Você está na página 1de 27

Produção

Textual
Professor

Caderno de Atividades
Pedagógicas de
Aprendizagem
Autorregulada - 02
9º Ano | 2° Bimestre

Disciplina Curso Bimestre Ano


Produção Textual Ensino Fundamental 2° 9º

Habilidades Associadas

1. Estabelecer o foco narrativo (narrador), espaço, tempo, personagens e conflito.

2. Contemplar os elementos do enredo: apresentação, complicação, clímax e desfecho.

3. Utilizar discurso direto e indireto.


Apresentação

A Secretaria de Estado de Educação elaborou o presente material com o intuito de estimular o


envolvimento do estudante com situações concretas e contextualizadas de pesquisa, aprendizagem
colaborativa e construções coletivas entre os próprios estudantes e respectivos tutores – docentes
preparados para incentivar o desenvolvimento da autonomia do alunado.
A proposta de desenvolver atividades pedagógicas de aprendizagem autorregulada é mais uma
estratégia pedagógica para se contribuir para a formação de cidadãos do século XXI, capazes de explorar
suas competências cognitivas e não cognitivas. Assim, estimula-se a busca do conhecimento de forma
autônoma, por meio dos diversos recursos bibliográficos e tecnológicos, de modo a encontrar soluções
para desafios da contemporaneidade, na vida pessoal e profissional.
Estas atividades pedagógicas autorreguladas propiciam aos alunos o desenvolvimento das
habilidades e competências nucleares previstas no currículo mínimo, por meio de atividades
roteirizadas. Nesse contexto, o tutor será visto enquanto um mediador, um auxiliar. A aprendizagem é
efetivada na medida em que cada aluno autorregula sua aprendizagem.
Destarte, as atividades pedagógicas pautadas no princípio da autorregulação objetivam,
também, equipar os alunos, ajudá-los a desenvolver o seu conjunto de ferramentas mentais, ajudando-o
a tomar consciência dos processos e procedimentos de aprendizagem que ele pode colocar em prática.
Ao desenvolver as suas capacidades de auto-observação e autoanálise, ele passa ater maior
domínio daquilo que faz. Desse modo, partindo do que o aluno já domina, será possível contribuir para
o desenvolvimento de suas potencialidades originais e, assim, dominar plenamente todas as
ferramentas da autorregulação.
Por meio desse processo de aprendizagem pautada no princípio da autorregulação, contribui-se
para o desenvolvimento de habilidades e competências fundamentais para o aprender-a-aprender, o
aprender-a-conhecer, o aprender-a-fazer, o aprender-a-conviver e o aprender-a-ser.
A elaboração destas atividades foi conduzida pela Diretoria de Articulação Curricular, da
Superintendência Pedagógica desta SEEDUC, em conjunto com uma equipe de professores da rede
estadual. Este documento encontra-se disponível em nosso site www.conexaoprofessor.rj.gov.br, a fim
de que os professores de nossa rede também possam utilizá-lo como contribuição e complementação às
suas aulas.
Estamos à disposição através do e-mail curriculominimo@educacao.rj.gov.br para quaisquer
esclarecimentos necessários e críticas construtivas que contribuam com a elaboração deste material.

Secretaria de Estado de Educação

2
Caro Tutor,
Neste caderno, você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas
habilidades e competências do 2° Bimestre do Currículo Mínimo de Produção Textual da
9º Ano do Ensino Fundamental. Estas atividades correspondem aos estudos durante o
período de um mês.
A nossa proposta é que você atue como tutor na realização destas atividades
com a turma, estimulando a autonomia dos alunos nessa empreitada, mediando as
trocas de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no
percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você estimular o desenvolvimento da
disciplina e independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional de
nossos alunos no mundo do conhecimento do século XXI.
Neste Caderno de Atividades vamos conhecer contos e crônicas. Aprenderemos
a reconhecer o narrador, personagens, conflitos, o espaço e tempo em que os textos se
passam. Vamos aprender também a produzir esses tipos de texto.
Para os assuntos abordados em cada bimestre, vamos apresentar algumas
relações diretas com todos os materiais que estão disponibilizados em nosso portal
eletrônico Conexão Professor, fornecendo diversos recursos de apoio pedagógico para o
Professor Tutor.
Este documento apresenta 03 (três) Aulas. As aulas podem ser compostas por
uma explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias
relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e
atividades respectivas. Estimule os alunos a ler o texto e, em seguida, resolver as
Atividades propostas. As Atividades são referentes a dois tempos de aulas. Para reforçar
a aprendizagem, propõe-se, ainda, uma avaliação sobre o assunto.

Um abraço e bom trabalho!


Equipe de Elaboração

3
Sumário

Introdução: ............................................................................................... 03
Objetivos Gerais: ...................................................................................... 05
Materiais de Apoio Pedagógico: .............................................................. 05
Orientação Didático-Pedagógica:............................................................. 06
Aula 01: Fazendo crônica.......................................................................... 07
Aula 02: Quem conta um conto ............................................................... 13
Aula 03: Contando e refletindo................................................................. 17
Avaliação: ............................................................................................ 21

Referências .............................................................................................. 26

4
Objetivos Gerais

No 2º bimestre do 9º ano do Ensino Fundamental, na disciplina Leitura e


Produção Textual, o enfoque é o reconhecimento dos principais elementos estruturais
do conto e da crônica, o reconhecimento do espaço, tempo, enredo, narrador e outras
características específicas desses gêneros textuais. O aluno deverá ser capaz de
diferenciar um conto de uma crônica, distinguir os elementos da narrativa e
desenvolver produções que empreguem os elementos constituintes dos gêneros
contemplados neste bimestre.

Materiais de Apoio Pedagógico

No portal eletrônico Conexão Professor, é possível encontrar alguns materiais


que podem auxiliá-los. Vamos listar estes materiais a seguir:

Aula Orientações Pedagógicas do


Teleaulas nº Reforço Escolar
Referência CM
EF – 20, 28, http://www.conexaoprofessor
Aula 1 29, 30, 59, .rj.gov.br/downloads/cm/cm_ ---
60, 61
11_9_9A_2.pdf
EF – 20, 28, http://www.conexaoprofessor http://www.conexaoprofessor.rj.gov
Aula 2 29, 30, 41, .rj.gov.br/downloads/cm/cm_ .br/downloads/cm/cm_71_9_9A_2.p
44, 45 11_9_9A_2.pdf df

http://www.conexaoprofessor http://www.conexaoprofessor.rj.gov
Aula 3 EF –28, 29, .rj.gov.br/downloads/cm/cm_ .br/downloads/cm/cm_72_9_9A_2.p
41, 44, 45,
11_9_9A_2.pdf df
71, 77

5
Orientação Didático-Pedagógica

Para que os alunos realizem as Atividades referentes a cada dia de aula,


sugerimos os seguintes procedimentos para cada uma das atividades propostas no
Caderno do Aluno:
1° - Explique aos alunos que o material foi elaborado que o aluno possa compreendê-lo
sem o auxílio de um professor.
2° - Leia para a turma a Carta aos Alunos, contida na página 3.
3° - Reproduza as atividades para que os alunos possam realizá-las de forma individual
ou em dupla.
4° - Se houver possibilidade de exibir vídeos ou páginas eletrônicas sugeridas na seção
Materiais de Apoio Pedagógico, faça-o.
5° - Peça que os alunos leiam o material e tentem compreender os conceitos
abordados no texto base.
6° - Após a leitura do material, os alunos devem resolver as questões propostas nas
ATIVIDADES.
7° - As respostas apresentadas pelos alunos devem ser comentadas e debatidas com
toda a turma. O gabarito pode ser exposto em algum quadro ou mural da sala para
que os alunos possam verificar se acertaram as questões propostas na Atividade.
Todas as atividades devem seguir esses passos para sua implementação.

6
Aula 1: Fazendo crônica

A crônica, em geral, é uma pequena narrativa publicada em jornais e revistas e


na qual o cronista demonstra a visão que tem de seu tempo. A própria palavra crônica
é formada pelo radical grego cronos que significa tempo.
O cronista geralmente parte de fatos cotidianos para fazer uma reflexão e,
dependendo do tema escolhido e da intenção do escritor, a crônica pode ter
características variadas. Vejamos alguns tipos de crônica:
Crônica reflexiva – se baseia num fato especifico para fazer uma reflexão mais
aprofundada:
O PLEBISCITO
09 de julho de 2013 | 2h 07
Pai, o que é plebiscito? - assim perguntava o menino, no conto de Artur
Azevedo, em 1890. O mesmo aconteceu comigo.
Estava na sala e de repente meu filho levanta a cabeça e pergunta:
- Pai, o que é plebiscito?
Eu fechei os olhos imediatamente para fingir que dormia. O menino insiste:
- Papai? O que é?
Não tenho remédio senão abrir os olhos.
-Ora essa, rapaz, tens treze anos e não sabes ainda o que é plebiscito?
- Se soubesse, não perguntava.
- Plebiscito, meu filho, é quando o governo pergunta ao povo o que ele acha
de determinado assunto importante para o país. Voltou à tona depois que houve as
manifestações de rua, com mais de um milhão de pessoas protestando contra o caos
brasileiro.
- Que pergunta é importante para o Brasil?
- São muitas perguntas meu filho...
(...)
ARNALDO JABOR - O Estado de S. Paulo
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-plebiscito-,1051557,0.htm

7
Cônica humorística - expressa uma visão cômica ou irônica dos fatos:
MINHAS FÉRIAS
Eu, minha mãe, meu pai, minha irmã (Su) e meu cachorro (Dogman) fomos
fazer camping. Meu pai decidiu fazer camping este ano porque disse que estava na
hora de a gente conhecer a natureza de perto, já que eu, a minha irmã (Su) e o meu
cachorro (Dogman) nascemos em apartamento, e, até cinco anos de idade, sempre
que via um passarinho numa árvore, eu gritava “aquele fugiu!” e corria para avisar um
guarda; mas eu acho que meu pai decidiu fazer camping depois que viu os preços dos
hotéis, apesar da minha mãe avisar que, na primeira vez que aparecesse uma cobra,
ela voltaria para casa correndo, e minha irmã (Su) insistir em levar o toca-disco e toda
a coleção de discos dela, mesmo o meu pai dizendo que aonde nós íamos não teria
corrente elétrica, o que deixou minha irmã (Su) muito irritada, porque, se não tinha
corrente elétrica, como ela ia usar o secador de cabelo? Mas eu e o meu cachorro
(Dogman) gostamos porque o meu pai disse que nós íamos pescar, e cozinhar nós
mesmos o peixe pescado no fogo, e comer o peixe com as mãos, e se há uma coisa
que eu gosto é confusão. Foi muito engraçado o dia em que minha mãe abriu a porta
do carro bem devagar, espiando embaixo do banco com cuidado e perguntando “será
que não tem cobra?”, e o meu pai perdeu a paciência e disse “entra no carro e vamos
embora”, porque nós ainda nem tínhamos saído da garagem do edifício. (...)
LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
Fonte: Veríssimo, Luis Fernando. O Santinho. Rio de Janeiro. Objetiva

8
Crônica lírica - expressa as emoções do cronista, seu estado de espírito:

EXISTÊNCIA ÚNICA
Afague tua doce solidão. Não tenhas medo deste eco quando gritas no escuro.
Se está só, então, não está só. Tua companhia é a melhor companhia. Pegue o
próximo trem que te levará para lugares onde nunca esteve. Solte o ar que te mantém
aprisionada. Levite ao dançar. Convide o mar. Livre-se destes paradigmas, desta
mania de sempre acreditar no tolo e ingênuo coração. Aprenda amar teu brilho, tua
existência única. Vá além. Um passo a mais. Vá tão longe a ponto de perguntar se será
capaz de encontrar o caminho de volta pra casa. Aprenda a dizer não. Aprenda a sorrir
além. Aprenda a confiar em mim.
JULIANO MARTINZ
Fonte: http://corrosiva.com.br/textos-pequenos/existencia-unica/

Ao ler as crônicas, podemos notar que, mesmo fazendo abordagens diferentes


sobre os temas, elas possuem características em comum. A crônica, geralmente,
estabelece um diálogo com o leitor, usa linguagem informal, baseia-se em fatos
cotidianos, aproxima-se do jornalismo ou da literatura e contém crítica, humor, ironia,
lirismo ou reflexão. Uma diferença que podemos ver entre os trechos de crônicas
acima é que, na crônica reflexiva, predomina a argumentação, na humorística
predomina a narração e na lírica, a presença de linguagem figurada.
O narrador (quem conta a história) pode ser:
Observador - que conta a história, geralmente, em 3ª pessoa, como alguém que
observa de fora, sem participar dos acontecimentos;
Personagem – Que participa da história como personagem e, por isso, narra em
1ª pessoa;
Onisciente – conhece tudo sobre os pensamentos e sentimentos dos
personagens.
Atenção! O narrador pode ser de dois tipos ao mesmo tempo.

9
Atividade Comentada 1

Professor, nas atividades de produção textual, espera-se que os alunos façam


uso dos conhecimentos construídos em relação à estrutura do gênero, às normas,
assim como compreendam a necessidade de adequá-los aos temas propostos e aos
diferentes níveis de formalidade na linguagem escrita. Ao ler as produções textuais,
verifique se a linguagem está adequada ao que se pede e se há erros ortográficos e
se foram respeitados itens como pontuação e paragrafação. Os textos e exercícios
visam estimular a prática da leitura entre os alunos e os leva a refletir sobre temas
atuais.

1. Olhando para os três trechos de crônicas apresentados na explicação, responda:


a. Quais crônicas foram narradas em 1ª pessoa?
Resposta: As crônicas “O Plebiscito” e “Minhas Férias”.

b. Retire um trecho da crônica O Plebiscito que comprove que o narrador é do


tipo narrador personagem.
Resposta comentada: É possível localizar passagens como: “O mesmo
aconteceu comigo” ou “Estava na sala”.

2. Como vimos, as crônicas sempre partem de um fato cotidiano. A notícia, a seguir,


serviu de base para a criação de uma divertida crônica de Moacyr Scliar. Veja:

Consumidora encontra lesma em lanche

A leitora Alessandra Alves Castro diz que, no dia 26 de novembro, foi ao


McDonald's do Shopping Ibirapuera e pediu o lanche McChicken. Ao comê-lo, viu uma
lesma de três centímetros na alface. "Fiquei horrorizada, com muito nojo", afirma.
Segundo ela, o gerente chegou a dizer que não era uma lesma, e sim um vestígio de
óleo queimado. "Pedi que olhasse direito, pois estava evidente que aquilo era um

10
bicho. Depois disse que era apenas uma lesma de alface", reclama.
RESPOSTA - O McDonald's se desculpou pelos transtornos e informou que se
trata de um caso isolado. A assessoria disse que reforçou os procedimentos com o
fornecedor.
Segundo o restaurante, as alfaces utilizadas são cultivadas e processadas dentro
dos mais rigorosos padrões.
(Folha de S.Paulo, em 01 de janeiro de 2001)

Agora, veja a crônica criada por Moacyr Scliar a partir dessa curiosa notícia.

Sonho de lesma

Ela nasceu lesma, vivia no meio de lesmas, mas não estava satisfeita com sua
condição. Não passamos de criaturas desprezadas, queixava-se. Só somos conhecidas
por nossa lentidão. O rastro que deixaremos na História será tão desprezível quanto a
gosma que marca nossa passagem pelos pavimentos.
A esta frustração correspondia um sonho: a lesma queria ser como aquele
parente distante, o escargot. O simples nome já a deixava fascinada: um termo
francês, elegante, sofisticado, um termo que as pessoas pronunciavam com respeito e
até com admiração. Mas, lembravam as outras lesmas, os escargots são comidos,
enquanto nós pelo menos temos chance de sobreviver. Este argumento não
convencia a insatisfeita lesma, ao contrário: preferiria exatamente terminar sua vida
desta maneira, numa mesa de toalha adamascada, entre talheres de prata e cálices de
cristal. Assim como o mar é o único túmulo digno de um almirante batavo, respondia,
a travessa de porcelana é a única lápide digna dos meus sonhos.
Assim pensando, resolveu sacrificar a vida por seu ideal. Para isso, traçou um
plano: tinha de dar um jeito de acabar em uma cozinha refinada. O que não seria tão
difícil. Perto dali havia uma horta onde eram cultivadas alfaces: belas e selecionadas
alfaces, de folhas muito crespas. Alfaces destinadas a gourmets, sem dúvida. Uma
dessas alfaces, raciocinou a lesma, me levará ao destino que almejo. Foi até a horta, à
doida velocidade de meio quilômetro por hora, e ocultou-se no vegetal. Que, de fato,
foi colhido naquele mesmo dia e levado para ser consumido.

11
Infelizmente, porém, a alface não fazia parte de um prato francês, mas sim de
um popular e globalizado lanche. Quando a consumidora foi comê-lo constatou,
horrorizada, a presença da lesma. Chamado, o gerente a princípio negou a evidência:
disse que aquilo era um vestígio de óleo queimado. O que deixou a lesma indignada:
eu não sou óleo queimado, bradava, eu sou uma criatura, e uma criatura com um
sonho, respeitem meu sonho ou será que, para vocês, nada mais é sagrado, só o
direito do consumidor?
Ninguém a ouviu, claro. Foi ignominiosamente jogada no lixo, junto com suas
ilusões de grandeza. E assim descobriu que, quem nasceu para lesma nunca chega a
escargot, mesmo viajando de carona em certas alfaces, principalmente viajando de
carona em certas alfaces.
(Scliar, Moacyr. Sonho de lesma. In: Cotidiano, Folha de S. Paulo, 08 de janeiro de 2001).

a. Que fato do cotidiano inspirou a construção da crônica?


Resposta comentada: A partir da leitura da notícia, os alunos poderão concluir que
uma cliente de uma famosa cadeia de lanchonete achou uma lesma em seu lanche.

b. Na crônica, foi adotada a perspectiva da lesma, ou seja, a história é contada a partir


do ponto de vista dela. Isso é feito com o narrador em 1ª ou 3ª pessoa? Comprove sua
resposta com um fragmento do texto.
Resposta comentada: Apesar do texto adotar o ponto de vista da lesma, ele está
estruturado na 3ª pessoa. Várias passagens poderiam ser escolhidas pelos alunos.
Uma delas seria: “Ela nasceu lesma, vivia no meio de lesmas, mas não estava
satisfeita com sua condição.”

c. Em que espaço e tempo ocorre a narrativa da crônica?


Resposta comentada: O tempo da crônica é amplo e percorre desde o seu
nascimento até o dia em que foi parar no lanche de alguém. Quanto ao espaço, é
possível citar a horta, a folha da alface, o lanche da cliente e, finalmente, o lixo.

d. Dentre os tipos de crônica que vimos na aula de hoje, em qual se enquadra a crônica
“Sonho de lesma”?

12
Resposta comentada: Certamente, os alunos não terão dificuldade de perceber que a
crônica lida se enquadra no tipo humorístico.

3. Agora, é a sua vez! A partir da mesma notícia que inspirou a crônica “Sonho de
lesma”, crie você a sua própria crônica. Dessa vez, porém, não explore o humor, mas
produza um texto mais reflexivo. Para isso, discuta em seu texto questões como: o
preparo dos alimentos nos restaurantes, a importância da vigilância sanitária, os
hábitos de comer fast food etc. Não se esqueça do título. Mãos à obra!
Comentário: Professor, é importante que os alunos não percam de vista a notícia que
inspirou a crônica de Moacyr Scliar. A mesma notícia também deve inspirá-los.
Entretanto, em vez de produzir algo cômico, eles devem escrever algo mais reflexivo.
Para isso, o importante é orientá-los a usar a notícia como ponto de partida para a
criação de um texto, que, neste caso, não necessariamente tem que ser uma
narrativa, mas um texto de perfil dissertativo-argumentativo. Além disso, vale
sempre observar o comprometimento com a ortografia, a pontuação, a coerência e
coesão do texto.

Aula 2: Quem conta um conto...

Caro aluno, já ouviu o ditado que diz que quem conta um conto aumenta um
ponto? Esse ditado vem do tempo em que os contos eram transmitidos oralmente
como os contos de fadas e que ao longo do tempo foram sendo modificados, pois cada
pessoa que o recontava mudava um pouco a história.
O conto é um tipo de narrativa curta, no qual a ação é o mais importante e por
isso a caracterização das personagens, do espaço e do tempo é restrita. A intenção do
conto é emocionar, levar você a refletir sobre o comportamento humano. O conto
pode ser publicado em jornais, revistas, sites, blogs e livros. Existem variados tipos de
contos: de fadas, de terror, fantásticos, etc.
Vejamos:

13
CARACTERÍSTICAS DOS CONTOS

Narração em 1ª ou 3ª pessoa;
Predomínio do tempo cronológico;
Linguagem concisa (objetiva ou poética);
Poucos personagens;
Construção pouco detalhada dos personagens;
Um conflito apenas;
Tempo e espaço reduzidos;
Presença ou não de diálogos.

Existem duas formas temporais de se narrar um conto. O conto pode seguir um


tempo cronológico (ordem linear dos fatos) ou um tempo psicológico (não linear,
ordenado segundo o pensamento do narrador).
O enredo na maioria das vezes possui quatro elementos que são:
1. Apresentação inicial – situação de equilíbrio em que são apresentados o
espaço e tempo em que a história vai ocorrer e os personagens.
2. Complicação – parte onde se inicia a ação de conflito com o surgimento de
um problema. É quando algum personagem age para mudar a situação anterior.
3. Clímax- ponto crítico da história, mais emocionante ou de maior suspense.
4. Desfecho- é o final da história.
Conseguimos identificar mais facilmente os elementos do enredo aplicando-os
ao exemplo do conto O Pequeno Polegar, de Charles Perrault.

ELEMENTOS
CONTO O PEQUENO POLEGAR
DO ENREDO

Um pobre lenhador tinha sete filhos e o caçula era tão pequenino

Apresentação que o chamavam Pequeno Polegar. Mas, apesar do tamanho, era um


menino muito esperto. Como a Europa passava por um período de
muita fome, o pai decidiu abandonar os filhos na floresta. Depois de

14
muito andar, as crianças avistaram um lindo castelo e para lá se
dirigiram em busca de abrigo e alimento.

Um ogro malvado, que ali residia, resolveu que iria devorá-los. Mas
Polegar, percebendo a intenção do malvado, durante a noite, trocou
Complicação
o seu chapéu e os chapéus dos irmãos pelas coroas das filhas do
ogro, que as devorou pensando que fossem os rapazes.

Eles tiveram, então, que fugir do castelo. O Pequeno Polegar calçou


as botas encantadas do ogro enquanto ele dormia e, assim, ajudou
Clímax
os irmãos a voltarem para casa, com o auxílio das botas de sete-
léguas.

Polegar trabalhou para um rei, conseguiu muito dinheiro e pode


Desfecho
finalmente voltar para sua casa e nunca mais passaram fome.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=O_Pequeno_Polegar&oldid=34825305

É muito comum conhecermos contos como o do Pequeno Polegar, Cinderela ou


o da Branca de Neve, pois temos contato com essas narrativas desde a infância. Há,
porém, outros tipos de contos mais modernos, voltados para o público jovem e adulto.
Vamos ver os temas principais dos contos:

Apresenta acontecimentos mágicos ou sobrenaturais que causam


Conto Fantástico
estranhamento ao leitor. Há presença do real e do fantástico ou
ou de fadas
de elementos mágicos, mas o leitor nunca perde a noção do real.

Apresenta uma narrativa próxima da realidade (verossímil) e se


Conto de Terror passa numa atmosfera de terror, tensão, medo e suspense. O final
pode ser surpreendente, atemorizador ou inesperado.

Apresenta situações imprevisíveis e inusitadas, personagens


Conto de humor engraçados. É comum o uso de piadas, ironias e trocadilhos e
pretende provocar o riso no leitor.

15
Atividade Comentada 2

1. Leia com atenção o conto e responda:


As flores da morte

Conta-se que uma moça estava muito doente e teve que ser internada em um
hospital. Desenganada pelos médicos, a família não queria que a moça soubesse que
iria morrer. Todos seus amigos já sabiam. Menos ela. Para todo mundo que ela
perguntava se ia morrer, a informação era negada.
Depois de muito receber visitas, ela pediu durante uma oração que lhe
enviassem flores. Queria rosas brancas se fosse voltar para casa, rosas amarelas se
fosse ficar mais um tempo no hospital e estivesse em estado grave, e rosas vermelhas
se estivesse próxima sua morte.
Certa hora, bate à porta de seu quarto uma mulher e entrega à mãe da moça
um maço de rosas vermelhas murchas e sem vida. A mulher se identifica como "mãe
da Berenice". Nesse meio tempo, a moça que estava dormindo acordou, e a mãe
avisou pra ela que a mulher havia deixado o buquê de rosas, sem saber do pedido que
a filha havia feito em oração.
Ela ficou com uma cara de espanto quando foi informada pela mãe que quem
havia trazido as rosas era a mãe da Berenice. A única coisa que a moça conseguiu
responder era que a mãe da Berenice estava morta há 10 anos.
A moça morreu naquela mesma noite. No hospital ninguém viu a tal mulher
entrando ou saindo.
Fonte:http://www.sobrenatural.org/conto/detalhar/11732/10_contos_de_terror/

a. Quem são os personagens do conto?


Resposta: A moça, sua mãe, os médicos, a família e a mão de Berenice.

b. Qual o conflito presente?


Resposta: A moça vive um conflito interno ao não ter certeza sobre seu estado de
saúde.

16
c. Em que parágrafo vemos o clímax da história?
Resposta: 4º parágrafo.

d. Esse conto é de que tipo? De humor, de fadas ou de terror? Justifique!


Resposta: É um conto de terror, pois se passa num ambiente de tensão e suspense.

e. O desfecho foi o que você esperava? Por quê?


Resposta Pessoal.

f. Quais suas impressões sobre a história?


Resposta Pessoal.
Comentário: O aluno deve ser capaz de identificar dentro do texto os elementos do
enredo como apresentação, complicação, clímax e desfecho. Além disso, ele precisa
reconhecer que se trata de um conto de terror e refletir sobre a história para
escrever sua opinião.

g. No 2º parágrafo do conto aparece justamente a complicação da história. Explique


com suas palavras o que se complica na história e se o desfecho foi positivo ou
negativo.
Resposta: O aluno deverá escrever, com suas palavras, que a complicação da história
se dá no momento em que a menina faz um pedido em oração e que o desfecho foi
negativo, pois a menina morreu.

Aula 3: Contando e refletindo

Caro aluno, agora que já conhecemos os gêneros textuais crônicas e contos,


surge uma dúvida: quais as diferenças entre esses gêneros tão parecidos?
O conto é ficcional e pode trazer elementos mágicos e sobrenaturais. Ele não é
como a crônica, que narra fatos do cotidiano, como episódios políticos, atualidades ou

17
costumes. A crônica ainda é resultante de uma visão particular do cronista sobre um
fato e escrito em linguagem coloquial para se aproximar do leitor.
O conto, por sua vez, é uma narrativa imaginada por seu autor e tem um só
conflito, sendo uma história fechada. Nele, as ações podem se desenrolar num tempo
maior como dias, meses e anos, enquanto, na crônica, é apresentado um breve
momento do cotidiano. No conto, as personagens são amplamente caracterizadas,
fisica e psicologicamente. Já na crônica, não há espaço para tanto detalhamento.
O desfecho do conto é geralmente a resolução de um conflito e, na crônica,
muitas vezes, o desfecho fica para a imaginação do leitor, para que ele mesmo tire
suas conclusões sobre os fatos.
Observe as diferenças entre os contos da aula 2 e a crônica de Luis Fernando
Veríssimo, que fala sobre como o casamento mudou com o passar do tempo:

CASAMENTO, POR LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

(...) No momento em que Deus perguntou se alguém no Paraíso sabia de


alguma razão para que aquele casamento não se realizasse, ninguém se manifestou,
mesmo porque não havia mais ninguém. A cerimônia foi simples e rápida apesar de
alguns problemas — Adão não tinha onde carregar as alianças, por exemplo — e Adão
e Eva ficaram casados por 930 anos. E isso, porque, na época, ainda não existiam os
antibióticos.
Mais tarde, instituiu-se o dote. Ou seja, as mulheres, como caixas de cereais,
passaram a vir com brindes. O pai da noiva oferecia, digamos, dez cântaros de azeite e
dois camelos ao noivo e ainda dizia:
— Pode examinar os dentes.
— Deixa ver...
— Da noiva não, dos camelos!
Houve uma época em que os pais se encarregavam de casar os filhos sem que
eles soubessem.
(...)

18
Mais tarde, veio a era do Bom Partido. As moças não eram mais negociadas,
grosseiramente, com maridos que podiam garantir seu futuro. Eram condicionadas a
escolher o Bom Partido. Podiam namorar quem quisessem, mas na hora de casar...
— Vou me casar com o Cascão.
— O quê?!
— Nós nos amamos desde pequenos.
— O que que o Cascão faz?
— Jornalismo.
— Argk!
A era do Bom Partido acabou quando a mulher ganhou sua independência.
Paradoxalmente, foi só quando abandonou a velha ideia romântica do ser frágil e
sonhador que a mulher pôde realizar o ideal romântico do casamento por amor,
inclusive com o Cascão. Só havendo o risco de o Cascão preferir casar com o Rogério.
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/06/13/casamento-por-luis-fernando-
verissimo-499889.asp

Atividade Comentada 3

Como já foi dito, quem conta um conto aumenta um ponto! Chegou a sua vez de
contar seu conto. Responda primeiro ao nosso plano de produção e observe que, para
ajudá-lo, a pergunta (b.) já foi respondida. Partindo dos personagens e do
planejamento abaixo, escreva sua história. Vamos lá. Dê asas a sua imaginação!

Fonte: acervo pessoal de uma das elaboradoras do material.

19
a. O narrador será observador ou personagem?
Resposta pessoal

b. Quais serão os personagens?


Essa resposta é fácil: bruxa má, Wolverine e Bob Esponja.

c.Que características possuem os personagens?


Resposta pessoal

d.Em que local e tempo se passará a história?


Resposta pessoal

e.Haverá diálogos entre os personagens?


Resposta pessoal

f. Qual será o conflito?


Resposta pessoal

g. Qual será o desfecho?


Resposta pessoal

h. De que tipo será o seu conto? De terror, de fadas ou outro? Especifique.


Resposta Pessoal

i. Produção do Conto
Comentário: O aluno deve ser capaz de estabelecer o tempo, o espaço, o tipo de
narrador, uso ou não de diálogos, o tema e conseguir contextualizar em um conto
coerente e coeso personagens tão diferentes. A redação deve seguir a norma padrão
e tamanho mínimo de um conto (sugerimos 1 página, pelo menos). Importante que
o aluno se paute no seu plano de produção para elaboração do conto e consiga
demonstrar, através da produção, que aprendeu a diferenciar um conto de uma
crônica.

20
Avaliação

Caro, Professor Aplicador, sugerimos algumas diferentes formas de avaliar as


turmas que estão utilizando este material:

1° Possibilidade:
As disciplinas nas quais os alunos participam da Avaliação do Saerjinho, pode-se utilizar
a seguinte pontuação:
 Saerjinho: 2 pontos
 Avaliação: 5 pontos
 Pesquisa: 3 pontos

As disciplinas que não participam da Avaliação do Saerjinho, podem utilizar a


participação dos alunos durante a leitura e execução das atividades do caderno como
uma das três notas. Neste caso teríamos:

 Participação: 2 pontos
 Avaliação: 5 pontos
 Pesquisa: 3 pontos

Aprendemos sobre contos e crônicas, suas características e os elementos de que são


compostas. Leia, a seguir, a crônica de Luís Fernando Veríssimo sobre um tema muito
atual e amplamente divulgado nos meios de comunicação: a espionagem americana no
Brasil.

21
O QUE SIGNIFICA ORÉGANO

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

Você eu não sei, mas eu estou preocupadíssimo com a revelação de que os


americanos têm monitorado tudo que é dito e escrito no Brasil nos últimos anos.
Ouvem nossos telefonemas, leem nossos e-mails e, provavelmente, examinem o nosso
lixo, atrás de indícios da nossa periculosidade. O que me preocupa é que essa
informação, depois de coletada e classificada, é analisada talvez pelas mesmas pessoas
que nunca duvidaram que o Saddam Hussein tivesse armas de destruição em massa e
nunca estranharam que os sequestradores daqueles aviões que derrubaram as torres,
no onze do nove, não se interessassem pelas aulas de aterrissagem nos seus cursos de
aviação. Quer dizer, que garantia nós temos que não se enganarão de novo, e verão
ameaças à segurança americana nas nossas comunicações mais inocentes? Um simples
telefonema entre namorados (“desliga você”, “não, desliga você”) pode ser
interpretado como parte de um plano para sabotar centrais elétricas. Um pedido para
troca de bujão de gás, uma evidente referência cifrada à explosão da Casa Branca. O
fato é que tenho tentado recapitular todos os meus telefonemas e e-mails nos últimos
anos, com medo de que um deles, mal interpretado, acabe provocando minha
aniquilação por um drone.
Ou então me vejo chegando aos Estados Unidos, sendo barrado por um agente
da imigração e levado para uma sala sem janelas, onde sou cercado por outros
agentes, provavelmente da CIA, que me pedem explicações sobre um telefonema,
obviamente em código, que fiz antes de viajar. Reconheço minha voz na gravação.
- O que quer dizer “à calabresa”, Mr. Verissimo? – pergunta um dos agentes.
Estou confuso. Não consigo pensar. Calabresa, calabresa…
- Alguma referência à máfia? Uma ligação da organização terrorista à qual o
senhor evidentemente pertence, como a camorra, visando a um atentado aqui nos
Estados Unidos? O senhor veio se encontrar com a máfia americana para acertar os
detalhes do complô. É isso, Mr. Verissimo?
- Não, não. Eu…

22
- Notamos que, mais de uma vez na gravação, o senhor diz “sem orégano, sem
orégano”. Deduzimos que há uma divergência dentro do complô entre vocês e a máfia,
uns a favor de se usar “orégano” no atentado, outros contra. O que, exatamente,
significa “orégano”?
Finalmente, me dou conta.
- Orégano significa orégano. Eu estava pedindo uma…
- Por favor, não faça pouco da nossa inteligência, Mr.Verissimo. Não gastamos
milhões de dólares para ouvir que orégano significa orégano.
Fonte: http://contobrasileiro.com.br/?p=1540#more-1540

Comentário: O aluno deve ser capaz de relacionar os trechos do texto com as opções
abaixo, identificando quais argumentos são logicamente válidos. Além disso, ele
precisa identificar que se trata de uma crônica de humor, que o narrador é
personagem e não observador e que a história se passa no Brasil. Finalmente, é
importante estabelecer o tempo e espaço de desenvolvimento da crônica,
reconhecer qual o conflito do personagem e a proximidade do texto com o leitor
através do uso da 1ª pessoa do discurso.

1. Sobre a crônica o que significa orégano, marque verdadeiro ou falso:


( F ) A crônica é narrada por um agente americano
( F ) É uma crônica lírica
( V ) O narrador é personagem
( V ) O espaço em que se desenvolve a história é no Brasil
( F ) A crônica se passa há muitos anos atrás
( V ) O trecho ‘Por favor, não faça pouco da nossa inteligência, Mr.Verissimo’ faz parte
do desfecho da crônica.
( V ) Há presença de diálogos
( F ) O narrador é observador
( V ) A crônica é narrada em 1ª pessoa
( F ) O trecho ‘- Orégano significa orégano. Eu estava pedindo uma…’ indica que o
narrador estava tendo ligação com a máfia.
( V ) Veríssimo não fazia parte de um complô

23
( V ) No trecho ‘Você eu não sei, mas eu estou preocupadíssimo’ o narrador estabelece
proximidade com o leitor
( V ) A intenção do cronista foi levar o leitor à uma reflexão sobre um tema importante
através do humor

2. A partir do conto abaixo, responda o que se pede:

O primeiro encontro (fragmento)

Sua mão era quente e gordinha. Imóvel na minha mão. Nós dois olhando pra
tela, lendo os diálogos traduzidos do inglês, e enquanto isso havia era um mundo
enorme de ideias passando pela minha cabeça: beijo ou não beijo? Assim de repente?
E se ela brigar? Olho pra ela? Olho pro filme? Abraço ela? Abraço e agarro ela e beijo e
que se lasque se ela não gostar?
– Está gostando do filme? – Marta me perguntou, aproximando o rosto. O seu
hálito veio quente, leve sabor de chiclete.
– É legal, né?
O branco do olho dela tão perto do meu rosto. Puxei seu rosto para perto de
mim, pra ficar apoiado no meu peito. Agora, estávamos abraçados. Sua mão brincou
com um botão na minha camisa. Apertei mais os seus ombros. O filme, que se lascasse
o filme. A gente estava muito mais interessado nessa nossa história. Meu corpo todo
tremia e aquelas ideias cortavam pela minha cabeça, como se fossem gaviões me
perseguindo.
– Ciro... você me diz uma coisa? – de novo, o hálito fresco perto do meu rosto.
– Fala...
– Por que você me convidou para sair? – os dedos dela mexendo na minha
camisa.
Por quê? Ah, eu podia dizer que por nada. Porque ela conversava legal. Porque
eu tinha poucos amigos. Porque nunca tinha saído com uma garota. Porque precisava,
desejava e ansiava por uma namorada. Ou por nada disso: que foi só um convite. Ela
era apenas uma colega de escola, e só isso. (...) Na hora eu pensei todo esse milhão de

24
coisas, mas só pensei. Porque na minha boca estava era outra resposta, e essa sim,
veio sem pensar:
– Porque eu gosto de você.
E o beijo veio fácil, limpo, gostoso.
(In: KUPSTAS, Marcia. Eu te gosto, você me gosta. São Paulo: Scipione, 1993)

a. Quais os personagens dessa narrativa?


Resposta Comentada: Observando o texto, os alunos veem os nomes dos jovens Ciro
e Marta.

b. Quem está contando essa história? Como esse tipo de narrador é classificado?
Resposta comentada: É o próprio Ciro que está contando a história, configurando o
caso de um narrador personagem.

c. Identifique o espaço em que se passa a história?


Resposta comentada: A história se passa no cinema.

d. Quantas vezes os dois personagens estiveram nesse local juntos?


Resposta comentada: Como esse é o primeiro encontro deles, eles só estiveram
juntos no cinema uma vez.

2. Agora, é a sua vez! Imagine como seria o segundo encontro desse jovem casal e
escreva um pequeno conto a respeito. Pense onde eles se encontrariam, se novos
personagens surgiriam, o que poderia acontecer etc. Use sua criatividade e mãos à
obra!

Comentário: Professor, é importante que os alunos explorem sua criatividade ao


desenvolver um texto narrativo. Vale observar se atenderam a proposta, usando os
personagens Marta e Ciro e construindo um enredo coerente em torno de um
eventual segundo encontro entre os dois. É ainda importante verificar se os alunos
se preocuparam em elaborar um texto coeso, claro, com boa escolha vocabular e
atenção à ortografia.

25
Referências

[1] CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação: uma
proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, p. 192-
195, 2000.

[2] KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de
produção textual. São Paulo: Contexto, p. 102-125, 2009.

[3] MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.


Parábola Ed., 2009.

26
Equipe de Elaboração

COORDENADORES DO PROJETO

Diretoria de Articulação Curricular

Adriana Tavares Maurício Lessa

Coordenação de Áreas do Conhecimento

Bianca Neuberger Leda


Raquel Costa da Silva Nascimento
Fabiano Farias de Souza
Peterson Soares da Silva
Ivete Silva de Oliveira
Marília Silva

PROFESSORES ELABORADORES

Heloisa Macedo Coelho


Ivone da Silva Rebello
Rosa Maria Ferreira Correa

27

Você também pode gostar