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ARTIGO DE OPINIÃO 25/08/2020

Justino Lekwa Ekuva Somandjinga


Docente Assistente da Faculdade de Economia da Universidade Mandume Ya Ndemufayo.
Huíla, Angola
Justinojustlesom@hotmail.com
Mestre em Empreendedorismo e Desenvolvimento de Negócios

UM OLHAR AOS EMPREENDEDORES DE ANGOLA EM CONTEXTO


DA COVID-19

De repente o empreendedorismo está na voga! Se ao menos os negócios em Angola, grandes e


pequenos, fossem mais empreendedores, levar-nos-iam a melhorar a nossa produtividade e
competir de forma mais efectiva no mercado Internacional. Em Angola, com o alcance da paz
em 2002, houve a necessidade de se criar uma elite económica, que no entender de muitos
investigadores, a criação desta elite económica foi com base nos critérios do partido no poder e,
assim surgiram os nossos empreendedores que, com o apoio do poder político conseguiram
empreender grandes empresas que, em 18 anos não conseguiram criar empregos sustentáveis e
contribuir para a diversificação da economia. Na visão de Franco (2020), o empreendedorismo
deve estar sempre associado à inovação com que os agentes económicos se deparam para criar,
bem como da sua ousadia para inventar. Se olharmos para os nossos empreendedores, veremos
que, não são inovadores. Isto é explicado pelo facto de os nossos empreendedores serem
políticos e, gozarem de certos “lobbys” no que tange a prestação de serviços. O empreendedor
não inova quando já tem a certeza de que os clientes sempre compram os seus produtos e
serviços e, quando não tem concorrentes, é basicamente assim que funciona o nosso mercado.
A pandemia causada pela COVID-19, assim como a crise de 2014 vieram pôr à prova a
capacidade criativa e inovadora dos nossos empreendedores. Conforme aprendemos em vários
manuais de empreendedorismo”é em tempos de crise que se cria oportunidades de negócios”

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ARTIGO DE OPINIÃO 25/08/2020

até já se dizia por aí , se tirar o S na palavra CRISE, fica CRIE! Para dizer que, os
empreendedores são chamados nesta fase a criarem ideias de negócios sustentáveis. Mas em
angola os empreendedores estão a decretar falência, estão a despedir o pessoal, mas por quê
será ? Alguém tenha a bondade de responder! Talvez porque não são “empreendedores de
verdade”, talvez porque dependem de ordens de saques para garantirem a sua sobrevivência no
mercado, talvez porque precisamos repensar sobre o papel dos nossos empreendedores na
economia angolana.

Em síntese, a COVID- 19 é uma chamada de atenção ao governo angolano para que deixe o
empreendedorismo para os empreendedores e a política para os políticos. Empreender é
muito mais do que ser proprietário de uma grande empresa, empreender é viajar na escuridão
com a luz da criatividade e inovação, empreender é contribuir para o crescimento económico
sustentável de Angola.

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