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METODOLOGIA DE PESQUISA – IC043

Profa Dra Lucila Chebel Labaki

“PESQUISA-AÇÃO”

Baseado no livro:
Metodologia da Pesquisa-ação de Michel Thiollent

Alunos:
Daniel T. Turczyn – RA: 032032
Isabela E. Panobianco – RA: 107122
Maria Rita Amoroso – RA: 100663
Vanessa Garcia Favrin

2011
Sobre o autor

Michel Thiollent é francês, mora há 36 anos no Brasil. É sociólogo, metodólogo,


escreveu diversos livros na linha de metodologia. É doutor em sociologia e economia,
além de ser professor e dar aulas nas faculdades COOPE (Instituro Albert Luiz) e
UFRJ, em Coibra-Portugal e no Rio de Janeiro-Brasil respectivamente. Suas áreas de
maior interesse de estudo são: desenvolvimento local, extensão universitária, sistemas
agroindustriais, inovação tecnológica e organizacional e pesquisa científica.

Introdução

A introdução do livro, passa rapidamente por alguns conceitos que serão


tratados mais afundo nos capítulos decorrentes como: área de aplicação, alcance
atingido, objetivo, tipo de base que segue, entre outros, mesmo assim algumas
informações adicionais merecem ser destacadas e serão apresentadas a seguir:

A pesquisa-ação é associada a diversas formas de ação coletiva em busca de


resolução de problemas, ou para gerar transformação, não se trata de um simples
levantamento de dados, ela exige a participação de todos (pesquisadores e
interessados), analisa os problemas dinâmicamente, toma decisões e executa ações.

O autor relata a diferença entre a pesquisa-ação em comparação a outras dois


tipos de pesquisa, a participante e a convencional. A pesquisa-ação é diferente da
pesquisa-participante, pois a primeira além de contar com participação dos envolvido
na problemática estudada, propõe de fato uma ação de forma planejada, de caráter
social/educacional/técnica, isso nem sempre é o que ocorre na pesquisa participante.
Contudo, pode-se dizer que toda pesquisa-ação é participativa, isto é extremamente
necessário, porém não pode-se dizer o contrário, pois nem toda pesquisa-participante
executa uma ação verdadeiramente. Em relação a pesquisa convencional, são
diferentes pelo fato, da convencional estar fortemente vinculada a aspectos
acadêmicos e burocráticos, além de não ocorrer a participação dos pesquisadores nem
das pessoas envolvidas na situação pesquisada. Outro fator que as diferenciam, é que
na convencional privilegia-se aspectos individuais e não coletivos, ela não apresenta
uma visão dinâmica do problema e também não necessariamente resulta em uma
ação, como na pesquisa-ação.

Este tipo de pesquisa é apenas uma linha dentre várias outras linhas de
pesquisa existentes. Vale ressaltar que ela não substitui as demais, como poderá ser
observado no exemplo que será apresentado no final deste trabalho. Neste é possível
constatar que a pesquisa-ação pode ser trabalhada juntamente com outros tipos de
metodologia, trazendo uma visão mais aproximada do campo de estudo (no exemplo
escolhido, a pesquisa-ação enriquece um estudo de caso no trabalho do autor).

CAPÍTULO I: Estratégias de Conhecimento

1. Definições e Objetivos

A pesquisa-ação é de base empírica, ou seja baseada na descrição, observação


e ação de situações reais. O autor a define como um tipo de pesquisa social com base
empírica, realizada para a resolução ou esclarecimento de um problema coletivo e no
qual os pesquisadores e participantes desempenham um papel ativo, executando de
fato uma ação, de modo cooperativo e participativo perante a situação em que estão
envolvidos.

O objetivo deste tipo de pesquisa resume-se em fornecer aos pesquisadores e


participantes, os meios de se tornarem capazes de buscar as soluções para seus
problemas reais, através de diretrizes de ação transformadora. Tais objetivos são
representados de duas maneiras: os objetivos práticos e os objetivos de
conhecimentos, sendo que para a pesquisa é importante o bom relacionamento e o
equilíbrio de ambos, pois o bom conhecimento ajuda uma boa execução. Contudo o
objetivo prático é mais voltado para a ação em si, ocorrendo uma ação concreta, uma
investigação da situação e/ou dos problemas sociais, havendo uma interação dos
pesquisadores com a comunidade estudada. Enquanto o objetivo de conhecimento é
mais voltado para a pesquisa, desejando ampliar o nível de consciência da comunidade
e produzir o conhecimento.

2. Exigências Científicas

Na pesquisa-ação (bem como na pesquisa-participativa), é comum a suspeita


para com teorias, métodos e outros elementos valorizados no campo científico.
Portanto para evitar este tipo de suspeita deve-se manter algumas condições de
pesquisa e algumas exigências de conhecimento científico, para se dar maior
fundamentação a pesquisa.

Lembrando os objetivos da pesquisa-ação que além de serem práticos voltados


a “ação” são também de “conhecimento” fazendo parte da expectativa científica, sendo
que parte da informação gerada é divulgada para os próprios participantes e a outra
para os canais específicos das ciências sociais (revistas, congressos, etc).

3. O Papel da Metodologia

Metodologia é a filosofia da ciência que estuda os métodos e apresenta o modo


de condizir e organizar a pesquisa, é como se fosse a “bússola” dos pesquisadores.
Tem como objetivos principais analisar e controlar os métodos e técnicas disponíveis,
avaliando e criticando suas capacidades e limitações e orientar o pesquisador na
estrutura da pesquisa.

A metodologia trata a pesquisa-ação como um método, ou uma estratégia de


pesquisa. Sendo a pesquisa-ação, por sua vez um modo de conceber e organizar uma
pesquisa social prática. Seus métodos e técnicas baseiam em:*questionários
*entrevistas *documentação *mapeamento *diagnóstico *resolução.

4. Formas de Raciocínio e Argumentação


Não há pesquisa sem raciocínio, caso não se queira pensar, ou conhecer algo
sobre o mundo a sua volta, então não se deve começar a pesquisar.

São duas as linhas de raciocínio: a convencional que é feita de maneira mais


estruturada, com regras lógico-formais e a alternativa que é mais flexível, sendo nesta
linha onde se enquandra a pesquisa-ação, já que esta não contém uma estrutura lógica
e simples, ao contrário disso, ela é moldada conforme as argumentações, os discursos,
as verbalizações que são geradas durante as investigações.

É importante saber que a pesquisa não perde sua legitimidade científica por
incorporar raciocínios imprecisos ou argumentações. O pesquisador deve ter um
mínimo de conhecimento nesse setor para que ele não caia em ingenuidades.

Quanto as formas da argumentação: podem ser construtivas, quando os


interlocutores juntos tentam buscar uma solução ou destrutivas, quando os
interlocutores pretendem destruir os argumentos dos outros.

No ponto de vista científico tradicional, os processos argumentativos possuem


muita ambiguidade e acabam sendo inviáveis para o uso como instrumento do
raciocínio rigoroso. Porém visto pelo lado alternativo permitem dar conta das sutilezas,
funções e flutuações das partes argumentativas, discursivas e dialógicas. A
argumentação não se encaixa na lógica formal e tende mais ao conhecimento
aproximativo. Ocorre no processo investigativo entre pesquisadores e participantes, na
forma de diáogos, discussões. Já a demonstração exige maior grau de formalização e é
mais usada nas ciências exatas.

5. Hipóteses e Comprovações

Na pesquisa-ação não se aplica o tradicional esquema de formular hipótese,


coletar dados, comprovar ou refutar hipóteses. Pois trabalha com situações ou
problemas no qual é difícil ou impossível formular hipóteses.
O que é feito na pesquisa-ação são instruções ou diretrizes, as quais são bem
menos rígidas do que as hipóteses, porém possuem função similar. Em um primeiro
momento, as possíveis soluções são consideradas como suposições (quase hipóteses)
e depois passa a ser um objeto de verificação, discriminação e comprovação. Já no
padrão da pesquisa convencional, o que ocorre é um esquema hipotético baseado em
comprovação estatítica associadas ao experimentalismo e ainda assim tal experiência
só se torna válida quando sua repetição produz sempre os mesmos resultados,
independente do experimentador. Este perfil não se encaixa na pesquisa social, pois é
difícil ocorrer repetição dos fenômenos e o pesquisador nunca é neutro dentro do
campo observado.

Provas são necessárias e não precisam ser totalmente rigorosas. Basta uma
boa refutação, ou uma boa argumentação favorável que leve em conta testemunhas e
informações empíricas e que permita os particpantes a compartihlarem uma noção de
suficiente objetividade, convicção e justeza. A prova exige que todas as informações
colhidas tenham sido criticadas pelos pesquisadores e outros participantes.

6. Inferências e Generalização

Na pesquisa social metodológica sempre há problema na passagem entre o


nível local (observações em unidades particulares, indivíduos, grupos restritos, locais
de moradia, trabalho, lazer) e o nível global (fenômenos que abrangem a sociedade,
amplo setor de atividades, classe, instituição).

As inferências são como passo de raciocínio com qualidades lógicas e possuem


duas direções: generalizantes e particularizantes. As generalizantes são tratadas como
problemas estatíticos e requerem uma quantificação das variáveis observadas, ou seja
testar as hipóteses. Nesta direção, as inferências correspondem à indução.

Tanto as inferências de ordem generalizante ou particularizante, que não


possuam um raciocínio lógico, ou seja, que são formuladas em linguagem comum,
NÃO estabelecem a verdade. Apenas são raciocínios que pressupõem um contexto
social, que defendem uma ideologia, ou uma tradição cultural. Muitas inferências são
baseadas em senso comum e algumas no chamado “bom senso” (sabedoria popular).
Muitas vezes estão bem próximos a verdade, outas vezes são exageradas, com erros e
apegadas a crenças e ideologias particulares.

Cabe ao pesquisador, comparar as generalizações populares (participantes)


com as generalizações teóricas (pesquisadores) e extrair daí muitas informações para
tantar saber até que ponto existe uma real intercompreensão. As inferências são um
meio de controle metodológico do pesquisador. Ele deve ter um controle mútuo
estabelecido pela diálogo entre pesquisadores e participantes.

7. Conhecimento e Ação

A relação entre conhecimento e ação é um dos principais problemas da


metodologia na pesquisa social. Pode ser abordado no contexto das ciências sociais e
da tecnologia. Neste livro será abordado apenas o primeiro.

Essa relação consiste em obter informações e conhecimento em função de uma


pesquisa de ação social. O conhecimento pode ser através de uma descrição de fatos
e a ação pode ser uma transformação desses fatos. Não é necessariamente a
descrição que define a ação que será tomada, os pesquisadores devem discutir, avaliar
e retificar o envolvimento normativo da investigação e suas propostas de ação.

Quanto a relação entre descrição e normas de ação, o estudo geralmente


começa a partir das normas, o que NÃO é bom, pois o pesquisador fica tendênciado a
descrever os fatos de maneira que favoreçam as normas exigidas para tais ações
sugeridas (o pesquisador é “contaminado”).

Na prática, nem todas as pesquisas-ação chegam a contribuir com


conhecimentos novos. Mas alguns de seus objetivos alcançados podem ser listados a
baixo:

! A coleta de informação original.


! A concretização de conhecimentos teóricos, obtida de modo dialogado na
relação entre pesquisadores e membros.

! A produção de regras práticas para resolver os problemas e planejar as


correspondentes ações.

! Os ensinamentos positivos e negativos quanto à conduta da ação

! Possíveis generalizações estabelecidas a partir de várias pesquisas


semehantes.

8. O Alcance das Transformações

Com a pesquisa-ação pretende-se alcançar: Realizações – Ações efetivas –


Transformações – Mudanças no campo social.

Na literatura disponível há uma confusão no uso da linguagem para descrever o


nível de alcance. Sabe-se que o alcance obtem-se em três níveis, macrossocial,
microssocial e intermediário, porém na pesquisa-ação o alcande das ações é apenas a
nível intermediário, este abrange uma grande diversidade de pequenos grupos,
instituições, ou indivíduos. Os outros dois níveis macrossocial e microssocial,
representam uma abrangência diferente de grupos, o macrossocial é a nível de
sociedade como um todo, entidades nacionais / internacionais, movimentos etc, enfim
grupos grandes, já o microssocial se restringe a índivíduos ou pequenos grupos.

Não se conhecem exemplos de pesquisa-ação ao nível da sociedade como um


todo. O sistema social nunca é alterado por pequenas modificações ocorridas por
algumas dezenas de pessoas. O pesquisador não deve ter a ilusão de que irá
transformar a sociedade global em um trabalho localizado ao nível de um grupo de
pequena dimensão.

9. Função Política e Valores


A função poliítica da pesquisa-ação é relacionada com o tipo de ação proposta e
os atores considerados. Suas funções políticas consistem em:

! estreitar as relações que existem entre a organização sua base, por meio de
atividades participativas, agregando o maior número de membros possíveis
para apontar os problemas e propor as ações.

! elucidar estratégicamente a relação do ator com seus adversários,


concorrentes ou aliados, incluindo a questão da fixação de metas e das
prioridades dos planos de ação.

! Conscientizar os que participam da pesquisa e os que recebem a divulgação


dos resultados.

! Numa concepção democrática da pesquisa social é necessário que haja


negociação de ambas as partes. Não pode haver polarização entre dirigentes
e dirigidos.

Toda pesquisa possui alguns critérios de orientação de valores que devem ser
atendidos, como: primeiramente todas as partes do grupo devem ser consultadas e
elas por sua vez possuem o direito de parar a experiência quando achar que os
objetivos não estão mais de acordo e a pesquisa não é feita quando há a revelia de
umas das partes.

CAPÍTULO II: Concepção e Organização da Pesquisa

O planejamento de uma pesquisa-ação é muito flexível. Contrariamente a outros


tipos de pesquisa, não se segue uma série de fases rigidamente ordenadas. Em
primeiro lugar “a fase exploratória” (ponto de partida) e por último a “divulgação de
resultados” (ponto de chegada). Os temas intermediários não precisam ser ordenados
nessa ordem, pois imprevistos podem surgir e haverá uma multiplicidade de caminhos
a serem escolhidos.
Em seguida, será apresentado um resumo de cada fase que o autor propõe:

1. A Fase Exploratória

Consiste em descobrir o campo de pesquisa, os interessados e suas


expectativas, estabelecer um primeiro levantamento ou diagnóstico da situação, dos
problemas prioritários e de eventuais ações. A principal crítica à concepção do
diagnóstico é que ela pode focalizar o que falta, por exemplo, educação, recursos e
não enxergar as potencialidades dos produtores ou indivíduos.

2. O Tema da Pesquisa

É a designação do problema prático e da área de conhecimento a serem


abordados. Uma vez definido, o tema é utilizado como “chave” de identificação e de
seleção de áreas de estudo disponíveis em ciências sociais e outras disciplinas
relevantes.

3. A Colocação dos Problemas

Em pesquisa social aplicada, e em particular no caso da pesquisa-ação, os


problemas colocados são inicialmente de ordem prática. Trata-se de procurar soluções
para se chegar a alcançar um objetivo ou realizar uma possível transformação dentro
da situação observada.

4. O Lugar da Teoria

O papel da teoria consiste em gerar idéias, hipóteses ou diretrizes para orientar


a pesquisa e as interpretações. O projeto de pesquisa-ação precisa ser articulado
dentro de uma problemática com um quadro de referência teórica adaptado aos
diversos setores.

5. Hipóteses

A hipótese é definida como uma suposição formulada pelo pesquisador a


respeito de possíveis soluções a um problema colocado na pesquisa. A partir da sua
formulação, o pesquisador identifica as informações necessárias, evita a dispersão,
focaliza determinados segmentos do campo de observação, seleciona dados, etc.

6. Seminário

Constitui grupos de estudo e equipes de pesquisa, coordena suas atividades,


centraliza informações, elabora interpretações, busca soluções, define diretrizes de
ações, acompanha, avalia e divulga resultados. Tem a função de coordenar as
atividades. Não é uma parte fácil, exige muita organização e disciplina.

7. Campo de Observação, Amostragem e Representatividade Qualitativa

Uma pesquisa-ação pode abranger uma comunidade geograficamente


concentrada (favela) ou espalhada (camponeses). Em alguns casos, a delimitação
empírica é relacionada com um quadro de atuação, como no caso de uma instituição,
universidade, etc. Quando o tamanho do campo é muito grande coloca-se a questão da
amostragem e da representatividade.

8. Coleta de Dados
As principais técnicas utilizadas são a entrevista coletiva nos locais de
moradia ou de trabalho e a entrevista individual aplicada de modo aprofundado. Deve
estar sobre controle do seminário central.

9. Aprendizagem

Na pesquisa-ação, a capacidade de aprendizagem é aproveitada e


enriquecida em função das exigências da ação em torno da qual se desenrola a
investigação. Tanto pesquisadores como participantes aprendem durante o processo
de investigação, discussão e resultados.

10. Saber Formal / Saber Informal

Dentro da concepção da pesquisa-ação, o estudo da relação entre saber


formal e saber informal visa estabelecer (ou melhorar) a estrutura de comunicação
entre dois universos culturais: o dos especialistas e o dos interessados. O saber formal
do especialista é sempre incompleto e o saber informal do participante comum é o
conhecer os problemas e as situações nas quais está vivendo. Pode-se utilizar a
técnica da comparação procurando-se mostrar zonas de compatibilidade ou não.

11. Plano de Ação

Para corresponder ao conjunto de seus objetivos, a pesquisa-ação deve se


concretizar em alguma forma de ação planejada, objeto de análise, deliberação e
avaliação. Essa etapa é fundamental.

12. Divulgação Externa


É desejável que haja um retorno da informação entre os participantes que
conversaram, investigaram, agiram, etc. Este retorno visa promover uma visão de
conjunto, que por sua vez possibilita a tomada de consciência sobre o problema
analisado.

CAPÍTULO III: Áreas de Aplicação

No capítulo 3 é discutido as áreas de atuação da pesquisa-ação que, segundo o


autor, em função de sua orientação prática é voltada para diversificadas aplicações em
diferentes áreas de atuação como: educação, comunicação social, serviço social,
organizações, tecnologia (em particular no meio rural) e práticas políticas e sindicais.
Ele aponta as áreas de urbanismo e saúde como possíveis campos de atuação, porém,
ainda faltam informações sobre experiências ou tendências.

É evidenciado que não é pretendido mostrar exemplos de boa ou de má


pesquisa-ação, para evitar dar lições aos especialistas de cada área, que por definição
são os mais qualificados para discutir e resolver problemas metodológicos, a intenção
proposta é sugerir para discussão algumas informações e idéias sintéticas que estão
relacionadas com a orientação da pesquisa-ação.

Sobre a área de atuação da Educação é colocado que a metodologia


convencional, apesar de sua aparente precisão, possui resultados que estão muito
afastados dos problemas urgentes da situação atual da educação. A orientação
metodológica da pesquisa-ação permite que os pesquisadores em educação tenham
condições de produzir informações e conhecimentos de uso mais efetivo, inclusive ao
nível pedagógico.

Segundo Thiollent, para a construção ou reconstrução dos sistemas de ensino


não basta descrever e avaliar é necessário produzir idéias que antecipem o real ou que
delineiem um ideal, visando minimizar os usos meramente burocráticos ou simbólicos e
maximizar os usos realmente transformadores. Os objetivos nesta área de pesquisa
são de conhecimento (reciclagem de idéias e normas), prático (produção de material
didático aceito pelos grupos interessados) e produção de técnicas educacionais
direcionadas aos grupos de interesse.

Na área de Comunicação é exposto que é a pesquisa-ação tem orientação


minoritária cogitada especialmente no contexto da comunicação alternativa,
comunicação popular e de modo acoplado a diferentes práticas culturais ou militantes.
É também discutida como possível meio de crítica à comunicação de massa, em
especial da televisão.

A crítica à comunicação em massa é colocada, principalmente, aos críticos que


apontam fatos de dependência, dominação, manipulação e alienação dos
telespectadores em relação as televisão. O autor aponta que é necessário relativizar,
diversas categorias de público não são tão dependentes e se mostram capazes de dar
uma reinterpretação do conteúdo das mensagens. A metodologia em questão aborda o
lado da recepção crítica, conscientização, participação social e contra-informação da
comunicação em massa.

No campo do Serviço Social, a pesquisa-ação intervêm em diversas situações


nas quais certas categorias da população (operários, favelados, menores
abandonados, idosos, etc.) enfrentam problemas sociais e existenciais que resultam
dos efeitos dos funcionamento da sociedade global (desigualdade, desemprego,
probreza, etc.)

Com o uso desta metodologia, o autor coloca que é pretendido superar os


problemas relacionados com a individualização das observações do quadro de
pesquisa convencional, os pesquisadores desempenham um papel ativo que consiste
na dinamização do meio social observado, consequentemente, na maior aproximação à
realidade social.

Na área de Organização e Sistemas que, abrange atividades cujos objetivos


consistem em coordenar diferentes grupos de trabalho e decidir a respeito das metas e
meios necessários para produzir um determinado produto ou serviço, a pesquisa-ação
consiste em facilitar a aprendizagem, fazendo um relacionamento entre analista e
usuário numa aprendizagem conjunta, bem como identificar os problemas e
desenvolver um programa de ação a ser acompanhado e avaliado.

No campo de Desenvolvimento Rural e Difusão de Tecnologia é colocado que a


pesquisa tradicional abrange problemas diversos, é pluridisciplinar e possui a finalidade
de conhecimento da situação dos produtores, bem como, elaborar propostas de
planejamento de planos locais.

Nos últimos anos, segundo Thiollent, está sendo experimentada entre pequenos
e médios produtores a aplicação da pesquisa participante, cujo objetivo principal é
rever a metodologia de diagnostico para superar o nível da simples constatação de
carências dos pequenos produtores e dar maior atenção à suas potencialidades e
capacidade de aprendizagem e de organização coletiva.

Sobre a área da Política, é evidenciado que as propostas de pesquisa-ação


sempre apresentam algum aspecto político quanto ao tipo de comprometimento dos
pesquisadores com a ação de grupos sociais, dentro de uma situação em
transformação e permanece vinculado a uma atividade substantiva, como educar,
informar, organizar, etc. O autor expõe que a pesquisa-ação nesta campo de
abrangência não se limita ao aspecto profissional, sempre possui um aspecto militante
e exige maior comprometimento por parte dos organizadores da pesquisa.

Na conclusão do capítulo 3 é colocado que toda pesquisa é permeada pela


perspectiva intelectual, pelos objetivos práticos, pelo quadro institucional, pelas
expectativas dos interessados nos seus resultados, etc. Os pesquisadores não são
neutros nem passivos e sem desconhecerem a presença dos interesses, devem
conquistar suficiente autonomia, com inevitáveis “negociações”, para terem condição
de aplicar regras de uma metodologia de pesquisa que não se limite a uma satisfação
circunstancial das expectativas dos atores.

Trata-se de conhecer para agir, agir para transformar, mas a transformação não
são sempre radicais ou como é esperado. Os pesquisadores não podem aplicar uma
norma de ação preestabelecida e devem ficar atentos à negociação do que é realmente
transformável em função das formas de poder, do grau de participação dos
interessados e da especificidade das formas de ação: ação pedagógica, ação
educacional, ação comunicativa, organizativa, tecnológica e política, etc.

Conclusão

Na conclusão do livro, é exposto que na concepção da pesquisa-ação, as


condições de captação da informação empírica são marcadas pelo caráter coletivo do
processo de investigação, o que não excluí técnicas individuais. Embora, muitas vezes,
a pesquisa-ação recorra a técnicas estatísticas tradicionais de amostragem, utiliza-se
na maioria dos casos pesquisar e agir em conjunto da população implicada na
situação-problema quando é factível, ou com uma amostra intencional qualitativa
(resultante da discussão pesq/part).

Na pesquisa ação a objetividade deve ser colocada em termos diferentes do


padrão observacional clássico, mas não desaparecendo, para que a proposta
corresponda as exigências da situação. Segundo o autor, a noção de objetividade
estática é substituída pela noção de relatividade observacional, na qual a realidade não
é fixa e o observador e seus instrumentos desempenham um papel ativo na captação
de informação e nas decorrentes representações;

É colocado que a observação social adquire um aspecto de questionamento que


não é monopolizado pelos pesquisadores como os tradicionais: fazer perguntas e obter
respostas. Os membros representativos da situação-problema investigados
desempenham função interrogativa, fazendo as perguntas e procurando elucidar os
assuntos coletivamente investigados.

Thiollent coloca que o maior desafio da pesquisa, no plano da pesquisa ação,


talvez seja o de juntar as exigência da tomada de decisão no plano do saber, agir com
as exigências cientifico–técnica (modos de fazer e de saber fazer). Na definição de
uma política de conhecimento mais abrangente, a metodologia da pesquisa ação é um
item entre outros, pois sempre serão necessários pesquisas experimentais em
laboratórios, metodologias com ênfase na formalização, modelagem, quantificação e
simulação.

DEFINIÇÃO DE OUTRO AUTOR

Além do estudo baseado no livro de THIOLLENT que foi apresentado


anteriormente, este trabalho incorpora a definição de pesquisa-ação sob a ótica do
autor DIONNE e o que ele escreveu em seu livro: A Pesquisa-ação Para o
Desenvolvimento Local

Hugues Dionne- é sociólogo e professor da Université de Québec,onde ensinou


durante 25 anos na área do desenvolvimento local e regional.Também estudou praticas
coletivas de resistência popular para a preservação de lugares habitados. O autor
mostra através de gráficos comparativos as diferenças entre a pesquisa clássica e a
pesquisa –ação ,o gráfico evolutivo da pesquisa ação com a representação de cada
momento que se apresenta a pesquisa e também apresenta um gráfico com a síntese
das 4 fases principais da pesquisa ação como segue abaixo.

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