnier . 1895. A estátua de José de Alen- Dalcidio Jurandir
1858 — "O demôn'o familiar" rio da Justiça. . "Encarnação" — ro- car. — Discurso de Machado —
— Comédia em 4 atos jg6(j . . "Discursos proferidos 1877 em folhetins no
mance, "Folha de Assis, na cerimônia de Salvador de Mendonça e a
2* edição 1864; 3», 1903. na Câmara e no Sena_ Nova"; sua inauguração. arbitragem obrigatória, de
Jornal
1859 — "Mãe" drama em 4 do, na sessão de 1869 ed. 1892; 2* ed., 1909. ímilia, de José de Alencar Ernesto Feder.
— 2* edição 186*; — São Luiz do Ma- "A festa macarrônlca" Duas poesias de José de Alen-
4»atos car. — Estrela ia Tarie. —
edição, 1897. ranhão. — Panfleto político — PAGINA 15:
i 1860 — "A noite de São João1 ltm . . •• Gaúcho" - 2 vols., — Rio de Janeiro. Zelos.
— libreto de comedia B. L. Garnier. 2* ed. "O protesto" — Jornal Curso de estudos da Amaso-
lírica. "A pata da gazela" — de três, periódico men- PAGINA 9: nia. Segunda aula. proles-
*As asas de um anjo" sal — in. 4». sor Angione Costa. Prehiató-
_ Comédia em 4 atos, B. L. Garnier
"O tronco do ipê — 2 I"">z " A propriedade " — José de Alencar, político. — ria e arqueologia amazônica
¦ . 209 pp. B. L. Garnier. — José, poema de Carlos Drum-
prólogo e epílogo; 2» 1871 vols., B. L. Garnier
-
"Esbcços jurídicos" —
Carta ao imperador
mond de Andrade, com ilus-
edição 1865. O Pampa, ie José de Alen-
"Carta aos eleitores do 1913
•A viagem «"?"'»!" 239 pp. B. L. Garnier. car. tração de Osvaldo Goeldl
Ceará" — 20 pp. in loi. ,„,
1893 "Como e porque sou ro- Correspondência de escrito-
"Luciola" — 6* ed. 1895; (Discurso) - Tip. de mancista" — Tip. Leu- res carta de José de Alen- PAGINA 16
"As asas de um anjo" j. Villeneuve. singer. car a Leonel de Alencar
"Discursos"" proferidos _ "O crédito" — Come
- Io vol. (Biblioteca 1895
Brasileira). „» sessão de 1871. Ti- dia em 5 atos represen PAGINA 10: , ¦
A viia é ie cabeça baixa, da
"Diva" _ 3» ed. 1875; pograPa Perseverança 1858, publica- Álvaro Moreyra
11864 - ^Sonhos de Ouro" - » tada em"Bwiata A colaboração de FilobibUca.
.. — da na Brasi-
6» ed 1895. ltn vols., B. L. Garnier —José de Alencar, jornalista. — Achado n.o S.
"Iracema" — Tipogra- lelra".
|U83 — J. ed. 186»; 18».
tia Viana; B.L. Garnier
PAGINA 2 aUFUMENTO LITERÁRIO DE «A MANHA" —VOL. II DOMINGO, 11/1/194Í
"Sonhos
Post-scriptum do romance
de Ouro' — /osé du aluncar
Há quinze dias teve Ricardo que tivera outrora, despertado
de assistir a uma vistoria, em por um riso argentino; e con-
questão de terras, pára o lado templou com entusiasmo de ar-
de Jacarepaguá. tista, e um enlevo que então
Na volta lembrou-se de visi- não sentira, o gracioso vulto da
tar D. Joaquina, a quem não gentil amazona.
via desde muito. Achou a casl- Depois correram as vistas
rha e * dona no mesmo estado* novas cenas sucediam-se; e a
velhas como as deixara, mas imaginação as povoava de re-
contentes e sossegados. cordações vivazes, que entre-
A tia de Fábio recebeu o ad- tanto pareciam extintas.
voíaclo com muita festa e lia-
saiiio; perguntou noticias do so-
Este volver ao passado inco-
modava Ricardo, que pensou ^^¦^ J^B Wm
banho e da nova sobrinh»; e escapar-lhe fugindo àquele si-
pediu a Ricarao que lhe mati- tio. .
dasse muitas e muitas reco- Ao voltar uma curva desço-
mendações. quando escrevesse. briu duas senhoras, que se apro-
Eram duas horas. Já D. Joa- ximavam lentamente pelo mes-
quina tinha jantado; mas lia- mo caminho; e qual não [oi o
via carne assada e improvisou- seu espanto reconhecendo Gui-
se uma fritada, que Ficarão da acompanhada de Mrs.
scerou de bom grado, para ter Trowshy.
o prazer de passar com a velhi Desde certo tempo a saúde de
o resto da tarde. O advogado Oulda se alterara. Não se quei-
temeu com apetite; e não tro- xava, nem tinha mesmo inco-
.11 ir. o copo dágua cristalina. modo ou mal determinado. Per-
dera a alegre vivacidade; e sen- Casa em que nasceu Alencar, em Biecejana, Ceará
que ba-heu depois do melado, pe- tia invadi-la um abatimento
le mais esquisito champanha.
_0 senhor é que ainda não indetinivel. Sua vida nos me- um vestido cinzento e, sobre vam para desferir lampejo fe- O arbusto, reverdecido com as
quis casar? disse D. Joaquina, ses últimos não era mais do ele, um casaco preto guarneci- brll. águas do inverno, começava a
preparando-lhe uma charena que um lento delíquio; parecia- do de martha. A alvura Ima- florescência. Nas pontas dos
de café. lhe que estava desmaiada As Nâo se concebe a comisera- renovos germinavam já os lin-
culada de seu rosto destacava-
Creio que fiquei para Uo; flores, se é qoe tem sensibtM- se nesse trajo escuro, entre os ção que sentiu Ricardo notan- dos cálices de nacar, com o seu
disse Ricardo sorrindo. dade. devem experimentar uma do aquele deperecimento lento pingo douro.
negros cabelos, com uma livi- de uma beleza, que ele vira tão
_ Qual!... A dificuldade é Impressão igual quando mur- dez que assustava; parecia o Roçou Guida as mãos pelas
encontrar ai algum peixãozi- cham. esplêndida. Lágrimas umede-
perfil de uma estátua em ala- ceram-lhe os olhos; e teve im- folhas glabras do arbusto como
nho que lhe ponha feitiço; co- Ultimamente o desfalecimen- bastro. para sentir-se acariciada pelo
mo um que veio aqui o outro to chesàra a ponto de inquie- pulso de ajoelhar-se aos pés da doce florido:
Reconhecendo Ricardo, teve mártir, sacrificada ao paganis-
dia. tar a família; os médicos re- a moça uma violenta comoção, mo social. Sonhas douro! murmurou.
_ Não tenha receio, trago ceitaram as duas panacéias do e tomou para suster-se o bra-
uma figa, duas figas, que me li- costume, "o ««samento e o ço da mestra, que atribuiu o
Lembrou-se da conversa que E' verdade! exclamou Ri-
viam do quebranto: tornou RI- campo". Pobres dos médicos! choque a susto e debilidade da tivera com a moça dois anos cardo sorrindo.
cardo no mesmo tom. Queixam-se deles. Ah! Se ti- moléstia. , antes, pouco distante daquele Nem se lembrava! disse
—Deixe ver; disse a velha. vessem na sua farmacopéia sítio. Guida era uma das víti- Guida com leve exprobação.
certas drogas preciosas, como o Não sabia que estava na mas desse martirológio da fa-
Estão lá dentro, no coração. Ttjuca, disse Ricardo. Não culpe a pobre flori-
A velha riu-se. E o advoga- amor. a ambição, a glória, que milia, que poucos sabem e nin-
Viemos há oito dias. guem compreende. Nascera ri- nha, se o vento da tempestade
do acendendo o charuto saiu a de curas milagrosas não fa- a mirrou e cobriu de pó. tor-
dar uma volta de passeio a pé. riam! Ela tem andado doente; o ca; educaram-na para a opu-
lència; e a grandeza a sufoca- nou Ricardo apanhando os se-
enquanto se ia buscar ao pasto Quando se tratou de escolher doutor mandou tomar ares; va. cos despojos da passada flora-
o "Galgo", que naturalmente o arrabalde, Guida pediu a Ti- disse Mrs. Trowshy em portu- ção.
andava tambem matando sau- jucá; não que ela esperasse guês arrevesado. Havia um meio de salvar-se; Estes morreram, murmu-
dades, pois desde muito tempo tirar proveito para a saúde. era esfarfalhar sua alma pelas
_ Há de fazer-lhe bem a Ti- salas em afeições efêmeras; rou Guida olhando as flores
residia na corte â Travessa do Bem longe disso; era um desejo murehas. mas vão renascer. E
Espírito Santo n. 19, cocheira recôndito de rever aqueles si- Juca; tornou Ricardo. tornar-se a moça da moda, fa-
os meus?...
do Viana. tios, e saciar-se das remlnis- A saúde?... perguntou ceira, namorada, perseguida e
Tomou Ricardo pelo mesmo cências que eles guardavam. disputada por um enxame de A voz da moça expirou nos
Guida. adoradores. A dignidade inata lábios, e exalou-se em um sus-
caminho em que á primeira vez Matassem embora essas árvores,
o encontramos, e não tinha como a mancenllha; queria E abanou a cabeça desfo- fechou-lhe essa válvula do co- piro:
dado vinte passos que as recor- embriagar-se de seus pertu- lhando um triste sorriso. ração. Os meus nasceram aqui
dações de outros tempos surgi- mes. Guida o guardara virgem e tambem, porem morreram para
ram para envolvê-lo como o Lembrava-se da "Africana" Foi então que Ricardo nepa- intacto para o seu primeiro sempre!
auarato de uma cena armada que vira representar ultima- rou no estado de abatimento amor; porem este não o encon- Ergueu Ricardo surpreso os
de improviso. mente; e invejava aquela mor- da moça. O talhe, tão esbelto trará no mundo. Porque? Nào olhos, e viu o semblante da mo-
Ouviu tropel de animal; re- te. ela que dois anos antes, na- e gracil, retraia-se como o cá- havia um homem que a mere- ça banhado em lágrimas.
conheceu o "Galgo"; viu pas- quelas mesmas montanhas, lice do lírio do vale quando cesse? Guida estimava o ho- „ Guida! exclamou ele.
sar Fábio: trocou palavras com zombava de sapho, a mais ilus- fana-se, e os olhos de emba- mem, mais do que ele valia, E cingiu-lhe a cintura com o
ele; perdeu-se entre os tufos do tre entre as mártires do amor. ciados, só intercadeute3, como porem na pureza do ideal; por braço para ampará-la, porque
arvoredo; sentiu o sobressalto Oulda trajava naquela tarde o trepidar da estrela, rutila- isso os indivíduos da espécie a via desfalecer.
lhe pareciam escorços, senão Eu queria morrer aqui!
caricaturas. balbuciou ela descaindo a fron-
ntoniosamente as suas razões com o tropel de um só cavalo, ponto de partida o imenso pres- —Porque não sou eu o ho- te ao ombro dc Ricardo, e re-
nas de muitos. Entretanto, a tigio de José de Alencar. mem que ela sonha? disse Ri- clinando o talhe ao peito onde
conlra o salsinha literário, cas- Não há certamente um dia- cardo; porque não me deu o conchegou-se hirta, sem movi-
murro, charlatão» palhaço-, cri- idéia de tropel é mais do ruído
que da multidão e podemosatro- dt- teto brasileiro. A língua é a Criador um ralo do fogo sagra- mento.
tiqueiro, cacassene e, realmen- portuguesa, para os dois gran- do para reanimar esta vida que
te. muitas das censuras de Joaé zer que uma só cousa pode Mudo e extático. Ricardo nãa
pelar outra. Vè-se a estreiteza des paises de idioma comum. se extingue, para reter na ter- sabia o que fizesse; não tinha
Feliciano sâo coaretadas de Entretanto, há um matiz que ra esta bela mulher que se está
BertoHno, como a de ver mona- do seu critério e por Isso conde- forças para separar de si o cor-
na como algaravias tom opaco nos pertence para sempre no transformando em anjo? po desfalecido, nem ousava
truosidades todo momento em
"ondas, em a flutuação", a que da solidão, o céu, tela aiul, etc. modo de falar e de escrever. Guida sentara-se à beira do observar-lhe o semblante, té-
Essas coisas para ele nãa Em várias oportunidades bus- caminho, numa lelva coberta de mendo ver nele a máscara da
Alencar opõe a anda flactivaga cou Alencar em preciosas notas
de Estacio (caindo, todavia, em atam nem desatam. Imprimir relva. e acompanhava o recor- morte. m
um perfume é um dlslate, não ortográficas e lingüísticas jus- te das nuvens com o olhar mór-
erro do autor citado, Silvia, em tificar o vocabulário tupi e as Foi rápido o lance, e durou
vez de Silvas, nome da obra do sendo o perfume coisa sólida ou bido, que ás vezes se eclipsava enquanto Mrs. Trowshy. qu»
oesada presumidas incorreções de lln- sob os longos cílios e volvia rá- duas vezes investira com o ar-
poeta latino). Em conclusão, a critica de Jo- guagem que lhe atribuíram os
Os escritores de grande enge- críticos de boa e de má fe. pida e subtilmente ao rosto de voredo, mas fora repelida por
sé Feliciano pode ser decompôs- Ricardo. causa de sua rotundidade. fazia
nho atraem sempre a anl- ta em dois motivos gerais: um, Em nota ao seu poema em
mad versão dos mais apoucados, -Iracema", justifica usos Deve passeiar! disse RI- volta para aproximar-se.
a censura indébita de imagens, prosa.
cardo para romper o silêncio. _ Guida! repetiu Ricardo
dos invejosos e, na maior parte de tropos e de neologlsmos como o de acentuar grafica-
dos casos, dos principiantes que mente a preposição a ainda Ela nâo gosta mais de sair aflito.
quase sempre aceitáveis; o ou-
querem aparecer. Assim o fez o tro, a questão da gramática quando não absorva o artigo. E como dantes; observou Mrs. A moça ergueu a fronte en-
próprio José de Alencar na cri- portuguesa que considera in- tinha a seu favor a prosódia Trowshy. golfando-se no o^har que ba-
tica à Confederação dos Ta- tangível e por isso mesmo ina- brasileira que não distingue á Fatiga-me tanto! tornou nhou o rosto do mancebo. sor-
«noyos, o poema de Magalhães, daptavel a quaisquer diferen- de a. Não lhe parecia razoável Guida. Já três vezes viemos riu.
nosso primeiro romântico. ciações fora do velho Portugal. fugir o português a um fato ro- este lado; e ainda não pu- Cuidei que morria... •
mãnico da preposição acentua- para
Continuando, José Feliclano E' esse segundo motivo o mais de chegar até a outra volta. era feliz!
censura em Alencar a frase: "B respeitável e é ainda o que se da como se dá no italiano e no Ricardo nou.sou um beijo c**-.
francês. _ Quando estiver mais forte to na fronte da moça.
promovendo um passo". Mover, processa nas polêmicas vigentes Tenho tanta vontade! Mas Há de viver!
sint, e não promover, diz O mes- com alguma vivacidade. Aí responde a Pinheiro Cha- hoje hei de ir; Já descansei.
tre. Mas, promover, gas (que aliás recebeu com _ Pura Quem?...
menos Os escritores brasileiros de
etimologicamente, é pelo
mover pa- grande entusiasmo o romance
Venha cono.sco! disse pousando
o olhar súplice no semblante do
para mim!
ra diante. José Feliclano prefe- maior independência opõem-se indianista de Alencar) contra-- Por ele e para ele. meí
re o Manuel de Galhegos quan- aos rigores do vernaculismo eu- pondo a opinião de Webster: moço. Deus! disse e!i ajoelhando com
do escreve: ropeu, clássico ou contemporâ- "Quando povos da mesma estir- Não era longe a volta a que as mãos erguidas ao céu.
neo. O mesmo sucede em Por- se separam e habitam re- a moça desejava chegar. What!... gritou a mestra
tugal quanto ao fabuloso pres- pe
giões distintas, a linguagem de _ Lembra-se? perguntou a vendo Guida naquela posirão.
Nem quando *a Aurora... tigio dos clássicos. Eça de Quei- Ricardo. Aqui nas encontramos
Com tanta bizarria os passos enda um começa a divergir por Ergueu-se Guida com um sor-
roz, Fialho e outros que vieram vários modos". pela primeira vez. riso:
tmove depois dificilmente poderiam Mão esqueceu? Estava agradecendo a Detw
entrar na tradição do quinhen- Quanto à questão da topolo- E a nossa flor...
Nas Questões (n. 43) nota qne tismo, muito mais cultivado no gia pronominal tudo fiava da Ainda a benção que me enviou.
* incorreto dizer, como Alen- Brasil se atentarmos no influxo eufonia e da elegância da fra- estará no mesmo lugar? E abraeando-a com efusSo,
ear: "Reboou nas barrocas d* de Rui Barbosa e na sobriedade se. Era mais questão de ouvido Ricardo rompeu o arvoredo, e cobrlu-a de beijos.
azinhaga o tropel de um c«- que de gramática. procurou: Child! Dear Çhttil... «nt-
de Machado de Assis. clamava a Inglesa esmagando
»alo". Em qualquer caso. oa revolu- ("Jornal do Brasil" — 1-i- —Aqui está ela!
José Feliclano não concorda cionários podem tomar como (29). Outda aproximou-» as lágrimas nos olhos.
"GUARANI"
"A MANHA" — VOL. II DOMINGO, 11/1/194;
PAGINA 4 SUPLEMENTO LITERÁRIO DE
ALGUMAS PÁGINAS DO Como assim, minha filha? eom a idéia de que. por um ora- Algum tempo se passou sam
A PRECE Sra noite.
Todos se ergueram; os aven- disse D. Antônio! sefo, tivesse sido a causa da que o menor incliente pertur.
A tarde ia morrendo. tureiros cortejaram e foram-se — Vede vós, meu pat, res- morte desse amigo dedicado que basse o suave painel que forma-
O sol declinava no horizon- retirando a pouco e pouco. pondeu Cecílio, enxugando as lhe salvara a vida, e arriscava va esse grupo de família.
te e deitava-se sobre as gran- Cecilia ofereceu a fronte ao lágrimas que lhe saltavam dos todos os dias a sua, somente pa- De repente, entre o docel ie
úes florestas, que iluminava beijo de seu poi e de sua mãe, olhos; conversava quinta-feira ra fazê-la sorrir, verdura que cobria esfa cena.
tom os seus últimos raios. e fez uma graciosa mesura com Isabel, que tem grande Tudo nesta recâmara lhe fa- ouviu-se um grito vibrante e
A lus frouxa e suave do oca- seu irmão e a Álvaro. meio de onças, e brincando, lava dele: suas aves, seus dois uma palavra de lingua estra-
to, desusando pela verde alça- Isabel tocou com os lábios disse-lhe que desejava ver uma amiguinhos que dormiam, um nha. "Iara"!
Ufa, enrolava-se como ondas de mão de seu tio, e curvou-se em vivai... no sea ninho e outro sobre o —
ouro e de púrpura sobre a Jo-
Viagem das árvores. face de D. Lauriana par,a rece- — E Peri a foi buscar para sa- tapete, as penas que serviam ãe £' um vocábulo guarani: st-
"a senhora".
ber uma benção lançada com tisfazer o teu desejo; replicou ornato 00 aposento, as peles dos gnifica
.JZ.J1P1 ,,efíL alvas
í-,,!:T,)„h dionidade e altivez de um aba- o fidalgo rindo. Não há que ad- animais que seus pes roçavam, D. Antônio levantou-se; voU
safavam as flores e deli- d* mirar Outras tem ele feito. o perfume suave de beijoim que vendo olhos rápidos, viu sobre
caias; e o ouricori abria as suas Depois a tamiHa chegand0. _ porem> meu p0j_ t^ é coj. ela respirava; tudo tinha vindo a eminência que ficava sobrar/.-
se partt iunto ãa porta- tffc- " "ue se >"*" A onÇa deVe U~ ã0 <Bdí ?""' com<LBm í!0eía ~ 0U teira ao lugar em que estava
tS no Z%K oriTamo dõ ° um íesses om- morto. um artista, parecia criar em Cecilia, um quadro original.
SL, n. „Í7™L ™i!?L„,
«oife. Os animais retardados %s wrfiej" P»s"se Pass<,r lo
que mtrora pr<xe_ _ N-0 ^ ^^^ D. Ce. torno dela um pequeno templo De pé, fortemente apoiado
procuravam a pousada, enquan diam i simples mas suculenta ciliar ele saberá defender-se. dos primores da naturesa ora- sobre a base estreita que for-
to a juriti, chamando a com- ceia. — E vós, sr. Álvaro, por gue sileira. mava a rocha, um selvagem co-
panheira, soltava os arruihos a ser o não o ajudastes a ãefenier-se? Ficou assim a olhar pela ja- berto com um ligeiro saio de
doces e saudosos com que se seuÁlvaro, em atenção dia de chegada, disse a moça sentida. nela muito tempo; nessa oca algodão metia o ombro a uma
despede ão dia. primeiro
velho fi- — Oh! se visseis a raiva com sião nem se lembrava de Alva- lasca ie pedra que se iesencra-
Um concerto de notas graves fora emprazaio pelo
•JÍ^LÜT-™" Jí."IT^J^Í^1 dalgo para tomar parte nessa que ficou por querermos atirar ro, o joven cavalheiro elegante. vara do seu alvéolo, e ia rolar
ÜSr.. com
dia-se JLV?.ri!!'..£ ?.J1.I
o rumor da cascata, colação ia família, o que havia sobre o animal! tão delicado, tão tímido, que pela encosta.
gue parecia quebrar a aspereza so*
recebido como um favor tmen- E 0 m0ç0 contou parte ia ce- corava diante dela, eomo elo O índio fazia um esforço su-
de sua queda e ceder à doce in- no passada no floresta. dia"te dele\ premo para suster o peso ãa la-
O que explicava esse apreço e _ Ndo hei dúvida disse De repente a moça estreme- ge prestes a esmagá-lo; e com
fluencia da tarde. grande valor dado por ele a um Ántonio de Mariz, tia sua cega ceu o braço estendido de encontro
ira Ave-Maria.
Como é solene e grave no tao simples convite era o regi- dedicaçao p„r Cecí!*a, oufs fa- Tinha iiisfo d Im das estrelas a um galho ie árvore manti-
meio das nossos matas a hora me caseiro que D. Lauriana -er.;hc „ vo„tade com risco de Passar um vult0 aue ela TeÇ°.m nha por uma tensão violenta
crepúsculo, em , havia estabelecido na
*>«..*sua vidasua habi- ¦,...«.«. r*, para
»«*,». mim mtt das
«*».» ¦«,#»» «—> - nheceu pela alvura ie sua tu- dos músculos o equilíbrio do
misteriosa do «.„¦,-,. ^«„.«„B
mie a natureza se ajoelha aos tr"^°- aventureiros , . ,. coisas móis admiráveis que te- nica fe algodão, e pelas formas corpo.
e seus chefes nho pisto nesta . 0 caráter esbeltas e flexíveis; quando o A árvore tremia; por mo-
Sés do criador para murmurar ,0s
•prece dc noite' viviam num lado da casa Mei- desse indi0 Desde o primeiro vulto entrou na cabana, náo lhe mentos parecia que peira e ho-
Essas grandes sombras das "'mente o separados ãa família; dia Que aqui entr0Uj salmnd0 restou a menor duvida, mem se enrolavam numa mes-
árvores que se estendem pela Amante dia corriam os matos minha „ ma vida tem sf_ Era Peri. ma volta, e precipitavam-se so-
essas in ocupavam-se com a caça ou d0 ,m fm só ato de abnegação Sentiu-se aliviada um bre a menina sentada na aba
planície; graãações fi- e diversos trabalhos de cor- heroismo. e Je
então en- da colina.
nitas ãa luz pelas quebradas da °?m creáe-me, Álvaro, Brande peso: pôude
montanha: esses raios perdidos, àoagem e marcenaria. um cavaiheiro português no tregar-se ao prazer de exami- Cecília, ouvindo o grito, er-
u™ vor um, com toaa a guera a cabeça, e olhava seu
que, esvasanio-se pelo renaaao Era unicamente na hora ia corpo de um selvagem! riar os unaos objetos que com alguma surpresa, sem
ia folhagem, vão brincar um prece que se reuniam um mo- A conversa continuou; mas atenção, pai
momento sobre a areia; tudo mento na esplanada, onde, Cecilia tinha ficado triste, e não recebera, e que lhe causavam adivinhar o perigo que a amea-
respira uma poesia imensa aue quando o tempo estava bom, as tomou mais parte nela. um vivo Vrazer- cava.
enche a alma. TVralTZ """ 'SoTsfl Ver. lançar-se para sua filha,
L""Han\ atirou-se
O urutau no fundo da mata """ oraf*°, aa ía™e* \a?dT \°' as suas ordens; o velhopara
dar J^J^SSol. tomá-la nos braços, arrancá-la
fi- como ,& %&0 {inha inauietação i morte, foi para D. Antônio
iolta as suas notas graves e so- Quanto a família, essa con- dalgo e o moço conversaram ate nem fristestt adormeceu sor- de Mariz uma sá Idéia e um só
¦aoras, que, reboando petas luei- servava-se sempre retirada no oito horas, em que o toque de rjnd0
ã ima„em de uva.ro e movimento, que realizou com a
fas crastas de verdura, vão interior ãa casa durante a se- uma campa no terreiro da casa r>ensand0 na maqua que lhe fi- força e a impetuosidaie do su-
ecoar ao longe como o toque mana. O domingo era consa- veio anunciar a ceia. o seu mimo.
lento e pausado do "angelus". grado ao repouso, à distração e Enquanto os outros subiam os sera, recusando blime amor ãe pai, que era to-
da a sua vida.
A brisa, roçando as grimpas à alegria; então dava-se às ve- degraus da porta e entravam IARA No momento em que o ti-
ga floresta, traz um débil sus- zes um acontecimento extra- na habitação, Álvaro achou oca-
dalgo deitava Cecilia quase des-
surro, que parece o último eco ordinário como um passeio, sião de trocar algumas palavras Dois dias iepois da cena io maiaâa sobre o regaço materno,
dos rumores do dia, ou o derra- uma caçada, ou uma volta em com Cecilia. pouso, por uma bela tarde de o índio saltava no meto do va-
deiro suspiro da tarde que mor- canoa pelo rio. — Não me perguntais pelo verão, a
familia âe D. Anto- le; a pedra girando sobre si,
re. Já se vê pois a razão por que que me ordenastes, D. Cecília? nio estava reunida na precipitada do alto ãa colina,
ãe Mariz"Paquequer".
Todas as pessoas reunidas na Álvaro tinha tantos desejos, disse ele a meia t!02. margem do entfirrava-se profundamente no
esplanada sentiam mais ou me- como"Paquequer" dizia o italiano, de chegar Ah! sim! trouxestes todas o lugar em que se achava era chão.
nos a impressão poderosa des- ao em um sábado as coisas que vos pedi? uma baixa cavada en-
ta hora solene, e cediam invo- e antes das seis horas; o moço
pequena
Todas e mais..., disse o tre dots outeiros pedregosos que Foi então aue os outros esne-
hmtariamente a esse sentimen- sonhava com a ventura desses moço balbuciando. se elevavam naquelas para- ctaãores desta cena, paralisados
choque que haviam sofri-
to vago, que não é bem tristeza, curtos instantes âe contempla pelo
ão- E mais o que? perguntou gens. A relva que tapeçava es- io, lançaram um grito de ter-
mas respeito misturado de um cão e com a liberdade do çecmai sas 'fragas, as árvores que ha- ror, pensando no perigo que jâ
certo temor. mingo, aue lhe ofereceria fal- _ E'mais uma c0isa não , fmias das estava passado.
iu' ocasião ttmKPflT uma
ria* arriscar '
De repente os sons melancõ- vez nn/icinn de IJfll-fT pa-Tlft-
pediste^
...
pedras,
-
e reclinanão sobre -
Hcos de um clarim prolonga- lavra. _ £sso nSo QUero! respondeu vale teciam um lindo docel de Uma larga esteira que descia
Tam-se pelo ar quebrando o Formado o grupo da família, a moça com um ligeiro en/ado. verdura, tornavam aquele retl- da eminência atérecostaãa, o lugar onde
concerto da tarde; era um dos a conversa travou-se entre _ Nem por vos pertencer ji? ro pitoresco Cecília estivera mos-
aventureiros que tocava Ave- o. Antônio de Mariz, Álvaro e replicou ele timidamente. NS. -„rii„ h.,,~ ,f,in _,„,, trava a linha que descrevera a
Uaria. D. Lauriana: Diogo ficara um 1 mo entende. P uma coi- JrZnvef^ara,eJsl% pedra na passagem, arrancando
Todos se descobriram. «uraiavel para se passar uma a relva e ferindo o chão. D.
pouco refira-lo,* as moças, timi- sa que já me pertence, dizeis? sesta de estio, do que esse ca- Antônio, ainda pálido e trêmulo
D. Antônio de Mariz, aãian- das, escutavam, e quase nunca _ sim; porque é uma lem-
tando-se até à beira da espia- se animavam a dizer uma pa- branca vossa. ramachão cheio ie sombra e ie do perigo que correra Cecilia,
nada para o lado do ocaso, ti- lavra sem que se dirigissem di- _ Nesse caso guardai-a, sr. frescura, onde o canto das aves volvia os olhos daquela terra
Tou o chapéu e ajoelhou. retamente a elas, o que rara Álvaro, disse ela sorrindo, e concertava com o trepido mur- gue se lhe afigurava uma cam-
Ao redor dele vieram grupar- vez sucedia. guardai-a bem. múrio das águas. pa, para o selvagem que surgi-
Por isso, apesar de éle ra, como um gênio benfazejo
ge sua mulher, as duas moças. Álvaro, ãesejoso de ouvir a e fugindo foi ter com seu pai, a alguma distância ia ficar casa, a
Álvaro e D. Diogo; os aventu- voz doce e argentina de Cecilia, que chegava à varanda, e em das florestas do Brasil.
reiros, formando um grande d0 gua! ele tinha saudade pelo presença dele recebeu de Alva- familia vinha ás vezes, quando O fidalgo não sabia o gue
arco de círculo, ajoelliaeam-se muito tempo que não a escuta- ro um pequeno cofre, que o mo o tempo estava sereno, gozar ai- mais admirar, se a força e o
tt algum passos de distância. va, procurou um pretexto que a co fez conduzir, è que continha L,,. gumas horas da frescura deli- Heroísmo com que ele salvara
.„ „ resvsrava
O sol com o seu ultimo refle- chamasse à conversa. as suas encomendas. Estas con- - que a,, se resmraya sua filha, se o milagre ie agi-
xo esclarecia a barba e os ca- _ Esquecia-me eontar-vos, sistiam em jóias, sedas, espigai- D. Antônio ie Mariz, senta- lidade com que se livrara a si
io junto de sua mulher, con-
belos brancos do velho fidalgo, sr. D. Antônio, disse ele apro- ikat de linho, fitas, galacêt. templava por entre uma aberta próprio da morte.
e realçava a beleza daquele veitando-se ie uma pausa, um holandas. e nm lindo par ie „„ .„,„„, . „„ „„„ , „„„,„„„ Quanto ao sentimento quê
busfo de antigo cavalheiro. dos incidentes ia nossa viagem, pistolas primorosamente em- das tolhas o céu azul e aveluãa- ditara esse proceder, D. Anto-
5„ /,"„„„ ,„rn L. ™ Zl nio não se aámirava; conhecia
"""f0 tfZa,.Lní°SJ„^Í
Era uma cena ao mesmo tem- _ Qual? Vejamos; respondeu butidas. 2° d° Europa nao se cansam, ie o caráter dos nossos selvagens,
po — simples
'-— e majestosa a que 0 'fidalgo
¦¦¦¦- ,,„„,,„ "enão essas „„„. armas,
„m„. a moçad2
apresentava essa prece meio . ™ÍÍ",„J".
™i.„ a. „.,„(,„ «„„,,. admirar. Isabel, encostada a tão injustamente caluniados
ff «o»0" "m -""P*"* ooafaio e uma palmeira nova, olhava a pelos historiadores; sabia que
cristã, meio selvagem; em todos daqui,i* encontramos Peri oi.
aqueles rostos, iluminados pelos _ fnda bem! disse Cecilia:murmurou —M. Me"
consigo: correnteza * --
_„,,_. Perí' «,„i„,_
0..1, TdlVCZ i~. ;**:- lima io :*" rio murmurando fora da guerra e da vingança
i Bemar-
»*in« ao
raios rln ocaso,
nrei.n respirava
re.relrnvn um „m hú^iots
S.A *„V. dias M„. que «, . .„•» ,,v_«.
nao sabemos Pobre já baixinho troVd ie eram generosos, capazes de uma
nio te siTvam nem paro <e „e_ tfjm Rlbeír(l ação grande e de um estímulo
tanto respeito. noticias dele
Loreãano foi o único que con- JVada mais simples, repli- jenderes Cecilia corria pelo vale per- nobre.
servou o seu sorriso desdenho- cou o fidalgo; ele corre todo como costumava ser naqueles A ceia foi longa e pausada, seguindo nm lindo eoíibrí, que Por muito tempo reinou si-
so, e seguia com o mesmo olhar este sertão, no vôo rávido iriava-se de mil léncio expressivo nesse grupo,
tempos em que a refeição era cores, cintilanão como o vris-
torvo os menores movimentos _ sim! tornou Álvaro, mas o uma ocupação séria, e a mesa que se acabava ãe transformar
êe Álvaro, ajoelhado perto de modo vor que o encontramos é um altar ma de um raio solar. A linda ãe modo tão imprevisto.
Cecilia e embebião em contem- que não vos parecerá tão sim- que se respeitava. menina, com o rosto animado, D. Lauriana e Isabel de ioe-
Durante a colação, Álvaro es- rinâo-se dos volteias que a ave- lhos oravam a Deus, rendendo-
plá-la, como se ela fosse a di- pies. teve descontente pela recusa zinha lhe fazia dar. como
vinãade a quem dirigia a sua q qUe fazia então? lhe graças: Cecilia ainda assus-
a moça fizera io modesto brincasse com ela. achava nes tada apoiava-se ao
prece. — Brincava com uma onça que presente que ele havia acari- se folguedo nm vivo prazer.
peito de seu
Durante o momento em que o como vós com o vosso veadinho, ciado com tanto amor e tanta pai e beijava-lhe a mão com
rei da luz, suspenso no hori- j), Cecilia. Mas afinal, sentindo-se tatl- ternura: o índio humilde e sub-
esperança. nada. foi rerostar-se em um cô- misso fitava um olhar profun-
tante, lançava ainda um olhar Meus Deusf exclamou a Í.0170 oue seu ergueu-se, moro
pai de relva, que. elevanio-se do admiração sobre a moça
sobre a terra, todos se concen- moça soltando um grito. Cecilia recolheu ao seu quarto, vo sopé io rochedo, formava que detinha salvado.
travam em um fundo recolhi- Oue fens, menina? pergun- e, ajoelhanio iiante lo crucifi- uma espécie de divan natural.
mento, e diziam uma oração tou D. Lauriana. Por fim D. Antônio, passando
_ E_, zo. tez a sua oração. Depois. Descansou a cabeça no decline. braço pela cintura
muda, que apenas agitava im- oue ele deve estar mor- erguenão-se, loi levantar um e assim ficou com os pesinnos cdc sua esquerdo caminhou para o
perceptivelmente os lábios, fo a esta hora, minha mãe canto ia cortina ia janela estendidos sobre a arama que selvagem,filha, e estendeu-lhe a mão
Por fim o sol escondeu-se; — Wao se perde prande coisa, olhar a cabana
Aires Gomes estendeu o mos- respondeu a senhora. na ponta io rochedo, que se ertmta os escondia como a lã ie um ri- com gesto nobre e afavel: o in-
é estava co tapete, e o selo mimoso a dio curvou-se e beijou a mão io
guete sobre o precipício, t um Mas eu serei a causa de deserfa e solitária. arfar com o anhcHto da respi-
Mra laudou o ocaso. \ mortal Sentia apertar-se o cor anão rasão. fidalgo.
— De gue nação ist perau*-
¦fpirffw*
--• "¦ ., ,,,.,».,-.» .^^.^^^
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¦ .*.*: i-*-:':..*.*..^,.Lí«i...%.:;.'..:,,-*;v-.jiy.;^*M¦*«;«¦»¦.;'*¦; .;.:.;,iajsk.»^^o.fi.tà.o
SPf^f^í^^^-TOSíTS"*
JOSÉ DE ALENCAR
1.» Canto Joelho em terra! — Estamos no deserto. Hâo! Deus que te formou com tanto esmero.
Grande e imenso deserto, sàlio augusto Mimo da criação e primor dela,
A GUERRA Va virgem natureza americana; Çue ao mundo te ocultou por longas em
I Leito dc amor, vo qual o grande rio Para em ti se rever no doce enlevo.
Fecunda o centre desta selva antiga; Como pai extremoso que recata
Jo deserto, minhahna! Sobre os píncaros Imagem do infinito, monumento Da virgem pura o cândido melindre;
Da bronca penedia, enquanto o vento' Da primitiva criação do mundo; Deus te sorri! ES filha predileta;
Aos antros c7ü montanha ulüla c brame, Profunda solidão que a majestade Das índias a mais moça e a mais formosa.
Soiia a rude pocema, o canto fero, Concebes, e o poder de um Deus unânime; Se tua irmã do sol é róseo berço,
Doa filhos de Tupan. E ruja a inúbia. Vasta amplitude em que a alma se diluía . Tu cs do rei da luz a jovem noiva;
Troando pela várzea os sons brúvios. Alem dos horizontes da existência, Trajarás do progresso o manfo esplêndido.
A embéber-se na luz da eternidade; Hão de sagrar-te entre as nações, rainha,
n Brasil selvagem, solo agreste e rudo, Mas sem prostituir ao velho mundo
Oue da lázara gente o haja impuro Teu brio nacional, pudor de pátria.
Salve, Amazonas! Rei dos reis das águas,, Mia senliste a creslar-te a flor do rosto: Serás grande, Brasil, em ti eu creio,
Ynmiií dos rios, filho ào dilúvio! Vale, donde formou-se o grande império, Como creio no Deus que me iluminai
Gipan!.es que o maior dos oceanos Qmndo passou a aluvião dos mares;
Gerou nos flancos da maior montanhas flerto de minha pátria; eis-me em teu seM «este horizonte límpido e sereno,
E's origetn do liquido elemento Gaze de luz tecida em áureos licos,
Qne circunda o universo? E's tu que pejis IV Que vela do Senhor a face augusta,
Dos pélagos sem fim as profundezas, A mente se arrebata aos altos vôos.
Onde matam a sede o céu e a terra? Como és donoza, mãe, no verno júbilo, Vm turbilhão de idéias inda em polen,
£'$ pui das ondas, on tirano delas? Da sempre renascente juventude; Larvas do pensamento adormecidas
Cusla esposa, do banho perfumado No cálice da flor. no puro aljotar
Coh>sso ingente, que fundiu nas águas Na formosa nudez que o pejo veste, Do orvalho que tremula sobre a folha,
O verbo de um arlitfa onipotente, Palpitante de amor, em languc espasma Esperam só calor da inteligência
A cabeça reclinns sobre os Andes Parece que do caos, surgindo agora, Para de enchame abrir as asas rútilat.
Ao céu rasgando as largas cataratas. Daljofares do céu, rórida a face, A natureza aqui mostra no tipo
O dorso enorme restupino etlcndes, Meiga aos beijos do sol, dobras o colo. Das belas formas, no matiz brilhante.
Feia terra qne verga com teu peso; E como a linda esposa, entre rubore*. Como nas melopéias do deserto,
Os vni braço.', que alongas pelas serras, Desata o lábio c colhe vergonhosa Vm molde original, sublime ritmo,
A vida noutro lábio de que vive, Qual nunca o pressentira o gênio dur te.
Abrangem Uwto espaço que outros mvnds>» Tu, ao roçar da luz estremecendo,
Couberam ainda, neste inundo 7;o;u, Abres o seio e bebes no deliquio VI
Feito pora teu berço. Com desprezo A seve da bnlhanle jlorescência.
Aos pés o colo esmagas do oceano, Teus filhos, pátria, o sangue teem dos Lusos,
Çae miigindo ce roja pelas pratos, Tudo c subiime, tudo. em teu regaçot Çue dum revez da espada outro hemisfério
Jtfíis proxtraclo c vencido, não vassalo, Como ao raiar do mundo, nestes limbos, Talharam do infinito. Cuja lança
O ''na, soberbo às rezes se rei\i]!c. C espirito de Deus paira nas asas. Haste da cruz, gravou a lei de Cristo
Alçada a fronte, a juba àesgrcnhaàa, Da vida eterna se deliba o goso Onde a voz não chegou de seus*apóstolos.
Berra;ti. e raiva e ruge e ronca e.troa; No sopro criador que te bafeja. Povo exiguo, assinou-lhe Deus o berço
£ v longa, imensa cauda destorcendo, Palpü-sc ainda a mão onipotente Da cabeça da Europa, sobre o crânio;
Te ctiiaça o corpo no impotente esforço. Nestas moles de serros de granito Donde os arcanos rasgue do futuro
Que figuram descer do céu à terra; E do universo as raias descortine.
Na vigorosa incrustação das rochas Estreito ptomontório, ninho dnguia
Pousa em teus ombros o condor altivo Vasadas pela lava incandescente Prestes a desferir os largos surtos;
Aguia-leâo dos paramos da América; Do fogo que soldou no espaço o globo: Essu nesga de terra, ainda sobrava
O iaguar, rei da selva brasileira, Ao íiíio eiubcraníe desta argila,
E v tapir, qne dos pés o chão devora, Para conter-lhe o reino; mas não cabe
Teut rafeiros humildes, te farejam Qne não se basta para em si conter-se. O grande coração da raça ilustre,
De longe. A seiva pastam de teu sangue £ /orina em cada planta um novo solo. Çue alem, buscando espaço onde respire,
tidfiões de raças de animais selvagens. Ambilo imensurável, sem limites. Conquista o mundo antigo, inventa o novo.
Vermes, (jue ie pululam nas entranhas, A grandeza tu narras do ser màximor~
São negros manatis, focas enormes, Nem a civilização que o homem gasta Teus filhos... Porem, mãe, outros tivesttl
Comu vil combustível, consumindo-o
í'-U:-:-. ;íiv-'sV .-t-U-J-ft:. ":-j'- •^.-.^-^V-^;-,*---' '-.rit^í..^--:.^:. :A. ¦'..:, ..i.;™7rv ¦'¦'.¦y^xy-M ,;.'>: .
í DOMINGO, 11/I/1MI SUPLEMENTO LITERÁRIO DK "A MANHA" — TOI. II PAGINA T
- "Os a
POETA Filhos-deTu pân
De teus vaies em flor, meiga os cingieti. Al, pátria, por que a vida tio risonht Trovão ia terra, estremecer o* astro*.
Mas veio enfim o sol ia desventura. As turbas dos Oromos, gente bárbara, Luz em torrentes, alto o sol dardeja;
guando errantes, nas mata* foragido*, Que ia afronta cruel ruge vingança. O céu resplenie azul, a terra flores;
estrangeiros na terra ie seu berço, Canta a floresta hosana ao ret do dia;
Dc esmorecida a fronte reclinaram; Volve alem majestoso o granie ru.
Correu a flecha, núncia io combate;
Alirism o seio e nele os recolheste. O trocano mandou ás longes tabas
prcffímte ser mãe orfâ de filhos, A voz io chefe, e os ecos responderam.
A ser pátria de raça vil descravos. Como em ondas caudais juntando as água* VARIANTES do primeiro cant*
No largo e imenso leito io Amazonas
Ahi gue nos triste e grave enche o silêncio, Se transformam num mar tamanhos rios. T. J Nos antros da montanha ulvand» raiva.
Peiet amplidão dos ermos reboando; As cem nações tupis se ergueram, uma:
v. i Ave, Amazonas! Rei dos reis das água*.
V. 18 A cabeça rcclina sobíe os Andei*.
Qua gemido plangente e merencório Braços de um corpo só, parem gigante. V. 20 O corpo enorme ressupino estende,
Solta a floresta das profundas crastatl O prudente Iruama. o grande chefe, V. 21 Pela terra que verga com seu pesa.
Ançiiitiado o vento nas gargantas Os filhos de Tupan conduz à guerra.
V.
V.
22
23
Os mil braços que alonga pelas serrai.
Conter podiam dentro do sen Âmbito.
Dos alcantis, ulula soluçante; V. 24 Outros mundos ainda neste mundo.
O grande rio, apresso da borrasca. V. 30 Alçada a fronte, a juba horripilante,
Ar.Mia na agonia e se convulsa. Em meio da campina que se alarga V. 33 Lhe estringe o «corpo no impotente esfoif*.
Da lufada sulfúrea ao bafo ardente, Pelo deserto alem, planta Iruama Seus rafeiros humildes o farejam
De longe. A seiva pastam-lhe da santa*
A negra coma as árvores desgrenham. O sacro maracá do povo egrégio; Vermes que lhe pululam nas entranhaa
Os mil rumores vagos, indecisos, A cabeça da guerra, assim chamada, São enormes cetáceos, viva mole
Porque nela respira a alma sombria Resvalam por seu corpo, dele insetos
Que ali, aqui, crepitam pela sombra, Do iracundo Areski, do torvo nume. V. «I Dorme, 4 gênio do abismo, atado ae posa*
Quais dobre* pulsações ia grande artirim V. 62 quando k voa do Senhor tu despertarei
Do globo, se condensam longe e longe Que odeia a paz, despreza amor e vinho; V 158 Ao Senhoi, os arcanos do infinito
A quem deleita a festa dos combates, V. us Come a terra, sorvendo o espaço: vm
Ho lúgubre estertor da natureza. V. 202 Ou desbotados lírios? De vaidosa
Tu choras, pátria, choras por teus filha*, Onde beba do sangue a rubra espuma. V. sos Deixarás que a lindera te disfarcem
Olil silêncio, minha alma, respeitemo* Da lança que empunhara, sobre o topo.
A dor da mãe, viuva, órfã ia prolel Ergue-se o vasto crânio, a fronte hirsuta. MOTAS
De herói, que aos homens ensinou a guerra,
Ei-lo o tremendo vulto, o gesto aspérrimo, T. 4 POCEMA — Grito de guerra dos tupfl im p*-mào e
VIII Que no lenho esculpiu com rubras tinta* cerna-clamar; porque o alarido era acompanhado de
4 Do vidente abaré a arte sublime. gestos de desafios e pelo estrépito das armas.
V. 5 INOBfA — Trombeta de guerra dos tupis.
Eram filhos de sua virgindade Os olhos coruscantes, que afrontavam V. 8 TAMUf — Herói da mitologia dos tupis; significa o
Os raios de Tupan, das fundas órbitas. Avô. e dele descendia a grande nação dos Tamoios.
Primeiros que no seio concebera, E" o Abraham dos Tupis, — Mitologia ou mito*
E ii.ocentes o peito lhe morderam. Fulminam de pavor os inimigos, dos tupis é expressão de Humboldt — Voyage am
Eram belos como ela. A tez morena, _ inspiram nos Tupis a força invicta. * nouveau rontinent — tom. 8, pág. 245.
Quando vibrada pelo vento a lança, T. 9 O MAIOR DOS OCEANOS — o Pacífico; e A MAIOR
Crestada oo sol, brilhava com reflexoê MONTANHA — os Andes. O Amazonas nasce na
Do cobre encandecido pelo raio. Na boca hiante Jreme-lhe o bramido, encobta oriental dos Andes entre 83* e 84» lat.
Negros os olhos, negros os cabelos, Como estilhas de rocha que fracassam; oeste, cerca de 100 léguas distante da costa do Pa-
Era assim que rangiam do guerreiro ciíico. e atravessa toda a América do Sul para vir
Como o basalto dos rochedos pátrios: lançar-se no Atlântico, com um curso de 1.300 le-
Rosto nu que moldava o pensamento Os rijos dentes no furor da pugna, Bu as.
Nas linhas do perfil. O talhe ereto, Y. 19 CATARATAS — «t cataractae eoeli aperta* sunt.
(Gênesis 7° XI).
Como os orgãs da grande cordilheira. Quando vòa do sul a tempestade. V. 22 OS CEM BRAÇOS — Os inumeráveis afluentes Ú9
Qual silvestre bambu vergava airoso; Antes que sobre o mar envergue as asas.
T.
Amazonas.
29 O MAR SOBERBO — Descrição do fenômeno da po-
Forma esbelta de serpe, em que se elava Cobre da Corcovado o largo dorso; róroca. Tentou-se na onomatopéia de todo esse
Do cedro a robustez, do tigre a forca. Mas entre a bruma surte o cimo altivo trecho imitar o estrondo das águas do mar repeli-
Almas rudes e ingênuas, corpo atlético, Que domina sereno os horizontes. das pela corrente do rio.
— Voyage en Ameriqtte
Fundido em bronze, escólpito na rocha, O povo dos Tupis antes que arroje Y. M O CONDOR — Condamine
Meridional, pág. 175: "Le fameux oiseau appellé
Tinham herdado de seu Deus o nome. Sobre o inimigo a sanha, lá rodeia. •eontur et par córmption condor que j'ai vu en plu-
Chamavam-se Tupis, heróis e filhos sleurs endroits des montagnes de Ia Province de
si ce m'a assuré est
se trouve aussi, qu'on
De Tupan, criador e pai dos homens. O grande abaeté, que sobrancetro
Quito,
vrai. da|is jes pays bas au bprd du Ma.ranon, J'en
Solta da guerra o mirai soberbo. vai vu t-laner au dessus d'un troupeau de moutons."
43 MAE DÁGUA — E* nas lendas populares do Brasil
Ensinou-lhes somente a natureza, Disse Iruama: — "Filhos de meu arco, T.
um espírito ou gênio, que produz a inundação, e
Uma ciência — amor; uma arte — a guerra, Fortes chefes e filhos de meus filho*, que a imaginação do povo representa na figura de
A terra em que nasciam, desvelada E netos de Tupi, primeiro homem, uma moça de prodigiosa formosura «com os olhos
verdes e as trancas mui longas.
Trabalhava por eles, mãe e escrava. Gerado pelo vento na palmeira; Y. 44 SUCURÍ — Cobra que devora um boi. Encontraram-
Asjiro tronco brotando entre penhasco*. Florestas de guerreiros que eu habito; se de tamanho e grossura descompassados nos gran-
Findo, em borbotões manava o leite, Tupan nos ama, pois nos manda a guerra,, < des rios do Brasil ao tempo da descoberta: hoje
tem-se extinguido. Alguns exploradores viram-nas
Que no peito materno, homens robustos, Da guerra vem a força para o corpo, maiores de 40 pés. Em várias provincias dão-lhe o
Sugavam inda infantes para o munia. Como vem da torrente a força dágua. nome de sucuriú ou siicurujuba; Gabriel Soares
Destilava nas lágrimas douradas, O sol trouxe o inimigo a nossos campo$ chama-a boiuna,
T. 4t ANIMALAM — Animalar «_ tornar em animal; e ant-
O beijoim as gomas recendentes, Mas há de aqui deixá-lo. como a sombra malizar é dar qualidade de animal- Igual diferença
Incenso o sassafraz. Perene a abelha Lastrando pela terra fria e negra. A Qtie existe entre humanar e humanizar.
De rosado licor enchia os favos: Não se acredita na geração espontânea da ma-
Quei Iruama e seus guerreiros queiram teria; esse modo de exprimir-se é apenas unia fl-
E cada sol, dos. cocos sazonava Qne o sol não morra sem que morra o ultimar'. gura para mostrar a desformidade dos répteis e ofi»
A polpa delicada e o fino creme. dios que se criam naquela região.
As vestes encontravam já tecidas Y. 53 SÉCULO DOS SÉCULOS — Per omnla secula século-
rum, etc. —, Ut Intereant In seculum seciril. Sal-
Na casca da niarima; e na plitmagem mo XCI. 8.
Das aves seus ornatos de ouro e púrpura, - Y. 94 CUJO HUMOR, etc. — O vale do Amazonas é aqui
Unia palmeira só dava à família A voz do chefe que a vitória ordena. tomado como a imagem do Brasil antes da desço-
berta: é a pátria americana, o sfmboto da .terra
Armas, sombra, alimento, fogo e vinho; Lá responde a pocema dos guerreiros. natal.
"Tupan! Tupan! Tupan! crebro rebrama 134 O espírito de Deus paira nas asas — Et spirituf Del
O teto da cabana, e as rijas malhas T.
Da rede, que embalava amor de esposo. Com possante clamor o povo e brande perebatur super ás uas — Genes. Cáp. I. if S
Os tacapes que embatem nos escudos. V- 138 No sopro criador que te. bafeja — Formavlt igitur
Doiuimis Deus hominem de limo terrae, et inspiravit
Raio de leite e mel, luz e perfume, Freme a selva Tupan; e de eco em eco " in faciem ejus spiraculum vltae et factum est hom*
A vida em flor, aqui desabrochavai Pelas fragas Tupan rolando, ao longe . In animam viventem — Gen. Cap. 2» v; T.
Tupan retroa; alem Tupan ribomba." Y- 149 E forma em cada planta um novo solo.
Os lábios a colhiam num sorriso. Aluzão A vegetação parasltica. tão exuberam»
Hão crestada por hálito ofegante; Soa então dos Tupis o canto bélico: em nosso pais, e que dá um aspecto original e novo
"O grande pai do céu manda a seus filhoa As florestas da América tropical.
Das bagas do suor não rorejada. Inimigos sem conta, como as ondas V. 147 A grandeza tu narras de um ser grande — Coeü
Até na morte a vida era suave enarrant gloriam. Dei Salm. 18 v. 2.
_ a (erra mãe; um áspide na relva, Mania aos rios e a flor à sapucaia. V. .WS Apenas tosco esboço desenhado...
De veneno uma gota; e vinha a noite Eles vêem nos trazer as lindas filhas Sobre -i rochedo, e simples urna fúnebre
"Entre o Orenoco e o Amazonas não ouvi falar
E dormiam do sono que não sonha. Que sonham noiva rede em nossas taba*. de um muro de terra, de um resto de dique, de-um
Aa, pátria, por que a vida tão risonha Vêem de sangue orvalhar os nossos campou túmulus sepulcral. As rochas unicamente nos mos-
Lhes fizeste; nâo luta, mas enlevo? Porque se enflore o pequiá da mata, tram. sobre uma grande extensão do pais, traços
E d$ cor de encarnado o cardo brilhe. grosseiros, que em tempos desconhecidos a mão do
Os olhos com teus beijos lhes cerrava», Vem aar-nos o colar dos alvos dentes;
homem traçou e que se ligam a tradições religlo-
sas." Humboldt 8 v. p. 249.
Que não vissem alem o mundo ingrato! Dos ossos o boré rijo e sonoro. Y. IM Que enxugavas da luz no régio manto — Amictus la-
Eles vêem como a seca folha dárvore, mine. sicut vestimenta — Ps. 103 v. 1.
Y. 125 Das índias a mais moça e a mais formosa.
Eram felizes no infantil conchego Que ao tronco já não volta em que nascera índias Ocidentais foi o primeiro nome dado «ao
De leu grêmio. Se a folha ji caduca E negro pó da terra o vento a leva. Brasil pelos Portugueses, para diferençá-lo das In-
Do cajueiro que despira os ramos, Quer Iruama e seus guerreiros querem dias Orientais.
V. 266 Nascera neste vale, extenso berço.
Alguma vez levava tristes luas. Que o sol não morra sem que morram todos", E' a opinião de Humboldt, quando fala dessa
"imensa Mesopotámia que se estende entre o Ama-
A nova lhe* trazia festa e júbilo.
A prole que em Tamandaré surgindo "O feroz Areski manda ao guerreiro zonas, ¦*» Orenoco e o Rio Negro". Vo!. 8a p. 136.
A tradição dos tupis que dominavam a costa do
Da voragem das águas, renascera, Inimigos valentes, como a onça Brasil no tempo da descoberta, rezava de uma eml-
Mais forte e vigorosa florescia. Manda ao jaguar, e o vento manda a chamai gração marchando do Norte para o Sul.
Da haste frágil sairá uma familia; Eles vem dar aos velhos a vingança; Y. I7f Onde cada nação plantara a taba
Taba — aldeia — Era para os selvagens nôma-
A familia medrara e fez-se tribu; Aos mancebos trazer nome de guerra. des, ou emigrantes o mesmo que a tenda do Be-
As tribus dividiram-se crescendo; Vêem os vôos medir às nossas flechas, duino: isto _. a pátria conquistada, o ponto de re-
E a grande raça, tronco já frondoso, O peso do tacape que brandimos, pouso das correrias guerreiras,
Pátria dizia-se cetama.
Que boiava embrião sobre o dilúvio, E do braço tupi a força inata. Y. 283 Dejéueres à semelhança de conjéneres — -Os adi*-
Formava cem nações, jovens, pujantes. Vêem do negro oitibó matar a fome, tivos passivos, tão usados na língua latina, são uma
Cem nações que cem chefes dirigiam, Porque de noite os sonhos não agoure; necessidade indeclinável na linguagem poética, cuja
concisão e harmonia não comporta o emprego *e
Reconhecendo os chefes um mais alto, Eles vêem como as águas da torrente palavras de muitas sílabas.
Pai dos povos na paz. senhor da guerra. \ Que ao seio mais não volvem da montanha Y. «Í54 Almas rudes c Ingênuas, corpo atlético
E se perdem na areia do deserto. Fundido em bronze, escõlpito na rocha
Sobre a estatura dos selvagens, leia-se Hum*
IX Quer Iruama e seus guerreiros querem — Viagem ao novo Continente.
boldí"Ces
Que o sol não morra sem que morram todos". Carifces sont des hommes d'une stature pe*-
Eram felizes. Quando o caso estranhe que athletique — Humboldt 7" p. 25T.
387 Chamavam-se Tupis, heróis e filhos
De espanto e horror encheu a raça heróica. As guerras inimigas se desdobram Y.
De Tupan, criador e pai dos homens.
E porque de Tupan conjure as iras, Pela imensa campina, como nuvem, Tupan — Deu? dos Tupis — Tu-panga — alma Oa
Manda o grande nbari, que o deus inspira, '¦ Pejadai dt tufão, igneas de raios, vida.
«313 Aspro tronco brotando entre penhasco*
Buscar a guerra ao cimo deu montanha*, Que chocando-se rompem nas chapada* Y.
Ferido em borbotões manava • leite,
E Irazè-la ia pátria ao seio virgem Da excelsa Ibiapaba. Utn estampido Que no peito materno homens robusta*
Para a seie aplacar ia terra amiga. Horissono. um fragor medonho e fero. Sugavam Inda Infantes para • mande. . <¦*
va**,
Voz ia turba, io mar, ia tempestade, A Arvore chamada pelos espanhóis pai*
Foi então que ias cimo* attanetros (Continua M página Ul
Do* Ande* iespenharam tut planície Beboa pelo espaço e vai rugindo,
___r;T^;*-__,_;._..i .-:T-___,
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T rw*"" ll "'""""liMH
giam os primeiros raios daquele so Alencar juntava a esse dom Os anjos puros de Deus
•gramle engenho; vi-os depois _ naturc2a ,]os assuntos, tirados
Amam, pesar de inocentes;
em lauta cópia e com tal es- da vida ambiente da história Mas tu, nem dos olhos meus
sol,
pkniliir que eram já um local. Outros o fizeram tam- '% 4Êjlt' ^[sa^aH ^[..............1^.......................^ A meiga prece consentes.
quando entrei na mocidade. bem; mas a expressão do seu J.
Gonçalves Dias e os homens do gênio era mais vigorosa e mais *Yf»S_!»»5__|p»»»»i » Em que te ofende o olhar
seu tempo estavam feitos; Al- intima. A imaginação que so- ' ' '-¦ *p_í____________3<_»»»'^^__^^B Que só de longe te implora?
sares ile Azevedo, como hvio brepujava nele o espirito dc Ao menos deixa te amar
era a lioa-nova dos poetas, fale análise, dava a tudo o calor dos Não ames, estrela, embora.
cera antes dc revelado ao imin- trópicos c as galas viçosas de
do. Todos eles influíam pro- nossa terra. O talento descriti Já é tarde... Vais dormirf
fundamente no ânimo juvenil vo. a riqueza, o mimo e a origi- Adeus, mas volta amanhã...
Ah! foges sem me sorrirI
que apenas balbueiava alguma
¦MHglII;;!^^;^-11- "0;-kOO0:'í-«lç|^P^
nalidade do estilo completavam
coisa; nus a ação crescente de a sua fisionomia literária. Boa noite minha irmãl
Alencar dominava as outras. A
sensação que recebi no primei- Não me lembro aqui as letras ZELUS
e
ro encontro pessoal com ele foi políticas, os dias de governo
f^ f. „ I - <]
dc Tenho ciúme
extraordinária; creio ainda ago- de tribuna. Toda essa parle Do ar
K que não lhe disse nada, con- Alencar fica para a biografia, E que
que gira
respira
tenlando-mc de fitá-lo com os A glória contenta-se da outra
O teu
olhos assombrados do menino parte. A politica era incompa- perfume
Heine ao ver passar Napoleão. tivel com ele, alma solitária. Tenho ciúme
a
A fascinação não diminuiu com A disciplina dos partidos c Da luz que bebe
as
o trato do homem e do artista, natural sujeição dos homens Nos olhos dllebe
cc-
Dai o espanto da morte. Não necessidades e interesses O brando lume.
o autor dc tanla inuns não podiam ser aceitas a
podia crer que "'•-"- ¦— um espírito que em outra esíc- Tenho ciúme
Tida estivesse ali, dentro de um A estátua Üe José de Alencar, na praça que tem o nome do grande Desse retiro
féretro, mudo e inbabil por to- ra, a dispunha da soberania — — — _ escritor brasileiro, na capital da República — — — —
dos os tempos dos tempos. Mas •Ja liberdade. Primeiro em Ate- Que ouve o suspini
« mistério e a realidade inipu- nas, era-lhe difícil ser segundo Do teu queixuine.
nham-se; não havia mais que au terceiro em Roma. Quando Tenho ciúme
enterrá-lo e ir conversá-lo em um ilustre lioniem de Estado
geus livros. , respondendo a Alencar, já en-
compa-
E M I L I A, - José ii Alencar Da flor, senhora
Que em ti ador?
tâo apeado do
Hoje, senhores, assistimos ao rou a carreira governo,à do sol- Celeste nume.
inicio de outro monumento, cs- dado, politica Não parava ai a íealdade da no talho do vestido, e sumir as
tem de pelos
te agora de vida, destinado a serviçosque ínfimos e passar pobre Emilia. A óssea eslru- mãos no punho das mangas, Tenho ciúme
dar á cidade, à pátria e ao ganhar os tura do talhe tinha nas espâ- Caminhando, dobrava as cur- De quanto existe
mundo a imagem daquele que postos gradualmente, dando-se duas, no peito e nos cotovelos, vas, afim de tornar comprida a Que me faz triste
a si mesmo como exemplo des-
«m dia acompanhamos ao cerni- sa leí, usou de uma imagem íc- agudas saliências que davam ao saia curta; sentada, metia os E me consome.
terio. Volveram anos; volve- Íiz e verdadeira, mas ininteli- corpo uma aspereza hirta. Era pés por baixo da cadeira.
iam coisas; mas a conciência uma boneca, descoujuntada a Tinha um cuidado extremo Estas duas poesias Ho gran-
humana diz-nos que, no meio givel, para o autor das Minas miúdo pelo gesto ao mesmo em puxar para a frente as lon- de escritor brasileiro foram pu-
de Prata. Um há que no-
das obras e dos tempos fugi- lar, entretanto, ponto tempo brusco e tímido. blicadas na "Cidade do Rio**,
naquele curto gas trancas do cabelo, que an-
«lios, subsiste a flor da poesia, estádio O autor do Como ela trazia a cabeça davam sempre a dansar-lhe, em 25 de fevereiro dc 18#(\
ao passo que a conciência na- Gaúcho político. carecia das constantemente baixa, a parte como antolhos, pelo roslo. Se acompanhadas da seguinte no-
eional nos mostra na pessoa do necessárias à tribuna* qualidade* mas quis inferior do rosto ficava sem- lhe falava alguma pessoa de in- ta:"JOSÉ'
grande escrilor o robusto e vi- ser orador, e foi orador. Sabe- pre na sombra. A barba fugia- timidade da família, não lhe DE AT.ENCAR —
»az representante da literatura mos se bateu lhe pelo pescoço fino e longo; voltava as costas, como fazia Presenteamos hoje os nossos
brasileira. que galhardamen
te com muitas das primeiras faces, não as tinha: a testa era com os estranhos, mas sentia leitores com duas produções
Não c aqui o lugar adequado vozes do parlamento. comprimida sob as pastas bati- logo uma necessidade invencível poéticas inéditas, de José de
à narração da carreira do aulor das do cabelo, que repuxavam de cocar a cabeça, acompanha- Alencar, graças à gentileza de
de Iracema. Todos vós sabeis Desengano dos homens e das
coisas. Alencar volveu de todo duas trancas compridas e es- da por um repuxamento dos sua exma. familia que nos ce-
que foi rápida, brilhante e cheia; as suas pessas. ombros. Eram modos de at deu para este fim os dois tra-
podemos dizer que ele saiu da queridas letras. As le- balhos do ilustre literato bra-
Restava apenas uma nesga vessar o braço diante do rosto
Academia para a celebridade. Iras são boas amigas; não lhe sileiro.- Escusado é querer leni-
fizeram esquecer inteiramente de fisionomia para os olhos, o e furtar o queixo, escondendo
Quem o lê agora, em dias e ho- nariz e a boca. Esta rasgava a assim o que lhe restava de fi-
brar que eles trazem a data de
ras dc escolha, e nos livros que as amarguras, é certo; senti-lhe 1857, época em que a poesia no
maxila de uma orelha a outra. sionomia.
mais lhe aprazem, não era idéia mais de uma vez a alma enoja-
O nariz romano seria bonito Muitas vezes o sr. Duarte Brasil estava longe de supor
da fecundidade extraordinária da e abatida. Mas a arte, que havia de ser o assombro
é a liberdade, era a força medi- em outro semblante mais re- zombava com terna ironia des que
que revelou, tão depressa en- catriz do seu espirito. Enquan- ses biocos da filha: de hoje. Ouviam-se por esse
trou na vida. Desde logo pós guiar.
Deixa estar, Miial... di- tempo as grosserias poéticas
mãos a crônica, ao romance, a ío a imaginação inventava, com- Os olhos negros e desmedi- de Gonçalves de Magalhães, e
critica e ao teatro, dando a to- punha e polia novas obras, : damente grandes afundavam na zia ele abraçando-a. Vou man- at roa vam os ares os grilos
das essas formas do pensamen- contemplação mental ia vencen do sobrolho sempit dar fazer para ti um saco dc
penumbra guerreiros de Gonçalves, Dias.
to um cunho particular e des- do as tristezas do coração, e < carregado, como buracos, ptla.-. lã com dois buracos no lugar Tinha passado apenas como titn
conhecido. No romance, que miçantropo amava os homens. órbitas. dos olhos.
relâmpago o gênio admirável
loi a sua forma por excelência. Agora que os anos vão pas- A respeito do trajo, que é sc- Tal era Emilia aos quinze mas antes
prosador que poeta,
• primeira narrativa, curta, sim sando sobre o óbito do escritor, gunda epiderme da mulher e
anos. embora ainda em embrião;
pies, mal se espaçou da segun- é justo perpetuá-lo, pela mão dessa flor animada, o Entretanto, soubera a aquele moço extraordinário que
pétalas quem
da e da terceira. Em três sal- do nosso"concluindo ilustre estatuário na- da menina corespondia ao seu anatomia viva da beleza, co- se chamou Manoel Antônio Al-
tos estava o Guarani diante de c'iom1 o livro d; nhecera que havia nessa meni- vares de Azevedo.
físico.
nós; e daí veio a sucessão cies- Iracema, escreveu Alencar esta Escritos naquele tempo de
cente de força, de esplendor, de palavra melancólica: "A jan- Compunha-se ele de um ves- na feia e desengraçada o arca-
variedade. O espírito de .Men- daia cantava ainda no olho do tido liso e escorrido, que fe- bouço de uma soberba mulher. verdadeira desorientação na li-
car percorreu as diversas p.irtes coqueiro, mas nâo repetia já o chava o corj» como uma bai- O esqueleto ali estava, só carc- teratura brasileira, as duas pro-
da nossa terra, o-norte e o sul. mavioso nome de Iracema. Tu- nha desde a garganta alé os cia de incarnação. duções do aplaudido romance-
'-
¦ cidade e o sertão, a mata e o do passa sobre a terra". Se- punhos e os tornozelos; de uni Ainda me lembro da cólera ta tem incontestável valor.
lenço enrolado no pescoço, e infantil de Emilia, quando, elas serviriam sem dúvida j«ira
pampa, fixando-as em suas pá- nhores, a filosofia do livro não de umas calças largas, que ar- primeira vez que estive com atestar a fibra poética que Jo-
gínas, compondo assim com as podia ser outra, mas a posteri- vi-
diferenças da vida. das zonas, e dade é aquela jandaia que não rastavam, escondendo quase ela, eu a perseguia dc longe, sé de Alencar possuía tão
toda a botina. chamando-a: brante e afinada, se já náo fo«-
dos tempos a unidade da sua deixa o coqueiro, e que ao con- se essa a nota que palpita
Minha noiva!
obra. trário da que emudeceu na no- Emilia ainda assim não pa- toda a prosa de Iracema, c
Feio! dizia-me então.
Nenhum escritor teve em vela, repete e repetirá o nome recia satisfeita. Estava cons- maioria dc suas obras, entre a»
atais alto grau a alma brasilci- da linda tabajara c do seu imor- tantemente a encolher-se, fa- E pronunciava essa palavra, quais — nâo somos o primei r<
s. E não é só porque houves- tal autor. Nem tudo passa so zendo trejeitos para mergulhar como se ela simbolizasse que o afirma — avultam algu-
at tratado assuntos nossos. Há bre a tena. o resto do pescoço c o queixo maior injúria possivel. mu de alto merecimento".
José de Alencar, político - Corta <ao Imperador O PAMPA - José ile Alincv
sistema representativo e o de- pelo menos sã e moralizada. Em
coro parlamentar exigiam a pior regime se elegeram a.cons- Como sao melancólicas e solenes, ao pino do sol, as vastas cam-
provocação às urnas. tituinte e as legislaturas de pinas que cingem as margens do Uruguai e seus afluentes í
A Câmara, representante ime- 1826 e 1830, assembléias nota- A savana se desfralda a perder de vista, ondulando pelas sangas c
**A honra é sempre a melhor diato do povo, exprime a opi- veis pfco. patriotismo e inde- cochilhas que figuram as flutuações das vagas nesse verde oceano.
política". Foi não somente uma nião atual do país, a opi- pendência. Mais profunda parece aqui a solidão, e mais pavorosa, do que na
bola frase, como uma obra glo- nião que vigorava desde o tem- Quando porem aconteça que imensidade dos mares.
E' o mesmo ermo porem selado pela imobilidade, e como qtie es-
riosa de Washington. Atual- po de sua eleição até o momen- a nova legislatura saia das ur- tupefato ante a majestade do firmam&nto.
mente que se desenvolve entre to presente. Quando o monar- nas contaminada pela venali- Raro corta o espaço, cheio de luz, um pássaro erradio, demandando
nós um fervor de americanis- ca entende que o bem do Esta- dade, ou se deprave na verifi- a sombra, longe na restinga de mato que borda as orlas de algum ar-
mo, seria para desejar que, an- do reclama outras idéias, es- cação dos poderes, dissolvei-a raio. A trecho passa o poldro bravio, desgarrado do magote; ei-lo que
tes dos braços e artefatos, tranhas às lutas existentes, é de novo, senhor, e sem hesita- se vai retoucando alegremente babujar a grama do próximo banhado.
transportassem de preferência preciso que a opinião se pro- ção, embora preste decidido No seio das ondas o nauta sente-se isolado; é átomo envolto numa
pnra esta América as virtuosas nuncie explicitamente sobre a apoio ao gabinete. Será um dobra do infinito. A âmbula imensa tem só duas faces convexas, o mar
tradições daqueles rígidos ci- nova política proposta pela exemplo de moralidade. A posi- e o céu. As ondas se agitam em nuvens constante flutuação; teem uma voz,
dadãos, que primeiro civiliza- corou. murmuram. No firmamento as cambiam a cada instante ao
ção que assumirdes perante a sopro do vento; há nelas uma fisionomia, um gesto.
ram a liberdade no novo mun- A Câmara anterior é anacrô- nação há de acordar a con- A tela oceânica, sempre majestosa e esplêndida, ressumbra pos-
do. nica para essa política futura: ciência pública. O país sentirá sante vitalidade. O mesmo pego, insondável abismo, exubera de força
A prosperidade material, que seu apoio não patentearia o que desejais reinar sobre um criadora; miríades de animais o povoam, que surgem a flor da água.
muitos sonham e esperam da voto nacional: o Senado não povo moralizado. O pampa ao contrário é o pasmo, o torpor da natureza.
colonização, das estradas de saberia qual atitude tomar. Por Essa insistência da coroa é O viandante perdido na imensa planície, fica mais que isolado, fica
ferro, da navegação dos rios, outro lado ficaria pairando so- legítima e salutar, apesar do opresso. Em torno dele faz-se o vácuo; súbita paralisia invade o es-
bre a fácil assembléia uma for- que pretendam certos terroris- paço, que pesa sobre o homem como lívida mortalha. Lavor de jaspe,
que fora sem a regeneração mo- tas. um balido na lâmina azul do céu, é a nuvem. O chão semelha a vasta
rai do pais? Matéria para a te suspeita de corrupção ou de extenso Por toda a parte a imutabili-
fraqueza. lápide musgosa pavimento.
combustão; pasto aos vermes. Um dos maiores políticos dos dade. Nem um baio para que essa natureza palpite; nem um rumor
A grandeza material deste im- É por isso que o Ministério de últimos tçmpos, Cavour, tam- que simule o balbuciar do deserto.
pério é obra de Deus. A exube- 30 de maio de 1862 subverteu as bem pensava que a dissolução, Pasmosa inanição da vida no seio de um alúvio de luzl
rância do solo, a força criadora fôrmas parlamentares. Inaugu- longe de ser uma violência à O pampa é a pátria do tufão. Al, nas estepes nuas, Impera o rei
do clima, hão de fazê-lo opu- rando uma terceira política, ex- vontade nacional, é o meio de dos ventos. Para a fúria dos elementos inventou o Criador as rijezas
lento infalivelmente. Do que tranha às duas faces da opinião imprimir à sua manifestação cadavérlcas da natureza. Diante da vaga impetuosa colocou o roche-
mais necessitamos é da gran- reinante no parlamento, não maior solenidade. Ele dissolveu do; como leito do furacão estendeu pela terra as iníindas savanas da
deza moral; das virtudes que provocou, como devera, o pro- em 1853 uma legislatura não América e os ardentes areais da África. ,
Arroja-se o furacão vastas espoja-se nelas como
ornam a juventude dos povos; nunciamento nacional. obstante a grande maioria que o poltro indômito; convolve a terra planícies; pelas
e o céu em espesso turbilhão.
e já mareamos nós, império de Qual foi a conseqüência? A' o apoiava; era necessário fazer Afinal a natureza entra em repouso; serena a tempestade; queda-se o
ontem, nos vícios «das nações nova legislatura apenas insta- sentir ao Senado', què resistia, deserto como dantes, plácido e inalterável.
decrépitas. lada repudiou o gabinete, de- a firmeza da opinião do pais E' a mesma face impassível; nfto há ali sorriso, nem ruga. Pas-
O primeiro ato do novo gabl- durando por tal modo que a a respeito da secularização dos sou a borrasca, mas não ficaram vestígios. A savana permanece como
nete, creio que será pedir-vos a nação fora governada cerca de bens eclesiásticos. foi ontem, como há de ser amanha, até o dia em que o verme "ho-
dissolução (ia Câmara. A expo- dois anos contra seu voto. Não tereis necessidade porem mem" corroer essa crôsta secular do deserto.
Bicão dos motivos desse decreto Os vícios do nosso sistema de insistir, senhor. Esta expan Ao por do sol perde o pampa os toques ardentes da luz meridio-
valerá ante o país com a dec!a- eleitoral, ninguém os descònhe- são veemente do espírito pú* desdobram-se nal. As grandes sombras, que nao Interceptam montes nem selvas,
pelo campo fora. E* então que assenta per-
ração formal e completa da po- ce; não obstante, sob a influên- blico a respeito de vossa augus- feitamente na lentamente planície o nome castelhano. A
"savana" figura
lit i ca inaugurada. cia regeneradora da revolução ta pessoa é nuncia de uma realmente um imensa vasto lençol desfraldado por sobre a terra e velando a
Ainda que a Câmara estives- Iniciada pela coroa e a ação de crise salutar que se há de ope- virgem natureza americana.
se disposta a aceitar a nova um governo justo, devemos es- rar sob o influxo da iniciativa Essa fisionomia crepuscular do deserto é suave nos primeiros mo-
ordem de coisas, a verdade do perar que a nova Câmara seja imperial. A nova legislatura mentos; mas logo após ressumbra tão funda tristeza que estruge a
corresponderá à situação; é vo- alma. Parece que o vasto e imenso orbe serra-se e vai minguando a
tara as reformas mais urgentes, ponto de espremer o coração.
apoiando francamente o gabi* Cada região da terra tem uma alma sua, ralo criador que lhe lm-
Correspondência de escritores nete, porem mantendo ilesa prime o cunho dae nutre originalidade. A natureza infiltra em todos os se-
sua dignidade. res que ela gera aquela selvs própria; e lorma assim uma Ia-
sociedade universal.
CARTA DE JOSÉ DE ALENCAR Deve aparecer no pais uma
mllla na grande
Quantos seres habitam as estepes americanas, Tem
oposição; qualquer que seja a mal ou planta, inspiram nelas uma alma pampa.
sejam homem, am-
grandes vlrtu-
perversão de seus instintos, des ess» alma. A coragem, a sobriedade, a rapidez são indignas da sa-
A LEONEL DE ALENCAR' desde que combater um gover- vana.
no honesto, será coagida a mo- ,- No selo dessa profunda solidão, onde não hí guarida para a defesa,
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í?>«^:TWÍ:^í:;r?: v ::::":-:í :>*"V ralizar-se para lutar com van- nem sombra para abrigo, é preciso apontar o deserto com intrepidez,
*^>_ «!•«*» *áU» ,«" tagem. Dizia o grande Pitt: "Se sofrer as privações com paciência e suprimir as distâncias pela velocl-
não tivéssemos uma oposição,
seria necessário inventá-la". Áté ¦> árvore solitária que se ergue no melo dos pampas ê tipo des-
O primeiro e grande beneli- sas virtudes. Seu aspecto tem o quer que seja de arrojado e desreml-
cio de vossa política será a res- desgrenhada,do naquele tronco derreado, naqueles galhos convulsos, na folhagem
há ums atitude atlética. lx>go se conhece que a arvore
tauração dos partidos e sua de- ia lutou com o pampeiro e o venceu, Uma terra seca e poucos orv»-
puraçào. A virtude reassumirá lhos bastam à sua nutrição. A árvore é sóbria e afeita ãs inclemên-
seu império; a emulação para cias do sol abrazador. Veio de longe a semente; trouxe-a o tufão nus
:V::.VÍ|:í*IÍÍv^:.Vf^V;.^«*^.. VL,,,, ^v.?R3»,,; /^ o bem voltará. As idéias atual- asas e a*irou-a ali, onde medrou. E* uma planta Imigrante.
mente sufocadas pelo egoísmo "em vez vÍob Como a arvore, são a ema, o touro, o coroei, todos os nlnos om-
poderão sair a lume; da savana.
das grosseiras ciladas da cor- Nenhum ente, porem, inspira mais energicamente a deserto, alma pampa,
rupção, os princípios combate- do que o homem, o "gaúcho'. De cada ser que povoa o bnos toma
rão com as armas leais e nobres ele o melhor; tem a velocidade da ema ou da corça, os do coroei
da inteligência, que não geram e a veemência do touro.
rancores. O coração, fé-lo a natureza franco e descortinado como a vasta
hr-.Vi cochilha* a pai;;ão que o agita lembra os Ímpetos do furacão, o mesmo
Eles sentirão a necessidade bramldo, a merma pujança. A esse turbilhão do sentimento era indi».
de buscar o apoio das diversas pensavel uma amplitude de coração, imensa como a savana.
classes do país, cuias tendên- Tal é o pampa.
cias formam as moléculas da Esta palavra originária da língua gulchua significa simplesmente
* ... .rf-i.-, ..— opinião. A agricultura, o comer- o plaino; mas sob a fria expressão do vacábulo está viva e palpitante
S^ÈÍsVVirMp o nom?, como o povo que o inventou. Náo vedes no
cio, as letras, as artes, terão a a idéia Pronunciai
cheio da voz, que reboa e se vai propagando, expirar no vago, a
¦xV::VrÍA^^^fc:í::r-!:VVV-rÍrV"?>,^.;r;:::;
':^^^^^^4^^i':'..i-^ par da administração voto na sem imagem fiel da savana a dilatar-se por horizontes infindoe? Nao ouvls
-%i.*i.*c'-*.-**ts- ~ -r.:^^- _-
e
causa pública, pesarão na ba- nessa majestosa onomatopéia repercurtir a surdina profunda e ineren-
lança social. côria da vasta solidão?
V.:P:£r^
Restaurados os partidos, o Nas margens do Uruguai, onde a civibzação Já babujou a virgin-
feudalismo das posições oficiais dade primitiva dessas regiões, perdeu o pampa seu belo nome ameri-
dá-lhes o nome de campanha.
desaparecerá para dar lugar à cano. O gaúcho habitante da savana,
verdadeira aristocracia do mé- -O GAÚCHO"
rito, corrigida pela opinião, e
renovada pela seiva popular. Ao
ciúme e egoísmo que aleijam o de a ter proferido; po-
talento, há de suceder a emu- fronte estará na altura de vos- mágoa rem ante a majestade não sou
P'r* / ,, PP lação que desenvolve as vaíen- so nome.
6 Brasil era. menor há vinte um homem; sou uma idéia,
tes inteligências. ela é uma instituição,
Os ministros notáveis nãc anos- ' porem estava então mais como uma força fatal e inven-
ofuscam o brilho do trono, an- domina alto porque na sumidade que Há
o trono brilhavam os eivei que impele as idéias a
tes o realçam. A história não histó- prorromperem através de uma
grandes nomes de nossa
ii^^^lilillilIBil^^Bll mostra um só grande rei, iso- ria
lado dessas vigorosas individua- dos restam.
lidades, que"o são na frase do aos
de qui bem raros e eclipsa- época, ainda quando o indivi-
A pátria valia mais duo que lhes serve de condu-
olhos e à conside- tor deva ser despedaçado. E'
sal da terra" e o raçãopróprios
m -"'"" p
• - pi evangelho
creme dos povos
das nações estrangeiras, um projétil que
Homens de grande mérito
arrebenta;
xái-o; a canhão arremessará
dei-
*P -. P:y-,,: Criai, senhor estadistas emi- alta .^ção eram enviados nas outros,
nentes; suas obras, como seus mj5S;jes diplomáticas, hoje qua- Não teem nome as idéias. A
* -{.j nomes, serão raios de vossa se abandonadas. verdade é o único batismo, co-
* <f^* ' glória. Desbastem-se as clientelas pa- mo a razão é o único foro, pa-
Quando os ilustres represen- ra se formarem os nomes glo- ra os indivíduos que se fazem
tantes da geração
„ . , _ ....
que vai su riosos, que atestam a existên- idéias, e se incorporam na mas-
mir-se, possam encher os seus cia de um grande rei e de um sa da opinião,
dias com uma velhice de Cha- grande povo. Eles são como as Minha individualidade nunca
Meu caro Leonel. tam e Palmerston; quando aos árvores gigantes que medram foi estorvo à censura. Se algu-
A corto que lhe escrevi em outubro foi parar no Amo- novos estadistas, que se estão nas encostas das altas monta- ma parte ela teve nos fatos que
zonas e naturalmente você terá recebido a cjue na mesma gastando em um doloroso atri- nhas. onde exubera o húmus a razão a frio condena, a culpa
ocasião escrevi para o nosso amigo Barão de São Leonardo. to de paixões acerbas, se ofere- da terra, e manam do alto lhe cabe, e mais grave que às
ça a longa carreira de Can- ricos mananciais. outras.
Ai lh'o envio como chegou com o do Borõo, onde você ning, Russell e Gladstone; e à Senhor. Não a defendi contra a pro-
verá a queixa que tem suo. Escrevo-lhe, é um bom amigo. mocidade brasileira não se an- O penoso sacrifício está con- pria conciência, não a defende-
Seu irmão amigo, tolhe um sonho impossível a sumado. rei agora de vossa justa seve-
rápida ascensão de um Wil- Muitas vezes arranquei a ver- ridade.
JOSE' DE ALENCAR. liam Pitt ou Robert Peel; a dade do coração rebelde que a 24 de janeiro.
3-Janeiro-1875. coroa que tos cinge a augusta recusava; outras mais senti •
'¦: -í.^wisiVíiUiàLá
¦^V.iV.-,.,J;V:-.-_.j!:-pí; i::-- .- -¦ -:-:'¦¦ Vr.,v .,'.*'-¦ .-.-r-V-P-p :^i-^-£~ --J-.rV-:ki.VlVV5!Í
j :.¦;¦¦j"T;:;'í"
José de Alencar,
— A dgriCUltUrd
José de Alencar, orador J cínwr| ^ Depnlados de J * Mait •> 1871)
jOmâliStd (DJs£wsa ^ a vjJíe||| i(B))íria| ^y, M swsâ, u
O Brasil é um pais essencial- um tacanho regime aduaneira ": descendeis. a perda da torça primeira • segunda regência
¦lente agrícola. e, portanto, a obra longamente Estou me alongando de mais; moral". Em ambosmenos, o« casos o eletiva,
destinou trabalhada dos nossos financei- mas ao da
A natureza o para porem, senhores, receio náo po- suicídio;
resistência é glorioso!
essa nobre indústria, dotando-o ros. de braços, der voltar a esta discussão, e não Bem sei que este argumento
de um solo vasto e ubérrimo, Falta de capitais, Câmara terá a condescendên- Eu. portanto, senhores,
em cuja área se encontram to- de transporte, de estas estudos pro- cta d" ouvir mais algumas con- sou levVdo pelo receioa necessi- de uma muito incomoda aos sustenta-
fissionais, todas causas defender dores da regência do direito di-
dos os climas. síderacões em relação à quês- dissolução a há algum vino; eles nao admitem o para-
A índole e os hábitos de seus apontadas do atrazo de nossa mas tão Não convém que passe des- dade da restrição. Se existência Como comparar o regente
lavoura, não sao causas, a leio.
primeiros povoadores desenvol- única: a nossa wcebidonôpa™amentooexa- meio de prolongar hereditário com o regente elei-
Tciam essa disposição origina- efeitos da causa me ne assuntos oue tanto in- desta Câmara, é justamente
ria, criando as lavouras que ignorância econômica, ou. an-
SrcíamTcausaTúbUcT que nos oferece o governo:e con- O membro é vo- to? O príncipe com o cidadão?
ainda hoje são a única fonte tes, a nossa índole rotineira. da dinastia com um
Em verdade, nao era Kbdeci a competência da ?ar a proposta imperial ele- plebeu?
importante de nossa produção. precisa
um assembléia para restringir a re- sagrar a revolução social do
O regime colonial, com toda a ciência para mostrar que gência do principe imperial, da mento servil. Quando ouço, senhores, con-
a sua brutalidade, não contra- pais, onde o fisco aia vida encare-
herdeira presuntiva da coroa; Ca30 pas5asse uma emenda síderacões desta ordem, duvido
riou nunca, antes protegeu a cendo gradualmente pela mas nâo basta; surge a quês- restrmgindo o exercício daa de mim, e julgo-me transporta-
seu modo o espirito agrícola exorbitância dos direitos de tão de conveniência, que mui- atrlDUjções majestáticas da re- do a alguma Rússia ou Turquia
das suas possessões americanas. consumo, devia necessariamente to freqüentemente em nosso êncja a câmara seria imedia- onde se fale português. (RLso).
Não por zelo de nosso futuro, empobrecer em cabedais, em país costuma prejudicar a quês- j^^nte dissolvida, e outra con- Pois no nosso pais essencial-
mas por favor às fábricas e braços, em trabalho, e ate em tão do direito e do princípio. Yocada para revogar aquilo que mente democrático, em que to-
manufaturas do reino, foram estímulos. Convém conceder á princesa houvéssemos feito, e dar à prin- do o poder tem a sua raiz no
proibidos no Brasil certos ofi- O que admira e que ele tenha imperial o uso pleno das prer- cesa imperiai a plenitude do po- povo. donde tira sua força e
elos e acoroçoada a lavra das resistido à compressão de seme- rogativas majestáticas, como der ' pois t)enl. eu sinto não ter, legitimidade, se podem susten-
terras. lhante sistema e a po»to de está consignado na proposta? yez d0 meu único, cem vo- tar, a nào ser por notável aber-
Estava reservada ao governo ainda ser atualmente no mer- Não, senhores, não convém; ^ ara provocar o poder ração, semelhantes paradoxos?
constitucional a triste e ingrata cado universal o primeiro pro- e não só não convém, como há essa dissolução imediata. Sinto Há no Brasil quem pretenda
missão de combater surdameu- dutor de café. nesse alvitre perigos mui sérios d0 mais proiUndo de minha ai- provar a superioridade de uma
te, pelo mais absurdo sistema Mas as circunstancias se para o pais ' Para a dinastia. m> porque assjm preparava ao regência hereditária sobre uma
econômico, o incremento dn agravaram de modo que, afinal, Vou entrar no desenvolvimen- meJ| partid0i ou um grande eletiva?
nossa indústria, desviando o os poderes do Estado agrícola, se pre-
to desta tese; mas para que o triunf0 on uma queda gloriosa, Por que serlhores, neste pais
trabalho de seu curso natural. ocuparam da questão possa fazer com plena isenção Se„hores. é no próprio inte- „ rei e rei, e „ príncipe é prin-
Proclamada a independência, que é, sem contestação, o nosso de espirito, devo pnmeiramen- resse da aügusta princesa impe- cipe? Porque a naca0 o quer.
não era possivel que se organi- máximo problema econômico. te arredar uma suspeita que na fla, que e(1 entendo que se deve (Apoiados). Pois é este o mes-
¦assem logo as nossas finança.!, Depois de uma grande osten- de surgir, se ja nao surgiu. restringir o exercício da regen- m0 pri„cípio, é este o mesmo
sobretudo quando as dissipações tacão de inquéritos e relatórios, Entre as atribuições majes- ^ ge a diss0lução é sempre ütu)0 da legitimidade do rc-
do primeiro império, menores coín que se pretendeu arreme- táticas figura a de dissolver o um aU) grave que abaia 0 país, gmte eietivo, com a diferença
todavia que as atuais, exauriam dar. mas só na papelagem, as parlamento, uma das mais gra- quant0 mais na0 0 será exerci- de que n0 regente hereditário
tesouro, e o obrigavam a re- práticas inglesas, votou-se uma ves e importantes funções da da essa atribuição por uma re- predomina apenas um acidenta
correr aos expedientes ruino- lei chamada de auxílios á la- realeza, e uma daquelas que, a gência efêraera? Imaginai qual de nascimento, e no regente ele-
•os. voura. exemplo da lei de 14 de junno n&0 ^^ a iIritação do partido tiv0 na a raanifestação solene
Mas o prurido de mostrar Triste epigrama! de 1831, deve ser restringida. decald0, sobretudo se o entrar da nação. um reconhecimento
proficiência econômica fes co- Para sanar os efeitos de um Esta opinião, senhoras, nao & crença de que na0 ^ realiza- powico dos dotcs morais, do
piar dos livros franceses sofis- regime econômico, filho da res- faltará quem a atribua ao re- rfa esse golpe de estado se es- civlsm0 das virtudes do cida-
mas refutados pelo simples trição e do privilégio, a ciência ceio da próxima dissolução. tiyesse a testa ia gOVerno pes- dâo e ela ergue a0 primeiro
bom senso, e rotinas sem apli- financeira do nosso governo não Embora eu considere esta au- soa mais experinientada, o ver- cargo a cui>uia do poder,
eacão ao nosso pais. achou outra coisa senão um gusta Câmara e cada um dos dadeir0 SODerano?
Um dos sofismas foi esse de odioso monopólio! seus membros muito superiores , «.anarquista sin- •••••• ''•• ;v •¦•
^ue os empréstimos são fontes O poder já invadiu tudo. Dc- semelhante suspeita não só a ms- Tenho, senhores considerado
de renda, axioma preconizado pois de absorver pela centrali- — ceio oue defendo
O sr. Coelho Rodrigues tituiçao como a dinastia, hei de a. examinado questão por todas as faces,
pelo marquês de Abrantes, zação a vida política e admi- Apoiado. aqueles argumen-
ele O sr. J. de Alencar — ...en- com o meuToto concorrer par» e
quando Calmon, e chefe da es- nistrativa das localidades, tâo de pe- tos que me ocorreram e que sao
inaugurou neste pais começou a lançar as raizes do tendo que é de meu dever re uma situação prenhe
eola que Has rigosV,i Não senhores, por for- geralmente apresentados em
sem fabricas e sem manufaturas enorme pólipo pelo campo peli-la. Quanto a mim especial sustentação da opinião que
O regime protetor dos velhos Es- relações civis. mente, confesso que *—'¦ alguma. E cumpre não es- combato^ se outros forem pro-
Monopolizou o crédito; avas- * pros: ,TeceranprovocaçàoP,ue o gã-
tados europeus. voltar para a oposição rór'» E,h/i
------ de 7 .vi.indo mkreo acaba de-
rte março
de de- duzidos na discussão, e eu pu-
Então a escola da livre per- salou o comércio; subvencionou seguir nesta tarefa ímproba que binete • nue se der, voltarei a tomar parte
muta combatia em França essa a indústria; e domina até as me impús de combater meus tog»"Mguj ^da^níe nela. .
liberais pelos privi-
«busão econômica dos governos profissões légios quê reparte entre os seus
amigos, in, estão do elemento servil. Se me fosse permitido, agora,
*
que pensam desenvolver a In- favoritos. O Ministério da Agri- Realmente, senhores, quando £" .enhores desde que uma desta tribuna, onde soà devo fa-
"rg0
dústria nacional encarecendo os
cultura criou duas novas cias- vejo ministros conservadores, » incandescente, uma 1« á nação, dirigir augusta
produtos similares de procedên- ses; os advogados administrati- esquecidos dos compromissos JJJ "*"cov" eravissima, é — assim lan- princesa imperial, que vai bre-
cia estrangeira. solenes com que nhimns
subimos on
ao nn-
po na5arena, cumpre que es-
— «mente
vem ente iWB-te império, ti-
Imperiais.
Era essencial que o Brasil tl- vos e os literatos a agricultura. influèn cada
der, transigirem com a influèn- "" chefe d0 estado, gumas palavras, eu lhelhe diria
Tesse também um sistema pro- EmRestava todos
porem
os tempos e em todas cia indébita da coroa; quando fomentou, para muito respeitosamente:
tetor, como depois veio a ter as nações, sempre essa classe vejo nesta situação, que se pro recuar, se ainda for tempo. Dar "Senhora, não aceiteis o pre-
contencioso administrativo,_ e distinguiu-se sua indepen- clama conservadora, um pro- à augusta princesa Imperial sente funesto que vos querem
outras exóticas importações, pela grama de governo, do qual dizia exercício pleno das atribuições fazer. A nação vos chama à re-
isenção, como seus
jem o que não seria uma nação dència e de ordem e por morali- ontem um nobre senador pela majestáticas, é animá-la a re- gência, mas não sois ainda a
Civilizada. princípios Baía que parece foi escrito em •* do elemento soberana; não podeis assumir o
dade. lyer.. questão exercício pleno das atribuições
Mas o que havia a proteger 1867, verdadeiro anacronismo sc""-
neste país sem riqueza fabril? Em nosso pais era ela talvez "-'" ~-™«-
politico; quando majestáticas. Neta do fundador
Entendo eu, porem, senhores, deste Império, inaugurai
Os nossos financeiros nao se a base única de uma resistência -—- - ... 1 „^t„ uma
esta ,„U« das. rf«s Qjestoes
miestõM ^ . ovos-
preocuparam com essa baga- legal e pacífica, mas perseve- ardentes de nossos adversários, que ^ >
aquelas que nós combatemos na que nao podei» ser re«"v'^«
tela; e quando pelo diante a rante e enérgica, às invasões do fecundo exemplo. Sujeitai-vos a
anomalia tornou-se flagrante, poder. Com sua costumada sa- Sto£ -«-». <* J« vigoíou.paar a
tomaram um engenhoso expe- gacidade a coroa viu o perigo, v1torDro^dSrpaer10quqeUomaeÇu StfwSSTfeSSSSto
diente. e encampou também a indústria partido torne à oposição e ve- ria
rtXto™e0|Po^siqçiÕ°.mv^ digno_e,e nem conveniente rS^^S
"» "'>*"";^^''«"âfrantam cumprimento da Constituição
Como faltava a indústria par* rural. nha lutar no mesmo campo on- para o pais. Nao se aironwm h\ djf riu
#er protegida, cuidou-se em Criou-se uma agricultura ofi- de esteve em 1867 e onde eu crises desta ordem com interl- c^Vè o cidádão^^rque ambos
criar, por meio de loterias e ciai. ainda me acho nioaaes. são súditos da soberania nacio-
subvenções, umas fábricas enfe- Eis o único sentido e o efeito Senhores, esta Câmara talvez se pode haver algum perigo nal identificai-vos assim com
«adas, que servissem de pretex- único da lei chamada de auxí- ignore que a sua sorte está es- mais sério do que a resolução 0 Y0SS0 ^o e ^^ ,eito em
to às enormidades da tarifa, e lios à lavoura, a qual, se ainda crita no livro do destino. Ainda precipitada da questão do ele- uma hora a bem do país a bem
dessem aso a falar-se enfática- não produziu todos os males de lhe restam alguns dias de vida, mento servil, é sem dúvida esse da instituição monárqulca, e da
mente no parlamento — da in- que vem pejada, é porque o quantos forem necessários para de sua resolução na ausência Vossa dinastia mais do que
dústria nacional. mercado monetário de Londres prestar um serviço relevante, do chefe do Estado.outros fizeram 'em muitos anos".
Os nossos financeiros teem a retraiu-se, espantado ante a paia cobrir com sua responsa- Uma voz: — Apoiado. Vozes — Muito bem, muito
Ingenuidade de crer que o sls- nossa prodigalidade. bilidade dois fatos graves; a O sr. J. de Alencar — Que- bem.
tema protetor, ou, por outra, a viagem imperial e a emancipa- rem resolver a todo transe a
Quando, porem, cada provín- çào do elemento servil. do elemento servil? Se-
«levação das taxas, aumenta a cia, ou cada município, tiver o
leceita; e como eles não cogitam seu engenho e fazenda centrai, Quando o partido conserva- questão lógicos; chamem ao
dor tiver feito prova desta aqueles que iniciaram a poder
jam
do povo e sim do fisco, estão subvencionados pelo governo, a
convencidos que não há outra máquina administrativa ficara
ciência alem dessa de fintar montada; e as lavouras serão,
bastante os gêneros de maior como as outras empresas, meras
consumo. »
a d mi ravel condescendência; tão,
que devem
quando ele perder o direito de alcance, que podem contar com |
acusar os promotores do mal, um
quês- |
ter medido seu
partido compacto em favor
porque terá aceitado a sua cum- dela; que devem em suma car- |
p ¦Blllpi
Assim radicou-se em nossa Públicas.
administração o funesto regi-
secções do Ministério das Obras
Tal é o estado desanimador
plícidade; então será encostado
como instrumento perro. Isto, dade.
senhores, não é uma conjetura;
regar com sua responsabili- |
|_
Acredito que se os conselhel- |?
|
WmsJKÊm
me; e se fosse possivel chamar de nossa agricultura. Entretan- é a verdade estampada na fisio- ®
à barra da nação todos os mi- to, para os males que a acabru- nomia da situação; é um pro- ros da coroa tivessem submeti-
nistros que o defenderam e con- nham, como para os que afii- grama de governo consignado do ao soberano estas e outras
solidaram, nenhum, estou certo, gem o país em geral, há um re- na fala do trono. considerações, Sua Majestade
se mostraria contrito dos males médio; remédio tão simples e Com efeito, exigir desta Cã- houvera refletido muito seria-
causados por tão grave erro. desprezado, como eficaz. mara conservadora, desta Cã- mente antes de expor sua au-
Talvez ao contrário se apre- E' a liberdade. mara composta de cidadãos que Busla "lha às tributações de
sentassem ufanos de sua obra, Mostraremos depois como, ao combateram a idéia da eman- uma regência em situação tão
c reclamando as bênçãos da pá- seu influxo poderoso, sem tu- cipação do elemento servil; arriscada,
tria pelos serviços prestados tela nem subvenções, a nossa desta Câmara que sustentou Já afirmei à Câmara que não
com sua gestão. lavoura surgiria do abatimento Ministério Itaborai, e o ano há exemplo de regência ilimi-
Entretanto, o erro aí est* pa- e declínio a que chegou, para passado lhe deu um voto de tada; citei a lição histórica dos
tente; e a decadência da nossa tomar um novo e vigoroso im- confiança para tranqüilizar os paises constitucionais e abso-
agricultura, confessada pelo go- pulso e com ela todas as indús- ânimos; declarar a esta Cama- lutos, os precedentes de Ingla-
Terno e apregoada no parla- trlas do pais, atrofiadas pelo ra que é tempo de resolver terra, resta-me citar o nosso
mento, não é outra coisa senão atual sisteriia financeiro. questão, eqüivale a dizer: "Se precedente, a lei de 14 de junho
conseqüência lógica e fatal de (D™0 Protesto"). resisti.'!, a dissolução; se con- de 1831, que vigorou para a Alencar ao lim 0* tua vids
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"clichês",
Nestes dois estão as últimas relíquias do criador de Ceei e de Iracema: um deles :
túmulo em que ele
nos apresenta a máscara mortuária do romancista ;o outro nos mostra o
dorme o seu eterno sono, na necrópole de S. João Batista. Ií*7*
"MAE"
José de Alencar, teatrólogo - (Cem liai) di ato leicein)
CENA XIII JORGE JORGE JORGE
Morta!..
DR. LIMA, GOMES e JORGE Acabe, senhor!... ELISA Fala! Falai
GOMES
JORGE Minha boa Joana!... JOANA
Esse casamento nio é mais possivell
Vlu-a, doutor?... Não a encontrei!.., JOANA E' um atrevimento!... Mas eu queria
Procurei tudo! JORGE Escute, iáiá, Elisa... E' a última coisa antes de morrer... beijar sua... sua tes-
Ah! que lhe peço... Iáiá há de fazer meu ta, meu nhonhõ!...
DR. LIMA DR. LIMA nhonhõ muito leliz!... Me promete?...
Queira a ele tanto bem, como Joana que- JORGE
Sossegue, Jorge! Deve ter saido... Ela Por que razão, si*. Gomes? iia... Mas, nem iáiá nem ninguém po- Mãe!...
nada sabe ainda! Seja prudente... Não <Í3... não!.., JOANA
lhe anuncie de repente!... O choque po- JORG
de ser terrível!... JORGE Ah!... Joana morre felia.
JORGE Porque não reneguei minha mãe.
Minha mãe!... Porque foges de teu
JORGE
Não me sei conter!.,. Quero abraça- GOMES filho, apenas ele te reconhece?
la'... Minha mãe!... Que prazer su- Sr. Jorge, eu o estimo... porem... Abandonando seu filho
premo que eu sinto em pronunciar este JOANA
nome!... Parece-me que aprendi-o há JORGE Adeus, meu nhonhò... Lembre-se às JOANA
pouco!... vezes de Joana... Sim?... Ela vai re-
GOMES Tem razão, sr. Gomes!... O senhor zar no céu por seu nhonhõ-,. Mas aa- Nhonhõ!... Ele se enganou!... Eu
Br. Jorge. me julga indigno de pertencer à sua fa- tes eu queria pedir... não sou tua mãe, não... meu, lilhol
JORGE milia porque eu sou filho daquela1 que se (Morre).
vendeu para salvar essa mesma honra JORGE
Ah! desculpe... Esqueci-me que es- em nome da qual me repelel JORGE, de joelho»
tava aqui... O que acabo de saber... Que, mãe? Pede-mel... Minha mãe!...
GOMES
GOMES JOANA ELISA
Penalisa-me bastante, crela. Mas não é... não!... Eu juro...
Nhonhõ não se zanga? E minha, Jorge!...
JORGE DR. LIMA
JORGE GOMES
Oomo, sr. Gomes? Joana!... Deus nos ouve!
Eu sou teu filho!... Dize!... Uma vez Ela abençoe tão santa união!...
GOMES JOANA ao menos... este nome.
Sinto muito, porem... O senhor com- Por Deus mesmo... E?e sabe porque DR. LIMA
(jreende a minha posição... As conside- digo isto!... Por Deus mesmo... juro... JOANA
•rações sociais... que... Ah!... Ah!... Nâol... Não posso! E me perdoe o mal que lhe fiz!
JOSE DE ALENCAR, POETA {Continuação da página T) | os avisos que de parte a parte fazem umas e outra?
e no Pará Arvore de leite, da família dos sapotl- T*-amana-rl — o que veio depois da chuva aldeias quando hâ novidade que participar aos alia-
seiros. O leite tem todas aa qualidades do leite V. 420 As turbas dos Oromos, gente bárbara. dos quo estão mais distantes. De sorte que a pri-
animal. Os Oromos — Tribu da grande nação Yurakarè, meira aldeia que ouve o sinal do Trocano o parti-
As vestes encontravam já (ecldai pertencente ao ramo Antisiano da raça Ando-Pe- cipa à outra, sua Imediata, fazendo o mesmo sinal
Na casca da marlma ruviana. Es^a tribu habitava os Andes Orientais, e assim em breve tempo se avisam ainda as qua
A árvore das camisa-:, embirit!, da qual se tiram nas cabeceiras dos rios Para e Ueaialy afluentes do estão mais remotas. Gonçalves Dias — Dicionário
panos de 5 a 6 pés de largo. Vide Gabriel Soares. Solimões ou Amazonas. Tupi.
Roteiro do Brasil. Marima segundo Humboldt 8* Os Yurakarês eram de grande estatura; mediam O prudente Iruama, o grande chefe
vol. pá,-. 188. 1 metro e 7fi cenüm.,.5 pés e 5 polegadas. Iruama, derivado de I-rub-rama — Ele há de ser
Uma palmeira só dava à família Yurakarè vem do yiirak — branco, e kari, ho* pai, na língua túpica.
Armas, sombra, alimento, fogo e vinho, etc.
"E' curioso ver no mais baixo mem — na língua chichera. V. Orbygny — L"hom- Solta da guerra o mirahl soberbo
grau da civili- me sméricain. Mirahl — significa em Guarani o discurso —
zaçüo, a existência de toda unia povoação depender V. 422 Correu a flecha, núncía do combate Gumilha — O Orenoco, 1» vol. pág. 310.
de uma só espécie de palmeira; à semelhança tleiEPS Gumilha. no seu Orenoco, trata da irmandade Mira — multidão, de imira — floresta.
insetos que se nutrcmfcxclusi vãmente de uma flor, das nações indígenas para a defesa comum. Os men- Jê — é o verbo dizer. (Discurso da multidão),
ou de uma mesma parte de um vegetal.'* sageiros, diz ele, dão aviso da guerra em silêncio, E netos de Tupi, primeiro homem •
Humboldt. V. au N. C. 8o vol, pág. 584. deixando uma flecha cravada em lugar público, Tupi — o Adão dos Tupís
A palmeira a que se refere Humboldt é o mn- Este aviso chama-se correr a flecha. Tu-ypl — primeiro gerado do vento, ou do trovão.
rlehl, de que os indígenas tiravam vinho, farinha, 1.° vol. pág, 134. Porque se enflore o pequiá da mata.
fios para a rede, e folhas para cobrir as cabana-, V. 423 O trocano mandou ás longes tabai Pequli — árvore brasileira, cuia flor é ewarlate.
pelo que a chamavam — árvore da vida, A voz 'Io chefe. Aos mancebos trater nome de guerra
A príile que cm Tamandaré surgindo Trocano, diz Ferreira, era o instrumento de Nome de guerra — *Costuma-se entre os Tupi"
Da voragem das água*,.. guerra de quase todos os gentios do Pará, como o nambás, que todo aquele que mata contrário, tom»
Tamandaré é o Noé dos Tupis. Segundo a tra- havia na aldeia antigamente chamada de Troca- logo nome entre si, mas não o din senão a seu
dlção salvou-se no alto dt uma palmeira. U. da no, hoje vila de Borba. Serve às gentes de caixa tempo, que manda faw grandes vinhoa". Gabn«
Vasconcelos pág. 48. de guerra para as suas chamadas • tambem para Soares, Cip. 170.
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"A MANHA» - VOI.. K DOMINGO. 11/1/lsMf j/%.
PAGINA 14 SUPLEMENTO LITERÁRIO PE
DA CRI-
A' MARGEM
Pensando em Dânte - d. mt*™ TICA DO SR. ÁLVARO
"CHOVE
Salvador de Mendonça e a
LINS SOBRE limvsto
Da tua grande existência so- iras, cercado do asfalto...
Maria, qae motivo tirarei para darias. Longe
de castelos e esca- NOS CAMPOS DE CA-
-OllU^IL»'*
arbitrasem obrigatória Feder
a minha pequena meditação' Reflitamos um pouco. Aquilo
Talvez esles versos ardendo de que f0i a vida inteira de amor, Múcio Leão, em seu "O notável aos bons ofícios de potência
vida misteriosa na pasma oue dedicação, sacrifício sem paga, Dalcidio Jurandir discurso acadên.ico es- amiga antes de lançar mão dus
abri ao acaso: anos de procura e estudo, dias ume de- forçado diplomata do Impe- armas, e tanto quanto o pernú-
Não quero insinuar a<.-ít
perdidos, noites indormidas. íesa de meu'¦aclioeiraromance "Chove tios rio e da República", estam- tissem as circunstâncias".
"Suplemento Beni se compreende que, etu
-Maledetta tua culta campos d . em lace da pado no últin.o
"tristizia e voglta aguda e iesinleressada critica do Literário", realça, com ra- 1856, durante a alta tensão da
chi Insinuo cotanti sonni invn- ir Álvaro Uns. Seria ridículo, nessa ine-
zao, o papel
'.ecisivo
que política européia, às vésperas
íno"... di sospirare e di morir di pian- lica' e cruel. Sim, porque In desem- das guerras de 1859, 1864, 18ri.i,
[fo-', espécie de defesa uma crueldade Salvador de Mendonça 1870, as velhas monarquia.- da
mesmo sem penhou na questão da arbitra-
que o autor impõe a A s: defesa nuo »em obrisatória da Primelia Europa se contentassem com
De tua obra qne primeiro se- vantagem alguma. esta fórmula tímida e inócua.
conquls- eslu nas intenções ou no amor que Conferência Pan-Ainericana. O
parou, pela lingua e pelo espi- renuncia a prazeres e seu Uno dedica. Um es- assunto é da mais alta impor- Menos se percebe porque e que
rito, o mundo antigo do mundo tas, conjorinação à pbreza e à o autor ao se defende ou explica a o do Brasil, em vez de
moderno a que deu nascimento, solidão, na luta obscura do lio- critor que uma atualida- governo
de tância e espelha
até sua obra t rmina sempr-, ao fim incandescente. Fora, talvez, Inspirar-se nas tradições ame*
qus trecho escolherei para dele mem contra a palavra surda -Color sua de/esa ou de ua explicação, soli de narrar os prelúdios ricanas que, há meio século ti-
tirar o exemplo que me venha tirar-lhe um puro som: a terrível conciència de sua defini- interessante nham a instituição da arbitra-
servir de tema ao pensamento? d'amore...", o verso inspirado Uva fragilidade, de sua ignorância, desse resultado definitivo, pre- em conta de verdadeira
Sdo tontos: pela contemplação da mulher de sua hesitação no que tentou ou lúdios a que não faltam porme- gem
pretendeu fazer. nores pinturescos. garantia da paz continental, se
que passa : Nào me considero maguado com O convite a essa primeira preparava pa.a seguir o mau
mOmo da sé vertti fatto ha ton- as afirmativas tio sólidas da en- em Washington, exemplo europeu. Mais incom-
saisla de -Hislória literwia de Eca Conferência,em 1889,
Itana, -come una donna
de Queiroz". O crítico deixa en- formulado, pelo gover- preensivei, ainda, visto que os
•mo no, mala üestia clfom so- che fosse latta duna bella Brasil ha-
pe-
trever uma boa vontade comigo no dos Estados Unidos, indica- dois imperadores do
Imiglia", „uj;] viam, firmado nu-
que me surpreende. Nem me jul- va, como ponto do programa, mevo dejá, tratados de grande arbitragem
e/ar ia ofendido se o meu romance um acordo tendente a um plano
fosse por ele negado totalmente. definido de arbitragem „pam com potências européias e ame-
o nascimento de ra poema a Devemos guardar em todos os de- O governo i.cuiiuò. as instruções categóri-
esqw.na de uma rua noturna, bates da nossa desgraçada e pito- todas as divergências. o cas do governo atavam as mãos
respirando o ar, a lingua, resca vida literária, em todas as imperial do Brasil, aceitando
mL'e$'tgliot cha rp'e dato, anor tudo repre- dos delegados que, tal fosse o
a cidade ein que se vwe, e se controvérsia* em que tudo se pode convite, instruiu os seus
Uni teqtto". ama : negar ou aceitar, uma silenciosa e sentantes Lafayette Rodrigues caso, só teriam que se opor ao
infatigavel dignidade intelectual. Pereira, Amaral Valente e !3al- projeto norte-americano.
Em questões puramente literárias vador de Mendonça no sentido A Conferência de Washington
Um que Idioma falado hoje •y não deve laver melindres nem "manterem a adesão daaa ainda não iniciara a discussão
.. vidi cose dubitose molto, é vulgar nte, de
mo mando encontrarei mais r.el vano imaginare ov'io entrai; ódios, essa afirmação >e ütura é mai» ao voto do Congresso de Paris da arbitragem quando foi pro-
aquele som a am tempo áspero ed esser mi parea rton so in qual iv.disvensáv-l A e vive acima de 1858". Esta velha resolução clamada a República no Brasil.
séria do que se pensa 'aidaúe "a Quintino Bocaiúva, ministro doa
c suave, o eco inotutdauel áa lloco, de nossa quotidiana e das contentava-se com exprimir "
"ferro e urminho"
tua noz de e oeder donne andar per via nossas infelizes vretsns <es. Hoje esperança de que os Estados, Negócios Estrangeiros do Go-
qm lembra as vestimentas dos Idisciolte, mesmo na situação do mundo atual em caso de litígio, recorressem verno Provisório, renovou os po-
/cavaleiros e damas da tua èuo- ata dessa natureza seria deres da delegação. O primeiro
qual lagrimando, e qual traendo qualquer respeito aos açontecimen-
90. mística e brutal?"Cantos" Iguai, falta de tanto sacodem a vida hu-
ato de Salvador de Mendonça,
Falarei dos teus sa tas que lite- eu chefe, depois da demlssãj
di trisíizia saettavan ponto de vista absolutamente
•tomparavets ao r-etampejar das che foco. mana.
foi o de indagar
Poi mi parve veder a poço a A vida literária no Brasil pade- rario. Pode ser mesmo, dentro dos de Lafayette, "se
palavras do Apocalipse ou aos {poço ce muito dessas complicações que principio* estéticos em que está si- do ministro podia dar in-
venioÁ de súbito e obscurecido turbar lo sole e apparir Ia stella, tanto a desmoralizam. E sinto o de- tuado o sr. Álvaro Li/is, um alar- terpretação republicana as in.v-
tufão? Dos teus anátemas, dos e pianger elli ed ella; ver _ e isso è uma responsabilida- mante sintoma de pobresa de trueôes do Império", como ele
teu; castigos, dos suplícios que cader li augelli votando per de a que todos « estreantes— devem idéias, de lingua, sentimentos, de degene- mesmo o diz em carta a Saem
chamar a si com orgulho o de- ração da enfim, um sintoma
inventas'?, dos ódios reconcen- Vare, ver de submeter "Chove noj cam- de provincianismo que, em vez de Pena, divulgada por Múcio
tradoa que te rugtam na boca e Ia terra tremare; de Cachoexr" ' uma prova se ostentar retórico e gramatical, Leão. As novas instruções bai-
pos
em rr irreprimíveis (és o poeta ed orno apparve scolorüo e fioco. máxima de resistência, não pelo surge dentro de uma linguagem xadas pelo ministro da Repú-
«to D : dicendomi: — Che fai? non sai que o livro encerra ou promete, terra todos a terra para fazer o efeito blica prescreveram aos delega-
ínovella ? mas pelas circunstâncias especiais que os provincianos desejam dos que "aceitassem o princípio
em que foi lançado por força dum nog círculos literários em moda na da arbitragem com a maior am-
mambo le Tnan lo dolor mt morta é Ia doaria tua, ch'era ci literário, cujos são capitai da República. Entretanto,
per concurso juizes
[rnorsi"... Ibella —.-¦ escritores de muita responsabili- penso que tentei fazer da carta- plitude possivel".
dade ni história e na vida literária entrevista um depoimento e mais Firmado nessas novas ordens,
Ou antes dos teus altos amo- tudo isso ser assim de repente do pais.deixar Meu maior desejo consis- nada. t/m diretissimo aepoimento. certo do apoio argentino e ven-
te em que os criticos falem como uma carta que se escreve. Nào cendo a oposição norte-ameri-
rei intelectuais que vieram dar vertido
para outro idioma, todo à vontade de meu romance. Para seria mesmo em nome da própria cana que se erguera à sua au-
uma nova e pura forma a essa esse trabalho perdido e desva- isso não os incensei com dedicata- literatura da literatura corrompidu daciosa proposta, Salvador de
estranha e cruel paixão humana lorizado em sua melhor parte. rias ou empenhou de qualquer es- nas idéias, nos snti mentos de hoje, Mendonça conseguiu,
ser ingênuo ou em nome do que lhe resta ainda de quase seiu
t banhar de sonho a mente dos Ver-se o poema que levou tan. pécie. Issona poderá confusão literária em verídico e espiritual que foi feita a restrições, a adoção do princi-
poetas amorosos do futuro? Diz to tempo de vida a germinar no pedante debatemos. No entanto è. referida carta? pio de arbitragem obrigatória
a toda hora o enamorado Ca- espirito e a encontrar a sua que nos Aa longo de toda a história li- pelo tratado de Washington de
môes: "õ meus altos pensamen- para mim de uma abson>ente preo-
"Tutti forma de sonho materializado, cupação. terària ou da vida literária esses 28 de abril de 1890, cujo ar-
tos!". E tua voz: li miei sofrendo de ser assim transpôs- Acho que a crítica n^ Brasil vai depoimentos aparecem inevitável- tigo 1.° assim reza: "As Repú-
pensar parlan d'amore". to para uma língua alheia e in- agora tomando uma pnsi-ào mais mente. Seria longo enumera-los. blicas adotam a arbitragem
Vejo-te moço, poeta, estúdio- diferente, seria e mais conciênte de suas pos- Felizmente o sr. Álvaro Lins chegou como
io-; da para climas estra-
sibilidades. Aprende a ser honesta a entender que havia nessa carta princípio de Direito Intec-
to Astros, da Metaficisa, nhos, céus diversos, onde irá e isso não basta, aprende a ser mais qualquer coisa de simples, espontâ- nacional Americano para a so-
Política, da Súmula, da Reto- para sempre o som in- ágil, mais exigenfe com os recursos neo, natural. A culpa da entrevista lução de litígios, questões ou
rica, isto em 1*280, em ruas dt perder traduzivel, a cor indefinivel. que a cultura e a experiência lhe teria partido do autor ou dos pro- controvérsias entre duas on
Florença, tendo por objeto má- Criar um verso imutável, horas transmitem. Sei ainda que as suas blentas tão sujos e anti-literarios mais dentre elas".
limo da vida-. Beatriz. A apa- e horas meditando numas pou- atuais tendências — ou sejam por que nos envolvem?
rição branquissima dessa meni- cas uma reação aos movimento* mo- Essa arbitragem é declarada
palavras que resumem o dernisias ou por fenômenos que Sinto aliás uma virtude literária obrigatória
ua de nove anos revelou a teus mundo minha carta entrevista: a hu- para todas as quês-
para o poeta, e vê-lo de- nâo posso aqui declarar — voltam- na mildade. A'linguagem terra a terra toes, seja qual for o seu cara-
alhos uma vida nova. Vita Nuo-
pois quebrado em suas parte* se, em certo sentido a reclamar ou — antes devia dizer popular e náo ter. Somente no caso de se ver
«a... mais belas e os pedaços reajus- sugerir uma arte tranqüila, menos terra a terra — náo está assim tâo em risco a independência de
Agora ms lembro que ha dias tados em outras palavras reco- perigosa, menos aventureira, práxi- vas ia de sentido ou tão vulgar. Por- uma nação, se lhe torna facul-
Vi numa estante de livraria sidas, — violada em seu túmulo ma do amadurecimento, da crista- que sugere uma virtude táo apa- tativa a medida.
¦uma tradução, ndo sei se boa marmóreo a ligação literária. Com menor força
fixa linguagem dos talvez porém mais bem realizada, rentemente desnecessária e tâo O objetivismo histórico exige
ou má, desse livro da mocida- poetas mortos. inesperada. Nessas alturas do nos-
corno estética ou depuração estéti- to meia intelectual a linguagem li- se acrescente
de do poeta florentino. que a atitude do
E' necessário traduzi-los, as- ca, se digo bem. Afinal a crítica terária perdeu muito de s»n dtqn'- último gabinete imperial não
Mal comecei a ler, adaptada sim o exige o valor universal do brasileira surge num empenho de dade interior, de sua autonomia,
é nossa linguagem usual e sem algum modo inteligente e pruden- traduzia o pensamento e a vou-
que não admite te. Virtude nova e necessária em de sua conciència mesma. O seu es- tade do imperador, fervoroso
sabor, aquela prosa e versos /et- pensamento Mas é tilo, a sua forma parecem contami
fronteiras. que poetas nossa critica — a prudência. Um nados e entorpecem. As adepto da arbitragem.
tos em pedra, daquela fresca « são as almas das nações.
Quem crítico prudente ou prevenido — sofrem dessa contaminação palavras que po Em seus últimos dias, ainda
doce côr que o tempo lhes dá
já passou os olhos por uma tra- prevenção no melhor .s"*í'''rfo, já se de muitas vezes condenar um estilo nos dá disso prova evidente o
fiquei triste como se visse o dução francesa dos Lusiadas po- vê — é sempre respeitável t nos e matar todo o sentido de uma imperador, '
ressuscitado, oferece sugestões e aireções sur- a qual, aliás, -te
poeta porem não de imaginar a dor de um por- obra. De maneira quase geral a lin prende a uma questão argeu-
mai:i trajando aquele seu digno tuguês ao ver o verso preendentes. guagem literária se acha a serviço
manto de escuras dobras, mas meiro lhe cantou no ouvido que pri- tino-brasileira. E* sabido que o
ao Positivamente estou gostando da do que há de pior, de mentiroso,
vestido à moda vulgar de nossa abrir os olhos maneira como foi recebido o meu nas idéias, nos sentimentos e nas tratado de Montevidéu, de
a vida, livro. Um começo
época, de calça e paletó.
para muito
transposto numa prosa insulsa vida literária pode ser u<nn desgra- to reclamam talvez seja mais
fácil na intenções. Essa linguagem que tan 1890, queria partilhar entre o»
Mestre, amado como um pat, des- dois países o território contes-
e fria: "Je ckanterai les com- ça. Vm autor conciênte de um mi- respeitada pelos que a louvam (fo tado das Missões. A opinião p;i-
perdoa tratarem indignamente bats et ces hommes courageux... nirno de qualidades de seu livro e que mesmo pelos que surgem ingê- blica
e trazerem para o borborinho As armas e os barões assinala- de um máximo de defeitos e in- nuos e infantis no seu primilivis- opusera-se à ratificação
"Jor-
superficial do nosso meio a tua dos.., parlamentar do acordo. O
qui, de Ia rive occidenta- suficiênçtas rejeitará sempre os fã- mo. Precisa antes ser limpa das nal do Comércio" pediu o voto
figura casta no tempo, como c le de Ia Lusitanie... eeis elogios e reconhece qw o car- pequenas idéias, das intenções e dos
pintou Giotto, respirando urna taz de publicidade náo significa sentimentos que a desmoralizam e de d. Pedro II que, gravemente
inalterável felicidade espiritual nada para o legitimo valor Ue urna dsshumanizam. Precisa reagir con enfermo, se encontrava em Vi-
Que da ocidental praia lusita- obra literária. E quando se trata tra o conforto e a estaun da qairtu- chy. O imperador telegrafou:
simbolizada na flor que entre na"... de um romance premiado através de dos qu:> a exibem com extraor. Sempre contrário à divitão do
teus dedos sonha e com seu in- Este verso começa a crescer das contingências de um concurso dinãrio tato e táo bem estar lite- território das Missões. Em últi-
Visível perfume suaviza a figiu de modo crespo e inverso-, "Que do qual trouxe as melhores razões ràrio.
ra pensativa, curva sobre si mes- da ocidental", uma cris-
de sua evidência, o romancista en- A crueldade que o sr. Álvaro Lins mo recurso, so aceito a arbitra-
o tra-
ma, daquele qtie na vida foi ta de onda alta:forma "praia..." de- tâo nâo se deixará levar jamais achou no gesto que incorporou a gem". A Câmara recusou
mlém... "...lusi- pela risonha unanimidade dos lou- entrevista ao meu romance foi para tado. A sentença arbitrai deu
pois desab e escorre: vores antes^se deve retemperar pela mim de um inesperado sabor e, co- ganho de causa ao Brasil.
Àquele cujo manto escuro re- tana", como a espuma dese- fria unanimidade das censuras, mo provinciano, estou ingenuamen-
Seguindo as instruções repu-
cobre o corpo todo, abotoado do nhando a sua forma sinuosa na mesmo do silêncio e das negações te orgulhoso dela. Entre uma ati- blicanas.
sistemáticas. tude que pode jiarecer primária, Salvador de Mendon-
pescoço aos pés, a mão sega- página de areia.
rando um livro de encontro ao O sr. Álvaro Lins ao falar da car- quase ridícula e a atitude dos que ça conservou-se, ao mesmo tem-
Comparai com a mísera tra- ta que escrevi para "Dom Casmur- vivem tão bem mascarados e pro- po, fiel ás tradições imperiais.
peito, sofrendo o latido feroz do ro" e publicada no volume de tegidos pelos sutis e tranqüilos re- Quão outro fora o curso da His-
Coração leal de amante e cava- dução. ''Chove nos campos dn Cachoeira" vestimentas artísticos
ou espirituais tória nos últimos quartéis d<j
teiro, áe poeta e justiceiro, e Cada poeta deveria viver na considerou-a um documento anti- prefiro aquela, muito mais conciên- século
ilha literário escrito numa linavarjem te. muito mais pronta a err<$r e a se as alevantadas idéia'
que com esse nobre traje andou sua e aquele* que quisessem terra
"ramingo
e tristo" galgando os aproximar-se do deus deveriam confissões a terra. Minha» simplórias mudar porém muito mais pronta a dos delegados brasileiros e de
"detfaUrui quase que o levam a qua- compreender e fixar, aindfi que ru- seu governo houvessem, tam-
degraus scate". primeiro aprender • língua do lificá-tas de ridículas. Reconheço demente, o humano t 9 tuemcial bem, inspirado os governos do
, Antnt te vejo, entre duras pe- «ue • corta Md* rtpreumta no (¦e M dentro de ma. Velho Mundol
tgsnass^mrvKilgsasssiss^^ """'-' -".-.-..- ,-l ¦¦- «SBSWW5WW'-™*- ~^^^mf^l
I OS E' -
uma fauna abundante represen- todo tipológico poder* esclarecer
taria pelos corais, crusáccos, bra- rumos obscuros da nossa etnolo-
quiopados, lamelibránquios, cela-
lópodos e peixes ganoides. Mais
gia. encadeando ou dissociando
culturas oleiras semelhantes exis-
Carlos Drummond
próximo de nós, isto é, nss for- tentes no continente, que, por ura
mações do terciário, escavaram-
se riquissimos fosseis de mamilc-
roa na região de Pirabaa, encon-
processo de emigração ou de acul-
turaçáo, são atualmente apresen-
tadas como formadoras desses
de Andrade
trando-se ainda outros fosseis grupos culturais. Só assim pode- E agora, José? riso nao veio, Minas não há maiíí
mais mod-stos, pela encosta de remos vir a conhecer afinal a
Salinas até as terras por onde procedência ou origem desses re- A festa acabou, não veio a utopia José, e agora?
corre a Estrada de Perro de Bm- motos povoadores de áreas tão luz apagou, e ludo acabou
gança. Também há notícia da esparsas da Amazônia, e pelo Se você gritasse,
existência de grandes-, mamíferos mesmo processo estabelecer ou o povo sumiu, e tudo fugiu,
do terciário em rios da Alta Ama- não 0 grau de parentesco ou con- a noite esfriou, c tudo mofou, sc você gemesse,
toma. sanguinidade des grupos que pri- se você tocasse
Neste território humoso, risca- meiro ali chegaram em face das e agora, José ? agora, Josc?
do por abundantes cursos de água tribus amais. e agora, Raimundo? a valsa vienense,
em todas as direções, os conheci- E agora, José? se você dormisse,
mentos da pre-história até este e agora, você?
momento ss circunscreveram ao você que é sem nome, ¦ua doce palavra» sc você cansasse,
PEQUENA BIBLIOGRAFIA
domínio da geologia e da paleon- seu instante de íebft, se você morresse,.. 4
tologia. Fosseis animais e vege- INDISPENSÁVEL que zomba dos outros,
tais são testemunhos dessa cultu- você que faz versos, tua gula e jejum, suas você não morre,
ra na planície. Da paleontologia Geologia do Brasil — Avelino aua biblioteca, você é duro, José!
que ama, protesta?
prrpriamonte humana, náo há,
entretanto, notícia. Quando mui- Inácio de Oliveira e Othon Hen- e agora, José.'
-tua lavra de ouro, Sozinho no escuro
ry Leonardos — Rk> de Janeiro,
to. poderíamos referir-nos' á es- 1940. Está sem mulher, »eii terno de vidro, qual bicho «lo mato,
tra nha espessura de um crânio sem teogonia,
de sambaquí encontrado pelo na- Geologia do Estado do Par* — está sem carinho, sua incoerência, ,
turalísta Ferreira Pena, na região Dr Friedrich Katzer. tradução está sem discurso, seu ódio — e agora ? sem parede nua
tie Salinas, documento is'iado e de Frei Hugo Menie — Pará, 1929. não pode beber, Com a chave na má» para se encostar,
mal estudado, que não pode der- * já
rogar a afirmação. O ambiente Introdução * Arqueologia Bra- já não pode fumar, quer abrir a porta, sem cavalo preto
slleira e Migrações c Cultura In-
físico da Amazônia está demons-
digena — Angione Costa — Sao pispir já não pode, Bão existe porta; que fuja a galope,
trantlo que a terra era excessiva- e 1938. •quer morrer no irar, entretanto íorte,
mente jovem para possibilitar o Paulo, 1934 a noite esfriou,
aparecimento da espécie humana. Arquivo» do Museu Nacional — o dia não veio, ¦ias o mar secou: você segue, José!
O homem pre-histórico, contem- vols. I, IV e VI — Rio dat Ja»eJ- bonde não «oa. afucr ir para Minas, , José, para ondcíl
poráneo 4o quaternário Iianc*. n — 187t, Ul», UM.
T^,__^-r?r-r;ara,.,Tya '• ^l-.-rnie^yf.