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INSTITUTO DE PSICODRAMA E MÁSCARAS

CNPJ 04232894/0001-04

PSICODRAMA
Terapêutico e Sócio-Educacional

Curso de Especialização

Apostila de Jogos Dramáticos

Por Lise Mary Souza Salgado


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

1. A TEORIA PSICODRAMÁTICA: BASE PARA A COMPREENSÃO DO JOGO


DRAMÁTICO 5

2. CONCEITOS DE JOGOS E JOGOS DRAMÁTICOS 18


O JOGO 18
O JOGO DRAMÁTICO 20
3. CARACTERÍSTICAS, CLASSIFICAÇÕES À LUZ DA MATRIZ, TIPOS DE JOGOS
DRAMÁTICOS E FASES DE APLICAÇÃO 23

3.1. CARACTERÍSTICAS 23
3.2. CLASSIFICAÇÕES 24
3.3. TIPOS DE JOGOS DRAMÁTICOS E CORRELAÇÃO DOS JOGOS DRAMÁTICOS
À LUZ DA TEORIA DA MATRIZ DE IDENTIDADE 24
3.4. AS FASES DE APLICAÇÃO DO JOGO DRAMÁTICO 24

4. PRINCÍPIOS DO JOGO DRAMÁTICO 27

5. RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS E O CONTEXTO DE TRABALHO 30

OS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS 30


O CONTEXTO DO TRABALHO 30
O USO DOS JOGOS DRAMÁTICOS NA CLÍNICA 31
O USO DE JOGOS NA ÁREA ORGANIZACIONAL 31
O USO DE JOGOS EM SALA DE AULA 32

6. DESEMPENHO DO PAPEL DE DIRETOR DE DIRETOR


DE JOGOS/FACILITADOR 33

7. A EFICÁCIA NA APLICAÇÃO DOS JOGOS DRAMÁTICOS 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36

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INTRODUÇÃO

A presente apostila tem por objetivo oferecer considerações gerais sobre o uso de
jogos dramáticos como ferramenta para a ação psicodramática, discutir a sua amplitude nos
campos de atuação profissional e as perspectivas e desafios que se impõe ao exercício do
trabalho como facilitador, operacionalizando tal metodologia.

Efetuamos considerações iniciais sobre o psicodrama como método capaz de levar os


grupos a um processo de desenvolvimento e de descoberta da sua potencialidade,
espontaneidade e criatividade.

Na seqüência, abordamos algumas considerações sobre o conceito de jogo dramático,


suas principais características, tipos de jogos e a pertinente correlação com a matriz de
identidade, bem como percorremos algumas reflexões sobre o desempenho do papel de
diretor de jogos dramáticos e as condições necessárias para a eficácia desse tipo de
trabalho.

Buscamos mostrar nessa apostila, como os jogos dramáticos podem ser aplicados no
contexto das empresas e escolas reforçando a sua contribuição para o desenvolvimento de
relações saudáveis, espontâneas e criativas nos grupos em que é utilizado.

Salientamos que as referências teóricas são fundamentais para a formação do papel


do facilitador em Jogos Dramáticos, devendo este profissional atualizar-se e aprofundar-se
constantemente. Como em qualquer processo de trabalho, a principal competência reside no
papel do facilitador, pois o jogo dramático é apenas uma ferramenta para se compreender e
trabalhar com os grupos.

O facilitador de grupos é sujeito de seu processo de trabalho e aperfeiçoamento.


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O facilitador de grupo precisa desenvolver em si mesmo a alavancagem para as mudanças


que se tornam necessárias dentro dos processos grupais.

Ele precisa, fundamentalmente, enxergar o grupo como uma estrutura que comporta
seres humanos auto-determinados, capazes, portanto, de consciente e ativamente
participarem na transformação do mundo em que vivem, pois em primeira instância já
acreditou ser isso possível a partir dele próprio.

Esperamos que esse trabalho seja útil aos participantes do Curso de Jogos
Dramáticos e que ele possa servir de roteiro para o desenvolvimento de trabalhos, não
somente na aplicação técnica, mas sobretudo, para o “jogo de cintura” na compreensão das
relações interpessoais.

Um forte abraço,

Lise Mary Souza Salgado

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1. A TEORIA PSICODRAMÁTICA: BASE PARA A COMPREENSÃO DO JOGO


DRAMÁTICO

Jacob Levi Moreno, foi o pai do Psicodrama. Segundo Soeiro, Moreno criou e
reformulou conceitos, dando uma nova dimensão à Psiquiatria, Psicologia e Sociologia.

O Psicodrama marca a passagem da psicoterapia de gabinete, de confessionário, de


sigilo, de voz baixa, de controle de condições, de pacientes passivos para a psicoterapia
do ATUAR, DO CONTATO, DA CRIAÇÃO, DA VERDADE, DA VIDA. (FONSECA: 1980,
20 )

Segundo Moreno, o Psicodrama representa o marco fundamental na mudança de


concepções sobre o tratamento do indivíduo isolado para o tratamento do indivíduo em
relação; do enfoque nos métodos verbais de tratamento para o uso fundamentado de
métodos de ação.

Para fins desse trabalho, destacam-se dois pressupostos filosóficos da Teoria


Moreniana, explicitado por Nudel (1994), como importantes na compreensão do Psicodrama

1. Espontaneidade e criatividade como forças propulsoras do progresso da


humanidade.
2. Os atos e princípios fundamentais da vida grupal são amar e compartilhar, sendo
condição fundamental acreditar nas intenções dos semelhantes.

Esses dois pressupostos revelam uma preocupação constante de Moreno, no sentido


de contribuir na construção de uma sociedade humanista e humanizada.

O Psicodrama tem como característica centrar o trabalho no “aqui e agora” do


indivíduo e do grupo. Portanto, se fundamenta na ação, se processa através da interação e é
puramente dialógico, onde o EU só pode encontrar-se através do TU. Seu núcleo é a
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dramatização.

A teoria psicodramática concebe e estuda o indivíduo através de suas relações. A


interdependência de todos os seres humanos, em todas as formas de atividade humana
atesta a permanente interação do homem com os seus semelhantes. Ao relacionar-se, o ser
humano vai se modificando e alterando aquilo que é necessário à sua sobrevivência.
Portanto, o homem é um ser ativo que está sempre interferindo na realidade. O Psicodrama
trabalha o homem em seu contexto globalizado. O indivíduo é considerado, portanto, um ser
social.

Toda a teoria moreniana parte dessa idéia do homem em relação e, portanto, a inter-
relação entre as pessoas constitui seu eixo fundamental (GONÇALVES,1988:41)

Alicerçado nessas bases, Moreno criou a Teoria Socionômica que objetivando


compreender a inter-relação entre as pessoas estudou as leis que regem o comportamento
social e grupal.

A teoria Socionômica divide-se em Sociodinâmica, Sociometria e Sociatria.

A Sociodinâmica ocupa-se do estudo do funcionamento das relações interpessoais. O


método utilizado por ela é o da teoria de papéis. O conceito de papel para Moreno, refere-se
a:

Forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a


uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos.
(MORENO:1993:27).

Inspirando-se no teatro, o conceito de papel pressupõe ação e inter-relacionamento.

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Papel vincula-se não só a representações teatrais, mas a funções que o indivíduo exerce no
decorrer da vida em sociedade.

Na vida real, em sociedade, os indivíduos têm funções determinadas por circunstâncias


sócio-econômicas, por sua inserção numa determinada classe social, por seu átomo
social e por sua rede sociométrica. Assim, há papéis profissionais : marceneiro,
metalúrgico, médico etc.; há papéis determinados pela classe social : patrão, operário,
sem-terra, fazendeiro etc.; papéis constituídos por atitudes e ações adotados a partir dos
anteriores: líder, revolucionário, negociador, repressor etc.; papéis afetivos: amigo,
inimigo, companheiro etc.; papéis familiares: pai, mãe, filho, patriarca, idiota da família,
sucesso da família etc.; papéis nas demais instituições: diretor, deputado, coordenador,
reformador etc.(GONÇALVES:1988:66)

Os papéis se originam no cerne da matriz de identidade, que será melhor explicitada a


seguir. O desempenho de papéis é o caminho pelo qual o homem se relaciona com os outros
homens.

O papel é, basicamente, a via de comunicação da personalidade com o meio ambiente e


Moreno o definiu como a unidade cultural de conduta (SOEIRO, 1976:8).

Moreno distingue três tipos básicos de papel: psicossomáticos, sociais e psicodramáticos.

Os papéis psicossomáticos, referem-se às funções fisiológicas humanas que


estabelecem um nexo entre o ambiente e o indivíduo.

Os papéis sociais correspondem às funções sociais exercidas pelo indivíduo e é por meio
deles que se relacionará com o meio ambiente. São advindos da matriz de identidade e
referem-se a posição ocupada pelo indivíduo no contexto das suas relações sociais.

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Os papéis psicodramáticos expressam a dimensão psicológica do indivíduo, envolvendo


tantos os papéis sociais como aqueles gerados na fantasia.

Para Moreno o desenvolvimento dos diversos papéis que o indivíduo assume em


sociedade, passa por alguns estágios, cuja evolução pode ser trabalhada pelo Psicodrama: o
role-taking, que é o estágio inicial de desenvolvimento de um papel, o role-playing, que
retrata o momento do desenvolvimento em que o indivíduo treina, vivencia situações,
exercitando-se no papel e o role-creating, onde o indivíduo já traz o aprendizado da
experiência anterior e é capaz de criar novas respostas qualitativas para o seu desempenho.

A Sociometria objetiva efetuar uma medição das relações entre as pessoas. As relações
dos homens entre si, o seu grau de ajustamento, seus vínculos, facetas de seu mundo
externo, podem ser visualizados através do método sociométrico.

O método é efetivado através do teste sociométrico, que possibilita a quantificação das


relações estudadas. O teste sociométrico pode ser utilizado não somente em grupos
terapêuticos, como também em grupos de trabalho, na indústria, escola etc. É um
instrumento, um caminho para a reformulação positiva dos grupos e comunidades.

A Sociometria nasceu, portanto, para servir ao propósito de investigação, mensuração


das relações interpessoais e inclui, em si, todos os elementos que sustentam a psicoterapia
de grupo, o psicodrama e o sociodrama.

Sociatria é a terapêutica das relações sociais. Seus métodos bem aplicados poderiam,
segundo Moreno levar ao tratamento e possível cura das relações sociais tornando-as mais
saudáveis. São eles:

- A psicoterapia de grupo que prioriza o tratamento das relações interpessoais inseridas


na dinâmica grupal.
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- o Psicodrama, que trata o indivíduo através da ação dramática.


- o Sociodrama, que trabalha a problemática de um grupo como um todo. Por isso, o
grupo é sempre o protagonista e as pessoas estão reunidas em torno de objetivos
comuns.

Em sua obra, Moreno lança novos conceitos contrapondo-se a alguns aspectos da


Psicanálise, de Sigmund Freud.

Deste modo, conceitos como o apresentado por ele sobre o nascimento, mostram
uma distinção clara frente à teoria psicanalítica.

Para Moreno, o nascimento é um ato liberador, ao contrário do conceito de “trauma do


nascimento” de Otto Rank e Freud ( SOEIRO, 1976:4)

A criança nasce inserida em um conjunto de relações interpessoais e em um ambiente


físico específico. Moreno chama a esse contexto de matriz de identidade, ou placenta social.
A criança passará por vários estágios de desenvolvimento, após o seu nascimento, onde
experimentará o seu processo de socialização e integração à cultura instalada. É nesse
contexto, que a criança aprenderá a relacionar-se em sociedade e a desempenhar os papéis
que lhe cabem em sua trajetória de desenvolvimento.

Os conceitos referentes à Matriz de Identidade, foram sendo gestados à partir da


observação dos fatos relativos a esse desenvolvimento e técnicas psicodramáticas foram
estabelecidas em consonância com esses estágios.

Segundo Moreno, o desenvolvimento do ser humano se efetiva de acordo com três


estágios ou fases da matriz de identidade e as seguintes técnicas correspondentes:

1. Identidade do eu: (fase do duplo)

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Caracterizado por um momento onde a criança não tem condições concretase objetivas
para diferenciar o mundo que a cerca onde a criança, a mãe e o mundo são uma coisa só”
(GONÇALVES, 1976: 61).

A criança nessa fase necessita de alguém que possa fazer por ela as coisas que são
impossíveis de serem realizadas individualmente. A mãe desenvolve o papel complementar,
procurando captar com a sensibilidade, aquilo que a criança não consegue por si só
explicitar. Diz-se então que a mãe assume o papel de ego-auxiliar, ou guia na sua interação
com o mundo. Num contexto específico onde ocorre a investigação psicodramática, o diretor
de psicodrama pode aplicar uma técnica correspondente a essa situação, que denomina-se
duplo. O duplo é realizado pelo ego-auxiliar, que desenvolvendo uma percepção aguçada, é
capaz de captar a emoção de um protagonista que tem dificuldades em expressá-la numa
cena dramática.

2. Reconhecimento do Eu: (fase do espelho)

Caracteriza-se pelo aumento da percepção da criança acerca de si mesma, mas não há


ainda nessa fase uma percepção concreta da relação com o outro.

onde existem dois movimentos que se mesclam: o de concentrar a atenção em si mesma


esquecendo-se do outro e o de concentrar a atenção no outro ignorando a si mesma. Pelo
fato de nesta fase a criança ver sua imagem refletida na água ou no espelho e estranhá-la
dizendo “olha o outro nenê”, Moreno deu a esta fase o nome de ESPELHO(GONÇALVES
1988:62).

Em um trabalho psicodramático, a técnica correspondente a essa fase é o espelho.


Através dela, o protagonista pode reconhecer-se, percebendo-se enquanto indivíduo com
características específicas.

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3. Reconhecimento do Tu: (fase da inversão de papéis)

Nessa fase a criança pode não só reconhecer-se como também já tem desenvolvida a
capacidade de
se colocar no lugar do outro.

No trabalho psicodramático a técnica correspondente é a inversão de papéis, onde o


protagonista é capaz de colocar-se no lugar de seu interlocutor, percebendo-se e
percebendo como o outro o percebe e vice-versa.

A catarse, foi outro conceito desenvolvido por Moreno em oposição à Psicanálise.

Um outro conceito comparativo é o da catarse. Para a Psicanálise, a Catarse é a liberação


de uma carga emotiva, quando certos mecanismos inconscientes afloram ao nível da
consciência durante o tratamento analítico. Moreno introduz o conceito de Catarse de
Integração em contraposição ao conceito de Catarse de Ab-reação psicanalítico. No
conceito de Catarse de Integração, de Moreno, o indivíduo durante a psicoterapia tem
uma série de conhecimentos e de percepções até que em determinado momento todas
elas se unem formando um conjunto. O indivíduo, assim, com essa percepção
globalizante, dá um salto. A isso Moreno chama de catarse de integração, onde o
indivíduo passa a ser uma nova pessoa. (Soeiro, 1976: 5)

A catarse é capaz de propiciar insigts terapêuticos no indivíduo. Ela se dá através de


um processo gradativo de reflexão/ação, onde o indivíduo integra os conteúdos que vai
descobrindo e trabalhando. O grande resultado produzido pela catarse é um homem novo.
Ainda que traga em seu bojo os elementos do passado, este homem descobriu algo sobre
ele mesmo que o fez modificar-se de modo intrínseco.

Um outro conceito moreniano é o de estados co-conscientes e co-inconscientes.

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Buscando aproximar-se de uma percepção verdadeira da interação humana, Moreno deteve-


se em analisar os fenômenos que ocorriam na relação entre as pessoas.

O conceito de co-inconsciente refere-se a vivências, sentimentos, desejos e até fantasias


comuns a duas ou mais pessoas, e que se dão em “estado inconsciente (GONÇALVES,
1988: 56).

Um outro conceito comparativo à Psicanálise é o de acting-out. Moreno considera


“acting” como a capacidade do indivíduo de dar respostas a estímulos imaginários (SOEIRO, 1976:
6).

O objetivo do acting-out é trazer para um contexto protegido a situação protagonizada


pelo indivíduo. Há dois tipos de acting-out: o irracional, que tem lugar na própria vida e o
terapêutico, que é controlado e ocorre no contexto dramático onde o tratamento se realiza.

O Psicodrama dramatiza para desdramatizar, isto é, pela acentuação, exagero até, pela
encenação do ato enfim, permite que a tendência ao ato impulsivo e a repetitividade
patológica dos papéis seja esvaziada(GONÇALVES, 1988:81).

Moreno introduz ainda o conceito de tele em oposição à transferência.

Tele é a capacidade do indivíduo perceber o outro de forma real, não distorcida. Esse é
um dos conceitos fundamentais da teoria psicodramática.

A interação humana é complexa e envolve um processo de percepção e comunicação


adequadas. No entanto, no travamento dessas relações, tanto a percepção quanto a
comunicação não se efetivam de modo congruente, gerando freqüentes distorções e
equívocos.

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Um desses equívocos deve-se a uma série de marcas que o homem traz da sua
experiência, que o faz transferir para uma nova realidade, sentimentos, atos e respostas
vivenciadas em uma situação anterior.

Transferência tem , portanto, o sentido oposto ao de tele. A transferência geralmente


ocorre em função de experiências marcantes que influem na percepção e tendem a fazer
crer que uma dada situação nova é idêntica a situações vividas no passado.

Moreno não estava interessado em analisar o mecanismo da transferência (grifo do


autor), nem sua relação com outros, nem em tomá-lo como instrumento, como propunha
Freud. Na verdade, reduziu o conceito ao sentido de fenômeno oposto ao fenômeno tele.
Para ele a transferência eqüivalia ao embotamento ou ausência do fator tele.
(GONÇALVES, 1988: 50)

A ausência do fator tele é a causa dos problemas de distorções nas relações entre as
pessoas. Segundo Moreno, o grande caminho seria o reforço à construção de relações
télicas entre as pessoas.

A percepção que o homem tem de si mesmo, dos outros e de suas relações define seu
modo de agir. Para que o ser humano possa dar respostas espontâneas é necessário
desenvolver uma percepção télica de si mesmo, dos outros e das suas relações.

Na visão Moreniana, o homem nasce com os recursos da espontaneidade, criatividade


e sensibilidade.

Desde o início, ele traz consigo fatores favoráveis a seu desenvolvimento, que não vem
acompanhados por tendências destrutivas. Entretanto, essas condições, que favorecem a
vida e a criação, podem ser perturbadas por ambientes ou sistemas sociais
constrangedores. Nesse caso, resta a possibilidade de recuperação dos fatores vitais,
através da renovação das relações afetivas e da ação transformadora sobre o

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meio.(GONÇALVES, 1988:45)

Esse é o grande enfoque de atuação no trabalho psicodramático: a reconstrução de


relações saudáveis, capazes de levar este ser humano social, a transformar e melhorar a
realidade que o cerca. Ele expressa essa idéia através do que chamou de revolução
criadora.

A Revolução Criadora moreniana é a proposta de recuperação da espontaneidade e da


criatividade, através do rompimento com padrões de comportamento esteriotipados, com
valores e formas de participação na vida social que acarretam a automatização do ser
humano (conservas culturais). (GONÇALVES, 1988:46)

Espontaneidade para Moreno está calcada numa visão de homem enquanto sujeito da
sua própria vida, capaz de construir a sua história.

Quando somos reduzidos à condição de peças da engrenagem, nas quais somos


colocados sem o reconhecimento de nossa vontade, impedidos de iniciativa pessoal,
estamos privados de nossa espontaneidade. (GONÇALVES, 1988:46)

O conceito de espontaneidade refere-se à capacidade humana de dar respostas


adequadas a situações novas ou conhecidas. É a capacidade de agir de modo “adequado”
diante de situações novas, criando uma resposta inédita e que transforme as situações
preestabelecidas. Caracteriza-se por uma superação de respostas insatisfatórias para
adequadas. Ser espontâneo é fazer o que é oportunamente necessário em uma dada
situação. A adequação refere-se a um processo de congruência entre o pensar, o agir e o
falar, fatores fundamentais de um ser humano ajustado ao seu eixo existencial.

Nesse sentido, ser espontâneo significa estar presente às situações, configuradas


pelas relações afetivas e sociais, procurando transformar seus aspectos

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insatisfatórios. (GONÇALVES, 1988:47)

A noção de criatividade advém desse conceito, uma vez que a possibilidade de


modificar uma dada situação envolve a capacidade humana de criar. Criatividade tem
relação intrínseca com a espontaneidade. Esta última é responsável pelo aparecimento da
criatividade.

Levar o indivíduo a produzir o máximo de respostas espontâneas e criativas é um dos


objetivos básicos do Psicodrama.

Moreno afirma que o momento criativo transforma-se posteriormente em uma conserva


cultural

Conservas culturais são objetos materiais (incluindo obras de arte), comportamentos,


usos e costumes, que se mantém idênticos, em uma dada cultural. (GONÇALVEZ, 1988:
48).

As conservas culturais são muito importantes, pois guardam a memória viva de tudo
que o homem criou no seu processo de desenvolvimento. Elas são a base da ação
espontânea e criativa. São o alicerce do movimento de transformação e mudança, portanto,
do processo criativo e espontâneo, não devendo tornarem-se dogmáticas como se fossem
verdades absolutas.

Em face de todas as considerações expostas, pode-se afirmar que o psicodrama,


enquanto instrumento de intervenção, traz em seu cerne a possibilidade de aproximar-se da
realidade, uma vez que é capaz, através do uso de suas técnicas e instrumentos, de
propiciar o seu desvelamento.

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Moreno introduz ainda o conceito de Encontro, caracterizado por uma vivência da


espontaneidade e do seu aprimoramento perceptivo, que pode nos levar a desenvolver a
disposição para a proximidade, para o contato com o outro.

Para Moreno, a palavra Encontro e o conceito de Tele são sinônimos. Não somente as
relações de atração, mas também, as hostis são fundamentais para chegar a um encontro
autêntico, considerando que contém como raiz, a palavra “contra”.

Além disso, o encontro deve propiciar a vivência de trocas efetivas entre os indivíduos.
Isso só é possível através do necessário empenho, dos indivíduos entre si, no
desenvolvimento da compreensão mútua.

Uma condição fundamental para isso é a confiança na reciprocidade do outro, buscando


afastar interferências na comunicação. O encontro é a experiência radical da convivência.

Encontro significa mais que uma vaga relação interpessoal. Significa estar junto, reunir-
se, ver e observar, sentir, participar, compreender, conhecer intuitivamente através do
silêncio ou do movimento, a palavra ou o gesto, tornar-se um só. Significa que duas pessoas
não apenas se reúnem, mas que elas se vivenciam, se compreendem cada uma com todo o
seu ser.

Para se trabalhar com Psicodrama, utiliza-se da Sessão de Psicodrama, que é o raio de


ação onde ele, sua teoria e metodologia ocorrem. A sessão reúne e opera com 3 contextos,
5 instrumentos e três etapas.

O Contexto é o encadeamento de vivências individuais e/ou grupais, de sujeitos que se


inter-relacionam numa contingência espaço-tempo. A sessão de psicodrama trabalha com os
contextos social, grupal e dramático.

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Do contexto social extrai elementos da realidade propriamente dita, onde tempo, espaço
geográfico, leis, normas, conduta, etc. colaboram para a constituição do enredo trazido pelo
protagonista. A partir desse enredo é possível iniciar-se a formulação da hipótese sobre a
fase da matriz de identidade em que se encontra o protagonista. O átomo social, que é “o
núcleo de relações que se formam em torno de cada indivíduo” (MORENO, Fundamentos da
Sociometria), pertence a esse contexto.

O contexto grupal é caracterizado pelo próprio grupo com o qual se está trabalhando.
Dele resgatam-se seus costumes, normas e condutas propriamente ditas, além do caráter
emocional, desejos e fantasias que permeiam o chamado co-inconsciente do grupo.
Elementos tais como movimentação, gestual dos participantes, expressão facial, também são
indicadores objetivos que se apresentam no contexto grupal. Não é por acaso que esse
contexto seja estudado pela sociometria e sociodinâmica.

Vale ressaltar que, por não ser tão abrangente como o contexto social, é no contexto
grupal que indicadores tais como compreensão, controle social e compromisso se
apresentam de maneira mais nítida. É no contexto grupal que estão os elementos para a
identificação da fase da matriz em que se encontra o grupo. A delimitação do trabalho da
sessão é feita no contexto grupal. O átomo social de cada indivíduo é trazido para o grupo
nesse contexto.

É no contexto dramático que a “brecha entre a fantasia e a realidade” descrita por


Moreno, ocorre propriamente, uma vez que o protagonista desenvolve os papéis no “como
se”. A separação entre o contexto grupal e o dramático apresenta-se com nitidez,
delimitando-se a realidade da fantasia.

O contexto dramático caracteriza-se pelo âmbito de ação onde ocorre a montagem da

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cena dramática criada pelo protagonista e organizada pelo diretor e a sua realização
propriamente dita.

Além de trabalhar com esses contextos, a Sessão de Psicodrama opera com cinco
instrumentos a saber, cenário, protagonista, ego-auxiliar, diretor e auditório.

O cenário caracteriza-se pelo espaço de livre manifestação do protagonista. Faz parte do


chamado aquecimento específico do protagonista, pois ele vai construir o contexto em que
se realizará a ação dramática. O cenário é o campo terapêutico do psicodrama, bem como é
o campo de trabalho do Diretor.

Protagonista é o autor e ator do drama. É aquele que centraliza a dramatização, uma vez
que simboliza e agrega os sentimentos que permeiam o contexto grupal.

O ego-auxiliar é o principal instrumento do diretor, uma vez que realizando suas funções
de ator, terapeuta auxiliar e investigador social, colabora na produção de insignts do
protagonista, favorecendo maior clareza a respeito do seu próprio papel, bem como ajuda na
obtenção de um desempenho melhorado por parte dele, mantendo-o sempre aquecido.
Exerce, portanto, um papel complementar na unidade funcional que estabelece com o
diretor.

Captar o sentimento do protagonista e do grupo é um dos objetivos principais do ego-


auxiliar. Ele é o catalisador da emoção grupal, portanto, deve estar afetivamente mais
próximo do grupo no qual está desempenhando esse papel.

O diretor é o responsável pela sessão de Psicodrama e nas funções de produtor,


terapeuta principal e analista social é capaz de identificar a problemática por ele trazida, levar
o protagonista a percebê-la e colaborar no melhor desempenho dos diversos papéis sociais e

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psicodramáticos em que o protagonista se acha inserido.

O auditório é o local onde as pessoas, que se encontram fora do campo dramático, mas
dentro do contexto grupal, estão reunidas e assistindo a ação dramática.

A Sessão de Psicodrama tem três etapas assim constituídas: aquecimento inespecífico,


aquecimento específico, dramatização e comentários.

Caracteriza-se o aquecimento inespecífico, pela preparação do auditório para o início do


trabalho, onde o diretor procura diminuir as tensões sociais, no sentido de produzir um
campo mais relaxado.

O aquecimento específico centraliza-se no protagonista e permite que este faça a


construção do cenário, assuma papéis e delegue-os. Ao diretor, cabe a seleção de todas as
cenas e a ação se dá no contexto dramático.

A dramatização é o momento do desempenho de papéis psicodramáticos por parte do


protagonista. Por isso é necessário que o diretor busque o comprometimento verdadeiro do
protagonista, para que este se envolva afetiva e emocionalmente com a dramatização.
Tornando isso possível, a sua espontaneidade flui, provocando uma ação terapêutica.

A etapa dos comentários é de vital importância, uma vez que é o momento em que o
grupo compartilha a vivência, discute os aspectos considerados mais relevantes, explicitando
os sentimentos que nela se apresentaram (sharing).

Ao diretor cabe a tessitura de todo o processo, desde o início da sessão até essa etapa,
dentro de uma visão gestáltica.

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Yozo, inclui mais duas etapas, Processamento e processamento teórico, quando trabalha
as fases de utilização do jogo dramático

Processamento: é a releitura da Dramatização e dos comentários, processada pelo ego-


auxiliar, direcionando-os aos seus objetivos. Processamento teórico: geralmente utilizado
na Empresa e na Escola, enquanto método psicodramático, para a introdução de
conceitos ou objetivos propostos. (YOZO:1996, 22).

Algumas técnicas do psicodrama, já foram anteriormente explicitadas em considerações


efetuadas nesse capítulo. O que se pretende aqui é discorrer sobre modos de
operacionalização de algumas delas.

No que diz respeito a técnica do duplo, que corresponde a primeira fase da matriz de
identidade, o ego-auxiliar, deve procurar traduzir de forma fidedignas emoções, sentimentos
e sensações que o protagonista não está conseguindo expressar. O ego-auxiliar deve
desenvolver a sua sensibilidade para entrar em sintonia com o protagonista, exercitando até
mesmo um esquema de pré-inversão, para que possa captar objetivamente esta emoção.

Na prática, o ego-auxiliar, sob o comando do Diretor, ao desenvolver esta técnica, deve


postar-se ao lado do protagonista, falando por ele, entre suas falas. O ideal é não colocar-se
no campo visual do protagonista para que este não veja o ego-auxiliar, mas o ouça, como se
ele fosse a voz da sua própria consciência.

O ego-auxiliar deve adotar a postura do protagonista e no momento exato, falar: eu


sinto... . Vale ressaltar que o Diretor deve dar as instruções ao ego-auxiliar sobre o
direcionamento da fala a ser dada. Se, por ventura, o ego-auxiliar não conseguir captar e
reproduzir fidedignamente o sentimento do protagonista, ele próprio denuncia e sai do papel.

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A técnica do espelho está ligada à segunda fase da matriz de identidade e exige do ego,
o exercício da função de ator, pois este precisa ser fiel na representação do protagonista.
Para tanto, capacidade de observação, boa percepção e boa memória são requisitos
essenciais, além do que, como a dinâmica da sessão exige certas paradas de cena, uma
forte capacidade para estar o tempo todo aquecido.

Ao realizar esta técnica, o Diretor tira o protagonista de cena substituindo-o pelo ego-
auxiliar, que tem o objetivo de imitá-lo em movimentos, expressões e fala. O protagonista fica
ao lado do Diretor, observando o desempenho do ego. O Diretor, por sua vez, faz as
perguntas ao protagonista sobre questões relativas à cena, procurando verificar se ele se
reconhece no desempenho do ego. Essa técnica é utilizada quando o protagonista não tem
ainda efetivado o reconhecimento do eu.

O ego-auxiliar deve ter muito cuidado no seu desempenho, para não torná-lo caricato.
Essa técnica requer sensibilidade e percepção das sutiliezas do desempenho dramático do
protagonista.

Na técnica da inversão de papéis, que corresponde à terceira fase da matriz de


identidade – reconhecimento do Tu, o ego-auxiliar deve desenvolver a habilidade para
colocar-se no lugar do outro. Para realizar essa técnica é necessário que haja uma troca
simultânea de papéis. Por exemplo, o ego-auxiliar desempenha o papel representado pelo
protagonista e vice-versa. Um aspecto fundamental, no desenrolar dessa técnica é o diretor
inverter primeiro com o protagonista para que o ego possa ter informações sobre os
elementos da relação que estão em jogo.

Observação, percepção e memória são aspectos fundamentais que o ego deve


desenvolver, devendo desempenhar os papéis solicitados com a maior veracidade possível.

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Através dessa técnica é possível observar como o protagonista relaciona-se consigo


mesmo e com as figuras que tem internalizadas, o que no mais das vezes não corresponde
ao tu verdadeiro.

A Interpolação de resistências é uma técnica cujo objetivo maior é alterar alguma


característica do papel complementar, de forma imprevista, seguindo uma hipótese do
diretor. É representada diretamente pelo ego-auxiliar, explorando a emoção do protagonista,
dando-lhe opções para que ele possa ver as coisas por outros ângulos. Essa é uma das
técnicas em que o ego deve desempenhar fidedignamente o que foi solicitado pelo Diretor,
sob pena de perder a sua eficácia se não for executado conforme o combinado.

A técnica do solilóquio é aplicada pelo Diretor. Quando o Diretor utiliza essa técnica é
porque ele necessita investigar hipóteses diagnósticas. Ao ocorrer o solilóquio, ainda que o
ego não participe, os elementos dele extraídos, são informações importantes para auxiliá-lo
no contrapapel.

Segundo Maria Alicia Romaña , nos primórdios dos anos 60 até a década de 80, a visão corrente
em países como a Argentina e Brasil, era a de que o Psicodrama fazia parte do campo da psicoterapia,
não se admitindo que ele pudesse ser utilizado para outros campos das Ciências Sociais.

Com o passar do tempo, essa visão mais conservadora do Psicodrama passou a


modificar-se. Descobriu-se o grande potencial de uso do Psicodrama em diferentes áreas
tais como a organizacional e educacional, que embora não trabalhem com o indivíduo de
forma clínica, terapeuticamente é capaz de produzir insignts. O seu campo de aplicação
pode estar vinculada à esfera social, comunitária e fundamentalmente, ao estudo dos grupos
como um todo que compõem esse universo.

Enquanto método, o Psicodrama é capaz de envolver os grupos em um processo de diagnose

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própria acerca de sua realidade. Desde a percepção de uma problemática específica à apreensão de
um conhecimento que se quer transmitir, todos esses aspectos podem ser trabalhados pelo método
psicodramático.

Enfim, o método psicodramático envolve os aspectos técnico, cognitivo e afetivo,


emocional e humano da aprendizagem. A sua aplicação é capaz de acrescentar algo mais à
vida daquele que aprende ou apreende.

2. CONCEITOS DE JOGOS E JOGOS DRAMÁTICOS

2.1 O JOGO

O jogo existe há muito tempo e pode-se afirmar que ele tem resistido bravamente através
da história. O jogo faz parte do desenvolvimento humano e nos ajuda na compreensão de
regras e limites, dentre outras características.

Segundo Huizinga (1980) o jogo é anterior a cultura e mais antigo que qualquer
organização social, pois os animais brincam tal como os homens. A essência do jogo é
definida pelo divertimento que oferece, ora com tensão, ora com alegria.

Bruhs (1955) desenvolveu pesquisas que mostram que a partir dos mamíferos o brincar
se desenvolve com características de prazer e toma dimensões mais elevadas.

Aberastury observou que a criança explora as respostas de prazer e desprazer através de


jogos e situações de seu cotidiano, com o objetivo de externalizar seus medos e angústias.

A palavra jogo é utilizada para referir-se ao brincar. Origina-se do vocábulo latino ludus,
que significa diversão, brincadeira. O jogo é reconhecido como meio de fornecer um
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ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de


várias habilidades.

Em sentido amplo jogo quer dizer divertimento, recreação, brincadeira, passatempo


sujeito a regras, existindo dentro dos limites de tempo e espaço. Tem início, meio e fim e se
realiza em um campo delimitado que exige uma ordem para a sua realização.

O jogo é "uma ação de uma atividade voluntária, realizada dentro de certos limites de
tempo e de lugar, segundo uma regra livremente consentida, mas imperativa, provida
de um fim em si, acompanhada de um sentimento de tensão e de alegria e de uma
consciência de ser diferente do que se é na vida normal." (Huizinga)

Pode ainda ser caracterizado como uma atividade física ou mental, onde participam duas
ou mais pessoas, caracterizando vencedor e perdedor através de regras específicas.

A essência do jogo, reside na capacidade de espontaneidade, fazendo surgir o sentido de


liberdade e permitindo ao participante do jogo, “viajar” ao mundo da imaginação, recriando-se
e descobrindo-se novas formas de atuação. Jogos e brincadeiras fornecem uma atividade
em que é possível se testar, experimentar papéis, elaborar sentimentos, sob circunstâncias
em que há pouco risco ou custo.

Muitos jogos e brincadeiras se desenvolvem de forma que refletem os atributos da


sociedade e as exigências que ela coloca nas pessoas que vivem dentro de seu universo.

O desenvolvimento infantil se encontra particularmente


vinculado ao brincar, uma vez que este último se apresenta
como a linguagem própria da criança, através da qual lhe será
possível o acesso à cultura e sua assimilação. O brincar se
apresenta como fundamental tanto ao desenvolvimento
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cognitivo e motor da criança quanto à sua socialização, sendo um importante instrumento de


intervenção em saúde durante a infância.

2.2 O JOGO DRAMÁTICO

Os jogos dramáticos são ferramentas, que facilitam o caminho da aprendizagem e o


desenvolvimento da espontaneidade e criatividade , uma vez que levam o indivíduo a um
campo relaxado de conduta, favorecendo a liberdade de ação e atuação autênticas.

O Jogo Dramático promove a liberação da espontaneidade. Esta é a essência do jogo.


Permite recriar e descobrir novas formas de atuação através do encontro do sujeito com ele
mesmo, com os outros e com a vida.

A espontaneidade e a tele funcionam como catalisadores da ação criativa. O lúdico, o


prazer, a alegria são ingredientes indispensáveis no jogo dramático.

Seu surgimento vincula-se à necessidade de uma terapia em baixo nível de tensão,


onde o indivíduo não está trabalhando diretamente seu conflito. Propiciando o relaxamento
das tensões, o jogo dramático permite uma aproximação sutil do material conflitivo.

Promove o desenvolvimento do potencial humano, o resgate da espontaneidade


criadora que leva à transformação do homem e dos grupos.

Pode-se afirmar que o jogo oferece condições para o aparecimento de situações


criativas e espontâneas no indivíduo e possibilita respostas novas, diferentes e livres de
conserva cultural trazida no decorrer do tempo pelas mais diversas situações em que é
restringida a sua capacidade criativa.

O modus operandi do jogo dramático é iniciado no momento em que o indivíduo está

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livre para criar e isto deve ocorrer dentro de uma determinada organização (regras e senhas
combinadas). O campo de conduta deve ser relaxado, possibilitando a instalação de uma
atmosfera permissiva.

Entende-se por conduta em campo relaxado aquela que surge no indivíduo,


norteando-se em primeiro lugar por uma tomada de distância do objetivo a ser atingido e
seguindo-se uma cuidadosa análise das possíveis respostas alternativas àquela situação.
Em campo tenso, toda a conduta do indivíduo se encontra fortemente marcada por uma
concentração unicamente dirigida à meta, o que impossibilita as ampliações de relações para
a sua adaptação.

O jogo dramático permite que o indivíduo descubra novas formas de lidar com as
situações do cotidiano. Promove o lúdico e é dramático uma vez que trabalha os conflitos. Os
conflitos surgem e são trabalhados de forma indireta. A comunicação extrapola o verbal e
outras formas de expressão não-verbal são incluídas.

Os insights quanto à descoberta dos conflitos, identificação e a sua resolução podem


ocorrer nas fases de aquecimento, dramatização, comentários e/ou processamento do
trabalho psicodramático.

O Jogo Dramático está inserido na teoria do Psicodrama e é bem diferente do termo


Jogo Dramático utilizado no teatro para desenvolver o papel de ator.

É uma atividade que permite avaliar e desenvolver o grau de espontaneidade e


criatividade do indivíduo, através de suas características, estados de ânimo e/ou emoções,
buscando obter a resolução de conflitos ligados aos objetivos propostos.

Essencial a todo processo de aprendizagem, permite


que o indivíduo descubra novas formas de lidar com
as situações que poderão ser semelhantes a outras
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de sua vida cotidiana; favorece também a quebra de resistências, bloqueios e ansiedades,


formando um "campo relaxado" que permitirá novas possibilidades de vivenciar as relações
entre as pessoas.

O jogo dramático deve conter uma perspectiva capaz de responder às seguintes


perguntas:

1. Para que estamos aqui ? (atenda à necessidade do grupo?)

2. Como estamos hoje, aqui e agora ? (percebo o clima do grupo?)

3. O que está por trás das aparências? (estou atento aos conflitos que surgem no
emergente grupal?)

4. Como me sinto hoje para trabalhar com esse grupo ? (Qual é a minha predisposição
para o trabalho ?)

O jogo é utilizado para criar vínculos e estabelecer novas formas de relação. Por esta
razão vem sendo cada vez mais usado nos ambientes de trabalho, para integração de
equipes, desenvolvimento e treinamento de papéis; nas escolas e outras instituições, com
grupos de professores e funcionários; para trabalhar temas de interesse do grupo; como
recurso pedagógico; para psicoterapia de crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias,
dentre outros.

3. CARACTERÍSTICAS, CLASSIFICAÇÕES À LUZ DA MATRIZ, TIPOS DE JOGOS


DRAMÁTICOS E FASES DE APLICAÇÃO

3.1. Características: elas especificam o jogo e suas finalidades, situando e delimitando,


inclusive o papel do diretor. As características do jogo dramático são as seguintes:

 Leva o indivíduo a soltar-se, liberando sua espontaneidade e criatividade


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 Busca levar o participante a um campo relaxado de conduta, desenvolvendo uma


liberdade de ação e atuação dos indivíduos;
 Possibilita o resgate da sua espontaneidade criativa;
 Nele é possível utilizar a comunicação verbal e não verbal;
 Através dele é possível perceber a congruência entre o pensar, o sentir, o falar e o
agir;
 É uma atividade voluntária, que pode ser interrompida quando necessário;
 Tem regras específicas, um tempo delimitado, um espaço (contexto dramático) e
objetivos definidos;
 Trabalha-se no “como se”;
 É psicodiagnóstico, uma vez que insere o indivíduo no grupo, avaliando a qualidade
das inter-relações e as características emocionais (atitudes e condutas);
 Facilita o vínculo na relação grupal;
 Propicia insights terapêuticos;
 Avalia o nível de espontaneidade, criatividade, desempenho de papéis, tele, rede
sociométrica, percepção, comunicação, integração etc.

Os jogos dramáticos não devem ter um fim em si mesmos, nem devem ser encarados
como fórmulas mágicas capazes de levar o grupo ao alcance dos objetivos propostos pelo
coordenador.

A utilização dos jogos dramáticos deve ser, antes de tudo, planejada de acordo com a
pertinência dos objetivos que se deseja desenvolver e efetuado um diagnóstico eficaz das
necessidades advindas do grupo, considerando a fase da matriz em que ele se encontra.

A escolha do jogo deve estar estritamente relacionada às fases de evolução


especificadas na matriz de identidade. O uso indiscriminado de jogos sem a observância
dessa vinculação pode trazer resultados desastrosos. Se mal aplicado torna-se uma simples
técnica, facilmente confundida com dinâmica de grupo.

O jogo dramático tem portanto, toda uma fundamentação teórica para ser aplicado.
Ele jamais pode ser aplicado de forma aleatória. O uso do jogo possibilita avaliar a
dinâmica de cada participante e a sua respectiva fase da Matriz. Além disso,

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considera-se o desenvolvimento do papel do indivíduo. (Yozo, 1996:28)

Dependendo do jogo, o indivíduo apresenta um papel específico e uma fase


correspondente de matriz. Do mesmo modo opera-se no grupo: ele apresentará uma fase de
matriz específica.

Todo jogo é psicodiagnóstico, uma vez que não se restringe apenas à inserção do indivíduo no grupo e
à qualidade de suas inter-relações, mas possibilita também avaliar suas características emocionais
através de suas atitudes e condutas, haja vista que cada jogo tem critérios específicos para isso.
(YOZO, 1996:28)

3.2. Classificações: Um jogo é classificado de acordo com a fase da matriz de


identidade. Como citado anteriormente, na teoria moreniana temos três fases a saber,
identidade do eu, reconhecimento do eu e reconhecimento do tu.

Efetua-se a correlação com as fases da matriz de identidade, quando definimos um


jogo apropriado para cada uma delas. Sabemos quando um jogo é apropriado na medida em
que observamos e estudamos o potencial que cada jogo trás, bem como as respostas
emocionais correspondentes.

Há que se lembrar a necessária leitura psicodramática do grupo, uma vez que


através dela é possível identificar a fase da matriz em que esse grupo se encontra.

3.3. Tipos de Jogos Dramáticos e correlação dos jogos dramáticos à luz da teoria
da matriz de identidade

Elencamos aqui os tipos de jogos adequados à fase da matriz de identidade do grupo.

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Primeira fase da matriz de identidade: São jogos onde explora-se a sensibilidade, o


princípio da percepção e integração grupal, sem envolvimento ou contato físico entre os
participantes, uma vez que é o momento em que o grupo se encontra no caótico
indiferenciado. Deve-se evitar o contato físico ou situações ameaçadoras aos
participantes. É o momento de se criar uma identidade do eu no grupo e, para isso, cada
participante deve localizar-se nele primeiramente.

Jogos de apresentação que envolvem a apresentação dos participantes, de uma


forma diferenciada e informal.
Jogos de aquecimento que, são adaptações de jogos infantis com o objetivos de
produzir campo relaxado e início de integração onde o resgate do lúdico
predomina.
Jogos de relaxamento e interiorização, que visam a descoberta de si mesmo, da
própria identidade, através da sensibilidade e percepção.
Jogos de sensibilização que possibilitam a exploração de si mesmo e do meio
ambiente através da sensibilidade e percepção (tátil, olfativa, auditiva, gustativa e
visual)

Segunda fase da matriz de identidade. Os jogos nessa fase abrangem características


de senso-percepção e princípio de comunicação, fundamentalmente. O diretor deverá
captar a dinâmica do grupo e de cada indivíduo, para a inserção de jogos pertinentes ao
momento, podendo apresentar contato físico ou não entre os participantes. São jogos
individuais e em duplas, mesmo envolvendo todas as pessoas. É o momento do role-
playing de cada participante e do grupo como um todo.

Jogos de percepção de si mesmo: são jogos que avaliam a percepção de si


próprio, através de características como a sensibilização, percepção e tipo de
comunicação, dentre outras. Podem ser individuais ou em duplas.
Jogos de percepção do outro/espelho: envolvem duplas, possibilitando ao
indivíduo perceber-se adequadamente através do outro. É o processo de se
reconhecer (Reconhecimento do Eu). Em sua essência., corresponde à fase do
Espelho.
Jogos de pré-inversão: Nesse tipo de jogo, os participantes iniciam o processo de
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pré-inversão, uma vez que não há a troca de papéis efetivamente, isto é, principia
o colocar-se no lugar do outro. Não se exige ainda a reciprocidade que permeia a
inversão de papéis.

Terceira fase da matriz de identidade. Os jogos nessa fase, envolvem trabalhos com
duplas, trios, quartetos, até o grupo todo, que avaliam o nível de comunicação e
integração entre os participantes. Os jogos dramáticos que exigem a construção de
personagens se enquadram nesta fase. Os jogos nessa fase envolvem contato físico
entre as pessoas sem características ameaçadoras. O protagonista é o próprio grupo sem
deixar de avaliar a dinâmica de cada indivíduo; há a inserção do indivíduo pelo indivíduo
(EU COM O OUTRO) e a sua inter-relação com o grupo (EU COM TODOS). Usa-se o
role-playing e role-creating.

Jogos de personagens ou papéis. Nesses jogos realizam-se a construção de


personagens e/ou papéis, sem contudo haver a inversão de papéis propriamente
dita. Avalia-se aqui a percepção télica e a rede sociométrica entre os participantes.
Jogos de inversão de papéis. São jogos em que há o desempenho de papéis,
avaliando o nível de percepção e comunicação entre os indivíduos no processo de
inversão. É a possibilidade de se colocar no lugar do outro e vice-versa
Jogos de identidade grupal/encontro. São jogos dramáticos grupais que visam
promover a identidade e coesão grupal, buscando atingir a idéia de encontro
moreniano.

Considerando que os jogos devem ter correlação com as fases da matriz de


identidade, há que se verificar as seguintes fases do jogo dramático:

Fase do Eu-comigo:

Momento em que a pessoa se localiza no grupo


Corresponde a primeira fase da matriz de identidade
Desenvolvimento da sensação e princípio da percepção
Busca garantir a descoberta de si mesmo
Deve-se primar pelo respeito ao ritmo, tempo e espaço interno
Deve-se considerar o indivíduo e o grupo
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O grupo aqui não se conhece ou não tem desenvolvida a sua


matriz
Desenvolve-se o princípio da integração
Jogos: de apresentação, aquecimento, relaxamento e interiorização
e sensibilização
Não é conveniente o contato físico
Fase do role-taking (adoção do papel)

Fase do Eu e o outro:

Inicia-se o processo de identificação com o outro:


o - quem é esse outro?
o - como me aproximo?
o - como me sinto?
Jogos de integração com o outro(individual /duplas)
Princípio da descoberta do outro
Envolve a sensopercepção e o princípio da comunicação
Jogos de percepção de si e do outro e pré-inversão
Apresentam pouco contato físico
O indivíduo percebe-se através do outro
Fase do role-playing
Permite o reconhecimento grupal através da percepção de si mesmo e do outro até
atingir a pré-inversão
Participantes não estão centralizados em si mesmos
Surgem as relações em corredor/ triangulação
Verifica-se uma disponibilidade do grupo para o reconhecimento das diferenças
individuais

Fase do Eu com o outro:

Percepção de si mesmo e do outro


Princípio da inversão de papéis
Relacionado ao reconhecimento do tu (terceira fase da matriz):
o como é o outro
o como ele sente, pensa e percebe em relação a mim e vice-versa.

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Fase do Eu com todos:

 Amplia-se a percepção frente ao grupo, estabelecendo relação com


todos, em busca da identidade de da coesão grupal
 Jogos de interação direta com o outro
 Inicia-se com duplas, trios, quartetos e até o grupo todo
 Permite verificar até onde o indivíduo percebe o outro e quando inverte os papéis
 Envolve contato físico não ameaçador
 Jogos com personagens ou papéis; inversão de papéis; identidade grupal e
encontro
 Apresentam características de comunicação e percepção avnçadas (eu-ele x eu-
nós)
 Pode-se avaliar as redes sociométricas do indivíduo e do grupo
 Momento do role-creating

4. PRINCÍPIOS DO JOGO DRAMÁTICO

Os jogos dramáticos são estruturados com base em três contextos, 4 instrumentos e 3


etapas., do mesmo modo que na operacionalização de uma sessão de psicodrama.

Quanto ao contexto ele pode ser:

Contexto Social: que corresponde à própria realidade social, envolvendo o tempo


cronológico e o espaço, as leis e normas sociais.

Contexto grupal: constituído pela realidade do grupo. É nele que se propõe e se delineia o
trabalho do jogo. Pode representar a miniatura ora de uma família, ora da sociedade. E
caracterizado pelo próprio grupo com o qual se está trabalhando. Dele resgatam-se seus
costumes, normas e condutas propriamente ditas, além do caráter emocional, desejos e
fantasias que permeiam o chamado co-inconsciente do grupo. Elementos tais como
movimentação, gestual dos participantes, expressão facial, também são indicadores

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objetivos que se apresentam no contexto grupal. Não é por acaso que esse contexto seja
estudado pela sociometria e sociodinâmica. É constituído pelo próprio grupo (diretor, egos e
participantes).\

Contexto Dramático: É no contexto dramático que a “brecha entre a fantasia e a realidade”


descrita por Moreno, ocorre propriamente, uma vez que o protagonista desenvolve os papéis
no “como se”. A separação entre o contexto grupal e o dramático apresenta-se com nitidez,
delimitando-se a realidade da fantasia.O contexto dramático caracteriza-se pela âmbito de
ação onde ocorre o jogo dramático. É nesse contexto que ocorrem os insights e a catarse de
integração.

Quanto aos instrumentos:

O cenário caracteriza-se pelo espaço de livre manifestação do protagonista. Faz parte do


chamado aquecimento específico do protagonista, pois ele vai construir o contexto em que
se realizará a ação dramática. O cenário é o campo terapêutico do psicodrama, bem como é
o campo de trabalho do Diretor.
Protagonista é o autor e ator do drama. É aquele que centraliza a dramatização, uma vez
que simboliza e agrega os sentimentos que permeiam o contexto grupal.

O ego-auxiliar é o principal instrumento do diretor; colabora na produção de insignts do


grupo; ajuda na obtenção de um desempenho melhorado por parte dele, mantendo-o sempre
aquecido. Exerce, portanto, um papel complementar na unidade funcional que estabelece
com o diretor. Captar o sentimento do protagonista e do grupo é um dos objetivos principais
do ego-auxiliar. Ele é o catalisador da emoção grupal, portanto, deve estar afetivamente mais
próximo do grupo no qual está desempenhando esse papel.

O diretor é o responsável pelo jogo dramático. Estabelece as regras, verificando que estas

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sejam compreendidas e aceitas. Dirige o ego-auxiliar. Fornece as senhas. Encerra o jogo.


Deve estar atento à dinâmica do protagonista e do grupo. Nas funções de produtor,
Seleciona os jogos a serem utilizados. Deve ter objetivos bem estabelecidos. É o terapeuta
principal e analista social, identificando a problemática trazida pelo grupo, efetuando as
leituras psicodramáticas, buscando levar o grupo a compreender-se.

O auditório é o local onde as pessoas, que se encontram fora do campo dramático, mas
dentro do contexto grupal, estão reunidas e assistindo a ação dramática

Quanto às etapas:

As etapas de aplicação do jogo dramático envolvem o aquecimento Inespecífico;


aquecimento Específico; dramatização; comentários; processamento e processamento
teórico.

O aquecimento é a etapa em que o diretor promove um aquecimento, buscando


preparar os participantes para o jogo. Desde o bate-papo informal ao iniciar o trabalho até a
apresentação de um jogo dramático com as suas regras pode ser considerado como tal.

A dramatização é o jogo propriamente dito, ou seja, é nesta etapa que o jogo


acontece.

Os comentários são solicitados aos participantes no final do jogo. Neste caso,


restringem-se às experiências vivenciadas. É muito importante verificar os tipos de respostas
emocionais, isto é, o que cada um sentiu durante o jogo.

É importante observar que os conflitos ocorrem na dramatização e/ou nos


comentários.

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O processamento é a etapa onde o Diretor e o ego-auxiliar efetuam a “leitura” da


dramatização e dos comentários, unindo-os aos seus objetivos. Por isso, é de fundamental
importância que o Diretor tenha clareza do que quer obter.

O processamento teórico se dá para a inserção de conceitos, através de uma


metodologia específica. Esta etapa ocorre com maior clareza na área da docência, onde o
professor pode inserir conceitos correlacionados com o jogo dramático.

5. RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS E O CONTEXTO DE TRABALHO

5.1. Os Recursos Materiais e Humanos: As Pré-condições para a sua realização dos


jogos dramáticos envolvem:

 O Preparo da sala: a sala deve ter um espaço adequado para o número de


participantes. Se possível almofadas de vários tamanhos e formas, um local ao centro
da sala, com uso de tapete ou não; boa iluminação; boa ventilação e local sem ruídos
e/ou interferências de qualquer espécie.
 A Preparação dos materiais (objetos/músicas): Certos jogos exigem materiais diversos
e o Diretor deve prepará-los com antecedência, muitas vezes deixando materiais
sobressalentes para o caso de necessidade. Músicas devem ser utilizadas de acordo
com os objetivos propostos e o tipo de jogo empregado. A preferência por músicas
não conhecidas garante melhor resultado. O diretor deve conhecer muito bem a
melodia antes de utilizá-las, para evitar o desaquecimento dos participantes.
 Os Participantes: é importante que os participantes usem roupas leves que permitam
maior liberdade de movimento.
 Respeito aos participantes e às suas diferenças: nem sempre as pessoas estão
preparadas ou dispostas. Cabe ao Diretor sentir o grupo e não fazer imposições
desnecessárias.
 Cuidados com o contato físico: deve-se atentar para a fase da matriz em que o grupo
se encontra. A utilização de jogos que envolvem o contato físico em momento
inadequado pode gerar o aumento de resistência, além do desrespeito aos
participantes.

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5.2. O contexto de trabalho:

Em linhas gerais podemos afirmar que os jogos podem ser aplicados a diversas
situações de trabalho que objetivem criar ambientes propícios para a ampliação da
percepção sobre a realidade ou contribuir para a promoção de relações saudáveis;

Onde houver grupos interagindo é possível realizar trabalhos utilizando o jogos


dramáticos. Através do jogo é possível iluminar as estruturas e a dinâmica dos processos
sociais, as determinações contraditórias dos fatos e fenômenos; contribuir para auto-
diagnose em processos terapêuticos e ampliação da espontaneidade e criatividade em
contextos de psicoterapia.

5.2.1 O USO DOS JOGOS DRAMÁTICOS NA CLÍNICA

O uso dos jogos dramáticos na clínica ajuda a expressão de pacientes inibidos, e


prisioneiros dos afetos. Favorece o retorno da autenticidade e congruência entre o que
sentem e o que expressam. A encenação do jogo e sua dramatização, favorecem a
emergência das emoções de modo mais profundo e sua verbalização.

Resistências podem ser trabalhadas através do uso de jogos dramáticos na clínica,


uma vez que relaxam o campo de conduta. Através do jogo é possível recorrer, na
psicoterapia psicodramática a formas de expressão extraverbais, para assim chegar-se à
dramatização do conflito.

O uso de jogos dramáticos na clínica com o psicodrama, permite ao indivíduo


descobrir novas formas de lidar com uma situação que poderá ser semelhante a outras
situações de sua vida. Resgata conteúdos inconscientes que, de outra forma seriam

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dificilmente percebidos.

A utilização de jogos dramáticos na área clínica depende da habilidade do Diretor em


adaptá-los ou criá-los de acordo com os conflitos emergentes.

No contexto da clínica pode ser aplicado na psicoterapia psicodramática, no


atendimento individual, casal, de família, de grupo etc.

5.2.2 O USO DE JOGOS NA ÁREA ORGANIZACIONAL

Na área organizacional, inúmeras são as possibilidades de utilização dos jogos


dramáticos, tais como:

• na montagem de treinamentos comportamentais, que favoreçam a diagnose grupal,


através da análise conjunta da problemática apresentada e da busca de alternativas
para a sua superação
• nos processo de fortalecimento de equipes de trabalho, utilizando jogos e técnicas
psicodramáticas para a melhoria da integração, comunicação, percepção,
espontaneidade, criatividade, respeito as diferenças individuais, manejo de conflitos
etc.
• na transmissão de conceitos pertinentes a relações ensino-aprendizagem
• em entrevistas individuais para efetuar o acompanhamento de uma problemática do
indivíduo no desempenho de seu papel profissional
• em processo de seleção de pessoal, mediante a definição prévia dos pré-requisitos
comportamentais desejáveis
• Em processos de desenvolvimento organizacional

A utilização dos jogos dramáticos nas Organizações deve ser, antes de tudo,
planejada de acordo com a pertinência do conteúdo programático que se deseja desenvolver
e efetuado um diagnóstico eficaz das necessidades, considerando a fase da matriz em que o
grupo se encontra.

5.1.3 O USO DE JOGOS EM SALA DE AULA

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Os jogos dramáticos podem ser utilizados em sala de aula. Resultados dessa prática
foram constatados uma vez que essa utilização favorece o processo de interação grupal;
promove a sensibilização e a abertura necessária para o aprendizado; oportuniza a análise
comparativa entre a situação vivida no jogo e a abstração teórica e promove insights
terapêuticos.
O método psicodramático envolve os aspectos técnico, cognitivo e afetivo, emocional e
humano da aprendizagem. A sua aplicação é capaz de acrescentar algo mais à vida daquele
que aprende ou apreende.
O pressuposto básico da metodologia psicodramática é o de que promove a
verdadeira aprendizagem, uma vez que reúne os aspectos afetivos com os cognitivos a ela
vinculados.
O campo de aplicação do trabalho psicodramático, e em particular, do jogo dramático,
no universo pedagógico é muito vasto. O psicodrama pode ser usado no aprendizado do
ensino formal, mas ele extrapola esse conteúdo e se espraia na reflexão sobre o ser humano
em sua totalidade.
Sua utilização favorece o processo de interação grupal; promove a sensibilização e a
abertura necessária para o aprendizado; oportuniza a análise comparativa entre a situação
vivida no jogo e a abstração teórica e contribui para promover insights terapêuticos.
Esse tipo de intervenção na realidade exige do profissional um forte comprometimento
com novas formas de pensamento e fundamentalmente a habilidade para interagir com
autenticidade.

6. DESEMPENHO DO PAPEL DE DIRETOR DE DIRETOR DE


JOGOS/FACILITADOR

O desempenho eficaz do papel de diretor, exige não só aprimoramento dos


conhecimentos técnicos e o treino das habilidades. Ele representa o resultado de um
processo de aprendizagem e auto-educação.

Esse tipo de intervenção na realidade, exige do profissional um forte


comprometimento com novas formas de pensamento e fundamentalmente a habilidade para
interagir com autenticidade.
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Para o diretor de jogos, mais do que conhecer uma série de teorias e conceitos
técnicos, observar e imitar, ou ainda, sistematizar a aprendizagem pelo ensaio-e-erro, deve
buscar seu autodesenvolvimento de forma permanente.

Desenvolver uma percepção mais adequada acerca de si mesmo é uma condição


fundamental para um trabalho psicodramático eficaz.

O diretor deve desenvolver a aprendizagem, compreensão e o treino de percepção


sobre os comportamentos dos grupos, assim como sobre as forças internas e externas que
operam nos mesmos e que , em última análise, se concretizam no espaço de sua atuação.

Para enfrentar esse desafio, o psicodramatista deve aprimorar a sua percepção e,


consequentemente, a sua comunicação. O primeiro passo é a identificação dos limites e
alcances do seu desempenho profissional.

Desenvolver adequadamente a percepção de si exige a identificação de suas


dificuldades e limites, saber reconhecê-las, assumindo-as, para finalmente, modificá-las: este
é o princípio para se estabelecer relações interpessoais saudáveis.

O diretor/facilitador deve estar aberto para experimentar situações novas a todo o instante.

Outra atitude que deve ser desenvolvida é a capacidade de inversão de papéis, isto é, de ter
condições de se “colocar no lugar do outro”, compreendendo - de fato - suas dificuldades e
limites, assim como suas facilidades e habilidades, podendo assim, desenvolver uma relação
mais “saudável”, espontânea, com uma percepção e comunicação propícia ao crescimento
mútuo.
Outra atitude que deve ser cultivada é a de estar disposto e pronto para a ação. De
nada adianta o desenvolvimento das posturas anteriores, se não estou disposto a agir. A
disposição para a ação implica em assumir responsabilidades Responsabilidade é o poder
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que temos para transformar situações.

O desempenho do papel de psicodramatista no uso de jogos dramáticos exige, para


seu êxito os seguintes cuidados:
 Não se ater ao jogo de forma rígida
 Exige preparo
 Não ter atitude classificatória frente ao grupo
 Não querer desenvolver fórmulas e obter resultados rápidos
 Prontidão para o desenvolvimento da espontaneidade e criatividade
 Habilidade para lidar com variáveis emergentes
 Possuir capacidade lúdica
 Ter senso de oportunidade, imaginação para a escolha adequada e originalidade
frente as questões emergentes
 Estar atento às nuances do grupo
 Ter domínio do jogo a ser aplicado
 Saber se o grupo conhece o jogo
 Adequação de respostas dentro do contexto dramático.

Só aprendemos a dar novas respostas, incrementando a nossa capacidade de ação.


Não basta estarmos sensíveis às oportunidades colocadas diante de nós. Não devemos
esquecer que as possibilidades contidas em cada realidade são sempre maiores que aquelas
detectadas.
As situações-limites e dificuldades que encontramos quando tomamos a decisão de
agir, não devem ser consideradas como barreiras intransponíveis, mas fronteiras onde todas
as possibilidades começam.

7. A EFICÁCIA NA APLICAÇÃO DOS JOGOS DRAMÁTICOS

A eficácia na aplicação dos jogos dramáticos envolve a construção de uma unidade


funcional coesa entre diretor e ego-auxiliar; conhecimento e domínio teórico-prático;
estabelecimento de contrato com o grupo; aliar os objetivos à dinâmica instalada no grupo;
desenvolver uma relação horizontal com os participantes; perceber a fase da matriz em que
o grupo se encontra; disposição e abertura frente ao outro; permitir que as pessoas possam

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perceber suas dificuldades sem sentirem ameaçadas; desenvolver a capacidade de


compreender a dinâmica do outro; compreender que a relação diretor/jogo/grupo é
complementar o tempo todo.

O diretor deve avaliar constantemente a fase de desenvolvimento dos vínculos da


dinâmica grupal, assim como deve também estar atento à fase de desenvolvimento de cada
elemento do grupo. Será a partir destes dados que irá oferecer jogos de encontro com as
verdadeiras necessidades do grupo.

Partindo de uma perspectiva dialógica, Os jogos dramáticos são um grande aliado no


trabalho com grupos. A teoria psicodramática é capaz de nos oferecer um norte seguro para
navegar em situações até mesmo imprevistas. Esse referencial teórico e a leitura
psicodramática que a subsidia, promovem a possibilidade de utilizar os jogos dramáticos de
modo adequado.

A potência fundamental do psicodrama e dos jogos dramáticos, consiste em contribuir


para que o protagonista, seja ele indivíduo ou grupo, possa perceber-se por si mesmo, num
processo de auto-diagnose que gera a espontaneidade e criatividade necessárias ao seu
desenvolvimento.

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