Você está na página 1de 6

Anotações do livro COMO LER LIVROS

“[...] é necessário questionar se as comunicações modernas realmente aumentam o


conhecimento sobre o mundo à nossa volta.” (p.25).
“[...] Hoje em dia temos acesso a muitos fatos, mas não necessariamente ao
entendimento desses fatos. Uma das causas dessa situação é que a própria mídia é
projetada para tornar o pensamento algo desnecessário”. (p. 26).
“Informar-se é simplesmente saber que algo é um fato. Esclarecer-se é saber, além
de que algo é um falto, do que se trata esse fato, porque ele é assim, quais as
conexões que possui com outros fatos, em quais aspectos são iguais, em quais
aspectos são diferentes etc”. (p. 32).
“[...] contudo, não importa se o que aprendeu é um fato sobre o livro ou um fato sobre
o mundo: você aprendeu apenas informações, caso tenha exercitado apenas sua
memória. [...] o esclarecimento só ocorre quanto, além de saber o que o autor
escreveu, você também sabe o que ele quis dizer com o que escreveu e por que
escreveu o que escreveu”. (p. 32-33).
“[...] o sujeito que leu muito, mas leu mal, deveria ser condenado, e não elogiado”. (p.
176).
Expressão de Thomas Hobbes: “Se eu lesse tantos livros quanto as demais pessoas
leem, seria tão estúpidas quanto elas”. (p. 176).
Expressão de Cervantes: “Não há livros tão ruim que não contenha nada de bom.”
1. OS NÍVEIS DE LEITURA
1º. Leitura elementar;
2º. Leitura inspecional: uma característica principal é o fator tempo. O objetivo
desse tipo de leitura é extrair o máximo possível de um livro num determinado
período. Folhear o livro sistematicamente.
3º. Leitura analítica: a leitura completa, plena, em período, diferentemente da
leitura inspecional, ilimitado de tempo. Ler um livro analiticamente significa
mastigá-lo e digeri-lo. Essa espécie de leitura é destinada, não para informar-se
ou divertir-se, mas exclusivamente a entender o livro.
4º. Leitura sintópica: leitura comparativa. Implica a leitura de muitos livros,
ordenando-os mutuamente em relação a um assunto sobre o qual todos versem.
2. A LEITURA INSPECIONAL
I. Pré-Leitura ou sondagem sistemática
1. Examine a folha de rosto e o prefácio;
2. Examine o sumário;
3. Consulte o índice remissivo;
4. Lei a contracapa e a sobrecapa;
5. Examine os capítulos que lhe pareçam centrais ao argumento do autor.
6. Folhei o livro.
II. Leitura Superficial
“[...] ao encarar um livro difícil pela primeira vez, leia-o sem parar, isto é, sem se deter
nos trechos mais espinhosos e sem refletir nos pontos que ainda permanecem
incompreensível para você.” (p. 55).
3. A ESSÊNCIA DA LEITURA ATIVA: AS 4 PERGUNTAS BÁSICAS
1ª. O LIVRO FALA SOBRE O QUÊ? Você deve tentar descobrir o tema central do
livro, bem como a maneira pela qual o autor desenvolve esse tema por meio da
organização e da subdivisão dos temas e tópicos essenciais.
2ª. O QUE EXATAMENTE ESTÁ SENDO DITO, E COMO? Você deve tentar
descobrir as ideias, afirmações e argumentos principais que constituem a mensagem
particular do autor.
3ª. O LIVRO É VERDADEIRO, EM TODO OU EM PARTE? Você só conseguirá
responder a essa pergunta se já tiver respondido às duas anteriores. Você precisa
saber o que está sendo dito antes de decidir se é verdadeiro ou falso. Quando você
entende um livro fica obrigado, caso esteja lendo com seriedade, a formar um juízo
sobre ele. Conhecer a mente do autor não é o suficiente.
4ª. E DAÍ? Se o livro lhe forneceu informações novas, você deve pesar a importâncias
delas. Por que o autor acha que sua própria mensagem é importante? Ela é importante
para você? No entanto, se o livro não apenas lhe forneceu informações, mas o
esclareceu em determinados quesitos, então é necessário investigar e buscar mais,
isto é, buscar quais implicações forçosamente se seguem.
4. AS PERGUNTAS RESPONDIDAS NA LEITURA INSPECIONAL
1. Que tipo de livro é este?
2. O que ele diz, e modo geral?
3. Qual a ordem estrutural pela qual o autor desenvolve seus conceitos e
entendimentos do assunto?
5. A LEITURA ANALÍTICA
I. Primeiro estágio da leitura analítica: regras para descobrir o conteúdo
1. Classifique o livro de acordo com o tipo e o assunto. Por exemplo, ficção
ou obra expositiva (História, Filosofia, Ciência, Matemática); obra teórica ou
prática etc.
2. Diga sobre o que é o livro como um todo, com a máxima brevidade.
Expresse a unidade do livro em uma única frase, ou, no máximo, em algumas
poucas frases.
3. Enumere as partes principais em sua devida ordem e relação, e delineie
essas partes assim como delineou o todo. Exemplo: (1) O autor cumpre esse
plano em cinco partes; a primeira parte é sobre isto, a segunda sobre aquilo, a
terceira sobre aquilo outro, a quarta sobre outra coisa e quinta sobre ainda outra
coisa diferente; (2) A primeira dessas partes é dividida em três seções; a primeira
considera X, a segunda Y e a terceira Z; (3) Na primeira seção da primeira parte,
o autor expressa quatro pontos; o primeiro é A, o segundo é B, o terceiro é C e
o quarto é D. Etc.
4. Defina o problema (ou os problemas) que o autor buscou solucionar.
II. Segundo estágio da leitura analítica: regras para interpretar o conteúdo
1. Entre em acordo com o autor, interpretando as palavras-chaves do livro.
Quando escritor e leitor usam, em determinado período, uma palavra com o
mesmo sentido, então, durante esse período, eles terão entrado em acordo.
Assim, é de suma importância localizar as palavras importantes (palavras que se
destacam qualitativamente) do livro e descobrir como o autor as utiliza, isto é,
determinar o sentido delas, conforme são usadas, com precisão. Dica: regra
geral, do seu ponto de vista de leitor, as mais importantes são as palavras que
mais o incomodam.
Clarificação: a palavra “leitura” foi utilizada em muitos sentidos ao longo da obra
“Como ler livros”. Tomemos três desses sentidos: a palavra “leitura” quer dizer
(1) leitura de entretenimento; (2) leitura para obtenção de informações e (3)
leitura para adquirir entendimento. Simbolizemos a palavra “leitura” com a
letra X, e seus três sentidos com as letras a, b e c. Assim sendo, os símbolos
Xa, Xb e Xc não são três palavras, pois X permanece o mesmo. Eles são três
termos, com a condição de que nós, como leitores, e os autores, como
escritores, saibamos quando X está sendo usado em um sentido ou outro. Só aí
haverá acordo.
* Termo pode ser definido como sendo uma palavra usada de maneira não
ambígua.
2. Apreenda as proposições principais, estudando as frases mais
importantes. Marque as frases mais importantes do livro e descubra as
proposições que elas contêm. Proposições são as respostas às perguntas. Elas
são declarações de conhecimento ou opinião.
3. Identifique os argumentos, encontrando-os ou construindo-os com base
em sequências de frases. Lembrando que todo argumento consiste em uma
quantidade específica de afirmações.
4. Determine os problemas que foram resolvidos e os que não foram
resolvidos; quanto a estes últimos, verifique se o autor está ciente de que
não conseguiu resolvê-los.
III. Terceiro estágio da leitura analítica: regras para criticar o conteúdo
A. Preceitos da etiqueta intelectual
1. Não critique até que tenha completado o delineamento e a interpretação
do livro. Não diga que concorda, discorda ou que suspende o julgamento até
que tenho dito “entendi”.
2. Não discorde de maneira competitiva.
3. Demonstre que reconhece a diferença entre conhecimento e opinião
pessoal apresentando boas razoes para qualquer julgamento crítico que
venha a fazer.
B. Critérios especiais para o exercício da crítica
4. Mostre onde o autor está desinformado. Dizer que o autor está
desinformado é o mesmo que dizer que nele estão ausentes conhecimentos
relevantes sobre o problema que tenta resolver.
5. Mostre onde o autor está mal informado. Dizer que o autor está mal
informado é o mesmo que dizer que ele afirma algo que não corresponde à
realidade. O erro consiste em afirmar coisas contrarias aos fatos. Lembrando
que a falha não deve apenas ser apontada, deve ser refutada mostrando a
verdade (ou a maior probabilidade) do seu ponto de vista em relação ao do autor.
6. Mostre onde o autor foi ilógico. O Dizer que o autor é ilógico é o mesmo
que dizer que ele foi falacioso ao raciocinar.
7. Mostre onde a análise ou a explicação do autor está incompleta. Dizer
que a análise está incompleta é o mesmo que dizer que o autor não resolveu o
problema que se propôs a resolver, ou que não usou adequadamente o material
de que dispunha, que não observou as devidas implicações e ramificações, ou
que falhou ao distinguir os aspectos relevantes de sua empreitada. Não basta
dizer, porém, que o livro está incompleto. Você deve ser capaz de definir
precisamente onde está a inadequação.
Nota: dos quatro últimos critérios, os três primeiros servem para os casos em
que há discórdia.
6. OS PASSOS DA LEITURA SINTÓPICA
1º Passo: reunir uma bibliografia sobre o assunto em que deseja debruçar-
se e, após isso, inspecionar todos os livros da lista para descobrir quais
deles são realmente relevantes para suas preocupações. Você não deveria
ler nenhum deles analiticamente antes de inspecioná-los. A leitura inspecional
não apenas irá familiarizá-lo com todos os detalhes do assunto, ou com todas as
intuições que os autores da lista podem oferecer, mas também realizará duas
funções essências, quais sejam: oferecer uma ideia suficientemente clara do
assunto, de modo que sua leitura analítica posterior de alguns dos livros da lista
seja produtiva; e permitir que você reduza a bibliografia ao essencial.
2º Passo: encontrar as passagens relevantes. O primeiro passo desse nível
de leitura é uma nova inspeção integral das obras que você considerou
relevantes. Seu objetivo é encontrar, nos livros, as passagens que são mais
importantes para suas necessidades. Deve-se ler o livro rapidamente.
3º Passo: fazer os autores chegarem a um acordo com você. Cabe a você
estabelecer os termos e fazer os autores concordarem com eles, não o contrário
como na leitura analítica.
4º Passo: esclarecer as questões. A melhor forma de fazer isso é preparar uma
série de perguntas que podem esclarecer o problema, às quais cada um dos
autores deve responder. As primeiras questões normalmente têm a ver com a
existência ou a natureza do fenômeno ou ideia que estamos investigando. As
segundas, tem a ver com o modo como o fenômeno é observado ou como a ideia
se manifesta. A última série de perguntas diria respeito às consequências da
respostas dadas às perguntas anteriores.
5º Passo: definir as divergências. Se uma questão está clara e se podemos
ter uma certeza razoável de que os autores a respondem de maneira diferentes
– talvez contra e a favor –, então temos uma divergência. Trata-se da divergência
entre os autores que respondem a uma questão de um modo e aqueles que a
respondem de algum modo contrário. Uma divergência surge quando dois
autores que entendem uma questão do mesmo modo respondem-na de
maneiras contrárias ou contraditórias.
6º Passo: analisar a discussão.
7. DICA: COMO LER NARRATIVA
Leia-a rápido e entregue-se totalmente a elas, caso contrário você esquecerá o que
aconteceu, a unidade do enredo lhe escaparia e você ficaria perdido.
8. DICA: COMO LER POESIA
1ª Regra: lê-lo (o poema) até o fim sem parar, ache você que compreendeu o
poema ou não;
2ª Regra: leia o poema inteiro de novo – mas leia em voz alta.
9. DICA: COMO LER LIVROS HISTÓRICOS
1º. Se puder leia mais de um texto sobre um evento ou período histórico que lhe
interesse.
2º. Leia um livro de História não só para saber o que realmente aconteceu em
determinado tempo e lugar no passado, mas também para ver como os homens
agiu em todo tempo e lugar, sobretudo agora.
9. ANOTAÇÕES GERAIS SOBRE LIVROS DE FILOSOFIA
I. Dois grupos ou divisão da Filosofia
1. Questões a respeito do ser e do dervir (mudança). Têm a ver com o que
“é” ou “acontece” no mundo. Filosofia teórica ou especulativa.
2. Questões relacionadas ao bem e ao mal, ao certo ou ao errado. Têm a ver
com aquilo que “deve” ser feito ou buscado. Filosofia prática.
II. Filosofia teórica
1. Obra filosófica metafísica: Somente se seu assunto principal tratar de
questões sobre o ser ou a existência.
2. Filosofia da natureza: Se estiver preocupado com o devir – com a natureza
e com os tipos de mudanças, com suas condições e causas.
3. Epistemologia ou teoria do conhecimento: Se o interesse básico for o
conhecimento.
III. Filosofia prática
1. Questões a respeito da boa vida e aquilo que é certo ou errado na
conduta do indivíduo – ética.
2. Questões a respeito da boa sociedade e da conduta do indivíduo em
relação à comunidade – política ou filosofia política.
IV. Os estilos filosóficos
1. O diálogo filosófico. Teve em Platão o seu maior represente.
2. O tratado filosófico ou ensaio – Aristóteles e Kant são os maiores
representes desse estilo. Desenvolve-se uma opinião filosófica por meio da
exposição direita e não do conflito de posições e opiniões, como em Platão.
3. O confronto de objeções – Tomás de Aquino.
4. A sistematização da filosofia – Descarte e Espinosa. Tentativa de
metematizar o método filosófico.
5. O estilo aforístico – Niestzche.

Você também pode gostar