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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE

DISCIPLINA DE ANATOMIA HUMANA

APOSTILA DE NEUROANATOMIA

Organizadores:
Arlete Hilbig e Laura Teixeira Canti
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Autores
Adriene Stahlschmidt – AD 2012
Amanda Backoff – AD 2012
André Reitz da Costa – AD 2013
Annelise Gonçalves – AD 2012
Antonia Pardo Chagas – AD 2015
Arlete Hilbig – Coordenadora da Disciplina de Anatomia
Beatriz Cristofaro Mantuan – AD 2015
Bruna Suzigan – AD 2012
Bruna s. Martins – AD 2012
Carla Martins – AD 2012
Clara Martins Milanezi – AD 2015
Daniel Luccas Arenas – AD 2017
Dante Lucas Santos Souza – AD 2017
Elisa Arroque – AD 2013
Eloísa Bartmeyer – AD 2015
Francieli Pagliarim – AD 2012
Larissa Marques Santana – AD2015
Laura Teixeira Canti – AD 2012
Leonardo Ayres Coelho – AD2015
Leonardo Manoel de Carvalho – AD2015
Leticia Mariani – AD 2012
Luisi Rabaioli – AD 2012
Olga Gaio Milner – AD 2017
Sérgio Francisco Siepko Júnior – AD 2015
Vitor Bernardes Pedrozo – AD 2015
William Menegazzo – AD 2012

Formatação Gráfica
Daniel Luccas Arenas
Dante Lucas Santos Souza
Laura Teixeira Canti

Revisão
Arlete Hilbig
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Sumário

Aula 1 – Introdução à Neuroanatomia ......................................................................................... 04

Aula 2 – Neurocrânio ................................................................................................................... 10

Aula 3 – Coluna Vertebral .............................................................................................................15

Aula 4 – Meninges ....................................................................................................................... 19

Aula 5 – Medula Espinhal ............................................................................................................ 22

Aula 6 – Tronco Encefálico - Macroscopia .................................................................................. 30

Aula 7 – Tronco Encefálico - Organização Funcional .................................................................. 35

Aula 8 – Cerebelo ........................................................................................................................ 42

Aula 9 – Diencéfalo ...................................................................................................................... 47

Aula 10 – Telencéfalo .................................................................................................................... 52

Aula 11 – Sistema Límbico ............................................................................................................ 61

Aula 12 – Circulação Encefálica .................................................................................................... 64

Aula 13 – Sistema Nervoso Autônomo .......................................................................................... 69

Aula 14 – Vias de Condução ......................................................................................................... 72

Aula 15 – Neuroimagem ................................................................................................................ 81

Aula 16 – Correlações Clínicas ..................................................................................................... 85

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA NEUROANATOMIA


Arlete Hilbig

A neuroanatomia refere-se ao estudo da estrutura do sistema nervoso (SN).


O SN é o responsável pelas relações dos seres vivos com o meio externo e pelo controle de seu
meio interno. Tem a função de detectar as variações do meio ambiente (através de diferentes modalidades
sensitivas) e produzir respostas apropriadas através de impulsos nervosos para músculos e glândulas de
secreção. O controle do meio interno é uma função compartilhada com o sistema endócrino e permite a
manutenção de condições favoráveis para funcionamento do organismo (homeostasia).
O estudo da organização e função do SN está baseado no entendimento de sua estrutura e nas
correlações estrutura/função. O SN recebe e interpreta uma grande variedade de informações, bem como
controla comportamentos motores complexos e funções cognitivas (percepções, memória, aprendizado,
emoções). Por essa razão, podemos deduzir que apresenta uma anatomia e fisiologia também complexa.
Embora o objetivo da neuroanatomia seja o estudo da estrutura macroscópica do SN, algumas
considerações sobre o tecido nervoso e sobre o desenvolvimento do SN são importantes para entendimento
de sua estrutura e serão brevemente abordados.

Composição do Tecido Nervoso


É formado por dois tipos principais de células:
1. Neurônios: células que se especializaram em receber e conduzir informações para outras células,
transformando os estímulos em impulsos nervosos.
O neurônio é a unidade estrutural e funcional do SN tendo o papel de um
processador de informações, pois recebe estímulos de diferentes origens e produz sua
própria mensagem que será transmitida. A informação é processada e codificada em uma
sequência de etapas química e elétrica que será estudada com mais detalhes na
disciplina de fisiologia.
Ele é composto de um corpo celular e processos: dendritos e axônios. De uma
forma geral, pode se dizer que os dendritos são os processos que trazem a informação
até o corpo, enquanto os axônios levam informações para outro neurônio ou órgão
efetuador.
O neurônio é, portanto, uma célula polarizada pois a
informação, na maioria das vezes, percorre esse caminho:
dendritocorpoaxônio. A comunicação entre os
neurônios se dá principalmente através de sinapses, onde ocorre a liberação
de substâncias químicas, chamados neurotransmissores, que vão produzir
alterações elétricas na célula que as recebe.
Quando observamos o sistema nervoso macroscopicamente, vemos
que ele é constituído de áreas acinzentadas (substância cinzenta) e áreas
brancas (substância branca). Isso ocorre porque a maioria dos axônios (fibra
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nervosa) está envolta por uma bainha lipídica de mielina que determina uma cor esbranquiçada ao tecido
quando predominam os axônios. A coloração torna-se acinzentada quando predominam os corpos de
neurônios, formando as substâncias branca e cinzenta, respectivamente.
As substâncias branca e cinzenta têm distribuição heterogênea ao longo do SN. A camada periférica
de substância cinzenta envolvendo cérebro e cerebelo é denominada, córtex cerebral e córtex cerebelar.
Acúmulos de corpos de neurônio dentro do SNC (no interior do neuroeixo) têm o nome específico de núcleo e
acúmulos de corpos de neurônio fora do SNC são chamados de gânglios.
Existe grande diversidade na forma e tamanho dos neurônios, que será estudado na disciplina de
histologia.
Nos mamíferos, podemos descrever três tipos funcionais de neurônios:
o Neurônios sensitivos ou aferentes: são responsáveis por receber estímulos do meio externo e/ou
interno e possuem um prolongamento que alcança a periferia e outro que vai ao SNC.
o Neurônio motor ou eferente: especializado na condução de estímulos para um efetuador – músculo ou
glândula.
o Neurônio de associação ou interneurônio: fica sempre dentro do SNC fazendo a associação entre
diferentes áreas e modificando a função de outros neurônios. Aumentam em número com a evolução
dos seres vivos, sendo os mais abundantes nos seres humanos.
Utilizamos os termos aferente e eferente também para denominar fibras (axônios) que chegam ou
saem de uma determinada estrutura. Assim, se o corpo de um neurônio está situado no córtex cerebral e
seu axônio vai terminar no cerebelo, ele é eferente ao córtex e aferente ao cerebelo. Isso demonstra que
essa é uma terminologia dinâmica, dependendo das estruturas que estamos considerando no momento. Se
falarmos apenas em aferente e eferente sem especificação, estamos nos referindo ao SNC de uma forma
geral.

2. Neuróglia ou Células Gliais: formam o componente mais abundante do SN. Têm função auxiliar dos
neurônios dando suporte, nutrição, isolamento, ação fagocitária, formanso mielina e participando ativamente
na transmissão das informações. São constituídas pelos astrócitos, oligodendrócitos (células de Schwann na
periferia), células ependimárias e micróglia.

Embriologia – Noções Básicas


O embrião, na segunda semana de desenvolvimento, possui três camadas germinativas ou folhetos: o
ectoderma, endoderma e o mesoderma. O SN se origina a partir da camada mais externa, o ectoderma,
durante a quarta semana de gestação.
No início do processo, as células do ectoderma que se
situam junto à linha média, induzidas pela notocorda (que vai
formar a coluna vertebral), começam a proliferar e diferenciar,
formando um espessamento, a placa neural. Como a
proliferação é contínua, começa a haver um aprofundamento
no corpo do embrião formando o sulco neural e posteriormente
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a goteira neural, até que as bordas do ectoderma especializado se fundem e formam um tubo neural. O tubo
neural então perde o contato com o ectoderma não diferenciado, que vai formar a pele do dorso. As bordas da
goteira neural darão origem a crista neural que se separa do tubo neural.
O tubo neural dará origem ao SNC, enquanto a crista neural origina o SNP.
Este tubo não é homogêneo em toda sua extensão sendo sua porção cranial, mais dilatada, o
encéfalo primitivo; a porção distal, mais afilada, é a medula primitiva.
O encéfalo primitivo inicialmente forma duas zonas de
constrição e se divide em três porções dilatadas (vesículas
encefálicas primitivas): uma mais anterior, o prosencéfalo; uma
média, o mesencéfalo; e uma posterior, o rombencéfalo. A
vesícula anterior e posterior sofrem nova divisão e o encéfalo
primitivo passa a ter cinco vesículas: as duas primeiras derivadas
do prosencéfalo: telencéfalo e diencéfalo; a média não se divide
formando o mesencéfalo; e a posterior forma mais duas
vesículas, o metencéfalo e o mielencéfalo. Destas vesículas,
juntamente com a medula primitiva, derivarão todas as estruturas
do SN central.
As cristas neurais darão origem aos nervos periféricos, aos gânglios sensitivos dos nervos cranianos e
espinhais e gânglios do sistema nervoso autônomo, além de tecidos situados à distância do SN (medula da
suprarrenal, melanócitos, paragânglios).

Divisão Embriológica Divisão Anatômica

Prosencéfalo Telencéfalo Telencéfalo


Diencéfalo Diencéfalo
Encéfalo
primitivo
Mesencéfalo Mesencéfalo Mesencéfalo

Rombencéfalo Metencéfalo Ponte e Cerebelo


Mielencéfalo Bulbo

Medula Medula
primitiva Espinhal

Lâmina Alar
Se fizermos um corte transversal no tubo neural, observaremos que o
crescimento das paredes não é uniforme e encontramos quatro paredes de Sulco
Limitante
espessuras diferentes, uma posterior, uma anterior e duas laterais.

Lâmina Basal
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A luz do tubo neural apresenta, na sua superfície interna, um sulco longitudinal muito importante que é
o sulco limitante. Toda a porção do tubo neural adiante do sulco limitante tem o nome de lâmina basal, e a
parede atrás do sulco limitante chama-se lâmina alar. Os neurônios motores se diferenciam da lâmina basal
e os sensitivos da lâmina alar. As áreas situadas próximo ao sulco limitante relacionam-se com a inervação
visceral, tanto sensitiva como motora. Essa disposição e função podem ser identificadas em algumas porções
do SN no indivíduo adulto. As células situadas ao longo das cavidades do tubo neural, futuas cavidades
ventriculares, vão sofrer um processo de migração e formar as diferentes porções (córtex, núcleos) do SNC.
A cavidade central do tubo neural passa por alterações no tamanho e forma e vai dar origem ao
sistema ventricular do adulto, onde encontramos líquor:
Telencéfalo  Ventrículos laterais (I e II)
Diencéfalo  III ventrículo
Mesencéfalo  aqueduto cerebral (de Sylvius)
Ponte e Bulbo (Rombencéfalo)  IV ventrículo
Medula espinhal  canal central da medula

Divisões do SNC
As divisões do SN sevem para facilitar o entendimento e a comunicação entre os profissionais, mas
na realidade existe uma continuidade estrutural e funcional no SN.
1. Divisão Anatômica: a mais utilizada!
o SN central (SNC): situado dentro do esqueleto axial.
Encéfalo:
 Cérebro - Telencéfalo e diencéfalo;
 Cerebelo;
 Tronco encefálico – Mesencéfalo, ponte e bulbo.
Medula espinhal.
o SN Periférico (SNP): faz a ligação entre SNC e periferia. Compreende os nervos cranianos
e espinais, os gânglios e as terminações nervosas.
2. Divisão Funcional:
o SN somático (SNS) ou da vida de relação;
o SN autônomo (SNA) ou da vida vegetativa, dividido em simpático e parassimpático.
3. De segmentação ou metameria:
o SN segmentar – SN periférico + medula espinhal e tronco encefálico (substância branca
por fora e cinzenta por dentro);
o SN supra-segmentar – cérebro e cerebelo (córtex de substância cinzenta e centro de
substância branca contendo núcleos).
4. Divisão Embriológica:
o Prosencéfalo
o Mesencéfalo
o Rombencéfalo
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Organização Funcional Básica


As informações chegam ao SN central através dos nervos, que são “cordões” contendo várias fibras
nervosas (axônios) envoltas por tecido conjuntivo.
Os neurônios sensitivos, cujos corpos estão localizados em gânglios próximos ao SNC, têm seus
prolongamentos periféricos formando receptores (na pele, músculos, articulações, e vísceras) ou estão
ligados a órgãos sensoriais específicos (olho, orelha, etc.).
Os prolongamentos centrais de nervos espinhais podem ligar-se aos neurônios motores, através de
neurônios de associação, formando um arco reflexo simples. Isso permite que um estímulo periférico gere
uma resposta motora rápida (contração muscular). Dessa forma, tem-se o arco reflexo simples, responsável
pelos reflexos que testamos com martelo, por exemplo. Os reflexos costumam ser mais complexos que este
arco reflexo, e envolvem diferentes áreas do SNC (reflexos supra-segmentares). Além disso, possuímos
movimentos automáticos e voluntários que não são regidos por redes neurais tão simples.
Dessa forma, a maioria das células nervosas que trazem informações da periferia também se
comunicam “em cadeia” dentro do SNC, para levar informação às diferentes regiões (tronco encefálico,
cerebelo, cérebro). As projeções dessas células formam as grandes vias ascendentes do SN e as respostas
trafegam por vias descendentes, permitindo reflexos mais complexos e comportamentos individualizados.
Quando temos várias fibras nervosas (axônios) com aproximadamente a mesma origem, função e destino,
denominamos esse grupo de tracto ou fascículo.
Por outro lado, os estímulos podem partir do córtex cerebral, por exemplo, quando desejamos
realizar um movimento qualquer. O córtex cerebral envia a informação por meio de fibras descendentes aos
neurônios motores do sistema nervoso segmentar para que a ação seja executada, formando as grandes
vias ou tractos descendentes. O conhecimento das vias de condução nervosa forma a base do entendimento
das diferentes alterações neurológicas e são fundamentais para o estudo da semiologia neurológica (exame
clínico em neurologia).
A figura seguinte mostra um esquema do fluxo de informações no SN:
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Sistema Nervoso Periférico


É formado por nervos periféricos e suas terminações nervosas, gânglios sensitivos e gânglios do
SNA. Os nervos periféricos são divididos em:

o Nervos espinhais: Existem 31 pares de nervos que estão ligados à medula espinhal: 8 cervicais, 12
torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Eles têm origem a partir da união de uma raíz anterior
(motora) com uma posterior (sensitiva), que forma um nervo misto. Todos apresentam também fibras do
SNA, em diferentes proporções.

o Nervos cranianos: São 12 pares de nervos ligados ao encéfalo. Apresentam maior complexidade
funcional pela presença de funções sensoriais, além da sensibilidade geral e motricidade. Nem todos os
nervos são mistos como os espinhais, e somente alguns contêm fibras do SNA. Todos os nervos
cranianos deixam o crânio ou chegam até ele através de aberturas (forames) na base do crânio. A seguir
listamos os nervos cranianos e suas funções principais:
I – Olfatório: olfato;
II – Óptico: visão;
III – Oculomotor: movimentação do globo ocular;
IV – Troclear: movimentação do globo ocular;
V - Trigêmio – possui uma raiz sensitiva que dá
sensibilidade para toda a face, sendo dividida
em três porções: oftálmico, maxilar e
mandibular; e uma raiz motora que acompanha
a porção mandibular e é responsável pela
inervação dos músculos da mastigação;
VI - Abducente – movimentação ocular. Inerva o
músculo reto lateral que desvia o olhar para fora
(abdução do olho);
VII - Facial - inerva os músculos da mímica;
VIII - Vestíbulococlear – relacionado com a
audição e o equilíbrio;
IX - Glossofaríngeo – inervação da faringe,
língua e palato, principalmente sensitivo;
X - Vago – é um nervo parassimpático e tem um
amplo território de inervação incluindo vísceras
cervicais, torácicas e abdominais, além da
musculatura do palato, faringe e laringe.
XI - Acessório – inerva o trapézio e o
esternocleidomastóideo (músculos do pescoço).
XII - Hipoglosso – inerva os músculos da língua.
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NEUROCRÂNIO
Arlete Hilbig

O crânio é o esqueleto da cabeça, formado pelo neurocrânio e pelo esplancnocrânio. O neurocrânio


é o revestimento ósseo do encéfalo, e o esplancnocrânio forma os ossos da face, envolve órgãos dos
sentidos e constituintes dos sistemas respiratório (nariz) e digestório (boca).
calvária

Uma linha que vai da glabela até a protuberância occipital externa, divide o
neurocrânio em duas porções:
o uma porção superior: calvária ou calota craniana;
o uma porção inferior: base do crânio.

Base do
O neurocrânio é formado por oito ossos: crânio
o Ossos ímpares: situados na linha média - frontal, etmoide, esfenoide e occiptal.
o Ossos pares: situados lateralmente - temporal e parietal.

Os ossos do crânio se articulam através de suturas que são referências importantes:


o Sutura fronto-parietal ou coronal: entre os ossos frontal e parietais.
o Sutura inter-parietal ou sagital: entre os ossos parietais.
o Sutura lambdóidea: entre ossos parietais e osso occiptal.

Ao nascimento, os ossos do crânio não completaram seu processo de ossificação. Desta forma, as
suturas ainda são formadas por mesênquima, e são chamadas de fontanelas.
o Bregmática ou anterior: situada entre o osso frontal e os parietais.
o Lambdóide ou posterior: situada entre os ossos parietais e o occipital.

Alguns ossos do crânio (frontal, temporal, esfenóide e etmóide) são ossos pneumáticos e contêm
cavidades que formam os seios da face.
A medula espinhal é contínua com o encéfalo através do forame magno, uma grande abertura do osso
occiptal, na base do crânio.

Ossos do Neurocrânio

A anatomia dos ossos do assoalho da cavidade craniana apresenta importância pela sua relação com
encéfalo e por sua disposição formando diferentes “andares” ou fossas cranianas. Desta forma, a porção
mais anterior é também mais alta – fossa craniana anterior; a porção mais posterior é a mais baixa – fossa
craniana posterior; e a porção entre as duas também fica em altura intermediária – fossa craniana média.
Alguns aspectos relacionados aos ossos serão salientados, mas mais importante é o entendimento da
formação da cavidade craniana e suas relações.
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1) Osso Frontal:
Possui três faces: - Face externa - Face interna - Face orbitária
A parte mais anterior do osso é uma superfície plana chamada de
escama. Possui uma porção horizontal (parte orbital) logo abaixo da
escama que forma o teto da órbita e o assoalho da fossa anterior da
cavidade craniana.
A margem supra-orbital do osso frontal possui a incisura supra-
orbitária para a passagem dos nervos e de alguns vasos supra-orbitais.
Logo acima da margem supra-orbital há uma crista, o arco superciliar.
Entre os arcos superciliares há a glabela, uma saliência logo acima da
raiz do nariz.
De cada lado da escama, na parte mais inferior, existem duas eminências ósseas que são os
processos zigomáticos, parte da articulação do osso frontal com o osso zigomático.
A intersecção dos ossos frontal e nasal é o násio.
Na parte interna do osso frontal, existe o sulco do seio longitudinal superior (dependência da
dura-máter) que vai se alargando á medida que se dirige posteriormente. De cada lado do sulco existem
algumas pequenas depressões que são as impressões das granulações aracnóideas. Na parte mais
inferior da escama, existe uma saliência chamada crista frontal, onde se prende a foice do cérebro (outra
dependência da dura-máter). Na base da crista frontal, está o forame cego do osso frontal, que dá
passagem aos vasos durante o desenvolvimento fetal, porém insignificante após o nascimento.
Lateralmente a lâmina horizontal, há uma depressão, a fossa da glândula lacrimal.
No osso frontal existe uma cavidade contendo ar chamado de seio frontal. Serve para dar
ressonância à voz. Comunica-se com a cavidade nasal através do ducto fronto-nasal.

Crista galli
2) Etmóide
Pertence ao neuro e esplancnocrânio. Somente a porção horizontal (lâmina crivosa)
e a parte superior da lâmina perpendicular (crista galli) fazem parte do neurocrânio).
Labirinto
etmoidal
Lâmina perpendicular do etmóide: uma haste vertical faz parte do septo
nasal e a porção superior penetra na cavidade craniana (processo crista galli).
Lâmina crivosa do etmóide: transversal à lâmina perpendicular, constitui
parte do teto da cavidade nasal e assoalho da fossa anterior do crânio. Possui vários
orifícios, os quais dão passagem a raízes do 1º nervo craniano (nervo olfatório).
De cada lado da lâmina crivosa, estão as massas laterais do etmóide
(labirinto etmoidal), que possuem cavidades ósseas chamadas de células etmoidais (se comunicam com a
cavidade nasal), A face lateral das massas laterais faz parte da parede medial da cavidade orbitária; a face
medial faz parte das paredes laterais das cavidades nasais. Nas paredes mediais das massas laterais
existem dois prolongamentos ósseos chamados conchas nasais superior e média. Há uma concha nasal
inferior, porém é um osso isolado que faz parte do esplancnocrânio. Entre as conchas nasais e a parede
lateral das cavidades nasais existe um espaço chamado de meato.
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3) Esfenóide
Osso irregular cuja forma lembra um morcego, formado por um corpo e três pares de processo: asas
maiores, asas menores e processos pterigóides.
O corpo apresenta uma cavidade, o seio esfenoidal, que se comunica com a cavidade nasal. O
corpo apresenta uma forma cúbica e, na sua face superior, uma depressão
chamada de sela túrcica, onde está alojada a glândula hipófise. A sela túrcica
é circundada pelos processos clinóides, dois anteriores e dois posteriores.
Nos processos clinóides posteriores prende-se a tenda do cerebelo.
Processo
pterigóide Entre a asa maior e a asa menor do esfenóide existe um espaço,
chamada de fissura orbitária superior. Na asa maior do esfenóide há, anteriormente, o forame
redondo e, lateralmente, o forame oval.

4) Occipital
O mais posterior dos ossos ímpares; facilmente palpável em sua extensão.
A parte mais posterior e palpável do osso é uma superfície chamada escama. No plano mediano da
escama há, externamente, a protuberância occipital externa, facilmente palpável.
Na face interna do osso existe uma saliência localizada acima da protuberância occipital externa
chamada de protuberância occipital interna. Existem, também, depressões ósseas dispostas em cruz que
são as impressões dos seios da dura-máter. As depressões se encontram na confluência dos seios.
Na porção mais inferior do osso, existem duas saliências, côndilos do occipital (superfícies
articulares para a articulação atlanto-occipital).
Ao nível do forame magno está a transição entre bulbo e medula.

5) Parietal
Na superfície externa existem duas linhas arqueadas, linha temporal superior e inferior. Na linha
temporal superior está inserida a fáscia temporal, e na inferior, está inserido o músculo temporal
(mastigação). Na face interna existem vários sulcos deixados pela impressão das ramificações da artéria
meníngea média.

6) Temporal
Apresenta três porções: escamosa, timpânica e petrosa.
o Escama: apresenta o processo zigomático, para articulação com o
osso zigomático, formando a arcada zigomática.
o Placa timpânica: apresenta na parte mais lateral um orifício, o meato
acústico externo.
o Porção petrosa: apresenta processos ou saliências ósseas. Atrás do pavilhão auricular podemos palpar
o processo mastóide. Adiante do processo mastóide, e profundamente situado, está o processo
estilóide. Entre os processos mastóide e estilóide está o forame estilomastóideo, por onde se
exterioriza o nervo facial. Dentro da porção petrosa, ou rochedo temporal, está situada a orelha interna.
No interior da cavidade craniana a porção petrosa contém um orifício, o meato acústico interno.
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Base do Crânio

Mais importante que o estudo dos ossos individualmente é o entendimento de suas relações e
formações na base do crânio. É através da base que passam todas as estruturas que estão entrando ou
saindo da cavidade craniana. Ela não é uniforme, apresentando três andares ou fossas cranianas: fossa
anterior, fossa média e fossa posterior.

Fossa anterior do crânio: o limite posterior é a borda posterior da asa menor do esfenóide, uma borda
cortante denominada crista esfenoidal. A crista etmoidal é rodeada de vários orifícios que formam a
lâmina crivosa do etmóide, por onde penetra o nervo olfatório.

Lâmina crivosa I nervo craniano (olfatório)

Forames etmoidais vasos e nervos etmoidais

Fossa média do crânio: o limite anterior é a borda posterior da asa menor do esfenóide e o limite
posterior é a borda posterior da porção petrosa do osso temporal (rochedo temporal). Na linha média
está a sela turca no corpo do esfenóide, que abriga a hipófise. Vários forames estão situados na fossa
média:

Canal óptico II nervo craniano (óptico) e artéria oftálmica


Fissura orbitária superior nervo oculomotor (III), nervo troclear (IV), 1º
divisão do nervo trigêmeo - oftálmico (V1), nervo
abducente (VI) e veia oftálmica
Forame redondo 2º divisão do nervo trigêmeo - maxilar (V2)
Forame oval 3º divisão do nervo trigêmeo – mandibular (V3)
Forame espinhoso Artéria meníngea média
Forame lácero/carotídeo Artéria carótida interna

A fossa média do crânio fica “estendida” em função da inserção de uma dobra meníngea, a tenda
do cerebelo, que separa a cavidade craniana em compartimentos supra e infratentorial (ver capítulo
meninges).

Fossa posterior do crânio: limite anterior é a porção petrosa do osso temporal. A maior e mais
profunda das três fossas do crânio aloja o cerebelo e o tronco encefálico. É fechado superiormente pela
tenda do cerebelo. O sulco do seio transverso, quando chega à base da porção petrosa do osso
temporal descreve um “s” em direção ao forame jugular: formando o sulco do seio sigmóide.
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Meato acústico interno Nervo facial (VII), nervo intermédio de Wrisberg


(parte sensitiva do VII), nervo vestíbulococlear
(VIII) e artéria labiríntica.
Forame jugular nervo glossofaríngeo, nervo vago, nervo
acessório, e transição seio sigmóide e veia
jugular.
Canal do hipoglosso Nervo hipoglosso
Forame magno bulbo, meninges, artérias vertebrais e ramos
meníngeos e as raízes espinhais dos nervos
acessórios, além do plexo venoso vertebral
interno.
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COLUNA VERTEBRAL
Daniel L. Arenas, Dante L. S. Souza

A coluna vertebral é, normalmente, formada pela sobreposição de 33 vértebras e está localizada na


região posterior do tronco, acompanhando o plano mediano na direção crânio-caudal. Ela se articula acima
com o osso occipital e termina em uma porção de vertebras fusionadas - sacro e cóccix.

Funções
Suas principais funções são: proteger a medula espinal, sustentação, inserção de músculos, manter
a postura ereta, auxiliar na locomoção e servir de suporte para o crânio.

Movimento
Por ser formada por várias vértebras articuladas e devido à disposição de seus ligamentos, a coluna
possui muita elasticidade e grande mobilidade, resultante do somatório de pequenos movimentos
intervertebrais - flexão, extensão, flexão lateral e rotação.

Estrutura
As vértebras são as unidades estruturais da coluna, possuindo características peculiares à sua
localização no dorso. No entanto, elas possuem constituição básica comum. São formadas por corpo e
arco vertebral, que juntos delimitam o forame vertebral que, por sobreposição das vértebras, forma o
canal vertebral, onde se encontra a medula espinhal e os envoltórios meníngeos.
O corpo depreende a porção anterior da vértebra. O arco caracteriza sua porção posterior, sendo
formado pelo pedículo, processo transverso, lâmina e processo espinhoso. A lâmina une o processo
transverso ao espinhoso, e o pedículo une o processo transverso ao corpo vertebral.
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No arco, encontram-se ainda quatro processos articulares, dois superiores e dois inferiores, por
onde as vértebras se articulam entre si. As vértebras possuem ainda duas incisuras, uma superior e outra
inferior, que delimitam com as demais vértebras contíguas os forames intervertebrais (de conjugação),
por onde passam os nervos espinais correspondentes e vasos.

Características regionais:

A coluna vertebral é dividida em 5 regiões -


cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea - com
características peculiares tanto ao número quanto à
estrutura das vértebras.

Vértebras Cervicais (7):

Apresentam corpo retangular pequeno com superfície superior côncava e inferior convexa;

Forame vertebral largo e triangular;

Forames nos processos transversos para a passagem


das artérias e veias vertebrais;

Processo espinhoso bífido.

Vértebras Torácicas (12):

Corpo cordiforme;

Presença de fóveas costais (3 de cada lado) para a


articulação do tipo artródia com as costelas;

Processo espinhoso longo e verticalizado;

Forame vertebral circular e menor.


17

Vértebras Lombares (5):

Corpo grande devido à maior sustentação;

Presença de processos mamilares e acessórios;

Processos transversos longos (costiformes);

Processo espinhoso curto e robusto.

Sacro (5 - fusionadas):

Possui o formato de uma pirâmide invertida;

Convexo posteriormente e côncavo anteriormente;

Se articula lateralmente com o osso do quadril


(sinovial);

Apresenta movimentos de nutação e contra-


nutação;

Forames sacrais: local de passagem de nervos


raquidianos.

Cóccix (4 - fusionadas):

Pirâmide invertida;

Porção final da coluna vertebral.

Características Individuais:
 Tubérculo posterior e anterior;
 Fóvea do dente para a articulação com o
processo odontóide (trocóide);
 2 massas laterais com duas superfícies
articulares superiores (articulação com os côndilos do
occipital) e 2 superfícies articulares inferiores
(côncavas, articulação com axis).

 Processo odontóide (ântero-superior), que se projeta na


parte anterior de C1, funcionando como o corpo do atlas;
 2 massas laterais com superfícies articulares;
 Processo espinhoso bífido;
 Mais resistente das vértebras cervicais.
18

 Processo espinhoso longo e proeminente;


 Não há passagem de artéria vertebral pelos forames transversos.

Articulações e Ligamentos
As articulações entre os corpos vertebrais são do tipo anfiartrose típica ou verdadeira e são feitas
por meio de discos intervertebrais, coxins fibrocartilaginosos que possuem, no centro, um núcleo pulposo
(muito hidratado).
Participam ainda destas articulações os ligamentos longitudinais anterior e posterior, sendo que
o primeiro vai do atlas ao sacro ventralmente, e o segundo vai do áxis ao sacro dorsalmente, impedindo a
hiperextensão e a hiperflexão, respectivamente.
Existem também outros tipos principais de ligamentos que mantém a integridade e conformação da
coluna, unindo as vértebras: interespinhal, supraespinhal, nucal,
intratransversal, capsular e amarelo.
O ligamento interespinhal é fraco e membranoso, une
os processos espinhosos adjacentes, fixando-os da raiz até o
ápice de cada processo. O ligamento supraespinhal é forte e
fibroso, une as extremidadesdos processos espinhosos desde
C7 até o sacro, fundindo-se com o ligamento nucal na região
cervical posterior. O ligamento intratransversal liga os
processos transversos e o ligamento amarelo, as lâminas dos
arcos vertebrais.

Curvaturas da Coluna

As curvaturas normais da coluna vertebral proporcionam maior resistência mecânica e sustentação


do corpo, porém, podem ocorrer também curvaturas anormais.

Lordoses (cervical e lombar) são curvaturas secundárias, enquanto


cifoses (torácica e sacro-coccígea) são curvaturas primárias, já que
acompanham a formação fetal.

Escoliose: curvatura lateral da coluna que pode ser funcional ou


patológica.

Hérnia de Disco: é o deslocamento de um disco intervertebral resultando na compressão de raízes de


nervos raquidianos que transitam pelos forames intervertebrais ou de outras estruturas nobres.
19

MENINGES

Antonia Pardo Chagas, Eloísa Bartmeyer, Arlete Hilbig

O SNC é envolvido por membranas conjuntivas denominadas meninges. São classicamente três:
dura-máter, aracnóide e pia-máter. A primeira é conhecida como paquimeninge, bastante espessa; a
aracnóide e a pia-máter constituem um só folheto no embrião e são consideradas uma formação única, a
leptomeninge.

Dura-máter
Meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo rico em fibras
colágenas, contendo vasos e nervos, que são responsáveis por quase toda a sensibilidade intracraniana,
ocasionando a maioria das dores de cabeça (cefaléia). A dura é formada por dois folhetos, um externo, que
adere aos ossos do crânio e comporta-se como periósteo, mas sem a capacidade osteogênica; e um interno.
O folheto interno por vezes afasta-se do externo e forma dobras de duramáter, que dividem a
cavidade craniana em compartimentos, ou formam outras dependências descritas a seguir. As principais
pregas são:
1. Foice do cérebro: separa os dois hemisférios cerebrais ocupando a fissura longitudinal e divide o
crânio em compartimentos D e E.
2. Tenda do cerebelo: forma-se a partir do osso
occiptal em direção ao rochedo temporal, onde se insere. Sua
borda livre anterior deixa uma abertura de concavidade
anterior denominada incisura da tenda, por onde passa o
mesencéfalo. Forma um septo transversal que separa os
lobos occipitais do cerebelo e divide a cavidade craniana em
dois compartimentos: o supratentorial e o infratentorial.
3. Foice do cerebelo: septo vertical situado abaixo
da tenda entre os dois hemisférios cerebelares.
4. Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que
fecha superiormente a sela túrcica, formando um
compartimento para a glândula hipófise. Deixa uma abertura superior por onde passa a haste hipofisária.
5. Seios da Dura-máter
São canais venosos revestidos de endotélio entre os dois folhetos da dura-máter, para onde drena o
sangue proveniente das veias do encéfalo e do bulbo ocular. Por fim os seios drenam para as veias
jugulares internas.
5.1 Seios Venosos da Abóbada
a) Seio sagital superior: percorre a margem da inserção da foice do cérebro, terminando na
confluência dos seios.
b) Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice do cérebro, terminando no seio reto.
20

c) Seio reto: na linha de união entre a foice do cérebro e tenda


do cerebelo. Recebe o seio sagital inferior, e a veia cerebral magna
(veia de Galeno), terminando na confluência dos seios.
d) Seios transversos: ao longo da inserção da tenda do
cerebelo, desde a confluência dos seios até a parte petrosa do osso
temporal.
e) Seios sigmóides: em forma de S, é a continuação do seio transverso até o forame jugular, onde
transforma-se na veia jugular interna. É responsável pela drenagem de quase todo o sangue venoso da
cavidade craniana.
f) Seio occipital: ao longo da inserção da foice do cerebelo.
5.2 Seios Venosos da Base do Crânio
a) Seios cavernosos: cavidade grande e irregular lateralmente
ao corpo do esfenóide e da sela túrcica. É atravessado pela artéria
carótida interna, pelos nervos: abducente (VI par), troclear (IV par),
oculomotor (III par) e pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo (V1 par).
b) Seios intracavernosos: comunicam os dois seios
cavernosos, envolvendo a hipófise.
c) Seio petroso inferior: termina-se na na veia jugular interna.

Aracnóide
Membrana muito delicada justaposta à dura-máter, separada por um espaço virtual (espaço
subdural) que contém somente o líquido necessário à lubrificação das superfícies de contato. A aracnóide
separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóide, que possui quantidade considerável de líquor, além das
principais artérias cerebrais. Pertencem também à aracnóide as pequenas trabéculas que se dirigem até a
pia-máter, estruturas semelhantes a uma teia de aranha, de onde deriva o nome desta meninge. Como a
distância entre a aracnóide e a pia-máter é variável, formam-se cisternas que contêm grande quantidade de
líquido. As principais cisternas são:
a) Cisterna cerebelomedular/Cisterna Magna: maior e mais
importante, sendo usada para punções, ocupa o espaço entre a face
inferior do cerebelo e a fade dorsal do bulbo e o tecto do IV ventrículo;
b) Cisterna pontina: ventral a ponte. Contém a artéria basilar
e o sexto nervo craniano;
c) Cisterna quiasmática : ventral ao quiasma óptico;
d) Cisternas perimesencefálicas: quadrigeminal,
Ambiens, e interpeduncular: envolvem o mesencéfalo.
A aracnóide possui estruturas especializadas que penetram no interior dos seios da dura-máter em
alguns pontos denominadas granulações aracnóideas. São adaptadas para absorção do líquor, que neste
ponto une-se ao sangue venoso e ao sistema circulatório. São mais abundantes junto ao seio sagital
superior.
21

Pia-máter

Meninge mais interna, adere intimamente à superfície do encéfalo e medula, conferindo resistência a
essas estruturas. A pia também acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso, formando a parede
externa dos espaços perivasculares, onde prolongamentos do espaço subaracnóide, contendo líquor,
formam um manguito protetor em torno dos vasos, amortecendo o efeito da pulsação das artérias.

Espaços entre as meninges:

ESPAÇO LOCALIZAÇÃO CONTEÚDO


Epidural (extradural) Na medula: entre a dura-máter Na medula: tecido adiposo e
e o periósteo do canal vertebral. plexo venoso vertebral interno.
No encéfalo: espaço virtual entre a No encéfalo: artérias
lâmina óssea interna do crânio e a dura- meníngeas.
máter.
Subdural Na medula e no encéfalo: espaço Na medula e no encéfalo:
virtual entre a dura-máter e a aracnóide. pequena quantidade de líquido.
Subaracnóideo Na medula e no encéfalo: entre a Na medula e no encéfalo: líquor
aracnóide e a pia-máter. e artérias de grande calibre.
22

MEDULA ESPINHAL
Laura T. Canti, Luísi Rabaioli, Arlete Hilbig

Forma e Estrutura Geral da Medula


A medula é a porção do SNC que está situada dentro do canal vertebral e estabelece uma conexão
direta com o meio externo da maior parte do organismo, através dos nervos espinhais. Ela é a porta de
entrada de informações coletadas na periferia e é a partir da medula que saem a maior parte dos comandos
originados pelo processamento de informações no SNC e que serão executados pelos órgãos efetuadores
(músculos e glândulas).
É também na medula que ocorrem as menores modificações do tubo neural durante o
desenvolvimento (ver capítulo introdução à neuroanatomia), o que torna mais fácil o seu estudo em
comparação a outras porções do SNC.
No homem adulto, mede cerca de 45 cm. Seu limite cranial fica
aproximadamente ao nível do forame magno; e termina afilando-se para formar o
cone medular, ficando o limite caudal ao nível do disco L1-L2. O canal vertebral
está preenchido apenas por raízes abaixo deste nível – cauda equina. Este limite
apresenta importância clínica, pois abaixo dele é o local ideal para punções e
anestesias, já que não existe mais medula, somente raízes.
Tem forma aproximadamente cilíndrica e ligeiramente achatada ântero-
posteriormente, mas seu calibre não é uniforme, apresentando duas dilatações
correspondentes às áreas em que as raízes nervosas dos plexos fazem conexão
com a medula para inervação dos membros superiores e inferiores.

 Intumescência cervical: estão os neurônios para o plexo braquial, que


vão para membros superiores.

 Intumescência lombar: estão os neurônios para o plexo lombossacral,


que vão para membros inferiores.
Sua superfície apresenta sulcos longitudinais em toda sua extensão:
o Fissura mediana anterior;
o Sulco lateral anterior: origem das raízes ventrais (motoras) dos nervos espinhais;
o Sulco mediano posterior;
o Sulco lateral posterior: origem das raízes dorsais (sensitivas);
o Sulco intermédio posterior – apenas na
região cervical, entre o sulco mediano posterior
e o sulco lateral posterior.
As raízes ventrais e dorsais se unem para
formar os nervos espinhais e, junto à raiz posterior,
encontramos um gânglio sensitivo, onde está colocado
o corpo do primeiro neurônio das vias sensitivas.
23

O primeiro nervo espinhal emerge acima da vértebra C1, entre esta e o osso occipital. As raízes
cervicais emergem pelo forame de conjugação acima da vértebra correspondente e C8 está entre C7 e T1.
A partir de T1, o nervo emerge abaixo da vértebra correspondente.

Segmentos Medulares e Topografia Vertebromedular


A medula apresenta uma segmentação incompleta (sem septos ou sulcos transversais separando
um segmento do outro). Cada segmento medular corresponde à parte da medula onde fazem conexão os
filamentos radiculares que compõem um par de nervos espinhais ou radiculares.
Existem 31 pares de nervos espinhais, sendo cada um formado por uma raiz ventral (sulco lateral
anterior) e uma dorsal (sulco lateral posterior).
 8 cervicais;
 12 torácicos;
 5 lombares;
 5 sacrais;
 1 coccígeo.

Até o 4º mês de vida embrionária, a coluna vertebral e a medula têm o mesmo


tamanho. A partir daí, a coluna vertebral cresce mais do que a medula, especialmente na
porção caudal. Como as raízes nervosas mantêm suas relações com os respectivos forames
intervertebrais, há alongamento das raízes e diminuição do ângulo que elas fazem com a
medula. Desta forma, não existe correspondência entre vértebra e segmento medular,
somente entre vértebra e nervo espinhal.

Correspondência entre vértebra e segmentos medulares (aproximada):


o Entre os níveis das vértebras C2 a T10, adiciona-se 2 ao do processo espinhoso e
tem-se o do segmento medular subjacente;
o T11 a T12 correspondem aos 5 segmentos lombares;
o L1 corresponde aos 5 segmentos sacrais.

Envoltórios da Medula - Meninges


Diferente do encéfalo, no canal vertebral a dura-máter não está acolada ao osso e é externamente
recoberta pela gordura epidural e plexo venoso vertebral, composto de veias sem válvulas, o plexo de
Batson. Superiormente, ela é contínua com a dura-máter craniana e, caudalmente, termina em um fundo de
saco ao nível de S2.
Justaposta à dura-máter está a aracnóide e entre ela e a pia-máter está o espaço subaracnóideo
contendo líquor. Do limite inferior da medula até S2 está a cisterna lombar, contendo a cauda eqüina. Esta
cisterna é utilizada para punções e anestesias.
A pia-máter está aderida intimamente ao tecido nervoso da superfície da medula e penetra na
fissura mediana anterior. No final da medula, a pia máter continua caudalmente como filamento terminal,
24

que perfura o fundo de saco dural e vai até o hiato sacral; a partir daí,
passa a receber prolongamentos de dura-máter, inserindo-se no
periósteo da superfície dorsal do cóccix e formando o ligamento
coccígeo.
Os folhetos de pia-máter, que revestem a medula anterior e
posteriormente, se unem de cada lado formando os ligamentos
denticulados, que se dispõe em um plano frontal ao longo de toda a extensão da medula. São 21 processos
triangulares que se inserem firmemente na aracnóide e na dura-máter em pontos que se alternam com a
emergência dos nervos espinhais, e auxiliam na fixação da medula.

Sibstância Cinzenta da Medula


Na medula, a substância cinzenta situa-se no interior e apresenta a forma da letra H. Ela pode ser
dividida em substância cinzenta intermédia ou comissura parda e em três colunas ou cornos de cada
lado:
o Corno anterior: subdivide-se em cabeça e base; nele estão situados os corpos dos
neurônios motores. É mais dilatada ao nível dos intumescimentos lombar e cervical;
o Corno posterior: subdividido em base, pescoço e ápice; nele estão situados os corpos de
neurônios sensitivos. No ápice, há uma área de tecido nervoso translúcido rico em células
neurogliais e pequenos neurônios, a substância gelatinosa (de Rolando);
o Corno lateral: só existe na região torácica, L1 e L2 e nele estão situados os neurônios do
SNA – porção simpática.
Os neurônios medulares agrupam-se em núcleos ora mais, ora menos definidos, que formam
colunas longitudinais dentro das 3 colunas da medula. Alguns núcleos, porém, não se estendem ao longo
de toda a medula. Aqueles situados medialmente controlam a musculatura do esqueleto axial, enquanto os
laterais controlam a musculatura do esqueleto apendicular .
No centro da substância cinzenta, há o canal ependimário ou canal central da medula, resquício da
luz do tubo neural do embrião. Esse canal é revestido por epêndima e continua-se superiormente com a
porção inferior do 4º ventrículo.

Substância Branca da Medula


Formada principalmente por fibras (axônios) que transitam na medula em direção ao encéfalo (vias
ascendentes - sensitivas) ou que se originam no encéfalo e dirigem-se aos diversos segmentos da medula
(vias descendentes - motoras), além das fibras de associação. Podem ser agrupadas em três funículos ou
cordões:

 Funículo anterior: entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior;

 Funículo lateral: entre sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior;

 Funículo posterior: entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior. Na região cervical, é
dividido pelo sulco intermédio posterior em fascículos grácil (mais medial) e cuneiforme (mais lateral).
25

Entre a fissura mediana anterior e a substância cinzenta, há a comissura branca, local de


cruzamento de fibras. A quantidade de substância branca em relação à cinzenta é maior quanto mais
superior o nível considerado.
Organização da Substância Branca da Medula
As fibras da substância branca da medula agrupam-se em tractos e fascículos, formando vias por
onde passam os impulsos nervosos. Não existem, entretanto, septos delimitando os diversos tractos e
fascículos e as fibras se dispõem lado a lado.
Existem também vias que contêm fibras ascendentes e descendentes misturadas: e as vias de
associação da medula, formadas por prolongamentos dos neurônios cordonais de associação que, em
conjunto, formam o fascículo próprio da medula.
O estudo da distribuição anatômica das diferentes formas de sensibilidade e da motricidade na
medula tem grande importância clínica na localização de lesões medulares. O seu estudo inicia o capítulo da
neuroanatomia funcional e é importante que sejam entendidos alguns conceitos que passaremos a
descrever:
a. Tracto: feixe de fibras nervosas, amielínicas ou mielínicas, com aproximadamente a mesma origem,
função e destino.
b. Fascículo: corresponde ao tracto ou a um tracto mais compacto.
c. Lemnisco: feixe de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao tálamo e tem forma de fita.
d. Funículo: significa cordão e é usado para substância branca da medula. Contém vários tractos ou
fascículos.
e. Decussação: formação anatômica constituída por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano
mediano e têm aproximadamente a mesma direção.
f. Comissura: fibras nervosas que cruzam perpendicularmente o plano mediano e têm direções
diametralmente opostas.
g. Fibras de projeção: fibras que ultrapassam os limites de determinada área ou órgão do Sistema
Nervoso Central.
h. Fibras de associação: associam pontos mais ou menos distantes de certa área ou órgão sem,
entretanto, abandoná-lo.

bulbar
26

Vias Sensitivas
Antes de falar na organização anatômica das vias, é necessário fazer algumas considerações sobre
os diferentes tipos de sensibilidade que existem.
O nosso relacionamento com o meio externo e a nossa capacidade de adaptação é tanto melhor
quanto maior for a informação que recebemos sobre esse meio. Existem diferentes formas de “enxergar” o
mundo exterior e isso se traduz em formas de sensibilidade diversas. Ao tocar um objeto, temos a sensação
do toque, mas podemos também dizer se ele está quente ou frio; se o segurarmos, podemos saber se é leve
ou pesado, se é liso ou enrugado e que forma tem. Isso só é possível pela integração central dos diferentes
tipos de sensibilidade que transitam por locais específicos e formam as grandes vias sensitivas.
Estas vias têm início na periferia, em receptores específicos para cada forma de sensibilidade
(sensibilidade geral) ou em um órgão receptor (sensibilidade especial ou sentidos).
Os receptores que estão localizados na pele e/ou tecido subcutâneo (estruturas com origem no
folheto ectodérmico do embrião) formam as chamadas sensibilidade exteroceptiva; os com receptores nas
articulações e músculos (origem mesodérmoca), a sensibilidade proprioceptiva; e aquelas com receptores
nas vísceras (origem endodérmica), a sensibilidade visceroceptiva.
As fibras “ligadas” a esses receptores penetram pela raiz dorsal dos nervos espinhais e seu corpo
celular está localizado no gânglio sensitivo (na raiz posterior), trazendo impulsos de várias partes do corpo.
As formas conscientes de sensibilidade destinam-se ao tálamo e posteriormente córtex cerebral,
enquanto as inconscientes vão ao cerebelo.

Sensibilidade Geral
Exteroceptiva:
Protopática: relaciona-se com percepção de tato grosseiro ou contato, dor
(algesia) e temperatura.
Epicrítica: é um “tato fino” ou discriminativo.
Proprioceptivas: podem ser conscientes ou não.
Consciente: cinético-postural, barestésica, vibratória e dor profunda.
Inconsciente: destinadas ao cerebelo, levam informações sobre movimento.
Interoceptivas: não são individualizadas topograficamente.

Sensibilidade Especial
Visão, Audição, Olfato e Gustação

Todas as formas de sensibilidade geral estão representadas na medula e formam as grandes vias
ascendentes. A sensibilidade especial será estudada com o tronco encefálico, pois é transmitida pelos
nervos cranianos.
Importante salientar que todas as informações que chegam oupartem do SNC são cruzadas, ou seja,
a sensibilidade e motricidade do hemicorpo D são de responsbilidade do hemisfério E, e a do E, do
hemisfério D. Este é um princípio básico de neuroanatomia.
27

Como as vias são cruzadas e este cruzamento ocorre em pontos diferentes do SNC, é importante
saber aonde ocorre pois determinará os sintomas clínicos.

Vias Ascendentes
1. Vias Espinotalâmicas (cruzam na medula)
o Sensibilidade Exteroceptiva Protopática de Contato
 Trato espinotalâmico anterior
O 1º neurônio (protoneurônio) está no gânglio sensitivo, penetra pela raiz posterior e faz sinapse na
cabeça do corno posterior com o 2º neurônio (deutoneurônio); este cruza na medula, na frente do canal
medular, indo para o funículo anterior onde passa a ser ascendente, formando o trato ou feixe
espinotalâmico anterior (FETA) que vai ao tálamo.
No diencéfalo (tálamo óptico) está o 3º neurônio, cujo axônio irá até o córtex sensitivo.
o Sensibilidade Exteroceptiva Protopática Termoalgésica:
 Trato espinotalâmico lateral
O 1º neurônio está no gânglio sensitivo, penetra pela raiz posterior e faz sinapse com o 2º neurônio
localizado na cabeça do corno posterior. Esse 2º neurônio cruza a medula na frente do canal medular
(comissura branca) até o funículo lateral, quando passa a ascender e integra o trato espinotalâmico lateral.
A 2ª sinapse ocorre no tálamo óptico, e o 3º neurônio vai até o córtex cerebral.

2. Vias do Cordão Posterior (não cruzam na medula)


o Sensibilidade Exteroceptiva Epicrítica e Sensibilidade Porprioceptiva Cosciente
 Fascículos Grácil e Cuneiforme
O 1º neurônio está no gânglio sensitivo, penetra pela raiz posterior do nervo espinhal e segue, sem
fazer sinapse, em direção ao funículo posterior do mesmo lado, nos fascículos grácil e cuneiforme; a partir
daí, ascende até os núcleos grácil e cuneiforme do bulbo, onde ocorrerá a sinapse com o 2º neurônio que
cruza a linha média e vai ate o tálamo óptico, onde faz sinapse com o 3º neurônio, que vai ao córtex
cerebral.

3. Via Proprioceptiva Inconsciente


 Feixe espinocerebelar anterior (cruzado) e posterior (direto)
O 1º neurônio está no gânglio sensitivo, penetra pela raiz posterior e vai até o colo do corno posterior,
onde realizará a sinapse com o 2º neurônio.
Se o estímulo vier dos membros, o 2º neurônio cruza a linha média até a porção anterior do funículo
lateral, onde integra o feixe espinocerebelar anterior. Sobe até o pedúnculo cerebelar superior e cruza
novamente até o cerebelo, passando pelo pedúnculo cerebelar superior.
Se o estímulo vier do tronco, o 2º neurônio vai ao feixe espinocerebelar posterior do mesmo lado,
onde ascende ao pedúnculo cerebelar inferior, penetrando no cerebelo.
28

Vias Descendentes
Formadas por fibras que se originam no córtex cerebral ou no tronco encefálico e fazem sinapse
com neurônios medulares ou com núcleos motores do tronco encefálico.

1. Vias Piramidais
 Feixes córtico-espinhais lateral (cruzado) e anterior (direto).
O 1º neurônio sai do córtex motor e vai até o bulbo, na sua porção anterior e do mesmo lado.
80% (fig. Esquerda) das fibras cruzam na decussação das pirâmides, formando o feixe piramidal
cruzado, descem no funículo lateral da medula. Fazem sinapse com os neurônios motores do corno anterior
da medula no segmento medular onde saem pela raiz anterior.
20% (fig. Direita) das fibras seguem pelo funículo anterior, formando o feixe piramidal direto e só
cruzam na medula, para fazer sinapse com o neurônio motor do corno anterior do lado oposto.
Relacionam-se com a motricidade voluntária. Assim, percebe-se que essa motricidade é cruzada, indicando
que uma lesão acima da decussação das pirâmides causará paralisia (perda de força) da metade oposta do
corpo.

2. Vias Extrapiramidais
São vias que servem para modular a motricidade voluntária, sendo fundamentais para as
características do movimento: velocidade, amplitude, coordenação, manutenção do equilíbrio. Participam
também na execução de movimentos automáticos e reflexos.

 Feixe tectoespinal: sai do colículo


superior e dirige-se à medula. Relação
com reflexos decorrentes de estímulos
visuais com movimentação da cabeça.
 Feixe vestíbuloespinhal: sai dos
núcleos vestibulares. Relação com
manutenção do equilíbrio e postura.
 Feixe rubroespinhal: partem do
núcleo rubro do mesencéfalo.
 Feixe retículoespinhal: partem da
formação reticular do tronco
encefálico. Relação com manutenção
do equilíbrio e postura.

O feixe rubro-espinhal relaciona-se com a motricidade distal dos membros, enquanto os demais têm
relação com a musculatura axial (tronco) e proximal dos membros.
Todas as vias piramidais e extrapiramidais fazem sinapse, na medula, com os neurônios motores do
corno anterior. Este neurônio foi denominado via final comum por Sherrington, pois nele fazem sinapse
todas as vias motoras, piramidal e extrapiramidal.
29

VIA MOTORA FINAL COMUM (DE SHERRINGTON)

Segundo neurônio motor (neurônio motor inferior) localizado no corno anterior da


medula: Inerva fibras musculares específicas e vai formar uma unidade motora.

ARCO REFLEXO

Na medula espinhal, temos funções independentes do resto do sistema nervoso central,


que funcionam como arcos reflexos. O arco reflexo explica o funcionamento da medula
como um centro integrador de sensibilidade e gerador de resposta motora.
Nos seres humanos, este arco é feito com 3 neurônios. Inicia-se na periferia, onde o
estímulo é captado por receptores sensitivos (neurônio pseudounipolar) e levado ao corno
posterior da medula, fazendo sinapse com um neurônio internuncial (de associação) que
está entre os núcleos sensitivo e motor e fará sinapse com um neurônio motor do corno
anterior, responsável pela ativação da resposta motora.

Exemplo: reflexo patelar

(Ver capítulo de Vias de Condução)


30

TRONCO ENCEFÁLICO - MACROSCOPIA


Amanda Backoff, Bruna Silva Martins, Arlete Hilbig

O tronco encefálico situa-se ventralmente ao


cerebelo e dorsalmente à parte basilar do osso occipital e
do corpo do esfenóide, entre a medula e o diencéfalo, na
fossa posterior do crânio. Ele é constituído por corpos de
neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas
que, por sua vez, se agrupam em tractos, fascículos ou
lemniscos.
Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem
conexão com o tronco encefálico.
O tronco encefálico se divide em bulbo, situado
caudalmente; mesencéfalo, situado cranialmente; e
ponte, situada entre ambos.

Bulbo
Possui formato de cone invertido. Pode ser chamado também de bulbo raquídeo ou medula
oblonga. A divisão entre o bulbo e a medula espinhal geralmente se dá ao nível do forame magno, pelo
primeiro filamento radicular do primeiro nervo cervical. Cranialmente, o bulbo limita-se com a ponte por um
sulco horizontal: o sulco bulbo-pontino.
O bulbo é composto por diversos sulcos, os quais formam os compartimentos laterais, anterior e
posterior. Esses compartimentos são continuações dos funículos da medula espinhal. Possui em seu
interior o canal central do bulbo, que é continuação do canal ependimário da medula espinhal.

Na face anterior do bulbo são observados:


 Fissura mediana anterior: continuação da fissura de mesmo nome da medula; termina no forame
cego. Essa fissura é parcialmente obliterada na porção caudal pela decussação das pirâmides.
 Sulco lateral anterior: continuação também do sulco de mesmo nome na medula; separa as
pirâmides das olivas. Emergência nervo hipoglosso (XII par craniano).
 Pirâmides bulbares: aglomerados de
fibras descendentes (tracto córtico-
espinhal ou piramidal). Situado entre
fissura mediana anterior e sulco lateral
anterior.
 Decussação das pirâmides:
entrecruzamento de 85 a 90% das fibras
dos tractos córtico-espinhais laterais que
se localizam na parte caudal do bulbo.
31

 Olivas bulbares: um par de eminências ovais, situadas na área lateral do bulbo, entre os sulcos
lateral anterior e posterior. É composto por uma grande massa de substância cinzenta, o núcleo
olivar inferior, situado logo abaixo da superfície.

Na face posterior do bulbo são observados:


 Sulco mediano posterior: termina na metade do bulbo devido ao afastamento de seus lábios que
contribuem para formar os limites laterais do IV
ventrículo. Entre o sulco mediano posterior e o sulco
lateral posterior há a área posterior do bulbo,
continuação do funículo posterior da medula, que
assim como o funículo é dividida em fascículo grácil
e cuneiforme. Esses fascículos são formados por
fibras ascendentes, as quais terminam nos núcleos
grácil (medial) e cuneiforme (lateral), situados nos
tubérculos de mesmo nome.
 Sulco lateral posterior: emergem a raiz craniana
do nervo acessório (XI par craniano), o nervo vago
(X par craniano) e o nervo glossofaríngeo (IX par
craniano).
 Tubérculos dos núcleos grácil e cuneiforme: devido ao aparecimento do IV ventrículo, afastam-
se lateralmente, continuando para cima com o pedúnculo cerebelar inferior.
 Pedúnculo cerebelar inferior: forma o limite lateral mais caudal do IV ventrículo e penetra no
cerebelo.

Nervos que emergem do bulbo:


o Nervo hipoglosso – XII: emerge do sulco lateral anterior.
o Nervo glossofaríngeo – IX
o Nervo vago – X emergem do sulco lateral posterior
o Nervo acessório – XI (origem craniana)

Ponte
Situa-se entre o bulbo e o mesencéfalo, ventralmente ao cerebelo e separada deste pelo IV
ventrículo; repousa sobre o osso occipital e o dorso da sela túrcica do esfenóide. Sua base, ventralmente,
possui estrias transversais devido às numerosas fibras transversais que convergem para formar o pedúnculo
cerebelar médio, que penetra no hemisfério cerebelar
correspondente. A parte dorsal da ponte constitui
parte do assoalho do IV ventrículo. Na sua superfície
ventral existe um sulco, o sulco basilar, deixado pela
impressão da artéria basilar.
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Nervos que emergem da ponte:


o Nervo trigêmio – V: emerge entre o pedúnculo cerebelar médio e a ponte. Essa emergência
se faz por duas raízes, uma maior sensitiva e outra menor, motora.
o Nervo abducente – VI
o Nervo facial – VII Emergem do sulco
o Nervo intermédio (raiz sensitiva do VII) bulbo- pontino de
o Nervo vestibulo-coclear – VIII medial para lateral.

Devido a emergência do VII e VIII nervos cranianos em um pequeno espaço na porção mais lateral do sulco
bulbo-pontino, tumores nessa região podem comprimir essas raízes, provocando a Síndrome do ângulo
ponto-cerebelar.

IV ventrículo
É a cavidade do rombencéfalo e tem uma forma losângica. Situa-se entre o bulbo e a ponte
ventralmente, e o cerebelo dorsalmente. Continua caudalmente com o canal central do bulbo e cranialmente
com o aqueduto cerebral, cavidade do mesencéfalo através da qual o IV ventrículo se comunica com
o III ventrículo.
A cavidade do IV ventrículo se prolonga de cada
lado para formar os recessos laterais, situados na
superfície dorsal do pedúnculo cerebelar inferior. Esses
recessos se comunicam com o espaço subaracnóideo, por
meio das aberturas laterais do IV ventrículo (forames de
Luschka). Há também uma abertura mediana do IV
ventrículo (forame de Magendie). Por meio dessas
aberturas, o líquor produzido na cavidade ventricular,
passa para o espaço subaracnóideo.

Assoalho: Formado pela parte dorsal da ponte e pela porção aberta do bulbo. Limita-se ínfero-
lateralmente pelos pedúnculos cerebelares inferiores, que ligam o cerebelo ao bulbo e medula, e pelos
tubérculos dos núcleos grácil e cuneiforme; e súpero-lateralmente pelos pedúnculos cerebelares superiores
– compactos feixes de fibras nervosas que, saindo de cada hemisfério cerebelar, fletem-se cranialmente e
convergem para penetrar no mesencéfalo.
O assoalho do IV ventrículo é percorrido em toda a sua extensão pelo sulco mediano, que se
prende cranialmente no aqueduto cerebral e caudalmente, no canal central do bulbo. Lateralmente ao sulco
mediano posterior está o sulco limitante. Este sulco separa os núcleos motores, situados medialmente, dos
núcleos sensitivos, situados lateralmente. Este mesmo sulco se alarga para formar a fóvea superior e a
fóvea inferior. Medialmente à fóvea superior está o colículo facial – conjunto de fibras do nervo facial que
contorna o nervo abducente. Na parte caudal da eminência medial – limitada pelos sulcos mediano e
33

limitante – observa-se o trígono do nervo hipoglosso que corresponde ao núcleo do nervo hipoglosso.
Lateralmente a esse trígono está o trígono do nervo vago que corresponde ao núcleo dorsal do vago. Na
porção lateral do sulco limitante há a área vestibular, correspondente aos núcleos vestibulares do nervo
vestíbulo-coclear. Estendendo-se na fóvea superior em direção ao aqueduto cerebral, lateralmente a
eminência medial, encontra-se uma área mais pigmentada denominada lócus ceruleus, estrutura rica em
noradrenalina.

Teto: A metade cranial do teto do IV


ventrículo é constituída por uma lâmina de
substância branca, o véu medular superior, que
se estende entre os dois pedúnculos cerebelares
superiores. Na sua metade caudal encontram-se o
nódulo do cerebelo, o véu medular inferior e a
tela corióide. A tela corióide é formada pela união
do epitélio ependimário com a pia-máter. Essa tela
emite projeções ricamente vascularizadas, as quais
formam o plexo corióide do IV ventrículo. Os
plexos corióides são responsáveis pela
formação do líquor.

Mesencéfalo
Interpõe-se entre a ponte e o diencéfalo, do qual é separado por um plano que liga os corpos
mamilares à comissura posterior, pertencentes ao diencéfalo. É atravessado pelo aqueduto cerebral, que
une o III ao IV ventrículo. A parte situada dorsalmente ao aqueduto corresponde ao tecto do mesencéfalo, e
a parte situada ventralmente é o pedúnculo cerebral, o qual se divide em: tegmento (predominantemente
celular) e a base (fibras longitudinais). O tegmento está separado da base pela substância nigra, a qual é
formada por neurônios ricos em melanina e produtores de dopamina. O sulco lateral e o sulco medial do
pedúnculo cerebral limitam, externamente, a base do tegmento.

Tecto Mesencefálico (lâmina quadrigeminal):


Apresenta quatro eminências arredondadas na região dorsal: dois colículos inferiores e dois
colículos superiores. Esses são separados por dois sulcos perpendiculares em forma de cruz. Na parte
anterior do ramo longitudinal da cruz, aloja-se o corpo pineal que, entretanto, pertence ao diencéfalo. Cada
colículo se liga a uma pequena eminência oval do diencéfalo, o corpo geniculado, através de um feixe
superficial de fibras nervosas que constituem seu braço. Os colículos inferiores ligam-se aos corpos
geniculados mediais, e relacionam-se com a audição; os colículos superiores ligam-se aos corpos
geniculados laterais e relacionam-se com a visão.
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Pedúnculos cerebrais (PC):


Porção do mesencéfalo adiante do aqueduto cerebral dividido em base e tegmento pela substância
nigra. Entre os PC está a fossa interpeduncular, cujo assoalho apresenta pequenos orifícios para a
passagem de vasos e denomina-se substância perfurada posterior.

Nervos que emergem do mesencéfalo:


o Nervo oculomotor – III: emerge do sulco medial do pedúnculo cerebral
o Nervo troclear – IV: emerge caudalmente ao colículo inferior. É o único nervo que emerge
dorsalmente. Esse nervo contorna o mesencéfalo e surge na região ventral entre a ponte e o
mesencéfalo.
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TRONCO ENCEFÁLICO – ORGANIZAÇÃO FUCIONAL


Amanda Backoff, Bruna Silva Martins, Arlete Hilbig

O tronco encefálico possui em sua estrutura interna:


o Tractos ascendentes e descendentes,
o Núcleos dos nervos cranianos,
o Pedúnculos cerebelares,
o Vias autonômicas,
o Formação reticular,
o Núcleos e vias monoaminérgicas.

Os núcleos dos nervos cranianos são chamados de substância cinzenta homóloga à da medula.
Os núcleos do tronco encefálico que não têm correspondência com nenhuma área da medula são chamados
de substância cinzenta própria do tronco encefálico.
Os tractos córtico-espinhal e córtico-nuclear ou vias descendentes localizam-se na porção anterior
(base do TE). Os núcleos dos nervos cranianos, o fascículo longitudinal medial (feixe de associação do
tronco), e as outras vias descendentes e ascendentes localizam-se no tegmento.

Bulbo
A organização interna do Bulbo é semelhante à da medula. Porém, ao nível da oliva bulbar, não
existe mais semelhanças devido ao aparecimento dos núcleos próprios do bulbo, como os núcleos grácil e
cuneiforme, da decussação das pirâmides, da abertura do IV ventrículo, além da decussação dos lemniscos
ou decussação sensitiva.

A. Substância Cinzenta Homóloga à da Medula - Núcleos dos Nervos Cranianos:


o Núcleo ambíguo: é o núcleo motor dos nervos glossofaríngeo (IX), vago (X) e acessório (XI).
Dele saem as fibras eferentes viscerais especiais destinadas à musculatura da laringe e da faringe.
o Núcleo do hipoglosso (XII): núcleo motor para a musculatura da língua. Situa-se no trígono do
hipoglosso, no assoalho do IV ventrículo.
o Núcleo salivatório inferior: origina fibras pré-ganglionares que emergem pelo nervo
glossofaríngeo (IX) para inervação da parótida.
o Núcleo dorsal do vago (X): núcleo motor do parassimpático. Situa-se no trígono do vago, no
assoalho do IV ventrículo.
o Núcleos vestibulares inferior e medial: núcleos sensitivos da porção vestibular do nervo
vestibulococlear (VIII). Relacionam-se com o equilíbrio e a postura e localizam-se na área
vestibular do assoalho do IV ventrículo.
o Núcleo do tracto solitário: é um núcleo sensitivo que recebe as fibras aferentes viscerais que
entram pelos nervos facial (VII), glossofaríngeo (IX) e vago (X). Relaciona-se com a gustação.
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o Núcleo do trato espinhal do nervo trigêmio: núcleo sensitivo dos nervos trigêmio (V), facial (VII),
glossofaríngeo (IX) e vago (X). Os últimos 3 pares (VII, IX e X) trazem a sensibilidade geral do
pavilhão e conduto auditivo externo. Junto com o V par, trazem a sensibilidade de quase toda a
cabeça.

B. Substância cinzenta própria do bulbo:


o Núcleo olivar inferior: lâmina de substância cinzenta bastante pregueada. Recebe fibras do córtex
cerebral, da medula e do mesencéfalo (núcleo rubro). Liga-se ao cerebelo através das fibras olivo-
cerebelares (apredizagem motora) que cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo pelo
pedúnculo cerebelar inferior.
o Núcleos olivares acessórios medial e dorsal: formam, junto com o núcleo olivar inferior, o
complexo olivar inferior.
o Núcleos grácil e cuneiforme: as fibras oriundas dos funículos posteriores da medula espinal fazem
sinapses nos neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme, que originam as fibras arqueadas internas,
que cruzam para lado oposto e constituem de cada lado o lemnisco medial. Portanto, este lemnisco
conduz impulsos cruzados relacionados com a propiocepção consciente, tato epicrítico e
sensibilidade vibratória.

C. Substância branca do bulbo:


o Vias ascendentes: além do lemnisco medial já discutido, tracto espino-talâmico lateral + tracto
espino-talâmico anterior formam o leminisco espinal; o tracto espino-cerebelar anterior segue em
direção ao mesencéfalo e o tracto espino-cerebelar posterior vai em direção ao cerebelo através do
pedúnculo cerebelar inferior ou corpo restiforme.
o Vias descendentes: Tracto córtico-espinhal e tracto cótico-nuclear (via piramidal – cruza ao nível da
decussação piramidal).
o Vias de associação: fascículo longitudinal medial.
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Ponte
A ponte é formada por uma parte ventral, denominada base da ponte, e uma parte dorsal,
denominada tegmento. O limite entre o tegmento e a base da ponte é dado por um conjunto de fibras
mielínicas de direção transversal, o corpo trapezóide, que faz parte da via auditiva.

Base da ponte
A base da ponte é uma área própria da ponte, sem correspondência em outros níveis do tronco
encefálico. Apareceu juntamente como neocerebelo e o nercórtex. Na base da ponte encontramos fibras
longitudinais, transversais e os núcleos pontinos.

A. Fibras Longitudinais:
1. Tracto corticoespinal: Fibras que saem das áreas motoras do córtex para os neurônios motores
da medula.
2. Tracto corticonuclear: fibras de neurônios motores do córtex que vão até os núcleos dos nervos
cranianos.
3. Tracto corticopontino: Fibras que se originam no córtex cerebral e vão até os núcleos pontinos.

B. Núcleos pontinos e fibras transversais e:


Os núcleos pontinos são aglomerados de neurônios dispersos em toda a base da ponte, onde fazem
sinapse as fibras cortico-pontinas, provenientes do córtex cerebral. Os axônios dos neurônios pontinos
constituem as fibras transversais da ponte. Essas fibras penetram no pedúnculo cerebelar médio que se
dirigem ao cerebelo e formam a via cótico-ponto-cerebelar, importante no controle motor e que será
estudada posteriormente.
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Tegmento da ponte
O tegmento da ponte assemelha-se estruturalmente ao bulbo e ao tegmento do mesencéfalo.
Apresenta fibras ascendentes, descendentes e transversais, além de núcleos de nervos cranianos e
substância cinzenta própria da ponte.

Substância Cinzenta Homóloga - Núcleos dos Nervos Cranianos


Núcleos cocleares: nesses núcleos terminam as fibras que constituem a porção coclear do nervo
vestíbulo-coclear (VIII). A maioria das fibras dos núcleos cocleares cruza para o lado oposto e constitui o
corpo trapezóide que sobe até o colículo inferior
formando o lemnisco lateral. Essas informações fazem
parte da via auditiva, a qual apresenta componentes
cruzados e não-cruzados.
Núcleos vestibulares: são em número de quatro,
ou seja, os núcleos vestibulares lateral, medial, superior e
inferior. Esses núcleos recebem impulsos nervosos
originados do ouvido interno através do nervo vestíbulo-
coclear (VIII) que trazem informação sobre a posição e
movimento da cabeça.
Núcleos do Nervo Facial: As fibras que
emergem do núcleo do nervo facial tem inicialmente
direção dorso-medial. Essas fibras curvam-se
lateralmente sobre o núcleo do nervo abducente,
formando, dessa forma, o colículo facial.
Núcleo do Abducente: inerva o músculo reto lateral, que faz abdução do globo ocular.
Núcleo Salivatório Superior e Núcleo Lateral: Estes núcleos, pertencentes à parte craniana do
sistema nervoso parassimpático, dão origem a fibras pré-ganglionares que emergem pelo nervo
intermediário, conduzindo impulsos para a inervação das glândulas submandibulares, sublingual e lacrimal.
Núcleos do Nervo Trigêmeo: Na ponte
existe o núcleo sensitivo principal, o núcleo do
tracto mesencefálico e o núcleo motor. O núcleo
motor origina fibras para os músculos
mastigadores, sendo freqüentemente denominado,
núcleo mastigador. Os núcleos sensitivos (sensitivo
principal, do tracto mesencefálico e do tracto
espinhal) recebem impulsos relacionados com a
sensibilidade somática de grande parte da cabeça.
Deles saem fibras ascendentes que irão constituir o
lemnisco trigeminal, o qual termina no tálamo.
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Mesencéfalo
O mesencéfalo é constituído por uma porção dorsal, o tecto do mesencéfalo, e outra ventral, os
pedúculos cerebrais, separados pelo aqueduto cerebral. Este percorre longitudinalmente o mesencéfalo e
é circundado por uma espessa camada
de substância cinzenta, a substância
cinzenta central ou periaquedutal.
Cada pedúnculo cerebral
possui duas porções: uma dorsal ou
tegmento do mesencéfalo; e outra
ventral ou base do pedúnculo.
Separando o tegmento da base,
observa-se uma lâmina de substância
cinzenta pigmentada, a substância
negra.

Tecto do Mesencéfalo:
O tecto do mesencéfalo é constituído de quatro eminências, os colículos superiores, relacionados
com a visão, e os colículos inferiores, relacionados com a audição (recebem fibras do leminisco lateral).
Além dos colículos o tecto do mesencéfalo também é formado pela área tectal, também chamado
de núcleo tectal, que se relaciona como controle dos reflexos das pupilas. Localiza-se na extremidade
rostral dos colículos superiores e no limite do mesencéfalo com o diencéfalo.

Base do Pedúnculo Cerebral:


A base do pedúnculo cerebral é formada pelas fibras descendentes dos tractos córtico-espinhal,
córtico-nuclear e córtico-pontino.

Tegmento do Mesencéfalo:
O tegmento do mesencéfalo é uma continuação do tegmento da ponte. O tegmento do mesencéfalo
apresenta, além de formação reticular, substância cinzenta e substância branca.

A. Substância cinzenta homóloga (núcleos dos nervos cranianos)


Núcleo do nervo troclear: Situa-se ao nível do colículo inferior. Suas fibras são as únicas que saem
da face dorsal do encéfalo, além de ser o único nervo cujas fibras decussam antes de emergirem do sistema
nervoso central.
Núcleo do nervo oculomotor: Aparece ao nível do colículo superior e está intimamente relacionado
com o fascículo longitudinal medial. Sua parte somática contém os neurônios motores responsáveis pela
inervação dos músculos reto superior, reto inferior, reto medial e levantador da pálpebra. Essas fibras
emergem na fossa interpeduncular. Sua parte visceral é denominada núcleo de Edinger-Westphal
(parassimpático), o qual está relacionado com o controlole do reflexo pupilar em resposta a diferentes
intensidades de luz.
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B. Substância Cinzenta própria do mesencéfalo:


Núcleo rubro: Participa da motricidade somática, através do tracto rubro-espinhal, o qual influencia
os neurônios da medula, responsáveis pela inervação da musculatura distal dos membros.
Substância negra: situada entre o tegmento e a base do pedúnculo cerebral. A maioria de seus
neurônios libera a dopamina como neurotransmissor. As conexões mais importantes da substância negra
relacionam-se com o corpo estriado, através das fibras nigro-estriatais e estriato-nigrais.

Doença de Parkinson:
Causada por falta de dopamina por degeneração dos neurônios da substância negra. Caracteriza-se
por sintomas motores: tremores, lentidão dos movimentos e rigidez.

C. Substância Branca
Fibras ascendentes: percorrem o tegmento e representam a continuação dos tractos que sobem da
ponte: os quatro lemniscos (medial, espinal, lateral e trigeminal) e o pedúnculo cerebelar superior. Ao nível
do colículo inferior, os quatro lemniscos aparecem agrupados em uma faixa lateral.
Fascículo longitudinal medial: constitui o feixe de associação do tronco encefálico.

Formação Reticular (FR)


A Formação Reticular ocupa uma área relativamente difusa, composto por um conjunto de neurônios
de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas, na parte central do tronco
encefálico. Não compreende exatamente a estrutura da substância cinzenta, nem a estrutura da substância
branca, sendo, portanto, intermediária entre elas. Está presente na porção mais rostral do funículo lateral da
medula, no tronco encefálico e na porção caudal do diencéfalo.
Esta rede neuronal exerce várias funções autonômicas, além de regular a respiração e a circulação
sangüínea.
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Além de neurônios difusamente distribuídos, existem regiões que produzem e contém


neurotransmissores importantes para funcionamento do SNC:
o Núcleos da Rafe (serotonina):
o Locus Ceruleus (noradrenalina): está no assoalho do IV ventrículo.
o Substância Cinzenta Periaquedutal (endorfina).
o Area Tegmentar Ventral (dopamina): situada no mesencéfalo.
o Substância Negra (dopamina): situada no mesencéfalo.

Funções da Formação reticular:


o Controle da atividade elétrica do córtex: sono e vigília;
o Controle eferente da sensibilidade;
o Controle da motricidade somática;
o Controle do Sistema Nervoso Autônomo;
o Centro respiratório e circulatório;
o Controle neuroendócrino;
o Integração de reflexos.
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CEREBELO
Annelise Gonçalves , Letícia Mariani, William Menegazzo, Arlete Hilbig

O cerebelo origina-se da parte dorsal do metencéfalo e está situado dorsalmente ao bulbo e à ponte,
separado desses pelo IV ventrículo e contribuindo para formação do seu teto. Repousa sobre a fossa
cerebelar do occipital, sendo separado do cérebro pela tenda do cerebelo.

Aspectos Anatômicos
Na face superior encontramos uma porção mediana, o vérmis cerebelar, ligado a duas grandes
massas laterais, os hemisférios cerebelares. Na face inferior, o vérmis está numa depressão denominada
valécula, bem separado dos hemisférios. A face anterior do cerebelo entra na constituição do IV ventrículo.
O cerebelo fica ligado à face posterior do tronco encefálico por três feixes de fibras nervosas:
pedúnculo cerebelar inferior - liga o cerebelo ao bulbo e à medula; pedúnculo cerebelar médio – liga
cerebelo à ponte; e pedúnculo cerebelar superior – liga o cerebelo ao mesencéfalo.
O cerebelo e o cérebro são estruturas supra-segmentares, portanto a substância cinzenta dispõe-se
externamente, formando um córtex e a substância branca dispõe-se internamente formando o corpo
medular. No interior do corpo medular, acima do teto do IV ventrículo, existem aglomerados de substâncias
cinzentas que formam os núcleos centrais do cerebelo, de lateral para medial: denteado, globoso,
emboliforme, e fastigial.
A superfície do cerebelo é percorrida por sulcos que delimitam as folhas (folias) cerebelares. Sulcos
mais profundos, que separam o órgão em lóbulos denominam-se fissuras do cerebelo.
O cerebelo difere fundamentalmente do cérebro porque funciona em nível involuntário e inconsciente
sendo sua função sobre a motricidade exercida do mesmo lado.
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Citoarquitetura do Córtex Cerebelar


O córtex cerebelar possui uma disposição característica, que é homogênea em todas as folhas e
lóbulos, ao contrário do córtex cerebral.
Da superfície para o interior do órgão há três camadas:
o Camada Molecular: Camada pouco celular e rica em fibras nervosas.
o Camada de Células de Purkinje
o Camada Granular: constituída principalmente pelas células granulares ou grânulos do cerebelo
(menores células do corpo humano).

Divisão Ontogenética e Filogenética


Surgiu da tentativa de dividir o cerebelo sob o aspecto funcional, já que a divisão em lóbulos é
puramente topográfica.

1. Ontogênese
Baseia-se no desenvolvimento embrionário com o aparecimento das primeiras fissuras.
o A fissura pórtero-lateral (FPL) é a primeiro fissura que apareceu no cerebelo e o divide em duas
porções bastante desiguais: lobo fóculo-nodular, constituído pelos lóbulos de fóculo e nódulo; e
o o corpo.
o A segunda fissura a aparecer foi a fissura prima (FP) que divide o corpo do cerebelo em lobo
anterior e lobo posterior.

Corpo

Flóculo Nódulo
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2. Filogênese:
Baseia-se no desenvolvimento do cerebelo na escala zoológica e na complexidade dos movimentos
nos grupos de vertebrados. É empregada para compreensão das síndromes cerebelares. Possui três
divisões:
o Arquicerebelo ou Cerebelo Vestibular: é o mais antigo. É representado pelo lobo flóculo-nodular e
está conectado com o sistema vestibular. Responsável pelo equilíbrio.
o Paleocerebelo ou Cerebelo Espinhal: É representado pelo lobo anterior do corpo do cerebelo. Surgiu
nos peixes que, como possuem nadadeiras, precisam, além do equilíbrio, manter o tônus muscular e
realizar movimentos automáticos, como nadar.
o Neocerebelo ou Cerebelo Cortical: É representado pelo lobo posterior. Surgiu com os mamíferos,
principalmente com os primatas, onde a musculatura das extremidades distais dos membros serve para
realizar movimentos mais complexos. Surgiu junto com o neocórtex cerebral, com o qual passou a
manter relações. Relaciona-se com o planejamento e a coordenação dos movimentos mais delicados
(coordenação fina).

Divisão Área do cerebelo Núcleo Função

Arquicerebelo
Lobo flóculo-nodular Fastigial Equilíbrio
Cerebelo vestibular

Interpósito:
Paleocerebelo Lobo anterior, pirâmide e tônus muscular;
emboliforme;
Cerebelo espinhal úvula controle postural
globoso

Neocerebelo planejamento e coordenação dos


Lobo posterior denteado
Cerebelo cortical movimentos voluntários

Pedúnculos Cerebelares: Aferências e Eferências do Cerebelo


A substância branca do cerebelo está constituída por três grupos de fibras: intrínsecas, aferentes e
eferentes.

Conexões intrínsecas (associação): Não saem do cerebelo, conectando diferentes regiões do órgão.

Conexões aferentes:
o Fibras aferentes de origem vestibular: se distribuem principalmente ao arquicerebelo. Trazem
informações sobre a posição da cabeça a partir do labirinto e núcleos vestibulares. Importante para a
manutenção do equilíbrio e da postura básica.
o Fibras aferentes de origem medular: essas fibras são representadas pelos tractos espino-cerebelar
anterior e posterior. Esses tractos terminam no córtex do paleocerebelo. São responsáveis pela
manutenção do tônus muscular e da postura.
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o Fibras aferentes de origem pontina: essas fibras têm origem nos núcleos da ponte e distribuem-se
principalmente ao córtex do neocerebelo. Essas fibras fazem parte da via córtico-ponto-cerebelar.
Fundamentais para a coordenação do movimento apendicular, com planejamento motor e correção dos
movimentos.

Conexões eferentes:
Constituem a saída das fibras do cerebelo, começando como axônios das células de Purkinje do
córtex cerebelar que se dirigem aos núcleos.
As fibras dos núcleos denteado, emboliforme e globoso saem do cerebelo pelo pedúnculo cerebelar
superior. As fibras do núcleo fastigial saem pelo pedúnculo cerebelar inferior.
Através de suas conexões eferentes, o cerebelo exerce influência sobre os neurônios motores da
medula. Entretanto, ele não age diretamente sobre esses neurônios, mas sempre através de ralés
intermediários, situados em áreas do tronco encefálico, do tálamo ou das próprias áreas motoras do córtex
cerebral. Logo, o cerebelo está ligado ao tronco encefálico por grossos feixes de fibras eferentes e aferentes,
os pedúnculos cerebelares.
As fibras aferentes penetram no cerebelo através de três pedúnculos:

Pedúnculo Cerebelar Liga o cerebelo ao Feixe espino-cerebelar anterior


Superior mesencéfalo (cruzado)
Pedúnculo Cerebelar Médio Liga o cerebelo à ponte Feixe ponto-cerebelar
Feixe espino-cerebelar
Liga o cerebelo ao bulbo posterior (direto)
Pedúnculo Cerebelar Inferior
e à medula Feixe vestíbulo-cerebelar
Feixe olivo-cerebelar

OBS: pesquisas recentes indicam que o cerebelo recebe fibras noradrenérgicas (locus ceruleos) e
serotoninérgicas (núcleos da Rafe), participando do processo de memória.

Áreas Funcionais Eferentes do Córtex Cerebelar:


O córtex do vérmis influencia os movimentos axiais - ao longo do eixo do corpo (pescoço, ombros,
tórax, abdome, quadril). Lateral ao vérmis, fica a chamada zona intermédia do hemisfério cerebelar, a qual
controla os músculos das partes distais dos membros, especialmente das mãos e dos pés. A zona lateral de
cada hemisfério cerebelar esta relacionada ao planejamento dos movimentos seqüenciais de todo o corpo,
estando, também, relacionados à avaliação consciente dos erros dos movimentos.

Divisão em relação às fibras eferentes:


As fibras eferentes dispõem-se em três zonas:
o Zona Medial: corresponde ao vérmis. Na linha média encontramos o núcleo fastigial que está
relacionado com o arquicerebelo (manutenção do equilíbrio). O cerebelo exerce influencia sobre
46

os neurônios motores do grupo medial do corno anterior da medula, mantendo o equilíbrio e a


postura. As células de Purkinge fazem sinapse nos núcleos fastigiais, do qual sai o tracto
fastigiobulbar.
o Zona Intermediária: corresponde a área de cada lado da zona medial. Encontramos os núcleos
globosos e mais lateralmente os núcleos emboliformes, que, além de possuirem funções
semelhantes, são chamados de interpósitos por localizarem-se entre os núcleos fastigial e
denteado. Relacionam-se com o paleocerebelo (tônus muscular, controle dos movimentos e
postura). Ação do núcleo interpósito se faz sobre o grupo lateral do corno anterior da medula.
Conexões com o núcleo rubro: forma o tracto rubro-espinhal. Conexões com o tálamo: as fibras se
dirigem ao córtex cerebral, originando o tracto córtico-espinhal.
o Zona Lateral: localiza-se de cada lado da zona intermediária e corresponde a maior parte dos
hemisférios. Encontramos o núcleo denteado que é o maior. Relaciona-se com o neocerebelo
(planejamento e coordenação dos movimentos voluntários – velocidade e precisão). Os axônios
das células de Purkinje fazem sinapse no núcleo denteado, de onde os impulsos seguem para o
tálamo. Do tálamo essas fibras se dirigem para as áreas motoras do córtex cerebral, onde se
origina o tracto córtico-espinhal.
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DIENCÉFALO
Adriene Stahlschmidt, Bruna H. Suzigan, Carla C. Martins, Francieli Pagliarim, Arlete Hilbig

O diencéfalo e o telencéfalo (derivados do prosencéfalo) formam o cérebro que corresponde a 80%


do encéfalo. Durante o desenvolvimento, o telencéfalo cresce enormemente no sentido lateral e posterior
para formar os hemisférios cerebrais e, desse modo, encobre quase completamente o diencéfalo que se
mantém ímpar e mediano. Portanto, o diencéfalo
compreende a porção mais central do cérebro e
apenas uma pequena parte pode ser visualizada
externamente na face inferior do encéfalo.
O diencéfalo pode ser dividido em regiões
tomando como referência o tálamo, que é a sua
estrutura central: tálamo, epitálamo, hipotálamo e
subtálamo. As três primeiras estão relacionadas com
o III ventrículo, sua cavidade central, entrando na
composição de seus limites. Desta forma, o estudo
das estruturas diencefálicas deve ser feito a partir de
um corte mediano através desta cavidade.

Na parede lateral do III ventrículo encontramos um sulco que vai do aqueduto ao forame
intervertebral. Este sulco, sulco hipotalâmico, divide o diencéfalo em uma porção superior, que faz
saliência na cavidade ventricular (tálamo); e uma porção inferior (hipotálamo), que também entra na
formação do assoalho do ventrículo. Posteriormente ao tálamo e formando a parede posterior do III
ventrículo, encontramos o epitálamo, cujo principal componente é a glândula pineal.

Os limites do III ventrículo são:


o Teto: tela corióide e fórnix;
o Assoalho: quiasma óptico, túber cinéreo + infundíbulo, corpos mamilares (todos pertencentes ao
hipotálamo), e uma linha imaginária que vai dos corpos mamilares à comissura posterior (divisão
entre diencéfalo e mesencéfalo);
o Parede lateral: tálamo e hipotálamo;
o Parede anterior: comissura anterior e lâmina terminal (pertencentes ao telencéfalo);
o Parede posterior: epitálamo;

O III ventrículo se comunica com os ventrículos laterais pelos forames interventriculares (de
Monroe) e com o IV ventrículo pelo aqueduto cerebral. De maneira esquematizada temos:
48

Ventrículo 1 1
Lateral III Ventrículo Ventrículo
Lateral

IV Ventrículo

1. Forame Interventricular ou de Monro


2. Aqueduto Cerebral

As evaginações do diencéfalo durante o desenvolvimento deixam quatro recessos na parede do III


ventrículo. São eles:
o Recesso óptico: ao nível do quiasma óptico (para formação nervos ópticos e retina);
o Recesso infundibular: ao nível do infundíbulo (para formação da neuro-hipófise);
o Recesso pineal: ao nível da glândula pineal (para formação da pineal);
o Recesso supra-pineal: acima do corpo pineal.

Tálamo
Os tálamos são duas massas ovóides de substância cinzenta, unidas através de tecido nervoso
cinzento: a aderência intertalâmica. Seus limites são:
o Superior: assoalho do ventrículo lateral;
o Inferior: hipotálamo e subtálamo (mais lateral);
o Lateral: cápsula interna;
o Medial: terceiro ventrículo.
É subdividido por uma lâmina interna de substância branca em forma de “Y”, nas regiões:
o N. Anterior + N. Medial: relacionadas ao sistema límbico (regula as emoções) e SNA;
o N. Laterais: relacionados com sensibilidade e motricidade;
o N. Posteriores: visão e audição.
49

Como regiões importantes do tálamo, temos:


o Extremidade anterior: tubérculo anterior do tálamo;
o Extremidade posterior: pulvinar, que se projeta sobre o metatálamo.
o No metatálamo encontramos o corpo geniculado medial, pertencente à via auditiva, e o corpo
geniculado lateral, pertencente à via óptica.

Todos os impulsos sensitivos, antes de chegarem ao córtex,


fazem relé no tálamo, com exceção dos olfatórios.

Epitálamo
É a denominação dada à porção póstero-superior do diencéfalo cujos principais componentes são:
o Glândula Pineal: glândula endócrina secretora de melatonina quando em ausência de luz,
responsável pelo ritmo circadiano e inibição das gônadas, ela esta situada na linha media acima
e entre os colículos superiores. Caso haja lesão nessa glândula, o paciente perde o reflexo de
olhar para cima, pois ao nível desses colículos esta o núcleo de Edinger-Westphal (pertencente
ao complexo óculo-motor).
o Comissura Posterior: feixes de fibras transversais que intercruzam-se logo abaixo da glândula
pineal. Representa o limite entre o mesencéfalo e o diencéfalo. Também relacionado à
convergência do núcleo de Edinger-Westphal do 3º par craniano.
o Comissura das Habênulas: fibras que se entrecruzam logo acima da glândula pineal que
provêm de um pequeno triângulo situado de cada lado ( trígono das habênulas).Acima destas
está situado o 3º ventrículo. Essa comissura também faz parte do Sistema Límbico.

Subtálamo
É uma pequena área de difícil visualização (por localizar-se internamente) situada abaixo do tálamo,
na divisão com o mesencéfalo. Seus limites:
o Superior: tálamo;
o Lateral: cápsula interna;
o Medial: hipotálamo.
O subtálamo não se relaciona com as paredes do III ventrículo nem com a superfície externa, por
isso, só pode ser visualizado em cortes coronais do diencéfalo. Como principal formação do subtálamo tem-
se o núcleo subtalâmico, o qual apresenta conexões com o globo pálido exercendo função importante na
motricidade extra-piramidal. A lesão nessa região causa hemibalismo (movimentos anormais e violentos
das extremidades que levam a exaustão e não desaparecem com o sono).
50

Hipotálamo
É parte do diencéfalo que se dispõe nas paredes do terceiro ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico
que o separa do tálamo. Apresenta algumas formações anatômicas visíveis na face inferior do cérebro:
o Corpos Mamilares: substância cinzenta parte do sistema límbico;
o Quiasma óptico: cruzamento de fibras do tracto óptico;
o Túber Cinéreo: substância cinzenta entre o infundíbulo e os corpos mamilares;
o Infundíbulo: sustenta a hipófise, que está situada inferiormente.

Funções
Controle da homeostase e motivacional (preservação da espécie). Algumas de suas funções estão
relacionadas com:
o controle do SNA: O hipotálamo anterior controla principalmente o sistema parassimpático e o
posterior, o sistema simpático.
o regulação da temperatura corporal: Detecta variações de temperatura no sangue através do
centro de perda de calor- termorreceptores do hipotálamo anterior que desencadeiam a
sudorese e vasodilatação periférica e do centro de conservação de calor- termorreceptores
localizados no hipotálamo posterior que desencadeiam vasoconstrição periférica, calafrios e até
mesmo liberação do hormônio tireoidiano.
o regulação do comportamento emocional (sistema límbico): via hipocampo, corpos amigdalóides
e área septal;
o regulação do sono e da vigília: hipotálamo posterior (vigília);
o regulação da fome e sede: centros da fome e saciedade, centro da sede (lateral, neurônios
sensíveis à variação de pressão osmótica). Lesão na área lateral provoca ausência de desejo
alimentar, lesão no núcleo ventro-medial leva o animal a alimentar exageradamente, já a lesão
em uma área do hipotálamo lateral provoca a perda da vontade de beber água.
o regulação da diurese: núcleos supra-óptico e paraventricular sintetizam hormônio antidiurético;
o metabolismo dos carboidratos e gorduras;
o regulação do ritmo circadiano: realizado no núcleo supraquiasmático.
o regula a hipófise pelo feixe hipotalâmico-hipofisário (neurohipófise) e sistema porta-hipofisário
(adenohipófise), como descrito a seguir:

Neuro-hipófise:
Neurônios neurossecretores sintetizam os hormônios antidiurético (ADH) e ocitocina que, através
das fibras do tracto hipotálamo- hipofisário, são transportados para a neuro- hipófise. As fibras terminam em
relação com vasos sanguíneos, onde os hormônios são liberados na corrente sanguínea.

Adeno- hipófise:
O hipotálamo regula a adeno-hipófise por um mecanismo nervoso e um vascular.
Neurônios neurossecretores secretam substâncias ativas que descem pelo tracto túbero-
infundibular e são liberadas em capilares especiais situados na eminência mediana e haste infundibular.
51

Inicia-se, então, o sistema porta- hipofisário, onde as veias portas ligam a primeira rede de capilares situada
na eminência mediana e haste infundibular à segunda rede, situada na adeno- hipófise.
Na adeno-hipófise estas substância agem inibindo ou liberando os hormônios adeno- hipofisários
(prolactina, hormônio adenocorticotrófico, luiteinizante, folículo estimulante e do crescimento). Todos os
hormônios adeno-hipofisários tem um fator de liberação e apenas a prolactina e o hormônio do crescimento
tem também fator de inibição

Núcleos do Hipotálamo:

Supra-óptico Tuberal Mamila

Supraquiasmático Ventromedial mamilares

supra-óptico dorsomedial posterior

paraventricular arqueado ou infundibular

Relação da hipófise com o quiasma óptico: Devido à proximidade entre a hipófise e o quiasma óptico os
tumores de hipófise podem crescer e comprimir o quiasma de baixo para cima, o que ocasiona lesão na
parte mediana do quiasma óptico. Esta lesão interrompe as fibras provenientes da retina nasal que se
cruzam a este nível. O sintoma da lesão é a hemianopsia bitemporal, ou seja, a perda dos campos visuais
temporais.

Hemianopsia bitemporal
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TELENCÉFALO
Elisa B. Arroque, Arlete Hilbig

O telencéfalo é formado por dois hemisférios cerebrais, incompletamente separados pela fissura
longitudinal do cérebro, que envolvem completamente e encerram as estruturas do diencéfalo. O assoalho
da fissura longitudinal do cérebro é formado pelo corpo caloso, um conjunto de fibras comissurais que ligam
um hemisfério ao outro.
Cada hemisfério possui uma camada superficial de substância cinzenta, o córtex cerebral, que
reveste um centro de substância branca, o centro branco medular do cérebro, ou centro semi-oval, no
interior do qual existem massas de substância cinzenta, os Núcleos da Base.
Cada hemisfério possui ainda uma cavidade – o ventrículo lateral, que se comunicam com o terceiro
ventrículo através dos forame interventricular –; três pólos – frontal, occipital e temporal – ; e três faces –
súpero-lateral, medial e inferior.
O córtex cerebral está organizado na forma de giros (ou circunvoluções), delimitados por depressões
chamadas de sulcos. Os sulcos tem como função aumentar a área de superfície cerebral sem aumentar seu
volume e fazem com que 2/3 do córtex cerebral estejam escondidos nesses sulcos. O padrão de sulcos e
giros do cérebro varia em cada cérebro, podendo ser diferente nos dois hemisférios de cada indivíduo. Os
dois principais sulcos do telencéfalo são o Sulco Lateral (de Sylvius), que inicia na face inferior e corre
horizontalmente na face supero-lateral, separando o lobo temporal do lobo frontal e parietal, e o Sulco
Central (de Rolando), que corre verticalmente na face supero-lateral, separando os lobos frontal e parietal, e
é delimitado por dois giros paralelos: o giro pré-central (envolvido com a motricidade) e o giro pós-central
(envolvido com a sensibilidade). Os sulcos são, às vezes, muito sinuosos e podem ser interrompidos por
pregas anastomóticas.
O telencéfalo é dividido em cinco lobos, Frontal, Temporal, Parietal, Occipital e da Insula, que são
nomeados com relação ao osso com que fazem contato, mas que não correspondem à uma divisão
funcional do córtex.
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Face Súpero-lateral
Na face súpero lateral podemos visualizar parte dos quatro lobos (frontal, temporal, parietal e
occiptal).
O lobo frontal possui, verticalmente, o giro pré-central, delimitado pelo sulco de Rolando e pelo
sulco pré-central. Ele possui ainda mais três giros horizontais, delimitados por dois sulcos. O sulco frontal
superior separa o giro frontal superior do giro frontal médio. O sulco inferior separa o giro frontal médio do
giro frontal inferior. Esse giro frontal inferior, por sua vez, é subdividido em três giros menores: o orbital, mais
anterior, o triangular, ao centro, e o opercular, mais posterior e que, no hemisfério esquerdo, corresponde à
área de Broca, centro cortical da palavra falada.
O lobo temporal possui também dois sulcos horizontais, que delimitam três lobos. O sulco temporal
superior separa os giros temporal superior e temporal médio; o sulco temporal inferior separa os giros
temporal médio e temporal inferior. Continuando o giro temporal superior, mas adentrando o sulco lateral,
temos o giro temporal transverso, centro cortical da audição.
O lobo Parietal tem como sulco mais importante o sulco pós-central, que junto com o Sulco de
Rolando, delimita o giro pós-central, a área primária somestésica do telencéfalo. O sulco intraparietal separa
os giros parietal superior e inferior. Separando os lobos Parietal e Occipital, temos a continuação do sulco
Parietooccipital, que é mais visível na face medial.
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Face Medial
Na face medial do telencéfalo, a estrutura mais inferior encontrada é o fórnice, um feixe complexo de
fibras, dividido em corpo, colunas, pernas, corpos mamilares e comissura do fórnix. As pernas do fórnix se
ligam ao hipocampo, estrutura pertencente ao Sistema Límbico. Acima dele está o septo pelúcido, duas
delgadas lâminas de tecido nervoso que separam os dois ventrículos laterais. Mais superiormente temos o
corpo caloso, uma comissura inter-hemisférica, de fibras mielínicas, que comunica áreas simétricas do
córtex. Ele é dividido em rostro, joelho e corpo.
No lobo occipital, podemos visualizar o sulco calcarino, em cujos lábios está situado o centro
cortical da visão. Temos ainda, dividindo os lobos Occipital e Parietal o sulco Parietooccipital.
Nos lobos frontal
e parietal podemos
visualizar, logo acima do
corpo caloso, o sulco do
corpo caloso, que delimita
inferiormente o giro do
cíngulo. O limite superior
desse giro é o sulco do
giro do cíngulo. No
sentido vertical temos o
sulco paracentral, que,
levemente seccionado
pelo de Rolando, delimita
o giro paracentral, onde
estão localizadas as áreas motora (anterior ao sulco central) e sensitiva (posterior ao sulco central)
relacionadas com o pé e a perna. Anterior à lâmina terminal, na área septal, temos o giro paraterminal e a
área paraolfatória, centros do prazer do cérebro.

Face Inferior
Na face inferior enxergamos, dividindo os lobos Frontal e
Temporal, o início do sulco Lateral. No lobo temporal (mais
posterior) encontramos o sulco Colateral, que delimita o giro
parahipocampal. Este giro liga-se ao giro do cíngulo através do
Istmo do giro do Cíngulo, e, em sua porção anterior, curva-se em
torno do sulco do hipocampo para formar o úncus. A união do
úncus, giro parahipocampal, istmo do giro do cíngulo e giro do
cíngulo formam o lobo Límbico, relacionado com o comportamento
emocional e o controle do sistema nervoso autônomo.
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Anteriormente, no lobo Frontal, podemos visualizar o sulco


olfatório, que delimita o giro reto; sobre ele estão o trato e bulbo olfatório.
O bulbo olfatório é uma dilatação ovóide de substância cinzenta que
recebe os filamentos que constituem o nervo olfatório. Dele parte o trato
olfatório, que se divide, próximo ao quiasma óptico, em duas estrias
olfatórias, uma medial e uma lateral, que juntas delimitam, com o lobo
temporal, o trígono olfatório, onde está a substância perfurada anterior.

Ventrículos
O telencéfalo possui dois ventrículos, um em cada hemisférios. O ventrículo esquerdo é,
convencionalmente, o primeiro ventrículo, e o direito é o segundo ventrículo. Eles são formados por uma
parte central e três cornos, um anterior, um inferior e um posterior.
O corno anterior possui como parede medial o septo pelúcido, como assoalho a cabeça do núcleo
caudado e como teto o corpo caloso. A parte central possui como teto o corpo caloso e o assoalho é
formado pelo fórnix, plexo coróide, tálamo e núcleo caudado. Os cornos inferiores e posteriores estão
contidos, respectivamente, nos lobos TemporaL e Occipital.

Hipocampo
O hipocampo é uma porção cortical curva e muito pronunciada que se dispõe acima do giro para-
hipocampal, no lobo temporal, em relação com corno temporal do VL. É constituído de um tipo de córtex
muito antigo, o arquicórtex, e faz parte do Sistema Límbico, tendo importantes funções psíquicas
relacionadas com o comportamento e a memória.
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Núcleos da Base
Os núcleos da base são o Caudado, o Lentiforme, o Claustrum, o corpo Amigdalóide, o Núcleo
Accumbens e o Núcleo Basal de Meynert.
O núcleo caudado relaciona-se em toda
sua extensão com os ventrículos laterais, sendo
também dividido em cabeça, corpo e cauda. Sua
cabeça é quase completamente separada do
núcleo Lentiforme pela perna anterior da cápsula
interna.
O núcleo Lentiforme é, na realidade,
constituído por dois núcleos, o Putâmen, mais
externo, e o Globo pálido, mais interno, sendo
separados entre si por uma lâmina de substância
branca, a lâmina medular lateral. O núcleo
lentiforme situa-se lateralmente ao tálamo,
separado deste pela perna posterior da cápsula
interna, e é envolvido lateralmente pela cápsula externa.
Embora anatomicamente separados, caudado e putâmen tem origem embriológica, citoarquitetura e
funções comuns e são denominados, em conjunto, de
estriado (ou neoestriado), enquanto o globo pálido é
denominado pálido (ou paleoestriado).
O núcleo Claustrum situa-se lateralmente ao
núcleo lentiforme, lateral à cápsula externa e medial à
cápsula extrema, que o separa do lobo da Insula.
O corpo Amigdalóide é uma massa esferóide de
cerca de 2 cm de diâmetro, situada no pólo temporal do
hemisfério cerebral. Ele faz parte do sistema Límbico, e é
um importante centro regulador do comportamento sexual
e da agressividade (impulsos primitivos).
O núcleo Accumbens está na zona de união entre
o caudado e o putâmen, no “corpo estriado ventral”.
O núcleo Basal de Meynert está situado na base
do cérebro, entre a substância perfurada anterior e o globo
pálido, na chamada substância inominada. Contém
neurônios grandes, ricos em acetilcolina, e relaciona-se
com o sistema límbico e o córtex cerebral, tendo
importante papel relacionado com a memória e com as
funções psíquicas superiores. A diminuição da acetilcolina
no núcleo está relacionada com a doença de Alzheimer.
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Centro Branco Medular


O centro branco medular é formado por fibras mielínicas, e é dividido em dois grupos, as fibras de
projeção, que ligam o córtex a centros subcorticais, e as fibras de associação, que unem áreas corticais
situadas em pontos diferentes do cérebro. As fibras de projeção são representadas pela cápsula interna e
pelo fórnix, enquanto as de associação são representadas pelo corpo caloso, comissura do fórnix, comissura
anterior, posterior, e das habênulas.
As fibras de associação são divididas em fibras de associação intra-hemisférica, que ligam áreas em
um mesmo hemisfério, e inter-hemisférica, que ligam áreas em hemisférios diferentes.
As fibras intra-hemisféricas mais importantes são: fascículo do cíngulo, que liga estruturas do lobo
límbico; fascículo longitudinal superior, que desempenha papel importante na fala (ligando as áreas de Broca
e Wernike); fascículo longitudinal inferior e fascículo unciforme.
As fibras inter-hemisféricas formam comissuras, sendo o corpo caloso o maior conjunto de fibras
comissurais, ligando áreas corticais dos dois hemisférios e permitindo um funcionamento harmônico. A
comissura de fórnix, que liga os dois hipocampos, e a comissura anterior são também exemplos de
comissuras.
As fibras de projeção são agrupadas em duas estruturas: o fórnix e a cápsula interna. A cápsula
interna contém a grande maioria das fibras que saem ou chegam ao córtex cerebral e situa-se entre os
núcleos caudado, lentiforme e tálamo, sendo dividida em perna anterior, joelho e perna posterior.
Inferiormente, as fibras continuam-se através do pedúnculo cerebral e, acima do nível dos núcleos da base,
divergem e passam a constituir a coroa radiada.
O fórnix é formado por axônios que fazem a ligação entre hipocampo e núcleo mamilar do
hipotálamo, integrando assim o circuito de Papez - parte do sistema límbico.

Cápsula Interna Fórnix


58

Estrutura e Funções do Córtex Cerebral


O córtex cerebral é composto por seis camadas e apresenta estrutura complexa e bastante
heterogênea. Sua divisão anatômica não corresponde a uma divisão funcional ou estrutural, já que em um
mesmo lobo temos áreas corticais de funções e estrutura diversas. Ao córtex chegam impulsos provenientes
de todas as vias da sensibilidade, que nele se tornam conscientes e são interpretadas. Dele provêm os
impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários. Não obstante, a ele estão
relacionados os fenômenos psíquicos.
Além da classificação anatômica, podemos classificar o córtex pela sua filogênese, estrutura ou
função.
A classificação filogenética o divide em três tipos: o córtex mais primitivo é o arquicórtex, presente no
hipocampo; o paleocórtex, evolutivamente um pouco mais recente, está presente no úncus e giro
parahipocampal; o neocórtex, mais recente na evolução, está presente em todas as demais áreas corticais.
A classificação estrutural baseia-se na citoarquitetura do córtex e a mais utilizada foi descrita por
Broadmann, que subdividiu o córtex em cinqüenta e duas áreas designadas por números.

Esquema do Córtex

A classificação funcional do córtex está baseada na localização de funções em áreas corticais


específicas, que devem ser consideradas mais como especializações funcionais, pois as funções corticais
utilizam áreas muitas vezes diversas em diferentes indivíduos.
As áreas são divididas em dois grandes grupos: 1. áreas de projeção primária, que contêm fibras
relacionadas diretamente com a motricidade e a sensibilidade; 2. áreas de associação, relacionadas com as
funções psíquicas.
As áreas de projeção podem ser sensitivas ou motora, enquanto que as áreas de associação
possuem divisão mais complexa, sendo divididas em áreas secundárias ou unimodais, que podem ser
sensitivas ou motoras, e em áreas terciárias ou supramodais, que relacionam-se com atividades psíquicas
superiores como, por exemplo, a memória, os processos simbólicos e o pensamento abstrato.
São seis áreas sensitivas primárias e uma área motora:
1. área somestésica (sensiblidade somática geral): no giro pós central; recebe impulsos de dor,
temperatura, pressão, tato e propriocepção consciente;
2. área visual: nos lábios do sulco calcarino, com correspondência perfeita entre a organização dos
neurônios na retina e a informação que chega de cada um deles ao córtex visual;
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3. área auditiva: no giro temporal trasnverso anterior; cada hemisfério recebe informações
tonotópicas de ambos os lados, não sendo completamente cruzada;
4. área vestibular: no lobo parietal, e é importante para a apreciação constante da orientação no
espaço;
5. área olfatória: no úncus e giro para-hipocampal;
6. área gustativa: na porção inferior do giro pós-central, próximo à insula.
7. área motora primária: no giro pré-central.

A área somestésica e a motora possuem somatotopia que pode ser representada por um homúnculo
(sensitivo e motor), figuras descritas por Penfield e Rasmussen, que traduzem a correspondência da
complexidade exercida por cada segmento na representação cortical.

As áreas de associação secundária relacionam-se, ainda que indiretamente, com alguma


modalidade de sensação ou com a motricidade, estando geralmente justapostas às áreas primárias
correspondentes. Sendo assim, temos área somestésica secundária, visual secundária, auditiva secundária,
e assim sucessivamente.
Áreas secundárias recebem aferências principalmente das áreas primárias correspondentes e
repassam as informações recebidas às outras áreas do córtex, em especial as áreas supramodais. Essa
etapa consiste na interpretação da informação recebida pela área primária, também chamada de gnosia. A
agnosia é o nome dado para a perda de uma dessas capacidades (visual, auditiva e somestésica).
60

As áreas de associação secundárias motoras estão envolvidas com o planejamento dos atos
voluntários. A perda da função dessas áreas resulta na apraxia, que é a incapacidade de executar
determinados atos voluntários, sem que exista qualquer déficit motor (defeito nas áreas de planejamento do
movimento). São elas: a área motora suplementar, que está envolvida no planejamento de sequências
complexas de movimento; área pré-motora, responsável por colocar o corpo, especialmente os membros,
em uma posição básica preparatória para a realização de movimentos delicados, que ficam a cargo da
musculatura mais distal dos membros; área de Broca, localizada na parte opercular e triangular do giro
frontal inferior, responsável pela programação da atividade motora relacionada com a expressão da
linguagem. Uma lesão na área de Broca
impede que o indivíduo consiga se expressar
através da linguagem falada, embora continue
compreendendo (afasia motora). A área de
associação auditiva que permite a
compreensão da linguagem falada denomina-
se área de Wernicke e localiza-se entre lobo
parietal e temporal. De forma inversa, uma
lesão dessa região causa uma afasia de
compreensão: embora capaz de falar, não
existe compreensão da linguagem.
As áreas de associação terciária
recebem e integram as informações sensoriais
já elaboradas por todas as áreas secundárias
e são responsáveis também pela elaboração das diversas estratégias comportamentais.
A área Pré-frontal atua na escolha das opções estratégicas comportamentais, na manutenção da
atenção – que consiste na capacidade de seguir sequências ordenadas de pensamentos – e no controle do
comportamento emocional.
A área Temporoparietal integra as informações da área visual, auditiva e somestésica e está
relacionada com a percepção espacial e compreensão da formação das imagens das partes componentes
do próprio corpo – um dano nessa área pode resultar na síndrome da negligência ou inatenção, que é
caracterizada pela negação da existência de um lado do corpo ou de um lado inteiro do mundo.
As áreas Límbicas estão relacionadas à memória e ao comportamento emocional, e fazem parte do
Sistema Límbico.
Do ponto de vista funcional, podemos dizer que existe uma assimetria das funções corticais. Apenas
nas áreas de projeção há certa simetria, com impulsos provenientes de um hemicorpo chegando à área de
projeção do hemisfério contra-lateral. Nas funções cognitivas, os hemisférios cerebrais possuem uma certa
especialização funcional: o hemisfério esquerdo possui dominância de função cortical de linguagem e
raciocínio matemático na maioria dos indivíduos, enquanto o hemisfério direito possui predominância das
funções corticais ligadas ao desempenho de atividades artísticas, percepção de relações espaciais e
reconhecimento da fisionomia das pessoas. Por convenção, o hemisfério dominante é o hemisfério onde se
localiza a linguagem, sendo, portanto o hemisfério esquerdo para a maioria dos indivíduos.
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SISTEMA LÍMBICO
André Reitz da Costa, Arlete Hilbig

O sistema límbico pode ser conceituado como um sistema relacionado, fundamentalmente, com a
regulação dos processos emocionais e do sistema nervoso autônomo, constituído pelo lobo límbico e
estruturas subcorticais, apresenta-se também diretamente relacionado ao mecanismo de memória e
aprendizagem. O sistema límbico é constituído por componentes corticais (giro do cíngulo, giro para-
hipocampal e hipocampo) e subcorticais (corpo amigdalóide, área septal, núcleo mamilares, núcleo
anterior do tálamo e núcleo das habênulas).

Os diversos componentes do sistema límbico realizam conexões intrínsecas sendo a mais


conhecida o Circuito de Papez, composto (na direção predominante do impulso) pelo hipocampo, fórnix,
corpo mamilar, fascículo mamilo-talâmico, núcleo anterior do tálamo, cápsula interna, giro do cíngulo, giro
para-hipocampal e novamente o hipocampo, fechando o circuito. Este circuito acredita-se estar envolvido na
elaboração do processo subjetivo central da emoção e sua expressão, e ao mecanismo da memória. O
corpo amigdalóide e a área septal ligam-se entre si e ao circuito de Papez.
62

O sistema límbico realiza conexão com as demais áreas do cérebro através das conexões
extrínsecas, destacando-se as conexões com o hipotálamo. As conexões aferentes que trazem
informações visuais, auditivas, somestésicas ou olfatórias que sinalizem perigo, por exemplo, pode despertar
o medo pelo acesso, indireto, ao sistema límbico. Tais informações são antes processadas, nas áreas
corticais de associação secundárias e terciárias, penetram no sistema límbico por vias que chegam ao giro
para-hipocampal e passam para o hipocampo, chegando, assim, ao circuito de Papez. Com exceção do
estímulo olfatório que passa diretamente da área cortical para o giro para-hipocampal e o corpo amigdalóide.
A sensibilidade visceral também atinge o sistema límbico, seja diretamente, através das conexões dos
núcleos do tracto solitário, ou, indiretamente, via hipotálamo.

As conexões eferentes permitem que o


sistema límbico participe dos mecanismos
efetuadores que desencadeiam o componente
periférico e expressivo dos processos emocionais,
bem como controle da atividade do SNA. Através,
principalmente, de conexões com o hipotálamo
(fascículo mamilo-talâmico, estria terminal e feixe
prosencefálico medial) e a formação reticular
(feixe prosencefálico medial, fascículo mamilo-
tegmentar e estria medular).

As funções do sistema límbico passaram a ter uma maior atenção a partir dos estudos de Klüver e
Bucy, os quais lesaram algumas estruturas importantes do sistema límbico de animais, que permitiram
evidenciar a relação do sistema límbico com fenômenos emocionais.
Corpo Amigdalóide: a partir de lesões ou estimulações nesta área, encontra-se alterações do
comportamento alimentar ou da atividade das vísceras, em casos de lesões há uma diminuição da
agressividade social; pacientes em atos cirúrgicos, submetidos à estimulação elétrica, conscientes, relatam à
sensação de medo. Trata-se de uma região de percepção comportamental que opera em nível inconsciente,
regulando a agressividade e o comportamento sexual.
Área Septal: lesões nessa área estão relacionadas com a hiperatividade emocional, ferocidade e
raiva; a estimulação causa alterações da pressão arterial e do ritmo respiratório, é tida como uma das áreas
de prazer no cérebro.
Giro do Cíngulo: relacionado à agressividade, depressão e ansiedade.
Hipocampo: relacionado com a agressividade e ao mecanismo de memória.
Os mecanismos de memória recente dependem do sistema límbico, o qual age atuando nos
processos de retenção e consolidação de informações novas e, possivelmente, em seu armazenamento
temporário e permanente. Esta função do sistema límbico está relacionada, principalmente, com o
hipocampo e o corpo amigdalóide, bem como o fórnix e os corpos mamilares.
63

Áreas encefálicas relacionadas com as emoções e o Sistema Límbico


As áreas relacionadas com o controle emocional ocupam um relativo espaço no encéfalo sendo
pertinente o seu estudo, principalmente, por estarem ligadas com os processos motivacionais, tais como
fome, sede e sexo.
O tronco encefálico tem o papel de efetuador na expressão das emoções através da ativação dos
núcleos, bem como pela ativação de neurônios medulares pelas vias descendentes que por ele passam ou
tem origem. Vale lembrar, que consiste na origem da maioria das fibras monoaminérgicas do SNC, as quais
se projetam para o telencéfalo e diencéfalo, exercendo função moduladora sobre os neurônios e circuitos
nervosos nas principais áreas encefálicas relacionadas ao comportamento emocional.
O hipotálamo, relacionado à regulação dos processos motivacionais e dos fenômenos emocionas,
sofre uma ação inibitória pelo sistema límbico em sua porção posterior que, quando liberado, expressa
manifestações que caracterizam a raiva. Certas áreas do hipotálamo são relacionadas à sensação de
prazer. No tálamo os núcleos dorsomedial e anteriores do tálamo se ligam a componentes do sistema
límbico fazendo parte de seus circuitos.
A área pré-frontal do lobo frontal está relacionada com a escolha das opções e estratégias
comportamentais, bem como a capacidade de alterá-las quando as tais se modificam, manutenção da
atenção e controle do comportamento emocional juntamente com o hipotálamo e o sistema límbico.
64

CIRCULAÇÃO ENCEFÁLICA
Olga Gaio Milner, Daniel L. Arenas

Vascularização Arterial
O suprimento arterial cerebral se dá por dois sistemas: um anterior ou carotídeo e outro posterior ou
vértebrobasilar. Esses dois sistemas são anastomosados no polígono de Willis, que é uma anastomose
situada na base do cérebro que possui a capacidade de propiciar uma circulação colateral para o mesmo,
caso alguma das artérias proximais seja temporária ou permanentemente ocluída.

Sistema posterior ou vértebrobasilar


As artérias vertebrais direita e esquerda são
os primeiros ramos das artérias subclávias direita e
esquerda, respectivamente. Geralmente as artérias
vertebrais ascendem pelos forames dos processos
transversos das vértebras cervicais, de C6 a C1. Em
seguida, perfuram a membrana atlantoccipital, a dura-
máter e a aracnóide, entrando na cavidade craniana
pelo forame magno (anteriormente aos nervos
hipoglossos). Já dentro da cavidade craniana, elas
cursam ao longo das superfícies anteriores ou laterais
do bulbo e, na altura do sulco bulbopontino, se unem e
formam a artéria basilar.
A artéria basilar cursa no sulco basilar, situado
anteriormente na ponte. Ela termina no mesencéfalo, se dividindo em seus ramos terminais, as artérias
cerebrais posteriores direita e esquerda.
Artérias cerebrais posteriores direita e esquerda: se anastomosam com as artérias comunicantes
posteriores correspondentes (descritas mais à frente), e emitem ramos para o tronco encefálico e para o
córtex cerebral. No segundo caso irrigam mais especificamente o lobo occipital es superfícies medial e
inferior do lobo temporal. As artérias cerebrais posteriores direita e esquerda são responsáveis por
vascularizar a área visual primária e, desse modo, a sua obstrução causa cegueira em uma parte do campo
visual.

Os ramos colaterais das artérias vertebrais:


Artérias espinhais posteriores direita e esquerda: originam-se logo após a entrada das artérias
vertebrais na cavidade craniana e descem pelas faces póstero laterais direita e esquerda da medula
espinhal, respectivamente.
Artérias cerebelares póstero inferiores direita e esquerda: originam-se 1 ou 2 cm antes da
formação da artéria basilar, são os ramos mais calibrosos das artérias vertebrais e irrigam a porção inferior e
posterior do cerebelo, além da área lateral do bulbo e do plexo coróide do IV ventrículo.
65

Artérias espinhais anteriores direita e esquerda: originam-se imediatamente antes da formação


da artéria basilar, e logo em seguida se unem para formar uma única artéria, que cursa ao longo da fissura
mediana anterior da medula espinhal, a artéria espinhal anterior.

Os ramos colaterais da artéria basilar:


Artérias pontinas: originam-se ao longo do curso da artéria basilar pela ponte, são vasos
penetrantes múltiplos para a própria ponte.
Artérias cerebelares ântero inferiores direita e esquerda: originam-se da parte média da artéria
basilar, cursam ao longo do trajeto dos NC VII E VIII e vão irrigar as partes anterior e inferior do cerebelo.
Podem também ter origem nas artérias cerebelares ântero inferiores.
Artérias cerebelares superiores direita e esquerda: originam-se logo antes da terminação da
artéria basilar e irrigam tanto o mesencéfalo como a parte inferior do cerebelo
Artérias labirínticas (do labirinto ou auditivas internas): penetram no meato acústico interno e
vascularizam estruturas do ouvido interno

Sistema anterior ou carotídeo


É formado pelas artérias carótidas internas direita e
esquerda, que surgem da bifurcação das artérias carótidas
comuns direita e esquerda, respectivamente. Embora essa
bifurcação ocorra na altura da borda superior da cartilagem
tireóidea, localizada no pescoço, as artérias carótidas internas
não se ramificam no pescoço.
As artérias carótidas internas entram nos canais
carotídeos das partes petrosas dos ossos temporais, onde
fazem uma dupla curva no plano vertical em formato de S, o
sifão carotídeo. Ao saírem desses canais carotídeos
atravessam a dura-máter, próximo aos processos clinóides anteriores. As artérias carótidas internas se
bifurcam em seus ramos terminais, as artérias cerebrais anteriores e médias, no início dos sulcos laterais
ao lado da substância perfurada anterior.
Artéria Cerebral Anterior: Seu território de irrigação localiza-se na face medial de cada hemisfério,
desde o lobo frontal até o sulco parieto-occipital. Sua obstrução causa, entre outros sintomas, paralisia e
diminuição da sensibilidade do membro inferior do lado oposto, que são decorrentes da lesão das partes
mediais dos giros pré e pós central, respectivamente (lóbulo paracentral).
Artéria Cerebral Média: Seu território de irrigação compreende a maior parte da face súpero-lateral
de cada hemisfério, inclusive as áreas motoras, somestésicas e o centro da palavra falada. Seus ramos
profundos, as artérias estriadas, vascularizam os núcleos da base e a cápsula interna. Desse modo, sua
obstrução pode ser é fatal e quando não o é determina paralisia e diminuição da sensibilidade do lado
oposto (exceto no membro inferior) e até mesmo graves distúrbios de linguagem.
66

Os ramos colaterais mais importantes da artéria carótida interna:


Artéria oftálmica: origina-se da carótida interna quando ela atravessa a dura-máter, logo abaixo do
processo clinóide anterior da asa menor do osso esfenóide. Essa artéria entra na órbita pelo canal óptico,
junto com o nervo óptico.
Artéria comunicante posterior: origina-se próximo à emergência da artéria oftálmica, pouco antes
da ramificação terminal da artéria carótida interna. Ela volta-se posteriormente para se anastomosar com a
artéria cerebral posterior correspondente, contribuindo para formação do polígono de Willis ao unir as
circulações anterior e posterior.
Artéria corioidéia anterior: dirige-se para trás ao longo do trato óptico, em direção à superfície
medial do lobo temporal. Ela penetra no corno inferior do ventrículo lateral, irrigando os plexos corióides,
parte da cápsula interna e núcleo amigdalóide. Além disso, seus ramos penetrantes vascularizam a
formação do hipocampo.

Polígono de Willis ou círculo arterial do cérebro


É formado pelas porções proximais das artérias cerebrais anteriores, médias e posteriores, pela
artéria comunicante anterior e pelas artérias comunicantes posteriores direita e esquerda. É nele que ocorre
a anastomose entre o sistema carotídeo interno e o vertebrobasilar, que é uma anastomose potencial, pois
em situações normais não há passagem significativa de sangue entre os sistemas. Entretanto, se, por
exemplo, a carótida direita for obstruída a pressão em seu território de irrigação cairá, e então o sangue irá
fluir para este local vindo das artérias comunicante anterior e posterior. Vale ressaltar que o círculo arterial
do cérebro é sede de muitas variações anatômicas.
A artéria comunicante anterior une as duas artérias cerebrais anteriores adiante do quiasma
óptico. Pequenos vasos perfurantes originam-se da artéria comunicante anterior e vascularizam o joelho do
corpo caloso, o septo pelúcido e os núcleos septais.
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Considerações Clínicas
Hematomas extradurais e subdurais ocorrem por lesões de vasos, resultando no acúmulo de sangue
nas meninges. Lesões na artéria meníngea média formam hematoma extradural e o sangue não for drenado
leva à morte em poucas horas. Já a ruptura de uma veia cerebral no ponto em que ela entra no seio sagital
superior ocasiona um hematoma subdural. Entretanto, as hemorragias no espaço subaracnóideo não
formam hematomas pois o sangue se espalha no liquor.

Sistema Venoso Cerebral


As veias cerebrais não possuem valvas ou tecido muscular e constituem um sistema venoso que é
subdividido em dois, um superficial e outro profundo.
O sistema venoso superficial drena o córtex e a
substância branca adjacente e as veias que o constituem
são mais calibrosas do que as artérias corticais
correspondentes. Essas veias situam-se nos sulcos
cerebrais, ao lado das artérias e distinguem-se as veias
cerebrais superficiais superiores e inferiores. As veias
cerebrais superficiais desembocam no seio sagital superior e
drenam sangue da face medial e da metade superior da face
súperolateral de cada hemisfério. Já as veias cerebrais
superficiais inferiores desembocam nos seios petroso superior, cavernoso e transverso e drenam o sangue
tanto da metade inferior da face súperolateral como aquele proveniente da face inferior de cada hemisfério.
Os seios venosos da abóboda e do crânio se anastomosam através da da ligação entre a veia
cerebral média superficial (principal veia superficial inferior, é tributária do seio cavernoso) e a veia
anastomótica superior (de Trolard, que é tributária do seio sagital superior).Essa veia cerebral média
superficial também se anastomosa com aquelas tributárias do seio transverso através da veia anastomótica
inferior (de Labbé).
68

O sistema venoso profundo drena


sangue de regiões profundas do cérebro, como o
diencéfalo. A mais importante veia desse sistema
é a veia cerebral magna (de Galeno) um curto
tronco venoso ímpar e mediano que desemboca
no seio reto. Ela é formada pela confluência das
veias cerebrais internas e drena quase todo o
sangue do sistema venoso profundo do cérebro;
recém-natos podem sofrer lesão da veia cerebral
magna durante o parto como resultado de
traumatismos na cabeça.

Circulação Licórica (ver capítulo de meninges)


O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um ultrafiltrado do plasma, que possui função de nutrição e
proteção do SNC. A maior parte dele é produzido pelo plexo coróide, presente tanto nos ventrículos laterais
como no terceiro e quarto ventrículos, mas algum LCR é produzido pelo fluxo de líquido extracelular
encefálico através do revestimento ependimário do sistema ventricular.
O LCR flui dos ventrículos laterais para o III ventrículo pelos forames de Monro, e daí para o IV
ventrículo através do aqueduto cerebral de Sylvius. Do IV ventrículo, o LCR passa ao espaço subaracnóideo
pelos forames laterias (de Luschka) e mediano (de Magendie).Após sair do sistema ventricular, o LCR entra
nas cisternas subaracnóideas em torno do tronco encefálico e daí flui por sobre a convexidade do cérebro
para ser absorvido pelas granulações aracnóideas, que estão presentes principalmente no seio sagital
superior.

Considerações clínicas:
Hidrocefalia é o aumento da quantidade e da pressão do liquor, que acarreta dilatação dos
ventrículos e compressão do tecido nervoso. Ela pode ser de dois tipos:
Hidrocefalia comunicante: é consequência de processos patológicos nos plexos coróides,
seios da Duramáter ou granulações aracnóides.
Hidrocefalia não comunicantes: é consequência da obstrução na circulação do liquor,
geralmente no aqueduto cerebral.

Vascularização da Medula Espinhal


Irrigada pelas artérias espinhais anterior e posteriores(ramos das artérias vertebrais) e pelas artérias
radiculares ( ramos espinhais de artérias segmentares do pescoço e tronco ) . A artéria espinhal anterior é
formada pela confluência de dois ramos e emite as artérias sulcais, que penetram na medula.
69

SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO


William Menegazzo, Arlete Hilbig

O sistema nervoso autônomo comanda o funcionamento:


 dos músculos lisos
 do miocárdio
 das glândulas de secreção exócrina.

Aferente
Interocepção (visceral)
Sistema Nervoso
Visceral
Eferente Motora ou secretora SNA

No sistema nervoso somático a via motora


é composta por dois neurônios motores: um no
córtex e outro na medula. A ausência do primeiro
determina paralisia espástica e a ausência do
segundo determina paralisia flácida.
Já no sistema nervoso autônomo, a via é
composta por três neurônios, onde o verdadeiro
neurônio efetuador é o neurônio pós-ganglionar,
situado no Gânglio Vegetativo, fora do neuro-eixo.

Divisão Anatômica do Sistema Nervoso Autônomo


 Porção Crânio-Sacral: são centros vegetativos situados no tronco encefálico e na porção sacral
(S2, S3, S4) da medula (substância parda). Corresponde ao Sistema Nervoso Parassimpático.
 Porção Tóraco-Lombar: são centros vegetativos situados na substância parda da medula, na
porção torácica até L1 e L2. Corresponde ao Sistema Nervoso Simpático.

Divisão Funcional do Sistema Nervoso Autônomo


 Simpático: porção tóraco-lombar.
 Parassimpático: porção crânio-sacral.

Neurônio pré-ganglionar: é aquele que está situado na medula ou no tronco encefálico. Ele emite
uma fibra pré-ganglionar que vai até o Gânglio Vegetativo e faz sinapse com cerca de vinte neurônios pós-
ganglionares, pois o sistema nervoso autônomo é muito difuso.
Neurônio Pós-Ganglionar: é aquele que está situado no gânglio vegetativo. Emite fibras pós-
ganglionares. São fibras amielínicas, contendo apenas neurilema.
70

Componentes centrais do SNA


o Córtex:
 Centro Vegetativo do néocórtex: encontra-se no lobo frontal e possivelmente no lobo temporal.
São centros muito difusos.
 A porção visceral do cérebro é o rinencéfalo: lobo límbico de Broca (ao redor do Corpo Caloso).
o Hipotálamo: é o mais estudado e melhor conhecido. Através do fascículo longitudinal dorsal ele vai se
conectar com os centros inferiores (tronco encefálico e medula).
o Tronco Encefálico: há centros vegetativos no mesencéfalo (núcleo de Edinger-Westphal), na ponte
(núcleo salivatório superior e núcleo lacrimal) e no bulbo (núcleo salivatório inferior e núcleo dorsal do
vago).
o Medula: há centros vegetativos nos doze segmentos torácicos, em L1 e L2 e em S2, S3 e S4,
localizados no corno lateral da medula.

A fibra pré-ganglionar é composta por mielina, por isso a sua cor branca. Ela se exterioriza pela
raiz anterior dos nervos raquidianos, junto com as fibras motoras somáticas, passando pelo ramo
comunicante branco e indo até o gânglio vegetativo e fazendo sinapse com a fibra pós-ganglionar, que é
amielínica e de cor parda. A fibra pós-ganglionar irá passar pelo ramo comunicante pardo até chegar ao
nervo. Os ramos comunicantes brancos só existem na porção tóraco-lombar e sacral da medula, pois é
nessas regiões que há simpático e parassimpático. As demais regiões possuem somente ramos
comunicantes pardos.

Gânglios
Cadeia Látero-Vertebral: está em toda extensão da coluna
vertebral, ao seu lado. Possui 3 gânglios cervicais, 10-12 torácicos, 3-5
gânglios lombares e 1 sacral. O último gânglio cervical se une ao primeiro
gânglio torácico formando o gânglio estrelado ou cervico-torácico.
Pré-Vertebrais: estão adiante da coluna, juntos à aorta
abdominal.
Terminais: estão na intimidade da própria víscera e são
chamados de viscerais. Ex: plexo mioentérico de Auerbach (na muscular)
e plexo submucoso ou de Meissner (na submucosa).

Possuem componentes Parassimpáticos:


o Núcleo de Edinger-Westphal: junto ao III par craniano.
o Nervo Intermédio: junto ao VII par craniano. Atua no núcleo salivar superior.
o Nervo Glossofaríngeo (IX par craniano): atua no núcleo salivar inferior.
o No bulbo localizam-se ao maior dos núcleos vegetativos: Nervo Vago (X par craniano).
o S2, S3, S4: as fibras parassimpáticas saem pela raiz anterior dos nervos sacrais e vão em
direção às vísceras pélvicas.
71

Principais diferenças anatômicas entre Parassimpático e Simpático


Simpático Parassimpático
Posição do neurônio pré- T1-L2 Tronco encefálico e S2-S4
ganglionar
Posição do neurônio pós- Longe da víscera Próximo ou dentro da víscera
ganglionar
Tamanho das fibras pré- Curtas Longas
ganglionares
Tamanho das fibras pós- Longas Curtas
ganglionares
Neurotransmissor das fibras Adrenalina e noradrenalina Acetilcolina
pós-ganglionares
Obs: Todas as fibras Pré-Ganglionares liberam Acetilcolina na sinapse.

Função
A função do Sistema Nervoso Autônomo é aparentemente antagônica, com a finalidade de manter a
homeostase do organismo.
O sistema nervoso simpático é ativado quando estamos em situações de estresse. A glândula supra-
renal é ativada liberando adrenalina na circulação, causando alterações no organismo para que ele entre em
situação de Alarme (luta ou fuga). Já o sistema nervoso parassimpático é predominante quando estamos
dormindo ou em estado relaxado. Pode-se dizer que, geralmente, esses sistemas causam reações
antagônicas aos estímulos simpáticos.
72

VIAS DE CONDUÇÃO
Clara M. Milanezi, Beatriz C. Mantuan , Leonardo A. Coelho, Leonardo M. de Carvalho - V.A.
Larissa Marques Santana - V.E.

Vias Aferentes
As vias aferentes são cadeias neuronais que levam diferentes formas de sensibilidade dos
receptores periféricos ao córtex. A sensibilidade, como já abordado no estudo sobre a medula, pode ser
assim dividida:

Protopática
Exteroceptiva
Epicrítica

Sensibilidade
Geral Consciente
Proprioceptiva
Inconsciente

Visceroceptiva

Visão
Sensibilidades Audição
Especiais Gustação
Olfato

Todas as formas de sensibilidade geral estão representadas na medula e formam as grandes vias
aferentes, detalhadas a seguir. As sensibilidades especiais têm correspondência com o tronco encefálico e
também serão estudadas.

SENSIBILIDADE GERAL

As vias aferentes têm início na periferia, onde estão localizados os receptores, terminações
nervosas sensíveis ao estímulo específico de cada via. A partir de fibras ligadas a esses receptores, o
estímulo passa por um trajeto periférico, que compreende um nervo espinhal ou craniano e um gânglio
sensitivo anexo a ele. No trajeto das fibras pelo sistema nervoso central, se agrupam em feixes (tractos,
fascículos, lemniscos) de acordo com suas funções. As áreas de projeção corticais são os destinos das
fibras, podendo estar no cérebro (para diversos tipos de sensibilidade consciente) ou no cerebelo
(sensibilidade inconsciente).

Via Exteroceptiva Protopática Termoalgésica


Existem duas vias principais através das quais os impulsos de dor e temperatura chegam ao sistema
nervoso supra-segmentar, embora estudemos apenas a via “clássica”, constituída pelo tracto espino-
talâmico lateral.
73

Esta via envolve uma cadeia de três neurônios, pelos


quais chegam ao córtex cerebral impulsos originados em
receptores térmicos e dolorosos situados no tronco e nos
membros do lado oposto.
O primeiro neurônio localiza-se em um gânglio da
raiz posterior da medula, penetra por esta raiz dorsal e faz
sinapse com o segundo neurônio, localizado no corno
posterior. O segundo neurônio cruza a medula pela comissura
branca até atingir o funículo lateral do lado oposto, de onde
sobe em direção ao tálamo. Lá faz sinapse com o terceiro
neurônio, que se dirige à área somestésica do córtex
cerebral, situada no giro pós-central.

Via de Pressão e Tato Protopático


Constituída por três neurônios. Os neurônios I
localizam-se nos gânglios espinhais, situados nas raízes
dorsais e fazem sinapse na coluna posterior da medula,
ponto de localização dos neurônios II.
Os axônios destes cruzam o plano mediano na
comissura branca, atingem o funículo anterior do lado
oposto e se infletem cranialmente para constituir o tracto
espino-talâmico anterior. Suas fibras terminam no tálamo,
onde estão localizados os neurônios III, ocorrendo, aí, a
sinapse. A partir desse ponto, os impulsos são levados à
área somestésica do córtex cerebral (giro pós-central).

Via do Tato Epicrítico


Também constituída por três neurônios. Os neurônios I
localizam-se nos gânglios espinhais, penetram na medula pela
divisão medial da raiz posterior e se dirigem aos fascículos grácil
e cuneiforme, sem sinapse na medula. Sobem até o bulbo, onde
fazem sinapse com os neurônios II que estão localizados nos
núcleos grácil e cuneiforme. Os axônios destes mergulham
ventralmente, cruzam o plano mediano e infletem-se
cranialmente para formar o lemnisco medial, que termina no
tálamo em sinapse com os neurônios III, que levam os
impulsos para a área somestésica.
74

Via de Propriocepção Consciente


A transferência do impulso nervoso se dá na seguinte sequência:
O estímulo é recebido pelo 1º neurônio que encontra-se no gânglio sensitivo.Daí então os axônios
penetram pela raiz posterior do nervo espinhal e seguem em direção ao Funículo Posterior homolateral
pelos Fascículos Grácil e Cuneiforme; portanto NÃO cruza na medula. Nos núcleos grácil e cuneiforme do
bulbo faz sinapse com o 2º neurônio. Este cruza a linha média (fascículo arqueado) e inflecte-se formando
o lemnisco medial,que terminará no tálamo óptico realizando sinapse com o 3º neurônio. Por fim os axônios
do 3º neurônio passam pela cápsula interna e coroa radiada chegando à Área Somestésica(Córtex Pós-
Central).

Note que o trajeto da via proprioceptiva consciente é idêntico ao tato epicrítico.


O tato epicrítico e a propriocepção consciente permitem ao indivíduo o reconhecimento e discriminação da
forma e tamanho dos objetos,habilidade conhecida como estereognosia.

Via de Propriocepção Inconsciente


A via de propriocepção inconsciente pode ser dividida em duas partes:
1ª - Estímulo oriundo dos membros.
2ª - Estímulo oriundo do tronco.

No 1º caso:
Feixe Espino-Cerebelar Anterior (ou Cruzado)

O estímulo é recebido pelo 1º neurônio que encontra-se


no gânglio sensitivo. O 1º neurônio penetra pela raiz posterior e
chega até o colo do corno posterior onde ocorre a primeira
sinapse, com o 2º neurônio. O 2º neurônio cruza a medula até
o funículo anterior e integra-se ao Feixe Espino-Cerebelar
Anterior. Sobe até o Pedúnculo Cerebelar Superior onde
cruzará novamente, seguindo depois até o Córtex.
75

PS: A via é considerada homolateral pois as fibras se cruzam 2 vezes.A primeira na medula e a segunda
antes de penetrar no cerebelo.

No 2º caso:
Feixe Espino-Cerebelar Posterior (ou Direto)

O estímulo é recebido pelo 1º neurônio,


que encontra-se no gânglio sensitivo. O 1º
neurônio penetra pela raiz posterior e chega até
o colo do corno posterior, onde ocorre a primeira
sinapse, com o 2º neurônio. O 2º neurônio NÃO
cruza a medula e se dirige ao Funículo Posterior
do mesmo lado,onde integrará o Feixe Espino-
Cerebelar Posterior. Sobe até o Pedúnculo
Cerebelar Inferior, penetrando no cerebelo.

Por meio dessas vias os impulsos proprioceptivos inconscientes chegam ao cerebelo. Lembrando
que a propriocepção consciente está relacionada à complexas funções destinadas ao cerebelo, entre as
quais podemos citar:
- Regulação do tônus;
- Postura;
- Equilíbrio Estático/Dinâmico;
- Coordenação dos Movimentos.

SENSIBILIDADES ESPECIAIS

Via Gustativa
Seus receptores são corpúsculos gustativos da língua e da epiglote. OS impulsos dos 2/3 anteriores
da língua, do terço posterior da língua e da
epiglote chegam ao SNC, respectivamente,
pelo Nervo Intermédio(porção sensitiva do
Facial - VII par), Glossofaríngeo(IX par) e
Vago(X par).
Neurônios I - Localizam-se nos gânglios
geniculado (VII par), inferior do IX e inferior
do X. Seus prolongamentos periféricos ligam-
se aos receptores e prolongamentos centrais
penetram no tronco, percorrem o tracto
solitário e fazem sinapse com os neurônios II.
76

Neurônios II – Presentes no Núcleo do Tracto Solitário (Bulbo), originam as fibras solitário-talâmicas, que
terminam fazendo sinapse com os Neurônios III do tálamo do mesmo lado e do lado oposto.
Neurônios III – Localizam-se no tálamo, no Núcleo ventral póstero-medial. Seus axônios chegam à área
gustativa primária, no córtex cerebral, na parte inferior do giro pós-central, próximo a área somestésica da
língua.

Via Olfatória
Seus receptores são cílios olfatórios das células olfatórias. Apresenta várias peculiaridades: possui
apenas neurônios I e II, o primeiro neurônio localiza-se em uma mucosa e não em um gânglio, é a única via
sensitiva que não passa pelo tálamo, é totalmente homolateral e sua área cortical de projeção é do tipo
alocórtex.
Neurônios I – São as células olfatórias,
neurônios bipolares localizados na
mucosa olfatória, com prolongamentos
periféricos terminados em dilatações
(vesículas olfatórias), que contêm os
receptores. Os prolongamentos centrais
formam o nervo olfatório ao atravessar
a lâmina crivosa do osso etmóide.
Terminam no bulbo olfatório, fazendo
sinapse com os Neurônios II.
Neurônios II – Células mitrais, seus
dendritos são bastante ramificados e
fazem sinapse com os neurônios I.
Seus axônios seguem pelo tracto olfatório e dividem-se em estria olfatória lateral (impulsos conscientes,
seguem para o úncus e o giro para-hipocampal) e medial(segue para a área septal).

Via Auditiva

Receptores: No órgão espiral (de Corti),que fica na cóclea,


ouvido interno.

Neurônios I - No gânglio espiral, na cóclea. São bipolares.


Os prolongamentos periféricos pequenos, terminam em
contato com os receptores e os prolongamentos centrais
são a porção coclear do nervo vestíbulococlear, terminam
na ponte, onde fazem sinapse com o 2º neurônio.

Neurônios II - Nos núcleos cocleares dorsal e ventral. Os


axônios cruzam, formando o corpo trapezóide, contornam o
núcleo olivar superior e entram no crânio para formar o
77

lemnisco lateral; terminam fazendo sinapse com o 3º neurônio.

* Algumas fibras dos núcleos cocleares penetram no lemnisco lateral do mesmo lado (homolaterais).

Neurônios III - No colículo inferior. Os axônios passam pelo braço do colículo inferior e vão para o corpo
gemiculado medial.

Neurônios IV - No corpo gemiculado medial. Os axônios formam a radiação auditiva, que passa pela
cápsula interna e chega a área auditiva do córtex, no giro temporal tranverso anterior.

* Alguns impulsos auditivos seguem um trajeto mais complicado, com um maior número de sinapses em pelo
menos 3 núcleos ao longo da via (Do corpo trapezóide, núcleo olivarsuperior e núcleo do lemnisco lateral).

 A existência de vias homolaterais torna impossível a perda deste sentido por lesão de uma só área
auditiva.

Via Óptica

A retina é um neuroepitélio que reveste internamente a cavidade


do bulbo ocular, posterior à íris e abriga receptores e os 1º, 2º e 3º
neurônios.

Na parte posterior da retina, em linha reta com a pupila, há a


mácula lútea e, no centro dessa, a fóvea central, área onde a visão é
mais distinta na qual é fixada a imagem dos objetos que nos interessam
no campo visual. Fora da mácula lútea é pouco nítida e a percepção
das cores é precária.

A retina se divide em 4 camadas importantes:

- pigmentar (mais externa)

- células fotossensíveis:

Neurônios I - Prolongamentos periféricos são os receptores da


visão – cones (visão em ambientes iluminados) e bastonetes
(visão em ambientes com pouca luz). Na fóvea central
predominam os cones, que diminuem progressivamente em
direção à periferia, onde predominam os bastonetes.

Fazem sinapse com os 2º neurônios. Enquanto, na


parte central, um cone se liga a uma célula bipolar, na parte
periférica, até 100 bastonetes se ligam a uma célula bipolar.

- células bipolares:

Neurônios II - Fazem sinapse com os 3º neurônios. Uma célula


bipolar proveniente de ligação com o cone se liga a uma célula
78

ganglionar, mas são várias células bipolares oriundas da ligação com os bastonetes que se ligam a apenas
uma célula ganglionar.

- células ganglionares (mais interna):

Neurônios III - Os axônios amielínicos percorrem a superfície interna da retina e convergem na papila
óptica, na parte posterior da retina, onde recebemmielina e formam o nervo óptico. Neste local, não há
receptores, por isso ele é conhecido como ponto cego; é, também, o local por onde penetram os vasos que
nutrem a retina.

Os nervos ópticos convergem formando o quiasma óptico, onde as fibras sofrem decussação parcial.
Dali, se destacam os tractos ópticos que se destinam para o hipotálamo (regulação dos ritmos biológicos);
colículo superior (reflexos de movimentos dos olhos ou pálpebras); área pré-tectal (reflexos fotomotor) ou
corpos geniculados laterais (visão), onde fazem sinapse com os 4º neurônios.

Neurônios IV - Os axônios constituem a radiação óptica (tracto geniculo-calcarino) e terminam na área


visual, nos lábios do sulco calcarino.

* As fibras da radiação atigem o córtex por trajetos diferentes, formando a alça temporal (de Meyer).

Crédito das imagens de secção da medula: Adri – AD2013

Vias Eferentes
A conceituação de dois sistemas independentes, piramidal e extrapiramidal, não pode ser mais
aceita e já não é mais utilizada na maioria dos modernos textos de neuroanatomia. Entretanto, é vantajoso
manter, do ponto de vista didático, os termos piramidal e extrapiramidal para indicar as vias que passam e
não pelas pirâmides bulbares em seu trajeto pela medula.

Vias piramidais
 Tracto córtico-espinhal: Une o córtex cerebral aos neurônios motores da medula.
As vias piramidais na medula compreendem dois tractos: córtico-espinhal anterior e córtico-espinhal
lateral. Ambos originam-se no córtex cerebral e conduzem impulsos nervosos aos neurônios da coluna
anterior da medula, relacionando-se com estes neurônios diretamente ou através de neurônios internunciais.
No trajeto do córtex até o bulbo, as fibras dos tractos córtico-espinhais lateral e anterior constituem um só
feixe, o tracto córtico-espinhal. Ao nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras (70 a 90%)
deste tracto se cruza e vai constituir o tracto córtico-espinhal lateral (cruzado). Entretanto, um número de
fibras não se cruza e continua em sua posição anterior e constitui o tracto córtico-espinhal anterior ou direto.
As fibras do tracto córtico-espinhal anterior ocupam o funículo anterior da medula espinhal e
terminam em relação com os neurônios motores contralaterais, após cruzamento na comissura branca. O
tracto córtico-espinhal lateral ocupa o funículo lateral ao longo de toda a extensão da medula e suas fibras
influenciam os neurônios motores da coluna anterior de seu próprio lado. Nem todas as fibras do tracto
córtico-espinhal são motoras. Um número significativo delas, originadas na área somestésica do córtex,
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termina na coluna posterior e acredita-se que estejam envolvidas no controle dos impulsos sensitivos.
Entretanto, a principal função é motora somática.
Ao contrário do que se admitia há alguns anos, essa mesma função é exercida também pelo tracto
rubro-espinhal e retículo-espinhal. Logo, tem-se uma ação compensadora e as lesões do tracto córtico-
espinhal não causam quadros de hemiplegia como se pensava e os déficits motores resultantes são
relativamente pequenos. O sintoma mais evidente de uma lesão do tracto córtico-espinhal é a incapacidade
de realizar movimentos independentes de grupos musculares isolados (perda da capacidade de
fracionamento, como abotoar uma camisa). Observa-se, também, o sinal de Babinski, reflexo patológico que
consiste na flexão dorsal do hálux quando se estimula a pele da região plantar.
O tracto córtico-espinhal lateral, mais importante, é denominado também piramidal cruzado e o
córtico-espinhal anterior, piramidal direto. Os dois tractos são cruzados, o que significa que o córtex de um
hemisfério cerebral comanda os neurônios motores situados do lado oposto, visando a realização de
movimentos voluntários. Assim, a motricidade voluntária é cruzada.
 Tracto córtico-nuclear:
Tem mesmo valor funcional do tracto córtico-espinhal,diferindo desse pelo fato de transmitir impulsos
aos neurônios motores do tronco encefálico e não os da medula.
As fibras do tracto córtico-nuclear originam-se na parte inferior da área 4, passam pelo joelho da
cápsula interna e descem pelo tronco encefálico, associadas ao tracto córtico-espinhal. À medida que o feixe
tracto córtico-nuclear desce pelo tronco encefálico, dele se destacam feixes de fibras que vão influenciar os
neurônios motores dos núcleos da coluna eferente somática (núcleos do III, IV, VI e XII) e eferente visceral
(núcleo ambíguo e núcleo motor do V e do VII).
O tracto córtico-nuclear possui grande número de fibras homolaterais.

Vias extrapiramidais

Os tractos tecto-espinhal, vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal terminam fazendo sinapse em


interneurônios que se ligam a motoneurônios situados medialmente na coluna anterior e, desse modo,
influenciam a musculatura do esqueleto axial e a musculatura proximal dos membros.
Já os tracto rubro-espinhal, através de interneurônios, se liga aos motoneurônios situados
lateralmente na coluna anterior, influenciando a musculatura situada na parte distal dos membros: os
músculos intrínsecos e extrínsecos da mão.
 Tracto Rubro-Espinhal:
Juntamente com o tracto córtico-espinhal lateral, controla a motricidade voluntária dos músculos
distais dos membros.
 Tracto Tecto-Espinhal:
Origina-se no colículo superior, que, por sua vez, recebe fibras da retina e do córtex visual. Está
envolvido em reflexos nos quais a movimentação da cabeça decorre de estímulos visuais.
 Tracto Vestíbulo-Espinhal:
Origina-se nos núcleos vestibulares e leva aos neurônios motores os impulsos nervosos necessários
à manutenção do equilíbrio a partir de informações que chegam a esses núcleos, vindas da parte vestibular
do ouvido interno e do arquicerebelo.
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 Tracto Retículo-Espinhal:
As funções desse tracto envolvem o controle de movimentos tanto voluntários como automáticos, a
cargo dos músculos axiais e proximais dos membros. Determina o grau adequado de contração desses
músculos. Como no homem essa musculatura é controlada pelo tracto Córtico-Espinhal lateral, o tracto
extrapiramidal promove o suporte postural básico para execução de movimentos finos controlados pelo
tracto piramidal. Dessa forma, mesmo após lesão do tracto Córtico-Espinhal, a motricidade voluntária da
musculatura proximal dos membros é mantida pelo tracto Retículo-Espinhal. Esse tracto pode, também,
estar envolvido no controle da marcha.

Organização do movimento voluntário:

Etapa de preparação Programa motor Etapa de execução

(Envolve áreas de associação (Envolve as áreas motoras


do córtex cerebral em interação e pré-motora do córtex e
com o cerebelo e o corpo estriado). suas ligações diretas e indiretas
com os neurônios motores).
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NEUROIMAGEM
Sérgio Francisco Siepko Júnior, Vitor Bernardes Pedrozo

Planos do corpo:

Técnicas de neuroimagem mostradas: ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Vascularização encefálica:

I – Artéria Carótida Interna


A – Artéria Cerebral Anterior
M – Artéria Cerebral Média

ACA – Artéria Cerebral Anterior


MCA – Artéria Cerebral Média
PCCA – Artéria Comunicante Posterior
PCA – Artéria Cerebral Posterior
ICA – Artérias Carótidas Internas*
*Interrogação feita pela fonte da imagem:
emedicine.medscape.com/article/417524-imaging
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FOTO 1 FOTO 2

HED

Foto 1 = tomografia computadorizada transversa (axial) da calvária e do encéfalo, a


grande área branca representa um hematoma extradural (HED)
Foto 2 = tomografia computadorizada da calvária, mostrando 2 fraturas adjacentes,
indicadas pelas setas.
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Vista Lateral do Encéfalo:

VL: Ventrículo Lateral


PC: Plexo Corióideo do Terceiro Ventrículo
T: Tálamo
M: Mesencéfalo
P: Ponte
B: Bulbo
IV-V: Quarto Ventrículo
C: Cerebelo
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Radiografia da medula, esplancnocrânio, tronco encefálico e cerebelo:


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CORRELAÇÕES CLÍNICAS

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