Você está na página 1de 23

O lugar do sensível:

NOVEMBRO, 2019

experiências
sensoriais, corporais e
estéticas na Educação
Infantil
D. Rafaela da Silva Melo
O sensível (...) como a vida, é um
tesouro sempre cheio de coisas a
dizer.

Merleau-Ponty (1984, p. 228).


Tópicos
TÓPICOS PRINCIPAIS

Introdução
Objetivos
Quadro teórico
Metodologia
Resultados
Considerações Finais
Introdução INITI

Este texto é resultante de uma ação pedagógica realizada em uma turma de


Maternalzinho, com o intuito de apresentar possibilidades de intervenção pedagógica
que buscam tornar o espaço da creche mais criativo, inventivo, lúdico, aberto à
imaginação e a autoria estética de crianças e adultos.

O lugar do sensível: experiências sensoriais,


corporais e estéticas na Educação Infantil
Objetivos

Apresentar duas ações pedagógicas de experiências sensoriais e estéticas na


Educação Infantil e refletir sobre a prática docente.

O lugar do sensível: experiências sensoriais, corporais e estéticas na Educação Infantil


Quadro teórico

Friedrich Schiller (2002) João-Francisco Duarte Jr.


Observa que na sociedade capitalista não era Em seu livro "O sentido dos sentidos: a
possível construir um universo estético para o educação do sensível (2004)" defende
desenvolvimento da humanidade, sendo uma educação do sensível, uma
assim, uma educação para a sensibilidade educação do sentimento, a qaul
tornava-se urgente. denomina como educação estética.
O autor argumenta que o corpo
aprende com os sentidos, sendo
capaz de distinguir sons, cheiros,
texturas e sabores e possui uma
sabedoria que em muitos momentos
não é expressa com palavras, mas na
sua sensação. Portanto, é preciso dar
lugar aos múltiplos significados da
educação do sensível, como saber a
ser construído pelos sentidos e pelas
percepções do si mesmo na relação
com o mundo.
Abordagem escolhida:
Documentação pedagógica na Educação
Infantil, elaborada por Loris Malaguzzi para a
cidade de Reggio Emilia, no nordeste da Itália.

Documentação Pedagógica na

Metodologia Educação Infantil


É entendida enquanto elemento intríseco ao
fazer pedagógico cotidiano, pois permite ao
educador observar a criança em seu processo
de construção do conhecimento, fornecendo
pistas ao planejamento, entendido como
processo erigido com base na observação
que se faz dos interesses e necessidades das
crianças.
A Documentação Pedagógica
De acordo com Freinet (1969) pode assumir
diversas modalidades e linguagens, a depender
de objetivos e interlocutores e pode se fundar
em suportes variados como: portfólio, vídeo,
relato de turma e de escola, pasta pessoal da
criança, álbum fotográfico, álbum de desenhos,

Metodologia murais e paredes e outros.

Documentação Pedagógica na
Educação Infantil
Se relaciona a uma concepção de educação que
considera crianças e professores produtores de
cultura (FREINET, 1969) elemento constitutivo da
docência em uma Pedagogia da Infância
concretizada em uma escola que faz bem a crianças,
educadores e famílias.
Com as mãos
na massa:
explorando e
manipulando
texturas
OBJETIVO:
Promover a experimentação e exploração de diferentes
texturas, cores e formas.

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE:
Nas duas mesas do segundo ambiente da sala de aula, foram
disponibilizadas massas de modelar feita em casa, de várias
cores e tamanhos para crianças.
SABERES SENSÍVEIS:
Cores, formas, sabores, aromas, texturas e motricidade.

MATERIAIS:
Massa caseira colorida feita com farinha de trigo, água, óleo
de azeite e corante alimentício.
A ação pedagógica
Inicialmente a reação das crianças foi o de total espanto, pois pareciam nunca ter
experienciado tocar e sentir uma textura tão diferentes.
Seguindo as orientações de Tere Majem e Pepa Ódena (2000) as crianças ficaram
livres para explorar os materiais por si próprias.
Nossa postura seria a de atenção aos detalhes e as experiências vividas pelas
crianças, demonstrando sempre para elas segurança e confiança. Também
decidimos não insistir para que as crianças participassem da atividade.

O lugar do sensível: experiências sensoriais,


corporais e estéticas na Educação Infantil
Resultados

No decorrer da proposta, percebemos como a observação atenta das crianças em


suas interações com os materiais nos fornecem informações valiosas sobre elas,
sobre suas habilidades e sobre suas vivências anteriores.
As crianças demonstraram ter conhecimentos sobre tamanho, formas e também à
motricidade fina bem avançada, ao criarem bonecos e partes do corpo para estes
proporcionais.

O lugar do sensível: experiências sensoriais,


corporais e estéticas na Educação Infantil
Resultados

As crianças demonstraram ter conhecimentos sobre tamanho, formas e também à


motricidade fina bem avançada, ao criarem bonecos e partes do corpo para estes
proporcionais.
As professoras também participaram da atividade e puderam experimentar a textura
“geladinha” da massa caseira. Uma delas afirmou: “Nossa… mexer com toda esta
massa... é tão relaxante. Em minha época de escola eu não tinha isso!”

O lugar do sensível: experiências sensoriais,


corporais e estéticas na Educação Infantil
Pintando e
experimentando
OBJETIVOS:
Desenvolver a sensibilidade estética das crianças através do
contato e a exploração de diferentes cores, sabores e aromas
através de tintas comestíveis; utilizar diferentes instrumentos
e suportes para a pintura.

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE:
No segundo ambiente da sala de aula, forrar o piso com papel
triplex, vestir as crianças com roupas reservadas para
atividades de pintura, disponibilizar diferentes materiais e
tipos de tintas comestíveis.
SABERES SENSÍVEIS:
Cores, materiais e suportes de pintura, texturas, aromas,
corporeidade, motricidade fina e ampla.

MATERIAIS:
Quatro folhas de papel triplex, fita crepe, tintas comestíveis
(feitas com trigo e corantes alimentícios de diversas cores,
café, suco encorpado de beterraba e de cenoura), pincéis de
diferentes tamanhos e larguras, esponjas, rolinhos, recipientes
para colocar as tintas e outros.
A ação pedagógica
Conforme as crianças demonstravam interesse, eu apresentava as tintas, falava do que e como
estas foram feitas (de corante alimentício, cenoura, café e beterraba) pedia para que elas as
cheirassem e as tocassem com as partes do seu corpo, além de também mostrar e incentivar o
uso dos pincéis, esponjas e rolinhos.
Estas experiências sensíveis e estéticas nos mostram que a arte pode consistir num precioso
instrumento para a educação sensível, “levando-nos não apenas a descobrir modos até então
inusitados de sentir e perceber o mundo, como também desenvolvendo e acurando os nossos
sentimentos e percepções acerca da realidade vivida” (Duarte Jr., 2004, p. 26).
O lugar do sensível: experiências sensoriais,
corporais e estéticas na Educação Infantil
Resultados

Criar um ambiente com essa diversidade de linguagens desenvolve a autoria criativa


das crianças a se “colocarem no mundo” ao explorarem sensações, sentimentos e
pensamentos por meio de experimentações.

O lugar do sensível: experiências sensoriais,


corporais e estéticas na Educação Infantil
Considerações finais

EXPERIÊNCIAS VIVIDAS DOCUMENTAÇÃO


Garantir um lugar privilegiado nas PEDAGÓGICA
propostas pedagógicas ajuda a pensar a Permite uma observação e escuta mais
vida diária com mais sensibilidade.. atenta das crianças em seu processo de
descoberta do mundo.

A EDUCAÇÃO SENSÍVEL A EDUCAÇÃO SENSÍVEL


Implica em uma (re)educação do olhar Reconhece que cada criança é unica e
para as coisas mais singulares, para uma múltipla e ao vir a este mundo, trazem
escuta mais sensível e atenta. consigo algo novo, inesperado e
surpreendente.

O lugar do sensível: experiências sensoriais, corporais e estéticas na Educação Infantil


Referências

DUARTE JR. João-Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. 3 ed. Curitiba: Criar, 2004.
FREINET, Celestin. Para uma escola do povo. Santa Maria de Lamas: Editorial Presença, 1969.

MAJEM. Tere; ÒDENA, Pepa. Descobrir brincando. Trad. Suely Amaral Mello e Maria Carmem Silveira Barbosa.
Campinas: Ed. Autores Associados, 2010.

EDWARDS, et al. As Cem Linguagens da Criança: A abordagem de Reggio Emília na Educação da Primeira
Infância. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. São Paulo: Perspectiva, 1984.


Agradecimentos

Creche Francesca Zacaro Faraco


R. São Manoel, 21104 - Santa Cecilia, Porto
Alegre - RS, 90620-110

Azul Anil - Espaço de Arte


Rua Dona Eugênia, 836. Contatos: 30290994
- 97080060.

Email
melo.rafaelas@gmail.com

Você também pode gostar