Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
03
José Carlos Pettorossi Imparato
e Autores
ODONTOPEDIATRIA
CLÍNICA
INTEGRADA E ATUAL
Karla Mayra Rezende
Miguel Angel Castillo Salgado
C
A
P
Í
T
U
L
O
01
DESENVOLVIMENTO
DA FACE E DA
CAVIDADE BUCAL
D
ANUÁRIO
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
ORGANOGÊNESE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 16 20-36 38
Período de divisão do Palato
Olhos Cérebro
zigoto, implantação e SNC Olhos Ouvido Dentes Ouvido
Coração Genitália Cérebro
embrião; geralmente não Coração Membros Dentes Palato Genitália
Membros externa
suscetível a teratógenos externa
Coração
Braços
Olhos
Pernas
Dentes
Palato
Genitália Externa
Ouvidos
Nota: Porções escuras designam períodos altamente sensíveis; porções claras designam períodos menos sensíveis.
Tabela 01 Estágios de desenvolvimento humano. O período de embriogênese (organogênese) termina na 8ª semana e o período fetal compreende da 9ª semana até
o nascimento.
022 I N T E G R A D A E AT U A L
1 SEMANA
2 SEMANAS
3 SEMANAS
4 SEMANAS
5 SEMANAS
6 SEMANAS
7 SEMANAS
8 SEMANAS
9 SEMANAS
16 SEMANAS
20-36 SEMANAS
38 SEMANAS
023
ANUÁRIO Após a fertilização do óvulo, uma série de divisões celulares dará origem
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
a um aglomerado de células denominado de mórula pelo seu aspecto mor-
fológico (Figuras 01A-C). Este conjunto de células embrionárias implanta-se
no estroma endometrial durante a metade da 1ª semana após a fertilização
(Figura 01D).
Lacunas de
trofoblaste
D
Sinciciotro-
foblasto Citotrofoblasto
Octoderma Cavidade
amniótica
Endoderma
Cavidade
exocelômica
(saco vitelino
primitivo)
Membrana de Coágulo de
Henser fibrina
024 I N T E G R A D A E AT U A L
Movimentos e dinâmicas celulares transformarão essa mórula em um
disco embrionário com forma ovalada, mais largo na futura região cefáli-
ca e menos na região caudal, composto inicialmente de duas camadas de
células (fase bilaminar). A camada superior é denominada de ectoderma
e camada inferior endoderma (Figura 02A). O ectoderma na região caudal
prolifera internamente na linha média e suas células formarão uma terceira
camada intermediária entre o ectoderma e o endoderma, denominando-se
de mesoderma. Nesta fase o embrião é constituído por três camadas ou
folhetos embrionários (disco trilaminar) (Figura 02B).
Borda do
âmnio
A
Nódulo
primitivo Endoderma Ectoderma
Parede do
saco vitelino
Mesoderma
extra-embrionária Âmnio
Epitélio
Pendúlo
embrionário
Membrana B
cloacal
Linha primitiva
Membrana Nó de Hensen e
bucofaríngea fosseta primitiva
02 A,B Disco embrionário na fase bilaminar (A) e trilaminar (B). Notar a formação da membrana bucofaríngea.
025
ANUÁRIO Na região cefálica e na região cau- ca, ao longo do embrião, surge a no-
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
dal, em dois pontos medianos, o en- tocorda mesenquimal como base do
doderma se espessa fusionado com desenvolvimento do esqueleto axial
o ectoderma superficial formando (ossos da cabeça e da coluna verte-
as membranas pré-cordal e cloacal, bral) e como eixo de orientação do
respectivamente, que servirão de re- desenvolvimento simétrico e curva-
ferência para o dobramento cefálico mento lateral do disco embrionário.
e caudal. O intenso crescimento fu- O embrião toma a forma de um tubo
turo na região cefálica vai determi- (Figura 03B) revestido pelo ectoder-
nar que a placa pré-cordal se trans- ma externamente e pelo endoderma
forme na membrana bucofaríngea internamente. O mesoderma forma
(Figura 03A). Na linha média cefáli- a camada intermediária.
Placa neural
No Mesoderma
to
có
rd
ião
Neuróporo
anterior
Linha primitiva
Membrana
cloacal
Crista neural
Tubo neural
Celoma intra-
-embrionária Ectoderma
Celoma extra-
-embrionária
Somito
Saco
viterino
Neuróporo
posterior B
026 I N T E G R A D A E AT U A L
A região cefálica apresenta um grande desenvolvimento formando protu-
berâncias, sulcos e bolsas que evidenciam a formação do segmento anterior
do intestino primitivo, reconhecido como aparelho branquial ou faríngeo.
Este aparelho é responsável pela formação da maior parte dos constituintes
da face e do pescoço e é composto por arcos delimitados por sulcos ecto-
dérmicos e por bolsas endodérmicas (Figuras 04A-C).
1º e 2º
Arcos
Saliência braquiais
pericárdica
Âmnio
(cortado)
Saliência
maxilar
Arco
mandibular
1 Fendas
Neuróporo 2 branquiais
posterior
Arco hióideo 3
4
Saliência
cardíaca
Inserção da membrana
buco-faríngea
C 1
Bolsas
2 branquiais
3
4
04 A-C Arcos, fendas e bolsas faríngeas.
Esquema representativo de um embrião de
aproximadamente 25 dias (A). Vista superficial
ectodérmica (B). Vista interna endodérmica (C).
027
ANUÁRIO Seu desenvolvimento inicia nos primeiros dias da 4ª semana após a fe-
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
cundação e vai originar um componente esquelético, um muscular, um vas-
cular e um nervoso, como estruturas definitivas (Tabela 02) (Figuras 05A-C).
DERIVADOS DO ES-
ARCO MÚSCULOS INERVAÇÃO
QUELETO
Mandíbula Músculos da mastigação Nervo mandibular
MANDIBULAR Maxilar
Estribo
Parte superior
do osso hióide
Elevador do palato
Nervos cranianos
IX X
V VII
028 I N T E G R A D A E AT U A L
Ligamento anterior
do martelo
Espinha
do ósso
esfenóide
Martelo
Bigorna Ossículos
Ligamento auditivos
esfenomandibular
Estribo
Processo estilóide
Local anterior
Ligamento
da cartilagem do
estilo-hióide
1 arco (Meckel)
Corpo do
osso hióide
Cartilagem
da tireoide
B
Cartilagem
cricoidea
Músculo
frontal
Músculo
temporal
Músculo occipital
Músculo
orbicular
do olho Músculo auricular
Músculo orbicular
da boca Músculo estilo-hióideo
Músculo masseter Músculo estilofaringeo
Músculo milo-hióideo Ventres anterior e
posterior do ligamento
anterior do martelo
Músculo da faringe
Músculo esternocleidomastóide
029
ANUÁRIO A proliferação do mesênquima dos processos maxilares em direção me-
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
dial desloca os processos nasais laterais e pressiona os processos nasais
mediais no plano mediano. A fusão destas saliencias nasomediais entre sÍ
A formação da face tem início e com os maxilares forma o lábio superior. A fusão de ambos os processos
na 4ª semana, na qual o centro de nasais mediais forma uma estrutura que apresenta três componentes de-
desenvolvimento das estruturas fa- rivados: um componente labial representado pelo filtrum, um componente
ciais consiste em uma depressão maxilar que aloja os quatro incisivos e um componente palatino, o palato
frontal na superfície ectodérmica, primário ou pré-maxila.
conhecida como estomódio, ou bo-
ca primitiva, formada ao redor da Os processos nasais laterais encontram-se separados dos maxilares
membrana bucofaríngea. Esta es- por uma fenda denominada sulco nasolacrimal. A fusão destas estrutu-
trutura, no final da 4ª semana, está ras está condicionada à desintegração dos epitélios de revestimento nas
circundada por 5 protuberâncias: superfícies de contato, permitindo a migração e a mistura das células me-
dois processos maxilares laterais, senquimais subjacentes.
dois mandibulares inferiores e um
processo frontal superior. Estes
processos se originam da prolife-
ração acentuada do mesênquima
do primeiro arco, trazendo consigo
as células da crista neural que mi-
gram das pregas neurais do encé-
falo em formação.
Os processos mandibulares, na
região ventral, têm um rápido cresci-
mento e suas extremidades mediais
fusionam-se resultando na forma- 1
ção da mandíbula e do lábio inferior.
2
06 Representação da origem das diferentes partes da face. (1) Processo nasal mediano. (2) Processo nasal
lateral. (3) Filtrum. (4) Processo maxilar. (5) Processo mandibular.
030 I N T E G R A D A E AT U A L
A B C
D E F
G H I
J K L
07 A-L Esquema representativo do desenvolvimento das estruturas da face em vista lateral (A-F) e
frontal (G-L).
031
ANUÁRIO
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
Pálato primitivo
Cavidade bucal
Língua
Forâmen D
incisivo
Ponto de Cornetos
fusão
das cristas
palatinas
Úvula
Cavidade nasal
Septo nasal
Ponto de funsão
das cristas palatinas
08 A-F Vista frontal da abóbada palatina
mostrando o desenvolvimento e o fechamento
do palato (A,C,E). Corte frontal mediano mos-
trando as estruturas envolvidas no fechamento Cavidade bucal
do palato (B,D,F). Língua
F
032 I N T E G R A D A E AT U A L
A formação mandibular, nesta fase riores serem derivados do primeiro arco, a sua mucosa é inervada pelo V nervo
de crescimento, apresenta um com- craniano (trigêmeo) na sua maior parte. Apesar do segundo arco não haver sido
ponente esquelético de cartilagem expressivo, o nervo facial, pelo seu ramo corda do tímpano, supre os corpúscu-
hialina denominado cartilagem de los gustativos das papilas, exceto as circunvaladas. A raiz da língua, derivada do
Meckel, ao redor do qual se conden- terceiro arco, é inervada principalmente pelo IX nervo craniano (glossofaríngeo)
sa o mesênquima (mesoderma) que e uma pequena região posterior pelo X (vago). Todos os músculos da língua são
sofre ossificação intramembranosa inervados pelo XII nervo craniano (hipoglosso).
para formar a mandíbula. A cartila-
Forâmen Tubérculo Eminência
gem de Meckel não participa da for- cego ímpar lingual lateral
mação da mandíbula e desaparece.
Entretanto, sua extremidade dorsal
permanece para formar o martelo e a
bigorna, os ossículos do ouvido mé-
I I
dio, e sua bainha envolvente formará
os ligamentos esfenomandibular e o
Arcos
anterior do martelo. branquiais
II II
O início da formação da língua, no
Sulco Eminência
assoalho do estomódio, se dá pela pro- branquiais hipobranquial
liferação de dois processos linguais III III
laterais na porção ventral do 1º arco
branquial e de um processo lingual Epiglote
mediano (tubérculo ímpar) localizado IV
Divertículo IV
posteriormente e delimitado pelo fora- respiratório
me cego, local de origem da glândula
Eminência
tireoide. O crescimento mesenquimal aritenóidea
das duas saliências laterais predomina
e logo se fusiona na região mediana do
1º arco sobrepondo-se à saliência lin-
gual mediana e originando os 2/3 an- 09 Esquema representativo do
desenvolvimento da língua na re-
teriores da língua. O terço posterior ou gião ventral dos arcos faríngeos.
raiz da língua se desenvolve a partir de
uma proliferação do 2º, 3º e 4º arcos fa-
ríngeos. O segundo arco forma na sua Língua
região ventral mediana uma elevação
denominada cópula, e caudalmente o
terceiro e quarto arcos formam o pro- I I
cesso ou eminência hipobranquial. O
crescimento da eminência hipobran-
quial envolve a cópula e esta desapare-
Sulco
ce, não formando nenhuma estrutura terminal
definitiva. O corpo da língua é separa-
II II
do do terço posterior por um sulco em Amígdala
Forâmen palatina
forma de V, o sulco terminal (Figuras 09 cego
e 10). A língua se separa do assoalho Raiz da língua
III III
da boca por uma proliferação do reves- Epiglote
Orifício
timento ectodérmico lateral, que logo de laringe
IV IV
se degenera formando o sulco lingual, Cartilagem
aritenóidea
determinando assim a sua mobilida-
de. Pelo fato de seus dois terços ante-
033
ANUÁRIO
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
Migração
do 3 arco
mesoderma
Eminência
hipobranquial
Epiglote
(abertura para
os aparelhos
vocais)
Sulco
mediano
Parte da
língua
Papila
circunvalada
Epiglote
034 I N T E G R A D A E AT U A L
DEFEITOS CONGÊNITOS CRANIOFACIAIS
DEFEITOS CONGÊNITOS
IV. Hormônios.
V. Deficiências nutricionais.
FISSURAS LABIOPALATAIS
035
ANUÁRIO ANENCEFALIA
ODONTOPEDIATRIA CLÍNICA
ANENCEFALIA
036 I N T E G R A D A E AT U A L
037
R. Prof. Carlos Liepin, 534 - Bela Vista
CEP 13460-000 / Nova Odessa - SP - Brasil
Fone: + 55 19 3466 2063 / Fax: + 55 19 3498 2339
contato@editoranapoleao.com.br
www.napoleaoeditora.com.br