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Máquinas Elétricas Página Cap.

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Artur Fernandes Costa

MÁQUINAS ELÉTRICAS (E)


( 3º Ano - 2º Semestre)
2017/2018

Capítulo 1
FUNDAMENTOS DE MÁQUINAS ELÉTRICAS
Textos utilizados como suporte das aulas teóricas

Regras gerais de avaliação da UC


Máquina elétrica como dispositivo transformador de energia
Funções, tipos e classificação das máquinas elétricas
Principais fenómenos associados ao funcionamento de máquinas
elétricas: conceitos essenciais sobre análise de circuitos magnéticos e
circuitos elétricos AC
Equações gerais
Constituição geral das máquinas elétricas e materiais usados
Valores estipulados e regimes de carga
Perdas, rendimento
Aquecimento e refrigeração
Normalização

FEUP – DEEC
2018
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AVALIAÇÃO
Distribuída com exame final
Classificação final = 0,5*Classif Frequência + 0,5*Classif Exame Escrito

Componente de Frequência = 50 %

3 trabalhos de laboratório = 20 %
2 testes escritos = 2*15 %
Falta a um trabalho ou teste 0 (zero)

+
Exame escrito = 50 %

NOTA MÍNIMA EM CADA COMPONENTE = 40 %


LIMITE DE FALTAS AULAS PRÁTICAS = 3
_____________________________
Estatutos especiais
Exame (oral ou escrito) = 50 %
Exame de Laboratório (oral) = 50 %
… se não obtiverem classificação de frequência …
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MÁQUINA ELÉTRICA
• Dispositivo eletromagnético conversor de energia
• Funciona a partir do fenómeno da indução magnética

REQUERIDO:
• Campo magnético
• Condutores elétricos
• Variação do campo magnético incidente sobre
condutores indução de força eletromotriz (f.e.m.) –
Lei da indução de Faraday

Campo magnético
de ligação
Energia Energia
primária secundária

O campo magnético é o “veículo” para a transferência


de energia do primário para o secundário.
Campo magnético:
Criado com recurso a enrolamentos percorridos por
correntes elétricas (solução convencional de eletroexcitação, permite
regulação da intensidade do campo magnético), com ímanes
permanentes (não permite reular campo magnético ) ou usando
simultaneamente ambas as tecnologias (soluções
híbridas).
Exerce ações sobre os enrolamentos da máquina, criando
forças mecânicas e induzindo forças eletromotrizes (fem).
Um aquecedor, uma bateria ou uma pilha de combustível não
são máquinas elétricas e um relé também não.
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TIPOS DE CONVERSÃO
TRANFORMADOR
Energia elétrica Energia elétrica
MOTOR
Energia elétrica Energia mecânica

GERADOR
Energia mecânica Energia elétrica

CONCEITOS A FIXAR
CIRCUITO MAGNÉTICO: Realizado em material ferromagnético
destinado a facilitar a criação de um campo magnético forte e a canalizar as
linhas de fluxo ao longo de um trajeto pretendido (LAMINADO ou MACIÇO).

ou

ENROLAMENTO: Circuito elétrico em cobre ou alumínio, habitualmente


constituído por espiras montadas em volta de um circuito magnético e
orientadas de modo a criar uma força magnetomotriz com orientação
desejada. Tipo CONCENTRADO ou DISTRIBUÍDO.

INDUTOR: Órgão da máquina (que inclui, frequentemente, um enrolamento) que é


responsável pela produção do campo magnético principal (indutor) da máquina.

INDUZIDO: Órgão da máquina (que inclui, habitualmente, também um enrolamento)


que recebe a influência do campo magnético do indutor na perspetiva da produção de
energia secundária.

PRIMÁRIO (ou lado primário): Habitualmente associado a um enrolamento,


designa o lado convencionado pelo qual uma máquina recebe energia.

SECUNDÁRIO (ou lado secundário): Também habitualmente associado a um


enrolamento, designa o lado convencionado pelo qual uma máquina fornece energia.
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Alguns conceitos fundamentais sobre


CIRCUITOS MAGNÉTICOS
Relações Básicas: Ciclo de
histerese

1. B = μ⋅H Caraterística
dos MATERIAIS

μ = μr ⋅ μ0
Curvas de
2. magnetização

3. Φ = B⋅ Aútil B – Indução magnética ou Densidade de Fluxo (T)


H – Intensidade de campo magnético (A/m)
µ – Permeabilidade magnética (H/m)
4. Ψ =N ⋅Φ µ0 – Permeabilidade magnética do vazio
π⋅10-7 H/m)
(4π
Φ – Fluxo magnético (Wb)
Ψ – Fluxo Magnético totalizado ou encadeado

ℜ= 1⋅ l
com um enrolamento com N espiras (Wb)
5. ℜ – Relutância magnética (H-1)
l – Comprimento (m)
μ A A – Área da secção reta atravessada pelo fluxo
(m2)

6. Lei de AMPÉRE:

∫ H ⋅dl = F ( F = NI )
F : Força magnetomot riz (f.m.m. )

Se o campo magnético
for o mesmo ao longo de todo o trajeto H ⋅l = N ⋅ I
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7. Lei de HOPKINSON: NI = ℜ⋅Φ ... para um troço


magnético uniforme.

dΨ dΦ
8. Lei de FARADAY: e=− =−N
dt dt
... onde o sinal “menos” é atribuído pela Lei de LENZ.

9. Lei de LENZ (aplicada à eq. anterior): “O sentido da força


eletromotriz (f.e.m.) é tal que, se atuasse num circuito elétrico
fechado, provocaria a circulação de uma corrente que iria criar
um campo magnético que se oporia ao que está na sua própria
origem”.

10. Força de LORENTZ: F = q ⋅( E + v ∧ B )


... que, só existindo campo magnético, fica: v
B
F = q⋅(v ∧ B)
F

1. Núcleo é um circuito magnético fechado com


comprimento médio l e secção transversal de
área A. A sua relutância vale: ℜ = l /(µ A).
2. Enrolamento 1 cria força magnetomotriz (f.m.m.)
F1=N1I1.
3. F.m.m. cria campo H que atua no circuito
magnético: F1 = H*l.
4. O campo magnético H cria um fluxo magnético Φ
que é “conduzido” ao longo do trajeto do núcleo:
Φ = F1/ℜ.
5. A densidade (de linhas) desse fluxo é B = Φ /A.
6. Se o fluxo variar no tempo - Φ =Φ(t) - são
induzidas forças eletromotrizes (f.e.m.), e1 e e2,
respetivamente, nos dois enrolamentos.
7. e1 opõe-se à corrente I1 e e2 é responsavel po U2
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CIRCUITOS ELÉTRICOS AC
Alguns conceitos fundamentais (outros mais adiante consulta)

1~ w = 2π.f
VALORES INSTANTÂNEOS (exemplo: correnet elétrica)

i (t ) = 2I cos(wt + ϕ ) = (
2 Re Ie j ( wt +ϕ ) )

E FASORIAL → I = Ie
Principais leis aplicáveis:
• Leis de Ohm e de Kirchhoff para análise de circuitos são
aplicáveis, adotando notação (e grandezas) fasoriais.

Potência elétrica:
Potência ativa: P = U.I.cosϕ [W]

Potência reativa: Q = U.I.senϕ [var]

Potência aparente: S = U.I [VA]

Potência complexa: S = U . I* = P + jQ [VA]

Energia elétrica:
t2
Energia ativa: Wa = ∫ P ( t )dt [Wh]
t1

t2
Energia reativa: Wr = ∫ Q( t )dt [varh]
t1
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3~
Designação das fases: RST (caso de terminais de geradores e rede)
ou UVW (caso de terminais de recetores)
ou ABC ou 123 (genericamente)

Designação do neutro (quando existe): N ou n

VALORES INSTANTÂNEOS e FASORIAIS


Exempo: tensões simples (entre fase e neutro):

u A ( t ) = 2U A cos( wt + α ) UA = UA ejα°
u B ( t ) = 2U B cos( wt + α + 120 ° ) UB = UB ej(α+120)°
uC ( t ) = 2UC cos( wt + α + 240 ° ) UC = UC ej(α+240)°

Diagramas fasoriais: TENSÕES COMPOSTAS


UA
UAB = UBC = UCA = U

UCA UAB = UA-UB


U= 3 Us
Tal como as tensões simples, as
tensões compostas também
UC UB constituem um sistema trifásico
UBC equilibrado e simétrico de tensões.

Um sistema trifásico comporta 6 tensões.


3 tensões simples e 3 tensões compostas.

Sistemas SIMÉTRICOS e EQUILIBRADOS


UA = UB = UC = Usimples UA + UB + UC = 0
IA = IB = IC IA + I B + IC = 0
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ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS

Equivalência TRIÂNGULO - ESTRELA


É possível reduzir uma associação de impedâncias em triângulo a
uma associação equivalente em estrela (e vice versa),
independentemente de a carga ser simétrica ou não.
Para cargas simétricas/equilibradas
I ID I IY
A A

C C
UD UY
C C
ZD ZY
N

IY = 3 ⋅ ID 1 ⋅ ZY = ⋅ ZD
1
UY = UD
3 3

IMPEDÂNCIA POR FASE


(estrela ou estrela equivalente)

ANÁLISE POR FASE (sistemas equilibrados e simétricos)


1. Redução dos triângulos a estrelas.
2. Análise de circuito monofásico de uma fase (circuito fase-
neutro) Tensão simples; corrente nas linhas
Impedância por fase.
Modelo para análise por fase
I ZY
I ZY
US
UFN = US

SISTEMAS DESEQUILIBRADOS OU ASSIMÉTRICOS :


Triângulo Estrela + Método das componentes simétricas.
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Potência elétrica:

Potência ativa: P = 3Us.I.cosϕ [W]


3~
Potência reativa: Q = 3Us.I.senϕ [var]
Potência aparente: S = 3U.I [VA]
Potência complexa: S = 3Us . I* = P + jQ [VA]

Note bem: Us e I da mesma fase (usualmente fase A).

Energia elétrica:
t2
Energia ativa: Wa = ∫ P ( t )dt [Wh]
t1

t2
Energia reativa: Wr = ∫ Q( t )dt [varh]
t1

RESISTÊNCIA
[Ω]

Varia com a temperatura:

k + T2
R ( T2 ) = ⋅ R ( T1 )
k + T1  k = 235 para cobre
k = 225 para alumínio

INDUTÂNCIA
Φ
[H]

Não varia com a temperatura.


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EQUAÇÕES GERAIS (máquinas elétricas)


EQUAÇÃO ELÉTRICA
de tensão – bobina com resistência - domínio dos tempos Φ
i(t)
di(t )
u(t ) = R i( t ) + L = R i ( t ) − e(t )
dt

N espiras
ψ (t ) = N φ (t ) = L i(t ) u(t) e(t)

dψ (t ) dφ di(t )
e(t ) = − =−N = −L
dt dt dt

Em regime sinusoidal (equações fasoriais)

U = R I + jwL I = R I – E Fórmula de Boucherot

E = -jw N Φ π.f.N.Φ ≈ 4,44 f.N.ΦMax


E = 2π

EQUAÇÃO MECÂNICA (sistemas rotativos):


TR
M CARGA
TM n
d n( t )
TM ( t ) = TR ( t ) + 2π → TM − TR = Tacelerador
dt

Note bem:
T - Binário [ Nm ]
n - Velocidade de rotação [ s-1 ; rot/s ]
2πn = Ω - Velocidade angular mecânica [ rad/s ]
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ELEMENTOS CONSTRUTIVOS E FUNCIONAIS


Transformador (monofásico / constituição fundamental)

CIRCUITO MAGNÉTICO
(Fe - Si) - Laminado

ENROLAMENTOS SISTEMA DE ISOLAMENTO


Ar / Óleo / SF6
Cobre ou Alumínio Materiais dielétricos
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Máquina rotativa (constituição fundamental)

CIRCUITO
estator MAGNÉTICO
(Fe - Si)
Laminado / maciço

ENTREFERRO
rotor (Ar)

ENROLAMENTOS
(Cobre ou Alumínio)
Possuem sistema de
isolamento

RANHURAS
VEIO (Pormenor)
(Aço torneado)
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Alguma SIMBOLOGIA (Máq. de Corrente Alternada)

TRANSFORMADOR AUTOTRANSFORMADOR MOTOR GERADOR


Símbolo geral Símbolo geral

• •
• •
• • M G

MOTOR ASSÍNCRONO MOTOR ASSÍNCRONO


(rotor em curto circuito) (rotor bobinado)

• •
M M
3~ 3~

GERADOR SÍNCRONO MOTOR SÍNCRONO

• •
G M
3~ 3~

A simbologia é muito diversa e encontra-se devidamente normalizada.


Ao longo das aulas, será complementada.
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VALOR ESTIPULADO (ou NOMINAL)


Valor numérico de uma grandeza associado ao funcionamento de
uma máquina elétrica, que foi especificado pelo fabricante e que
está indicado na chapa de caraterísticas da máquina, e que se
verificou ser compatível com o funcionamento da mesma sem
constituir perigo para a sua boa conservação.

NOTAS:
Os VALORES ESTIPULADOS de uma máquina são fixados
relativamente a um tipo de serviço, por exemplo serviço
contínuo: S1.
A escolha do valor estipulado de uma grandeza é feita,
habitualmente, de entre um conjunto normalizado de valores
preferenciais indicados em Normas dimensionais.
O processo de verificar se os valores estipulados de uma
máquina são compatíveis com o seu bom funcionamento e
conservação consiste na realização de ensaios (testes)
laboratoriais indicados em Normas de ensaio.

REGIMES DE CARGA
REGIME ESTIPULADO (ou NOMINAL)
Regime particular de funcionamento em que todas as
grandezas associadas ao funcionamento de uma máquina
tomam o valor estipulado.

CARGA (ou FATOR DE CARGA)


Valor particular da grandeza de referência
FC ou fc =
Valor estipulado da grandeza de referência

GRANDEZA DE REFERÊNCIA
• TRANSFORMADORES E GERADORES Corrente fornecida
• MOTORES Potência (mecânica) útil desenvolvida

* VAZIO * FRACÃO DE CARGA * PLENA CARGA * SOBRECARGA *


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PERDAS
Potência Potência
MÁQUINA
absorvida útil
ELÉTRICA

Potência de PERDAS

Prejuízo económico
Aquecimento

ORIGENS E CARATERIZAÇÃO:
A - Diferenciação quanto ao fenómeno de origem:

Perdas de Joule (também designadas perdas “no cobre” ou elétricas):


Uma origem: efeito de Joule, nos circuitos elétricos

pJ = k I2 1~ pJ = R.I2
3~ pJ = 3R.I2
- variam com a carga
- manifestam-se sob a forma de calor

Perdas magnéticas (também designadas perdas “no ferro”):


Duas origens: histerese (ph) e correntes de foucault (pF)

pFe = ph + pF = kh f BM 2 + kF f 2 BM 2
- variam com a frequência f e com a indução máxima BM
- manifestam-se sob a forma de calor
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Perdas mecânicas:
Duas origens: atritos mecânicos (pat) e arrastamento do
fluído envolvente (pv)
pmec = pat + pv
- variam com a velocidade de rotação
- pat manifestam-se sob a forma de calor
- pv não se manifestam-se sob a forma de calor mas sim em
energia cinética de agitação do meio envolvente (ar)

Perdas suplementares (ou adicionais): psup


Várias origens: sobretudo devidas a campos magnéticos
parasitas, correntes de foucault e efeitos
peliculares, são de quantificação individual e
coletiva difícil e são uma fração menor das
perdas totais.

PERDAS TOTAIS pt = pJ + pFe + pmec + psup


------- // -------
B - Diferenciação quanto à variação em carga:

• Perdas de Joule - pJ
• Perdas não Joule – pn/J
pt = pJ + pn/J
Variáveis com a carga Independentes da
carga (Constantes)
NOTE BEM! pt = k I2 + pn/J = k IN2 × ( I/IN )2 + pn/J

pt ≈ FC2 × pJ.N + pn/J sendo α = I/IN ≅ FC


Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 18

Nota sobre perdas magnéticas


Perdas por HISTERESE
Originam-se no interior de núcleos percorridos por fluxos
magnéticos variáveis no tempo.
Resultam da histerese magnética que é caraterística dos
materiais ferromagnéticos.
Em condições de excitação sinusoidal e por cada ciclo de
magnetização, o seu valor é diretamente proporcional à
área do ciclo histerético do material, para baixas
frequências.
Nessas condições, o valor por unidade de massa (perdas
específicas) pode determinar-se com base na lei empírica:
p h = k h ⋅ f ⋅ BM α
onde kh e α são constantes que dependem do material e,
numa máquina, do arranjo concreto do circuito magnético
(variando entre 0.6 e 2.2, é frequente tomar-se α=2).

Perdas por CORRENTES DE FOUCAULT


Originam-se no interior de núcleos percorridos por fluxos
magnéticos variáveis no tempo.
NOTA: A variação do fluxo magnético induz, no seio do
próprio material magnético, micro correntes elétricas
(correntes de turbilhão) cuja circulação origina perdas por
efeito de Joule. O valor dessas correntes, além de
depender da intensidade e da taxa de variação no tempo
do fluxo magnético, depende da resistividade elétrica do
próprio material magnético.
No caso de excitação sinusoidal de baixa frequência, o seu
valor por unidade de massa (perdas específicas) pode
determinar-se com base na lei empírica:
PF = kF ⋅ f 2⋅ BM2
onde kF é uma constante que depende do material e, numa
máquina, do arranjo concreto do circuito magnético.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 19

COMBATE ÀS PERDAS:
• Perdas JOULE: materiais, geometria/desenho da máquina, densidades
máximas de corrente, ...
• Perdas por HISTERESE: materiais, geometria, indução máxima, ...
• Perdas por CORRENTES DE FOUCAULT: materiais, indução máxima,
laminagem, ...
Efeito da laminagem

B B
NÚCLEO MACIÇO NÚCLEO LAMINADO

A subdivisão em lâmina delgadas (chapas de 0,2-0,5 mm) é feita


na direção das linhas de força do campo magnético.
Deve evitar-se o contacto elétrico entre chapas contíguas:
isolamento entre chapas, eliminação de rebarbas resultantes do corte
das chapas, uso de parafusos isolantes/isolados.
O isolamento elétrico entre chapas conduz a um aumento
efetivo da resistência transversal do circuito magnético e
contribui para uma redução acentuada das correntes de
Foucault e das perdas por si originadas.
Esta solução construtiva só é usada se o circuito magnético
ficar submetido a campos magnéticos variáveis!
Perdas MECÂNICAS: mancais, lubrificações, ventilação, ...
Perdas SUPLEMENTARES: redução dos campos magnéticos de
fugas sobre componentes ferromagnéticos não ativos e de efeitos
peliculares de corrente nos condutores, ...
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RENDIMENTO

EM POTÊNCIA (ou só, rendimento)


Efficiency

Potência útil Pu Pu Pab − perdas


η = Potência absorvida = P = P + perdas = Pab
ab u

EM ENERGIA
Energy efficiency
t
Energia útil Wu ∫t12 Pu dt
η = = =
Energia absorvida Wab ∫tt2 Pab dt
1

Os valores costumam indicar-se em percentagem.

O rendimento em potência é mais usado para caraterizar


uma máquina uma vez que só depende dela (MAS varia com o
regime de funcionamento, i.e., com a carga).

O rendimento em energia é, por definição, relativo a um


período de tempo e a um diagrama de cargas.
O rendimento em energia depende da caraterística de
rendimento em potência, mas é muito influenciado pelo
diagrama de cargas satisfeito pela máquina.
Na exploração de um equipamento, é o rendimento em
energia que conta. Apesar disso, os mais elevados
rendimentos em energia só são possíveis com equipamentos
com elevados rendimentos em potência!
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 21

CURVAS CARATERÍSTICAS DE RENDIMENTO


TÍPICAS

η(%) η=f(fc)
MÁXIMO
100% ϕ=1
cosϕ
cosϕ < 1

Estáticas

100% Carga
fc’
η(%) η=f(fc)
MÁXIMO
100% ϕ=1
cosϕ

cosϕ < 1

Rotativas

100% Carga
fc’
fc’ fator de carga correspondente ao máximo rendimento
Há uma caraterística para cada fator de potência.
Os rendimentos baixam quando baixa o fator de potência.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 22

TÍPICO:
• Máquinas estáticas (transformadores), possuem
rendimentos MAIS ELEVADOS (potências equiparáveis).
• Nas baixas cargas, os rendimentos baixam. Este fator é
mais acentuado em máquinas rotativas.
• O rendimento estipulado/nominal de uma máquina
elétrica é um rendimento em potência e não
costuma ser o máximo rendimento.

MÁXIMO RENDIMENTO (em potência):


• Corresponde aproximadamente à condição de carga
em que as perdas Joule (pJ) são iguais às perdas não
Joule (pn/J):
p
p J = pn / J ⇒ fc' = n/ J
p
J .N

• Fator de carga fc’ que corresponde ao rendimento


máximo é independente do fator de potência.
• Máximo rendimento absoluto corresponde ao
máximo fator de potência, i.e., cos ϕ = 1.
• Tipicamente: 70% < fc’ < 90%.

REGRA (eficiência energética):


Não é eficiente explorar máquinas com
baixas cargas e/ou baixos fatores de
potência.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 23

AQUECIMENTO
O mais sério fator a limitar a potência de uma máquina
Transferência de calor
Condução térmica
• No interior dos corpos, dos pontos mais quentes para os pontos
menos frios
• Depende da condutividade térmica dos materiais kc:
Metais bons condutores
Isolantes maus condutores
• Tende a uniformizar a temperatura no seio dos corpos
• Proporcional à diferença de temperaturas entre pontos: kc x T

Convecção
• Natural (resulta de um arrastamento do fluido que banha uma superfície
quente, devido à variação de densidade do fluido)
• Forçada (mais eficiente porque gera escoamento com turbulência)
• Proporcional à diferença de temperaturas da superfície e do fluido
envolvente: kn x T ou kt x T ( kn < k t )

Radiação
• Emite calor à distância entre superfícies separadas por um meio
transparente, mesmo sendo o vazio
• Proporcional à diferença das 4.ªs potências das temperaturas das
[
superfícies emissora e recetora kr x (T1)4 – (T2)4 ]
CONVECÇÃO
CONVECÇÃO
Entreferro de ar e
RADIAÇÃO

Material sólido
CONDUÇÃO
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 24

SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO
Objetivo
Extrair calor da máquina aquecida
para que, para as condições
especificadas de funcionamento e
em qualquer ponto, não seja
excedida a temperatura máxima
compatível com o bom
funcionamento e a boa conservação
da máquina.

Ações no interior de uma máquina


• Materiais com boa condutividade térmica: facilitam a condução de calor
no interior da máquina até às superfícies.
• Agitação do fluido refrigerante interno (gás ou líquido) - ex.: ventilação
interna; circulação forçada de óleo, ...
• Recolha direta de calor através de orientação de fluxos de fluido
refrigerante - ex.: refrigeração a água dentro dos próprios condutores elétricos
(tubulares), ...

Ações no exterior de uma máquina


• Aumento da superfície externa - ex.: construção com aletas
• Agitação do fluido envolvente (ar) - ex.: ventilação forçada
• Permutadores de calor - ex.: óleo-ar ou água-ar

Sistemas mais habituais


• Refrigeração natural – ex: transformadores, junto à superfícies em contacto com a
atmosfera
• Ventilação forçada – ex: transformadores com ventiladores e máquinas rotativas com
auto ventilação ou por ventilador autónomo
• Circulação forçada de um óleo ou gás contido numa cuba – ex:
transformadores imersos de maior potência
• Exemplo: em transformadores imersos, sistemas usados conhecem-se pelas siglas:
o ONAN - óleo natural, ar natural
o ONAF – óleo natural, ar forçado
o OFAF – óleo forçado, ar natural

Sistemas menos habituais (grandes máquinas)


• Permutadores de calor junto aos pontos quentes + circulação forçada
de fluido refrigerante + permutador externo
• Condutores ocos percorridos internamento por líquido fluido
refrigerante (água, por exemplo).
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 25

CLASSES DE ISOLAMENTO
Designação
90(Y) 105(A) 120(E) 130(B) 155(F) 180(H) 200(N) 220(R) 250
Limites

TL (°C) 90 105 120 130 155 180 200 220 250

θL (K) 45 60 75 80 105 125 145 165 195


TL (°C) Temperatura máxima admissível em graus Celsius
θL (K) Sobreelevação de temperatura (média) limite em graus Kelvin (ou em °C)
250 40 195

220(R) 40 165
Classe de isolamento

200(N) 40 145

180(H) 40 125

155(F) 40 105

130(B) 40 80

120(E) 40 75

105(A) 40 60

90(Y) 40 45

0 100 200
Temperatura (°C)
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 26

Observações:
• TL é uma temperatura limite que não deve ser excedida.
• Por cada excesso de entre 8 a 10°C, a esperança média de vida da
máquina reduz-se para metade (lei de Arrhenius e Montsinger aplica-se
aos materiais do sistema de isolamento e prevê esta regra para o seu
envelhecimento).

• Em regime estipulado, a temperatura do ponto mais


quente da máquina não deverá exceder o valor limite TL.
• A verificação experimental da condição anterior só pode
realizar-se se a máquina possuir sondas térmicas
adequadamente instaladas no seu interior. Uma alternativa
comum é recorrer-se θL.
• θL é um aquecimento médio em relação ao ambiente e
pressupõem: -15°C < Tamb < 40°C
• θL é definido fixando uma margem de segurança para TL de entre
5 e 15°C e considerando Tamb = 40°C (Por exemplo, para a classe 155(F)
essa margem é de 10°C: Tamb=40°C TL – (Tamb + θ L) = 10°C).

• Para verificar se uma máquina cumpre o declarado sobre classe


de isolamento, é permitido recorrer a um método experimental
indireto, que consiste na determinação do aquecimento médio θ
de um enrolamento representativo da máquina em regime
estipulado, e em compará-lo com θL .
• A determinação experimental de θ é conseguida através da
medida da variação da resistência de um enrolamento da máquina
com a temperatura e recorre à relação normalizada:
k + T2
R ( T2 ) = ⋅ R( T1 )  k = 235 para cobre
k + T1
k = 225 para alumínio

• Sobrecargas podem gerar sobreaquecimentos !


Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 27

MODELIZAÇÃO
CORPO HOMOGÉNEO: descrição físico-matemática que
aproxima, razoavelmente, o comportamento térmico de uma
máquina elétrica (num ponto ou órgão, sobretudo).

θ ( t ) = θ f − (θ f − θ i )× e
−t
τ

T - Temperatura [°C]
θ - Sobreelevação de temperatura (ou aquecimento) [K ou °C]:
θ = T - Tamb
θi - Sobreelevação de temperatura inicial (é o aquecimento no instante
inicial) [K ou °C]
θf - Sobreelevação de temperatura final (é o aquecimento na situação
de equilíbrio térmico alcançada ao fim de um tempo infinito, na prática, ao
fim de 4ττ a 5ττ) [K ou °C]
τ - Constante de tempo térmica (para um ponto ou para um órgão) [s].

θ (°C) θ=f(t)
θf

θi
t
τ
• Note como se determina a constante de tempo a partir do gráfico.
• Note que o gráfico e a função dependem de sobreelevações de
temperatura e não de temperaturas.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 28

LEI DO AQUECIMENTO - CORPO HOMOGÉNEO


Sendo:
G – Massa do corpo Pp - Taxa de produção interna de
S – Superfície exterior calor (uniforme)
c – Capacidade térmica λ - Coeficiente de transferência
de calor para o exterior
Num intervalo de tempo infinitesimal dt:
Calor produzido = Pp.dt Calor libertado = λSθ.dt
E para uma variação infinitesimal de temperatura dθ :
Calor acumulado = Gc.dθ

Calor acumulado + Calor libertado = Calor produzido


Gc.dθ + λSθ.dt = Pp.dt

Para um determinado regime de carga que se mantém constante no tempo:

θ = θf – (θf - θi).e -t/τ


em que:
θf = Pp /λS sobre elevação final de temperatura

τ = Gc /λS constante de tempo térmica

Note-se que,
1. Se λ constante: as sobreelevações finais de
temperatura dependem e são diretamente
proporcionais às potências de perdas (as quais definem a
taxa de produção de calor no interior do corpo)!
2. Sendo o fenómeno exponencial, considera-se que o
regime de equilíbrio se alcança em cerca de 4τ a 5τ .
3. O aumento de λ (maior libertação de calor) baixa θf
mas também baixa τ .
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 29

NOTE BEM:
Se coeficiente de transferência de calor λ é constante:
θ f1 p FC1 2 * p J . N + pn / J
= t1 ≅
θf2 pt 2 FC 2 2 * p J . N + pn / J
Ou seja: as sobreelevações de temperatura finais
correspondentes a dois regimes de carga distintos são
diretamente proporcionais às potências de perdas
totais respetivas.

PROBLEMA DAS SOBRECARGAS


Evolução de θ com
θ (°C) sobrecarga x.

θL ♦ θL =TL-Tamb

θf.N θf.x

∆tmax

τ t

O funcionamento em sobrecarga pode ou não


conduzir a sobreaquecimento
Se ∆tmax insuficiente ⇒ • Melhorar refrigeração
• Condições ambientais
• Substituir máquina
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Notas finais sobre aquecimento:


• Se a temperatura ambiente for diferente de 40°C, a potência
estipulada da máquina deverá ser afetada de um coeficiente,
tal como quando a altitude é superior a 1000m, devido à
rarefação do ar e consequente perda de eficácia do sistema
de refrigeração (DERATING FACTOR – FATOR DE DESCLASSIFICAÇÃO)
T (°C) 20 °C 40°C 60 °C
h (m)
Até 1000 1,12 1,0 0,82
1000 a 2000 1,06 0,94 0,77
2000 a 3000 0,99 0,87 0,71

• Há vantagem em as máquinas elétricas (sobretudo as de maior


dimensão, custo e importância) possuírem sistemas de proteção
contra aquecimento excessivos provocados, por exemplo,
por funcionamento em sobrecarga gerar alarmes e
desligação automática.

• Todas as máquinas devem dispor, nos circuitos de ligação


ao exterior, proteções para limitação de corrente de
sobrecarga proteção dos cabos elétricos e da própria máquina.

Consequências de sobreaquecimento:
• Se ligeiro, origina redução progressiva da esperança de vida
da máquina Regra de Arrhenius e Montsinger: por cada
aumento de + 8 a 10°C vida útil reduzida para metade.
• Se muito acentuado e duradouro, terá como possível
consequência a rotura do sistema de isolamento, originando
o curto-circuito interno e, daí, a avaria da máquina.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 31

NORMALIZAÇÃO
Alguns conceitos do âmbito das máquinas elétricas

ENTIDADES ENVOLVIDAS e processo de normalização


IEC – International Electrotechnical Commission
CEI- Comissão Eletrotécnica Internacional
o Produz PUBLICAÇÕES CEI /IEC (são normas)
o Tem jurisdição internacional (estados aderentes)

CENELEC – Comité Europeu de Normalização Eletrotécnica


o Produz NORMAS EUROPEIAS (sigla EN)
o Tem jurisdição europeia (Estados aderentes)
o Colabora com a CEI e os Estados aderentes

IPQ – IEP (CTE) – Instituto Português da Qualidade - Instituto


Eletrotécnico Português
o Produz e homologa NORMAS PORTUGUESAS (sigla NP)
o Tem jurisdição Nacional
o Colabora com os organismos internacionais de que Portugal é
aderente; funciona em Comissões Técnicas Especializadas
(CTE’s) – FEUP está representada.

Tipos de NORMAS
Normas Dimensionais
Normas de Ensaio
Normas de Utilização
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 32

Alguns assuntos objeto de normalização:


• Fixação de potência e tensão nominais (séries
preferenciais)

• Fixação de chapa de características (tolerâncias)


• Fixação de regimes de funcionamento / Tipos de
Serviço: S1 ... S10 - serviço contínuo até vários regimes
descontínuos, intermitentes, periódicos ou aperiódicos.

• Fixação de tipos de proteção / Índice de Proteção: IPxy


– x: 0...5 (intrusão de sólidos); y: 0...8 (penetração de líquidos)
• Fixação de tipos de montagem: IMxxxx
• Fixação de classes de isolamento
• Fixação de tipos de refrigeração: IC ...
• Regras de marcação de terminais
...

Algumas (famílias de) Normas:


CEI 50 – Vocabulário (eletrotécnico)
CEI 60034 – Máquinas elétricas rotativas
CEI 60076 – Transformadores de potência
CEI 726 – Transformadores secos
CEI 85 – Classificação dos materiais isolantes
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CIRCUITOS ELÉTRICOS
(Alguns conceitos fundamentais)

Circuitos elétricos de corrente alternada


sinusoidal monofásicos
Ex: Corrente sinusoidal
IM - Valor de pico ou valor máximo
i(t) T - Período

1
IM f = - frequência
T
-ϕ t
w = 2π ⋅ f - velocidade angular
Período

Valor instantâneo: i(t)


i ( t ) = I M cos(wt + ϕ )

Valor eficaz (r.m.s.): I


1T 2 IM
I= ∫ i ( t ) ⋅ dt =
T0 2

Valor médio: Imed


T
1 2 2
= i ( t ) ⋅ dt =
T 0∫
I med IM
π
2
Fator de pico: kp
IM
kp = (= 2 para grandezas sinusoidais)
I
Fator de forma: kp
I
kf = (= 1,11 para grandezas sinusoidais)
I med
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 34

Representação fasorial (ou vetorial/complexa)


de grandezas alternadas sinusoidais

e jα = cosα + jsenα -> fórmula de Euler

i (t ) = 2I cos(wt + ϕ ) = (
2 Re Ie j ( wt +ϕ ) )
Assim:
j ( wt + ϕ )
I = Ie com w constante e t = 0:


I = Ie I - Fasor corrente

I – Valor eficaz

Ou seja (TRANSFORMADA DE STEIMETZ):


i ( t ) = 2 I cos(wt + ϕ ) I = Ie
Domínio dos tempos Domínio fasorial ou complexo

i (t ) 2 Re( I )

Diagrama fasorial de i(t)

Im

I
w
ϕ
Re
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 35

Notações adotadas:

• exponencial / complexa: I = Ie jϕ

• polar: I= I ϕ

Exemplo ilustrativo:
Soma de duas correntes com a mesma frequência

i1 ( t ) = 2 I1 cos(wt + ϕ1 ) I1
i2 ( t ) = 2I 2 cos(wt + ϕ 2 ) I2

i ( t ) = i1 ( t ) + i2 ( t ) = 2 I cos(wt + ϕ ) I

Im

I1
w I
ϕ1
ϕ
Re
ϕ2
I2


I = I1 + I2 = Ie
Note bem:
Esta é uma soma FASORIAL,
isto é, de números complexos.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 36

Componentes de uma corrente:

Tomando a tensão para origem de fases: U = U e j0°

I= Ie jϕ = I cos ϕ + jsenϕ = IR + j IX
• IR – Componente ativa
• IX – Componente reativa

Im

IX I

ϕ U
Re
IR
U - Origem das fases

Note Bem: -90° ≤ ϕ ≤ 90°

ϕ > 0° - Corrente CAPACITIVA


ϕ < 0° - Corrente INDUTIVA
ϕ = 0° - Corrente puramente óhmica
ϕ = +90° - Corrente puramente capacitiva
ϕ = -90° - Corrente puramente indutiva
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 37

Impedância ( Z ) e suas componentes:


• Resistência: R
• Reatância indutiva: XL = 2πf L
(L – coeficiente de indução ou indutância)

1
• Reatância capacitiva: XC =
2πf C
(C – capacidade ou capacitância)

Z=R+jX (X = XL – XC)

= R + j (2πf L - 1
2πf C
)= Z⋅ejα

R jXL -jXC

Z = Z⋅ejα

Note Bem: -90° ≤ α ≤ 90°


α > 0° - Carga (dominantemente) Indutiva
α < 0° - Carga (dominantemente) Capacitiva
α = 0° - Carga óhmica pura (resistência pura)
α = -90° - Carga capacitiva pura (ideal)
α = +90° - Corrente indutiva pura (ideal)
IMPORTANTE:
Impedância, resistência, reatância, indutância e capacitância
(ou capacidade) são termos completamente diferentes e não
podem ser confundidos.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 38

Principais leis aplicáveis aos circuitos monofásicos


de corrente alternada sinusoidal:

• Leis de Ohm e de Kirchhoff para análise de circuitos são


aplicáveis, adotando notação (e grandezas) fasoriais.

Expressões para cálculo de potência:

Potência ativa: P = UI cos ϕ (W)


Potência reativa: Q = UIsenϕ (var)
Potência aparente: S = UI (VA)

Potência complexa: S = P + jQ (VA)

Energia:
t2
Energia ativa: Wa = ∫ P ( t )dt (Wh)
t1

t2
Energia reativa: Wr = ∫ Q( t )dt (varh)
t1

Problema:
Um transformador alimenta à tensão de 220V-50Hz um motor de indução
monofásico de 1,1kW-220V-50Hz-7A-0,89(i), que funciona em regime
Ω.
estipulado, e uma carga cuja impedância equivalente é 5+j10Ω
• Determinar a corrente total a fornecer pelo transformador e respetivo fator de
potência. Faça uma representação fasorial associada a esta situação.
• Quais os valores das potências ativa, reativa e aparente fornecidas pelo
transformador?
• Pretendendo-se corrigir o fator de potência da instalação para 0,97 (i) com
recurso a uma bateria de condensadores a instalar no lado de 220V, quais os
valores da potência dessa bateria e da capacidade equivalente da mesma?
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Circuitos elétricos de corrente alternada


sinusoidal trifásicos
Designação das fases: RST (caso de terminais de geradores e rede)
ou UVW (caso de terminais de recetores)
ou ABC (genericamente)

Designação do neutro: N ou n

Valores instantâneos e fasoriais:

• Tensões simples (entre fase e neutro):

uA ( t ) = 2U A cos(wt + α ) UA = UAejαα

uB ( t ) = 2U B cos(wt + α + 120°) UB = UBej(αα+120)

uC ( t ) = 2U C cos( wt + α + 240° ) UC = UCej(αα+240)

Note bem: Se o sistema de tensões for equilibrado e simétrico:

U A = UB = UC = US e U A + UB + UC = 0

TENSÕES COMPOSTAS
Diagramas fasoriais:
UA UAB = UBC = UCA = U

UCA UAB = UA-UB


U= 3 Us
Tal como as tensões simples, as
tensões compostas também
constituem um sistema trifásico
UC UB equilibrado e simétrico de tensões.
UBC
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 40

Associações básicas de enrolamentos trifásicos


Ligação em ESTRELA (Y):
US US
c/ neutro s/ neutro
( YN ) I (Y) I

UC

US If If

I = If ; Uf = US

• A tensão por enrolamento (na fase - If) é a tensão simples!


• A corrente no enrolamento é igual à corrente na linha!
• A corrente de neutro será nula só se o sistema for equilibrado.

Ligação em TRIÂNGULO (D):

I
If
UC I= 3 If ; Uf = UC

UC = 3 Us
UC

• A tensão por enrolamento é a tensão composta!


• A corrente no enrolamento não é igual à corrente na linha (I = 3 If)!
• Não existe neutro e não se dispõe das tensões simples.

Associações básicas de impedâncias trifásicas


• em ESTRELA (com ou sem neutro)
• em TRIÂNGULO
Nota: As impedâncias de cada fase podem ser iguais (cargas simétricas e
equilibradas) ou não (cargas assimétricas ou desequilibradas).
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 41

Análise de circuitos trifásicos equilibrados

Equivalência ESTRELA-TRIÂNGULO
É possível reduzir uma associação de impedâncias em triângulo a uma
associação equivalente em estrela (e vice versa), independentemente
de a carga ser simétrica ou não.
Para cargas simétricas

A A

C C

C C
ZD ZY
N
1
ZY = ⋅ ZD
3

Análise por fase (sistemas equilibrados e simétricos)


o IA + IB + IC = 0
o Sendo equilibrado (em tensões e correntes), um sistema
trifásico pode ser analisado recorrendo a uma só fase.
o Como regra, considera-se o sistema representado pela
estrela equivalente, sendo a tensão por fase de valor
simples e a corrente na linha igual à corrente na fase dessa
estrela equivalente.
Modelo para análise por fase

I ZY
I ZY US
US
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 42

Princípios aplicáveis aos circuitos trifásicos de


corrente alternada sinusoidal:

• Para sistemas equilibrados e simétricos: Análise por fase (da estrela


equivalente, como antes descrito).
• Para sistemas desequilibrados: Método das componentes simétricas.

SISTEMAS EQUILIBRADOS:

• Leis de Ohm e de Kirchhoff para análise de circuitos são


aplicáveis, adotando notação (e grandezas) fasoriais.

Expressões para cálculo de potência:

Potência ativa: P = 3UI cosϕ (W)

Potência reativa: Q = 3UIsenϕ (var)

Potência aparente: S = 3UI (VA)

Potência complexa: S = P + jQ (VA)

Energia:
t2
Energia ativa: Wa = ∫ P ( t )dt (Wh)
t1

t2
Energia reativa: Wr = ∫ Q( t )dt (varh)
t1
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 43

MEDIDAS ELÉTRICAS
Critérios básicos na escolha
e utilização de um aparelho de medida:

• Aparelho adequado à medida (tipo de grandeza a medir e sua


natureza contínua, alternada ou outra, gama de frequências, etc.).
• Calibre: o calibre do aparelho de medida usado deve ser o menor
majorante, de entre os calibres disponíveis, do valor previsível da
grandeza a medir.
• Classe de precisão (aparelhos analógicos) (cp): indica que o erro
máximo absoluto da medida efetuada com um aparelho é: cp*vfe/100,
onde vfe é o calibre do aparelho usado na medida.
• Precisão (aparelhos digitais) indica o erro relativo máximo cometido
na medida (em %).
• Posição: sobretudo em aparelhagem analógica, deve ser o indicado no
quadro do aparelho (horizontal: ┌─┐ ou vertical: ┴ ).
• Instalação, de acordo com esquema de montagem adequado.

Aparelhagem essencial:
Amperímetro
Esquemas de ligação (multifilar)
Símbolo gráfico

Inserção direta no circuito


A • A •

Ligação indireta,
TI utilizando um TI

Origina erro de
medida devida ao
erro de amplitude do
• A • transformador de
intensidade (TI).
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 44

Voltímetro
Esquemas de ligação (multifilar)
Símbolo gráfico

Inserção direta no circuito
V •

• V •

• Ligação indireta,
utilizando um TT

Origina erro de
TT medida devida ao
erro de amplitude do
transformador de
tensão (TT).

• V •

Wattímetro ou Varímetro
Esquemas de ligação (multifilar)
Símbolo gráfico

Inserção direta no circuito
W Wattímetro • • W •

var ou
Varímetro var

Na inserção indireta, através de transformadores de intensidade (TI) ou de


tensão (TT), utilizar-se-ão, para os circuitos amperimétrico e voltimétrico, as
ligações sugeridas pelos esquemas de ligação equivalentes de
amperímetros ou voltímetros, respetivamente. Origina erro de medida devida
aos erros de amplitude dos transformadores de medida e, também, devido
aos erros de fase dos mesmos.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 45

Método dos dois wattímetros


Medida de potência ativa em sistemas trifásicos sem neutro


R • • W1 •

S •


T • • W2 •
• P = PW1 + PW2
Q = √3*(PW1 - PW2)
… com sinais nas leituras.
Método dos três wattímetros
Medida de potência ativa em sistemas trifásicos com neutro (incluindo
medida de tensões e correntes)


R • • A • • • W •

V

S • • A • • • W •

V

T • • A • • • W •

V

N • • • • A • • • •
P = PW1 + PW2 + PW3
Observações: com sinais de deflexão.
• Se o sistema for equilibrado, basta utilizar um aparelho de cada espécie. A
potência total será tripla do valor lido no wattímetro.
• Se necessário podem ser usados TI e TT, devendo ser incorporados
conforme esquemas anteriores. Os vários wattímetros (monofásicos)
também podem ser substituídos por uma unidade trifásica.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 46

Frequencímetro
Símbolo gráfico: f
Esquemas de ligação: como voltímetro

Ohmímetro
Símbolo gráfico:

Esquemas de ligação: ligação direta aos terminais da
resistência a medir

Fasímetro
Símbolo gráfico: ϕ
Esquemas de ligação: como wattímetro

Contadores de energia
Símbolo gráfico:
Contador de energia ativa: Wh

Contador de energia reativa


varh

Esquemas de ligação: como wattímetros e varímetros, diretamente


ou por intermédio de TI e TT, existindo unidades mono e trifásicas.

Multímetro
Aparelho multifuncional que integra, habitualmente, múltiplas
capacidades de medida em corrente contínua e alternada,
nomeadamente tensão, corrente e resistência.
Máquinas Elétricas Página Cap.1 - 47

Pinça amperimétrica
Aparelho que, por simples “abraçamento” de um condutor gera
um sinal diretamente proporcional à intensidade de corrente no
condutor. Proporciona medida sem contacto desde que
associado a um aparelho de medida, frequentemente do tipo
multifunções.

Pinça wattimétrica
Aparelho dotado de pinça amperimétrica e terminais para
captura de tensão capaz de medir a potência ativa.
Correntemente, acumula outras funções (medida de corrente,
tensão, potência reativa e aparente, fator de potência, …).
Determinados modelos permitem a medida de potência
trifásica em sistemas simétricos e equilibrados.

Analisador de potência
Aparelho multifuncional que integra, habitualmente,
capacidades de medida em corrente contínua e alternada,
nomeadamente tensão, corrente, potências ativa reativa e
aparente e fator de potência. É habitual a solução trifásica
(equilibrada ou não), dotada de terminais para captação de
tensões e pinças amperimétricas para medida de correntes
sem contacto.

Analisador de energia
Aparelho multifuncional que integra, habitualmente,
capacidades de medida em corrente contínua e alternada,
nomeadamente tensão, corrente, potências ativa reativa e
aparente, fator de potência e energias ativa, reativa aparente.
Incorpora ainda múltiplas funções ligadas à gestão de cargas,
eventualmente com registo em memória interna de todas as
leituras para posterior análise ou podendo mesmo trabalhar
“on-line” sobre um computador ou sistema de controlo.
Dotados de relógio interno, permitem ajuste dos tempos de
amostragem das grandezas lidas. É habitual a solução trifásica
(equilibrada ou não), dotada de terminais para captação de
tensões e pinças amperimétricas para medida de correntes
sem contacto.

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