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De NEXUS MAGAZINE
Por Dane A. Roubos
Você já gastou aquele dinheirinho extra para comprar um alimento natural de alta
qualidade, ou uma vitamina, só para descobrir mais tarde que não era nada do que anunciava?
Já aconteceu em nossa família mais de uma vez. Nossa experiência mais recente foi com uma
linha de óleos vegetais vendida em lojas e cooperativas naturais. As garrafas, com belos
rótulos, alardeavam a técnica especial de processamento em baixa temperatura e a qualidade
superior do produto. Já vínhamos usando o óleo de canola daquele fabricante há vários anos
quando decidi escrever à companhia com algumas perguntas e pedindo informações sobre o
óleo que vendiam. Ficamos chocados ao descobrir que o óleo de canola "prensado a frio" e
levemente refinado" era sujeito às mesmas temperaturas altas (232-260ª Celsius) e à maioria
dos processos químicos usados nos óleos comuns! A principal diferença é que não usavam
solventes químicos para extrair o óleo das sementes nem adicionavam preservativos e anti-
espumantes.
Desapontado, e decidido a encontrar uma fonte de óleos saudáveis para minha família,
comecei a procurar mais informações sobre a produção de óleos alimentícios para suplementar
meus poucos conhecimentos. Este artigo é o resultado desta pesquisa até agora, e vai lhe
fornecer informações necessárias para que você possa selecionar alimentos e óleos mais
saudáveis para sua família.
A IMPORTÂNCIA DOS ÁCIDOS GRAXOS
Os ácidos graxos são essenciais para a vida e o funcionamento normal das nossas
células. A membrana celular permite a passagem dos sais minerais e das moléculas necessárias
para dentro e para fora de nossas células. A membrana celular saudável dificulta a entrada na
célula de substâncias químicas perigosas e de organismos como bactérias, vírus, fungos e
parasitas. Essa membrana também tem receptores químicos para os hormônios, que são os
principais mensageiros do corpo. Os ácidos graxos participam de incontáveis processos
químicos de nosso corpo e são utilizados como "tijolos" na fabricação de alguns hormônios.
Há dois tipos de ácidos graxos - ômega-3 e ômega-6 - que não podem ser fabricados
pelo organismo, e assim precisam ser obtidos através dos alimentos. São os chamados "ácidos
graxos essenciais" (EFAs em inglês e AGE em português), e quando existem em quantidade
suficiente no corpo são usados para fabricar os outros ácidos graxos de que precisamos.
A suplementação de EFAs na alimentação tem ajudado muitas pessoas com alergias,
anemia, artrite, câncer, candidíase, depressão, pele seca, eczemas, fadiga, doença cardíaca,
inflamações, esclerose múltipla, tensão pré-menstrual, psoríase, retardamento do metabolismo,
infecções virais etc., e facilitado o processo de recuperação de viciados.
Use azeite de oliva ou uma mistura meio a meio de ghee e azeite de oliva.
Não frite nem refogue com óleos leves "poliinsaturados", como os de açafrão, girassol ou
milho. Com a alta temperatura eles se oxidam rapidamente, formando radicais livres. Os
radicais livres são moléculas muito reativas que podem penetrar em suas células e dar início a
reações em cadeia prejudiciais que deixam para trás vários danos, como alterações do código
genético (DNA) e formação de células cancerosas. Muitos consideram que os radicais livres têm
papel predominante nas doenças degenerativas. Embora não haja quase nenhum ácido graxo
essencial no óleo de oliva, ele é rico em ácidos graxos "monoinsaturados" e não se oxida tão
facilmente. Use um azeite "extra-virgem de primeira extração, prensado a frio", de
preferência de cor esverdeada e com algum sedimento no fundo, o que costuma indicar pouco
processamento. Muitas lojas naturais nos Estados Unidos vendem este tipo de azeite.
Se você for alérgico a leite, sempre se pode substituir a margarina ou a manteiga
das receitas por uma mistura meio a meio de xarope de maçã (suco de maçã fervido por
muito tempo até virar quase uma geléia, comum nos Estados Unidos) e óleo de açafrão,
girassol ou canola orgânico e não refinado. Testamos em massas de torta e bolos e o
resultado foi ótimo. Tentamos substituir por óleo de canola sozinho, mas a massa ficou meio
seca e esfarelenta.
Prefira o óleo que vem em garrafas seladas e evite os óleos vendidos a granel nas
cooperativas, já que costumam estar rançosos (novamente os radicais livres). O óleo rançoso
tem gosto amargo quando você pinga uma gota na língua, e não deve ser consumido.
Sempre refrigere o óleo depois de aberto. É melhor refrigerar os óleos não
refinados logo que você comprá-los, para prolongar sua vida na embalagem. Se não estiverem
em garrafas opacas, guarde-os ao abrigo da luz.
Quanto mais você ingerir gorduras insaturadas como óleos vegetais e óleos de
peixe (EPA/DHA ômega-3), mais vai precisar de proteção antioxidante contra os danos dos
radicais livres. Se você toma suplementos de óleo de peixe ou de prímula, ou usa óleos poli-
insaturados, tome mais vitamina E. A dose diária recomendada de vitamina E fica entre 300 e
400 UI por dia, e provavelmente a melhor forma de ingeri-la é através de "tocoferóis mistos".
Os óleos e suplementos mais caros não poderão compensar a dieta e o estilo de
vida pouco saudáveis. Use o bom senso e consulte um profissional de saúde consciente da
importância da nutrição quando se sentir preocupado com sua saúde. Os livros do Dr. Dean
Ornish e do Dr. John McDougall oferecem muitas idéias excelentes de dieta e estilo de vida, e
recomendo-os como fonte de informações dietéticas básicas, embora seus programas
prescrevam uma ingestão baixa demais de gorduras. Assim, para assegurar a ingestão
adequada de ácidos graxos essenciais, você vai precisar de algumas nozes e sementes
orgânicas, além de óleos de boa qualidade (como os que mencionamos acima) para
suplementar essas dietas de baixo nível de gordura.
No entanto, a maioria dos estudos recentemente publicados apóia a idéia de que essas
gorduras quimicamente alteradas são nocivas. Nestes casos de conflito, sempre fico do lado da
Mãe Natureza; ela é mais sábia do que qualquer um de nós!
Extraído de:
Nexus Magazine, Volume 4 (Fevereiro-Março 1997).
Por:
Dane A. Roubos - O dr. Dane Roubos, B.Sc., D.C., D.A.B.C.I., estuda nutrição há 25 anos e é fisioterapeuta há
14 anos. É formado pelo American Board of Chiropractic Internists, e hoje em dia dá aulas em tempo integral no
Northwestern College of Chiropractic em Minnesota. Ele se dedica a ajudar as pessoas a viverem mais perto da
Terra, do espírito e da alma interior.
Contribuição: Gledson Silva