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O TERMO PRESBEUŌ EM 2 CORÍNTIOS 5:20
UM ESTUDO À LUZ DAS ESCRITURAS SOBRE “EMBAIXADOR DE CRISTO” NA VISÃO DO
APÓSTOLO PAULO
PAULO MARCIAL PINTO
Pastor distrital, Luanda - Angola
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RESUMO: A ênfase deste artigo se
concentra num estudo teológico e missiológico de
2 Coríntios 5:20, focando-se no principal termo
(presbeuō) deste texto na Bíblia Grega [Novo
Testamento]. Pela sua enorme variedade de
alternativas interpretativas, o autor apresenta sua
opinião baseando-se no uso da palavra presbeuō na
literatura antiga greco-romana, procurar entender o
verbo no contexto do Antigo Testamento e
verificar o seu significado prático para a sociedade
cristã contemporânea.
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INTRODUÇÃO
2 Coríntios 5:20 é um dos versículos
muito usado do Novo Testamento e o seu
termo presbeuō tem recebido muitas aplicações
nos estudos hermenêutico e homilético. Nos
debates de hoje, estudiosos cristãos acreditam
que presbeuō é de grande importância no
contexto bíblico, principalmente do Novo
Testamento. No livro de 2 Coríntios 5:20 e
Efésios 6:20, por exemplo, o autor (Paulo, Ef.
1:1; 2 Cor. 1:1; 10:1)1 confirma tal facto. Os
substantivos “presbeia” (delegação ou embaixada)
em Lucas 14:32; 19:14 e “presbeutēs” em
Filemom 9 são variantes textuais que
evidentemente mostram que o termo presbeuō
e a sua aplicação prática foram sempre parte do
ensino da fé cristã.
1
ABSTRACT: This article deals with the
theological and missiological study of 2 Corinthians
5:20, focusing on the main term (presbeuō) of the
text in the Greek Bible [New Testament]. Due to
its enormous variety of theological interpretation,
the author presents his opinion based on the use of
the word presbeuō in ancient Greek-Roman
literature, trying to understand the verb in the
context of the Old Testament and verifying its
practical meaning for contemporary Christian
society.
Apesar de as cartas aos Coríntios
darem grande atenção à relação entre o
evangelho e a formação de um modo de vida
cristão no mundo,2 como acredita Dustin W.
Ellington, elas não deixariam de mencionar a
missão daquele que as escreveu - o seu
ministério ativo (Gal 1:1; 1 Co 1:16).
PRESBEUŌ NA LITERATURA ANTIGA
GRECO-ROMANA
Grego - Acredita-se que o termo
presbeuō era geralmente usado para se referir
essencialmente a três diferentes tipos de
posições ou pessoas: “ancião,”3 “embaixador”
e “delegado”. Alguns escritores e professores
fazem menção de que presbeuō, no seu sentido
transitivo significa “mensageiro”.4 Os que
defendem esse ponto de vista afirmam também
que na língua grega antiga, o verbo era também
aplicado para se referir de forma figurativa a
um “representante” e “pregador”.
Günther Bornkamm é da mesma
opinião que esses estudiosos. Para ele,
“Presbeuō [embaixador] no mundo grego
operava como um representante legítimo da
autoridade política enviado [a um lugar] para
que agisse como um diplomata oficial do palácio
real.”5 Esta posição sustenta a idea de que, a
tarefa primária de um presbeuō grego era de: a)
representar e promover o seu país de origem;
b) proclamar notícias oficiais do rei. Nesta
teoria, podemos afirmar que esta não foi uma
missão fácil, mas era possível.
Latim - No Dicionário Teológico de
Kittel o autor deixa claro que, “no período
romano (o período após o período Grego, Daniel 2),
a palavra grega presbeutēs [embaixador] passou
a ser equivalente a palavra latina “legatus.”6 Tal
termo, de acordo com alguns escritores
modernos, referia-se: a) alguém enviado com
uma missão;7 b) representante autorizado do
imperador romano; c) alguém no “topo da
hierarquia militar.”8
Os historicistas têm geralmente
argumentado que era possivelmente através do
legatus em que os governantes romanos
resolviam seus problemas com outras
comunidades [conquistadas e não só] e
implementar a Pax Romana,9 pois eles,
“facilitavam na colecta de informações e
negociavam acordos comerciais”.10 Na visão de
Robert H. Mounce, “o arauto [legatus] devia
ter um caráter confiável, e suas palavras
deveriam ser tão boas quanto as da pessoa que
o enviou.”11
2
O ponto que se quer destacar no
momento é que, a função do legatus no mundo
romano era garantir que os interesses do
império e da comunidade romana fossem
alcançados. Considerando que o legatus
trabalhava para a nação “as despesas durante a
sua jornada eram, naturalmente, pagas pela
república.”12
PRESBEUŌ NO ANTIGO TESTAMENTO
No seu artigo 155 sobre Paul’s Role as
Ambassador, Larry Perkins, faz saber a seus
leitores que “o verbo presbeuō não aparece na
tradução grega das Escrituras judaicas, mas
vários dos cognatos foram empregados.”13
Embora o verbo não seja mencionado na
tradução grega das Escrituras judaicas, o
conceito era familiar.
Para melhor contextualização deste
artigo usaremos alguns exemplos já explorado
por Perkins.
Em Números 21:21 (Então Israel
mandou “mensageiros” a Siom, rei dos amorreus), por
exemplo, o substantivo hebraico (malak)
“mensageiros” é traduzido como “presbeis,”
isto é, “embaixadores.” Neste sentido, os
presbeis de Números 21:21 (veja também
Deuteronómio 2:26-27 e Juízes 11:19) têm a
missão de levar uma mensagem de paz e não
de conflito. A mensagem específica levada
pelos presbeis de Israel ao rei de Siom
encontra-se no versículo 22. O contexto
teológico de Números 21:21 está em paralelo
com Génesis 32:3-6 (Jacó envia mensageiros a
Esaú seu irmão) e Êxodo 23:20 (um
mensageiro – Hb. malak, é enviado por Deus).
Em 1 Macabeus 13:21 (Livro apócrifo),
o cognato substantivo “presbutēs” tem o
sentido de “embaixador enviado (a trifão),”
enquanto que o substantivo “presbutai,” em 2
Macabeus 11:34 e 37 (livro apócrifo)14 tem o
significado de “enviado.”15 (O emissário tinha
a mensagem em formato de carta).
A missão de mensageiro era um dever
de elevada consideração nos tempos antigos, e
ferir um embaixador era insultar o rei que o
enviara (2Sm 10:5). Na Bíblia, nenhum
mensageiro era enviado sem antes receber uma
instrução (veja Gen. 32:4). Vemos esse ponto
sendo também ilustrado em Juízes 11:19.
Israel, no momento de atravessar as fronteiras
dos moabitas (Gn 19:30-38), não só enviou
mensageiros, mas deu-lhes uma mensagem
específica (Nm 21:21, 22; Dt 2:26).
Em resumo, um presbeuō no Antigo
Testamento devia ter uma missão (Js 9:4; Pv
13:17; Is 18:2), ser um intérprete (2Cr 32:31),
um mensageiro (2Cr 35:21; Is 30:4; 33:7; Ez
17:150) para fazer alianças (Js 9:4), felicitar reis
na sua ascensão ao trono (1Rs 5:1) e deliberar
apenas a mensagem de quem o enviara.
PRESBEUŌ EM 2 CORÍNTIOS 5:20
Em 2 Coríntios 5:11-21, Paulo faz
alusão à sua nova teologia sobre o significado
da morte de Jesus Cristo em sua vida,
possivelmente, para responder as críticas
contra o seu chamado apostólico (veja versos
14 e 15). Para William Barclay, “Paulo esta
tentando convencer os homens (e mulheres) de
sua própria sinceridade.”16 Portanto sugerimos,
compreender o versículo 20 como parte da
apologia paulina para provar suas credenciais
apostólicas (Gl 1:1; 11, 12; At 9:6, 22:10). O
achavam de louco (At 26:24) mas as suas
palavras eram verdadeiras e sábias (v25).
Quando consideramos o uso do verbo
presbeuō em 2 Coríntios 5:20, aprendemos que
o apóstolo Paulo na tentativa de esclarecer o
seu chamado aos críticos de Coríntios (2 Co
10:10; 11:22-23; 12:1-13), ele descreve também
a sua missão (presbeuō, ser embaixador de
3
Cristo) e a descrição da sua missão (déomai,
“fazer um apelo urgente ao pecador para que
volte a Cristo”.17 (veja Apoc.18:4)
Num país estrangeiro como este
mundo, a honra de Cristo estava nas mãos de
Paulo. Na visão do apóstolo, o país estrangeiro
a ser pregado não é apenas um local físico ou
geográfico, mas sim o espiritualmente morto e
perdido na sua escuridão (Ef 2:1,5: Col 2:13).
Ali, o presbeuō de Cristo, “fala por seu próprio
país e busca oportunidades para apresentar sua
mensagem de forma mais atrativa,”18 pregando
assim a paz do seu país de origem (o Reino dos
Céus, Fil. 3:20; I Ped. 2:9).
Por outro lado, Paulo ao usar o verbo
presbeuō, ele afirma ser o enviado de Cristo
(At. 9:15; Ef. 6:20) para transmitir a
“mensagem de reconciliação com Deus” (2Co.
5:20b). O verbo katallassó (reconciliar) denota
“fazer amizade.” No sentido salvífico,
katallassó (reconciliação), “não se trata apenas
de chegar a uma mesma opinião sobre certo
assunto, mas também de ser um com outro”.19
Ser um com Deus. Na visão de Adnès, “a
reconciliação é facto teocêntrico, dado que ela
provém de Deus para conduzir o homem a
Deus”.20 O homem deve criar disposições para
aceitar a graças de Deus.
O evangelho da reconciliação sempre
esteve no coração da pregação de Paulo:
“Porque não me enviou Cristo para batizar, mas
para pregar o evangelho” (1 Coríntios 1:17).21
Apesar de muitas críticas, Paulo não deu por
terminado o seu ministério como um
embaixador [presbeuō e legatus] de Cristo. Ele
terminou quando o combate foi bem
combatido e a carreira tinha acabado (2 Tim.
4:7-8). De um modo geral, Paulo promoveu o
Reino dos Céus (o seu país, Fil. 3:20); falou
mais de Deus e menos de Satanás (1Co 1:23);
representou Cristo na terra (o seu Rei, 2 Cor.
5:20) e deliberou apenas a mensagem de
salvação para transformação de almas:
a) A vida de Cristo (At 2.22);
b) A morte de Cristo (At 2.23);
c) Ressurreição de Cristo (At 2.24-32);
d) Exaltação de Cristo (At 2.33-35);
e) O Senhorio de Cristo (At 2.36);
f) A segunda vinda de Cristo (At 1:11;
1 Te 4:16-18; Ap 22:20).
David Guzik escreveu, “Há muita coisa
na idéia de ser embaixadores! Um embaixador
[de Cristo] não fala para agradar sua audiência,
mas o rei [Jesus] que o enviou. Um embaixador
não fala por sua própria autoridade (mas a de
Cristo); suas próprias opiniões ou demandas
[pois isto] significam pouco. Ele simplesmente
diz o que foi chamado para dizer. Mas um
embaixador é mais do que um mensageiro; ele
também é um representante (de Cristo), e a
honra e a reputação de quem o enviou estão
em suas mãos”.22
Fonte do Poder
Em face da realidade da grande
comissão, Jesus em Mateus 28:18, faz menção
do poder (exousia - autoridade) que lhe foi
outorgado. Este privilegio vem do pai (Mat
11:27; Fl 2:8-11). Terminada sua missão na
terra, em Atos 1:8, o mestre promete poder
(dunamis – habilidade de fazer) a seus discípulos
para serem Suas testemunhas.23 O apóstolo
Pedro deixa claro que, dez dias depois de Cristo
ter ascendido aos céus e ser exaltado pelo pai
(At 2:3), a promessa é então cumprida e os
discípulos começaram a testemunhar sobre
Jesus (At 2:22-26), sob orientação do Espirito
Santos.24 (At 2:17-21).
James Hastings destaca três pontos
importantes em Atos 1:8, a) o poder; b) a fonte;
c) o uso do poder. A fonte do poder é o
Espírito Santo, e esse poder é dado para que a
4
igreja seja testemunha de Cristo até aos confins
da terra.25 O Espírito Santo nos capacita e faz-
nos ter um caráter confiável, e boas palavras
para representarmos melhor a Cristo.
Recebemos o Espírito Santo para falar
de Cristo e permanecermos Nele. George R.
Knight disse afirmativamente, “estar em Cristo
é uma expressão bíblica que indica relação total
de uma pessoa com Deus. Inclui tanto a
justificação quanto a santificação”26 As crenças
adventistas não deixam dúvidas de que “os
defensores da verdade precisam esconder-se
em Jesus; Ele é sua grandeza, seu Poder e
eficiência. Precisam amar as pessoas como Ele as
amou, ser obedientes como Ele foi, corteses,
cheios de simpatia. Devem lutar com todas as
forças contra o mínimo defeito de carácter em
si mesmos. Precisam representar a Jesus.
Deixai-O aparecer em cada ato.”27 O
embaixador de Cristo recebe poder para
implorar a homens e mulheres, em toda parte,
que se reconciliem com Deus.
O Presbeuō Contemporâneo de Cristo
A Conferência Geral dos adventistas
do sétimo dia lançou recentemente um novo
plano estratégico internacional para o próximo
quinquénio (2020-2025) intitulado, I will Go
(Eu irei ou Eu Vou).28 Segundo a Associação
Geral, o plano é de envolver todos os membros
da igreja (TEM- Todos Envolvido na Missão) no
alcance do mundo, inspirando-os a usarem
seus dons espirituais em testemunha e serviço
para Cristo (Mat. 28:18-20, At 1:8, Rev. 14:6-
12). O plano visa tornar membros da igreja em
verdadeiros embaixadores de Cristo.29
Retornando à questão do termo
presbeuō, devemos observar duas
interpretações possíveis.
Em 2 Coríntios 5:20, o verbo aparece
como presbeuomen – somos embaixadores.
Primeiro, essa transição sugere para cristãos
contemporâneos que a missão de representar e
pregar Cristo é de todos para todos. Os que se
apegam a verdade sentirão a necessidade de
fazer tal obra (vs19). Ellen G. White escreve,
“todo cristão verdadeiro sentirá que tem
alguma coisa a fazer pela salvação de
pessoas.”30
Segundo, apesar de a frase “oun
presbeuomen Christos” (somos embaixadores de
Cristo) em 2 coríntios 5:20 denotar uma
perspetiva universal dentro do cristianismo, ela
é limitada aos “crentes criados de novo,” (v17). Pois
apenas “Um homem renovado age de acordo
com novos princípios, por novas regras, com
novos fins e em nova companhia.”31 Paulo, por
exemplo, não pregou o evangelho de Cristo
como um devastador da igreja (tal como era, At
8:3), mas como um homem renovado (Gl
2:20). A transformação e a preparação
precedem o ministério.
A ênfase em 2 Coríntios 5:20 consiste
no facto de, embora Deus nos tenha chamado
para sermos Seus representantes nesta terra,
Ele continua sendo o cabeça da Sua igreja (Ico
12:27; Col 1:18). Nosso dever é rogar da parte
de Cristo que o pecador se reconcilie com
Deus. Ellen White escreveu: “...Enquanto
Cristo é o ministro no santuário acima, Ele
também é, através de Seus delegados
[embaixadores], o ministro de Sua igreja na
terra. Ele fala ao povo através de homens
escolhidos [embaixadores] e leva adiante Sua
obra através deles...”32
Importa realçar que, “Como nos dias
de Cristo, a obra do reino de Deus não está
com aqueles que clamam por reconhecimento
e apoio de governantes terrenos e leis humanas,
mas com aqueles que estão declarando ao povo
[perdido] em Seu nome as verdades
espirituais...”33 A nossa missão não é uma
5
missão política nem tão pouco uma missão
económica, mas espiritual; de vida e morte.
Fazer algo fora disto é negar a missão, I Co. 1:23.
O Presbeuō contemporâneo de Cristo,
no contexto de 2 Coríntios 5:20, tem duas
funções fundamentais:
1- Cumprir a tarefa especial dada por
Cristo de buscar os perdidos e leva-los a Cristo
e a sua verdade (semear, colher e conservar -
Mat 28:18-20 e At 1:8). Isto não é da legislação
de Paulo, nem tão pouco da igreja no geral, mas
procede de Deus (Ef 2:10; 2Co 5:20). Ellen G.
White argumenta que “Como professos filhos
de Deus, achamo-nos sob solene obrigação de
buscar e salvar os perdidos. Deus quer que nos
associemos com crentes e descrentes, para que
ajudemos a todos a chegarem a mais pleno
conhecimento da verdade.”34
2- Representar bem e promover o país
(Céus) pelo viver diário. A razão da nossa
existência como cristãos nesta terra é para
mostrar aos descrentes o mistério de Deus
revelado em Jesus Cristo. Sendo assim somos
“...chamados a mostrar a bondade e a
misericórdia do Senhor. Como Jesus nos
revelou o verdadeiro caráter do Pai, assim
devemos revelar a Cristo a um mundo que não
conhece Seu terno amor piedoso.”35 Cristo nos
incumbiu a responsabilidade de sermos seus
mordomos e enquanto vivermos, “Há trabalho
a ser feito para o Mestre. Pois há pessoas que
podem, por nossa influência, ser levadas a
Cristo.”36 Faça um compromisso radical, “I will
Go” – Eu Irei (Eu vou) ao mundo contar a
história de Cristo.
O PREÇO DO PRESBEUŌ DE CRISTO
Durante o seu ministerio, Paulo teve
suas crises, como hoje as temos e muitas. Elas
tornaram difícil a transmissão do evangelho,
mas não impossível. Foi açoitado em Filipos
(At 16:16-24), expulso em Tessalônica (At
17:5-10), Satanás se interpôs no [seu] caminho
(Tes. 2:18), enxotado de Bereia (At 17:11-14),
chamado de tagarela [babbler] em Antenas,
espancado em Coríntio (At 18:19). Crisóstomo
chamou tudo isto de: “Uma tempestade de
problemas”.37
No capitulo 4 de 2 Coríntios após ter
apresentado a luz do evangelho de Cristo (vv5-
7), Paulo faz o resumo do muito que tinha
enfrentado na seguinte declaração: “Em tudo
somos atribulados, mas não angustiados;
perplexos, mas não desanimados...Perseguidos,
mas não desamparados; abatidos, mas não
destruídos; Trazendo sempre por toda a parte
a mortificação do Senhor Jesus no nosso
corpo, para que a vida de Jesus se manifeste
também nos nossos corpos;” (vv 8-10).
Paulo sabia que sendo um embaixador
de Cristo a sua casa terrestre deste tabernáculo
(corpo mortal) podia se desfazer (2Co 5:1),
mas, ele desejou mais a casa do céu (vs 2a). No
livro de Atos ele afirmou, “todavia, não me
importo, nem considero minha vida de valor
algum para mim mesmo, se tão somente puder
terminar a corrida e completar o ministério que
o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do
evangelho da graça de Deus.’’ (Atos 20:24). O
apóstolo viveu na Esperança de ter de Deus
um edifício melhor (2Co 5:2b - ressurreição),
por isso, ele estava sempre de bom ânimo (v6).
No final de sua carreira missionária,
Paulo clamou: “Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé . . . Desde agora,
a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não
somente a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.” (2Tm 4:7-8). A morte é
o preço do discipulado [embaixador de Cristo],
a vida eterna (apesar de ser pela graça) é a dádiva
da fidelidade.
6
O Amor Desafiador
O amor constitui um dos principais
conceitos da teologia de 2 Coríntios 5:20. Ela
desafia-nos a ver as pessoas pelos olhos de
Cristo (Jo 1:40; At 8:26-38), a pregar o
evangelho (2Co 5:20). Este amor de Deus nos
é dado em Cristo (1Co 15.10). É pelo amor que
somos chamados e enviados; é pelo amor que
o pecador atende a Sua palavra e se torna uma
nova criatura (2Co 5:17). Tudo isto acontece
porque o amor de Deus dura para sempre,
(Salmos 136). Sem este amor “O mais talentoso
obreiro pouco pode fazer a menos que Cristo
esteja formado no interior, a esperança e força
da vida.”38
Alguns escritores afirmam que era de
costume muitos legados romanos irem ao
hipódromo e assistirem às corridas de cavalos
o dia inteiro em vez de saírem e cumprirem a
missão do imperador. Os cristãos também
podem agir de maneiras que se prendam à
carne e não andem na missão de Cristo (Mat
25:24-28), mas isso terá consequências no final
da história deste mundo (2Co 5:10), pois Jesus
dará o galardão a cada um segundo a sua obra
(Apoc. 22:12).
Enquanto Jesus não volta, “para todos
que se tornam participantes de Sua graça, o
Senhor designa uma obra para os outros.
Individualmente, devemos estar em nosso
lugar e dizer: “Aqui estou eu; envie-me.”39 Na
visão de Ellen White, “sobre o ministro da
palavra, a enfermeira missionária, o médico
cristão, o cristão individual, seja ele
comerciante ou agricultor, profissional ou
mecânico - a responsabilidade recai sobre
todos. É nosso trabalho (como embaixadores
de Cristo) revelar aos homens o evangelho de
sua salvação. Todo empreendimento em que
nos envolvemos deve ser um meio para esse
fim.”40

CONCLUSÃO
Tentamos demonstrar, por meio de
um estudo linguístico e teológico que 2 Cor.
5:20 é umas das chaves para explicar a
diferença entre uma nova e uma antiga criatura.
A nova criatura está em Cristo, por esta razão
partilha o que recebe de seu mestre.
Seguindo a análise sobre a estrutura de
2 Coríntios 5:20, pensamos termos de forma
clara explorado o seu significado linguístico e
Cristocêntrico. Diferente dos embaixadores
seculares, “os membros da igreja não são todos
chamados para trabalharem em terras
estrangeiras, mas todos têm uma parte para
atuar na grande obra de dar luz ao mundo. O
evangelho de Cristo é agressivo e difuso. No
dia de Deus, ninguém será desculpado por ter
estado calado aos seus próprios interesses
egoístas. Há trabalho para toda mente e para
toda mão. Há uma variedade de trabalhos,
adaptados a diferentes mentes e capacidades
variadas.”41
O facto de o verbo presbeuō aparecer
pela primeira vez na Bíblia Grega mostra um
significado importante para os Cristãos
contemporâneos de que a nossa missão como
embaixadores de Cristo não se originou de
Referencias:
1 De acordo o comentário de William Barclay, A
descrição da aparência pessoal de Paulo chegou até nós
de um livro muito antigo chamado Os Atos de Paulo e
Tecla, que remonta há cerca de 200 d.C. É tão lisonjeiro
que pode ser verdade. Descreve Paulo como “um
homem de baixa estatura, de cabelos finos sobre a
cabeça, torto nas pernas, de bom estado físico, com as
sobrancelhas se encontrando e com o nariz um tanto
enganchado, cheio de graça, pois às vezes ele aparecia
como homem e às vezes ele tinha o rosto de um anjo.”
[William Barclay Commentary. p. 242-243]
7
Paulo nem tão pouco dos doze primeiros
discípulos de Cristo, mas de Cristo, o nosso
comandante. Apesar de o conceito do verbo
presbeuō notar-se no tempo mosaico
(Números 21:21) e pós-mosaico (Isaías 61:1-3),
ele tornou-se mais claro e específico apenas
após a ressurreição de Cristo (2 Coríntios 5:20;
Efésios 6:20). Para o apóstolo Paulo, o
presbeuō de Cristo deve ser semelhante a Jesus
que o enviou (Ef. 5:1; Filip. 2:5-11). O
presbeuō de Cristo deve suportar as
contradições dos pecadores, mas acima de
tudo, deve conhecer com grande intimidade o
seu Senhor (João 15:4).
Em 1888 George William Warren
(1828-1902) baseando-se em Marcos 16:15 (E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
escreveu; “Há um dever que Deus nos
criatura)
confiou: Ir e anunciar Jesus ao pecador, Ir
proclamar que já o resgatou, Sim, expandir a fé
no Salvador.”42 O nosso dever como
presbeuō/legatus contemporâneos é de
anunciar que Cristo brevemente voltará (Apoc.
22:12-21), chamar as pessoas ao
arrependimento, convida-las a temerem a Deus
e a rende-lo glória porquanto o dia do seu juízo
chegou (Apoc. 14:7).
2 Dustin W. Ellington, Re-examining the gospel in 2 Cor.
5:21 for the church’s contribution to a better world,
Missionalia 44:2 (175–191), p. 176. Veja também,
www.missionalia.journals.ac.zahttp://dx.doi.org/10.78
32/44-2-137
3 O Novo Testamento também usa um termo diferente
do ancião para descrever os líderes da igreja local. Esse
termo é “supervisor,” e vem da palavra grega episkopos (veja
Atos 20:28; Filipenses 1: 1; 1 Timóteo 3: 1-2; Tito 1: 7; 1
Pedro 5: 2). O termo supervisor era uma designação
comum usada pelos gregos para uma variedade de
funcionários. Infelizmente, o termo gradualmente

desenvolveu um significado que era bem diferente do
uso do Novo Testamento. Veja the biblical meaning of
the term elder: Further Reading: Biblical Eldership, pp.
15-17; 31-34.
4 https://biblehub.com/greek/4243.htm
5 G. Bornkamm, πρεσβεύω, p. 682. Veja também,
Stephen Oliver Stout, Preach the Word: A Pauline
Theology of Preaching Based on 2 Timothy 4:1-5.
(Resource publications-Eugene, Oregon. 2014), p. 225.
6 Geoffery Bromiley, Theological Dictionary of the New
Testament Vol. 6, p. 681
7 Com frequência argumenta-se que os legatus romanos
eram enviados apenas às províncias que se recusavam a
submeter-se à autoridade romana.
8 Ceslas Spicq, Theological Lexicon of the New
Testament, Vol. 3, p. 174, 175
9 Pax Romana, (Paz Romana), um estado de relativa
tranquilidade em todo o mundo mediterrâneo desde o
reinado de Augusto (27 aC-14 dC) até o reinado de
Marco Aurélio (161-180 dC). Augusto estabeleceu as
bases para este período de concordância, que também se
estendeu ao norte da África e à Pérsia. O império
protegia e governava províncias individuais, permitindo
que cada um fizesse e administrasse suas próprias leis,
enquanto aceitava a tributação romana e o controle
militar. https://www.britannica.com/event/Pax-
Romana
10 Ched Myers, Elaine Enns. Ambassadors of
Reconciliation: New Testament reflections on
restorative justice and peacemaking, Volume 1.
(Maryknool: New York, Orbis Books, 2009), p. 12
11 Robert H. Mounce. The Essential Nature of the New
Testament Preaching. (Grand Rapids. Eerdmans, 1960),
p. 13.
12 William Smith. A Dictionary of Greek and Roman
Antiquities, (John Murray, London, 1875). p. 678
13 Larry Perkins, Paul’s Role as Ambassador.
(presbeuō (2 Corinthians 5:20). Publicado em
Novembro, 2015.
14 Ibid, Novembro, 2015
15“Embora não tenhamos nenhum texto original
hebraico de nenhum desses livros (1 e 2 Macabeus) e,
por essa razão, tanto as tradições judaicas quanto as
protestantes não as consideram parte da Bíblia (Mas a
tradição católica sempre aceitou a tradução grega do
septuaginta como inspirada).” Veja Francis J. Moloney,
SDB. Reading the New Testament in the Church# A primer for
Pastor, Religious Educators, and Belivers. (Baker Academic, a
division of Backer Publishing Group: Grand Rapids,
Michigan. 2015), p. 25
16 William Barclay, 2 Coríntios, p.52
17 Presbeuō [embaixador] é então um empréstimo feito
por Paulo para descrever o dever daqueles que são
chamados e enviados por Cristo a fim de passarem a Sua
mensagem específica de salvação ao pecador perdido no
seu desespero. (I Ped. 2:9; Mat.10:7; 28:18-20).
18 William Barclay, 2 Coríntios, p. 55
19 Célestin Bizimenyra, A Reconciliação Segundo 2 Cor 5, 14-
21: A iniciativa da bondade divina em favor da humanidade,
(Porto, 2015), p. 18
20 Adnés, P., Reconciliation. In RYELANDT, R.M, DSP,
Tom III, Beauchene, Paris, 1988, cols. 236-242.
21https://www.gotquestions.org/ambassador-for-
Christ.html
22 https://enduringword.com/bible-commentary/2-
corinthians-5/ David Guzik (2018)
23 Em Atos 1:8, a palavra grega para testemunha é
“martus”, e esta corresponde a “mártir” (morrer por
defender uma causa) que deu origem a palavra
“martírio” (morte). Sendo, a palavra testemunha implica
na disposição íntima, não so de pregar e sofrer, mas até
de sacrificar a própria vida pela causa do Evangelho (Ex.:
Diác. Estevão – At 7).
24 Ellen G White. Acts of the Apostles, pg. 38
25 James Hastings. The great texts of the Bible. Vol. XIII.
Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing
company, n. d., p. 4-9
26 George R. Knight, Pecado e Salvação, p. 128
27 The Review and Herald, 12 de Abril de 1892
28https://news.adventist.org/en/allnews/news/go/201
8-10-16/adventist-church-presents-new-i-will-go
strategic-plan/
29 Ellen G. White, Testimony for the Church 6:27
30 The Review and Herald, 29 de Maio de 1900.
31 John Childs and son, Bungay. The Miniature
Commentary: Being Short Comments on Every Chapter of the
Holy Bible. (London: the religious tract society, instituted
1799), p. 311.
32 Ellen White, Testimonies for the Church, Volume Four. p.
393
33 Ellen White, The Desire of Ages, p. 507
34 Ellen White, Manuscrito 81, 1909.
35 Ellen White, Caminho a Cristo, p. 115.
36 The Signs of the Times, 19 de Janeiro de 1882.
37 Barclay, p. 57
38 The Review and Herald, 19 de Agosto de 1902.
39 Ellen White, The Ministry of Healing, p. 148.
40 Ibid, 148.
41 Historical Sketches, 290, 291
42 Esta melodia, intitulada National Hymn, composta
por George Warren em 1888, é utilizada com o
hino God of Our Fathers, escrito por Daniel Crane
Roberts (1841-1907). Porém a letra de Dario Pires
Araújo não é uma tradução deste hino, tratando-se de
material original.
Veja https://musicaeadoracao.com.br/33906/hinario-
adventista-do-setimo-dia-333/.